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163 – 31/O3/2000 – A SIGLA MISTERIOSA – Parte 1

Formiga, no ano de 2155, século 22 é, como em outras vezes ressaltado, uma próspera
cidade da região do Centro-Oeste. Sua população não cresceu muito em relação aos últimos
dois séculos. Devido à alta qualidade de vida física e mental, o acesso definitivo à cidade é
restrito somente aos chamados “mentalistas”, pessoas que já obtiveram a iluminação
espiritual e que usam seus dons psíquicos, única e exclusivamente para o auxílio aos menos
afortunados. De fato, conforme também já enfatizado, esta é a “riqueza” desse vigésimo
segundo século da Era Cristã. Os bens materiais não valem nada se comparados aos bens
espirituais. Estamos, pois, no “Século do Espírito”. Assim, além, da população nativa, a
cidade é também povoada por indivíduos de grande capacidade psíquica.
Contudo, tal população é devidamente “selecionada”, ou seja, no anti-subsolo, residem
os citados “mentalistas”. Eles ficam no terceiro nível abaixo da superfície. É um lugar
bastante apropriado às mentalizações e aos experimentos, tendo em vista as suas
características ambientais, pois sendo o ar um tanto rarefeito, a instrospecção é facilitada,
visto à baixa oxigenação no cérebro e a conseqüente redução dos batimentos cardíacos. De
posse de suas missões ou tarefas, esses elementos altamente sutilizados, têm habitat propício
para agir mentalmente em pról dos mais necessitados. Ali a paisagem é magnífica. Tudo é
belo. A visão que se tem dos “portais dimensionais” é maravilhosa. Vórtices de energia podem
ser vistos a olho nu, sem necessidade de prévia meditação ou relaxamento.
Os chamados “iniciandos” se alojam no segundo solo, ou subsolo. São os que ainda se
tornarão “mentalistas”. Nesse local, eles participam de eventos, testes, exames e outros
experimentos que os dignificará à posição que almejam. No solo, ou na superfície, enfim, fica
o grosso da comunidade. Os descendentes dos formiguenses do século 20 muito se orgulham
desta inigualável honra. Em concordância com a dualidade sempre presente na vida terrena
também dessa época, ali ainda abriga alguns delinqüentes. Mas, quando se consegue
“aprisioná-los”, eles passam pelo temido “pino-reprogramentor”, que é um aparelho
recentemente inventado ligado a computadores controlados por inteligência artifical. Através
dessa máquina, o elemento tem a sua glândula pineal reprogramada, ou melhor, a memória
permanece intacta, porém os valores e princípios mudam da noite para o dia. Por isso mesmo,
poucos retrógrados ousam aparecer em Formiga. Esse aparelho já está sendo negociado com
outras localidades do Hemifério Norte. Estima-se, no mais, que em pouco tempo “o lado
ruim” será totalmente eliminado. Eis o grande momento, quando o Planeta Terra galgará mais
um degrau rumo à perfeição!
Um dia muito cedo, logo depois da mentalização matinal, a Reguladora, da cidade
(assim como o Justiceiro é uma espécie de Juiz e Conselheiro daquele século, a Reguladora
seria a Prefeita), mandou que viesse à sua presença o douto Justiceiro Advíncula. Fazia todo o
empenho em ser urgentemente elucidada sobre um caso que se apresentava enrodilhado de
mistério. Sem perda de tempo, o ilustre Justiceiro, deixou o terceiro piso da cidade, e foi ter à
imponente Reguladoria (antiga Prefeitura), onde se encontrava a dirigente que o chamara.
Que teria acontecido? Que caso, assim tão grave intrigava a simpática e energética
Reguladora Andrea? Chegando lá, o Justiceiro reparou que a sapiente líder comunitária estava
assustada. Em sua fisionomia sempre serena, surgiam, tracejando linhas incertas, rugas de
intranqüilidade, incomuns em uma pessoa tão positiva como ela sempre foi.
Depois das saudações habituais, sem mais preâmbulo, disse a Reguladora ao eminente
Justiceiro: “Que os Mestres Cósmicos estejam com a sua pessoa! Acabo de receber este
presente de um admirador anônimo. É um singularíssimo anel de ouro. Desconfio que se trata
de jóia muito rara. Mas, o que me intriga são estas iniciais: ‘TP’. Tem idéia do que seja?”
“Por Amenhotep! Afirmo que é uma peça muito valiosa! Este anel já salvou muita
gente! Quanta honra poder-lhe explicar o significado ‘T.P.’! Que grande oportunidade!”
(continua)

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