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Pequeno Glossário Lacaniano 

Christian Ingo Lenz Dunker 

 ato  analítico:  designa  tanto  um  tipo  de  intervenção  do  analista  quanto  o  conjunto  do 
tratamento psicanalítico e a passagem de analisante a analista. Como tipo de intervenção ele 
reconfigura  a  direção  do  tratamento  (como  que  estabelecendo  um  novo  início)  e  realiza  a 
travessia de uma dada forma de relação na transferência, no sintoma ou na fantasia. 

estádio de espelho: descrito à partir dos estudos sobre a relação da criança diante do espelho 
(Walon) e da imagem do semelhante (Etologia) é utilizado por Lacan para explicar a formação 
do  eu  e  a  disposição  imaginária  de  certos  fenômenos  que  lhe  são  associados:  agressividade, 
fascínio, transitivismo, negativismo. 

 Desejo: articulador central da subjetividade o desejo organiza as relações temporais (o desejo 
é um fio que parte do presente vai ao passado e lança‐se ao futuro), os modos de relação com 
a alteridade (o desejo do homem é o desejo do Outro) e articula‐se aos meios de subjetivação 
(linguagem, sexualidade, fantasia, Lei Simbólica).   

 Imaginário:  registro  ou  ordem  de  existência  caracterizado  pelo  antropomorfismo,  pela 
projeção  e  pela  identificação.  Corresponde  ao  domínio  das  imagens  desde  que  consideradas 
segundo  um  tipo  de  reatividade,  desconhecimento  ou  fascinação  que  são  próprias.  Os 
fenômenos  de  identificação  de  massa,  de  apaixonamento  ou  de  idealização  bem  como  a 
vocação alienante do eu possuem forte extração imaginária.   

Nome‐do‐Pai:  principal  operador  da  filiação  de  um  sujeito  o  Nome  do  Pai  não  equivale  ao 
nome  próprio  do  genitor,  mas  a  uma  função  que,  na  neurose  e  na  perversão,  designa 
arbitrariamente  a  localização  da  falta  e  da  causa  do  desejo  (falo)  no  campo  do  Outro, 
indicando assim a localização indireta do sujeito no universo Simbólico.   

 Objeto a: o termo objeto em psicanálise designa simultaneamente (a) um aspecto da pulsão 
(b) um modo de relação e (c) a representação psíquica do outro. Lacan reconhece na noção de 
objeto a sua maior contribuição à psicanálise, ao reinterpretar a noção (a) como uma função 
de causalidade (b) como um modo de relação não identificador e (c) como fonte da angústia e 
do que não pode ser representado para um sujeito. 

 Real:  registro  ou  ordem  de  existência  do  que  é  impossível  de  se  representar  na  realidade 
psíquica ou material e não obstante é necessário para manter sua consistência. Apresenta‐se 
como traumático, como angústia ou ainda como aspecto irredutível do corpo e da sexualidade. 
É estudado por Lacan à partir da escrita matemática e da lógica.  

Simbólico:  registro  ou  ordem  de  existência  caracterizado  pelo  campo  da  linguagem  e  pela 
função  da  fala.  Ordem  ou  sistema  de  trocas  regido  por  uma  Lei  que  sobredetermina  as 
escolhas dos indivíduos.  O inconsciente se estrutura como uma linguagem na medida em que 
pertence ao domínio do Simbólico. 
Sinthoma: recuperação da forma antiga de escrever a palavra “sintoma”, equivale ao quarto 
elo  que  mantém  unidos  real,  Simbólico  e  Imaginário.  Para  um  sujeito  corresponde  ao  que  é 
incurável em seus sintomas, inibições e angústias. Por exemplo: a atividade de escrever para 
James Joyce constitui um sinthoma. 

Sujeito: distingue‐se do eu, do ego e da consciência como função de descentramento, divisão 
e negatividade. O sujeito, é para Lacan, um efeito de fala e de discurso que ocorre no tempo. 
Ele define‐se mais por uma posição do que por conteúdos ou formas aos quais se identifica ou 
se aliena. 

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