PREFEITURA

DE GOIÂNIA Secretaria Municipal de Assist

OFÍCIO N° 1738/2018/GAB/SEMAS Goiânia, 06 de setembro de 2018.

A Senhora
Promotora de Justiça VILLIS MARRA
78a Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público
Ministério Público do Estado de Goiás
Rua 23, esq. c/ Avenida Fued José Sebba, Qd. A6, Lts. 15 a 24, Sala 48 - Jardim
Goiás
74.805-100 - Goiânia/GO Seção de Protocolo
Autos Administrativos
2018 0040 6157
Assunto: Resposta ao Ofício n° 195/2018 Procedimento de Gestão Administrativa

Demanda D.ngda A Atividade-f.m

Envolvido(6) Robson Azevedo

Senhora Promotora, KV09/2018-11:23

Ao cumprimentá-la, atenção ao Ofício n° 195/2018 - 78a Promotoria de

Justiça, no qual solicita informações acerca da representação (Noticia Fato), que
aponta irregularidades no pagamento aos prestadores de serviços desta secretaria,
referente ao mês de janeiro do corrente ano, de início faz-se necessário algumas
digressões para chegar a informação solicitada.
A Assistência Social consiste em um serviço público essencial e contínuo,
voltado a Ioda e qualquer pessoa que dela necessitar (art. 203 da CRFB), sendo
dever do Estado zelar para que seja prestado aos usuários de forma digna e em
quantitativo adequado, satisfazendo as necessidades sociais e prevenindo e
reparando os riscos sociais, dentro do Sistema Único de Assistência Social - SUAS,
criado pela Lei n. 8.742, de 07 de dezembro de 1993.
Em razão do caráter público, essencial e contínuo dos serviços executados
pela Secretaria Municipal de Assistência Social - SEMAS, é indispensável a existência
de servidores públicos responsáveis por sua execução, conforme aponta o Norma
Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único de Assistência Social
(aprovada pela resolução n. 269/2006/CNAS), precisamente em seu item IV,
considerando, também, o objetivo da desprecarização dos serviços, indicados pelo
Caderno de Orientações Técnicas Sobre os Gastos no pagamento dos profissionais
das equipes de referência do SUAS.
Isto porque, embora conte com 54 (cinqüenta e quatro) unidades
administrativas (sendo 38 Unidades públicas descentralizadas de Assistência Social, |
que prestam o serviço diretamente ao cidadão dentro dos eixos de proteção social) °
e um leque de competências muito amplo, o seu quadro de pessoal é escasso, i
tanto que. para a realização de seus serviços, há 10 (dez) anos a Secretaria realiza §
contratação de prestadores de serviços autônomos como forma de ter meios para §
atender o público existente nesta Capital, tal como ocorre em grande parte dos
)s serviços^
Municípios brasileiros, observa-se a variedade;77eprcomPl?x'dcrc,e dos
•Procuradoria berardêfuj
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Maria iiabcla Corrsia de Paulo
M.it».: •'
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oferecidos por esta Secretaria, de modo que, sem pessoal suficiente, torna-se
impossível realizar o serviço a contento, gerando deficiências e graves problemas a
curto prazo.
Ressalte-se que, consoante informado no Ofício GAB n. 268/201 ó/Secretaria
Municipal de Administração - SEMAD, no qual foi veiculado o Comunicado Interno
n. 050/2017, não há concurso em vigência para esta pasta e, também, que nenhum
dos concursos ainda em vigência atende os quadros da SEMAS, uma vez que se
trata de cargos específicos para os órgãos solicitados.
Cumpre anotar, em uma perspectiva histórica, que a Secretaria Municipal
de Assistência Social foi criada em decorrência da extinção da Fundação Municipal
de Desenvolvimento Comunitário - FUMDEC, através da Lei 8.537, de 20 de junho de
2007, constituindo-se, assim, a partir de seu patrimônio, recursos, bens, deveres e
direitos, incorporando inclusive seu quadro de pessoal. Todavia, é sabido que a
extinta FUMDEC não possuía quadro próprio de servidores, contando com um
número insuficiente de servidores efetivos da Secretaria de Administração e
Recursos Humanos (nome à época), além de servidores comissionados e
prestadores de serviços autônomos.
À guisa de esclarecimento, cumpre-nos informar que o MDS, como órgão
fomentador, promove o acesso à Assistência Social a famílias em situação de
vulnerabilidade, como é organizado o SUAS. Para tanto, articula-se nas três esferas
de governo, tendo como estratégia de atuação a hierarquia em dois eixos: a
Proteção Social Básica e a Proteção Social Especial.
Neste contexto, informamos que há a possibilidade de utilizar os recursos do
cofinanciamento federal de que trata o art. 6o- E da LOAS, o qual prescreve que
podem ser utilizados para o pagamento dos profissionais das equipes de referência
responsáveis pela gestão e oferta dos serviços socioassistenciais.
Não obstante, foi realizada uma fiscalização na SEMAS, pelo MDS (Ministério
do Desenvolvimento Social e Agrário) Secretaria Federal de Controle Interno
Relatório Preliminar, realizadas em razão da Ordem de Serviço n. 201604645, nos
autos do processo n. 00208.000403/2015-17, em que os auditores realizaram a
avaliação da aplicação dos recursos federaííjTo períodode 18/01/2017 a
30/05/2017, onde apontou adequações urgentes no uso da verba federal.
Uma Selas a desprecarização dos recursos humanos Tíaassistência social _
ou seja a não contratação de prestadores de serviços autônomos para equipe de |
referência do SUAS. |
Por todas essas razões, a SEMAS buscou adequar a situação conforme |
recomendação do MDS, a admissão de contratações temporárias com fulcro na Lei I
Municipal n. 8.546, de 23 de julho de 2007, para atender situação de excepcional |
interesse público, a fim de contratar profissionais para que integrem as equipes de
referência, conforme Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema

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Único de Assistência Social - NOBRH-SUAS, nos Serviços de Proteção Social Básica e

Serviço de Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade, uma vez que a
demanda dos administrados é superior à capacidade operacional atual da SEMAS,
sem este complemento.
Todavia, apesar de publicada a Portaria n. 051/2017 na Edição n. 6651 do
D.O.M., declarando o excepcional interesse público, bem como autorizada as
contratações pelo Excelentíssimo Senhor Prefeito no Ofício n. 2080/GAB/SEMAS, foi
constatado, pelo órgão técnico financeiro desta Secretaria, que não havia natureza
de despesa no Fundo Municipal de Assistência Social - FMAS para o pagamento de
contratações temporárias no exercício de 2017, as quais se encaixam enquanto
despesa de pessoal, em rubrica própria, conforme lei complementar n. 101, de 04
de maio de 2000. (Lei de Responsabilidade Fiscal) e nossa lei Orçamentária (Lei n.
9.991, de 29 de dezembro de 2016).
Destaque-se que, dados os fatos apresentados, a pedido do gestor abriu-se
um consulta a Procuradoria Geral do Município quanto à possibilidade jurídica e a
manutenção dos conlratos de prestadores até o exercício financeiro seguinte,
momento em que passariam a contratos temporários devido a inexistência
orçamentaria, o Parecer n° 132/2017 a^L_P_rgçurador em exercício na SEMAS com o
acato da Procuradora Geral do Municípjo-jexaiado em outubro, opinou que ante o
interesse público e o princípio da proporcionalidade, seria admissível a manutenção
dos contratos já celebrados e a celebração de novos contratos, desde de que na
estrita necessidade para evitar a paralização, recomendana^T~~ã~~Trrrediata
deflagração dó'processo seletivo, o que ocorreü~elfru//l I/20177~l^rpljblrcado o
Edital do Processo Seletivo Simplificado SEMAS.
Nessè~~c^rrtel(fõ7para finalizar o ano, foram realizados contratos de
prestadores de serviços com vigência de dois meses e de três meses da data da
assinatura do contrato, procedimento esse para que não houvesse a paralisação
de serviços; e em seqüência, para minimizar o que foi pontuado o atual gestor
conseguiu fazer uma emenda na LOAS, para que em 2018, o Fundo Municipal da
Assistência Social õbTivesse natureza despesg_de pessoal para possibilitar o
pagamento de temporánoj_é~ãsl>Íj]^ Seletivo Simplificado, este
que, inicialmente, o resultado final e homologação do Processo Seletivo
SimplificadõTeria díã~207T2/2017. Ocorre, todavia que devido à inaptidão das fe
J3
documentações~énfregues pêlos inscritos, teve que chamar todos os que atingiram >
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o ponto de corte da segunda fasêTassim o cronograma do processo.-seletivo D

precisou ser prorrogado a sua homologação para 08/03/2018.

Novamente a Secretaria encontrava-se em situação delicada, em que, de I
um lado, não havia possibilidade de contratação de prestadores e, de outro, não |
teve a finalização do processo seletivo atempadamente, assim para que não
houvesse o comprometimento das atividades desenvolvidas por esta Secretaria,^

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podendo ensejar diversos danos aos usuários que dependem da continuidade

destas ações sociais, bem como restar violados diversos direitos e garantias
constitucionais, em especial a dignidade da pessoa humana. O gestor da pasta
solicitou nova manifestação da Procuradoria do Município, se poderia fazer a
contratação direta sem processo seletivo.
A manifestação da Procuradoria está_des_çritg no Parecer 027/2018 datado
o acato em 31 dè janeiro de 2018, sobre a permissão local para a .contratação por
prazo determinado dê-forma direta, conforme estabelecido no art. 2°, VI, da Lei
municipal 8.546rde~23Tfe^u1h'õ^fê^007~qae?§gula esta contratação temporária no
âmbito de"GoTânia:
~Põ7êm enquanto esperava a manifestação da PGM, considerando pois, a
necessidade de continuidade dos atendimentos nas Unidades da SEMAS, alguns
prestadores autônomos_ tiveram _seus contratos prorrogados tacitamente,
verbalmente, pela Secretaria e exerceram suas atividades normalmente, conforme
comprovado na Declaração de Freqüência.
Nesse tear considerando não existir contrato por escrito entre SEMAS e
prestadores, mas que os serviços foram efetivamente prestados, a melhor solução
seria o total desfazimento das situações táticas dele geradas, havendo, para tanto,
duas alternativas: ou a SEMAS "devolve" o serviço prestado ou indeniza o contratado
pelos serviços prestados.
No presente caso é impossível obter a integral e absoluta restituição das
partes ao estado anterior à avença, razão pela qual se entende como devido o
pagamento pelos serviços efetivamente prestados, exceto se comprovado que
foram mal prestados, superfaturados ou em casos de dolo e má-fé da parte
contratada. O que não é o caso.
Ésabido que o pagamento pelos serviços regularmente prestados é devido
à parte contratada, mesmo em casos de nulidade contratual, nos termos do art. 59,
parágrafo único, da Lei n° 8.666/93, que trata do tema com a seguinte redação:
Art. 59. A declaração de nulidade do contrato
administrativo opera retroativamente impedindo os
efeitos jurídicos que ele, ordinariamente, deveria produzir,
além de desconstituir os já produzidos.

Parágrafo único. A nulidade não exonera a 1

Administração do dever de indenizar o contratado pelo |
que este houver executado até a data em que ela for i
declarada e por outros prejuízos regularmente |
comprovados, contanto que não lhe seja imputável, |
promovendo-se a responsabilidade de quem lhe deu
causa.

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Diversas decisões do STJ revelam concordância com esse entendimento.

Seguem algumas ementas sobre o assunto:

Recurso especial desprovido. (REsp 753039/PR, Rei.

Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em
21/06/2007, DJ 03/09/2007. p. 122) PROCESSUAL CIVIL E
ADMINISTRATIVO. CONTRATO ADMINISTRATIVO. NULIDADE.
ARTIGO 59, PARÁGRAFO ÚNICO DA LEI N° 8.666/93.
SÚMULA 7/STJ. DEVER DE INDENIZAR DA ADMINISTRAÇÃO.
Para a exata aplicação do artigo 59, parágrafo único da
Lei n° 8.666/93, necessário se faz a aferição de quem foi o
culpado pela realização do contrato administrativo
irregular, o que implica no reexame do quadro fático-
probatório constante nos autos. Incidente, pois, a Súmula
n° 07/STJ. Ademais, a Administração não pode
locupletar-se indevidamente em virtude de nulidade de
contrato administrativo, devendo indenizar o particular
pelos serviços prestados ou pelas obras realizadas.
Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 303730/AM,
Rei. Ministro PAULO MEDINA. SEGUNDA TURMA, julgado
em 17/09/2002, DJ 02/12/2002, p. 273)
Nesse sentido é o entendimento de Celso Antônio Bandeira de Melo, que
entende que a vedação ao enriquecimento sem causa pela Administração
consiste em princípio geral de direito. Sobre o tema, o autor faz a seguinte
exposição:
De todo modo, como se vê, por um ou outro
fundamento, o certo é que não se pode admitir que a
Administração se locuplete à custa alheia e, segundo
no parecer, o enriquecimento sem causa - que é um
princípio geral do Direito - supedaneia, em casos que
tais, o direito do particular indenizar-se pela atividade
que proveitosamente dispensou em prol da
Administração, ainda que a relação jurídica se haja h
A
travado irregularmente ou mesmo ao arrepio de |
qualquer formalidade, desde que o Poder Público haja |
assentido nela, ainda que de forma implícita ou tácita, f
inclusive a ser depreendida do mero fato de havê-la I
boamente incorporado em seu proveito..."
Neste contexto a SEMAS está tomando as devidas providencias com intuito
de indenizar os prestadores de serviços, porém está se fazendo os procedimentos

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burocráticos para solicitar o autorizo do prefeito para realizar o pagamento com

fonte 100 (tesouro municipal), pois não podemos utilizar o recurso federal (129) para
pagar indenizações conforme orientações do MDS.
No Caderno de Orientações Técnicas sobre os gastos no pagamento dos
profissionais das equipes de referência do SUAS, publicado no endereço eletrônico
do MDS, página 47 está descrito que é vedado na utilização do recurso do
cofinanciamento federal, previsto no art. 6°-E da LOAS, o pagamento de
indenizações ou rescisões trabalhistas;

E vedada a utilização para:

• Pagamento de servidores que não integrarem as
equipes de referência, responsáveis pela organização
^ e oferta dos serviços, programas, projetos e benefícios:

• Deve ser observado que não poderá efetuar

pagamentos a servidores que não estejam vinculados
aos serviços diretamente voltados para as finalidades
do repasse do recurso;

• Rescisão trabalhista ou congênere, caso haja.

Nessa conjuntura a Secretaria Municipal de Assistência Social — SEMAS.
pelo princípio da razoabilidade, que veda o enriquecimento ilícito, inserida aí a
própria administração pública, já providenciou ajustificativa para anexar nos
processos para a solicitação de ^autorização para pagamento por indenização,
com recursos oriundos do Tesouro MunicipaL__dQ.s__seiyjcos prestados pelos
prestadores autônom^s^j3LLe_exerceram suas atividades durante o mês de janeiro
de 20T87Tias diversas UnidajJejjjgJ>EMAS^j^mprovados atravésjja declaração de
freqüência, pelas respectivas chefias imediatas, segue em anexo a justificativa.
^Considerando que todas as informações sõlicitãdãsT dentro do âmbito de
possibilidade deste Gestor foram respondidas, reiteramos nossos votos de estima e
consideração ao Procuradoria da República em Goiás, colocando-nos à disposição
para os demais esclarecimentos que se fizerem necessários.
Sem mais para o momento, reitero meus votos de estima e consideração,
colocando-nos à disposição para os esclarecimentos que se fizerem pertinentes.

Atenciosamente,

lá
ROBSON fitZHfeDO
Secretório Municipol/pa^Assisténcia Social
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