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FICHAMENTO

ANTROPOLOGIA
(Cultura e Seus Significados)

Mercio Pereira Gomes

Antropologia Cultural

Lucas Cunha – 20101019083

Bacharelado em Humanidades – UFVJM

Novembro de 2010
Os Múltiplos Sentidos de Cultura

Na década de 1950, o antropólogo americano Alfred Kroeber se deu ao trabalho de compilar as


definições de cultura e achou mais de 250 variações, hoje as contaríamos em milhares, cultura é vista
como se fora sinônimo de erudição, tal conhecimento estaria nas áreas de Literatura, Filosofia, História,
etc.. Uma variação dessa acepção vem da tradição da filosofia idealista alemã, originada no século XVIII,
segundo a qual cultura equivale à formação, no sentido de constituição e desenvolvimento, tanto
individual quanto coletivo.
Uma segunda categoria diz respeito à arte e suas manifestações. Outra visão enxerga cultura
como os hábitos e os costumes que representam e identificam um modo de ser de um povo. Cultura
seria o todo comportamental, incluindo emocional e intelectual, de um povo, ou, em menor escala, de
uma coletividade. Também essa idéia interessa à concepção de cultura da antropologia. Outra linha, diz
que cultura é a identidade de um povoou de uma coletividade. Mais uma categoria considera que
cultura é aquilo que está por trás dos costumes e das atitudes d um povo. Outra acepção, traz o ideal
que cultura é uma dimensão que está em e perpassar todos os aspectos da vida social.

Por fim, talvez a concepção mais genérica diga que cultura é tudo aquilo que o homem vivencia,
realiza, adquire e transmite por meio da linguagem.

Nosso Conceito de Cultura

A tarefa da antropologia cultural é perseguir uma compreensibilidade do que é cultura, não só


para efeitos argumentativos e demonstrativos também para esclarecer seu valor conceitual em relação
á outros conceitos importantes que nos ajudam a entender o homem como ser coletivo.

“Cultura é o modo próprio de ser do homem em coletividade, que se realiza em parte


consciente, em parte inconscientemente, constituindo um sistema mais ou menos coerente de
pensar, agir, fazer, relacionar-se, posicionar-se perante o Absoluto, e, enfim, reproduzir-se.”
(Pg.36)

Esta concepção, pela amplitude de sua definição, inclui varias das idéias antes vistas, mas traz
novos problemas, o "homem em coletividade", "pensar", ou "posicionar-se perante o absoluto", a
cultura tem sua própria lógica e certa descontinuidade em relação à natureza, certa autonomia, e dá ao
homem características de comportamento que vão além do comportamento animal.

Para a antropologia pensar é articular uma compreensão do mundo através da linguagem, a


língua, como veículo de pensar e de comunicar está presente em nossa definição de cultura
compreendida como um sistema de símbolos convencionados como significados que são
compartilhados inconscientemente por uma comunidade de falantes.

Pensar representa o sistema ideológico da cultura, o conjunto de idéias, a lógica e a filosofia que
são inerentes na cultura. A cultura é um sistema que ordena o pensar, mas também o agir, o modo de
relacionar-se, de seus participantes e também os valores que justificam tudo isso.

A dialética de mão dupla indivíduo/coletivo é um dos pontos mais importantes para se


compreender como a cultura funciona. O indivíduo age movido tanto pela consciência quanto pelo
inconsciente, ele é uma eterna síntese dialética desses dois predicados. Já o coletivo, do qual o indivíduo
é parte, é sempre algo inefável, uma totalidade que funciona por meios diferentes de uma mera soma
agregada de indivíduos.

Psicologia e Sociologia derivadas do empirismo radical, como o behaviorismo, que já foi muito
poderosa na academia americana, realçam o aspecto comportamental e interativo dos indivíduos para a
compreensão da sociedade. Já os funcionalistas defendem a proposição de que a sociedade é como um
organismo em que tudo está inteirado e todas as partes têm uma função, como num modelo
matemático, os indivíduos em si ou em grupo não passariam de funções do conjunto. Para a escola
estruturalista francesa o indivíduo é a mera representação ou manifestação da dinâmica do coletivo.

Posicionar-se diante do Absoluto, quer dizer que a cultura embute em si o reconhecimento de


um limite de compreensibilidade de si mesma, absoluto se opõe a relativo, que seria tudo aquilo
passível de compreensibilidade dependendo às vezes da escola, da teoria, ou da tendência política do
antropólogo, a cultura é vista como uma entidade conservadora ou como um ser em permanente
mudança.

A reprodução cultural se dá por vários meios, sendo fundamental a reprodução física dos
homens a cultura está assentada em uma coletividade, que tem por obrigação biológica se reproduzir e
o faz por meios físicos e culturais. A morte de um povo representa a morte de uma cultura, mas não
necessariamente a morte de todos os aspectos dessa cultura, não se pode dizer que ainda exista a
cultura romana antiga, mas a língua latina é uma entidade ainda utilizada em alguns fins, costumes
originalmente romanos continuam a ser praticados entre as culturas influenciadas ou derivadas da
cultura romana, por exemplo, na Europa, nas Américas e alhures.

A cultura tem meios e instituições de auto-preservação e conservação que lhe permitem


funcionar com estabilidade e dar confiança aos indivíduos que a vivenciam; são meios de conservação
da cultura: a língua, os modos de educação - formais e informais - as maneiras de sociabilidade, as
instituições como casamento e família, os rituais de solidariedade social e outros.

Na verdade, todos os aspectos de uma cultura devem funcionar para sua conservação, devemos
entender que cada cultura tem um ritmo próprio de reprodução, de conservação e de mudança, uma
dinâmica. Se esse ritmo for intensificado, corre-se o risco de a cultura perder sua estabilidade e se
transformar em algo bastante diferente. Podemos dizer que as culturas se relacionam umas com as
outras, a cultura brasileira se relaciona com a cultura norte-americana ou com as culturas indígenas.
Na antropologia costuma-se chamar de "empréstimo" cultural, por exemplo, o uso brasileiro da calça
jeans, que foi "inventada" e era um item material da cultura americana. A antropologia usa o termo
"aculturação" para expressar esse processo de relacionamento e de incorporação de itens culturais de
uma cultura por outra como o caso dos italianos no sul do Brasil, ou dos japoneses em São Paulo,
porém, há que se entender que o processo aculturativo não é inexorável, irreversível, pois acontece de
haver uma reação cultural que faz com que um determinado povo se retraia e volte a ser algo próximo
do que era antes.

A dinâmica própria de cada cultura é afetada pelo relacionamento entre os povos, organizados
como nações e estados. Não há efetivamente culturas superiores ou inferiores, como em uma escala
evolucionária. No mundo atual, a convivência positiva entre culturas se dá sob uma série de princípios
filosóficos, de caráter humanista, tal como delineados na Carta e em diversas resoluções da ONU, por
outro lado, a convivência negativa entre culturas existiu no passado e continua a existir, embora se diga
sempre que isso se deve à competição entre nações, não a uma incompatibilidade entre culturas.
Cultura e Sociedade

Esses conceitos são geralmente usados juntos, não como sinônimos, mas como equivalentes de
fato, elas compartilham muitos sentidos e se operam de maneira semelhante. Sociedade compreende o
conjunto dos indivíduos, não como soma populacional indiferenciada, senão agrupados em situações
comuns de existência. Falando em atitudes e visões de mundo, falamos em cultura. Assim, a sociedade,
em suas parcialidades ou em sua totalidade, se rege pela cultura, por um modo de ser coletivo que é
partilhado por seus membros. A antropologia reconhece a existência de sociedades em que o grau de
participação dos indivíduos nos bens materiais e simbólicos é quase eqüitativo. Ninguém, nenhuma
família teria mais participação, econômica, que outra. Em tais sociedades, que chamamos de
igualitárias, as categorias sociais estariam restritas a famílias, linhagens, grupos de idade, grupos
ritualísticos, etc.. A maioria esmagadora das sociedades no mundo atual é desigualitária, isto é, o grau
de participação nos bens e valores da cultura se dá de forma desigual entre os indivíduos, entre as
famílias e entre outras categorias sociais.

Para os sociólogos que tratam das sociedades desiguais, a definição mais simples de sociedade
seria um sistema mais ou menos coerente de classes sociais que se relacionam entre si, e essa relação é
intrinsecamente conflituosa, portanto, sociedade é um todo de indivíduos agrupados em categorias
sociais, a cultura teria uma função muito importante: dar coesão, integridade, ao que é necessariamente
dividido, a cultura seria aquilo que passa por cima dessas diferenças e faz todos se sentirem um só.

Cultura e Subculturas

Usamos a palavra subcultura com uma ponta de indecisão, esperando que esse "sub" não
denote inferioridade, e sim parcialidade. Tal raciocínio poderia chegar ao paradoxo de dizer que não
existe cultura, só subculturas, ou expressões culturais localizadas no tempo e no espaço, por exemplo,
quando reconhecemos a diversidade cultural no Brasil: as expressões culturais do Nordeste, as variações
gaúchas, mineiras, cariocas, caipiras e negras, podemos ao mesmo tempo dizer que há uma cultura
brasileira que representa todas elas e que existe em cada uma delas o que podemos chamar de
expressões culturais de subculturas.

Tradição, Folclore

Tradição seria tudo aquilo cultural que uma coletividade reconhece como sendo essencial para
sua identidade, e que vincula sua existência atual com seu passado. Tradição se confunde com folclore,
palavra de origem inglesa que quer dizer "conhecimento popular". Folclore se restringe a ritos, mitos,
crenças, ditados, festas e festivais que um dia foram importantes (no passado) e que hoje estão restritas
a comunidades menores, folclore já foi visto como uma ciência humana, um ramo autônomo da
antropologia, significava a pesquisa, a descrição, o registro e a sistematização dos costumes populares.

Ethos, Etos

A palavra ethos só foi usada teoricamente a partir do antropólogo inglês Gregory Bateson,
quando, na década de 1930, tentou explicar a singularidade do modo de sentir o mundo e de se
comportar de acordo com princípios, normas e valores reconhecidos do povo Iatmul. Décadas após a
palavra foi novamente utilizada para o mesmo fim, porém nunca emplacou no meio antropológico.

Cultura e Civilização
Para os antropólogos não são sinônimas, mas se complementam numa certa hierarquia: cultura
corresponderia à realidade vivenciada de um povo; civilização corresponderia a uma síntese ou
desdobramento político de uma ou mais culturas que se relacionam num determinado território e num
intervalo de tempo.

LUCAS EVANDRO FERREIRA CUNHA - 20101019083

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