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EVOLUÇÃO E

PERSPECTIVAS DA
DINÂMICA FAMILIAR
Evolução e Perspectivas da dinâmica Familiar

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Índice

pág.

Introdução 3

1. Família – Conceito 4
2. Família – Funções 7
3. História da dinâmica Familiar 8
4. Cultura em transformação 10
5. Novas Formas de Família 11
6. Ciclo familiar 16
7. Envolvimento parental na educação de crianças com necessidades
educativas especiais (NEE) 18

Bibliografia 21

INTRODUÇÃO

O presente manual aborda o tema Família – Evolução e perspectivas da dinâmica familiar.


Evolução e Perspectivas da dinâmica Familiar

Assim, serão desenvolvidas subtemáticas em torno deste conceito de forma a


compreendermos as características do mesmo, as relações que se desenvolvem no seio da
família, a história do conceito e as transformações a que o conceito Família tem enfrentado,
relacionando o tema com o conceito de Criança e Educação.

Objectivo

 Reconhecer a evolução histórica da dinâmica familiar, as novas formas de família e o


envolvimento parental na educação de crianças com necessidades educativas especiais.

Conteúdos

 História da dinâmica familiar;


 Cultura em Transformação;
 Novas formas de Família:
- Casal, casamento e união de facto;

- Monoparentalidade;

- Famílias de Acolhimento;

- Adopção e parentalidade.

 O Ciclo de Vida Familiar;


 Envolvimento parental na educação de crianças com necessidades educativas especiais
(NEE).

1. FAMÍLIA – O CONCEITO

O conceito “Família” pode ter diferentes definições dependendo de distintos factores:

 História;
 Contexto;

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Evolução e Perspectivas da dinâmica Familiar

 Vínculos biológicos;
 Estatuto legal e/ou religioso;
 Cultura e valores;
 Mudanças económicas, sociais e culturais.

Desta forma, o conceito gira em torno de outros conceitos, tais como:


 Amor;
 Parentesco;
 Laços de sangue;
 Parentesco;
 Habitação;
 Descendência;
 Filhos;
 Pai;
 Mãe
 Avós;
 Tios;
 Chefe de família;
 Casamento (Artigo 1577º Código Civil – “Casamento é o contrato celebrado entre duas
pessoas de sexo diferente que pretendem constituir família mediante uma plena
comunhão de vida, nos termos das disposições deste Código” – Contudo, a 17 de Maio
de 2010 foi promulgado o Casamento entre pessoas do mesmo sexo);
 Interacção;
 …

Segundo Murdock, a Família pode ser definida como:

A família é o grupo social caracterizado por residência em comum,


cooperação económica e reprodução. Inclui adultos de ambos os sexos, dois dos
quais, pelo menos, mantêm uma relação sexual socialmente aprovada, e uma ou
mais crianças dos adultos que coabitam com relacionamento sexual, sejam dos
próprios ou adoptados.

Nota:

- Apenas abrange adultos de ambos os sexos, deixando de lado os adultos de igual sexo
(que hoje em dia também são considerados família, como se poderá verificar à frente).

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Evolução e Perspectivas da dinâmica Familiar

- Há cerca de meio século que o conceito de família vai para além desta definição, uma vez
que com as transformações culturais a que se tem vindo assistir têm surgido novas formas de
família, sofrendo alterações na sua estrutura.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), 2001, a Família pode ser definida como:

Conjunto de indivíduos que residem no mesmo alojamento e que têm


relações de parentesco (de direito ou de facto) entre si, podendo ocupar a
totalidade ou parte do alojamento. Considera-se também como família clássica
qualquer pessoa independentemente que ocupa parte ou totalidade de uma
unidade de alojamento…

Nota:

Não refere se os indivíduos são do mesmo sexo ou não, tornando-se uma definição mais
abrangente do que a anterior.

Definição minimalista:

“Grupo de pessoas ligadas por laços de parentesco cujos membros adultos assumem a
responsabilidade de cuidar das crianças”.

Definição segundo a Lei de Protecção de Crianças e Jovens em Perigo, de 1999:

“Constitui uma família duas pessoas casadas entre si ou que vivam uma com a outra há
mais de dois anos em união de facto ou parentes que vivam em comunhão de mesa e
habitação”.

Assim, quando pensamos no conceito Família várias são as associações/relações que


podemos estabelecer:

 Grupo de pessoas ligadas por descendência, matrimónio ou adopção;


 Residência em comum, apoio económico e reprodução;
 Grau de parentesco, de direito ou de facto;
 Grupo social primário que influencia e é influenciado por outras pessoas e instituições;

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Evolução e Perspectivas da dinâmica Familiar

 Local onde uns entram e outros saem (constante mudança);


 Local no qual cada indivíduo aprende a interagir com os outros (socialização);
 Inclui pessoas de ambos os sexos e de sexos iguais (famílias homossexuais);
 Pessoas casadas ou que vivam juntas em união de facto;
 Parentes que vivam em comunhão de mesa e de habitação;
 Relações de amor, apoio, ajuda-mútua;

A maior parte das pessoas constitui família pelo casamento, mas nas sociedades
contemporâneas tem sido crescente o número daqueles que constituem família por União de
facto.

Segundo os últimos Censos (2001), o número médio de pessoas por família tem vindo a
diminuir progressivamente:

 1920 – 4.2
 1930 – 4.1
 1960 – 3.7
 1980 – 3.4
 1991 – 3.1
 2001 – 2.8

Esta queda deve-se à diminuição da natalidade e fertilidade.

Mitos sobre a construção da Família:

 As mulheres terem um parceiro mais velho, mais alto, mais culto, mais rico;
 A fidelidade é mais exigida às mulheres do que aos homens;
 A mulher deve ser virgem;
 A ideia de que todos os problemas se resolvem se houver amor.

2. FAMÍLIA – FUNÇÕES

 FUNÇÃO DE REPRODUÇÃO – Assegurar a continuidade da família.


 FUNÇÃO DE EDUCAÇÃO – Assegurar a transmissão de normas, valores e princípios
dignos de um ser humano.
 FUNÇÃO ECONÓMICA – Satisfação das necessidades vitais.
 FUNÇÃO JURÍDICA – Na medida em que cada pessoa é proprietária de objectos dotada
de direitos e deveres.
 FUNÇÃO DE PROTECÇÃO/SEGURANÇA – Proteger os elementos da família de todo e
qualquer tipo de ameaça.

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Evolução e Perspectivas da dinâmica Familiar

 FUNÇÃO GERADORA DE AFECTOS – Promover e partilhar os afectos por todos os


membros da família.
 FUNÇÃO DE SOCIALIZAÇÃO – Integração dos indivíduos na sociedade. O ambiente
familiar é o ponto primário da relação directa da criança com seus membros. É onde a
criança cresce, actua, desenvolve e expõe os seus sentimentos, experimenta as
primeiras recompensas e punições, a primeira imagem de si mesma e seus primeiros
modelos de comportamentos – que vão se inscrevendo no interior dela e configurando
seu mundo interior. Isto contribui para a formação de uma “base de personalidade”.

3. HISTÓRIA DA DINÂMICA FAMILIAR

Ao longo da sua história, a dinâmica familiar não ocorreu de


forma linear.

Assim:

 Nos tempos medievais (Idade Média), os indivíduos começaram a estar ligados por
vínculos matrimoniais, formando novas famílias. Dessas novas famílias fazia também
parte a descendência gerada que, assim, tinha duas famílias, a paterna e a materna, era
comum a existência da família alargada. Durante este período a estrutura familiar era
rígida, encontravam-se sob a autoridade do mesmo chefe (o pai).

Antes Revolução Industrial

 Antes da industrialização havia famílias nucleares e actualmente, principalmente nos


meios mais rurais, ainda persistem famílias extensas. Co-existem diferentes tipos de
família, numa mesma sociedade.
 Nas famílias europeias, a produção económica circunscrevia-se à residência
(sobrevivência); todos trabalhavam; existia uma grande ligação entre a família e a
comunidade.
 As relações sexuais não coincidiam com o erotismo. Havia muita ilegitimidade e filhos
fora do casamento.

Industrialização e Revolução Francesa

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Evolução e Perspectivas da dinâmica Familiar

Industrialização: Mudanças tecnológicas com profundo impacto no processo produtivo, a


nível económico e social (Máquina supera o trabalho humano)

Conjunto de transformações técnicas, económicas e sociais caracterizadas pela


substituição da energia física pela mecânica, da ferramenta pela máquina e da produção
doméstica (manufactura) pela fabril (maquinofactura).

Revolução Francesa: Sucessão de movimentações políticas, iniciada em 1789,


correspondente a um período conturbado da vida política e social da França. Nesse ano,
conjugaram-se os efeitos de uma grave crise política (permanente instabilidade governativa),
económica (maus anos agrícolas) e social (forte crescimento demográfico) com a debilidade da
Coroa francesa nas suas relações tensas com uma Inglaterra forte e a ofensiva da burguesia
mercantil citadina que começava a fazer ouvir a sua voz. A Revolução é considerada como o
acontecimento que deu início à Idade Contemporânea. Proclamou os princípios universais de
"Liberdade, Igualdade e Fraternidade" (Liberté, Egalité, Fraternité). Marca o início da Era
Contemporânea.

Nesse período assiste-se a um:

 Estreitamento dos laços familiares e aparecimento das pequenas famílias

- O local de residência passa a ser ≠ do local de trabalho

- O trabalho já não é integrante na família

- As mulheres saem de casa, fazendo parte da população activa

- A educação dos filhos é partilhada com a escola

- Os idosos deixam de poder contar com o apoio directo dos familiares, sendo
entregues a instituições
Família Moderna
Família Tradicional
- Filhos como manifestação e
- Elevada Mortalidade (Infantil) reforço da união amorosa
- Esperança Média de Vida baixa - Aumento Esperança Média de
- Famílias com muitos filhos (com Vida
mortes) - Emancipação da mulher
- Acto sexual = Reprodução - Baixa natalidade
- Mulheres vivam num estado de - Casamento tardio
prisão - Maior sentimento maternal
- Mulher submetida ao pai e depois - Divisão de tarefas entre o casal
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ao marido - Amor romântico: felicidade e
- Família legítima era aquela criada realização pessoal (escolha do
pelo casamento cônjuge), aventura amorosa,
- Crianças vistas como adultos em desejo.
Evolução e Perspectivas da dinâmica Familiar

Cultura em transformação
4. CULTURA EM TRANSFORMAÇÃO

Ao longo dos tempos várias são as alterações que se têm verificado nas sociedades, quer
a nível económico, social e cultural. Essas mudanças são fundamentais para percebermos as
transformações que o conceito Família tem sofrido ao longo da sua história, nomeadamente no
que consiste à sua forma de organização, uma vez que, como veremos no tópico seguinte,
temos assistido ao aparecimento de novas estruturas familiares.

Assim, algumas das alterações mais significativas foram:

 Aumento dos níveis escolares das mulheres


 Aumento massivo das mulheres no mercado de trabalho
 Aumento da auto-estima e auto-imagem da mulher
 Integração tardia no mercado de trabalho
 Saída tardia de casa dos pais
 Aumento da instabilidade conjugal
 Casamento tardio
 Filhos com idade avançada
 Decréscimo da fecundidade
 Diminuição do número médio de pessoas por família
 Redução da dimensão Família
 Aumento da esperança de vida
 Envelhecimento da população
 Divisão de encargos familiares
 Coabitação antes do casamento
 Diminuição do número de casamentos
 Aumento do número de divórcios
 Famílias reconstruídas
 Diminuição do poder e autoridade do homem
 Escassez de tempo para questões familiares

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Evolução e Perspectivas da dinâmica Familiar

Nas novas sociedades assiste-se a um novo papel da mulher. Esta já não fica em casa a
tomar conta dos seus filhos, mas cada vez mais esta sai de casa e ocupa posições mais elevadas
no mercado de trabalho, aumento, desta forma, a sua auto-estima e auto-imagem. O homem
vai perdendo, assim, o seu poder e autoridade.
Assim, ou o homem aceita este novo papel e apoia-a na sua carreira profissional, ajuda-a
nas tarefas domésticas e na educação dos filhos, ou então não aceita, aumentando, muitas
vezes, o número de divórcios.

Aspectos que se mantiveram ao longo dos tempos:

 Maiores responsabilidades nas tarefas domésticas e cuidados com as crianças por parte
da mulher;
 Tempo assimétrico e penalizante da mulher na esfera pública e do homem na esfera
privada.

5. NOVAS FORMAS DE FAMÍLIA

Com as alterações apresentadas anteriormente as sociedades assistem ao aparecimento


de novas formas de família, ou seja, a estrutura tradicional da família sofre transformações,
dando origem a novas formas de organização.

Estrutura: Forma como se organizam os subsistemas, como se desenvolvem as relações


dentro de cada subsistema e entre eles

Segundo Whaley e Wong (1989), Estrutura é “uma forma de organização ou disposição de


um número de componentes que se inter-relacionam de maneira específica e recorrente”.

A estrutura familiar compõe-se de um conjunto de indivíduos com condições e em


posições, socialmente reconhecidas, e com uma interacção regular e recorrente também ela,
socialmente aprovada.

“Independentemente do tipo de família, todas se organizam através de uma estrutura de


relações onde se definem papéis e funções conforme as expectativas sociais” Relvas (2004).

A forma como cada família se organiza é única, não havendo duas famílias iguais.

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Evolução e Perspectivas da dinâmica Familiar

Estruturas Familiares

ESTRUTURA NUCLEAR OU CONJUGAL – constituída pelo marido, pela esposa e pelos seus
filhos biológicos ou adoptados, habitando na mesma casa;

FAMÍLIAS EXTENSAS – Caracterizadas pelo elevado número de filhos que têm;

FAMÍLIA AMPLIADA OU CONSANGUÍNEA - Família nuclear, mais os parentes directos ou


colaterais, existindo um alargamento das relações entre pais e filhos para avós, pais e netos;

FAMÍLIA MONOPARENTAL – ocorre quando existe uma mudança de estrutura nuclear


tradicional devido a divórcio, óbito, abando de lar, adopção de crianças por uma só pessoa. Na
sua maioria são constituídas pela mãe e seus filhos e resultam quase sempre de separações e
divórcios. A grande Lisboa é a região onde se verifica a maior percentagem de famílias
monoparentais, 16.9% do total de núcleos familiares.

Nas famílias Monoparentais podemos fazer a distinção entre:

 MONOPARENTAL FEMININA SIMPLES (Família em que apenas a mãe está presente no


domicílio, vive com os seus filhos, e, eventualmente, com outros menores sob a
sua responsabilidade. Não há nenhuma pessoa maior de 18 anos que não seja
filho, morando no domicílio).
 MONOPARENTAL FEMININA EXTENSA (Família em que apenas a mãe está presente no
domicílio, vive com os seus filhos, outros menores sob a sua responsabilidade e
também com outros adultos, parentes ou não).
 MONOPARENTAL MASCULINA SIMPLES OU EXTENSA (Família em que apenas o pai está
presente no domicílio, vive com os seus filhos, e, eventualmente, com outros
menores sob a sua responsabilidade e como outros adultos sem filhos menores de
18 anos).

FAMÍLIAS HOMOSSEXUAIS - Ligação conjugal ou marital entre duas pessoas do mesmo


sexo, que podem incluir crianças adoptadas, ou filhos biológicos de um ou ambos os parceiros.

FAMÍLIAS DE PROGENITORES AUSENTES - Família em que nem o pai nem a mãe estão
presentes, mas em que existe outros adultos (avós, tios…) que são responsáveis pelos menores;

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Evolução e Perspectivas da dinâmica Familiar

FAMÍLIAS UNIPESSOAIS - Constituídas por pessoas solteiras, divorciadas, separadas ou


viúvas, mas predominam as pessoas viúvas, principalmente mulheres;

FAMÍLIAS RECONSTITUÍDAS - Com filhos de outros casamentos, dissolvidos por divórcio e


não tanto por viuvez como era comum anteriormente;

FAMÍLIA AJUDA - MÚTUA - Jovens que se juntam para partilhar as despesas, Idosos que
partilham a habitação e trocas de apoio.

FAMÍLIA DE ACOLHIMENTO - Consiste em oferecer uma alternativa de cuidado, atenção e


educação, em meio familiar, às crianças que, num dado momento e devido a diversas
circunstâncias sócio-familiares, não podem receber esse apoio da parte da sua família biológica.
Assim, tem como objectivo a integração da criança ou do jovem em meio familiar e a prestação
de cuidados adequados às suas necessidades e bem-estar e a educação necessária ao seu
desenvolvimento integral.

Regras das Famílias de Acolhimento:

 A partir de 2008, as famílias de acolhimento, não podem ter relações de parentesco com
as crianças ou jovens;
 Inscrição obrigatória do responsável pelo acolhimento familiar na respectiva repartição
de finanças como trabalhador independente;
 As famílias de acolhimento não podem candidatar-se a adopção;

Existem dois tipos de Famílias de Acolhimento: o Acolhimento em Lar Familiar e o


Acolhimento em Lar Profissional:

Acolhimento em Lar Familiar:

 A família de acolhimento terá de ter uma formação técnica adequada.


 O lar profissional destina-se a crianças e jovens com problemáticas e necessidades
especiais relacionadas, nomeadamente, com situações de deficiência, doença crónica e

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Evolução e Perspectivas da dinâmica Familiar

problemas do foro emocional e comportamental, que exijam uma especial preparação e


capacidade técnica.

Acolhimento em Lar Profissional:

 Num lar profissional podem colocar-se o máximo de duas crianças ou jovens,


identificados com problemáticas e necessidades especiais, sempre que possível. Note-se
que este acolhimento familiar em lar profissional não dispensa a utilização dos recursos
sócio-terapêuticos da comunidade.

Direitos das Famílias de Acolhimento:

 Receber das instituições de enquadramento formação inicial, apoio técnico e formação


contínua;
 Informação referente à medida de acolhimento familiar, relativa às condições de saúde,
educação e problemáticas da criança ou do jovem e família natural;
 Retribuição mensal pelos serviços prestados, por cada criança ou jovem;
 Subsídio para a manutenção, por cada criança ou jovem;
 Equipamento indispensável ao acolhimento familiar, sempre que necessário.

Deveres das Famílias De Acolhimento:

 Atender, prioritariamente, aos interesses e direitos da criança e do jovem;


 Orientar e educar a criança ou jovem com diligência e afectividade, contribuindo para o
seu desenvolvimento integral;
 Assegurar as condições para o fortalecimento das relações da criança ou do jovem com a
família natural;
 Garantir à instituição de enquadramento, através do coordenador de caso, e à família
natural permanente informação sobre a situação e os aspectos relevantes do
desenvolvimento da criança ou do jovem.
 Participar nos programas e acções de formação e nas reuniões, promovidos pela
instituição de enquadramento.
 Renovar, anualmente, documento comprovativo do estado de saúde de todos os
elementos da família de acolhimento.
 Providenciar os cuidados de saúde adequados à idade da criança ou jovem, inclusive
mantendo actualizado o seu boletim individual de saúde.
 Assegurar à criança ou jovem a frequência de estabelecimento de ensino adequado à
sua idade e condições de desenvolvimento.

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Evolução e Perspectivas da dinâmica Familiar

 No que concerne em particular à família de acolhimento em lar profissional, compete-


lhe a elaboração de relatórios e informações para avaliação da situação da criança ou do
jovem.

ADOPÇÃO - Vínculo que, à semelhança da filiação natural, mas independentemente dos


laços de sangue, se estabelece legalmente entre duas pessoas. Este vínculo constitui-se por
sentença judicial proferida em processo que decorre no Tribunal de Família e Menores.
Centrada na defesa e promoção do interesse da criança e enquadrada no conjunto dos
instrumentos tradicionalmente previstos para a protecção de crianças desprovidas de um meio
familiar normal, a adopção permite a constituição ou a reconstituição de vínculos em tudo
semelhantes aos que resultam da filiação biológica, de essencial relevância no contexto dos
complexos processos de desenvolvimento social e psicológico próprios da formação da
autonomia individual. Pode adoptar restritamente quem tiver mais de 25 anos. Só pode adoptar
restritamente quem não tiver mais de 50 anos à data em que o menor lhe tenha sido confiado,
salvo se o adoptando for filho do cônjuge do adoptante.

 
PARENTALIDADE – É relação que começa antes do nascimento dos filhos e mantém-se
para toda a vida. É uma relação muito dinâmica e transforma-se em função do desenvolvimento
de cada um. A parentalidade é a relação que mais marca o Ciclo de Vida da Família: o
nascimento dos filhos, a entrada dos filhos na escola, a adolescência dos filhos, a saída de casa
dos filhos.

6. O CICLO VITAL DA VIDA FAMILIAR

Ao longo da vida a família sofre transformações na sua organização. À sequência destas


transformações chama-se Ciclo Vital.
O Ciclo Vital pode ser definido como o caminho que a família percorre desde que nasce
até que morre

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Evolução e Perspectivas da dinâmica Familiar

Este integra de forma interactiva factores como a dinâmica interna do sistema, os


aspectos e características individuais e a relação com os contextos em que a família se insere,
nomeadamente, a sociedade e outros sistemas (escola, mercado de trabalho).

Hill e Rodgers afirmam que o Ciclo de Vida de cada família é marcado por três principais
critérios:
 1º. Alterações do número de elementos que a compõem;
 2º. Alterações etárias;
 3º. Alterações no estatuto ocupacional dos elementos encarregados do
sustento/suporte familiar.

A maioria dos autores considera que o ciclo de vida familiar começa com o casamento e
propõe o seguinte esquema:
 1ª etapa: Formação do casal - O casamento é uma das fases mais difíceis e
complexas do ciclo de vida familiar. Quando dois indivíduos casam, não são apenas
eles que casam, dá-se a união de duas famílias. Cada família tem costumes, valores
e maneiras de viver próprios. Se não existir a tolerância entre o casal, pode haver
conflitos e ruptura.

 2ª etapa: Família com filhos pequenos - O nascimento, um dos momentos mais


importantes no ciclo da vida, afecta não apenas o núcleo familiar onde decorre,
mas também todo o conjunto social que o envolve. Esta não será uma transição
que acarreta uma série de desafios? O crescimento da família, a chegada de um
novo elemento, a aquisição de novos papéis e o seu equilíbrio com os papéis
anteriores, as transformações na relação de casal e todos os receios advindos dos
cuidados que o bebé exige, os medos de não se ser um bom pai/mãe, de não
conseguir conciliar com o trabalho, etc. Tudo isto são questões que vale a pena
acompanhar e preparar, numa perspectiva mais preventiva de intervenção.
Exemplo disto é o caso dos grupos de preparação para o parto, que vão cada vez
mais longe ao conciliar a preparação para o momento do parto (relaxamento,
posições, respiração…) com a preparação para a própria parentalidade, que é

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Evolução e Perspectivas da dinâmica Familiar

afinal de contas uma transição tão importante e por vezes tão assustadora na
nossa vida – falamos então em grupos de preparação para o parto e parentalidade.

 3ª etapa: Família com filhos na escola - A infância corresponde a mais uma etapa
do ciclo da família que implica a separação da criança em relação aos pais - mas
afinal crescer é isso mesmo: separar-se, para poder descobrir-se... Segundo alguns
psicólogos esta fase passa pela preparação dos pais para a separação.

 4ª etapa: Família com filhos adolescentes - Existe uma separação e autonomia


tanto para os pais como para os filhos adolescentes. Notam-se mudanças ao nível
comportamental, cognitivo e afectivo. Existem sempre muitos conflitos: a
regulação do poder, ao mesmo tempo que os filhos querem conquistá-lo os pais
temem perdê-lo.

 5ª etapa: Família com filhos adultos - Os problemas que as famílias enfrentam


durante esta etapa podem encontrar-se a três níveis: a nível individual, a nível
interpessoal e por último no espaço relacional com os filhos. Com a saída dos
filhos há que redescobrir ou reiniciar um novo espaço em que o apoio recíproco é
fundamental mediante a estima e o afecto.

Críticas:
- Esta classificação é bastante delimitada, uma vez que na vida real, por vezes, não
acontece, pois na mesma família podem existir filhos pequenos ao mesmo tempo que existem
filhos adolescentes.

Genograma: Instrumento de avaliação familiar que se traduz através de um diagrama


visual de árvore genealógica de família. É utilizado como técnica de trabalho quando se lida com
famílias numa perspectiva transgeracional.
Árvore Genealógica: Dá-nos indicações sobre a passagem através das gerações de
tradições, crenças e comportamentos da família com que lidamos. Abrange normalmente três
gerações familiares, permitindo registar os seus movimentos ao longo do Ciclo Vital de Família.

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Evolução e Perspectivas da dinâmica Familiar

7. ENVOLVIMENTO PARENTAL NA EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS COM NECESSIDADES


EDUCATIVAS ESPECIAIS – NEE

NECESSIDADE S DE EDUCAÇÃO ESPECIAL

Este conceito foi adoptado no nosso país no final da década de 80 tendo, da década de 90,
a publicação do Decreto-Lei 319/91, de 23 de Agosto, constituído um marco decisivo na garantia
do direito de frequência das escolas regulares de muitos alunos que, até então, estavam a ser
educados em ambientes segregados.

Muitos dos alunos considerados com NEE poderão necessitar, acima de tudo, de um
ensino de qualidade, pautado pelos princípios da flexibilização, adequação e estratégias de
diferenciação pedagógica e não necessariamente de medidas de educação especial.

NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS DE CARÁCTER PROLONGADO

Consideram-se alunos com necessidades educativas especiais de carácter prolongado


aqueles que experienciam graves dificuldades no processo de aprendizagem e participação no
contextos escolar, familiar e comunitário, decorrentes da interacção entre factores ambientais
(físicos, sociais e atitudinais) e limitações de grau acentuado ao nível do seu funcionamento
num ou mais dos seguintes domínios: sensorial (visão e audição); motor; cognitivo;
comunicação, linguagem e fala; emocional e personalidade.

SITUAÇÃO DAS FAMÍLIAS COM CRIANÇAS COM NEE (O QUE ACONTECE NAS FAMÍLIAS)

 Maior tensão familiar


 Maior esforço por parte da família
 Relações familiares podem fortalecer-se ou desintegrar-se
 Sonho ≠ Realidade
 Nas famílias onde há uma criança com “limitações”, a tensão durante esses
períodos pode chegar a ser especialmente aguda.

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Evolução e Perspectivas da dinâmica Familiar

Segundo MacKeith (1973), citado por Powell e Oste (1991), a família com crianças com
NEE passa por quatro diferentes períodos, acompanhados de quatro distintas etapas:

 Períodos

1º. Quando os pais se integram que o filho é “deficiente”;

2º. Quando chega o momento de proporcionar educação à criança com NEE e há


necessidade de encarar as possibilidades escolares;

3º. Quando a criança com NEE deixa a escola e tem necessidade de enfrentar as
confusões e frustrações pessoais como todos ao outros adolescentes;

4º. Quando os pais envelhecem e não podem dar continuidade de assumir a


responsabilidade de cuidar dos seu filho.

 Etapas

1ª. Nascimento da Criança - Obter um diagnóstico preciso; Informar os irmãos e outros


familiares; Estabelecer procedimentos para cumprir as funções familiares.

 
2ª. Durante a Adolescência - Os pais devem tomar decisões acerca dos aspectos
fundamentais como a recepção dos companheiros, emergência da sexualidade e a planificação
vocacional.

3ª. Iniciação da Vida da Adulta - Preocupações de habitação, preocupações financeiras e


oportunidades de socialização; Preocupação com a segurança e longo prazo do filho;
Interacções com as instituições que providenciam serviços; Lidar com os interesses do filho no
que respeita ao namoro, ao matrimónio e a ter filhos.

4ª Posteriormente - Transferir as responsabilidades parentais para outros subsistemas da


família ou instituições, para que o filho receba a atenção que necessita após a sua morte
(Importância dos irmãos mais velhos – Os irmãos mais velhos são agentes de socialização que
favorecem a primeira e mais intensa experiência de relação da criança com NEE, com os seus
pares. Proporcionam um contexto para o desenvolvimento de capacidades sociais. A criança

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Evolução e Perspectivas da dinâmica Familiar

ganha oportunidade de experienciar a partilha, o companheirismo, a lealdade, a rivalidade e a


manifestação dos sentimentos).

Os pais são os principais construtores da personalidade do seu filho, pois se toleram


comportamentos inadequados ou não lhe dão uma resposta adequada ou desproporcionadas e
em momentos inadequados acabam por reforçar o comportamento inadequado. Não obstante,
a sobreprotecção excessiva, tomando iniciativas que devem ser tomadas pelas crianças geram
crianças dependentes e passivas, às vezes mais limitadas por uma educação inadequada do que
por uma lesão.

BIBLIOGRAFIA

Código Civil Português.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA (2001). “Censos 2001. Resultados definitivos”. Lisboa:


INE.

Lei de Protecção de Crianças e Jovens em Perigo, de 1999.

MURDOCK, George Peter (1949). “Social Structure”. New York: The Free Press.

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Evolução e Perspectivas da dinâmica Familiar

SHORTER, Edward (1995). “A formação da família moderna”. Lisboa: Terramar.

VALA, Jorge et al. (2003). “Valores sociais: mudanças e contrastes em Portugal e na Europa”.
Lisboa: ICS.

WHALEY, L.F.; WONG, D.L.(1989)”Enfermagem Pediátrica: elementos essenciais à intervenção


efectiva”. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara/Koogan.

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