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Florianópolis
Dezembro de 2009
Estela Claudia Ferretti
Florianópolis
Dezembro de 2009
Catalogação na fonte pela Biblioteca Universitária da
Universidade Federal de Santa Catarina
Inclui referências
.
1. Engenharia química. 2. Remoção de nitrogênio. 3.
Nitrificação parcial. 4. Limitação de oxigênio. I.
Schmidell Netto, Willibaldo. II. Universidade Federal de
Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Química. III. Título.
CDU 66.0
Folha de assinatura
Dedico este trabalho aos meus
companheiros de laboratórios, os
meus amigos e ao meu
companheiro Cristiano.
AGRADECIMENTOS
E esquece-se da urgência de
deixarmos filhos melhores
para o nosso planeta..."
(autor desconhecido)
RESUMO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................... 29
2 OBJETIVOS .................................................................................... 31
2.1 Objetivo Geral .......................................................................... 31
2.2 Objetivos Específicos ............................................................... 31
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................... 33
3.1 Nitrogênio ................................................................................ 33
3.2 Origens da Contaminação por Nitrogênio e seus Impactos...... 35
3.3 Processos Biológicos de Remoção do Nitrogênio .................... 37
3.3.1 Processo Convencional de Nitrificação e Desnitrificação ... 38
3.3.2 Nitrificação Parcial .............................................................. 43
3.3.3 Processo SHARON ............................................................. 50
3.3.4 Processo ANAMMOX ........................................................ 51
3.3.5 Processo SHARON + ANAMMOX.................................... 53
3.3.6 Processo NOx ...................................................................... 54
3.3.7 Processo CANON ............................................................... 56
3.3.8 Processo OLAND ................................................................ 57
3.3.9 Nitrificação e Desnitrificação Simultâneos ......................... 58
3.4 TECNOLOGIA SBR ............................................................... 60
3.4.1 Enchimento ......................................................................... 61
3.4.2 Reação ................................................................................. 62
3.4.3 Decantação .......................................................................... 62
3.4.4 Drenagem ............................................................................ 62
3.4.5 Repouso ............................................................................... 62
4 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................... 65
4.1 Biorreatores e o Sistema Utilizado ........................................... 65
4.2 Inóculo e Substrato .................................................................. 67
4.3 Operação dos Reatores ............................................................. 68
4.3.1 Partida do SBR (Fase A) ..................................................... 68
4.3.2 Fase B .................................................................................. 69
4.3.3 Fase C-J ............................................................................... 69
4.4 Ensaios Cinéticos no SBR ........................................................ 72
4.4.1 Determinação da Velocidade Específica de Respiração da
Biomassa (QO2) .................................................................................. 72
4.5 Ensaios de Atividade Desnitrificante ....................................... 73
4.6 Procedimentos de Cálculo ........................................................ 74
4.6.1 Eficiências de Remoção ...................................................... 74
4.6.2 Tempo de retenção hidráulica.............................................. 75
4.6.3 Fatores de Conversão de matéria orgânica .......................... 75
4.7 Determinações Analíticas ......................................................... 76
4.7.1 Determinação de amônio ..................................................... 76
4.7.2 Determinação de nitrito ....................................................... 77
4.7.3 Determinação de Nitrato ...................................................... 77
4.7.4 Determinação da demanda química de Oxigênio (DQO) .... 77
4.7.5 Determinação dos Sólidos Suspensos Totais e Sólidos
Suspensos Voláteis (SST e SSV) ....................................................... 78
4.7.6 Determinação de Polihidroxibutirato (PHB) ....................... 78
4.7.7 Determinação do íon Acetato .............................................. 79
4.7.8 Determinação de Carbono Total, Carbono Inorgânico,
Carbono Orgânico Total e Nitrogênio Total (CT, CI, COT e NT) .... 79
4.7.9 Determinação de Polissacarídeos ........................................ 80
4.7.10 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) ................. 80
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................... 83
5.1 Primeira Etapa .......................................................................... 83
5.1.1 Partida do Reator ................................................................. 83
5.1.2 Ensaios Cinéticos no SBR ................................................... 93
5.2 Segunda Etapa - SBR com adição de acetato na relação
DQO/N=2,5 (fase B)............................................................................ 100
5.3 Terceira Etapa ........................................................................ 103
5.3.1 Fases C, D e E ................................................................... 103
5.3.2 Fases F e G: ....................................................................... 110
5.3.3 Fase H ................................................................................ 116
5.3.4 Fases I e J .......................................................................... 120
5.3.5 Ensaios de atividade desnitrificante .................................. 123
5.3.6 Flocos ................................................................................ 134
5.3.7 Análise da DQO Residual ................................................. 139
6 CONCLUSÕES .............................................................................. 149
7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS........................ 151
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ......................................... 153
9 ANEXOS.................................................................................... 165
1 INTRODUÇÃO
3.1 Nitrogênio
N-NH4+
Amonificação Amônio
Decomposição
Nitrificação
Material
Fecal
Hidrólise
Fixação Anammox
N
Orgânico N-NO2-
Proteína Nitrito
Urina N2
Animal
(Uréia) Nitrogênio Desnitrificação
Atmosférico
Assimilação
Desnitrificação
Alimentação Fixação Nitrificação
N N-NO3-
Orgânico Nitrato
Proteína
Assimilação
Nitrificação
1
KOWALCHUK, G.A.; STEPHEN, J.R. (2001) Ammonia-Oxidizin bacteria: A model for
molecular microbal ecology. Ann. Rev. Microbiol.. 55, 453-459.
Equação 3.4 Esta equação mostra que neste estágio a oxidação de um
mol de amônia consome 1,5 mol de oxigênio, o que representa 3,43
gO2.gN-NH3.
N e- O N O O 3.1
N O O NO e- 3.2
e- O O 3.3
N O NO O 3.4
Os principais grupos de bactérias responsáveis por esta etapa são:
Nitrosomonas, Nitrosococcus, Nitrospira, Nitrosovibrio, Nitrosoglea e
Nitrosolobus, sendo que destes, há freqüente relatado da predominância
das Nitrosomonas e Nitrosospira (HIORNS et al. 1995, SCHRAMM et
al. 1998, apud PHILIPS, 2002)2.
Num segundo estágio, o nitrito é oxidado a nitrato, como mostra
a Equação 3.5. Esta reação é promovida por bactérias oxidadoras de
nitrito (BON) em uma única etapa.
- -
NO O NO 3.5
Dentre as bactérias oxidadoras de nitrito (BON) estão:
Nitrobacter, Nitrospira, Nitrospina, Nitrococcus e Nitrocystis. A
princípio Nitrobacter era relatado como maiores responsáveis por essa
etapa, enquanto que atualmente há relatos de que Nitrospira encontra-se
usualmente associado a este processo. Segundo BERNET &
SPÉRANDIO (2009), a predominância de Nitrospira sobre Nitrobacter
é ditada pelo meio em que se dá a nitrificação. Em processos com baixas
concentrações de nitrito, destaca-se o Nitrospira, enquanto processos
com altas concentrações de nitrito favorecem o Nitrobacter. Os sistemas
que operam com grandes variações temporais ou espaciais na
concentração de nitrito permitem a coexistência das duas espécies
(WAGNER et al., 2002 apud BERNET & SPÉRANDIO, 2009)3.
2
Hiorns WD, Hastings RC, Head IM, McCarthy AJ, Saunders JR, Pickup RW & Hall GH
(1995) Amplification of 16S ribosomal RNA genes of autotrophic ammonia-oxidizing bacteria
demonstrates the ubiquity of Nitrosospiras in the environment. Microbiology 141: 2793–2800
Schramm A, de Beer D, Wagner M & Amann R (1998) Identification and activities in situ of
Nitrosospira and Nitrospira spp. As dominant populations in a nitrifying fluidized bed reactor.
Appl. Environ. Microb. 64(9): 3480–3485.
3
WAGNER, M.; LOY, A.; NOGUEIRA, R.; PURKHOLD, U.; LEE, N.; DAIMS, H. (2002)
Microbial community composition and function in wastewater treatment plants. Antoine Van
Leeuwenhoek, 81, 665-680.
A nitrificação ainda pode ser expressa pela seguinte relação:
-
N O NO O 3.6
Encontram-se ainda descritas na literatura reações envolvidas no
processo de nitrificação que ponderam a assimilação dos substratos no
crescimento celular, como mostram as Equações 3.7, 3.8 e 3.9
(HENZE, 1997).
- -
N O O NO NO O O 3.7
- - -
NO N O O O NO NO O 3.8
- -
N O O NO NO O O 3.9
Desnitrificação
4
Drysdale, G. D., Kasan, H.C.; Bux, F. (2001) Assessment of denitrification by the ordinary
heterotrophic organisms in an NDBEPR activated sludge system. Wat. Sci. Tech. n. 43, v.1, pp.
147-154.
Alcaligenes e Thiobacillus, Achromobacter, Aerobacter, Bacillus,
Brevibacterium, Flavobacterium, Lactobacillus, Micrococcus, Proteus e
Spirillum (Metcalf & Eddy, 2003, Etchebehere, 2007).
Na desnitrificação, uma fonte de carbono de origem orgânica
pode ser utilizada como doadora de elétrons, num processo
heterotrófico. A matéria orgânica pode estar disponível no próprio
processo, ou ser adicionada artificialmente quando necessário. Entre as
fontes de carbono mais utilizadas estão o metanol, o etanol, o acetato e a
glicose (Von SPERLING, 1997; MADIGAN et al.., 1997). Segundo
WIESMMAN (1994), a estequiometria da desnitrificação utilizando o
acetato como matéria orgânica pode ser representada pelas seguintes
equações:
5C2H3O2- + 8NO3- + 13H+ N2 + 10CO2 + 14H2O 3.11
- - +
3C2H3O2 + 8NO2 + 11H N2 + 6CO2 + 10H2O 3.12
Conforme estas equações, a relação obtida para a desnitrificação,
via nitrato, é de 2,64 gAc-.gNO3-1, e via nitrito, de 1,57 gAc-.gNO2-1,
que correspondem a 2,86 gDQO.gN-NO3-1 e 1,71 gDQO.N-NO2-1.
De acordo com Mateju et al. (1992), a equação 3.13 apresenta
uma boa relação para a desnitrificação, levando em consideração a
biomassa produzida. Segundo estes autores, a relação ótima entre C/N é
3,51 gAc.gN-NO3-1, ou 3,74 g DQO.gN-NO3-1.
- -
O NO NO O O N O 3.13
5
KADLEC, R. H.; KNIGHT, R. L. (1996) Treatment wetlands. Boca Raton: Lewis
Publishers, p.893.
6
Lalucat, J.; Bennasar, A.; Bosch, R.; García-Valdéz, E.; Palleroni, N. J. (2006) Biology
of Pseudomonas stutzeri. Microbiology and Molecular Biology Reviews. n. 70. v. 2, pp
510-547.
Desta forma, o nitrito que é formado através da primeira etapa da reação
de nitrificação entra no processo de desnitrificação.
O2 25%
-
N_NO3
Nitratação Desnitratação
O2 75%
100%
+
N_NH4 N_N2
N_NO2
-
Corg Desnitritação
40%
Nitritação
Corg 60%
Nitritação Parcial Desnitrificação via nitrito
7
van Kenpem, R.; Mulder J. W.; Uijterllnde, C. A.; Van Loosdrecht, M. C. M. (2001)
Overview: full scale experience of the SHARON process for treatment of rejection water
of digested sludge dewatering. Water Sci Technol. v. 44, pp. 145–152.
são algumas dessas características (Peng & Zhu, 2006). Assim, a
nitrificação parcial é estabelecida mediante controle da temperatura, da
concentração de OD, do TRH, da idade do lodo, do pH e da
concentração de substrato. A seguir serão discutidas algumas dessas
variáveis de controle e sua influência na atividade das oxidadoras de
amônio e de nitrito.
Temperatura
8
Knowles, G.; Downing, A. L,; Barett M, J. (1965) Determination of kinetic constants
for nitrifying bacteria in mixed culture, with the aid of an electronic computer. J. Gen.
Microbiol. v.38, pp. 263-278.
3
Velocidade específica de
2,5
Nitrosomonas
crescimento (1/d)
2 Nitrobacter
1,5
0,5
0
0 10 20 30 40
Temperatura (oC)
Figura 3.4: Efeito da temperatura sobre a velocidade específica de crescimento
para bactérias do gênero Nitrosomonas e Nitrobacter.
Cabe lembrar que muitas vezes o efeito da temperatura sobre o
sistema é de difícil determinação devido à interação entre a transferência
de massa, equilíbrio químico e a dependência com a velocidade de
crescimento das bactérias (Van Hulle et al., 2005).
pH e Concentração de Substrato
Onde,
Ka = Constante de equilíbrio que é dada por:
a e T 3.15
Onde, T = temperatura (ºC).
N-NO
NO p 3.16
b
-
b e T 3.17
A amônia livre e o ácido nitroso podem inibir tanto as BOA
quanto as BON, embora as oxidadoras de nitrito sejam mais sensíveis às
altas concentrações de amônia livre. Em geral é aceito que a amônia
(NH3) e não o amônio (NH4+) é o substrato para as BOA (Bernet &
Spérandio, 2009). Portanto, de acordo com o equilíbrio entre estas
formas em pH menor que 7,0 a concentração de amônia livre pode se
encontrar reduzida, de tal forma que pode acabar limitando a ação das
nitrificantes (Wiesmann, 1994). Em contrapartida, para altos valores de
pH, a amônia pode ser encontrada em níveis tão elevados que inibem a
atividade por excesso de substrato. Segundo Anthonisen (1976), a
inibição das BON inicia a 0,1-1 mgNH3.L-1 e para as BOA entre 10-150
mgNH3.L-1, portanto, a faixa de 1,0-10 mgNH3.L-1 seria adequada para
manter um acúmulo de nitrito estável. Entretanto, Wong-Chong &
Loehr (1978) apud Paredes et al.. (2007)9 observaram aclimatação de
uma cultura pura de Nitrobacter a altas concentrações de amônia livre,
após 6-12 meses, podendo estas suportar concentrações de até 40
mgNH3.L-1, enquanto a cultura não adaptada sofreu inibição a
3,5mgNH3.L-1.
De acordo com a Equação 3.16, em valores de pH entre 7 e 8 a
porcentagem de ácido nitroso encontrada no sistema é praticamente
nula. Já para valores de pH abaixo de 6 este ácido é encontrado em
grandes concentrações, podendo promover uma intensa inibição das
bactérias. Anthonisen (1976) sugere a ocorrência de inibição das
oxidadoras de nitrito por HNO2 na faixa de 0,22-2,8 mgN-HNO2.L-1.
Segundo trabalho realizado por Abeling & Seyfried (1992), a inibição
das BON foi detectada na presença de concentrações menores de ácido
nitroso (0,13 mgHNO2.L-1). A faixa de concentração inibitória para as
culturas pode diferir entre muitos trabalhos, possivelmente pelo tipo de
cultura, adaptação das mesmas e ainda pelas diferentes configurações
utilizadas nos testes.
9
WONG-CHONG, G. M; LOEHR R. C. (1978) Kinetics of microbial nitrification: nitrite-
nitrogen oxidation. Water Research. v. 12., pp. 605–609.
Oxigênio Dissolvido
10
HUNIK, J.H.; TRAMPER, J.; WIJFFELS, R.H. (1994) A strategy to scale up of nitrification
processes with immobilized cells of Nitrosomonas europaea and Nitrobacter agilis. Bioprocess
Eng. v. 11pp. 73–82.
prevalecem em operações transientes por agüentarem melhor as
flutuações na concentração de OD (Peng, 2000).
Lavagem celular
Onde:
F = vazão de alimentação (L.h-1)
X = concentração celular no reator (gSST.L-1)
X0 = concentração celular na alimentação (gSST.L-1)
V = volume do reator (L)
rx = velocidade de crescimento das células (g.L-1.h-1)
Considerando:
X0 = 0 (inexistência de microrganismos na alimentação);
D = F/V = vazão específica de alimentação (h-1)
µx= velocidade específica de crescimento (h-1)
.rx 3.19
Assim,
d
x
. - . 3.20
dt
Metanol
Aeróbio(80 min)
Amônio
Anóxico (40 min)
Nitrito
pH
11
Van DONGEN, L. G. J. M.; JETTEN, M. S. M.; VAN LOOSDRECHT, M. C. M.
(2001)The Combined Sharon/Anammox process: a sustainable method for N-removal
from sludge water”. IWA Publishing, UK.
processo. Segundo Strous et al. (1999), o processo ANAMMOX foi
inibido por concentrações de nitrito acima de 20mM, embora
concentrações maiores que 10mM sejam desfavoráveis. Em teste com
SBR, onde a concentração do nitrito permaneceu acima de 5mM
(70mgN-NO2) por um longo período (12h), a atividade destas bactérias
foi completamente inibida, sendo recobrada com adição de hidrazina ou
hidroxilamina (50M).
As vantagens do processo ANAMMOX para tratamento de
efluentes nitrogenados são relacionadas ao fato deste não requerer fonte
de externa carbono, uma vez que o processo é autotrófico, além de não
demandar oxigênio. Outra característica importante deste processo é a
baixa produção de lodo pois, segundo a Equação 3.25, possui um fator
de conversão de 0,11 gSSV.gN-NH4-1 consumido, valor ainda menor
que o observado para a oxidação do amônio a nitrato (Schmidell &
Reginatto, 2005). Em contrapartida, uma baixa velocidade de
crescimento das bactérias envolvidas prolongaria o “start-up” do
processo.
Cabe salientar também que, sendo o íon nitrito um substrato deste
processo, que é estritamente anaeróbio, há a necessidade de utilização de
um pré-tratamento que converta parcialmente o amônio em nitrito
(Strous et al. 1997; Jetten et al., 1999).
O2
SHARON ANAMMOX
Figura 3.7: Representação esquemática do processo SHARON +
ANAMMOX.
(Fonte: Van Dongen, 2001)
12
WINDEY, K; DE BO I, VERSTRAETE W (2005) Oxygen-limited autotrophic nitrification-
denitrification (OLAND) in a rotating biological contactor treating high-salinity wastewater.
Water Research, n. 39 v.18, pp. 4512–4520.
condições de processo ainda se encontram parcialmente compreendidas
(Zhu et al, 2008).
Oxigênio
Dissolvido
13
COLLIVIGNARELLI, C; BERTANZA, G. (1999) Simultaneous nitrification-denitrification
process in activated slugde plants: Performance and applicability. Water Science and
Technology, v. 40. Pp. 187-194)
o oxigênio dissolvido em concentrações de 4 mgO2.L-1. Entretanto a
relação entre a eficiência de eliminação e o oxigênio dissolvido depende
muito do tamanho do floco, pois quanto maior o floco maior a
probabilidade das zonas anóxicas serem estabelecidas. Pochanca &
Keller (1999) encontraram eliminações de nitrogênio de 98,4% e 26,3%
para flocos com média de 382m e 155m, respectivamente, enquanto
que para flocos com 77m a eliminação foi de apenas 4,3%
A concentração de carbono seria outro fator crítico para a SND,
pois alta quantidade de matéria orgânica poderia inibir as nitrificantes
autotróficas enquanto que baixas concentrações levariam a deficiência
de doador de elétrons para as desnitrificantes (Tam14 et al., 1992 apud
Zhu et al, 2008). Segundo Pochanca & Keller (1999) desnitrificação
completa foi encontrada utilizando-se relações DQO/N de 7:1. Caso a
fonte de carbono esteja em menor proporção a desnitrificação é
incompleta. Estes autores mostraram que a adição de fonte externa de
carbono proporcionou eliminações de nitrogênio de 90% enquanto que
sem adição externa foi encontrado 47% de eliminação. Sem a adição de
fonte de carbono externo o processo de SND ainda pode ser encontrado
pelo uso de substratos internos estocados pela biomassa desnitrificante
como doadores de elétrons. Há relatos de que o processo de SND pode
ocorrem em sistemas de tratamento de esgotos domésticos com matéria
orgânica em concentrações de 100-150 mgDQO.L-1 (Castignetti &
Gunner 198115; Kim et al. 200516 apud Zhu et al, 2008).
O aspecto biológico deste processo é mais complexo envolve
outros processos além do conceito de nitrificação autotrófica e
desnitrificação heterotrófica. Muitas espécies heterotróficas nitrificantes
e desnitrificantes aeróbias têm sido identificadas em plantas de
tratamento de efluentes e tratamento de solos. Dentre elas tem-se que
Alcaligenes sp., Corynebacterium sp., Acinetobacter sp., Xanthomonas
sp., and Bacillus strains como heterotróficas nitrificantes enquanto que
Thiosphaera pantotropha é identificada como heterotrófica nitrificante e
desnitrificante aeróbia (Gupta, 1997).
14
TAM, N. F. Y.; WONG, Y. S., LEUNG, G. (1992) Effect of exogenous carbon sources on
removal of inorganic nutrients by the nitrification denitrification process. Water Research,
v.26, pp. 1229.
15
CASTIGNETTI, D., GUNNER, H. B. (1981) Nitrite and nitrate synthesis from pyruvic
oxime by an Alcaligenes sp. Curr Microbiol 5:379–384.
16
KIM, J.K; PARK, K.J.; CHO, K.S., NAM, S-W.; PARK, T-J.; RAKESH, B. (2005) Aerobic
nitrification-denitrification by heterotrophic Bacillus strains. Bioresour Technol 96:1897–1906.
Em conclusão, há muitos processos propostos na literatura
disponível, até mesmo em patentes, mas possivelmente sejam processos
recorrentes, ocorrendo isto pela dificuldade em se caracterizar, de forma
mais definitiva e correta, a presença de determinadas bactérias nos
sistemas empregados. Com os avanços destas técnicas possivelmente se
poderá esclarecer melhor o que estes processos possam ter em comum.
Reação
Enchimento
Decantação
Repouso
Drenagem
3.4.1 Enchimento
3.4.3 Decantação
3.4.4 Drenagem
3.4.5 Repouso
17
Bond, P.L.; Erhart, R.; Wagner, M.; Keller, J.; Blackall, L.L. (1999) Appl Environ
Microbiol, v.65, pp 4077-5119.
18
Liu, W-T.; Nakamura, K.; Matsuo, T.; Mino, T. (1997) Water Research, v. 31, pp. 1430-
1438.
Composição
Processo YPHA d Referência
do PHAc
anaeróbio/aeróbio) 199419
Satoh et al.,
63:27:7:3 1,93
199420
Beun et al.,
Processos com 100:0:0:0 0,4
2000
abundância e escassez
Dionisi et al.,
de substrato 100:0:0:0 0,24-0,49
2001
(Processo
Majone et al.,
anóxico/aeróbio) 100:0:0:0 0,27
200121
Processos com Beccari et al.,
100:0:0:0 0,6
abundância e escassez 199822
de substrato Dionisi et
100:0:0:0 0,41-0,61
(Processo aeróbio) al.,2001
a POA (Organismos acumuladores de fostato) b GOA (Organismos acumuladores de
glicogênio)
c PHA % (PHB:PHV:PHMB:PHMV) d Cmol PHA/Cmol substrato e Cmol PHÁ/Cmol
biomassa.
19
Liu, W-T.; Nakamura, K.; Matsuo, T.; Mino, T. (1997) J Ferm Bioeng, v. 77, pp. 535-540.
20
Satoh, H.; Mino, T. Matsuo, T. (1998) Water Sci Tehnol, v. 30, pp. 203-211.
21
Majone, M.; Beccari, M.; Dionisi, D.; Levantesi, C.; Renzi, V. (2001) Water Sci Tecnhol.,
v.43, pp. 151-158.
22
Beccari, M,; Majone, M.; Massanisso, P.; Ramadori, R. (1998) Water Research., v. 32, pp.
3403-3413.
4 MATERIAIS E MÉTODOS
18,3 cm
15,2 cm
22 cm
21 cm
cm
21
21 c m 21 c m
Vista Frontal Vista Superior
Figura 4.1: Reator biológico operado em batelada sequencial.
A temperatura do reator foi mantida em 35C, através de camisa e
banho termostatizado. A agitação foi realizada mediante uso de agitador
magnético (Heidolph, MR 3001), mantida em 400 rpm. A aeração do
sistema foi realizada por compressores de ar (Big Air A420) conectados
a mangueiras de silicones e pedras difusoras.
Inicialmente a alimentação no sistema foi efetuada por bomba
dosadora peristáltica (Milan, BP-200) sendo o efluente descartado
manualmente. Para o controle dos tempos de aeração, de agitação e de
alimentação foram utilizados temporizadores (timers) como mostra o
esquema da Figura 4.2 (a).
8 Ac/
Base Timer
6
7b 7c Timer
5
1
Timer 5
3
6
Timer
5 4
3 2 4
Timer 1
7a
8
3 2 4
Timer Timer
1 2
a Timer b
7
Figura 4.2: Sistema operacional utilizado: (a) Sistema inicial. (b) Sistema após
modificações - (1) Reator; (2) Agitador Magnético; (3) Compressor de Ar; (4)
Banho Termostático; (5) Bomba Peristáltica; (6) Reservatório de saída; (7)
Reservatórios com meio sintético (a) Contendo amônio e acetato (b) Meio
contendo amônio e (c) Solução com acetato; (8) Controlador de pH.
Em outra etapa de operação do reator, a alimentação passou a ser
efetuada por válvulas solenóides e, o descarte do efluente realizado por
bomba peristáltica. O controle do pH do meio entre 7,3 e 8,0 foi
realizado mediante uso de analisador (Digimed, TH 44) e soluções de
HCl 0,0506 mol.L-1 (vide Anexo E) e NaHCO3 0,83 mol.L-1. Durante o
período de sedimentação e de retirada do efluente, em que a agitação
permanecia desligada, um temporizador desligava as bombas de ácido e
base evitando adicões incorretas das soluções.
Também foram utilizados temporizadores para controle das
válvulas solenóides, da bomba peristáltica usada para drenagem, dos
agitadores e dos aeradores. Os temporizadores foram dispostos de modo
a permitir o acionamento independente dos dispositivos mencionados
acima, conforme apresenta a Figura 4.2 (b).
4.2 Inóculo e Substrato
0 3 6 9 12 15 18 21 24
Tempo (h)
Fase Aeração
B Alimentação
0 3 6 9 12 15 18 21 24
Tempo (h)
Fase Aeração
C Alimentação
0 3 6 9 12 15 18 21 24
Tempo (h)
Fase Aeração
D Alimentação
0 3 7 12 15 18 21 24
Tempo (h)
Fase Aeração
E Alimentação
0 3 6 9 12 15 18 21 24
Tempo (h)
Fase Aeração
F Alimentação
Fase Aeração
G Alimentação
Fase Aeração
H Alimentação
Fase Aeração
I Alimentação
Fase Aeração
J Alimentação
0 2 6 8 12
Tempo (h)
(a) E1: Efluente adicionado de uma vez no início do ciclo;
15' 1h 15' 1h 15' 1h 15' 1h 15' 1h 15' 1h 15' 1h 15' 1h 15' 1h 1h
(b) E2: Efluente sem acetato, adicionado de uma vez no início, e acetato
alimentado em pulsos nos períodos anóxicos.
(c) E3: Efluente, sem acetato, adicionado de uma vez no início, e
acetato adicionado no início da fase anóxica.
Onde:
CO2 = concentração de oxigênio dissolvido (mg.L-1);
CO2S = concentração de oxigênio dissolvido na saturação (mg.L-1);
KLa = coeficiente volumétrico de transferência de oxigênio (min-1);
QO2 = velocidade específica de respiração (mgO2.gcel-1.min-1);
X = concentração celular (gSST.L-1);
t = tempo (min).
O - QO .t 4.3
Deste modo, a partir da variação da concentração de oxigênio
dissolvido com o tempo e do valor quantitativo da biomassa do reator,
X, foi obtida a velocidade específica de respiração das células, QO2.
Os valores de oxigênio dissolvido foram determinados através de
eletrodo galvânico (Oxi 340/SET – WTW).
Onde:
N_Entrada = Concentração de entrada de nitrogênio no sistema sob
forma de amônio (mgN-NH4+.L-1);
N_Saída = Concentração de saída de nitrogênio do sistema sob forma de
amônio, nitrito e nitrato (mgN.L-1);
QO ntrada - QO Residual
emo o de QO 4.5
QO ntrada
Onde:
DQO_Entrada = Concentração de entrada de acetato no sistema em
termos de DQO (mgDQO.L-1);
DQO_Residual = Concentração de DQO medida na saída menos DQO
N-NO2, referente ao íon nitrito (mgDQO.L-1);
TR 4.7
Q
Onde:
DQODSN = DQO teoricamente consumida na desnitrificação, medido
através do consumo de nitrito no meio (mgDQO.L-1).
DQOConsumido é o consumo de matéria orgânica (acetato) no meio
expresso em DQO (mgDQO.L-1);
Onde:
DQOPHB = PHB formado expresso em DQO (mgDQO.L-1).
Aeração 15'/45
Plena 30'/30 Aeração/ sem aeração 15'/1h
'
600 120
'
Concentração de N (mgN.L-1)
400 80
300 60
200 40
100 20
0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Tempo (d)
N-NH4 E N-NH4 S N-NO2 S
N-NO3 S Remoção de N Conversão de N-NH4
Figura 5.1: Dados das concentrações de amônio, nitrito e nitrato de entrada (E)
e saída (S), bem como da remoção de nitrogênio durante a partida do SBR sem
adição de carbono orgânico.
Na Figura 5.1 pode-se observar que, nos primeiros dias, houve
conversão do amônio em nitrito e em nitrato de mais de 80%. Esta
conversão indica que as nitrificantes apresentaram boa atividade frente à
progressão de carga realizada, resultando em menos de 20% de residual
de substrato (amônio) na saída do efluente tratado.
Após 14 dias de operação, o reator passou a ser operado com
períodos de aeração intermitentes, os quais iniciaram em proporção de
30 min/30min, respectivamente. Com a realização da intermitência na
aeração, inicialmente, foi observada uma inibição das bactérias
oxidadoras de amônio e não, das oxidadoras de nitrito (BON).
Entretanto, após o 18dia de operação, nota-se a retomada das
oxidadoras de amônio (queda da concentração de amônio do efluente).
Uma vez que a concentração de amônio de saída do reator
decresceu, indicando a adaptação das oxidadoras de amônio (BOA) à
nova situação (21dia de operação), o tempo de aeração e não aeração
foi novamente modificado para a proporção de 15 min/45 min de
aeração/não aeração. Nota-se, pela Figura 5.1, após este dia, a maior
parte do amônio oxidado passou a ser encontrado sobre a forma de
nitrito mostrando que há uma sensibilidade das oxidadoras de nitrito
frente a períodos de interrupção de aeração maiores. Entretanto, ainda
foram encontradas quantidades significativas de nitrato na saída,
indicando a necessidade de prolongar o período sem aeração. Deste
modo, a proporção de aeração/não aeração foi alterada para 15 min/1
hora, respectivamente e a partir deste momento, foi observada uma
queda significativa do nitrato na saída do reator, com patamar próximo a
20mg N-NO3.L-1.
De fato, na literatura encontra-se descrtito que a limitação de
oxigênio afeta mais significativamente as bactérias oxidadoras de nitrito
(BON) e, ainda, que operações com temperaturas relativamente altas,
como a utilizada neste trabalho (35C), favorecem o crescimento das
bactérias oxidadoras de amônio, em relação às oxidadoras de nitrito
(Brouwer, 1996; Wyffles et al., 2003). Entretanto, vários trabalhos
utilizam a limitação do oxigênio dissolvido (OD), em relação a sua
concentração no meio, para inibir a ação das oxidadoras de nitrito e
promover acúmulo de nitrito. Laanbroek et al. (1993) verificaram que
reduções do oxigênio dissolvido no meio permitem o crescimento das
oxidadoras de amônio limitando paralelamente o crescimento das
oxidadoras de nitrito. Em trabalho realizado por Garrido et al. (1997), o
uso de OD acima de 2,5 mgO2.L-1 permitiu que a amônia fosse
convertida a nitrato, enquanto que para OD entre 1,0 e 2,0 mgO2.L-1 foi
encontrado acúmulo de nitrito.
Em trabalho prévio a este, realizado por Zdradek (2005), o
acúmulo de nitrito foi alcançado com sucesso sem limitação quanto ao
nível de oxigênio dissolvido no meio, lançando mão basicamente de
interrupções na aeração. Uma vez que a etapa de partida seguiu alguns
passos sugeridos por esta pesquisadora, os resultados obtidos também
estavam em concordância e, embora nitrato residual ainda estivesse
presente no efluente, pode-se dizer que houve seleção das oxidadoras de
amônio (BOA) sobre as oxidadoras de nitrito (BON).
Durante a partida do reator, foi observada certa eliminação de
nitrogênio, principalmente no início da operação, onde foi aplicada
aeração plena no SBR. Tal eliminação não era esperada, uma vez que a
alimentação foi realizada sem adição de fonte externa de matéria
orgânica e que, foram encontradas concentrações de oxigênio dissolvido
no meio em torno de 6,1mgO2.L-1. Uma possibilidade é de que, na
partida do reator, algum material orgânico proveniente de lise celular
poderia se encontrar disponível no meio e, neste início, alguma
biomassa heterotrófica pudesse se encontrar presente. Neste caso,
eventuais eliminações de nitrogênio poderiam ocorrem no interior dos
aglomerados de células, via desnitrificação heterotrófica.
A Figura 5.2 mostra que houve queda na concentração celular no
SBR embora se buscasse efetuar o reciclo total das células. Medidas dos
sólidos suspensos totais no efluente foram realizadas entre o 12° e 45°
dia onde foi detectado uma média de 0,003 gSST.L-1, mostrando que
uma pequena parcela da biomassa foi arrastada no descarte do efluente.
Entretanto, a biomassa descartada não justifica a queda apresentada na
Figura 5.2, e, deste modo, é plausível imaginar que possa ter ocorrido
lise celular no reator.
2,5
Concentração celular
2,0
(gSST.L-1)
1,5
1,0
0,5
0,0
0 20 40 60 80 100
Tempo de Operação (d)
Figura 5.2: Concentração celular do reator em função do tempo na fase de
desenvolvimento da biomassa nitrificante da partida do reator.
23
Binswanger, S., Siegrist, H., Lais, P., (1997) Simultane Nitrifikation/ Denitrifikation von
stark ammonium-belasteten Abw&ssem ohne organische Kohlenstoffquellen. Korrespondenz
Abwasser, v. 44, 1573-1580.
DQO/N=0,5
DQO/N=1 DQO/N=2
600 100
Concentração de N (mgN.L-1)
900
800 70
700 60
600 50
500 40
400 30
300
200 20
100 10
0 0
0 25 50 75 100 125 150 175 200
Tempo (d)
DQO Entrada DQO Residual Remoção DQO
Figura 5.4: Dados da DQO de entrada e saída do SBR na fase de
estabelecimento da biomassa desnitrificante.
Na Figura 5.4 pode ser observado que, logo que o acetato foi
adicionado ao reator, a DQO residual se encontrava em valores da
ordem de 150 a 200 mgDQO.L-1, provavelmente pelo fato das
heterotróficas ainda estarem se adaptando e não ter ocorrido o consumo
total da matéria orgânica adicionada ao reator. Porém, mesmo em
períodos posteriores, quando o processo desnitrificante foi melhor
estabelecido no reator, a DQO residual permaneceu em valores
próximos a 70 mgDQO.L-1. Conforme será mostrado no item 5.3.7, esse
residual não se trata de material orgânico passível de ser prontamente
utilizado pela biomassa, mas sim, de EDTA e de interferências na
análise por compostos contendo cloreto, presentes no meio sintético.
A Figura 5.5 mostra o acompanhamento da concentração celular
realizado após a introdução de matéria orgânica no reator. Como pode
ser observado, houve um significativo crescimento da biomassa
indicando a rapidez no desenvolvimento da biomassa heterotrófica no
SBR.
DQO/N=0,5
DQO/N=2
DQO/N=1
3,5
Concentração celular
3,0
(gSST.L-1)
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
0 25 50 75 100 125 150 175 200
Tempo de Operação (d)
Figura 5.5: Concentração celular em função do tempo, após adição de acetato
no meio de alimentação.
200
180 Aeróbio
Concentração (mg.L-1)
160
Anóxico
140
120
100
80
60
40
20
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Tempo (h)
N-NH4 N-NO2 N-NO3 DQO
Figura 5.6: Dados das concentrações de amônio, nitrito e nitrato e DQO no
acompanhamento do ciclo do SBR durante o 119 de operação.
Durante o ciclo, o crescimento celular pode ser considerado
desprezível com a biomassa variando em função da entrada de efluente
no reator (efeito de diluição). Deste modo, a concentração celular no
SBR, X, é dada por:
5.1
Onde,
VF = volume do reator cheio (L);
V = volume do reator (L);
XF = concentração celular com o reator cheio (g.L-1).
Onde,
C = Concentração do substrato no reator (mg.L-1);
C0 = Concentração do substrato no meio de alimentação (mg.L-1);
V= Volume do reator (L);
F0 = Vazão de alimentação (L.h-1);
S= Velocidade específica de consumo do substrato (g.g-1.h-1).
d d
. . . -S . . 5.3
dt dt
5.4
E,
5.6
Considerando:
Concentração do meio de alimentação = 524,3 mg N-NH4.L-1 e
1020,4 mgDQO.L-1
F0 = 43,48.10-3 L.h-1 (1000mL.23h-1)
XF= 3,04 gSST.L-1
Concentração de N-NH4 e DQO presentes no SBR (em 12,8 h) = 8,6
mgN-NH4.L-1 e 132,42 mgDQO.L-1
VF = 2L.
Utilizando as Equações 5.1 e 5.6 e os dados encontrados acima,
foram obtidas as velocidades específicas de consumo de N-NH4+ e
DQO, de N-NH4=3,7 mgN-NH4.gSST-1.h-1 e DQO=6,35 mg O2.gSST-1.h-
1
. Estas velocidades de consumo serão analisadas adiante.
Ao final do acompanhamento, foram obtidas remoções de
83,68% e 87,02% para o nitrogênio e DQO, respectivamente. Neste
acompanhamento pode ser visto ainda que a adição da matéria orgânica
ao meio (DQO/N próxima a 2), um pouco acima da proporção
estequiométrica para a desnitrificação via nitrito, não foi suficiente para
a eliminação de todo o nitrogênio. Com a alimentação distribuída ao
longo do ciclo, parte da matéria orgânica foi oxidada nos períodos
aeróbios (vide Figura 5.6), prejudicando a desnitrificação. Deste modo,
imaginou-se que a adição de quantidades maiores de matéria orgânica
promoveria maior eliminação de nitrogênio.
Tendo em vista os resultados obtidos nesta fase de operação do
reator, duas opções foram imaginadas para a obtenção de maior
eliminação de nitrogênio. Uma delas seria a adição de maior quantidade
de matéria orgânica ao meio, apresentada na segunda etapa deste
trabalho. Entretanto, o SBR permite que sejam realizadas inúmeras
combinações em sua forma de operação, que também merece ser
explorado. Deste modo, foram realizados alguns testes preliminares
buscando alternativas para que o sistema pudesse alcançar remoções de
nitrogênio mais elevadas, que estão apresentados a seguir.
500
450 Aeróbio
Concentração (mg.L-1)
400
Anóxico
350
300
250 y = -31,999x + 223,81
200 R² = 0,9724
150
100
50
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6 6,5 7
Tempo (h)
N-NH4 N-NO2 N-NO3 DQO
Figura 5.7: Concentração de amônio, nitrito, nitrato e DQO para a Estratégia
E1, onde os períodos aeróbios/anóxicos foram de 15 min/1h e o meio foi
introduzido no início do ciclo de operação.
500
Concentração (mg.L-1)
400 Aeróbio
y = -24,014x + 271,91 Anóxico
300 R² = 0,9858
200
100
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Tempo (h)
N-NH4 N-NO2 N-NO3 DQO
Figura 5.8: Concentrações das formas nitrogenadas e DQO para a Estratégia E2.
onde os períodos aeróbios/anóxicos foram de 15 min/1h, o meio contendo
amônio foi introduzido no início do ciclo e a matéria orgânica foi dividida e
introduzida no início das fases anóxicas
600
Concentração (mg L-1)
500 Aeróbio
y = -69,647x + 233,06 Anóxico
400 R² = 0,996
300
y = 59,725x + 7,5272
200 R² = 0,9929
100
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6 6,5 7 7,5 8
Tempo (h)
N-NH4 N-NO2 DQO N_NO3
Figura 5.9: Concentração das formas nitrogenadas e DQO para Estratégia E3,
onde os períodos de aeração/não aeração foram longos, de 3,25h/4,5h, a o meio
contendo amônio foi introduzido no início do ciclo e a matéria orgânica
adicionada no início da fase anóxica.
1,2
(mg N-NH4/mgN-NO2)
1,0
N-NO2/-N-NH4
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
0 50 100 150 200 250
Concentração de amônio (mgN-NH4.L-1)
E1 E2 E3
Figura 5.10: N-NO2/N-NH4 em função da concentração de amônio no reator.
1,4
1,2
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
0 50 100 150 200 250 300
Concentração de amônio (mgN-NH4.L-1)
E1 E2 E3 Acompanhamento
Figura 5.11: Velocidades específicas de respiração obtidas nos ensaios E1, E2,
E3 e no acompanhamento do SBR na fase A.
DQO/N=2,5
600 100
Concentração de N (mg.L-1)
550 90
500
Remoção de N (%)
80
450
400 70
350 60
300 B 50
250 40
200
30
150
20
100
50 10
0 0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo de Operação (d)
N-NH4 E N-NH4 S N-NO2 S
Figura 5.12: Dados das concentrações de amônio, nitrito e nitrato e remoção de
nitrogênio no efluente do SBR operando com DQO/N=2,5.
100
1400 90
1000 70
60
800 50
600 40
400 30
20
200 10
0 0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo de Operação (d)
5.3.1 Fases C, D e E
600 100
550
Concentração de N (mgN.L-1)
1200 100
1100 90
1000
Remoção de DQO (%)
80
DQO (mgDQO.L-1)
900
800 70
700 C D E 60
600 50
500 40
400 30
300
200 20
100 10
0 0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
Tempo (d)
DQO S DQO E Remoção DQO
Figura 5.15: Acompanhamento da DQO de entrada (E) e saída (S) do SBR, e
remoção de DQO, obtida para a fase C, D e E.
Através da Figura 5.14 verifica-se que tão logo foi realizada a
mudança de operação no SBR houve indicativos que uma
desnitrificação melhor estivesse ocorrendo uma vez que a concentração
de nitrito residual decaiu para valores próximos a 7mg N-NO2.L-1. Após
o quinto dia de operação, mesmo com um largo tempo de aeração
empregado (6h), o residual de amônio aumentou gradativamente até
valores próximos a 100 mgN-NH4+.L-1, sugerindo uma redução da
atividade das oxidadoras de amônio (BOA). Atribuiu-se esta inibição
aos longos períodos anóxicos, de 18 horas.
No 10 dia de operação, a aeração foi mantida constante no
reator durante todo o dia, na tentativa de estimular a atividade da
biomassa nitrificante e então o período de aeração foi elevado em mais
uma hora (7 horas), seguido de 17 horas sem aerar (Fase D). Após
alguns dias o amônio voltou a acumular no reator.
No 23dia o SBR passou a ser operado com períodos de aeração
de 12 horas, maiores do que a fase D, e com períodos de não aeração
menores, de 12 horas (Fase E). Apesar da nova fase de operação ainda
contar com um longo período anóxico, o aumento do tempo em
aerobiose para 12 horas foi suficiente para que a atividade das
oxidadoras de amônio fosse restaurada, como pode ser observado na
figura 5.14 onde o amônio residual foi encontrado frequentemente
abaixo de concentrações de 10 mgN-NH4+.L-1.
Inicialmente a forma de operação do SBR, na fase E, permitiu
que maior eliminação de nitrogênio fosse alcançada, atingindo uma
média, 96,3% para o período mais estável do reator (do 35 ao 57 dia
de operação). Neste período, as concentrações médias de saída de
amônio, nitrito e nitrato para este mesmo período foram de 1,16 mgN-
NH4+.L-1, 13,15 mgN-NO2-.L-1 e 4,41 mgN-NO3-.L-1 respectivamente.
Entretanto, após o 57 dia, foi observado um aumento significativo das
concentrações de nitrato no efluente, chegando a 243 mgN-NO3.L-1 no
63 dia de operação. Este rápido aumento da concentração de nitrato
indicou a retomada da atividade das oxidadoras de nitrito, que até então
estavam aparentemente inibidas. Uma vez que se pretendia realizar a
desnitrificação via nitrito e não via nitrato, foram realizadas novas
mudanças na forma de operar o reator, como será visto na fase F.
Pela Figura 5.15 nota-se que mesmo com operações realizadas
com períodos anóxicos de mais de 12 horas um residual de DQO ainda é
remanescente no reator, indicando que esta DQO se refere a um material
de baixa biodegradabilidade. Para estas fases foi obtida uma média de
remoção de DQO de 89,7%.
Acompanhamento cinético de um Ciclo para as fases C e E
600
Concentração (mg.L-1)
500 Aeróbio
Anóxico
400
300
200
100
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
Tempo (h)
N-NH4 N-NO2 N-NO3 DQO
600
Concentração (mg.L-1)
500 Aeróbio
Anóxico
400
300
200
100
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
Tempo (h)
N-NH4 N-NO2 N-NO3 DQO
Figura 5.17: Acompanhamento detalhado das concentrações de amônio, nitrito,
nitrato e DQO no ciclo do SBR no 31dia de operação na fase E.
700
Concentração (mg.L-1)
600
Aeróbio
500 Anóxico
400
300
200
100
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
Tempo (h)
N-NH4 N-NO2 N-NO3 DQO
Figura 5.18: Acompanhamento detalhado das concentrações de amônio, nitrito,
nitrato e DQO no ciclo do SBR no 62dia de operação na fase E.
5.3.2 Fases F e G:
600 100
550
Concentração de N (mgN.L-1)
90
70
800 60
F G
50
600
40
400 30
20
200
10
0 0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85
Tempo (d)
DQO E DQO S Remoção de DQO
Figura 5.20: Acompanhamento da DQO de entrada (E) e saída (S) do SBR, e
remoção de DQO, obtida para as fases F e G.
Acompanhamentos Fase F e G
250
Anóxico
200
150
100
50
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Tempo (h)
300 Aeróbio
Concentração (mg.L-1)
250 Anóxico
200
150
100
50
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Tempo (h)
N-NH4 N-NO2 N-NO3 DQO
Figura 5.22: Concentração de amônio, nitrito, nitrato e DQO obtidos para ciclo
da fase G do SBR no 47 dia de operação.
0,2
250 0,15
200
150 0,1
100
0,05
50
0 0
2 3 3 4 4 5 5 6 6
Tempo (h)
DQO PHB
Figura 5.23: Concentração de DQO e PHB no 47 dia de operação do SBR.
5.3.3 Fase H
Remoção de N (%)
400 70
350 60
300 50
250 40
200 30
150
100 20
50 10
0 0
0 20 40 60 80 100 120 140
Tempo de Operação (d)
N-NH4 E N-NH4 S N-NO2 S
N-NO3 S Remoção de N
250
Aeróbio
3
200 Anóxico
2,5
150 2
1,5
100
1
50
0,5
0 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
Tempo (h)
N-NH4 N-NO2 N-NO3 DQO PHB*10
550
500 80
450
Remoção de N (%)
400
350 60
300
250 40
200
150
100 20
50
0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Tempo de Operação (d)
N-NH4 (S) N-NO2 (S) N-NO3 (S)
N-NH4 E Remoção de N
Figura 5.26: Concentração das formas nitrogenadas de entrada (E) e saída (S)
do SBR, bem como remoção de nitrogênio, obtida para a fase I.
O reator ainda foi operado algum tempo com esta proporção, para
ver se as oxidadoras de amônio se adaptavam a esta condição, mas com
o amônio ainda presente no efluente por mais de 70 dias, a operação foi
alterada contando com fases aeróbias de 2 horas na fase J.
Concentração de N (mg.L-1)
600 100
90
500 80
Remoção de N (%)
400 70
60
300 50
40
200 30
100 20
10
0 0
0 20 40 60 80 100
Tempo de Operação (d)
Figura 5.27: Concentração das formas nitrogenadas de entrada (E) e saída (S)
do SBR, bem como remoção de nitrogênio, obtida para a fase J.
350 Aeróbio
300 Anóxico
250
200
150
100
50
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Tempo (h)
N-NH4 N-NO2 DQO N-NO3
Figura 5.28: Concentração de amônio, nitrito, nitrato e DQO durante o 109 0 dia
de operação da fase J do SBR.
Concentração (mg.L-1)
300 1,2
250 1,0
200 0,8
150 0,6
100 0,4
50 0,2
0 0,0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
(b) Tempo (h)
Concentração (mg.L-1)
1200 3,5
1000 3,0
800 2,5
2,0
600
1,5
400 1,0
200 0,5
0 0,0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
(d) Tempo (h)
Figura 5.29: Dados de concentração de nitrito (), DQO (), SST () e
PHB*10 () obtidos para os ensaios desnitrificantes (a) Ensaio 1, (b) Ensaio 2,
(c) Ensaio 3, (d) Ensaio 4.
1000 2,0
Concentração (mg.L-1)
0 0,0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
Tempo (h)
Figura 5.30: Dados de concentração de nitrito (), DQO (), SST () e
PHB*10 () obtidos para os ensaios desnitrificantes (a) Ensaio 1, (b) Ensaio 2,
(c) Ensaio 3, (d) Ensaio 4.
120
Substrato removido
100
(mgO2.L-1)
80
60 PHB PHB + DSN
40
20 DSN
0
(a) 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7
Tempo (h)
250
removido(mgO2L-1)
200
Substrato
150
PHB PHB + DSN
100
50 DSN
0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4
(b)
Tempo (h)
600
removido(mgO2L-1)
500 PHB
Substrato
400
300
PHB + DSN
200
DSN
100
0
0,0 1,0 2,0 3,0
(c) Tempo (h)
1200
Substrato removido
1000
(mgO2L-1)
800 PHB
600
400 PHB + DSN
200 DSN
0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0
(d)
Tempo (h)
800
Substrato removido
600
(mgO2L-1)
PHB
400
PHB + DSN
200 DSN
0
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00
(e) Tempo (h)
Ensaio 1 2 3 4 5
-1 -1
-r’N-NO2 (mgN-NO2.L .h ) 29,1 50,1 63,6 64,7 73,9
-1 -1
-r’DQO (mgDQO.L .h ) 164,06 189,1 232,96 244,4 269,7
r’SST (gSST.L .h )
-1 -1
0,07 0,06 0,12 0,08 0,11
-’N-NO2 29,3 51,7 54,6 54,5 66,13
(mgN-NO2.gSST-1.h-1)*
r’DQO r’N-NO2
5,64 3,77 3,66 3,78 3,65
(mgDQO.mgN-NO2-1)
x s r’SST r’ DQO)
0,4 0,33 0,5 0,34 0,41
(mgSST.mgDQO-1)
* Obtido com SST médio para o período analisado.
100
90
80
Remoção DQO (%)
70
60
50
40
30
20
10
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
Tempo (h)
NO2=51 mgN/L NO2= 108 mgN/L
NO2 = 255 mgN/L NO2=518 mgN/L
Figura 5.33: Remoções de DQO obtidas para diferentes concentrações iniciais
de substrato nos testes desnitrificantes.
5.3.6 Flocos
Figura 5.35: Fotografias obtidas por MEV da biomassa do SBR na fase H com
aumento de 30x.
24
Arrojo, B.; Mosquera-Corral, A.; Garrido, J.M.; Méndez, R. (2004) Aerobic Granulation
with industrial wastewater in sequencing batch reactors. Water Research, n38, 3389-3399.
25
Figueroa, M.; Mosquera-Corral, A.; Campos, J.L; Méndez, R. (2008) Treatment of saline
wastewater in SBR aerobic granular reactors. Water Science and Technology. n 58(2), 479-
485.
a b
Figura 5.36: Fotografias obtidas por MEV da biomassa do SBR na fase H com b
aumento de: (a) 400x; (b) 3.500x.
Figura 5.37: Fotografias obtidas por MEV da biomassa do SBR na fase J com
aumento de: (a) 33x;
a b
Figura 5.38: Fotografias obtidas por MEV da biomassa do SBR na fase J com
aumento de: (a) 80x; (b) 5.000 x.
100
75
50
25
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Amostra
Figura 5.40: Concentração de DQO residual encontrada amostras de
saída do reator durante a etapa J.
Os valores obtidos para a demanda química de oxigênio (DQO)
foram em média de 92,78 mgDQO.L-1.
A primeira distinção realizada acerca da composição da DQO
residual foi em relação à presença de matéria orgânica. Para isto, foram
realizadas análises de carbono total (CT), carbono inorgânico (CI) e
carbono orgânico total (COT). A resposta obtida na determinação de
COT está apresentada na Figura 5.41.
70
Concentração de COT (mg C.L-1)
60
50
40
30
20
10
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Amostra
Figura 5.41: Concentração de COT para amostras de saída do reator durante a
etapa J.
A média encontrada para o carbono orgânico total (COT) foi de
19,73 mgC.L-1, confirmando a presença de matéria orgânica na DQO
residual.
Na tentativa de elucidar melhor a composição da fração orgânica,
foram realizadas análises do acetato. Esta análise foi realizada tendo em
vista que o acetato foi o substrato utilizado como fonte de carbono para
a desnitrificação. A Tabela 5.12 mostra a concentração do íon acetato
encontrada nas amostras.
Como pode ser observado, na Tabela 5.12, pouco ou nenhum
acetato foi encontrado para tais amostras, confirmando que o acetato foi
totalmente utilizado pelos microrganismos durante a operação do reator.
Ainda foi investigada a presença de exopolímeros na composição
da DQO residual.
Os polímeros extracelulares bacterianos podem conter conter
compostos como hexosaminas, ácidos urônicos, pentoses, além de
hexoses. As concentrações de hexoses poderiam ser menores que as
concentrações totais de exopolímeros, no entanto, são um indicativo dos
mesmos. Segundo estudo feito por Cammarota (1998), o método de
Dubois et al. (1956), para determinação de polissarcarídeos, permite
uma comparação entre amostras de mesma origem e é um índice valioso
da concentração de polímero extracelular, em especial para as hexoses.
O método (Dubois et al. (1956) - vide Materiais e Métodos, item 4.8.9,
pg. 48) trata-se de um método indireto de determinação, pois utiliza
glicose como composto padrão.
Os resultados obtidos da análises de Dubois estão apresentados
na Tabela 5.12.
Tabela 5.12:Acetato, exopolímeros (na forma de glicose), nitrogênio total, amônio, nitrito e nitrato referentes às amostras na fase
J.
DQO DQO
Ac DQO do N-NO2 N-NO3 N-Nx
do Ac Exopolímeros N-NO2 N-NH4 N Total Diferença N*
Amostra (mgAc.L- - -1 Polissacarídeo (mgN.L- -
-1 (mgN.L (NH4+NO2+NO3)
1 (mgDQO.L (mg C6H12O6.L ) -1 (mgDQO.L 1 (mgN.L ) 1 -1 (mgN.L-1) (mgN.L-1)
) 1 (mgDQO.L ) -1 ) ) (mgN.L )
) )
1 0 0 6,88 7,34 7,08 6,19 26,88 1,39 34,46 33,27 -1,19
2 0 0 - - 10,11 8,84 15,77 1,57 26,18 24,71 -1,47
3 1,40 1,50 - - 14,37 12,58 0,19 0,51 13,27 7,05 -6,22
4 0 0 - - 13,81 12,08 0,89 1,39 14,36 14,10 -0,26
5 0,66 0,70 7,21 7,69 2,54 2,22 10,69 1,92 14,83 13,58 -1,25
6 0,81 0,87 1,19 1,27 2,54 2,22 20,84 1,74 24,80 21,45 -3,35
7 0 0 3,91 4,17 2,71 2,37 2,40 1,57 6,34 4,75 -1,58
8 0 0 - - 8,93 7,81 13,95 1,74 23,51 17,89 -5,62
9 0 0 7,05 7,52 4,56 3,99 12,79 1,74 18,52 14,07 -4,45
10 0 0 5,15 5,49 2,71 2,37 59,69 0,69 62,74 58,46 -4,28
11 0 0 4,74 5,05 2,87 2,52 29,59 1,39 33,49 28,21 -5,28
12 - - - - 7,43 6,50 21,54 1,04 29,08 24,2 -4,88
13 - - - - 12,96 11,34 21,89 0,86 34,09 28,2 -5,89
14 - - 5,48 5,85 7,25 6,34 29,12 1,22 36,68 32,5 -4,18
15 - - - - 10,27 8,99 20,14 1,39 30,52 26,6 -3,92
16 - - 7,62 8,13 7,17 6,27 - - - - -
17 - - 11,00 11,74 5,49 4,80 - - - - -
18 - - 3,34 3,56 2,96 2,59 - - - - -
*Diferença N = N Total – N-Nx
Em relação à determinação de exopolímeros, o método utilizado
não pode ser aplicado a todas as amostras, pois foi verificado que o
nitrito interfere na análise em concentrações acima de 8 mgN-NO2.L-1.
Todavia para as demais amostras, onde foi possível a sua determinação,
a concentração de exopolímeros encontrada foi de, no máximo, 11
mgC6H12O6.L-1.
Para estimar a contribuição do acetato e dos polissacarídeos na
DQO foi utilizado o fator de conversão do carbono em DQO, dada pela
Equação 5.7 (SOARES & HIRATA, 2007).
O O 5.7
O
Este fator é adequado para a conversão do acetato, glicose e
outros carboidratos, que possuam C com número de oxidação nox= 0
(Hirata, 2009). A DQO estimada para tais compostos também está
apresentada na Tabela 5.12. A DQO referente ao acetato e do
exopolímero, em comparação com a média encontrada para a DQO
residual (92,8 mgDQO.L-1), leva a crer que a maior parte da matéria
orgânica encontrada pode não ser decorrente destes materiais.
Além destas análises foram determinados o nitrogênio total, o
amônio, o nitrato e o nitrito, na tentativa de verificar se material protéico
também compunha parte da fração orgânica, que seria indicado pela
diferença entre o nitrogênio total e demais formas nitrogenadas citadas.
As análises de nitrogênio (N-NH4, N-NO2, N-NO3) foram
realizadas através de métodos colorimétricos (vide itens 4.8.1- 4.8.3) e
sua soma foi um pouco maior que a encontrada para o nitrogênio total
(através de combustão e análise por infravermelho - veja item 4.8.8, pág.
48), sendo apresentadas na Tabela 5.12. A diferença negativa entre tais
análises pode ser de caráter analítico e, a princípio, estas análises
evidenciam que não deve haver grandes quantidades de proteínas na
saída.
Outra fonte de matéria orgânica, suspeita de estar colaborando
com a DQO residual, seria o ácido etilenodiamino tetra acético (EDTA),
que faz parte da composição da solução de micronutrientes adicionada
ao meio de alimentação. Este composto não é usualmente removido por
processos físicos, químicos ou biológicos em plantas de tratamento de
efluentes (van Ginkel et al., 1997 apud Anderson et al., 2007).26De
50
40 y = 14,07e0,6619x
R² = 0,9935
30
20
10
0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Concentração de Cl- (g.L-1)
125
DQO (mg O2.L-1)
100
75 Contribuição
do HCl
50
Contribuição
25 do Meio
Sintético
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Amostra
DQO DQO Residual
Figura 5.43: Concentração de DQO, DQO residual, para amostras analisadas,
bem como a DQO do meio e da solução de HCl
Esta figura mostra que boa parte da DQO encontrada foi
identificada. Como foi comentado anteriormente, pequenas quantidades
de exopolímeros e de acetato ainda poderiam eventualmente contribuir,
em menor escala, com a DQO presente no efluente tratado.
Esta investigação nos leva a olhar de outro modo para a remoção de
matéria orgânica efetuada no reator. Sem a colaboração do EDTA e dos
sais contendo cloro, certamente a remoção de DQO é maior do que a
apresentada. Tais resultados evidenciam também que maior atenção
deve ser dada aos procedimentos adotados no laboratório, muitos dos
quais utilizam a mesma solução de nutrientes deste trabalho.
6 CONCLUSÕES
mL g de l
x mL g de l
x = 4,93 mL de ácido.
Se diluir 5 mL para 1 litro obtem-se a concentracão de 0,0506 N.