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A LUTA PELO DIREITO

Rudolf Von Ihering

Para o autor, o direito não consiste puramente em uma teoria, mas uma força via. Para se
obter a finalidade que este busca atingir – a paz – é necessário que haja uma luta. E
somente através da luta é que se dá vida ao direito.

Apesar de estar claro que o direito é uma luta que visa a sobrevivência da paz em
sociedade, há aqueles que não o vêem desta forma, pois estes têm suas vidas decorrendo de
maneira tranqüila, pelas vias regulares do direito.

Para se concretizar grandes conquistas, foi necessária a luta por elas. E este é o caráter que
torna o direito uma luta pela conquista da paz.

Ao comparar o direito com a propriedade, alega que apara se chegar a ter direito é
necessário a luta, e para se ter a propriedade é necessário o trabalho.

A palavra direito deve ser lida com duplo sentido.

O direito em seu sentido objetivo, é classificado como um conjunto de normas jurídicas


vigentes, criadas e aplicadas pelo Estado à sociedade.

Já o direito, do seu ponto de vista subjetivo, é uma característica inerente ou adquirida pelo
indivíduo.

Seu objeto de estudo é o direito subjetivo, pois a manutenção da ordem jurídica por parte
do Estado só é possível através de uma incessante luta deste contra a anarquia.

A luta pelo direito subjetivo ou concreto é provocada quando este é lesado ou usurpado.
Quando um indivíduo tem seus direitos lesados, deve optar por lutar por eles ou então deve
abrir mão da luta. Para tanto, tal escolha implica sacrifício. Ou o direito será sacrificado em
nome da paz, ou a paz será sacrificada pelo direito.

Muitas vezes a dor moral por ser injustiçado é muito maior que a vontade de se recuperar o
objeto do litígio em questão. Trata-se de uma questão de honra fazer valer os seus direitos.

Porém, há os que considerem mais válido abandonar seu direito em nome da paz. E o autor
considera tal postura condenável e contrária à essência do direito. O direito deve ser
defendido como se fosse um dever de cada um para consigo próprio, em nome da
conservação moral, para que este se realize perante a sociedade.

A luta pelo direito é um dever do interessado para consigo próprio

A luta pela existência se retrata não só pela luta pela vida, mas também pela existência
moral, defendida pelo direito. A defesa do direito é um dever da própria conservação moral.
Para se defender, o homem não precisa utilizar a violência, seja verbal ou física. Na maioria
dos casos, pode-se recorrer ao poder público para ter seus direitos garantidos.

Porém, em um litígio envolvendo duas partes, onde estas não admitem um consenso, após a
decisão, uma delas sairá lesada.

Há uma conexão do direito com a pessoa, que confere a todos os direitos, independente da
sua natureza, um valor designado de valor ideal.

A defesa do direito é um dever com a sociedade

Quem defende seu direito, defende também na esfera estreita todo o direito. O interesse e as
conseqüências do seu ato vão além de sua pessoa, atingindo toda a nação.

Todos aqueles que usufruem dos benefícios do direito devem também contribuir para
sustentar o poder e a autoridade da lei. Cada qual é lutador nato, pelo direito, no interesse
da sociedade.

Mesmo os que lutam pelo direito sem a visão do todo, ou seja, sem a noção de que é um
dever para com a sociedade, também contribuem para a luta contra o arbítrio.

O direito violado, leva-nos a uma reação de defesa pessoal, sendo então, o direito ligado ao
idealismo, constituindo um direito para si próprio. Pois a essência do direito é a ação. E
essa essência pode ser entendida como aquele idealismo que na lesão do direito não vê
somente um ataque à propriedade, mas a própria pessoa.

A defesa é sempre uma luta, portanto, a luta é o trabalho eterno do direito.

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