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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E


ENGENHARIA DE ALIMENTOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA
QUÍMICA

Estela Claudia Ferretti

REMOÇÃO DE NITROGÊNIO VIA NITRITO DE EFLUENTES


COM ELEVADAS CONCENTRAÇÕES DE NITROGÊNIO E
BAIXAS RELAÇÕES DQO/N EM REATOR OPERADO NA
FORMA DE BATELADAS SEQUENCIAIS (SBR)

Florianópolis

Dezembro de 2009
Estela Claudia Ferretti

REMOÇÃO DE NITROGÊNIO VIA NITRITO DE EFLUENTES


COM ELEVADAS CONCENTRAÇÕES DE NITROGÊNIO E
BAIXAS RELAÇÕES DQO/N EM REATOR OPERADO NA
FORMA DE BATELADAS SEQUENCIAIS (SBR)

Tese submetida ao Programa de Pós-


Graduação em Engenharia Química da
Universidade Federal de Santa
Catarina, para a obtenção do grau de
Doutor em Engenharia Química.

Orientador: Willibaldo Schmidell Neto


Co-Orientador: Hugo Moreira Soares

Florianópolis

Dezembro de 2009
Catalogação na fonte pela Biblioteca Universitária da
Universidade Federal de Santa Catarina

F387r Ferretti, Estela Cláudia


Remoção de nitrogênio via nitrito de efluentes com
elevadas concentrações de nitrogênio e baixas relações
DQO/N em reator operado na forma de bateladas sequenciais
(SBR) [tese] / Estela Claudia Ferretti ; orientador,
Willibaldo Schmidell Netto. - Florianópolis, SC, 2009.
191 p.: il., grafs., tabs.

Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa


Catarina, Centro Tecnológico. Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Química.

Inclui referências
.
1. Engenharia química. 2. Remoção de nitrogênio. 3.
Nitrificação parcial. 4. Limitação de oxigênio. I.
Schmidell Netto, Willibaldo. II. Universidade Federal de
Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Química. III. Título.

CDU 66.0
Folha de assinatura
Dedico este trabalho aos meus
companheiros de laboratórios, os
meus amigos e ao meu
companheiro Cristiano.
AGRADECIMENTOS

A todos que colaboraram para a realização deste trabalho:

Ao professor Willibaldo, o meu sincero agradecimento por sua


preciosa ajuda na realização deste trabalho.Também agradeço ao incentivo
nos momentos de incerteza e às sábias lições de vida.

Ao professor Hugo pelo apoio, pela amizade e pela disponibilidade


do laboratório para o desenvolvimento do trabalho.

Aos companheiros de laboratorio: Eliane e Angelina que me


acolheram nos momentos mais difíceis. Obrigada pela grande ajuda tanto
nos experimentos, quanto na vida pessoal. Naiana e Cleo, pelas discussões,
sugestões e ajuda disponibilizada. Camila, Hélio, Carol, Marta, Bárbara e
Indy que sempre se dispuseram a ajudar. Sem deixar de lembrar dos bons
momentos de “Labterapia e dos cafezinhos...

Ao Cristiano pela paciência, compreensão e todo o apoio durante o


período de realização deste trabalho. Por se fazer presente com gestos de
carinho e incentivo diante das dificuldades.

As amigas de Adriana, Janaina e Cristiane que também colaboraram


com muito carinho e incentivo, na torcida pelo trabalho.

Aos amigos Andréia B, Dirlei, Karina, Carol, Gustavo, Bruna,


Wanessa e a minha irmã que embora distantes do laboratório sempre
apoiaram esta conquista.

A professora Glaucia e a Jaciane, do Engebio, pelas análises de PHB.


Ao Ricardo Deutcher por ter se prontificado a fazer as primeiras análises
comigo.
Ao Sandro, Edevilson e Américo, funcionários pelos muitos
“quebra-galhos” e pelo bom atendimento realizado.

Ao Departamento de Engenharia Química e Engenharia de


Alimentos da Universidade Federal de Santa Catarina pela aceitação para a
realização deste trabalho, assim como a disponibilização das instalações
para a parte experimental da tese.

E ao CNPq pela concessão da bolsa de doutorado.


"Fala-se tanto da necessidade de
deixar um planeta melhor
para os nossos filhos,

E esquece-se da urgência de
deixarmos filhos melhores
para o nosso planeta..."

(autor desconhecido)
RESUMO

Em processos biológicos de remoção de nutrientes, a matéria orgânica


pode ser um fator limitante para a desnitrificação, especialmente em se
tratando de efluentes com altas concentrações de nitrogênio e baixas
relações DQO/N. Deste modo, os processos que lançam mão da
nitrificação parcial vêm sendo amplamente estudados para o tratamento
deste tipo de efluente, tendo em vista algumas vantagens como a
economia de fonte de carbono possibilitada por este processo. Neste
sentido, o presente trabalho teve como objetivo estudar a influência da
forma de alimentação sobre o tratamento de efluente sintético com baixa
relação DQO/N, utilizando períodos intermitentes de aeração em SBR
(Reator operado em Bateladas Seqüenciais) para obter a
nitritação/desnitrificação via nitrito. Foram obtidas remoções de
nitrogênio de 86%, para o sistema operando com alimentação
distribuída ao longo do ciclo sendo elevada para 96% com a alimentação
realizada de forma breve (pulsos) e com a adição de matéria orgânica
em fases anóxicas. Medidas de atividade da biomassa mostraram que a
exposição da biomassa a baixas concentrações de amônio constitui uma
desvantagem para o processo realizado em SBR. Deste modo,
alimentações realizadas em pulsos proporcionaram operações com 250
mg N-NH4.L-1 no reator sendo alcançada velocidade específica de
consumo de amônio elevada de 3,7 mg N-NH4.gSST-1.L-1 para de 18
mgN-NH4.gSST-1.L-1. Foram encontradas eliminações de nitrogênio de
cerca de 30% em condições de plena aeração, sugerindo a possibilidade
de eliminação do nitrogênio por processo de nitrificação e
desnitrificação simultânea (SND). Ensaios desnitrificantes mostraram
que inicialmente cerca de 50% do consumo de matéria orgânica em fase
anóxica é destinado a outros fins que não a desnitrificação, sendo 30 a
40 % destinado ao acúmulo de poli-3-hidroxibutirato. A mudança na
forma de alimentação permitiu a formação de aglomerados de célula
maiores e mais compactos, favorecendo a existência de zonas anóxicas
internas e auxiliando o processo de eliminação de nitrogênio em fase
aeróbia. Ainda neste trabalho, em estudo acerca da composição da DQO
residual foi verificado que a maior parte desta é decorrente da presença
de ácido etilenodiamino tetra acético (EDTA) e que, compostos como
cloreto de sódio e ácido clorídrico, são interferntes na metodologia
adotada.

Palavras-chave: Remoção de Nitrogênio, Nitrificação parcial, SBR,


limitação de oxigênio, DQO residual.
ABSTRACT

In biological processes of nutrient removal, organic matter can be a


limiting factor for denitrification, especially in the treatment of
wastewater containing high nitrogen and low carbon concentrations.
Thus, recently, considerable attention has been given to processes that
favor the partial nitrification focusing on some benefits as the economy
of carbon source made possible by these processes. This study
investigates the influence of the feeding pattern on the treatment of
synthetic effluent with low COD/N ratio, using intermittently aeration in
a SBR (sequencing batch reactor) to obtain a partial nitrification.
Nitrogen removals increased from 86% to 96% when the feeding was
carried out in a pulse form, with addition of organic matter at the
beginning of anaerobic periods. Activity measurements show that a
biomass exposure to low ammonium concentrations was a disadvantage
to nitrification process on SBR. By introducing higher substrate
concentrations in the reactor (lower distribution of the medium) the
activity of ammonium oxidizing bacteria was increased from 3.7 mg N-
NH4.gSST-1.L-1 to 18 mgN-NH4.gSST-1.L-1. A Nitrogen removal around
30% was found during fully aerobic periods (DO 4mgO2.L-1), without
any addition of COD in these phases, suggesting the occurrence of
simultaneous nitrification and denitrification processes (SND).
Denitrification assays verified that initially, around 50% of organic
source was intended to other process than denitrification and that around
30-40% of it was forwarded for a polyhydroxybutyrate accumulation.
The feeding carried out in pulses propitiated formation of biggest and
compact flocs in the system favoring the existence of internal anaerobic
zones and contributing to nitrogen elimination during aerobic stages. In
addition a residual COD investigation shows that the presence of
ethylenediamine tetraacetic acid (EDTA) on synthetic wastewater and
interferences on methodology by compounds as sodium and
hydrochloric acid.

Keywords: Nitrogen removal, partial nitrification, sequencing batch


reactor, oxygen limitation, DQO residual.
LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1: Ciclo do Nitrogênio. ................................................................. 33


Figura 3.2: Distribuição da Amônia e íon amônio em função do pH e da
temperatura. ....................................................................................... 36
Figura 3.3: Esquema representativo do processo de remoção de nitrogênio
via nitrito. .......................................................................................... 44
Figura 3.4: Efeito da temperatura sobre a velocidade específica de
crescimento para bactérias do gênero Nitrosomonas e Nitrobacter. .. 46
Figura 3.5: Variação do pH e concentrações de metanol, amônio e nitrito em
função do tempo, durante um ciclo do reator operando segundo o
processo SHARON. (Adaptado de van Kempem et al., 2001) .......... 50
Figura 3.6: Rota metabólica proposta para o processo anammox. .............. 52
Figura 3.7: Representação esquemática do processo SHARON +
ANAMMOX. .................................................................................... 54
Figura 3.8: Influência do tamanho dos flocos no desenvolvimento da SND.
........................................................................................................... 58
Figura 3.9: Etapas de um ciclo de operação do SBR. ................................. 61
Figura 4.1: Reator biológico operado em batelada sequencial. ................... 65
Figura 4.2: Sistema operacional utilizado: (a) Sistema inicial. (b) Sistema
após modificações - (1) Reator; (2) Agitador Magnético; (3)
Compressor de Ar; (4) Banho Termostático; (5) Bomba Peristáltica;
(6) Reservatório de saída; (7) Reservatórios com meio sintético (a)
Contendo amônio e acetato (b) Meio contendo amônio e (c) Solução
com acetato; (8) Controlador de pH. ................................................. 66
Figura 4.3: Representação esquemática do ciclo de operação do SBR para
cada fase. ........................................................................................... 70
Figura 4.4: Esquemas operacionais utilizados em ensaios cinéticos: ( )
Fase aeróbia; () Fase anóxica; () Efluente sintético completo; ()
Efluente sintético sem acetato; () Acetato. ..................................... 72
Figura 5.1: Dados das concentrações de amônio, nitrito e nitrato de entrada
(E) e saída (S), bem como da remoção de nitrogênio durante a partida
do SBR sem adição de carbono orgânico. ......................................... 84
Figura 5.2: Concentração celular do reator em função do tempo na fase de
desenvolvimento da biomassa nitrificante da partida do reator. ........ 86
Figura 5.3: Dados das concentrações de amônio, nitrito e nitrato e remoção
de nitrogênio na fase de esteabelecimentoda biomassa desnitrificante
do SBR. ............................................................................................. 88
Figura 5.4: Dados da DQO de entrada e saída do SBR na fase de
estabelecimento da biomassa desnitrificante. .................................... 89
Figura 5.5: Concentração celular em função do tempo, após adição de
acetato no meio de alimentação. ........................................................ 90
Figura 5.6: Dados das concentrações de amônio, nitrito e nitrato e DQO no
acompanhamento do ciclo do SBR durante o 119 de operação........ 90
Figura 5.7: Concentração de amônio, nitrito, nitrato e DQO para a
Estratégia E1, onde os períodos aeróbios/anóxicos foram de 15
min/1h e o meio foi introduzido no início do ciclo de operação. ....... 94
Figura 5.8: Concentrações das formas nitrogenadas e DQO para a Estratégia
E2. onde os períodos aeróbios/anóxicos foram de 15 min/1h, o meio
contendo amônio foi introduzido no início do ciclo e a matéria
orgânica foi dividida e introduzida no início das fases anóxicas ....... 94
Figura 5.9: Concentração das formas nitrogenadas e DQO para Estratégia
E3, onde os períodos de aeração/não aeração foram longos, de
3,25h/4,5h, a o meio contendo amônio foi introduzido no início do
ciclo e a matéria orgânica adicionada no início da fase anóxica. ....... 95
Figura 5.10: N-NO2/N-NH4 em função da concentração de amônio no
reator. ................................................................................................. 97
Figura 5.11: Velocidades específicas de respiração obtidas nos ensaios E1,
E2, E3 e no acompanhamento do SBR na fase A. ............................. 98
Figura 5.12: Dados das concentrações de amônio, nitrito e nitrato e remoção
de nitrogênio no efluente do SBR operando com DQO/N=2,5. ...... 100
Figura 5.13: Dados DQO de entrada (E) e de saída (S), bem como da
remoção de DQO do efluente do SBR operando com DQO/N=2,5. 101
Figura 5.14: Dados de concentração das formas nitrogenadas de entrada (E)
e saída (S) do SBR, bem como remoção de nitrogênio, obtida para as
fases C, D e E. ................................................................................. 104
Figura 5.15: Acompanhamento da DQO de entrada (E) e saída (S) do SBR,
e remoção de DQO, obtida para a fase C, D e E. ............................. 104
Figura 5.16: Acompanhamento detalhado das concentrações de amônio,
nitrito, nitrato e DQO no ciclo do SBR no 2dia de operação da fase
C. ..................................................................................................... 106
Figura 5.17: Acompanhamento detalhado das concentrações de amônio,
nitrito, nitrato e DQO no ciclo do SBR no 31dia de operação na fase
E....................................................................................................... 108
Figura 5.18: Acompanhamento detalhado das concentrações de amônio,
nitrito, nitrato e DQO no ciclo do SBR no 62dia de operação na fase
E....................................................................................................... 109
Figura 5.19: Concentração das formas nitrogenadas de entrada (E) e saída
(S) do SBR, bem como remoção de nitrogênio, obtida para as fases F
e G. .................................................................................................. 111
Figura 5.20: Acompanhamento da DQO de entrada (E) e saída (S) do SBR,
e remoção de DQO, obtida para as fases F e G. .............................. 112
Figura 5.21: Concentração de amônio, nitrito, nitrato e DQO durante o ciclo
do 21 dia de operação do SBR na fase F. ....................................... 113
Figura 5.22: Concentração de amônio, nitrito, nitrato e DQO obtidos para
ciclo da fase G do SBR no 47 dia de operação. ............................. 114
Figura 5.23: Concentração de DQO e PHB no 47 dia de operação do SBR.
......................................................................................................... 115
Figura 5.24: Dados de concentração das formas nitrogenadas de entrada (E)
e saída (S) do SBR, bem como remoção de nitrogênio, obtida para a
fase H............................................................................................... 117
Figura 5.25: Concentração de amônio, nitrito, nitrato e DQO e PHB durante
o 1280 dia de operação da fase H do SBR. ...................................... 118
Figura 5.26: Concentração das formas nitrogenadas de entrada (E) e saída
(S) do SBR, bem como remoção de nitrogênio, obtida para a fase I.
......................................................................................................... 120
Figura 5.27: Concentração das formas nitrogenadas de entrada (E) e saída
(S) do SBR, bem como remoção de nitrogênio, obtida para a fase J.
......................................................................................................... 121
Figura 5.28: Concentração de amônio, nitrito, nitrato e DQO durante o 109 0
dia de operação da fase J do SBR. .................................................. 122
Figura 5.29: Dados de concentração de nitrito (), DQO (), SST () e
PHB*10 () obtidos para os ensaios desnitrificantes (a) Ensaio 1, (b)
Ensaio 2, (c) Ensaio 3, (d) Ensaio 4................................................. 125
Figura 5.30: Dados de concentração de nitrito (), DQO (), SST () e
PHB*10 () obtidos para os ensaios desnitrificantes (a) Ensaio 1, (b)
Ensaio 2, (c) Ensaio 3, (d) Ensaio 4................................................. 126
Figura 5.31: Contribuição de fenômenos no consumo de acetato nos testes
desnitrificantes : () DQO consumida no meio, ()DQO consumida
para Desnitrificação (DSN). () Consumo de DQO acumulado para
PHB + DSN para os ensaios (a) Ensaio 1, (b) Ensaio 2, (c) Ensaio 3,
(d) Ensaio 4, (e) Ensaio 5. ............................................................... 129
Figura 5.32: Remoções de nitrogênio obtidas para diferentes concentrações
iniciais de substrato nos testes desnitrificantes. ............................... 133
Figura 5.33: Remoções de DQO obtidas para diferentes concentrações
iniciais de substrato nos testes desnitrificantes. ............................... 133
Figura 5.34: Biomassa filtrada do SBR na fase J. .................................... 134
Figura 5.35: Fotografias obtidas por MEV da biomassa do SBR na fase H
com aumento de 30x. ....................................................................... 135
Figura 5.36: Fotografias obtidas por MEV da biomassa do SBR na fase H
com aumento de: (a) 400x; (b) 3.500x. ............................................ 136
Figura 5.37: Fotografias obtidas por MEV da biomassa do SBR na fase J
com aumento de: (a) 33x; ................................................................ 136
Figura 5.38: Fotografias obtidas por MEV da biomassa do SBR na fase J
com aumento de: (a) 80x; (b) 5.000 x. ............................................. 137
Figura 5.39: Esquema de análises realizadas durante a investigação da DQO
residual. ........................................................................................... 140
Figura 5.40: Concentração de DQO residual encontrada amostras de saída
do reator durante a etapa J. .............................................................. 141
Figura 5.41: Concentração de COT para amostras de saída do reator durante
a etapa J. .......................................................................................... 141
Figura 5.42: Relação entre DQO e concentração de Cl- presente na análise
de DQO. ........................................................................................... 147
Figura 5.43: Concentração de DQO, DQO residual, para amostras
analisadas, bem como a DQO do meio e da solução de HCl ........... 148
LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1: Estados de Oxidação do Nitrogênio em compostos nitrogenados


mais comuns. ..................................................................................... 35
Tabela 3.2: Classificação de bactérias heterotróficas segundo a capacidade
de desnitrificação em lodo de tratamento de nutrientes apresentado
por DRYSDALE et al. (2001). .......................................................... 41
Tabela 3.3: Produção de PHAs partindo de acetato e culturas mistas. (Fonte:
Reis et al. 2003)................................................................................. 63
Tabela 4.1: Composição do efluente sintético proposto por CAMPOS et al.
(1999). ............................................................................................... 67
Tabela 4.2: Composição da solução de micronutrientes*. .......................... 67
Tabela 4.3: Descrição das etapas do trabalho.............................................. 71
Tabela 5.1:Velocidade específica de consumo de amônio obtida para
ensaios E2 a E3.................................................................................. 95
Tabela 5.2:Velocidades de consumo de amônio encontradas na literatura. 96
Tabela 5.3:Remoções de nitrogênio e DQO para ensaios realizados no SBR.
........................................................................................................... 99
Tabela 5.4:Concentração celular com o tempo para a operação do SBR com
DQO/N=2,5. .................................................................................... 101
Tabela 5.5:Resumo dos resultados de operação para o SBR com
alimentação distribuída. ................................................................... 102
Tabela 5.6:Gradiente de substratos encontrados no ciclo relativo ao 1280 dia
de operação na fase H. ..................................................................... 118
Tabela 5.7:Gradiente de substratos encontrados no ciclo do SBR para a fase
J. ...................................................................................................... 122
Tabela 5.8: Concentrações iniciais de biomassa e substrato utilizada nos
ensaios desnitrificantes. ................................................................... 123
Tabela 5.9:Fatores de conversão de substrato para a desnitrificação, para o
PHB obtidos para os ensaios de desnitrificação no período onde há
matéria orgânica disponível. ............................................................ 129
Tabela 5.10: Velocidades de consumo obtidas para os ensaios de
desnitrificação. ................................................................................ 131
Tabela 5.11:Velocidades específicas de desnitrificação via nitrito
encontradas na literatura. ................................................................. 132
Tabela 5.12:Acetato, exopolímeros (na forma de glicose), nitrogênio total,
amônio, nitrito e nitrato referentes às amostras na fase J. ............... 143
Tabela 5.13: DQO pertinente aos compostos do meio sintético e da solução
de HCl 5%. ...................................................................................... 146
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANAMMOX (Anaerobic Ammonium Oxidation) Oxidação anaeróbia do


amônio
BOA Bactérias oxidadoras de amônio
BON Bactérias oxidadoras de nitrito
CASAN Companhia de Saneamento de Água e Esgoto de Santa Catarina
CANON Completely Autotrophic Nitrogen removal Over Nitrite
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CI Carbono Inorgânico
CT Carbono Total
COT Carbono Orgânico Total
EDTA Ácido Etilenodiamino Tetra Acético
EQA Departamento de Engenharia Química e Engenharia de Alimentos
ENGEBIO Laboratório de Engenharia Bioquímica
LCME Laboratório Central de Microscopia Eletrônica
LEMA Laboratório de Energia e Meio Ambiente
LTBR Laboratório de Tratamento Biológico de Resíduos
MEV Microscopia Eletrônica de Varredura
NT Nitrogênio Total
N-NH4+ Nitrogênio na forma de amônio
N-NO2- Nitrogênio na forma de nitrito
N-NO3- Nitrogênio na forma de nitrato
OD Oxigênio Dissolvido
OLAND Oxygen Limited Autotrophic Nitrification Denitrification
PHB Poli-3-hidroxibutirato
REMAS Laboratório de Remediação de Águas Subterrâneas
SBR Sequencing Batch Reactor
SHARON Single-Reactor High-Activity Ammonium Removal Over Nitrite
SND Simultaneous nitrification and denitrification
SST Sólidos Suspensos Totais
SSV Sólidos Suspensos Voláteis
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
PROCESSO UCT University of Cape Town
LISTA DE SÍMBOLOS

C Concentração do substrato no reator (mg.L-1);


C0 Concentração do substrato no meio de alimentação (mg.L-1);
CO2 Concentração de oxigênio dissolvido (mgO 2.L-1);
CO2S Concentração de oxigênio dissolvido na saturação (mgO2.L-1);
D Vazão específica de alimentação (h-1)
DQO Demanda Química de Oxigênio (mgDQO.L-1);
DQO_Entrada Concentração de acetato na entrada do sistema em termos de
DQO (mgDQO.L-1);
DQO_Residual Concentração de DQO medida na saída menos DQO N-
NO2, referente ao íon nitrito (mgDQO.L-1);
-1
F Vazão de alimentação (L.h )
KLa Coeficiente volumétrico de transferência de oxigênio (min-1)
N_Entrada Entrada de nitrogênio no sistema sob forma de amônio (mgN-
NH4+.L-1);
N_Saída Saída de nitrogênio do sistema sob forma de amônio, nitrito e
nitrato (mgN- NH4+.L-1+ mgN-NO2-.L-1+ mgN-NO3-.L-1);
N-NH4 Concentração de amônio (mgN-NH4.L-1);
N-NO2 Concentração de nitrito (mgN-NO2.L-1);
N-NO3 Concentração de nitrato (mgN-NO3.L-1);
QO2X Velocidade de consumo de oxigênio (mgO2.L-1.min-1);
QO2 Velocidade específica de respiração (mgO 2.gcel-1.min-1);
rN-NO2 Velocidade de consumo de N-NO2 (mgN-NO2.L-1.h-1)
rDQO Velocidade de consumo de Acetato (mgDQO.L -1.h-1)
r’N-NO2 Velocidade inicial de consumo de N-NO2 (mgN-NO2.L-1.h-1)
r’DQO Velocidade inicial de consumo de Acetato (mgDQO.L -1.h-1)
r’N-NO2 Velocidade inicial de consumo de N-NO2 (mgN-NO2.L-1.h-1)
r’SST Velocidade inicial de formação de biomassa (mgSST.L -1.h-1)
rx Velocidade de crescimento das células (g.L-1.h-1)
V Volume do reator (L);
VF Volume do reator cheio (L);
t Tempo (min);
T Temperatura (C);
TRH Tempo de retenção hidráulica (d);
X Concentração celular no reator (gSST.L-1);
Xi = concentração celular no início do período de lavagem (gSST.L-1).
X0 Concentração celular na alimentação (gSST.L-1)
XF Concentração celular com o reator cheio (gSST.L-1);
YDSN Fator de conversão de matéria orgânica para a desnitrificação
(mgDQO. mgDQO -1);
YOBS Fator de conversão de matéria orgânica para outras
finalidades que não a desnitrificação (mgDQO. mgDQO -1);
YPHB Fator de conversão de matéria orgânica em PHB (mgDQO.
mgDQO -1);
Yx/s Fator de conversão de DQO em biomassa (mgSST.mgDQO
-1
)
DQODSN DQO teoricamente consumida na desnitrificação, medido
através do consumo de nitrito no meio (mgDQO.L-1).
DQOConsumido Consumo de matéria orgânica (acetato) no meio expresso
em DQO (mgDQO.L-1);
DQOPHB PHB formado expresso em DQO (mgDQO.L-1).
S
-1 -1
Velocidade específica de consumo do substrato (g.g .h ).
DQO Velocidade específica de consumo de DQO (mgDQO.gSST -
1 -1
.h )
NH4 Velocidade específica de consumo de amônio (mgN-NH4.gSST-
1 -1
.h )
NO2 Velocidade específica de consumo de nitrito (mgN-
NO2.gSST-1.h-1)
’NO2 Velocidade específica inicial de consumo de nitrito (mgN-
NO2.gSST-1.h-1)
NO3 Velocidade específica de consumo de nitrato (mgN-
NO3.gSST-1.h-1)
µx Velocidade específica de crescimento (h-1)
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................... 29
2 OBJETIVOS .................................................................................... 31
2.1 Objetivo Geral .......................................................................... 31
2.2 Objetivos Específicos ............................................................... 31
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................... 33
3.1 Nitrogênio ................................................................................ 33
3.2 Origens da Contaminação por Nitrogênio e seus Impactos...... 35
3.3 Processos Biológicos de Remoção do Nitrogênio .................... 37
3.3.1 Processo Convencional de Nitrificação e Desnitrificação ... 38
3.3.2 Nitrificação Parcial .............................................................. 43
3.3.3 Processo SHARON ............................................................. 50
3.3.4 Processo ANAMMOX ........................................................ 51
3.3.5 Processo SHARON + ANAMMOX.................................... 53
3.3.6 Processo NOx ...................................................................... 54
3.3.7 Processo CANON ............................................................... 56
3.3.8 Processo OLAND ................................................................ 57
3.3.9 Nitrificação e Desnitrificação Simultâneos ......................... 58
3.4 TECNOLOGIA SBR ............................................................... 60
3.4.1 Enchimento ......................................................................... 61
3.4.2 Reação ................................................................................. 62
3.4.3 Decantação .......................................................................... 62
3.4.4 Drenagem ............................................................................ 62
3.4.5 Repouso ............................................................................... 62
4 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................... 65
4.1 Biorreatores e o Sistema Utilizado ........................................... 65
4.2 Inóculo e Substrato .................................................................. 67
4.3 Operação dos Reatores ............................................................. 68
4.3.1 Partida do SBR (Fase A) ..................................................... 68
4.3.2 Fase B .................................................................................. 69
4.3.3 Fase C-J ............................................................................... 69
4.4 Ensaios Cinéticos no SBR ........................................................ 72
4.4.1 Determinação da Velocidade Específica de Respiração da
Biomassa (QO2) .................................................................................. 72
4.5 Ensaios de Atividade Desnitrificante ....................................... 73
4.6 Procedimentos de Cálculo ........................................................ 74
4.6.1 Eficiências de Remoção ...................................................... 74
4.6.2 Tempo de retenção hidráulica.............................................. 75
4.6.3 Fatores de Conversão de matéria orgânica .......................... 75
4.7 Determinações Analíticas ......................................................... 76
4.7.1 Determinação de amônio ..................................................... 76
4.7.2 Determinação de nitrito ....................................................... 77
4.7.3 Determinação de Nitrato ...................................................... 77
4.7.4 Determinação da demanda química de Oxigênio (DQO) .... 77
4.7.5 Determinação dos Sólidos Suspensos Totais e Sólidos
Suspensos Voláteis (SST e SSV) ....................................................... 78
4.7.6 Determinação de Polihidroxibutirato (PHB) ....................... 78
4.7.7 Determinação do íon Acetato .............................................. 79
4.7.8 Determinação de Carbono Total, Carbono Inorgânico,
Carbono Orgânico Total e Nitrogênio Total (CT, CI, COT e NT) .... 79
4.7.9 Determinação de Polissacarídeos ........................................ 80
4.7.10 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) ................. 80
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................... 83
5.1 Primeira Etapa .......................................................................... 83
5.1.1 Partida do Reator ................................................................. 83
5.1.2 Ensaios Cinéticos no SBR ................................................... 93
5.2 Segunda Etapa - SBR com adição de acetato na relação
DQO/N=2,5 (fase B)............................................................................ 100
5.3 Terceira Etapa ........................................................................ 103
5.3.1 Fases C, D e E ................................................................... 103
5.3.2 Fases F e G: ....................................................................... 110
5.3.3 Fase H ................................................................................ 116
5.3.4 Fases I e J .......................................................................... 120
5.3.5 Ensaios de atividade desnitrificante .................................. 123
5.3.6 Flocos ................................................................................ 134
5.3.7 Análise da DQO Residual ................................................. 139
6 CONCLUSÕES .............................................................................. 149
7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS........................ 151
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ......................................... 153
9 ANEXOS.................................................................................... 165
1 INTRODUÇÃO

O acelerado crescimento populacional, juntamente com o amplo


desenvolvimento das atividades industriais e agrícolas tem ocasionado
desequilíbrio de diferentes ecossistemas naturais, afetando diretamente o
solo, a água e a atmosfera. Em relação ao recursos hídricos, menos de
1% se encontra disponível para o consumo humano, sendo este muito
vulnerável à interferência do homem. Com a conseqüente alteração da
qualidade da água, o homem passou a ter que dispor de meios para
minimizar o impacto de suas atividades sobre o meio ambiente e a saúde
pública.
Neste sentido, sistemas de tratamento de efluentes passaram a ser
empregados tendo o seu foco inicialmente voltado para a remoção da
matéria orgânica. Após grandes avanços desses sistemas, outros
aspectos passaram a ser abordados, como a remoção de nutrientes
(nitrogênio e fósforo).
O nitrogênio quando aportado de forma indiscriminada está
associado à eutrofização, apresentando efeitos tóxicos à vida aquática.
Além disto, alguns compostos nitrogenados se encontram associados a
doenças carcinogênicas e à metahemoglobinemia (Bouchard et al.,
1992). Deste modo, a legislação ambiental se apresenta cada vez mais
restritiva quanto ao padrão de lançamento deste nutriente em corpos
receptores.
Usualmente são aplicados processos de nitrificação e
desnitrificação para a eliminação de nitrogênio de efluentes domésticos
e industriais (Metcalf & Eddy, 2003). No entanto, este processo é mais
bem empregado para tratamento de efluentes contendo baixas
concentrações de nitrogênio, pois do contrário são encontradas
dificuldades quanto à transferência de oxigênio durante a nitrificação e
ainda, se faz necessária a adição de uma fonte externa de carbono para a
etapa de desnitrificação.
A necessidade constante de se reduzir custos operacionais e
aumentar a eficiência em plantas de tratamento de efluentes, tem
promovido grandes estímulos quanto ao melhoramento e
desenvolvimento de tecnologias aplicadas aos processos de remoção de
nutrientes (Vives, 2005; Whichard, 2001). O avanço das pesquisas,
principalmente no campo microbiológico tem possibilitado a descoberta
de novos microrganismos e novas rotas metabólicas permitindo o
desenvolvimento de novos processos de eliminação de nitrogênio.
Recentemente, o foco de atenção vem sendo os processos que lançam
mão da nitrificação parcial, desnitrificação por nitrificantes, oxidação
anaeróbia da amônia (processo Anammox) e ainda de sistemas com a
combinação destes, devido aos diversos benefícios em relação ao
processo convencional (Ahn 2006).
A nitrificação parcial pode ser aliada a uma subseqüente
desnitrificação trazendo algumas vantagens em relação ao processo
clássico como: a redução de 25 % na demanda de oxigênio necessária
para a nitrificação, 40 % de redução da matéria orgânica utilizada e
aumento da velocidade de desnitrificação (Beccari et al. 1983, Turk &
Mavinic, 1989; Peng & Zhu, 2006). Isto pode ser compreendido
lembrando que o nitrito é um intermediário das reações de nitrificação e
desnitrificação.
Uma tecnologia alternativa, na qual o processo de remoção de
nitrogênio pode ser executado em um único reator é o uso de sistemas
operados em bateladas seqüenciais, SBR. Esses sistemas oferecem uma
grande flexibilidade de operação, onde seqüências de sucessivas fases,
aeróbias, anóxicas e anaeróbias, podem ser ajustadas para que os
processos bioquímicos ocorram apropriadamente. Os SBR são
caracterizados por operações em ciclos contendo as etapas de:
enchimento, reação, decantação e retirada de efluente, sendo uma
tecnologia de volume variável, inicialmente aplicada em pequenas
vazões e posteriormente adaptada e desenvolvida para atender a uma
série de especificações mais restritivas. Ajustes quanto aos ciclos de
operação oferecem ainda outras vantagens para o uso dos SBR como:
seleção de bactérias mais robustas, grande flexibilidade para o
tratamento de efluentes que sofrem grandes variações de carga,
realização da sedimentação no próprio reator dispensando a presença de
clarificadores secundários e o retorno do lodo (Al-Rekabi et al., 2007;
Gomes, 1997).
Muitos estudos ainda estão sendo realizados com a finalidade de
se estabelecer qual a melhor operação, em termos do tempo dos ciclos,
distribuição das fases aeróbias e anóxicas e, ainda, da distribuição da
alimentação para sistemas de remoção de nitrogênio (Vives, 2005;
Zdradek, 2005). Neste sentido, este trabalho foi realizado no intuito de
alcançar remoções altas de nitrogênio via nitrificação parcial no
tratamento de um efluente sintético com baixa relação C/N. Para tanto,
foram efetuadas diferentes configurações em um SBR, lançando mão de
interrupções na aeração como estratégia de limitação de oxigênio e de
modificações na forma de alimentação do SBR de modo a favorecer a
atividade dos microrganismos envolvidos.
2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Efetuar a remoção de nitrogênio de efluente contendo elevadas


concentrações de nitrogênio e baixas relações DQO/N, via nitrificação
parcial, em reator operado na forma de bateladas sequenciais.

2.2 Objetivos Específicos

Avaliar a eficiência de remoção de nitrogênio no sistema quando


impostas diferentes estratégias operacionais de ciclos no SBR, tais
como: mudanças de alimentação e tempo das fases aeróbias/anóxicas.
Verificar condições em que o processo de nitrificação parcial
ocorra de forma estável, sem a limitação por concentrações de substrato.
Caracterizar a atividade da biomassa através da medida da
velocidade de respiração dos microrganismos (respirometria) e
velocidades de consumo de substratos.
Avaliar o mecanismo de remoção de matéria orgânica pela
biomassa desnitrificante do SBR.
Caracterizar a biomassa presente no SBR.
Caracterizar a DQO remanescente no SBR após tratamento.
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Nitrogênio

O nitrogênio (N) é um elemento químico que participa da


composição de uma vasta gama de moléculas orgânicas essenciais aos
seres vivos como proteínas e ácidos nucléicos (Hagopian & Riley,
1998). Na natureza, este elemento é encontrado sob diversos estados de
oxidação, variando de -3 (NH4) a +5 (NO3), participando de uma série
de processos na dinâmica dos ecossistemas. As diversas formas de
nitrogênio na natureza e suas principais transformações estão descritas
esquematicamente na Figura 3.1.
O nitrogênio gasoso (N2) se apresenta disponível em grande
quantidade no ar (78%). Porém, a assimilação desta forma não é
possível de ser realizada por grande parte da biota terrestre tornando o
suprimento deste nutriente dependente da sua captação e incorporação à
cadeia alimentar pela fixação (EPA, 1975).

N-NH4+
Amonificação Amônio

Decomposição
Nitrificação
Material
Fecal
Hidrólise
Fixação Anammox
N
Orgânico N-NO2-
Proteína Nitrito
Urina N2
Animal
(Uréia) Nitrogênio Desnitrificação
Atmosférico

Assimilação
Desnitrificação
Alimentação Fixação Nitrificação
N N-NO3-
Orgânico Nitrato
Proteína
Assimilação

Figura 3.1: Ciclo do Nitrogênio.


Adaptado de PARRAS (2007)
A fixação do nitrogênio é dada por processos atmosféricos,
biológicos ou industriais. A fixação atmosférica ocorre através das
descargas elétricas (relâmpagos) que separa as moléculas de nitrogênio
(N2) e permite a ligação destas com o oxigênio, formando monóxido de
nitrogênio (NO). Este monóxido é dissolvido na água da chuva e
precipitado na superfície terrestre. A fixação biológica é realizada
mediante ação de algumas bactérias tais como Rhizobium, Azotobacter e
Cianobactérias, que capturam o N2 transformando-o em íons amônio
(BROCK, 1996). Através de processos industriais (Haber-Bosch) é
possível utilizar o N2 e H2 para produzir amônia (NH3), para uso como
fertilizantes.
Os vegetais podem assimilar o nitrogênio na forma de NH4 e
ainda sob a forma de NO3, utilizando a conversão destes para a
formação de proteínas. Através da morte ou excreções de seres vivos, as
formas nitrogenadas chegam ao solo onde ocorre a decomposição do
material orgânico por ação biológica de grupos de bactérias e fungos.
Um dos estágios finais da decomposição do material nitrogenado é a
digestão enzimática de proteínas e compostos afins, com liberação de
aminas e aminoácidos. Este processo é conhecido como aminação. As
aminas e aminoácidos são utilizados por microrganismos heterotróficos
liberando compostos amoniacais em uma etapa chamada de
amonificação.
Ainda no solo e sob condições aeróbias, o íon amônio pode ser
oxidado a nitrato (passando por hidroxilamina e nitrito) mediante ação
de microrganismos oxidadores de amônio e nitrito em um processo
chamado de nitrificação. Os íons NO3-, provenientes da nitrificação são
utilizados como aceptores de elétrons na ausência do oxigênio por
bactérias desnitrificantes, sendo reduzido a nitrogênio gasoso que é
novamente transferido para a atmosfera.
O texto acima mostra as principais transformações do nitrogênio
dentro das cadeias tróficas da biosfera. Vale salientar que, em função do
isolamento de novas espécies bacterianas, de numerosas interações entre
comunidades microbianas e de interferências entre as rotas metabólicas,
este ciclo seja muito mais complexo do que se imaginava (Verstraete &
Philips, 1998).
3.2 Origens da Contaminação por Nitrogênio e seus Impactos

Especialmente nas últimas décadas, a atividade antropogênica


tem contribuído intensamente para a contaminação de mananciais. A
ação humana é resultante principalmente do uso de combustíveis
fósseis, uso de fertilizantes, despejo de esgotos e dejetos de animais
criados sob confinamento sem tratamento adequado e ainda de diversas
atividades industriais.
Dentre as atividades industriais que geram efluentes com altos
teores de nitrogênio estão: refinarias de petróleo, curtumes, produção de
fertilizantes e indústrias de alimentos, como usinas de açúcar e álcool,
frigoríficos, cervejarias e indústrias químicas em geral (Epa, 1975;
Water Pollution Control Federation, 1991).
Embora possua diversos estados de oxidação, vide Tabela 3.1, o
nitrogênio é encontrado sob quatro formas principais em águas
residuárias: nitrogênio orgânico, nitrogênio amoniacal, nitrogênio como
nitrito e nitrato (Metcalf & Eddy, 2003).

Tabela 3.1: Estados de Oxidação do Nitrogênio em compostos nitrogenados


mais comuns.
Composto Estado de Oxidação
Nitrogênio Orgânico (R-NH3) -3
Amônia (NH3) -3
Nitrogênio Gasoso (N2) 0
Óxido Nitroso (N2O) +1
Óxido Nítrico (NO) +2
Íon Nitrito (NO2) +3
Dióxido de Nitrogênio (NO2) +4
Íon Nitrato (NO3) +5
Fonte: MADIGAN et al.(1997).

Em solução aquosa, a amônia pode apresentar-se também na


forma de íon amônio. O equilíbrio dinâmico entre estas duas formas na
água é fortemente dependente do pH e da temperatura, como mostra a
Figura 3.2. Para valores de pH em torno de 8, o íon amônio está presente
em maior quantidade, sendo o residual de amônia livre muito baixo. Em
pH acima de 12 praticamente só amônia está presente, como gás
dissolvido na solução. O aumento da temperatura influência o equilíbrio
destas formas, sendo que, para temperaturas mais elevadas há um
favorecimento da amônia na forma livre (Water Pollution Control
Federation, 1991).

Figura 3.2: Distribuição da Amônia e íon amônio em função do pH e da


temperatura.
Fonte: Water Pollution Control Federation (1991)

A amônia livre é apresentada como o real substrato utilizado


pelos microrganismos. Desta forma, valores baixos de pH podem limitar
a ação de microrganismos pela escassez de substrato, enquanto altos
valores podem inibir a ação dos mesmos por excesso de substrato
(Wiesmann, 1994). Portanto, a forma encontrada tem relevância pela sua
utilização como nutriente e incorporação pela biota presente no meio
aquático. A amônia ainda está associada a diversos problemas
ambientais. Esta forma nitrogenada, juntamente com o fósforo, é
utilizada como nutrientes e seu aporte indiscriminado promove o
fenômeno conhecido como eutrofização, causando interferências aos
usos do corpo d’água. Problemas com odores e aparência da água
devido à decomposição das algas tornam a mesma esteticamente
desagradável, tornando a água indesejada como suprimento e recreação.
A redução de oxigênio dissolvido na água por este fenômeno, pode
acarretar na morte de organismos aquáticos. A amônia livre ainda é
altamente tóxica para peixes e em concentrações acima de 0,2 mg.L-1
pode causar a morte de uma série de espécies (Bitton, 1994, Hagopian &
Riley, 1998).
Os produtos decorrentes da nitrificação, nitrito e nitrato, estão
associados a efeitos carcinogênicos e mutanogênicos, quando utilizados
dissolvidos na água entendida como potável. Estes íons ainda podem
ocasionar a metahemoglobinemia em recém nascidos, também
conhecida como síndrome do bebê azul. Essa doença está associada à
redução do nitrato a nitrito no trato intestinal, que por sua vez oxida o
Ferro II a Ferro III nas moléculas de hemoglobina, incapacitando a troca
de oxigênio e promovendo asfixia (Bitton, 1994). O íon nitrito (NO2-)
apresenta toxicidade mais pronunciada, de modo que sua concentração
máxima deve ser de 0,1 mg.L-1. Os íons NO3- não apresentam efeitos tão
diversos aos organismos, quando em concentrações inferiores a 10
mg.L-1.
No Brasil, a Resolução CONAMA No. 357, de 17 de março de
2005 que estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes
fixa o limite máximo de emissão para o nitrogênio amoniacal em 20
mgN.L-1. Entretanto, em águas potáveis, a a concentração máxima de
nitrato estabelecida é de 10 mg N-NO3.L-1e de nitrito de 1 mg N-NO2.L-
1
, sendo a concentração de nitrogênio amoniacal fixada de acordo com o
pH: para pH  7,5 – 3,7 mgN.L-1; 7,5 pH  8,0 – 2,0 mgN.L-1; 8,0 pH
 8,5 – 1,0 mgN.L-1 e pH  8,5 – 0,5 mgN.L-1.
No Estado de Santa Catarina, a legislação ambiental através do
Decreto No. 14.250 de 5 de junho de 1981 - Art. 190, estipula o limite
máximo para nitrogênio total em 10 mgN.L-1 para lançamentos em
trechos de corpos de água contribuintes de lagoas, lagunas e estuários.

3.3 Processos Biológicos de Remoção do Nitrogênio

Diversos processos de tratamento podem ser aplicados para a


remoção de nitrogênio de águas residuárias. Entretanto, a eliminação de
nitrogênio por intermédio de processos biológicos é preferencialmente
utilizada, em relação a processos físico-químicos, por ser efetiva e
apresentar baixos custos (Metcalf & Eddy, 2003).
A remoção do nitrogênio por mecanismos biológicos segue as
mesmas transformações existentes na natureza, porém sendo realizada
sob condições operacionais controladas de modo a tornar os processos
mais eficientes. O processo mais comumente empregado para a remoção
de nitrogênio é dado pela nitrificação e desnitrificação. Mediante
estudos mais detalhados deste processo foi observado que este poderia
ser abreviado, através de um intermediário comum, nitrito, trazendo
vantagens econômicas ao processo (Abeling & Seyfried, 1992, Hellinga
et al., 1998).
Outros mecanismos de conversão dos compostos nitrogenados
foram ainda recentemente descobertos, como a atividade desnitrificante
das oxidadoras de amônio, sob certas condições, e a oxidação do amônio
por microrganismos denominados ANAMMOX, ampliando a
possibilidade de tratamento de efluentes nitrogenados (Mulder et al.,
1995; Ahn, 2006). Através de combinações destes processos foram
desenvolvidos novos sistemas de tratamento, de modo a atender melhor
o tratamento de efluentes com características bem peculiares, como
efluentes com altas cargas nitrogenadas e baixas relações C/N. De um
modo geral, tais sistemas baseiam-se na nitrificação parcial (Schmidt et
al., 2003, Ahn, 2006, Paredes et al. 2007).

3.3.1 Processo Convencional de Nitrificação e Desnitrificação

O processo convencional é realizado em duas etapas distintas:


Nitrificação e Desnitrificação. Tendo em vista as particularidades de
cada etapa é apropriado que se faça a descrição destas separadamente.

Nitrificação

A nitrificação é o processo de oxidação da amônia a nitrato em


condições aeróbias e é conduzida em dois estágios, cada qual realizado
por diferentes gêneros de bactérias. Neste processo a amônia e o nitrito
são oxidados, gerando energia para síntese de novas células tendo o
oxigênio como aceptor final de elétrons, enquanto que o carbono
utilizado para a síntese orgânica provém do CO2. Deste modo, os
organismos responsáveis pela nitrificação são denominados como
quimioautotróficos.
O primeiro estágio da nitrificação é realizado por bactérias
oxidadoras de amônia (BOA), que promovem a reação de oxidação da
amônia a nitrito, de acordo com as Equações 3.1, 3.2 e 3.3 (Kowalchuk
& Stephen, 2001 apud Bernet & Spérandio, 2009)1. A primeira reação é
catalisada pela enzima amônia monooxigenase (AMO) e a segunda por
hidroxilamina oxiredutase (HAO). Estas reações ainda podem ser
apresentadas de forma simplificada pela soma delas, como mostra a

1
KOWALCHUK, G.A.; STEPHEN, J.R. (2001) Ammonia-Oxidizin bacteria: A model for
molecular microbal ecology. Ann. Rev. Microbiol.. 55, 453-459.
Equação 3.4 Esta equação mostra que neste estágio a oxidação de um
mol de amônia consome 1,5 mol de oxigênio, o que representa 3,43
gO2.gN-NH3.
N e- O N O O 3.1
N O O NO e- 3.2

e- O O 3.3
N O NO O 3.4
Os principais grupos de bactérias responsáveis por esta etapa são:
Nitrosomonas, Nitrosococcus, Nitrospira, Nitrosovibrio, Nitrosoglea e
Nitrosolobus, sendo que destes, há freqüente relatado da predominância
das Nitrosomonas e Nitrosospira (HIORNS et al. 1995, SCHRAMM et
al. 1998, apud PHILIPS, 2002)2.
Num segundo estágio, o nitrito é oxidado a nitrato, como mostra
a Equação 3.5. Esta reação é promovida por bactérias oxidadoras de
nitrito (BON) em uma única etapa.
- -
NO O NO 3.5
Dentre as bactérias oxidadoras de nitrito (BON) estão:
Nitrobacter, Nitrospira, Nitrospina, Nitrococcus e Nitrocystis. A
princípio Nitrobacter era relatado como maiores responsáveis por essa
etapa, enquanto que atualmente há relatos de que Nitrospira encontra-se
usualmente associado a este processo. Segundo BERNET &
SPÉRANDIO (2009), a predominância de Nitrospira sobre Nitrobacter
é ditada pelo meio em que se dá a nitrificação. Em processos com baixas
concentrações de nitrito, destaca-se o Nitrospira, enquanto processos
com altas concentrações de nitrito favorecem o Nitrobacter. Os sistemas
que operam com grandes variações temporais ou espaciais na
concentração de nitrito permitem a coexistência das duas espécies
(WAGNER et al., 2002 apud BERNET & SPÉRANDIO, 2009)3.

2
Hiorns WD, Hastings RC, Head IM, McCarthy AJ, Saunders JR, Pickup RW & Hall GH
(1995) Amplification of 16S ribosomal RNA genes of autotrophic ammonia-oxidizing bacteria
demonstrates the ubiquity of Nitrosospiras in the environment. Microbiology 141: 2793–2800
Schramm A, de Beer D, Wagner M & Amann R (1998) Identification and activities in situ of
Nitrosospira and Nitrospira spp. As dominant populations in a nitrifying fluidized bed reactor.
Appl. Environ. Microb. 64(9): 3480–3485.
3
WAGNER, M.; LOY, A.; NOGUEIRA, R.; PURKHOLD, U.; LEE, N.; DAIMS, H. (2002)
Microbial community composition and function in wastewater treatment plants. Antoine Van
Leeuwenhoek, 81, 665-680.
A nitrificação ainda pode ser expressa pela seguinte relação:
-
N O NO O 3.6
Encontram-se ainda descritas na literatura reações envolvidas no
processo de nitrificação que ponderam a assimilação dos substratos no
crescimento celular, como mostram as Equações 3.7, 3.8 e 3.9
(HENZE, 1997).

- -
N O O NO NO O O 3.7
- - -
NO N O O O NO NO O 3.8
- -
N O O NO NO O O 3.9

De acordo com as Equações 3.7 e 3.8, o consumo de oxigênio é


de 3,24 mgO2.mgN-NH4-1 oxidado a nitrito e 1,01 mgO2.mgN-NO2-1
oxidado, portanto, para a nitrificação completa esta relação é de 4,25
mgO2.mgN-NH4-1. Além disto, o fator de conversão de substrato em
células é de 0,14 mg células.mg N-NH4-1 oxidado e de 0,02
mgcélulas.mgN-NO2-1 oxidado. Um aspecto importante da nitrificação é
o baixo crescimento celular característico de bactérias autotróficas,
uma vez que a incorporação do carbono inorgânico demanda grande
quantidade de energia e a oxidação do amônio e nitrito gera baixa
quantidade de energia, o saldo energético destas bactérias é pequeno.
Tais características do processo de nitrificação tornam propício o uso de
reatores com reciclo total ou parcial de células visando aumentar as
velocidades de conversão dos substratos.
Na literatura encontra-se que as condições ótimas para a reação
de nitrificação são temperaturas entre 28 e 36C e pH em torno de 7,5.
No item 3.3.2 serão discutidas com maiores detalhes as condições que
favorecem o processo de nitrificação.

Desnitrificação

Sob condições anóxicas, o nitrato formado durante a nitrificação


sofre redução a nitrogênio gasoso, num processo denominado
desnitrificação. Esta redução ocorre mediante uma produção seqüencial
de intermediários (Equação 3.10), onde cada etapa envolve a presença
de uma enzima distinta, associada com o respectivo óxido, que serve
como aceptor de elétrons (nitrato redutase, nitrito redutase, óxido nítrico
redutase e óxido nitroso redutase).
- -
NO NO NO NO N 3.10
Em decorrência desta particularidade, há relatos de que nem todas
as desnitrificantes são capazes de executar a desnitrificação completa,
por não expressarem o grupo todo de enzimas mencionadas.
DRYSDALE et al. (2001) apud PHILIPS (2002)4, classificaram
bactérias heterotróficas de um lodo proveniente de tratamento de
nutrientes em cinco grandes grupos funcionais, de acordo com a
capacidade de redução de nitrato ou nitrito sob condições anóxicas,
conforme apresentado na Tabela 3.2: Classificação de bactérias
heterotróficas segundo a capacidade de desnitrificação em lodo de
tratamento de nutrientes apresentado por DRYSDALE et al.
(2001).Tabela 3.2. Apesar desta distinção, é freqüente o uso de
consórcios de bactérias, estabelecendo facilmente o processo completo
de desnitrificação.

Tabela 3.2: Classificação de bactérias heterotróficas segundo a capacidade de


desnitrificação em lodo de tratamento de nutrientes apresentado por
DRYSDALE et al. (2001).
Grupo Funcional Capacidade de desnitrificação %
Desnitrificantes Redução do NO2- e NO3- 8,6
verdadeiras
Redutoras de nitrito Redução do NO2- e NO3-, com 20,5
incompletas inibição da redução de NO2- por
NO3-
Desnitrificantes Redução do NO3-, mas não do 31,0
incompletas NO2-
Redutoras de nitrito Redução do NO2- somente 2,6
exclusivas
Não-desnitrificantes Redução do NO2- e NO3- ausente 37,3

Na literatura, encontra-se descrito que os grupos de


microrganismos desnitrificantes estão distribuídos principalmente nos
domínios Bacteria, Archaea e Eucarya sendo a maioria facultativa, as
quais utilizam o nitrato e/ou nitrito como aceptor de elétrons na via
respiratória, em alternativa ao oxigênio. As desnitrificantes
freqüentemente citadas são do gênero: Pseudomonas, Paracoccus,

4
Drysdale, G. D., Kasan, H.C.; Bux, F. (2001) Assessment of denitrification by the ordinary
heterotrophic organisms in an NDBEPR activated sludge system. Wat. Sci. Tech. n. 43, v.1, pp.
147-154.
Alcaligenes e Thiobacillus, Achromobacter, Aerobacter, Bacillus,
Brevibacterium, Flavobacterium, Lactobacillus, Micrococcus, Proteus e
Spirillum (Metcalf & Eddy, 2003, Etchebehere, 2007).
Na desnitrificação, uma fonte de carbono de origem orgânica
pode ser utilizada como doadora de elétrons, num processo
heterotrófico. A matéria orgânica pode estar disponível no próprio
processo, ou ser adicionada artificialmente quando necessário. Entre as
fontes de carbono mais utilizadas estão o metanol, o etanol, o acetato e a
glicose (Von SPERLING, 1997; MADIGAN et al.., 1997). Segundo
WIESMMAN (1994), a estequiometria da desnitrificação utilizando o
acetato como matéria orgânica pode ser representada pelas seguintes
equações:
5C2H3O2- + 8NO3- + 13H+ N2 + 10CO2 + 14H2O 3.11
- - +
3C2H3O2 + 8NO2 + 11H N2 + 6CO2 + 10H2O 3.12
Conforme estas equações, a relação obtida para a desnitrificação,
via nitrato, é de 2,64 gAc-.gNO3-1, e via nitrito, de 1,57 gAc-.gNO2-1,
que correspondem a 2,86 gDQO.gN-NO3-1 e 1,71 gDQO.N-NO2-1.
De acordo com Mateju et al. (1992), a equação 3.13 apresenta
uma boa relação para a desnitrificação, levando em consideração a
biomassa produzida. Segundo estes autores, a relação ótima entre C/N é
3,51 gAc.gN-NO3-1, ou 3,74 g DQO.gN-NO3-1.

- -
O NO NO O O N O 3.13

Alguns fatores ambientais influenciam na velocidade de


desnitrificação, como: o pH, a concentração de oxigênio dissolvido, a
temperatura, a fonte de carbono e a relação C/N (Metcalf & Eddy, 2003;
Cuervo-López et al., 2009).
A presença de oxigênio pode inibir reversivelmente a
desnitrificação. Em condições com altas concentrações de oxigênio
dissolvido, a biomassa tem preferência pelo uso do oxigênio para
respirar por se tornar energeticamente mais favorável. O efeito inibitório
por oxigênio tem sido observado para concentrações abaixo de 0,13 mg
O2.L-1 (Orhon & Artan, 1994). Teoricamente, recomenda-se um nível
máximo de 0,2 a 0,3 mg O2.L-1. Acima deste valor, a desnitrificação é
reduzida significativamente (Van Haandel & Marais, 1999). A
desnitrificação ainda é observada em processos com baixo nível de
oxigênio em processos com biomassa aderida ou até mesmo suspensa
devido à presença de micro-zonas anóxicas (Kladec & Knight, 1996
apud Krause, 2006)5.
O pH ótimo para que ocorra a desnitrificação está na faixa de 6,5
a 8,0 (Metcalf & Eddy, 2003). Temperaturas entre 5C e 35C são
indicadas para a desnitrificação (Lalucat et al., 1996 apud Cuervo-López
et al., 2009)6.
A razão C/N indica a capacidade de desnitrificação do sistema,
sendo que a deficiência de carbono orgânico poderá se traduzir em uma
desnitrificação incompleta. Deste modo, esta relação mostra se há a
necessidade de adição de uma fonte externa de carbono. Henze et al.,
(1997) propõe o uso de matéria orgânica em relações de C/N entre 4 e 5
KgDQO.KgN-1, e para o caso de se utilizar o acetato, uma fonte
altamente biodegradável, a relação C/N que se recomendada está entre
3,1 a 3,7 kgDQO.kgN-1. Entretanto, sistemas biológicos que tratam
diferentes águas residuárias em distintos reatores e condições ambientais
podem utilizar outras relações C/N ótimas devendo ser determinada
experimentalmente.
Atualmente os sistemas que operam mediante o processo de
nitrificação e desnitrificação encontram-se bem desenvolvidos e
amplamente utilizados. O sistema de lodos ativados é comumente
utilcizado no processo de nitrificação e desnitrificação para o tratamento
de efluentes com baixas cargas de nitrogênio, como é o caso de esgotos
domésticos.

3.3.2 Nitrificação Parcial

Nitrificação parcial consiste na oxidação da amônia até nitrito,


mas não nitrato. A remoção de nitrogênio via nitrito possibilita tornar os
processos da nitrificação e desnitrificação mais econômicos e,
atualmente, veio a se tornar um procedimento crítico para a
implementação de novos processos onde o nitrito é requerido como
substrato para a desnitrificação (Philips et al., 2002).
Uma vez que o nitrito é um intermediário das reações de
nitrificação e desnitrificação, a nitrificação parcial trás um
“encurtamento” no processo tradicional, como mostra a Figura 3.3.

5
KADLEC, R. H.; KNIGHT, R. L. (1996) Treatment wetlands. Boca Raton: Lewis
Publishers, p.893.
6
Lalucat, J.; Bennasar, A.; Bosch, R.; García-Valdéz, E.; Palleroni, N. J. (2006) Biology
of Pseudomonas stutzeri. Microbiology and Molecular Biology Reviews. n. 70. v. 2, pp
510-547.
Desta forma, o nitrito que é formado através da primeira etapa da reação
de nitrificação entra no processo de desnitrificação.
O2 25%
-
N_NO3
Nitratação Desnitratação
O2 75%
100%
+
N_NH4 N_N2
N_NO2
-
Corg Desnitritação
40%
Nitritação

Corg 60%
Nitritação Parcial Desnitrificação via nitrito

Figura 3.3: Esquema representativo do processo de remoção de nitrogênio via


nitrito.

As vantagens dessa abreviação sobre a nitrificação/desnitrificação


clássica já foram reportadas por diversos autores (BECCARI et al..
1983, Turk & Mavinik, 1987; Van Kempen et al., 2001 apud Peng &
Zhu, 2006)7 e são as principais:

 Redução de cerca de 30% no consumo de oxigênio da fase


aeróbia: A quantidade necessária de oxigênio para oxidar o amônio até
nitrato é de 4,25gO2.gN-NH4-1, enquanto para oxidar o amônio até
nitrito é de 3,24 gO2.gN-NH4-1;
 Economia na utilização de matéria orgânica durante o estágio
anóxico de até 40%;
 Velocidades de desnitrificação maiores (via nitrito são 1,2 a 2
vezes maior que via nitrato);
 Redução da produção de lodo (33-35% durante a nitrificação e
55% na desnitrificação).

O sucesso dos processos que utilizam a nitrificação parcial


baseia-se na obtenção de um sistema que opere estável na geração
apenas do nitrito. Deste modo, é lançado mão, basicamente, da distinção
entre as características dos dois grupos de bactérias envolvidas na
nitrificação para se efetuar a seleção das oxidadoras de amônio e atingir
um processo estável. Diferenças na energia de ativação, idade do lodo,
afinidades com oxigênio e sensibilidade a compostos tóxicos existentes

7
van Kenpem, R.; Mulder J. W.; Uijterllnde, C. A.; Van Loosdrecht, M. C. M. (2001)
Overview: full scale experience of the SHARON process for treatment of rejection water
of digested sludge dewatering. Water Sci Technol. v. 44, pp. 145–152.
são algumas dessas características (Peng & Zhu, 2006). Assim, a
nitrificação parcial é estabelecida mediante controle da temperatura, da
concentração de OD, do TRH, da idade do lodo, do pH e da
concentração de substrato. A seguir serão discutidas algumas dessas
variáveis de controle e sua influência na atividade das oxidadoras de
amônio e de nitrito.

Temperatura

A energia de ativação e sensibilidade dos grupos de bactérias são


diferentes (HELLINGA et al. 1998), desta forma, mudanças na
temperatura refletem de modo distinto na velocidade de crescimento de
cada grupo. Segundo Knowles et al. (1965) apud Philips (2002)8, a
cada 10C a velocidade de oxidação da amônia aumenta 2,6 vezes,
enquanto para as oxidadoras de nitrito essa elevação é de 1,8 vezes. Para
este autor, a velocidade específica de crescimento do Nitrobacter é
significativamente maior que para o Nitrosomonas a temperaturas entre
10 e 20C. Porém, em temperaturas maiores que 25C, a velocidade
específica de crescimento passa a ser maior para o Nitrosomonas, o que
pode levar a uma competição efetiva entre os dois grupos e ocasionar o
acúmulo de nitrito (Brouwer, 1996). A Figura 3.4 apresenta o
comportamento da velocidade específica de crescimento das bactérias de
acordo com a temperatura (Knowles et al., 1965).

8
Knowles, G.; Downing, A. L,; Barett M, J. (1965) Determination of kinetic constants
for nitrifying bacteria in mixed culture, with the aid of an electronic computer. J. Gen.
Microbiol. v.38, pp. 263-278.
3
Velocidade específica de

2,5
Nitrosomonas
crescimento  (1/d)

2 Nitrobacter

1,5

0,5

0
0 10 20 30 40
Temperatura (oC)
Figura 3.4: Efeito da temperatura sobre a velocidade específica de crescimento
para bactérias do gênero Nitrosomonas e Nitrobacter.
Cabe lembrar que muitas vezes o efeito da temperatura sobre o
sistema é de difícil determinação devido à interação entre a transferência
de massa, equilíbrio químico e a dependência com a velocidade de
crescimento das bactérias (Van Hulle et al., 2005).

pH e Concentração de Substrato

O pH do meio apresenta três efeitos sobre a nitrificação: ativação


e inativação das bactérias, efeitos nutricionais associados à alcalinidade
e carbono inorgânico e, ainda, inibição por amônia livre e ácido nitroso.
A presença de íons OH- ou H+ pode afetar as enzimas presentes
no metabolismo das bactérias, bloqueando o sítio ativo de forma
reversível e causando certa inibição. (Paredes et al., 2007). Em baixos
valores de pH, o CO2 pode ser removido do sistema por stripping,
gerando uma deficiência de carbono inorgânico para as autotróficas.
O equilíbrio químico entre o amônio e a amônia livre e entre o
nitrito e ácido nitroso, são afetados pelo pH do sistema e obedecem às
relações apresentadas pelas Equações 3.14 e 3.16 (Wiesmann, 1994), ou
seja:
p
N-N N-N
N-N p 3.14
a

Onde,
Ka = Constante de equilíbrio que é dada por:

a e T 3.15
Onde, T = temperatura (ºC).
N-NO
NO p 3.16
b
-
b e T 3.17
A amônia livre e o ácido nitroso podem inibir tanto as BOA
quanto as BON, embora as oxidadoras de nitrito sejam mais sensíveis às
altas concentrações de amônia livre. Em geral é aceito que a amônia
(NH3) e não o amônio (NH4+) é o substrato para as BOA (Bernet &
Spérandio, 2009). Portanto, de acordo com o equilíbrio entre estas
formas em pH menor que 7,0 a concentração de amônia livre pode se
encontrar reduzida, de tal forma que pode acabar limitando a ação das
nitrificantes (Wiesmann, 1994). Em contrapartida, para altos valores de
pH, a amônia pode ser encontrada em níveis tão elevados que inibem a
atividade por excesso de substrato. Segundo Anthonisen (1976), a
inibição das BON inicia a 0,1-1 mgNH3.L-1 e para as BOA entre 10-150
mgNH3.L-1, portanto, a faixa de 1,0-10 mgNH3.L-1 seria adequada para
manter um acúmulo de nitrito estável. Entretanto, Wong-Chong &
Loehr (1978) apud Paredes et al.. (2007)9 observaram aclimatação de
uma cultura pura de Nitrobacter a altas concentrações de amônia livre,
após 6-12 meses, podendo estas suportar concentrações de até 40
mgNH3.L-1, enquanto a cultura não adaptada sofreu inibição a
3,5mgNH3.L-1.
De acordo com a Equação 3.16, em valores de pH entre 7 e 8 a
porcentagem de ácido nitroso encontrada no sistema é praticamente
nula. Já para valores de pH abaixo de 6 este ácido é encontrado em
grandes concentrações, podendo promover uma intensa inibição das
bactérias. Anthonisen (1976) sugere a ocorrência de inibição das
oxidadoras de nitrito por HNO2 na faixa de 0,22-2,8 mgN-HNO2.L-1.
Segundo trabalho realizado por Abeling & Seyfried (1992), a inibição
das BON foi detectada na presença de concentrações menores de ácido
nitroso (0,13 mgHNO2.L-1). A faixa de concentração inibitória para as
culturas pode diferir entre muitos trabalhos, possivelmente pelo tipo de
cultura, adaptação das mesmas e ainda pelas diferentes configurações
utilizadas nos testes.

9
WONG-CHONG, G. M; LOEHR R. C. (1978) Kinetics of microbial nitrification: nitrite-
nitrogen oxidation. Water Research. v. 12., pp. 605–609.
Oxigênio Dissolvido

Uma vez que a nitrificação é um processo aeróbio, é natural que


se imagine a grande importância dos níveis de oxigênio dissolvido sobre
as bactérias envolvidas. As BOA e BON possuem diferentes constantes
de afinidade pelo oxigênio (KO) e, deste modo, o controle do oxigênio
dissolvido torna-se uma ferramenta efetiva na obtenção do acúmulo de
nitrito.
Segundo Hunik et al. (1994) apud Philips et al. (2002)10para
culturas de Nitrosomonas europea e Nitrobacter agilis foram
encontrados KO de 0,16 mgO2.L-1 e 0,54 mgO2.L-1, respectivamente.
BARNES & BLISS (1983) apresentam uma faixa para essas constantes
que vão de 0,25 - 0,5 mgO2.L-1 para as BOA e de 0,34 – 2,5mgO2.L-1
para as BON. Desta forma, concentrações mais baixas de oxigênio
dissolvido devem influenciar mais as BON do que as BOA. Variações
entre os valores encontrados na literatura podem ser explicadas pela
dependência da constante de afinidade com a densidade da biomassa,
tamanho dos flocos, nível de agitação e velocidade de difusão do
oxigênio no interior dos flocos (Münch et al., 1996).
Em trabalho realizado por Laanbrok et al.. (1993) com cultura
mista de Nitrosomonas europea e Nitrobacter hambugensis, foi
demonstrado que períodos de interrupção na aeração também podem
ocasionar o acúmulo de nitrito, mesmo estando o oxigênio em
concentrações próximas a 80% da saturação nos períodos aeróbios. Em
estudos realizados por Zdradek (2005) em SBR, operando com cultura
mista e diferentes períodos de intermitência na aeração, foi demonstrado
que a operação é efetiva na seleção das BOA sobre as BON.
Observações realizadas por Turk & Mavinic (1987) mostraram que a
biomassa aclimatada em condições anóxicas, quando colocada sob plena
aeração, apresenta longo período de acúmulo de nitrito, ou seja, sem a
ação das BON. De acordo com Pollice et al. (2002), a seleção das
oxidadoras de amônio em sistemas com alternância de períodos aerados
e não aerados é dada pela maior sensibilidade das bactérias oxidadoras
de nitrito (gênero Nitrobacter) na ausência de oxigênio dissolvido.
Deste modo, as bactérias oxidadoras de amônio apresentam uma
vantagem na competição em quantidades limitadas de oxigênio e

10
HUNIK, J.H.; TRAMPER, J.; WIJFFELS, R.H. (1994) A strategy to scale up of nitrification
processes with immobilized cells of Nitrosomonas europaea and Nitrobacter agilis. Bioprocess
Eng. v. 11pp. 73–82.
prevalecem em operações transientes por agüentarem melhor as
flutuações na concentração de OD (Peng, 2000).

Lavagem celular

Outra técnica empregada para a seleção das bactérias oxidadoras


de amônio (BOA) é a estratégia de lavagem de células. Nesta técnica é
lançando mão do uso de vazão específica de alimentação
suficientemente elevada para que ocorra certa drenagem das células por
arraste.
Para um biorreator homogêneo operado em contínuo, o balanço
material para o microrganismo é escrito como:
d
. . - . rx . 3.18
dt

Onde:
F = vazão de alimentação (L.h-1)
X = concentração celular no reator (gSST.L-1)
X0 = concentração celular na alimentação (gSST.L-1)
V = volume do reator (L)
rx = velocidade de crescimento das células (g.L-1.h-1)
Considerando:
X0 = 0 (inexistência de microrganismos na alimentação);
D = F/V = vazão específica de alimentação (h-1)
µx= velocidade específica de crescimento (h-1)
.rx 3.19

Assim,
d
x
. - . 3.20
dt

Quando a vazão específica de alimentação (D) é maior que a


velocidade de crescimento das bactérias, D > µmáx, ocorre o arraste das
células e, neste caso,
máx- .t
i .e 3.21
Onde:
Xi = concentração celular no início do período de lavagem (gSST.L-1).

A Equação 3.21 apresenta o decréscimo da concentração celular


exponencial em função do tempo. Fica claro que, em detrimento de
diferentes valores de velocidade específica de crescimento, o
microorganismo que apresentar menor valor de máx será arrastado para
fora do reator com maior facilidade. Desta forma, quando aplicadas
condições que favoreçam o crescimento das BOA (temperaturas
relativamente elevadas, pH) há seleção destas bactérias em relação as
BON.

3.3.3 Processo SHARON

Recentemente na Universidade Técnica de Delft, na Holanda, foi


desenvolvido um processo capaz de nitrificar parcialmente águas
residuárias produzindo quantidades consideráveis de nitrito denominado
como SHARON (Single reactor system for High Ammonium Removal
Over Nitrite) (Hellinga et al., 1998). Para este processo foi utilizado um
reator de mistura completa, com baixo tempo de residência
(aproximadamente 1 dia), temperaturas elevadas (35ºC) e manutenção
do pH em valores altos. Estas condições de processo permitiram o
favorecimento das linhagens oxidadoras de amônio e a lavagem das
oxidadoras de nitrito.
No processo SHARON (Figura 3.5) com a utilização de períodos
intermitentes de aeração e adição de carbono (metanol) nos períodos
anóxicos, a desnitrificação e concomitante controle de pH é possível
(Mulder & Kempem, 1997; Van Kempem et al.,2001 apud Alvaréz,
2007).

Metanol
Aeróbio(80 min)
Amônio
Anóxico (40 min)

Nitrito

pH

Efluente Tempo ciclo (h) 2h

Figura 3.5: Variação do pH e concentrações de metanol, amônio e nitrito


em função do tempo, durante um ciclo do reator operando segundo o
processo SHARON. (Adaptado de van Kempem et al., 2001)
A estequiometria deste processo é representada pelas seguintes
reações:
-
N O NO O 3.22
- -
NO O O N O O 3.23
Este processo requer menor quantidade de oxigênio e carbono
que a nitrificação via nitrato, como visto anteriormente, sendo
economicamente vantajoso para tratar influentes com baixas razões C/N
que necessitem da adição de uma fonte externa de carbono. O SHARON
foi aplicado pela primeira vez em escala real em Rotterdam, na Holanda
no ano de 2001 para tratamento de água proveniente de prensagem do
lodo.

3.3.4 Processo ANAMMOX

O processo ANAMMOX (Anaerobic Ammonium Oxidation) é


dado pela oxidação anaeróbia da amônia mediante a utilização do
nitrito como aceptor de elétrons (Jetten et al., 1999). A descoberta deste
processo foi considerada um dos mais importantes avanços em relação à
remoção de nitrogênio de efluentes.
Inicialmente apresentado por Broda (1977), a oxidação anaeróbia
da amônia foi proposta segundo a Equação 3.24, obtida através de
cálculos termodinâmicos.
-
N NO N O 3.24
O processo ANAMMOX foi confirmado por Mulder et al. (1995)
após a observação de que quantidades significativas de amônia, 0,4
KgN-NH4..m-3.d-1, foram removidas em uma planta piloto desnitrificante
utilizada para o tratamento de efluente de reator metanogênico.
Como rota metabólica para o processo ANAMMOX foi proposta
a combinação da amônia com hidroxilamina (NH2OH) para formação da
hidrazina (N2H4) que, por sua vez, é oxidada a Nitrogênio gasoso, vide
Figura 3.6. A oxidação da hidrazina gera elétrons que são utilizados na
redução do nitrito a hidroxilamina. Pequenas quantidades de nitrito
ainda são oxidadas a nitrato gerando elétrons que servem para a fixação
do CO2 e conseqüente crescimento da biomassa (van de Graaf et
al.,1997).
Figura 3.6: Rota metabólica proposta para o processo anammox.
(Fonte: van de GRAAF et al., 1997).

Van Dongen et al. (2001)11 apud Schmidell & Reginatto (2007),


propuseram a seguinte relação estequiométrica para o processo
ANAMMOX:
1,3NO2- + NH4++ 0,066HCO3- + 0,13H+ 0,066 C H2N0,5O0,15+1,02N2+0,26NO3-
O 3.25
As bactérias responsáveis pelo processo ANAMMOX são
quimiolitoautotróficas e possuem uma fisiologia muito peculiar. Na
literatura as bactérias ANAMMOX frequentemente mencionadas como
Candidatus Brocadia anammoxidans, Candidatus Kuenenia
stuttgartiensis, Candidatus Scalindua brodae, Candidatus Scalindua
wagneri, Candidatus Scalindua sorokinii e Candidatus
Anammoxoblobus propionicus (Schmidt et al., 2001, 2003, Jetten,
2001).
As ANAMMOX apresentam grande sensibilidade perante as
condições de processo. Em estudo realizado por Strous et al. (1999),
com cultura de Candidatus Brocadia anammoxidans, a dependência da
atividade com a temperatura foi analisada entre 10C e 40C, mostrando
que a atividade foi maior na faixa de 35C a 40C e, ainda, que para a
temperatura de 10C a atividade foi nula. Esse mesmo autor ainda
apresenta dados de atividade medidas em pH entre 6,7 e 8,3, mostrando
que a atividade ótima é alcançada em pH próximo a 8,0. Segundo Jetten
et al. (2001), concentrações de oxigênio acima de 0,06 mg.L-1 e de
nitrito acima de 230 mg.L-1 promoveram inibição reversível do

11
Van DONGEN, L. G. J. M.; JETTEN, M. S. M.; VAN LOOSDRECHT, M. C. M.
(2001)The Combined Sharon/Anammox process: a sustainable method for N-removal
from sludge water”. IWA Publishing, UK.
processo. Segundo Strous et al. (1999), o processo ANAMMOX foi
inibido por concentrações de nitrito acima de 20mM, embora
concentrações maiores que 10mM sejam desfavoráveis. Em teste com
SBR, onde a concentração do nitrito permaneceu acima de 5mM
(70mgN-NO2) por um longo período (12h), a atividade destas bactérias
foi completamente inibida, sendo recobrada com adição de hidrazina ou
hidroxilamina (50M).
As vantagens do processo ANAMMOX para tratamento de
efluentes nitrogenados são relacionadas ao fato deste não requerer fonte
de externa carbono, uma vez que o processo é autotrófico, além de não
demandar oxigênio. Outra característica importante deste processo é a
baixa produção de lodo pois, segundo a Equação 3.25, possui um fator
de conversão de 0,11 gSSV.gN-NH4-1 consumido, valor ainda menor
que o observado para a oxidação do amônio a nitrato (Schmidell &
Reginatto, 2005). Em contrapartida, uma baixa velocidade de
crescimento das bactérias envolvidas prolongaria o “start-up” do
processo.
Cabe salientar também que, sendo o íon nitrito um substrato deste
processo, que é estritamente anaeróbio, há a necessidade de utilização de
um pré-tratamento que converta parcialmente o amônio em nitrito
(Strous et al. 1997; Jetten et al., 1999).

3.3.5 Processo SHARON + ANAMMOX

Dadas as características observadas no processo SHARON e no


ANAMMOX foi proposto o tratamento de efluentes nitrogenados
utilizando estes dois processos em reatores em série (Jetten et al., 1997),
como mostra a Figura 3.7. No primeiro reator operando em aerobiose
com o processo SHARON, o amônio seria convertido parcialmente a
nitrito (50% amônio e 50% nitrito no efluente) e o seu efluente estaria
apto a seguir para um segundo reator, onde seriam convertidos a
nitrogênio gasoso pelo processo ANAMMOX.
95%
N2
N-NH4 56% N-NH4 N-NO3
100% 44% N-NO2 5%

O2

SHARON ANAMMOX
Figura 3.7: Representação esquemática do processo SHARON +
ANAMMOX.
(Fonte: Van Dongen, 2001)

Esta configuração foi utilizada em planta piloto operada com dois


reatores de 2m3 cada, onde o primeiro reator (SHARON) obteve uma
conversão de 58% do amônio utilizando um valor máximo da vazão
específica de alimentação (D) de 0,85 d-1, resultando em produção de
nitrito de 0,35 gN-NO2.L-1.d-1. O segundo reator (ANAMMOX), foi
operado em sistema SBR com remoção de nitrogênio de 2,4gN.L-1.d-1.
A operação do sistema combinado SHARON-ANAMMOX, permitiu
economia da matéria orgânica utilizada para a desnitrificação, redução
de mais de 65% do requerimento de oxigênio e a produção de baixas
quantidades de lodo (Fux et al., 2002). Segundo dados de Wyffels et al.
(2004) um sistema operado com essas características obteve eficiência
de remoção de N-NH3 de 82% com o processo combinado, sem adição
de fonte de carbono.
Alguns problemas relacionados à configuração do sistema tornam
o controle deste processo trabalhoso (Zhu et al., 2008). Dependendo do
residual de oxigênio dissolvido na saída do primeiro reator a ação das
ANAMMOX pode ser inibida. A relação adequada entre amônia e
nitrito é de 1:1,3 para o processo ANAMMOX, podendo ser de difícil
manutenção.

3.3.6 Processo NOx

Durante muito tempo as bactérias do gênero Nitrosomonas,


tiveram ação associada somente à oxidação da amônia a nitrito, via
nitrificação, na obtenção de energia para o crescimento. Entretanto, nas
últimas décadas foi mostrado que estas bactérias também exercem
atividade desnitrificante podendo realizar a nitrificação e desnitrificação
simultânea tanto em ambientes aeróbios como anóxicos (Bock et al.,
1995, Schmidt,2001). Esta capacidade de eliminar nitrogênio
autotroficamente está associada a estímulos ocorridos em virtude da
presença de óxidos de nitrogênio (NOx).
Estudos com culturas puras de Nitrosomonas revelaram que é
possível a substituição do oxigênio pelo dióxido de nitrogênio (NO2) ou
ainda pelo tetraóxido de nitrogênio (N2O2 – forma dímera do NO2), na
oxidação do amônio tendo como produto a hidróxilamina e o NO
(Schmidt et al., 2001). Segundo Leitão et al. (2007) a relação entre os
óxidos de nitrogênio (NO, NO2, N2O4) com a conversão aeróbia da
amônia pode ser traduzida pelas Equações 3.26 e 3.27, observando-se a
formação de óxido nítrico (NO) como um produto adicional da oxidação
da amônia pelo N2O4. O óxido nítrico formado, em condições aeróbias,
é oxidado para NO2 (dióxido de nitrogênio), transformando-se na sua
forma dímera N2O4, voltando a participar da oxidação da amônia.
-
N O NO O 3.26
-
N NO N NO NO O 3.27
NO O NO N O 3.28
-
N O N NO O 3.29
Em trabalho realizado por Zart et al. (1998), foi mostrado que,
sob condição de aeração plena com a adição de NO ou NO2 gasoso, uma
cultura de Nitrosomonas eutropha é capaz de realizar o processo de
nitrificação e desnitrificação simultâneo. Segundo estes autores, a
presença de óxidos de nitrogênio resultou em aumento da velocidade de
oxidação de amônio e de crescimento, sendo encontrado desnitrificação
aeróbia de cerca de 50% do nitrito produzido.
Entretanto, de acordo com trabalho realizado por Leitão et al.
(2006, 2007 ), a nitrificação e desnitrificação aeróbia também pode ser
realizada sem a adição de NO ou NO2 na corrente gasosa. Estes autores
observaram grandes eliminações de nitrogênio em períodos onde foram
atingidas altas velocidades de oxidação de amônio (nitrificação). Este
comportamento foi verificado partindo-se de uma cultura nitrificante
como também para culturas provenientes de lodo de esgotos sanitários
(para qual foi obtida eliminação aeróbia de nitrogênio em menos de 7
dias). Segundo Zeng & Deckwer (1995) apud LEITÃO et al. (2007), o
acúmulo de intermediários de processos metabólicos é freqüentemente
observado durante o cultivo de microrganismos sob excesso de
substrato. Sob tal condição, existe uma tendência a realização de vias
metabólicas menos favoráveis ao crescimento da biomassa de modo que
a produção de compostos intermediários seja reduzida ou que estes
sejam consumidos. Sob este aspecto as oxidadoras de amônio
participariam do ciclo NOx como forma de se preservarem do efeito
tóxico do nitrito nos períodos onde ocorrem altas velocidades de
consumo de amônio.

3.3.7 Processo CANON

A nitrificação parcial e o processo ANAMMOX podem ser


combinados em um único reator, conhecido com CANON (Completely
Autotrophic Nitrogen-removal Over Nitrite). A proposta desta
combinação foi realizada por praticamente o mesmo grupo que
apresentou o processo ANAMMOX. A idéia principal deste processo é
que sob condições limitadas de oxigênio dissolvido, a amônia é
parcialmente oxidada a nitrito pelas oxidadoras de amônio (BOA) e o
nitrito, e o amônio restante, é convertido a nitrogênio gasoso pelas
ANAMMOX (Jetten et al. 2001). A estequiometria proposta para este
processo é:
-
N O N NO O 3.30
Este processo é possível dada ao fato das ANAMMOX serem
reversivelmente inibidas pelo oxigênio (acima de 0,5% da saturação
com ar). Deste modo, as bactérias oxidantes de amônia em aerobiose ou
limitação de oxigênio, precisariam retirar boa parte do oxigênio
transferido, para que o segundo grupo consiga atuar ocorrendo a
conversão a nitrogênio gasoso. Obviamente este processo CANON
exige um controle muito rigoroso da concentração de oxigênio
dissolvido.
Este sistema foi proposto inicialmente para sistemas operados em
bateladas sequenciais, porém em sistemas que utilizam biofilme o
gradiente difusional pode ser bem acentuado, permitindo que a
nitrificação parcial seja estável e a população ANAMMOX possa se
desenvolver na parte mais interna.
3.3.8 Processo OLAND

Outro processo para remoção de nitrogênio, o OLAND (Oxygen-


Limited Autotrophic Nitrification-Denitrification), proposto por Kuai &
Vestraete (1998). Este processo é baseado ação das bactérias
nitrificantes, em eliminar o nitrogênio diretamente da amônia sob
condições de limitação de oxigênio. Segundo Vestraete & Philips
(1998), as reações envolvidas no processo OLAND seriam realizadas
em duas etapas:
-
N O NO O 3.31
-
N NO N O 3.32
A reação global do processo seria dada por:
N O N O 3.33
Shrestha et al. (2001) investigaram as condições mais favoráveis
para a conversão do amônio em nitrogênio gasoso pela bactéria
Nitrosomonas europaea. Estes autores reportaram a adaptação do
Nitrosomonas em limitação de oxigênio com baixos níveis de
nitrificação e produção de compostos nitrogenados, sendo N2 o principal
produto.
Os mesmos autores ainda investigaram o efeito da concentração
de nitrito sobre a desnitrificação na cultura acima citada. O experimento
foi realizado mediante adição de diferentes concentrações de nitrito em
50 mL de uma solução contendo 50mM de amônia livre, sob condições
anóxicas e pH 7,5, mostrando o efeito inibitório da concentração de
nitrito na produção de N2O e N2. O oxigênio ainda seria um fator chave
para o processo OLAND, uma vez que a população nitrificante aeróbia
decai a baixas concentrações de oxigênio (menores que 0,1 mg.L-1).
Segundo Wyffels et al. (2004) e Windey et al. (2005)12 apud Zhu
et al. (2008), comparado com o CANON, este processo tem um menor
requerimento de nitrito e tempos de retenção celular mais baixos.
Embora o processo OLAND possua vantagens como a realização
da remoção em um único reator, economia de oxigênio e matéria
orgânica, a sua aplicação é demasiada limitada uma vez que a eficiência
de remoção de nitrogênio alcançada foi baixa (menor que 40%) e as

12
WINDEY, K; DE BO I, VERSTRAETE W (2005) Oxygen-limited autotrophic nitrification-
denitrification (OLAND) in a rotating biological contactor treating high-salinity wastewater.
Water Research, n. 39 v.18, pp. 4512–4520.
condições de processo ainda se encontram parcialmente compreendidas
(Zhu et al, 2008).

3.3.9 Nitrificação e Desnitrificação Simultâneos

O processo de nitrificação e desnitrificação simultâneos (SND -


Simultaneous Nitrification and Denitrification) implica na ocorrência de
nitrificação e desnitrificação em um mesmo reator sob mesma condição
operacional (van Loosdrecht et al., 2000; Pochana & Keller, 1999). A
vantagem deste processo estaria na obtenção de eficiência de eliminação
de nitrogênio similar à encontrada no processo convencional de
nitrificação e desnitrificação, sem a necessidade de uma fase anóxica e
com menor requerimento de oxigênio (Collivignarelli & Bertanza,13
1999 apud Third, 2003).
A explicação deste processo é dada por aspectos: físico e
biológico.
Este processo seria realizado devido à existência de diferentes
zonas em um floco, como pode ser visto na Figura 3.8.

Oxigênio
Dissolvido

Floco Pequeno Floco Grande


Figura 3.8: Influência do tamanho dos flocos no desenvolvimento da SND.
Com a limitação de oxigênio no interior de flocos ou mesmo
biofilmes devido à limitações difusionais, as nitrificantes existiriam em
regiões onde o oxigênio dissolvido se encontra em concentrações
maiores que 1-2 mgO2.L-1, enquanto que as desnitrificantes estariam em
áreas mais internas onde o oxigênio estaria em concentrações abaixo de
0,5 mgO2.L-1 (Zhu et al, 2008). A presença de gradientes de oxigênio
em flocos e biofilmes já foi medida através de microeletrodos (de Beer
et al. 1998; Satoh et al. 2003). Segundo Munch et al. (1996) em
concentrações de oxigênio de 0,5 mgO2.L-1 a velocidade de nitrificação
e desnitrificação ocorrem em mesma velocidade, sendo esta uma boa
condição para o processo de SND. Beun et al. (2001) mostraram que
uma pequena desnitrificação, via SND, ainda poderia ser alcançada com

13
COLLIVIGNARELLI, C; BERTANZA, G. (1999) Simultaneous nitrification-denitrification
process in activated slugde plants: Performance and applicability. Water Science and
Technology, v. 40. Pp. 187-194)
o oxigênio dissolvido em concentrações de 4 mgO2.L-1. Entretanto a
relação entre a eficiência de eliminação e o oxigênio dissolvido depende
muito do tamanho do floco, pois quanto maior o floco maior a
probabilidade das zonas anóxicas serem estabelecidas. Pochanca &
Keller (1999) encontraram eliminações de nitrogênio de 98,4% e 26,3%
para flocos com média de 382m e 155m, respectivamente, enquanto
que para flocos com 77m a eliminação foi de apenas 4,3%
A concentração de carbono seria outro fator crítico para a SND,
pois alta quantidade de matéria orgânica poderia inibir as nitrificantes
autotróficas enquanto que baixas concentrações levariam a deficiência
de doador de elétrons para as desnitrificantes (Tam14 et al., 1992 apud
Zhu et al, 2008). Segundo Pochanca & Keller (1999) desnitrificação
completa foi encontrada utilizando-se relações DQO/N de 7:1. Caso a
fonte de carbono esteja em menor proporção a desnitrificação é
incompleta. Estes autores mostraram que a adição de fonte externa de
carbono proporcionou eliminações de nitrogênio de 90% enquanto que
sem adição externa foi encontrado 47% de eliminação. Sem a adição de
fonte de carbono externo o processo de SND ainda pode ser encontrado
pelo uso de substratos internos estocados pela biomassa desnitrificante
como doadores de elétrons. Há relatos de que o processo de SND pode
ocorrem em sistemas de tratamento de esgotos domésticos com matéria
orgânica em concentrações de 100-150 mgDQO.L-1 (Castignetti &
Gunner 198115; Kim et al. 200516 apud Zhu et al, 2008).
O aspecto biológico deste processo é mais complexo envolve
outros processos além do conceito de nitrificação autotrófica e
desnitrificação heterotrófica. Muitas espécies heterotróficas nitrificantes
e desnitrificantes aeróbias têm sido identificadas em plantas de
tratamento de efluentes e tratamento de solos. Dentre elas tem-se que
Alcaligenes sp., Corynebacterium sp., Acinetobacter sp., Xanthomonas
sp., and Bacillus strains como heterotróficas nitrificantes enquanto que
Thiosphaera pantotropha é identificada como heterotrófica nitrificante e
desnitrificante aeróbia (Gupta, 1997).

14
TAM, N. F. Y.; WONG, Y. S., LEUNG, G. (1992) Effect of exogenous carbon sources on
removal of inorganic nutrients by the nitrification denitrification process. Water Research,
v.26, pp. 1229.
15
CASTIGNETTI, D., GUNNER, H. B. (1981) Nitrite and nitrate synthesis from pyruvic
oxime by an Alcaligenes sp. Curr Microbiol 5:379–384.
16
KIM, J.K; PARK, K.J.; CHO, K.S., NAM, S-W.; PARK, T-J.; RAKESH, B. (2005) Aerobic
nitrification-denitrification by heterotrophic Bacillus strains. Bioresour Technol 96:1897–1906.
Em conclusão, há muitos processos propostos na literatura
disponível, até mesmo em patentes, mas possivelmente sejam processos
recorrentes, ocorrendo isto pela dificuldade em se caracterizar, de forma
mais definitiva e correta, a presença de determinadas bactérias nos
sistemas empregados. Com os avanços destas técnicas possivelmente se
poderá esclarecer melhor o que estes processos possam ter em comum.

3.4 TECNOLOGIA SBR

O SBR, ou Sequencing Batch Reactor (Reator operado em


bateladas sequenciais), consiste basicamente em um tanque, similar ao
de lodos ativados, que tem por diferencial a operação em ciclos de
enchimento-descarga. Um dos primeiros relatos da utilização deste
reator pode ser atribuído a Arden & Lockett (1914), onde o processo de
lodos ativados foi operado em ciclos que contavam com uma etapa de
aeração, seguido de decantação e drenagem do líquido. Mesmo dotado
de uma alta eficiência esse sistema foi logo reconfigurado para operação
contínua em virtude da facilidade de controle de processos contínuos
(Gomes, 1997).
Em relação às vantagens do sistema SBR sobre os sistemas
contínuos, podemos citar dentre as principais: robustez do sistema
quanto a choques de carga (uma vez que os microrganismos
freqüentemente estão adaptados a variações da concentração de
substrato) e flexibilidade do sistema (a operação do reator pode ser
adequada em relação às diferentes fases de reação, tempo total do ciclo e
relação substrato microrganismo).
O SBR opera em descontínuo através de uma seqüência de etapas
cíclicas realizadas no mesmo reator, como mostra a Figura 3.9.
Início do Ciclo

Reação

Enchimento

Decantação
Repouso

Drenagem

Figura 3.9: Etapas de um ciclo de operação do SBR.

3.4.1 Enchimento

Nesta fase o reator, contendo um volume de lodo do ciclo


anterior, recebe a água residuária a ser tratada. O volume alimentado é
determinado por fatores que incluem o tempo de retenção hidráulica e
carga final aplicada.
O tempo de enchimento depende do volume do tanque, número
de tanques em paralelo em operação, variações de vazão e composição
do efluente a ser tratado. Ainda pode ser realizado de forma condensada
(de uma só vez) ou distribuída. Se for um enchimento breve, a biomassa
fica exposta inicialmente a altas concentrações de substrato, sendo esta
concentração reduzida durante o restante do ciclo. Por outro lado, com
longos períodos de alimentação, o processo torna-se similar a um CSTR
em seu desempenho, sendo alimentado durante todo o período
operacional. Outras estratégias ainda podem ser utilizadas para
alimentação como, por exemplo, a divisão do volume alimentado em
múltiplos eventos de acordo com a necessidade das reações biológicas
utilizadas no tratamento do efluente (Al-Rekabi et al.., 2007; Grady,
1999).
3.4.2 Reação

Durante a fase de reação, a biomassa continua sua atuação sobre


os substratos presentes na água residuária, muitas vezes já iniciada na
fase de alimentação. Fases aeróbias, anóxicas ou anaeróbias podem ser
aplicadas de acordo com as reações biológicas desejadas ao tratamento.
Muitas vezes as etapas de enchimento e reação ocorrem em conjunto
durante a maior parte do ciclo. O tempo destinado a esta etapa pode ser
maior que 50% do ciclo de operação (Irvine & Ketchum, 2004).

3.4.3 Decantação

Nesta etapa, interrompe-se a agitação e a aeração, permitindo que


os sólidos, incluindo a biomassa e substrato particulado, sejam
separados do efluente tratado, promovendo dessa forma uma
clarificação. A vantagem da clarificação ser realizada no próprio reator
reside no fato do processo ocorrer de forma estática, sem entrada ou
saída de líquido e, também, pelo volume do reator SBR ser maior do que
o volume dos clarificadores secundários, utilizados em processos de
lodos ativados.

3.4.4 Drenagem

Neste período o efluente tratado é retirado do reator.

3.4.5 Repouso

É o tempo entre o final da retirada do sobrenadante e o início da


próxima batelada. O período de repouso é utilizado quando for
necessário que se faça um ajuste entre os tempos dos ciclos de um
mesmo SBR ou entre os ciclos em sistemas que operam com múltiplos
SBRs. O tempo de repouso pode ser usado também para descarte do
lodo, de modo a manter a eficiência do processo e a sedimentação.
Vale destacar uma característica dos sistemas SBR quando o
processo envolve alimentações em curtos períodos, seguidos de extensos
períodos em ausência de substrato. Nestes casos, freqüentemente é
relatado na literatura que diversos microrganismos, sob limitação de
componentes essenciais ao crescimento como nitrogênio, fósforo,
enxofre, magnésio, podem criar um mecanismo de resposta da
biomassa. A falta de substratos leva a célula a trabalhar com velocidades
muito baixas de crescimento e faz com que os microrganismos
respondam com uma adaptação fisiológica que leva ao acúmulo de
polímeros reservas, aproveitando a presença de fontes de carbono
disponíveis (Reis et al., 2003). Deste modo, em períodos em que altas
concentrações de carbono orgânico são encontradas, também chamados
de períodos de abundância, uma parcela do substrato é consumida para
manutenção celular e o restante é armazenado intracelularmente sob a
forma de polímeros de reserva. Segundo Salehizadeh & Van Loosdrecht
(2004), estes polímeros são geralmente polihidroxialcanoatos (PHA),
que se acumulam no interior dos microrganismos. Estes autores
observaram que nessas condições cerca de 70% a 100% do substrato
consumido é usado para armazenamento de PHB durante a fase de
abundância e o restante foi usado para os processos de crescimento e
manutenção. Este polímero é utilizado no crescimento, em períodos de
escassez, constituindo uma vantagem competitiva sobre os demais
microrganismos que não apresentam essa capacidade de estoque (Van
Loosdrecht et al.,1997).
Os PHAs podem ser acumulados por diversas bactérias na forma
de grânulos intracelulares, que podem apresentar até 80% da massa seca
celular (Anderson & Dawes, 1990 apud Gomez & Neto, 2001).
Processos que utilizam lodos ativados podem acumular PHA em torno
de 20% da matéria seca, sob condições anóxicas, sendo este acúmulo
elevado para 62% em processos microaerofílicos (Satoh et al., 1998).
Dependendo do microrganismo, do processo e do substrato que é
fornecido a cultura pode acumular diferentes tipos de PHAs. A Tabela
3.3 apresenta uma comparação entre os diferentes processos usados para
a produção de PHAs com culturas mistas e alimentação com acetato.

Tabela 3.3: Produção de PHAs partindo de acetato e culturas mistas. (Fonte:


Reis et al. 2003).
Composição
Processo YPHA d Referência
do PHAc
Bond et al.,
100:0:0:0 0,8
POAa (processo 199917
anaeróbio/aeróbio) Liu et al.,
88:12:0:0 1,37
199718
b
GAO (processo 67:26:5:2 1,76-1,91 Liu et al.,

17
Bond, P.L.; Erhart, R.; Wagner, M.; Keller, J.; Blackall, L.L. (1999) Appl Environ
Microbiol, v.65, pp 4077-5119.
18
Liu, W-T.; Nakamura, K.; Matsuo, T.; Mino, T. (1997) Water Research, v. 31, pp. 1430-
1438.
Composição
Processo YPHA d Referência
do PHAc
anaeróbio/aeróbio) 199419
Satoh et al.,
63:27:7:3 1,93
199420
Beun et al.,
Processos com 100:0:0:0 0,4
2000
abundância e escassez
Dionisi et al.,
de substrato 100:0:0:0 0,24-0,49
2001
(Processo
Majone et al.,
anóxico/aeróbio) 100:0:0:0 0,27
200121
Processos com Beccari et al.,
100:0:0:0 0,6
abundância e escassez 199822
de substrato Dionisi et
100:0:0:0 0,41-0,61
(Processo aeróbio) al.,2001
a POA (Organismos acumuladores de fostato) b GOA (Organismos acumuladores de
glicogênio)
c PHA % (PHB:PHV:PHMB:PHMV) d Cmol PHA/Cmol substrato e Cmol PHÁ/Cmol
biomassa.

19
Liu, W-T.; Nakamura, K.; Matsuo, T.; Mino, T. (1997) J Ferm Bioeng, v. 77, pp. 535-540.
20
Satoh, H.; Mino, T. Matsuo, T. (1998) Water Sci Tehnol, v. 30, pp. 203-211.
21
Majone, M.; Beccari, M.; Dionisi, D.; Levantesi, C.; Renzi, V. (2001) Water Sci Tecnhol.,
v.43, pp. 151-158.
22
Beccari, M,; Majone, M.; Massanisso, P.; Ramadori, R. (1998) Water Research., v. 32, pp.
3403-3413.
4 MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa foi desenvolvida no Laboratório de Tratamento


Biológico de Resíduos (LTBR), localizado no Departamento de
Engenharia Química e Engenharia de Alimentos (EQA) da Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC).

4.1 Biorreatores e o Sistema Utilizado

Para a realização do presente trabalho foi utilizado um reator


descontínuo operado de forma seqüencial (SBR), com volume útil de
2L. O reator foi confeccionado em acrílico e vidro com dimensões
apresentadas na Figura 4.1.

18,3 cm
15,2 cm
22 cm

21 cm
cm
21

21 c m 21 c m
Vista Frontal Vista Superior
Figura 4.1: Reator biológico operado em batelada sequencial.
A temperatura do reator foi mantida em 35C, através de camisa e
banho termostatizado. A agitação foi realizada mediante uso de agitador
magnético (Heidolph, MR 3001), mantida em 400 rpm. A aeração do
sistema foi realizada por compressores de ar (Big Air A420) conectados
a mangueiras de silicones e pedras difusoras.
Inicialmente a alimentação no sistema foi efetuada por bomba
dosadora peristáltica (Milan, BP-200) sendo o efluente descartado
manualmente. Para o controle dos tempos de aeração, de agitação e de
alimentação foram utilizados temporizadores (timers) como mostra o
esquema da Figura 4.2 (a).

8 Ac/
Base Timer
6
7b 7c Timer
5
1
Timer 5
3
6
Timer
5 4
3 2 4
Timer 1
7a
8
3 2 4
Timer Timer
1 2
a Timer b
7
Figura 4.2: Sistema operacional utilizado: (a) Sistema inicial. (b) Sistema após
modificações - (1) Reator; (2) Agitador Magnético; (3) Compressor de Ar; (4)
Banho Termostático; (5) Bomba Peristáltica; (6) Reservatório de saída; (7)
Reservatórios com meio sintético (a) Contendo amônio e acetato (b) Meio
contendo amônio e (c) Solução com acetato; (8) Controlador de pH.
Em outra etapa de operação do reator, a alimentação passou a ser
efetuada por válvulas solenóides e, o descarte do efluente realizado por
bomba peristáltica. O controle do pH do meio entre 7,3 e 8,0 foi
realizado mediante uso de analisador (Digimed, TH 44) e soluções de
HCl 0,0506 mol.L-1 (vide Anexo E) e NaHCO3 0,83 mol.L-1. Durante o
período de sedimentação e de retirada do efluente, em que a agitação
permanecia desligada, um temporizador desligava as bombas de ácido e
base evitando adicões incorretas das soluções.
Também foram utilizados temporizadores para controle das
válvulas solenóides, da bomba peristáltica usada para drenagem, dos
agitadores e dos aeradores. Os temporizadores foram dispostos de modo
a permitir o acionamento independente dos dispositivos mencionados
acima, conforme apresenta a Figura 4.2 (b).
4.2 Inóculo e Substrato

Como inóculo foi utilizado um lodo proveniente da estação de


tratamento de esgotos da CASAN (Companhia Catarinense de Águas e
Saneamento), o qual foi previamente adaptado em bombonas
nitrificantes e utilizado por Zdradek (2005), em um trabalho anterior a
este.
Como meio de alimentação foi utilizado efluente sintético com
concentração de 500 mgN-NH4+.L-1, cuja composição está descrita na
Tabela 4.1e na Tabela 4.2.

Tabela 4.1: Composição do efluente sintético proposto por CAMPOS et al.


(1999).
Composto Concentração (g.L-1)
NH4Cl 0,850
(NH4)2SO4 1,047
NaCl 0,889
KH2PO4 0,222
MgSO4.7H2O 0,109
NaHCO3 4,44
Solução Micronutrientes 0,62*
* mL

Tabela 4.2: Composição da solução de micronutrientes*.


Composto Concentração (g.L-1)
EDTA 50,000
FeSO4 2,728
ZnSO4 12,354
CuSO4 1,004
CaCl2 5,540
MnCl2 3,220
CoCl2 0,880
(NH4)6Mo7O24 1,036
*pH da solução ajustado em 6,0 com KOH.

Acetato de sódio (CH3COONa) foi utilizado como fonte de


matéria orgânica para promover a desnitrificação. Inicialmente o acetato
foi pesado e misturado ao efluente sintético contendo amônio. Uma
relação DQO/N entre 0,5 e 2 mgDQO.mgN-1 foi utilizada no período de
adaptação da biomassa. Após a adaptação foi utilizada uma relação
DQO/N de 2,5 mgDQO.mgN-1, ainda com o acetato sendo pesado e
misturado ao meio sintético.
Em fases posteriores, a matéria orgânica foi adicionada ao reator
separadamente do efluente sintético contendo amônio. Nestes casos, foi
utilizada uma solução de acetato de sódio, com concentração de 20.000
mgDQO.L-1, onde 50 mL desta solução era adicionada ao reator,
mantendo-se novamente uma relação DQO/N de 2 mgDQO.mgN-1 em
cada ciclo.

4.3 Operação dos Reatores

4.3.1 Partida do SBR (Fase A)

A partida do reator (Fase A) foi realizada mediante operação do


SBR, com aeração plena e progressão de carga de amônio até 500 mgN-
NH4+.L-1. Um litro de meio contendo amônio foi adicionado ao SBR
(volume útil de 2L) em 23 horas, sendo distribuidos de 15 em 15
minutos. Também foi estabelecido o período de uma hora para a
sedimentação da biomassa e para a retirada do efluente tratado,
totalizando um ciclo de 24 horas. No final de cada ciclo, 1L de efluente
tratado era retirado, acarretando em tempo de retenção hidráulica (TRH)
de 2 dias.
Para o estabelecimento do processo de nitrificação parcial, a
concentração de amônio no meio foi mantida em 500 mgN-NH4+.L-1 e o
reator passou a ser operado com aeração intermitente. Os períodos de
aeração e não aeração utilizados foram de 30 min/30 min,
respectivamente, sendo alterados ainda para 15 min/45min e para 15
min/60min.
Para o desenvolvimento da biomassa desnitrificante, foi mantida
a proporção de aeração e não aeração de 15min/60min e adicionado
acetato de sódio ao meio de alimentação, na proporção de DQO/N de
0,5 mgDQO.mgN-1. Também foi realizada progressão de acetato ao
meio, onde foram utilizadas relações de DQO/N de 1 mgDQO.mgN-1 e
de 2 mgDQO.mgN-1.
A Figura 4.3 mostra a configuração da operação utilizada no
período final da partida do reator (Fase A). Esta fase foi encerrada neste
ponto haja vista que os passos até então realizados foram propostos em
trabalho realizado por Zdradek (2005).
No final da Fase A foram realizados alguns ensaios, no próprio
reator, que serviram como base para definir as demais estratégias de
operação adotadas. Tais ensaios estão descritos no item 4.4.
4.3.2 Fase B

Nesta fase foi mantido o mesmo período de aeração e a forma de


distribuição da alimentação do final da Fase A, porém com uma nova
progressão da carga orgânica alimentada, de modo a obter-se uma
relação DQO/N de 2,5 mgDQO.mgN-1 (Fase B – Figura 4.3).

4.3.3 Fase C-J

Nas fases C a J, a alimentação do SBR foi realizada também com


meio sintético, com com 500 mgN-NH4+.L-1. Entretanto nestas fases a
alimentação não foi realizada de forma distribuida ao longo do ciclo,
mas sim, realizada de forma breve, em pulsos. O meio sintético
contendo amônio foi adicionado no início do período aeróbio e o acetato
de sódio (matéria orgânica) no início do período anóxico. A relação final
entre amônio e matéria orgânica, adicionado a cada ciclo, obedeceu uma
relação de DQO/N de 2,0 mgDQO.mgN-1, para estas fases.
A duração dos períodos aeróbios e anóxicos, também foram
alteradas durante este trabalho, bem como o tempo do ciclo do SBR,
como mostra a Figura 4.3.

O monitoramento do reator, durante todas as fases de operaçao,


foi realizado mediante análises de N-NH4 e DQO de entrada e, N-NH4+,
N-NO2-, N-NO3-, DQO e pH de saída, com freqüência de 3 a 4 vezes por
semana. Para cada período de operação do reator foi avaliada a
eficiência de remoção de nitrogênio e de DQO. Amostras de lodo foram
periodicamente retiradas do reator para análise de sólidos suspensos
totais e sólidos suspensos voláteis.
Em alguns ciclos também foram feitos acompanhamentos mais
detalhados dos compostos nitrogenados, DQO e oxigênio dissolvido
(OD) ao longo do tempo, a fim de se obterem dados respectivos às
velocidades de consumo dos substratos e de formação de produtos.
Fase Aeração 
A Alimentação 

0 3 6 9 12 15 18 21 24
Tempo (h)

Fase Aeração 
B Alimentação 

0 3 6 9 12 15 18 21 24
Tempo (h)

Fase Aeração 
C Alimentação 

0 3 6 9 12 15 18 21 24
Tempo (h)

Fase Aeração 
D Alimentação 

0 3 7 12 15 18 21 24
Tempo (h)

Fase Aeração 
E Alimentação 

0 3 6 9 12 15 18 21 24
Tempo (h)

Fase Aeração 
F Alimentação 

0 1,5 3 4,5 6 7,5 9 10,5 12


Tempo (h)

Fase Aeração 
G Alimentação 

0 1,5 2,5 4,5 6 7,5 8,5 10,5 12


Tempo (h)

Fase Aeração 
H Alimentação 

0 1,5 6 7,5 12 13,5 18 19,5 24


Tempo (h)

Fase Aeração 
I Alimentação 

0 1,5 3 4,5 6 7,5 9 10,5 12


Tempo (h)

Fase Aeração 
J Alimentação 

0 2 6 8 12
Tempo (h)

Fase aeróbia Fase anóxica Sedimentação Drenagem


Alimentação - efluente sintético completo (15 minutos)
Alimentação - efluente com N-NH4 (6 min) Alimentação - Acetato de sódio (2 min)
Figura 4.3: Representação esquemática do ciclo de operação do SBR para cada
fase.
A Tabela 4.3 faz um resumo das etapas realizadas neste trabalho.

Tabela 4.3: Descrição das etapas do trabalho.


Etapa Condição Fase Operação do Reator Objetivo
Períodos intermitentes de
Estabelecer processo
Partida do Reator/ aeração/ Adição
nitrificação
Alimentação A progressiva de matéria
parcial/desnitrificação
1 distribuída orgânica (DQO/N)=0,5, 1
no SBR
e 2.
Ensaios com diferentes Antever modificações
- -
formas de alimentação na operação do reator
Aumento da carga
Aerando 15 min e sem Promover aumento da
orgânica/
2 B aerar 1 hora / Acetato em remoção de
Alimentação
DQO/N=2,5 Nitrogênio
distribuída
Aerando 6h e 18 h sem
Aumentar a atividade
C aerar/ Alimentação com N
da biomassa
e C em fases distintas
Operação com
Aerando 7h e 17 h sem
alimentação em Aumentar a atividade
D aerar/ Alimentação com N
forma de pulsos da biomassa
e C em fases distintas
(maior
Aerando 12 h e 12 h sem
disponibilidade de Aumentar a atividade
E aerar/ Alimentação com N
nutrientes). da biomassa
e C em fases distintas
Alimentação do N
2x (Aerando 3h e 3 h sem
3 no início do ciclo.
F aerar) Redução do TRH

2x (Aerando 2,5h e 3,5 h Estabilizar o processo


G
sem aerar) de nitrificação parcial
Operação com 4x(Aerando 1,5 h e 4,5 h
alimentação em sem aerar/Alimentação em Estabilizar o processo
H
forma de pulsos 4x com N e C em fases de nitrificação parcial
(maior distintas).
disponibilidade de 2x (Aerando 1,5 h e 4,5 h
I Redução do TRH
nutrientes). sem aerar)
Alimentação do N 2x (Aerando 2h e 4 h sem Estabilizar o processo
J
em vários pulsos aerar) de nitrificação parcial
Estudar o acúmulo de
- - Ensaios Desnitrificantes
PHB
- - Fotos Microscopia Flocos Caracterização
Investigação da DQO
- - Caracterização
residual
4.4 Ensaios Cinéticos no SBR

Na tentativa de elucidar melhor o comportamento dos grupos de


bactérias nitrificantes e desnitrificantes, frente a distintas condições de
alimentação e aeração, foram realizados ensaios cinéticos no SBR,
utilizando-se três estratégias operacionais. Foram então aplicadas as
mudanças na configuração da operação do SBR, como mostrado pelas
estratégias E1, E2 e E3 (Figura 4.4) e realizados novos monitoramentos
no reator. Foi utilizada uma relação DQO/N de 2 mgDQO/mgN para
todos os testes. Durante estes ensaios cinéticos, foram monitoradas as
formas nitrogenadas (amônio, nitrito e nitrato), DQO e velocidade
específica de respiração das células (QO2).

15' 1h 15' 1h 15' 1h 15' 1h 15' 1h 15' 1h


(a) E1: Efluente adicionado de uma vez no início do ciclo;
15' 1h 15' 1h 15' 1h 15' 1h 15' 1h 15' 1h 15' 1h 15' 1h 15' 1h 1h

         
(b) E2: Efluente sem acetato, adicionado de uma vez no início, e acetato
alimentado em pulsos nos períodos anóxicos.

 
(c) E3: Efluente, sem acetato, adicionado de uma vez no início, e
acetato adicionado no início da fase anóxica.

Figura 4.4: Esquemas operacionais utilizados em ensaios cinéticos: ( ) Fase


aeróbia; () Fase anóxica; () Efluente sintético completo; () Efluente
sintético sem acetato; () Acetato.

4.4.1 Determinação da Velocidade Específica de Respiração da


Biomassa (QO2)

Durante os acompanhamentos de ciclo e testes cinéticos, foram


obtidos dados da atividade da biomassa através da respirometria, que é
uma técnica simples e rápida que relaciona o consumo de oxigênio com
o consumo de substrato. Essa técnica foi realizada no próprio reator,
interrompendo-se a aeração e acompanhando-se a queda da
concentração de oxigênio em função do tempo, tomando-se assim os
dados exatos do comportamento da biomassa frente às condições
impostas no SBR.
Segundo Schmidell (2001), um reator descontínuo aerado e
agitado tem como balanço de massa de oxigênio, na fase líquida, a
seguinte equação:
d O
La O S- O -QO
dt
4.1

Onde:
CO2 = concentração de oxigênio dissolvido (mg.L-1);
CO2S = concentração de oxigênio dissolvido na saturação (mg.L-1);
KLa = coeficiente volumétrico de transferência de oxigênio (min-1);
QO2 = velocidade específica de respiração (mgO2.gcel-1.min-1);
X = concentração celular (gSST.L-1);
t = tempo (min).

Quando a aeração é interrompida, a transferência de oxigênio é


praticamente nula, portanto KLa=0, e:
4.2

Com a integração da equação 4.2, é obtida a relação entre CO2 e o


tempo, onde o coeficiente angular da reta é dado por QO2X, como
mostra a Equação 4.3.

O - QO .t 4.3
Deste modo, a partir da variação da concentração de oxigênio
dissolvido com o tempo e do valor quantitativo da biomassa do reator,
X, foi obtida a velocidade específica de respiração das células, QO2.
Os valores de oxigênio dissolvido foram determinados através de
eletrodo galvânico (Oxi 340/SET – WTW).

4.5 Ensaios de Atividade Desnitrificante

Estes ensaios foram realizados objetivando a análise do


mecanismo de remoção de matéria orgânica e das velocidades de
desnitrificação (com nitrito), frente a diferentes concentrações iniciais
de substrato.
Para este ensaio uma alíquota de biomassa foi retirada do reator,
lavada com solução de meio com nutrientes (Tabela 4.1, com exclusão
da fonte N-amoniacal) e suspensa em Erlenmeyer de modo a obter
aproximadamente 1 gSST.L-1. O pH foi mantido entre 7,3 e 8. A
temperatura do sistema foi mantida em 35C durante os ensaios. O
reator foi aerado durante 30 minutos antes do teste, visto que o SBR
estava sendo operado com períodos aeróbios e anóxicos. Quando a
aeração era interrompida os substratos foram adicionados (Acetato de
sódio e Nitrito de sódio). As concentrações de nitrito iniciais previstas
para o testes foram de 50, 100, 250, 500 e 250 mgN-NO2.L-1 e de DQO
(acetato) de 100, 200, 500, 1000 e 750 mgDQO.L-1, respectivamente,
correspondendo a uma relação DQO/N de 2 para os quatro primeiros
ensaios e de 3 para o último. A concentração de oxigênio dissolvido foi
acompanhada no início do teste para que se tivesse certeza do
estabelecimento do processo anóxico. Acompanhamentos da DQO, N-
NO2, SST e PHB foram realizados durante estes ensaios.

4.6 Procedimentos de Cálculo

4.6.1 Eficiências de Remoção

A eficiência de remoção de nitrogênio e DQO para o reator foram


calculadas a partir das Equações 4.4 e 4.5:
N ntrada - N Sa da
emo o de N 4.4
N ntrada

Onde:
N_Entrada = Concentração de entrada de nitrogênio no sistema sob
forma de amônio (mgN-NH4+.L-1);
N_Saída = Concentração de saída de nitrogênio do sistema sob forma de
amônio, nitrito e nitrato (mgN.L-1);
QO ntrada - QO Residual
emo o de QO 4.5
QO ntrada

Onde:
DQO_Entrada = Concentração de entrada de acetato no sistema em
termos de DQO (mgDQO.L-1);
DQO_Residual = Concentração de DQO medida na saída menos DQO
N-NO2, referente ao íon nitrito (mgDQO.L-1);

A DQO_Residual foi obtida pelo resultado da análise de DQO na


saída do reator deduzida de uma parcela de DQO referente a oxidação
do nitrito. O nitrito é um composto que é passível de oxidação durante a
análise de DQO, segundo a metodologia analítica adotada (vide item
4.7.4). A DQO referente ao nitrito foi calculada, de acordo com a
relação estequiométrica obtida pela Equação 3.5:
QO N NO N NO mg QO mgN-NO 4.6
Onde:
N-NO2 = Concentração de nitrito (mgN-NO2.L-1);

4.6.2 Tempo de retenção hidráulica

O tempo de retenção hidráulica (TRH) foi obtido por:

TR 4.7
Q

Onde: TRH = Tempo de residência hidráulica (d);


V = volume do reator (L);
Q = Volume de efluente tratado/dia (L.d-1);

4.6.3 Fatores de Conversão de matéria orgânica

O fator de conversão de matéria orgânica (expresso em DQO)


para a desnitrificação (YDSN) foi calculado de acordo com a Equação
4.8.
QO SN
SN 4.8
QOconsumido

Onde:
DQODSN = DQO teoricamente consumida na desnitrificação, medido
através do consumo de nitrito no meio (mgDQO.L-1).
DQOConsumido é o consumo de matéria orgânica (acetato) no meio
expresso em DQO (mgDQO.L-1);

O consumo de DQO para a desnitrificação foi obtido de acordo


com a estequiometria da reação de desnitrificação apresentadas pela
Equação 3.12, que resulta na relação de 1,712 mgDQO.mg N-NO2-1.

O fator de conversão de matéria orgânica (expresso em DQO)


para outras finalidades que não a desnitrificação (YOBS) foi calculado de
acordo com a Equação 4.9.
4.9
O fator de conversão de matéria orgânica em PHB (YPHB) foi
obtido por:
QOP
P 4.10
QOconsumido

Onde:
DQOPHB = PHB formado expresso em DQO (mgDQO.L-1).

O PHB foi convertido em DQO de acordo com a estequiometria


da reação apresentada pela Equação 4.11, que mostra uma relação de
1,67 mgDQO.mgPHB-1.
C4H6O2+ 4,5 O2 O2 + 3H2O 4.11
Cabe ressaltar que o YOBS engloba o YPHB, pois, de toda matéria
orgânica consumida para outros fins que não a desnitrificação, uma
parcela é destinada à formação de PHB.

4.7 Determinações Analíticas

4.7.1 Determinação de amônio

A determinação de amônio, (N-NH4+), foi realizada segundo o


método de Nessler (Voguel, 1981), que propõe o uso de uma solução
alcalina de iodeto de mercúrio (II) em iodeto de potássio como um
reagente para a determinação colorimétrica de amônia. Quando o
reagente de Nessler é adicionado a uma solução diluída de sal de
amônio, a amônia liberada reage com o reagente com certa rapidez, mas
não instantaneamente, com formação de um produto laranja-marrom,
que permanece em solução na forma coloidal, mas flocula com o tempo.
A comparação colorimétrica deve ser feita antes da floculação. A reação
com o reagente de Nessler, uma solução alcalina de tetraiodo-mercurato
(II) de potássio, pode ser representada por:

2K2(HgI4) + 2 NH3 = NH2Hg2I3 + 4KI + NH4I 4.9

A análise foi realizada colorimetricamente em espectrofotômetro,


HACH – DR2010, a 525 nm.
O reagente de Nessler foi preparado dissolvendo 100 g de iodeto
de mercúrio (II) e 70 g de iodeto de potássio em 100 mL, seguido da
adição de 700 mL de uma solução fria contento 160 g de hidróxido de
sódio e então completando o volume para 1000 mL. Cloreto de amônio
foi utilizado para a curva padrão, sendo a faixa de NH4+ utilizada entre 0
- 17,5 mgN-NH4+.L-1. Quando necessário foram realizadas diluições da
amostras. Para cada 5 mL de amostra tomada foi adicionado 100 L do
reagente de Nessler e após 10 min realizada a leitura da absorbância em
espectrofotômetro.

4.7.2 Determinação de nitrito

O nitrito, N-NO2-, foi determinado através do kit analítico


Nitriver 2, da Hach Company. O método emprega sulfato ferroso em
meio ácido para reduzir o nitrito para óxido nítrico. Os íons ferrosos
combinam com o óxido nítrico para formar um complexo marrom-
esverdeado em proporção direta com o nitrito presente. O óxido é, então,
convertido em um cromógeno através da reação com cádmio permitindo
a leitura em espectrofotômetro a 585 nm. A curva de calibração foi
preparada com NaNO2, abrangendo a faixa de 0-150 mg N-NO2-.L-1.
Para tal análise foi utilizado um envelope do reagente em 10 mL de
amostra, diluído com agitação vigorosa e lido em espectrofotômetro
após 10 minutos.

4.7.3 Determinação de Nitrato

A análise de nitrato foi realizada pelo método do ácido salicílico,


de acordo com Cataldo et al. (1975). Para esta análise foi utilizada
solução de AS-H2SO4, preparada pela dissolução de 50 g de ácido
salicílico em um litro de ácido sulfúrico concentrado, e solução de
NaOH 2N, preparada pela dissolução de 80 g de NaOH para cada litro
de água destilada. A curva padrão foi preparada com nitrato de sódio,
abrangendo a faixa 0 - 70 mg N-NO3-.L-1. Para cada 0,2 mL de amostra
foi adicionado 0,8 mL do reagente AS-H2SO4. Após 20 minutos de
reação foram adicionados 19 mL de solução NaOH 2N e efetuada leitura
da absorbância em espectrofotômetro a 410 nm.

4.7.4 Determinação da demanda química de Oxigênio (DQO)

A análise de DQO foi realizada segundo procedimento descrito


pelo Standard Methods for the examination of water and wastewater
(APHA, 2005). Por este método a quantificação da matéria orgânica é
dada em termos de oxigênio necessário para sua oxidação total. Baseia-
se na oxidação da matéria orgânica por dicromato de potássio em meio
ácido, contendo sulfato de prata como catalisador, realizada em um
digestor a 150 ºC por 2 horas, em refluxo fechado. A reação de oxidação
pode ser representada por:

(CxHyOz) + Cr2O72- + H+→Cr 3+ + CO2 + H2O 4.10

A determinação espectrofotométrica do Cr3+ gerado na redução


do dicromato é realizada por leitura a 600 nm. A curva de calibração é
feita com biftalato de potássio.
A solução digestora utilizada foi preparada pela adição de 167
mL de H2SO4 concentrado, 10,21 g de K2Cr2O7 seco e 33,3 g de HgSO4
em água dissolvidos para 1L. A solução ácida utilizada foi obtida pela
adição de 10,12 g de Ag2SO4 em 1L de H2SO4 concentrado.
Para cada 2,5 mL de amostra filtrada foram adicionadas 1,5 mL
da solução digestora e 3,5 mL da solução ácida, com posterior digestão
sob temperatura e tempo indicados anteriormente.

4.7.5 Determinação dos Sólidos Suspensos Totais e Sólidos


Suspensos Voláteis (SST e SSV)

A concentração celular foi realizada através da determinação da


concentração de sólidos suspensos totais segundo a metodologia
proposta por Olsson & Nielsen (1997), descrita por Zdradek et al.
(2006). Para a realização desta análise foi efetuada a secagem de papel
filtro qualitativo em forno de microondas, ajustado na potência de 180
Watts, durante 15 minutos, filtração da amostra com este papel filtro e
posterior secagem do filtro com amostra nas mesmas condições
descritas anteriormente. A concentração de sólidos suspensos totais era
obtida pela diferença de peso do papel filtro antes e depois da secagem
sendo considerado o volume de amostra utilizado para a análise.
Para a determinação dos sólidos suspensos voláteis, utilizou-se o
método descrito no Standard Methods for the examination of water and
wastewater, o qual utiliza a queima da biomassa em mufla a 600C por
15 minutos (APHA, 2005).

4.7.6 Determinação de Polihidroxibutirato (PHB)

A quantificação do polímero de reserva poli-3-hidroxibutirato


(PHB) contido na biomassa foi efetuada por cromatografia gasosa após
digestão e extração líquido-líquido, segundo o método descrito por
BRAUNEGG et al. (1978), com modificações por BRANDL et
al.(1988).
Os reagentes usados foram: Metanol acidificado (contendo 150
mL de H2SO4 e 0,4g de ácido benzóico - padrão interno para a
cromatografia) e clorofórmio.
Para a análise de PHB foram adicionados 2 mL de meio contendo
a biomassa em tubo tipo Eppendorf e centrifugado a 14000 rpm por 3
minutos. Após a centrifugação, o precipitado foi lavado duas vezes com
água destilada, sendo centrifugado novamente após cada lavagem. O
precipitado do tubo Eppendorf foi transferido para tudo de ensaio com
tampa de rosca através da adição de 2 mL de metanol acidificado e forte
agitação. Em seguida foi realizado o mesmo procedimento utilizando
2mL de clorofórmio de modo a garantir a transferência total das células.
O tubo era fechado, agitado em vórtex, e colocado em temperatura de
100ºC por 2 horas e 20 minutos. Após a primeira hora o tubo era agitado
e novamente colocado no aquecimento. Ao final do tempo, o tubo foi
resfriado em banho de gelo. Um mL de água destilada foi adicionado ao
tubo sendo este agitado em vórtex por 30 segundos. Após a separação
das fases era retirada a fase mais pesada (orgânica) com o auxílio de
pipeta Pasteur e transferida para outro recipiente para análise posterior
em cromatógrafo.
A amostra foi armazenada em freezer até a realização da análise,
a qual foi realizada no Laboratório de Engenharia Bioquímica
(ENGEBIO). Foi utilizado o cromatógrafo gasoso HP 5890A (Detector
Tipo: F.I.D., T:250ºC, Injetor: T:250ºC, Gás de arraste: H2 –
aproximadamente 1mL.min-1, Volume de injeção 1,0 L).

4.7.7 Determinação do íon Acetato

A determinação de acetato foi realizada por cromatografia de


troca iônica, usando-se um sistema DIONEX, com coluna AS-18, no
Laboratório de Remediação de Águas Subterrâneas (REMAS) do
Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental.

4.7.8 Determinação de Carbono Total, Carbono Inorgânico,


Carbono Orgânico Total e Nitrogênio Total (CT, CI, COT e
NT)

A determinação de CT, CI e COT, NT foi realizada através de


analisador de infra-vermelho TOC-V CPH/CPN (SHIMADZU), no
Laboratório de Energia e Meio Ambiente (LEMA). Na determinação do
carbono total, todo carbono presente na amostra (orgânico e inorgânico)
é transformado em CO2 e depois medido por infra-vermelho. Para a
determinação de carbono inorgânico o pH da amostra é reduzido para
valores abaixo de 2, feito o borbulhamento de ar na amostra que expele
todo o carbono inorgânico na forma de CO2 por stripping que é
então medido. O COT é dado por pela diferença entre CT e CI.

4.7.9 Determinação de Polissacarídeos

A análise de polissacarídeos foi realizada pelo método de


DUBOIS et al.(1956). Os reagentes utilizados foram solução de fenol a
5% (p/v) e H2SO4 concentrado.
Foi adicionado 1 mL de amostra e 1 mL da solução de fenol em
tubo de ensaio com tampa, que foi então agitado em vórtex.
Rapidamente foram adicionados 5 mL de H2SO4 diretamente sobre a
mistura (sem deixar escorrer pelas paredes do tubo). O tubo foi deixado
em repouso por 10 min ao abrigo da luz. Após o tubo foi agitado
novamente em vórtex e levado a banho-maria a 25-30°C durante 15
minutos. A leitura da absorbância foi realizada em espectrofotômetro à
490 nm contra um branco preparado com água destilada. A curva padrão
foi feita com solução de glicose contendo: 0, 10, 20, 30, 50, 75 e
100mg.L-1.

4.7.10 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

As análises de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)


foram realizadas no
Laboratório Central de Microscopia Eletrônica (LCME) da
UFSC, dotado de um Microscópio Eletrônico de varredura (JEOL JSM-
6390LV). A amostra foi preparada segundo metodologia proposta por
Nation (1983) e adaptada por Varesche et al. (1997), descrita abaixo:
Para a fixação das amostras foram utilizadas soluções de etanol
(50 - 70 - 80 - 90 - 95%), solução (Tampão de Fosfato 0,1 M pH (7,3) +
solução 2,5% de glutaraldeído) e hexametildisilazano.
A Solução Tampão de Fosfato 0,1 M pH (7,3) foi obtida pela
mistura de 19,2 mL da solução de NaH2PO4 0,1 M (1,2 g/100mL) com
80,8 mL da solução de Na2HPO4 0,1 M (1,42 g/100mL). Para o preparo
da solução (Tampão fosfato 0,1 M (pH 7,3) mais solução 2,5% de
glutaraldeído) foi adicionado 2,5 ml de glutaraldeído em solução 0,1M
de Tampão fosfato até completar 100 mL em balão volumétrico.
A amostra foi colocada por 12 horas a 4oC em solução tampão
fosfato 0,1M pH 7,3 + glutaraldeído. Após a amostra foi lavada por 3
vezes com solução tampão fosfato 0,1M pH 7,3. A amostra foi
desidratada gradualmente em etanol 50, 70, 80, 90, 95%, por dez
minutos em cada etapa e por último, lavada 3 vezes em etanol 100%
(grau PA). Realizada a desidratação a amostra foi imersa em
hexametildisilazano por 30 segundos e depois seca a 30oC por 2h.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos durante a Operação do SBR estão divididos


em três etapas principais, conforme descrito na Tabela 4.3. A primeira
apresenta a partida do SBR e ensaios batelada que serviram como base
para futuras mudanças na operação do SBR. A segunda etapa apresenta
a operação do SBR onde foi realizado o aumento na carga orgânica
adicionada, onde a relação DQO/N utilizada aumentou de 2 para 2,5. Na
terceira etapa, estão descritas as fases de operação SBR onde a
alimentação foi realizada em forma de pulsos.
No final deste capítulo, estão apresentados ensaios em batelada
realizados visando uma melhor compreensão do processo desnitrificante
e do estoque de polímeros internos na biomassa, além da caracterização
dos flocos presentes no lodo, e, caracterização da DQO residual,
freqüentemente encontrada no SBR.
Os dados obtidos durante a operação do SBR, acompanhamentos
de ciclo e demais testes encontram-se em anexo.

5.1 Primeira Etapa

5.1.1 Partida do Reator

A partida do reator foi realizada com a finalidade de estabelecer o


processo de nitrificação parcial e de desnitrificação via nitrito. Para
tanto, a operação do SBR durante toda esta etapa, foi realizada com
ciclo de operação de um dia onde, um litro de efluente era alimentado
nas 23 primeiras horas e na última hora do ciclo, ocorria a sedimentação
da biomassa e a retirada de um litro de efluente tratado.
Para o estabelecimento da biomassa nitrificante, a operação do
SBR foi realizada, primeiramente, com progressão da carga de amônio
(até a alimentação de meio contendo amônio em 500 mgN-NH4+.L-1) e
aeração plena. Em seguida, a carga de amônio foi mantida e o reator
passou a ser operado com intermitência na aeração (com períodos de
aeração e não aeração de: 30 min/30 min, respectivamente, passando
para: 15 min/45min e por último para: 15 min/1h). As interrupções da
aeração foram realizadas objetivando selecionar as bactérias oxidadoras
de amônio (BOA).
Os resultados analítico das formas nitrogenadas, bem como a
conversão de amônio em nitrito e nitrato e a remoção de nitrogênio,
obtidos nesta primeira parte da operação do SBR, são mostrados na
Figura 5.1. A eficiência de remoção de nitrogênio e conversão de
amônio foram obtidas conforme a Equação 4.4 e 4.12, respectivamente.
Cabe lembrar que nesta etapa não foi adicionado material
orgânico para proporcionar a desnitrificação e que as amostras
analisadas foram tomadas somente ao final do ciclo.

Aeração 15'/45
Plena 30'/30 Aeração/ sem aeração 15'/1h
'
600 120
'
Concentração de N (mgN.L-1)

Remoção de Nitrogênio (%)


500 100

400 80

300 60

200 40

100 20

0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Tempo (d)
N-NH4 E N-NH4 S N-NO2 S
N-NO3 S Remoção de N Conversão de N-NH4

Figura 5.1: Dados das concentrações de amônio, nitrito e nitrato de entrada (E)
e saída (S), bem como da remoção de nitrogênio durante a partida do SBR sem
adição de carbono orgânico.
Na Figura 5.1 pode-se observar que, nos primeiros dias, houve
conversão do amônio em nitrito e em nitrato de mais de 80%. Esta
conversão indica que as nitrificantes apresentaram boa atividade frente à
progressão de carga realizada, resultando em menos de 20% de residual
de substrato (amônio) na saída do efluente tratado.
Após 14 dias de operação, o reator passou a ser operado com
períodos de aeração intermitentes, os quais iniciaram em proporção de
30 min/30min, respectivamente. Com a realização da intermitência na
aeração, inicialmente, foi observada uma inibição das bactérias
oxidadoras de amônio e não, das oxidadoras de nitrito (BON).
Entretanto, após o 18dia de operação, nota-se a retomada das
oxidadoras de amônio (queda da concentração de amônio do efluente).
Uma vez que a concentração de amônio de saída do reator
decresceu, indicando a adaptação das oxidadoras de amônio (BOA) à
nova situação (21dia de operação), o tempo de aeração e não aeração
foi novamente modificado para a proporção de 15 min/45 min de
aeração/não aeração. Nota-se, pela Figura 5.1, após este dia, a maior
parte do amônio oxidado passou a ser encontrado sobre a forma de
nitrito mostrando que há uma sensibilidade das oxidadoras de nitrito
frente a períodos de interrupção de aeração maiores. Entretanto, ainda
foram encontradas quantidades significativas de nitrato na saída,
indicando a necessidade de prolongar o período sem aeração. Deste
modo, a proporção de aeração/não aeração foi alterada para 15 min/1
hora, respectivamente e a partir deste momento, foi observada uma
queda significativa do nitrato na saída do reator, com patamar próximo a
20mg N-NO3.L-1.
De fato, na literatura encontra-se descrtito que a limitação de
oxigênio afeta mais significativamente as bactérias oxidadoras de nitrito
(BON) e, ainda, que operações com temperaturas relativamente altas,
como a utilizada neste trabalho (35C), favorecem o crescimento das
bactérias oxidadoras de amônio, em relação às oxidadoras de nitrito
(Brouwer, 1996; Wyffles et al., 2003). Entretanto, vários trabalhos
utilizam a limitação do oxigênio dissolvido (OD), em relação a sua
concentração no meio, para inibir a ação das oxidadoras de nitrito e
promover acúmulo de nitrito. Laanbroek et al. (1993) verificaram que
reduções do oxigênio dissolvido no meio permitem o crescimento das
oxidadoras de amônio limitando paralelamente o crescimento das
oxidadoras de nitrito. Em trabalho realizado por Garrido et al. (1997), o
uso de OD acima de 2,5 mgO2.L-1 permitiu que a amônia fosse
convertida a nitrato, enquanto que para OD entre 1,0 e 2,0 mgO2.L-1 foi
encontrado acúmulo de nitrito.
Em trabalho prévio a este, realizado por Zdradek (2005), o
acúmulo de nitrito foi alcançado com sucesso sem limitação quanto ao
nível de oxigênio dissolvido no meio, lançando mão basicamente de
interrupções na aeração. Uma vez que a etapa de partida seguiu alguns
passos sugeridos por esta pesquisadora, os resultados obtidos também
estavam em concordância e, embora nitrato residual ainda estivesse
presente no efluente, pode-se dizer que houve seleção das oxidadoras de
amônio (BOA) sobre as oxidadoras de nitrito (BON).
Durante a partida do reator, foi observada certa eliminação de
nitrogênio, principalmente no início da operação, onde foi aplicada
aeração plena no SBR. Tal eliminação não era esperada, uma vez que a
alimentação foi realizada sem adição de fonte externa de matéria
orgânica e que, foram encontradas concentrações de oxigênio dissolvido
no meio em torno de 6,1mgO2.L-1. Uma possibilidade é de que, na
partida do reator, algum material orgânico proveniente de lise celular
poderia se encontrar disponível no meio e, neste início, alguma
biomassa heterotrófica pudesse se encontrar presente. Neste caso,
eventuais eliminações de nitrogênio poderiam ocorrem no interior dos
aglomerados de células, via desnitrificação heterotrófica.
A Figura 5.2 mostra que houve queda na concentração celular no
SBR embora se buscasse efetuar o reciclo total das células. Medidas dos
sólidos suspensos totais no efluente foram realizadas entre o 12° e 45°
dia onde foi detectado uma média de 0,003 gSST.L-1, mostrando que
uma pequena parcela da biomassa foi arrastada no descarte do efluente.
Entretanto, a biomassa descartada não justifica a queda apresentada na
Figura 5.2, e, deste modo, é plausível imaginar que possa ter ocorrido
lise celular no reator.

2,5
Concentração celular

2,0
(gSST.L-1)

1,5

1,0

0,5

0,0
0 20 40 60 80 100
Tempo de Operação (d)
Figura 5.2: Concentração celular do reator em função do tempo na fase de
desenvolvimento da biomassa nitrificante da partida do reator.

Após o 60 dia de operação, a concentração celular encontrada no


no reator, apresentou valores próximos. Mesmo assim, pela Figura 5.1
pode-se observar que houve alguma eliminação de nitrogênio no SBR.
É conhecido que as bactérias oxidadoras de amônio, em especial
as do gênero Nitrosomonas, possuem rotas metabólicas alternativas para
obtenção de energia. Como visto na revisão bibliográfica deste trabalho,
vide item 3.3.6 (pág. 54), estas bactérias utilizam óxidos de nitrogênio
para uma desnitrificação aeróbia, no processo denominado NOx
(Schmidt et al., 2001; Bock et al., 1995). De acordo com Binswanger
(1997)23 apud Vestraete & Philips (1998), foram encontradas
eliminações de nitrogênio de 90-250 gN.m-3 no tratamento de efluentes
contendo altas concentrações de amônio em reatores de contato
rotativos, sem qualquer matéria orgânica biodegradável.
Outras possibilidades de eliminação de nitrogênio ainda podem
ser levantadas, tendo em vista que o inóculo provém de uma cultura
mista. Como descrito em diversos trabalhos, bactérias como a
Thiosphaera pantotropha, autotrófica, produz nitrogênio gasoso (N2) a
partir de amônio e/ou nitrito e nitrato, tornando-se apta a desnitrificar
tanto em condições anaeróbias quanto aeróbias (Robertson & Kuenen,
1984; Gupta, 1997).

Embora a inibição das oxidadoras de nitrito não tenha sido


completa, foi iniciada a etapa de estabelecimento da biomassa
desnitrificante no reator. Para tanto, foi realizada a adição de acetato de
sódio ao meio sintético, inicialmente em proporção de DQO/N de
0,5mgDQO/mgN-NH4. A Figura 5.3 e a Figura 5.4 mostram o
comportamento dos compostos nitrogenados de entrada e saída após a
adição de acetato no reator, bem como a eliminação de nitrogênio
alcançada.
Através da Figura 5.3 pode-se notar que, logo nos primeiros dias
em a matéria orgânica foi adicionada ao processo, houve resposta da
atividade desnitrificante com eliminações de nitrogênio de cerca de
15%. Esta resposta imediata pode ter ocorrido devido à permanência das
desnitrificantes nos flocos durante a fase anterior.
No 20 dia de operação, o acetato foi adicionado ao meio em
proporção de DQO/N de 1 mgDQO/mgN-NH4, seguindo esta
quantidade até o 40 dia, no qual esta foi modificada para uma
proporção de DQO/N de 2 mgDQO/mgN-NH4.

23
Binswanger, S., Siegrist, H., Lais, P., (1997) Simultane Nitrifikation/ Denitrifikation von
stark ammonium-belasteten Abw&ssem ohne organische Kohlenstoffquellen. Korrespondenz
Abwasser, v. 44, 1573-1580.
DQO/N=0,5
DQO/N=1 DQO/N=2
600 100
Concentração de N (mgN.L-1)

Remoção de Nitrogênio (%)


90
500
80
70
400
60
300 50
A
40
200
30
20
100
10
0 0
0 25 50 75 100 125 150 175 200 225
Tempo (d)
N-NH4 E N-NH4 S N-NO2 S
N-NO3 S Remoção de N

Figura 5.3: Dados das concentrações de amônio, nitrito e nitrato e remoção de


nitrogênio na fase de esteabelecimentoda biomassa desnitrificante do SBR.

A adição da matéria orgânica no efluente permitiu o


desenvolvimento da flora desnitrificante e o nitrato, encontrado no
elfuente de saída, foi reduzido pra valores abaixo de 10 mgN-NO3.L-1.
Após 99 dias, o SBR apresentou estado estacionário, no qual foi
encontrado 12,45 mgN-NH4.L-1 de amônio, em média, na saída do
reator. Nitrato e nitrito encontrados na saída foram de 0,93 mgN-NO3.L-
1
e 62,4 mgN-NO2.L-1, em termos de valores médios (entre o 99° e o
232° dia). O acúmulo de nitrito no reator, ao invés de nitrato, indica que
o processo de nitrificação parcial foi estabelecido. A título de
comparação com as demais fases de operação do SBR deste trabalho,
este período estável será chamado de fase A.
A remoção de nitrogênio, no período estável foi de 86%, em
média. Um dos motivos da eliminação completa do nitrogênio foi a
utilização de parte de matéria orgânica durante os períodos aeróbios.
Durante as fases aeróbias, frente à alimentação do meio contendo
acetato, as oxidadoras de nitrito passaram a disputar o oxigênio não
somente com as oxidadoras de amônio, mas também com as
heterotróficas. Esta competição pelo oxigênio provavelmente favoreceu
a inibição mais intensa das oxidadoras de nitrito no sistema.
DQO/N=0,5
DQO/N=1 DQO/N=2
1200 100
1100 90
1000 80

Remoção DQO (%)


DQO (mgDQOL-1)

900
800 70
700 60
600 50
500 40
400 30
300
200 20
100 10
0 0
0 25 50 75 100 125 150 175 200
Tempo (d)
DQO Entrada DQO Residual Remoção DQO
Figura 5.4: Dados da DQO de entrada e saída do SBR na fase de
estabelecimento da biomassa desnitrificante.

Na Figura 5.4 pode ser observado que, logo que o acetato foi
adicionado ao reator, a DQO residual se encontrava em valores da
ordem de 150 a 200 mgDQO.L-1, provavelmente pelo fato das
heterotróficas ainda estarem se adaptando e não ter ocorrido o consumo
total da matéria orgânica adicionada ao reator. Porém, mesmo em
períodos posteriores, quando o processo desnitrificante foi melhor
estabelecido no reator, a DQO residual permaneceu em valores
próximos a 70 mgDQO.L-1. Conforme será mostrado no item 5.3.7, esse
residual não se trata de material orgânico passível de ser prontamente
utilizado pela biomassa, mas sim, de EDTA e de interferências na
análise por compostos contendo cloreto, presentes no meio sintético.
A Figura 5.5 mostra o acompanhamento da concentração celular
realizado após a introdução de matéria orgânica no reator. Como pode
ser observado, houve um significativo crescimento da biomassa
indicando a rapidez no desenvolvimento da biomassa heterotrófica no
SBR.
DQO/N=0,5
DQO/N=2
DQO/N=1
3,5
Concentração celular

3,0
(gSST.L-1)

2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
0 25 50 75 100 125 150 175 200
Tempo de Operação (d)
Figura 5.5: Concentração celular em função do tempo, após adição de acetato
no meio de alimentação.

Acompanhamento do ciclo do SBR

No dia 119 de operação, foi efetuado o acompanhamento de


parte do ciclo do SBR (13 primeiras horas). Este acompanhamento
permitiu que fosse observada, de forma mais detalhada, a concentração
da amônia, nitrato, nitrito e DQO ao longo do processo em batelada
alimentada, conforme apresentado na Figura 5.6. A concentração celular
medida no SBR, XF, para o dia 119 foi de 3,04 gSST.L-1.

200
180 Aeróbio
Concentração (mg.L-1)

160
Anóxico
140
120
100
80
60
40
20
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Tempo (h)
N-NH4 N-NO2 N-NO3 DQO
Figura 5.6: Dados das concentrações de amônio, nitrito e nitrato e DQO no
acompanhamento do ciclo do SBR durante o 119 de operação.
Durante o ciclo, o crescimento celular pode ser considerado
desprezível com a biomassa variando em função da entrada de efluente
no reator (efeito de diluição). Deste modo, a concentração celular no
SBR, X, é dada por:
5.1
Onde,
VF = volume do reator cheio (L);
V = volume do reator (L);
XF = concentração celular com o reator cheio (g.L-1).

A estratégia de batelada alimentada promoveu a diluição dos


compostos no reator, pois pequenas quantidades de meio sintético eram
adicionadas ao longo do ciclo. Através da Figura 5.6, nota-se que o
amônio introduzido ao sistema é rapidamente consumido nos intervalos
de aeração, reduzindo ainda mais a concentração deste substrato durante
todo o ciclo. Nota-se que, ao término dos períodos aeróbios,
praticamente todo o amônio foi consumido tendo-se o nitrito como
produto principal. A concentração de N-NO3 máxima observada foi de
5,1 mgN-NO3.L-1.
Apesar do nível do oxigênio não ser restringido durante a fase
aeróbia na operação do SBR (o oxigênio dissolvido foi mantido em
valores acima de 4 mgO2.L-1), os curtos períodos de aeração (0,25h)
seguidos de períodos sem aeração de 1h se apresentam como uma forma
de limitação de oxigênio imposta ao sistema.
O oxigênio é um co-substrato da nitrificação, a sua limitação em
termos de níveis de oxigênio dissolvido (OD) pode afetar
significativamente a atividade das oxidadoras de amônio. Segundo
trabalho realizado por Jianlong (2004) a redução dos níveis de oxigênio
dissolvido do meio, de 1,5 mgO2.L-1 para 0,5 mgO2.L-1, foi suficiente
para reduzir em 50% a velocidade de consumo de amônio. Sob este
ponto de vista, a limitações de oxigênio realizadas mediante baixas
concentrações de oxigênio dissolvido são menos atrativas em relação à
realização de interrupções na aeração, as quais a princípio não
limitariam a atividade das oxidadoras de amônio.
Ao observarmos as concentrações dos compostos, ao final dos
períodos aeróbios, temos variações pouco significativas. Como o reator
estava operando com vazão constante de alimentação, as velocidades de
consumo de substrato foram obtidas a partir de um balanço de massa.
Deste modo, a fim de obter a velocidade de consumo dos substratos,
considerou-se o reator com volume variável (“fed batch” como
descrito a seguir:
d .
. - S. . 5.2
dt

Onde,
C = Concentração do substrato no reator (mg.L-1);
C0 = Concentração do substrato no meio de alimentação (mg.L-1);
V= Volume do reator (L);
F0 = Vazão de alimentação (L.h-1);
S= Velocidade específica de consumo do substrato (g.g-1.h-1).
d d
. . . -S . . 5.3
dt dt

Sendo o SBR um reator descontínuo alimentado com vazão


constante:

 5.4

Uma vez que não são observadas grandes variações na


concentração dos compostos durante o ciclo, neste tipo de operação o
SBR pode ser considerado como um reator em estado pseudo-
estacionário e, portanto:
5.5

E,
 5.6

Considerando:
 Concentração do meio de alimentação = 524,3 mg N-NH4.L-1 e
1020,4 mgDQO.L-1
 F0 = 43,48.10-3 L.h-1 (1000mL.23h-1)
 XF= 3,04 gSST.L-1
 Concentração de N-NH4 e DQO presentes no SBR (em 12,8 h) = 8,6
mgN-NH4.L-1 e 132,42 mgDQO.L-1
 VF = 2L.
Utilizando as Equações 5.1 e 5.6 e os dados encontrados acima,
foram obtidas as velocidades específicas de consumo de N-NH4+ e
DQO, de N-NH4=3,7 mgN-NH4.gSST-1.h-1 e DQO=6,35 mg O2.gSST-1.h-
1
. Estas velocidades de consumo serão analisadas adiante.
Ao final do acompanhamento, foram obtidas remoções de
83,68% e 87,02% para o nitrogênio e DQO, respectivamente. Neste
acompanhamento pode ser visto ainda que a adição da matéria orgânica
ao meio (DQO/N próxima a 2), um pouco acima da proporção
estequiométrica para a desnitrificação via nitrito, não foi suficiente para
a eliminação de todo o nitrogênio. Com a alimentação distribuída ao
longo do ciclo, parte da matéria orgânica foi oxidada nos períodos
aeróbios (vide Figura 5.6), prejudicando a desnitrificação. Deste modo,
imaginou-se que a adição de quantidades maiores de matéria orgânica
promoveria maior eliminação de nitrogênio.
Tendo em vista os resultados obtidos nesta fase de operação do
reator, duas opções foram imaginadas para a obtenção de maior
eliminação de nitrogênio. Uma delas seria a adição de maior quantidade
de matéria orgânica ao meio, apresentada na segunda etapa deste
trabalho. Entretanto, o SBR permite que sejam realizadas inúmeras
combinações em sua forma de operação, que também merece ser
explorado. Deste modo, foram realizados alguns testes preliminares
buscando alternativas para que o sistema pudesse alcançar remoções de
nitrogênio mais elevadas, que estão apresentados a seguir.

5.1.2 Ensaios Cinéticos no SBR

Com o intuito de verificar o comportamento da biomassa frente a


operações com altas concentrações iniciais de substrato, foram
realizadas quatro modificações na forma de operar o SBR. Os ensaios
foram efetuados no próprio reator durante a fase estável apresentada na
Figura 5.3 (fase A). Para a realização dos ensaios a forma de
alimentação e/ou aeração foi alterada brevemente, de acordo com a
estratégia para cada teste.
A configuração da operação para cada teste foi: E1 – Os períodos
aeróbios/anóxicos de 15 min/1h foram mantidos, mas o meio foi
introduzido no início do ciclo de operação; E2 – Foram mantidos os
períodos aeróbios/anóxicos de 15 min/1h, com a introdução do meio de
cultura no início do ciclo, porém a matéria orgânica foi introduzida nas
fases anóxicas; E3 – Períodos de aeração/não aeração longos de
3,25h/4,5h com a introdução do meio no início do ciclo e da matéria
orgânica no início da fase anóxica.
Após o término de cada ensaio o reator voltou a ser operado
como como descrito na fase A.
A Figura 5.7: Concentração de amônio, nitrito, nitrato e DQO
para a Estratégia E1Figura 5.7, a Figura 5.8 e a Figura 5.9 mostram o
resultado analítico encontrado ao longo de cada ensaio. A concentração
celular do SBR medida no início do ciclo, XF, para o teste E1, E2 e E3
foram de foi de 3,22 gSST.L-1, 3,08 gSST.L-1 e 3,21 gSST.L-1,
respectivamente.

500
450 Aeróbio
Concentração (mg.L-1)

400
Anóxico
350
300
250 y = -31,999x + 223,81
200 R² = 0,9724
150
100
50
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6 6,5 7
Tempo (h)
N-NH4 N-NO2 N-NO3 DQO
Figura 5.7: Concentração de amônio, nitrito, nitrato e DQO para a Estratégia
E1, onde os períodos aeróbios/anóxicos foram de 15 min/1h e o meio foi
introduzido no início do ciclo de operação.

500
Concentração (mg.L-1)

400 Aeróbio
y = -24,014x + 271,91 Anóxico
300 R² = 0,9858

200

100

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Tempo (h)
N-NH4 N-NO2 N-NO3 DQO
Figura 5.8: Concentrações das formas nitrogenadas e DQO para a Estratégia E2.
onde os períodos aeróbios/anóxicos foram de 15 min/1h, o meio contendo
amônio foi introduzido no início do ciclo e a matéria orgânica foi dividida e
introduzida no início das fases anóxicas
600
Concentração (mg L-1)

500 Aeróbio
y = -69,647x + 233,06 Anóxico
400 R² = 0,996
300
y = 59,725x + 7,5272
200 R² = 0,9929

100

0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6 6,5 7 7,5 8
Tempo (h)
N-NH4 N-NO2 DQO N_NO3
Figura 5.9: Concentração das formas nitrogenadas e DQO para Estratégia E3,
onde os períodos de aeração/não aeração foram longos, de 3,25h/4,5h, a o meio
contendo amônio foi introduzido no início do ciclo e a matéria orgânica
adicionada no início da fase anóxica.

Para cada ensaio foi obtida a velocidade específica de consumo


de amônio global (considerando-se o ciclo todo) apresentadas na tabela
5.1. Para o ensaio E1 e E2 as velocidades de consumo globais foram
obtidas por ajuste linear (vide Figura 5.7 e 5.8), enquanto que para o
ensaio E3, foi obtida considerando-se o gradiente de amônio e o tempo
total de duração do teste (7,75h). Como pode ser visto, a velocidade de
consumo de amônio foi muito maior para estes ensaios do que a
velocidade obtida com a forma em que o SBR era operado, estando em
concordância com a discussão anterior.

Tabela 5.1:Velocidade específica de consumo de amônio obtida para ensaios E2


a E3.
Ensaio Duração N-NH4 Global N-NH4 aeróbio
(h) (mgN-NH4+.gSST-1.h-1) (mgN-NH4+.gSST-1.h-1)
E1 6,55 9,94 36,63
E2 11,83 7,80 31,49
E3 7,75 9,39 20,93
Acompanhamento 13* 3,7 -
Também foram obtidas as velocidades específicas de consumo de
amônio (média) para as fases aeróbias de cada ensaio (Tabela 5.1).
Como pode ser observado na Tabela 5.2, as velocidades
específicas de consumo de amônio encontradas na literatura podem
variar largamente. Entretanto, as velocidades específicas de consumo de
amônio mais altas encontradas nestes ensaios demonstram uma boa
atividade da biomassa do SBR.

Tabela 5.2:Velocidades de consumo de amônio encontradas na literatura.


N-NH4 inicial N-NH4 aeróbio
Fonte Sistema
(mgN-NH4+.L1) (mgN-NH4+.gSSV-1.h-1)
Gali et al. SBR 275 22
(2006) SHARON/DN - 27
Vives 7 2,17
SBR
(2005) 16 3,7
Spagani & Teste em batelada
Libbely com biomassa de 30 12,6
(2008) SBR
Teste em batelada
Cheng & 60 4,73
com biomassa de
Liu (2001)
SBR
240 5,57

Durante o ensaio E1 matéria orgânica estava presente e


imaginava-se que, por conta da disputa pelo oxigênio com as
heterotróficas, a velocidade específica de consumo de amônio obtida
seria menor. Entretanto, este foi o ensaio que teve a velocidade de
consumo de amônio maior. Para este ensaio foi observado que, devido
às altas concentrações de substratos iniciais (amônio e acetato), o
suprimento de oxigênio do sistema foi deficiente e o oxigênio dissolvido
permaneceu na faixa de 2 mgO2.L-1. Este fato pode ter colaborado com
uma limitação de oxigênio no interior dos flocos, acarretando
desnitrificação concomitantemente a nitrificação, mesmo em fase
aeróbia e, por conseqüência, em maior consumo de amônio nestas fases.
Segundo revisão feita por Liu & Liu (2006), alguns substratos
conseguem permear mais rapidamente nos flocos do que o oxigênio. O
coeficiente de difusão do oxigênio dissolvidono floco é de 1,67 x 10-9
m2.s-1, enquanto que para o acetato é de 2,5x 10-9 m2.s-1, mostrando que
o acetato pode ser encontrado mais profundamente nos flocos do que o
oxigênio. Deste modo, poderia-se-ia ter até mesmo uma desnitrificação
heterotrófica na parte interna dos flocos no ensaio E1.
Para os demais ensaios também foram encontradas eliminações
de nitrogênio na fase aeróbia, mesmo o oxigênio estando em
concentrações acima de 4,5 mgO2.L-1. Em busca de uma resposta para
este comportamento, optou-se por avaliar a razão entre nitrito formado e
amônio consumido no reator em diversas fases dos ensaios. Pela reação
de oxidação do amônio a nitrito temos que a relação N-NO2/-N-NH4
é de 1 (vide Eq. 3.4, item 3.3.1). Entretanto, como mostra a figura 5.10,
para estes ensaios foi observado que em muitos intervalos esta relação
se manteve abaixo de 1, principalmente no início dos testes, onde a
concentração de amônio é maior, e onde se tem a princípio uma maior
atividade das bactérias. Cabe lembrar que para o ensaio E2 e E3 não
havia matéria orgânica prontamente disponível na fase aeróbia.

1,2
(mg N-NH4/mgN-NO2)

1,0
N-NO2/-N-NH4

0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
0 50 100 150 200 250
Concentração de amônio (mgN-NH4.L-1)
E1 E2 E3
Figura 5.10: N-NO2/N-NH4 em função da concentração de amônio no reator.

LEITÃO et al. (2007) encontraram remoções de nitrogênio de


até 35%, utilizando biomassa proveniente de estação de tratamento de
esgotos, em SBR com aeração plena e sem presença de matéria
orgânica. Estes autores, conforme já mencionado anteriormente, citam a
possibilidade metabólica das oxidadoras de amônio de realizar a
nitrificação e desnitrificação simultânea, tendo o NO ou NO2 como
indutores do metabolismo, conforme proposto previamente por
SCHMIDT et al. (2002). O NO tido como indutor seria formado em
momentos onde altas velocidades específicas de consumo de amônio
fossem encontradas, que para estes autores foi de 140 mgN-NH4.gSST-
1 -1
.h . Embora esta velocidade específica seja muito acima das
encontradas nos testes, cabe lembrar que neste trabalho tem-se a
participação de biomassa heterotrófica na contabilização dos sólidos
suspensos totais, enquanto que para LEITÃO et al. (2007) a biomassa
nitrificante foi selecionada previamente mediante processo de lavagem.
Para elucidar melhor o efeito da concentração de substrato sobre
a atividade das bactérias envolvidas, foi utilizada a técnica da
respirometria (vide item 4.4.1, pág. 72). A respirometria é uma
ferramenta muito útil e prática para interpretações do estado fisiológico
das células aeróbias, sendo um dado adicional para entender os
processos que ocorrem no sistema. Medidas de velocidade específica de
consumo de oxigênio, QO2, foram tomadas ao final de cada período
aeróbio nos ensaios E1 e E2, e interrompendo-se a aeração por alguns
minutos durante a fase aeróbia no ensaio E3. A Figura 5.11 mostra as
velocidades de consumo de oxigênio em relação à concentração de
substrato presente no reator, obtidas durante os ensaios e também para o
acompanhamento do ciclo do SBR realizado no item anterior (Figura
5.6, pág. 90).
QO2 (mg O2.gSST-1.h-1)

1,4
1,2
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
0 50 100 150 200 250 300
Concentração de amônio (mgN-NH4.L-1)
E1 E2 E3 Acompanhamento
Figura 5.11: Velocidades específicas de respiração obtidas nos ensaios E1, E2,
E3 e no acompanhamento do SBR na fase A.

Nota-se que a velocidade específica de respiração possui relação


com a concentração de amônio disponível no reator. As velocidades de
respiração obtidas para o acompanhamento do SBR foram menores do
que para os demais ensaios, indicando a desvantagem de se operar o
reator com baixas concentrações de substrato, ou seja, distribuindo-se a
alimentação ao longo do tempo. Vale ressaltar que existe um limite para
a contribuição de substrato sobre a atividade uma vez que a amônia livre
(que possui equilíbrio químico com NH4) pode ser um inibidor da
atividade das oxidadoras de amônio.
Segundo ANTHONISEN et al. (1976), as oxidadoras de amônio
são inibidas em concentrações de 10-150mgN-NH3.L-1, entretanto este
valor varia muito na literatura, principalmente pelo fato de ocorrer
adaptações da biomassa. No ensaio E2 foram encontradas concentrações
de amônia livre entre 10 e 14 mgN-NH3.L-1, o que provavelmente
colaborou com a menor velocidade de respiração encontrada neste
ensaio em relação ao E1 e E3. Estes dados estão de pleno acordo com os
resultados obtidos em ensaios de atividade nitrificante por respirometria
(FERRETTI, 2005). Deste modo, tem-se um indício de que a velocidade
de consumo de amônio é prejudicada quando há grande distribuição do
efluente ao longo do ciclo, mas também pode haver inibição na
dependência da concentração de amônio e do pH do meio.
A remoção de nitrogênio e DQO obtidas ao final de cada ensaio
estão apresentadas na tabela 5.3. No ensaio E1, a matéria orgânica é
praticamente toda consumida nas primeiras 3 horas de ensaio, sendo boa
parte oxidada nas fases aeróbias. Deste modo, nas últimas fases
anóxicas não ocorre o consumo de nitrito que é acumulado no reator. A
concentração medida no final do ensaio E1 foi de 103,8 mgN-NO2.L-1,
comprometendo a remoção de nitrogênio. Já para os ensaios E2 e E3,
onde a matéria orgânica é ofertada somente nos períodos anóxicos, não
há desperdício de matéria orgânica. Para estes ensaios, foram
encontradas concentrações de nitrito de 8,8 mgN-NO2.L-1 e 5,82 mgN-
NO2.L-1, no final dos respectivos ciclos. Em todos os ensaios o nitrato
no reator permaneceu em concentrações abaixo de 10 mgN-NO3.L-1,
uma vez que se encontrava estável o processo de nitrificação parcial.

Tabela 5.3:Remoções de nitrogênio e DQO para ensaios realizados no SBR.


Remoção DQO
Ensaio Duração (h) Remoção N (%)
(%)
E1 6,55 54,2 92,0
E2 11,83 95,2 88,2
E3 7,75 98,0 86,3

Tendo em vista a maior remoção de nitrogênio obtida com a


operação realizada no ensaio E3 (com períodos de aeração e não aeração
e ainda com a adição de matéria orgânica somente nas fases anóxicas),
optou-se por utilizar esta estratégia para o SBR, como será apresentado
na terceira etapa.
5.2 Segunda Etapa - SBR com adição de acetato na relação
DQO/N=2,5 (fase B)

Nesta etapa, pretendia-se verificar se a adição de maiores


quantidades de matéria orgânica, no mesmo modo de operar o reator da
fase A, seria suficiente para a obtenção de remoções de nitrogênio mais
elevadas e qual seria o seu efeito sobre o processo. O SBR ainda foi
operado utilizando ciclo de 24 horas, com fases intercaladas de aeração
e não aeração de 15 minutos e 1 hora, respectivamente, com distribuição
da alimentação durante 23 horas. Diferentemente da operação praticada
no final da fase A, a quantidade de acetato adicionada ao meio foi
elevada de modo a obter-se uma relação DQO/N de 2,5 mgDQO/mgN-
NH4.
Esta fase de operação, denominada de fase B, teve duração de
42 dias, na qual a concentração média de amônio no afluente foi de
513,46 mgN-NH4+.L-1 e de acetato de 1302 mgDQO.L-1. Os dados
obtidos no monitoramento das formas nitrogenadas e da DQO no reator
para esta fase estão apresentados na Figura 5.12 e na Figura 5.13.

DQO/N=2,5
600 100
Concentração de N (mg.L-1)

550 90
500

Remoção de N (%)
80
450
400 70
350 60
300 B 50
250 40
200
30
150
20
100
50 10
0 0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo de Operação (d)
N-NH4 E N-NH4 S N-NO2 S
Figura 5.12: Dados das concentrações de amônio, nitrito e nitrato e remoção de
nitrogênio no efluente do SBR operando com DQO/N=2,5.
100
1400 90

Remoção deDQO (%)


1200 80
DQO (mgDQO.L-1)

1000 70
60
800 50
600 40
400 30
20
200 10
0 0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo de Operação (d)

DQO (E) DQO (S)


Remoção de DQO Redução de acetato
Figura 5.13: Dados DQO de entrada (E) e de saída (S), bem como da remoção
de DQO do efluente do SBR operando com DQO/N=2,5.

Foi observado que, logo após a realização do aumento da carga


orgânica no sistema, houve uma queda da concentração de nitrito até
valores próximos a 35 mgN-NO2-.L-1. Deste modo, mesmo com a adição
de maior quantidade de matéria orgânica, o nitrito não foi totalmente
removido. De acordo com os dados obtidos a remoção de nitrogênio
obtida foi, em média, de 91,5 % (entre a estabilização do sistema, no dia
7 e o dia 27), alcançando eficiência máxima de 94,2%.
Durante esta fase, foi possível visualizar a formação de grandes
quantidades de bolhas de gás no reator. Com o passar dos dias o reator
começou a apresentar bulking prejudicando a sedimentação da biomassa
no reator. O aspecto “fofo” do lodo aliado à grande produ o de gás
promoveu a flotação da biomassa durante o período de sedimentação,
sendo esta parcialmente drenada junto com o efluente. Como pode ser
visto na Tabela 5.4 a concentração celular sofreu redução no final desta
etapa.

Tabela 5.4:Concentração celular com o tempo para a operação do SBR


com DQO/N=2,5.
Dia de Operação Biomassa (gSST.L-1)
1 3,55
14 3,21
29 3,75
35 2,82
Na desnitrificação há uma tendeência de aumento do pH do
sistema. Com maior quantidade de nitrito desnitrificado o pH, que até
então era controlado pela oscilação entre períodos aeróbios e anóxicos e
não por meio de controladores, foi encontrado freqüentemente acima de
oito (vide Anexo A4). O pH alto, aliado às altas concentrações de
amônio no sistema após o 30 dia, pode ter promovido certa inibição das
oxidadoras de amônio devido à presença de amônia livre no sistema.
De qualquer modo, vale destacar a informação a respeito das
dificuldades encontradas com relações mais altas de DQO/N, em
particular quando se tem os dois substratos disponíveis em um efluente.
Para estes casos o ideal é efetuar uma biodigestão prévia, a fim de
eliminar certa quantidade de DQO, o que se sabe que é prática conforme
se vê no processo UCT (Schmidell & Reginatto, 2007).
A partir do 42 dia, a matéria orgânica voltou a ser adicionada
com relação DQO/N igual a 2. Com a redução da matéria orgânica em
poucos dias o lodo recuperou a sedimentabilidade e a remoção de
nitrogênio voltou ao mesmo patamar da fase A. Uma vez obtida a nova
estabilidade na operação do reator, no modo de operação da fase A, deu-
se seqüência à terceira etapa.
Avaliando o período estável da fase A, realizada na etapa 1 (vide
Figura 5.3, pág. 88) com esta segunda etapa (fase B), o aumento da
relação DQO/N de 2 para 2,5 mgDQO/mgN-NH4 promoveu a redução
de de nitrito residual em quase 50%, enquanto as outras formas
nitrogenadas permaneceram praticamente iguais na saída (Tabela 5.5). A
diferença total na remoção de nitrogênio foi de 5% , e como já dito, o
processo não se manteve estável.

Tabela 5.5:Resumo dos resultados de operação para o SBR com alimentação


distribuída.
Afluente Efluente
TRH
N-NH4+ Rel. N-NH 4
+
N-NO2- N-NO3- (d) Remoção
Fase - - - -
(mg N.L DQO/N (mgN.L (mgN.L (mgN.L N (%)
1 1 1 1
) ) ) )
A 514,81 1,99 12,45 62,41 0,93 2 86
B 513,46 2,55 12,96 33,52 0,47 2 91
Média obtida para o período: fase A - do 99 ao 232 dia; fase B - do 5 ao 27 dia;
5.3 Terceira Etapa

Tendo em vista os resultados anteriormente obtidos, a operação


do SBR foi modificada e a alimentação do reator passou a ser realizada
na forma de pulsos. Deste modo buscava-se estimular a biomassa com
concentrações mais altas de substrato de forma a obter remoções de
nitrogênio acima dos valores obtidos na fase A (86%) com estabilidade
de operação do reator. Para fornecer altas concentrações de substrato à
biomassa, nesta etapa, o meio contendo amônio foi adicionado no inicio
do ciclo, enquanto a matéria orgânica foi adicionada somente no início
das fases anóxicas.
Esta forma de alimentação foi realizada visando o tratamento de
um efluente com alta carga de amônio, para o qual a adição de matéria
orgânica seria necessária. A introdução da matéria orgânica nas fases
anóxicas foi realizada visando o aproveitamento desta, particularmente,
para a desnitrificação. Nesta fase, o pH do sistema foi mantido entre 7,3
e 8, mediante a adição de sistema de controle.
A terceira etapa foi realizada com 8 fases de operação (Fig. 4.3 -
e Tab. 4.3), que foram agrupadas de acordo com as semelhanças entre
elas.

5.3.1 Fases C, D e E

Após a operação do reator com curtos intervalos de aeração/não


aeração (15min/1h) e, tendo em vista o resultado obtido nos testes no
SBR (item 5.1.2), a operação do reator passou a ser efetuada com
períodos mais longos de aeração e sem aeração, como apresentado a
seguir:
Fase C: Reator operado com fases aeradas de 6h e não aeradas de
18 h. Alimentação do meio contendo amônio no início do ciclo
do reator em fase aeróbia e matéria orgânica no início da fase
anóxica, com ciclo de 24 h.
Fase D: Reator operado com fases aeradas de 7h e não aeradas de
17 h. Alimentação do meio contendo amônio no início do ciclo
do reator em fase aeróbia e matéria orgânica no início da fase
anóxica, com ciclo de 24 h.
Fase E: Reator operado com fases aeradas de 12h e não aeradas
de 12 h. Alimentação do meio contendo amônio no início do ciclo
na fase aeróbia e matéria orgânica no início da fase anóxica, com
ciclo de 24 h.
A concentração média do meio contendo amônio foi de 497,2
mgN-NH4.L-1 e de matéria orgânica adicionada foi de 1054,6
mgDQO.L-1. O comportamento das formas nitrogenadas, bem como a
remoção de nitrogênio obtida para estas fases estão ilustrados na Figura
5.14. A Figura 5.15 apresenta as concentrações de DQO de entrada e
saída do SBR e a remoção de DQO.

600 100
550
Concentração de N (mgN.L-1)

Remoção de Nitrogênio (%)


500 80
450
400
350 60
300
250 40
200 C D E
150
100 20
50
0 0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
Tempo (d)
N-NH4 E N-NH4 S N-NO2 S
N-NO3 S Remoção de N
Figura 5.14: Dados de concentração das formas nitrogenadas de entrada (E) e
saída (S) do SBR, bem como remoção de nitrogênio, obtida para as fases C, D e
E.

1200 100
1100 90
1000
Remoção de DQO (%)

80
DQO (mgDQO.L-1)

900
800 70
700 C D E 60
600 50
500 40
400 30
300
200 20
100 10
0 0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
Tempo (d)
DQO S DQO E Remoção DQO
Figura 5.15: Acompanhamento da DQO de entrada (E) e saída (S) do SBR, e
remoção de DQO, obtida para a fase C, D e E.
Através da Figura 5.14 verifica-se que tão logo foi realizada a
mudança de operação no SBR houve indicativos que uma
desnitrificação melhor estivesse ocorrendo uma vez que a concentração
de nitrito residual decaiu para valores próximos a 7mg N-NO2.L-1. Após
o quinto dia de operação, mesmo com um largo tempo de aeração
empregado (6h), o residual de amônio aumentou gradativamente até
valores próximos a 100 mgN-NH4+.L-1, sugerindo uma redução da
atividade das oxidadoras de amônio (BOA). Atribuiu-se esta inibição
aos longos períodos anóxicos, de 18 horas.
No 10 dia de operação, a aeração foi mantida constante no
reator durante todo o dia, na tentativa de estimular a atividade da
biomassa nitrificante e então o período de aeração foi elevado em mais
uma hora (7 horas), seguido de 17 horas sem aerar (Fase D). Após
alguns dias o amônio voltou a acumular no reator.
No 23dia o SBR passou a ser operado com períodos de aeração
de 12 horas, maiores do que a fase D, e com períodos de não aeração
menores, de 12 horas (Fase E). Apesar da nova fase de operação ainda
contar com um longo período anóxico, o aumento do tempo em
aerobiose para 12 horas foi suficiente para que a atividade das
oxidadoras de amônio fosse restaurada, como pode ser observado na
figura 5.14 onde o amônio residual foi encontrado frequentemente
abaixo de concentrações de 10 mgN-NH4+.L-1.
Inicialmente a forma de operação do SBR, na fase E, permitiu
que maior eliminação de nitrogênio fosse alcançada, atingindo uma
média, 96,3% para o período mais estável do reator (do 35 ao 57 dia
de operação). Neste período, as concentrações médias de saída de
amônio, nitrito e nitrato para este mesmo período foram de 1,16 mgN-
NH4+.L-1, 13,15 mgN-NO2-.L-1 e 4,41 mgN-NO3-.L-1 respectivamente.
Entretanto, após o 57 dia, foi observado um aumento significativo das
concentrações de nitrato no efluente, chegando a 243 mgN-NO3.L-1 no
63 dia de operação. Este rápido aumento da concentração de nitrato
indicou a retomada da atividade das oxidadoras de nitrito, que até então
estavam aparentemente inibidas. Uma vez que se pretendia realizar a
desnitrificação via nitrito e não via nitrato, foram realizadas novas
mudanças na forma de operar o reator, como será visto na fase F.
Pela Figura 5.15 nota-se que mesmo com operações realizadas
com períodos anóxicos de mais de 12 horas um residual de DQO ainda é
remanescente no reator, indicando que esta DQO se refere a um material
de baixa biodegradabilidade. Para estas fases foi obtida uma média de
remoção de DQO de 89,7%.
Acompanhamento cinético de um Ciclo para as fases C e E

A Figura 5.16 mostra o acompanhamento dos compostos


nitrogenados e DQO para o reator no início da fase C (em operação
conduzida com período de aeração de 6 h e período sem aerar de 18
horas). A concentração da biomassa no SBR no acompanhamento da
fase C foi de 3,02 gSST.L-1.

600
Concentração (mg.L-1)

500 Aeróbio
Anóxico
400

300

200

100

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
Tempo (h)
N-NH4 N-NO2 N-NO3 DQO

Figura 5.16: Acompanhamento detalhado das concentrações de amônio, nitrito,


nitrato e DQO no ciclo do SBR no 2dia de operação da fase C.

Como pode ser visto neste acompanhamento, as concentrações de


nitrato permaneceram baixas durante o ciclo de operação ( a
concentração máxima encontrada foi de 3 mgN-NO3.L-1) mostrando
que, mesmo sob períodos de aeração de 6 horas, as oxidadoras de nitrito
não tiveram atividade significativa. Vários fatores podem ter colaborado
com a inibição das oxidadoras de nitrito (BON) sob o longo período de
aeração: a presença de amônia livre e/ou ácido nitroso, o tempo da fase
anóxica e ainda a estabilidade do reator na nitrificação parcial em fases
anteriores (indicando a prévia seleção das oxidadoras de amônio sobre
as oxidadoras de nitrito).
Como já mencionado, ANTHONISEN et al.(1976) sugere que
concentrações de amônia livre acima de 10 mgN.L-1 podem ocasionar
inibição das oxidadoras de amônio, entretanto, para as oxidadoras de
nitrito, a concentração inibitória pode ser ainda menor, de 0,1 mgN-
NH3.L-1. Este autor também sugere que a inibição das oxidadoras de
nitrito por ácido nitroso pode ocorrer para concentrações entre 0,22 e 2,8
mgN-HNO2.L-1. A concentração de amônia livre medida durante o
ensaio esteve acima de 3 mg N-NH3.L-1 para as 4,75 primeiras horas
(lembrando que a fase aeróbia durou 6h) sendo, portanto, um fator
positivo para a inibição das BON. A concentração de ácido nitroso
encontrada ficou abaixo de 0,05 mgN-HNO2.L-1.
ZDRADEK (2005) mostrou que a combinação de interrupção da
aeração por longos tempos (50 horas) e presença de altas concentrações
de amônio e nitrito foram capazes de suprimir a atividade das
oxidadoras de nitrito em SBR aeróbio. Deste modo, imagina-se que o
tempo sem aeração de 18 horas também foi significativo para a
manutenção da nitrificação parcial. Este longo tempo sem aeração
também afetou a atividade das oxidadoras de amônio.
TAPPE et al. (1999) mostram que cultura de Nitrosomonas
europea, mantida por 17 dias em carência de oxigênio, recobrou total
atividade em poucas horas de aeração, indicando a boa capacidade de
“adapta o” destas bactérias. ntretanto MOTA et al. (2005) encontrou
frações menores de -proteobacterias oxidadoras de amônio em cultivos
com tempos de aeração/não aeração de 1h/3h do que em cultivos com
tempos de aeração/não aeração de 1h/2h (de 22% e 28%,
respectivamente). Acúmulo de amônio também foi encontrado no SBR
operado por ZDRADEK (2005), após o longo tempo sem aeração citado
anteriormente.
A velocidade específica de consumo de amônio, obtida por ajuste
linear na Figura 5.16, foi de 13,51mgN-NH4.gSST-1.L-1. Em relação ao
período anóxico, nas primeiras horas, a velocidade específica de
consumo de nitrito foi de 15,48 mg N-NO2.gSST-1.h-1, enquanto para a
DQO foi de 53,48 mgDQO.gSST-1.h-1. A relação entre as velocidades
específicas de consumo de matéria orgânica e de nitrito (DQO/N-NO2)
foi de 3,39, bem acima da relação esperada (1,712 gDQO/g N-NO2 –
vide Eq. 3.12, pág.13), indicando que há consumo de acetato para outro
fim que não a desnitrificação.
Observa-se ainda que a DQO decai rapidamente até valor
próximos ao residual freqüentemente encontrado na saída do reator.
Apesar de a DQO permanecer longo período neste valor residual, ainda
foi observado uma queda na concentração de nitrito.
Na literatura, encontra-se relatado que a biomassa pode estocar
polímeros internos de reserva quando há grande disponibilidade de
matéria orgânica, sendo este posteriormente utilizado para a
desnitrificação em períodos onde a matéria orgânica encontra-se
escassa. Em se tratando de operações em SBR que utilizam o acetato
como fonte de carbono, a literatura indica que o polímero estocado é o
poli-hidroxibutirato (PHB) (MAJONE et al. 1998, BEUN et al., 1999,
DIONISI et al. ÇIĞGIN et al.,2007).
Em trabalho realizado por ÇIĞGIN et al. (2007) com SBR
alimentado em pulsos com acetato, foi quatificado o PHB estocado pela
biomassa, e o fator de conversão de acetato em PHB (YPHB) de 0,56
gDQO.gDQO-1. Estes autores ainda encontraram um segundo fator de,
denominado de YOBS, que considera toda a matéria orgânica consumida
para qualquer finalidade que não a desnitrificação, como mostra a
Equação 4.9 (pág. 76), encontrando um valor de 0,57 gDQO.gDQO-1.
Os valores do YPHB e YOBS encontrados por estes autores foram muito
próximos, indicando que boa parte do acetato que não foi destinado a
desnitrificação foi para o acúmulo de PHB.
Uma vez que não foram realizadas medidas de polímeros internos
estocados neste ensaio, foi realizado o cálculo do YOBS, partindo
também da Equação 4.9 pág. 74, obtendo-se 0,49 gDQO.gDQO-1.
Apesar deste fator contar com a quantificação direta de PHB, ele serve
como um indicativo de um eventual estoque de substrato pela biomassa.
Este indicativo de estoque justificaria a desnitrificação ocorrida no final
do períoco anóxico, onde houve carência de matéria orgânica
disponível.
Também foram realizados acompanhamentos de dois ciclos na
fase E, como mostram as Figura 5.17 Figura 5.18.

600
Concentração (mg.L-1)

500 Aeróbio
Anóxico
400

300

200

100

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
Tempo (h)
N-NH4 N-NO2 N-NO3 DQO
Figura 5.17: Acompanhamento detalhado das concentrações de amônio, nitrito,
nitrato e DQO no ciclo do SBR no 31dia de operação na fase E.
700
Concentração (mg.L-1)
600
Aeróbio
500 Anóxico
400
300
200
100
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
Tempo (h)
N-NH4 N-NO2 N-NO3 DQO
Figura 5.18: Acompanhamento detalhado das concentrações de amônio, nitrito,
nitrato e DQO no ciclo do SBR no 62dia de operação na fase E.

Com a passagem da operação do SBR contando com períodos


anóxicos de 12 horas, parece ter ocorrido adaptação, tanto das
oxidadoras de amônio quanto das oxidadoras de nitrito. Como pode ser
observado entre os ciclos do 31 e 62 dia da fase E, há redução
significativa do tempo de consumo de amônio permitindo que houvesse
um excedente de aeração. Deste modo, o prolongamento da fase aeróbia,
nesta fase de operação, permitiu que as oxidadoras de nitrito se
encontrassem em situação favorável em parte da fase aeróbia (sem
competição pelo oxigênio com as BOA e sem amônia livre),
apresentando atividade significativa. O nitrato encontrado no reator, nos
últimos dias de operação sob esta configuração, mostra que a atividade
das BON foi restabelecida.
Para este acompanhamento realizado no 62 dia foi encontrada
uma velocidade específica de consumo de amônio de 10,2 mg N-
NH4.gSST-1.h-1. Nas primeiras 4 horas de ensaio, a velocidade específica
de formação de nitrito foi de 3,51 mg N-NO2.gSST-1.h-1 e de nitrato 6,44
mg N-NO3.gSST-1.h-1, observando-se que a soma destas equivale ao
consumo de nitrogênio sob forma de amônio. De qualquer forma,
observa-se que após 7 horas de aeração ocorre apenas acúmulo de
nitrato.
Durante o período anóxico do acompanhamento realizado para o
62 dia de operação, houve a desnitrificação via nitrato, ocorrendo
algum acúmulo de nitrito. Segundo a literatura, as velocidades de
desnitrificação via nitrito são maiores que via nitrato e, desta forma,
imaginava-se que este acúmulo não ocorreria. Entretanto, CHUG &
BAE (2002) em estudo sobre desnitrificação em presença de nitrato e
nitrito, mostram que, para uma relação maior que 0,5 de N-NO3/N-NO2,
a desnitrificação via nitrito é inicialmente inibida.
A adição de acetato estava sendo realizada próxima a
estequiométrica para a desnitrificação via nitrito. Deste modo, com a
formação de nitrato no reator, obviamente a matéria orgânica não estava
sendo mais adequada para a desnitrificação completa.
Optou-se por adotar outras estratégias de operação visando à
obtenção da nitrificação parcial novamente no SBR.
Nas fases C, D e E os períodos muito longos de aeração e não
aeração não tiveram sucesso em relação a manutenção do sistema de
nitrificação parcial estável. Os períodos de até 7 horas de aeração para
17 horas de não aeração promoveram a redução da atividade das
oxidadoras de amônio, enquanto que os períodos de aeração de 12 horas
e não aeração também de 12 horas, permitiram um excedente de aeração
a desestabilização do sistema de nitrificação parcial alcançado
anteriormente. Na fase C e D, as velocidades específicas de consumo de
amônio foram de 13,5 e 10,2 mgN-NH4.gSST-1.h-1, respectivamente,
estando bem menores do que a obtida no ensaio E3 (item 5.1.2, pág. 62),
que foi de 21,6 mgN-NH4.gSST-1.h-1. No ensaio E3 a concentração de
amônia livre ficou abaixo de 9mgN-N-NH3.L-1 e a biomassa, em
período anterior ao teste, passava por períodos de não aeração de
somente 1 hora. Deste modo, acredita-se que a combinação da presença
de amônia livre com os tempos de não aeração longos destas fases foi
responsável pela queda da velocidade de consumo.

5.3.2 Fases F e G:

Nestas fases, o ciclo de operação do reator foi reduzido para 12


horas e os períodos de aeração e sem aeração foram reduzidos da
seguinte forma:

Fase F: Reator operado com fases aeradas intermitentes de 3h e


não aeradas de 3 h. Alimentação do meio contendo amônio no
início do ciclo na fase aeróbia e matéria orgânica no início de
cada fase anóxica, com ciclo de 12 h.
Fase G: Reator operado com fases aeradas intermitentes de 2,5 h
e não aeradas de 3,5 h. Alimentação do meio contendo amônio no
início do ciclo na fase aeróbia e matéria orgânica no início de
cada fase anóxica, com ciclo de 12 h.

Foi tomada a decisão de operar o reator novamente sob aeração


intermitente, visto que esta desempenha um importante papel no
controle da inibição das oxidadoras de nitrito. Assim, nestas fases a
aeração passou a ter duração menor e intercalada com períodos sem
aeração, visando à inibição das oxidadoras de nitrito.
A passagem do reator da fase E para a F contou ainda com uma
tentativa de inibição das BON, na qual o reator foi mantido sem aeração
durante dois dias, sendo somente adicionado o acetato para a
desnitrificação do nitrato que ainda estava presente.
As fases F e G tiveram duração de 41 e 46 dias, respectivamente.
As Figuras 5.19 e 5.20 mostram o acompanhamento das formas
nitrogenadas e DQO para este período.

600 100
550
Concentração de N (mgN.L-1)

90

Remoção de Nitrogênio (%)


500
80
450
70
400
350 60
300 50
250 40
F G
200
30
150
20
100
50 10
0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Tempo (d)
N-NH4 E N-NH4 S N-NO2 S
N-NO3 S Remoção de N
Figura 5.19: Concentração das formas nitrogenadas de entrada (E) e saída (S)
do SBR, bem como remoção de nitrogênio, obtida para as fases F e G.
100
1200 90

Remoção de DQO (%)


1000 80
DQO (mDQO.L-1)

70
800 60
F G
50
600
40
400 30
20
200
10
0 0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85
Tempo (d)
DQO E DQO S Remoção de DQO
Figura 5.20: Acompanhamento da DQO de entrada (E) e saída (S) do SBR, e
remoção de DQO, obtida para as fases F e G.

Devido ao período que o SBR permaneceu sem aeração, antes da


troca de estratégia operacional, foi encontrado amônio na saída do reator
logo nos primeiros dias de operação (Figura 5.19). Mesmo assim, após
o 4 dia, o residual de amônio já foi encontrado em concentrações muito
baixas, mantendo este mesmo comportamento durante o restante da fase
F. Altas concentrações de nitrito foram encontradas no reator, próxima
ao 20 dia de operação. Este pico foi decorrente de uma redução de
acetato na entrada no reator, ocasionada por problemas na alimentação
do mesmo (entupimento da válvula de alimentação). Assim, com a
correção deste problema, a concentração de nitrito no reator voltou a
cair. Ao final desta fase a concentração de nitrato voltou a subir e o
período aeróbio foi reduzido, iniciando a fase G. Observa-se que houve
uma tendência a redução de nitrato no reator na fase G. Entretanto
ocorreram alguns problemas operacionais nesta fase (com o controle de
PH e banho termostático), que refletiram em perda significativa da
atividade da biomassa, fazendo com que se encerrasse esta etapa de
operação.

Acompanhamentos Fase F e G

Após a mudança de operação, efetuou-se um acompanhamento


do ciclo de operação do SBR, como mostra a Figura 5.21. A
concentração da biomassa encontrada neste acompanhamento foi de 3,2
gSST.L-1.
300
Aeróbio
Concentração (mg.L-1)

250
Anóxico
200

150

100

50

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Tempo (h)

N-NH4 N-NO2 N-NO3 DQO


Figura 5.21: Concentração de amônio, nitrito, nitrato e DQO durante o ciclo do
21 dia de operação do SBR na fase F.

Neste acompanhamento, o amônio é consumido antes de terminar


a segunda fase aeróbia, portanto as oxidadoras de nitrito novamente
contaram com um tempo livre de competição pelo oxigênio e, portanto,
estas não foram totalmente inibidas na fase F. Mesmo o nitrito estando
em altas concentrações, o ácido nitroso permaneceu em concentrações
abaixo de 0,05 mg N-HNO2.L-1 durante o ciclo, em virtude de se contar
com elevados valores de pH, não sendo valores inibitórios para as BON.
Na primeira fase aeróbia, a velocidade específica de consumo de amônio
foi de 16,1 mg N-NH4.gSST-1.h-1, enquanto que a velocidade específica
de formação de nitrito e de nitrato foram de 14,7 mg N-NO2.gSST-1.h-1 e
2,1 mg N-NO3.gSST-1.h-1, respectivamente. As relações obtidas entre
consumo de amônia e a formação dos produtos gerados pela nitrificação
foram bem próximas à estequiométrica, mostrando que não estava
ocorrendo eliminação de nitrogênio na fase aeróbia. Já para a segunda
fase aeróbia, a velocidade específica de consumo de amônio foi de 20
mgN-NH4.gSST-1.h-1 e as velocidades de formação de nitrito e nitrato
foram de 18,2 mg N-NO2.gSST-1.h-1 e 2,6 mg N-NO3.gSST-1.h-1,
respectivamente. Para este período, a concentração de amônia livre
encontrada no início da primeira fase aeróbia foi de 11,4 mgN-NH3.L-1
podendo ser a causa da menor velocidade específica encontrada para
esta fase em relação à segunda fase aeróbia. Adiante serão discutidos os
valores das velocidades específicas de consumo de amônio entre os
acompanhamentos realizados para o SBR.
Para os períodos anóxicos, foram obtidas as seguintes
velocidades específicas de consumo de DQO, N-NO2 e N-NO3: 82,69
mg DQO.gSST-1.h-1, 17,58 mg N-NO2.gSST-1.h-1 e 7,01 mg N-
NO3.gSST-1.h-1 para o primeiro período e, para o segundo, 94,94 mg
DQO.gSST-1.h-1, 10,43 mg N-NO2.gSST-1.h-1 e 10,7 mg N-NO3.gSST-
1 -1
.h respectivamente, considerando a primeira hora em cada período
anóxico. Nesta fase o YOBS foi de 0,4 indicando que 60% da matéria
orgânica consumida no início das fases anóxicas está sendo direcionada
a outras finalidades que não diretamente à desnitrificação.
As medidas dos compostos nitrogenados e DQO, realizadas
durante o acompanhamento do SBR na fase G estão apresentadas na
Figura 5.22. A biomassa, presente no reator durante esse ensaio foi de
3,81gSST.L-1.

300 Aeróbio
Concentração (mg.L-1)

250 Anóxico

200
150
100
50
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Tempo (h)
N-NH4 N-NO2 N-NO3 DQO

Figura 5.22: Concentração de amônio, nitrito, nitrato e DQO obtidos para ciclo
da fase G do SBR no 47 dia de operação.

Neste acompanhamento, pode-se notar que, mesmo com a


redução do tempo da fase aeróbia, novamente houve um tempo
sobressalente de aeração. A velocidade específica de consumo de
amônio, obtida para o primeiro período aeróbio foi de 18,8 mgN-
NH4.gSST-1.h-1 sendo as velocidades de formação de nitrito e nitrato de
11,2 mg N-NO2.gSST-1.h-1 e 4 mg N-NO3.gSST-1. A relação encontrada
entre as velocidades de formação e consumo é de 0,81 indicando que
neste ensaio ocorreu novamente eliminação de nitrogênio. Nota-se que a
velocidade de consumo de amônio foi próxima à encontrada no teste E3
(item 5.1.3), onde também ocorreram eliminações de nitrogênio em fase
aeróbia. A concentração de amônia livre encontrada no início da fase
aeróbia foi de 8,6 mgN-NH3.L-1, não sendo inibitória. Em relação à
primeira fase anóxica (primeira hora), as velocidades específicas de
consumo de DQO, nitrato e nitrito foram de 62,55 mgDQO.gSST-1.h-1,
8,54 mg N-NO2.gSST-1.h-1 e 6,1 mg N-NO3.gSST-1.h-1, respectivamente.
Para confirmar o acúmulo de parte da matéria orgânica consumida, foi
realizada a medida de PHB na biomassa em três pontos da fase anóxica,
como mostra a Figura 5.23.

0,2

Concentração PBH (g.L-1)


300
DQO (mgDQO.L-1)

250 0,15
200
150 0,1
100
0,05
50
0 0
2 3 3 4 4 5 5 6 6
Tempo (h)
DQO PHB
Figura 5.23: Concentração de DQO e PHB no 47 dia de operação do SBR.

O perfil de DQO e PHB, apresentado pela Figura 5.24, mostra


que PHB é encontrado na biomassa presente no SBR, observando-se que
este acúmulo ocorreu durante o período onde houve consumo mais
intenso da matéria orgânica, sendo consumido no período onde houve
escassez, confirmando deste modo, as suspeitas levantadas durante
acompanhamentos anteriores. O YOBS e YPHB obtido nesta fase, através
das Equações 4.9 e 4.10 (pág. 74 e 75), foram de 0,48 mgDQO.mgDQO-
1
e 0,42 mgDQO.mgDQO-1, mostrando que boa parte da matéria
orgânica que não vai para a desnitrificação está sendo direcionada à
produção de PHB.
Nas Fases F e G as velocidades de consumo de amônio estiveram
entre 16 e 19 mgN-NH4.gSST-1.h-1, maiores que nas fases anteriores. A
redução do tempo colaborou com o aumento da atividade em relação às
fases anteriores, entretanto a introdução do meio contendo amônio ainda
realizada toda no início do ciclo abre a possibilidade de que sejam
encontradas concentrações de amônia livre acima de 10 mgN-NH3.L-1,
como na fase F, que colaboram com a menor atividade das oxidadoras
de amônio em relação ao alcançado na fase G e no teste E3. Nestas fases
a segunda fase aeróbia sempre contava com baixas concentrações de
amônio estando o nitrito (substrato para as BON) disponível, deste
modo os tempos de aeração e não aeração utilizados não foram capazes
de promover novamente a nitrificação parcial, prejudicando o processo
de remoção de nitrogênio.

5.3.3 Fase H

Tendo em vista a clara tendência de acúmulo de nitrato, ou seja,


a realização da nitrificação completa, decidiu-se voltar ao ciclo de 24
horas de operação, impondo-se ao sistema períodos aeróbios de 1,5
horas e anóxicos de 4,5 horas, totalizando 4 períodos aeróbios e 4
anóxicos. Nas operações anteriores do SBR, o amônio foi adicionado de
uma só vez no início do ciclo, enquanto nesta fase, a entrada de amônio
foi dividida pelo número de períodos aeróbios (4 vezes). Deste modo,
pretendia-se eliminar a possibilidade de serem encontrados períodos
aeróbios sem a presença de amônio e com presença de nitrito, como foi
visto nas fases anteriores. Lembrando que a presença de nitrito no reator
em período aeróbio sem que existisse a disputa pelo oxigênio
certamente possibilitou a volta da atividade das oxidadoras de nitrito. O
acetato também foi dividido em 4 partes sendo adicionado no início de
cada fase anóxica.
A Figura 5.24, mostra os dados obtidos para esta fase de operação
do reator.
600 100
550 90
Concentração de N (mg.L-1) 500 80
450

Remoção de N (%)
400 70
350 60
300 50
250 40
200 30
150
100 20
50 10
0 0
0 20 40 60 80 100 120 140
Tempo de Operação (d)
N-NH4 E N-NH4 S N-NO2 S
N-NO3 S Remoção de N

Figura 5.24: Dados de concentração das formas nitrogenadas de entrada (E) e


saída (S) do SBR, bem como remoção de nitrogênio, obtida para a fase H.

Em termos de valores médios durante esse período, a


concentração de amônio no efluente foi de 12,55 mgN-NH4+.L-1, do
nitrito 14,86 mgN-NO2.L-1 e do nitrato 0,39 mgN-NO3.L-1. Este tipo de
operação se mostrou estável na formação de nitrito, mesmo com o SBR
sendo mantido sob aeração durante 1,5 horas. Para esta operação, foram
obtidas remoções de N de 94,44% e de DQO de 90,17%.

Acompanhamento cinético de um ciclo na fase H

A concentração celular do SBR tomada no dia do


acompanhamento do ciclo foi de 4,04 g SST.L-1.
300 4

Concentração PHB*10 (g.L-1)


3,5
Concentração (mg.L-1)

250
Aeróbio
3
200 Anóxico
2,5
150 2
1,5
100
1
50
0,5
0 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
Tempo (h)
N-NH4 N-NO2 N-NO3 DQO PHB*10

Figura 5.25: Concentração de amônio, nitrito, nitrato e DQO e PHB durante o


1280 dia de operação da fase H do SBR.

Como pode ser observado, pouco nitrato foi formado durante o


período aeróbio, sendo que concentrações de amônio foram encontradas
durante todo o período aeróbio. Um fato que chamou a atenção sobre
este acompanhamento é que a variação da concentração de nitrito,
formado durante os períodos aeróbios, foi menor que o gradiente de
amônio consumido nestas mesmas fases.
De fato, a velocidade específica de consumo de amônio (N-NH4)
para o primeiro período aeróbio foi de 12,96 mgN-NH4.gSST-1.h-1,
enquanto que a de formação de nitrito (N-NO2) foi de 9,78 mgN-
NO2.gSST-1.h-1. Já para a velocidade específica de consumo dos
substratos acetato (DQO) e nitrito (N-NO2) foram de 95,1 mgDQO.gSST-
1 -1
.h e de 15,61 mgN-NO2.gSST-1.h-1 no início das fase anóxicas. A
tabela 5.6 apresenta a diferença na concentração final e inicial dos
compostos nos períodos aeróbios.

Tabela 5.6:Gradiente de substratos encontrados no ciclo relativo ao 1280 dia de


operação na fase H.
DQO
 N-NH4  N-NO2  N-NO3  DQO Remoção
t (h) N (%) N-NO2+N-
Período (mgDQO.
(mgN.L-1) (mgN.L-1) (mgN.L-1)
L-1) NO3)
Aeróbio 1 0 - 1,5 74,41 56,14 4,85 18
1,5 -
Anóxico 1 34,02 6,07 192,03 4,79
2,07*
Aeróbio 2 6-7,5 73,11 48,20 4,72 27,6
Anóxico 2 7,5-8,05* 28,59 5,26 136,83 4,04
Aeróbio 3 12-13,5 59,01 35,40 6,47 29,1
Anóxico 3 13,5-14* 18,93 4,85 138,04 5,8
Aeróbio 4 18-19,5 58,89 34,70 4,72 33,1
19,5-
Anóxico 4
20,5* 22,86 4,45 180,22 6,6
*Parte do período anóxico onde há disponibilidade e consumo de matéria orgânica.

A eliminação de nitrogênio foi próxima a 30% para a maioria das


fases aeróbias. Cabe ressaltar que durante a operação do reator e,
portanto, do ciclo acompanhado, o oxigênio dissolvido no meio não foi
limitante (OD > 4 mgO2.L-1). Nota-se que a velocidade de consumo de
amônio encontrada nesta fase é menor que para a fase F, onde houve
eliminação de nitrogênio na fase aeróbia (verificada pela equivalência
nas velocidades de formação e consumo nas respectivas fases).
Entretanto, nesta fase foi observado que os flocos formados no reator
apresentaram formação parecida com grânulos, como será apresentado
posteriormente neste trabalho, o que poderia permitir a existência de
zonas anóxicas internas.
Imaginando-se que estas zonas anóxicas estariam presentes, uma
possibilidade de eliminação de nitrogênio seria via bactérias Anammox
uma vez que nestas fases conta-se com amônio e nitrito. Outra
possibilidade ainda é que a eliminação de nitrogênio esteja ocorrendo
mediante desnitrificação no interior dos flocos, com o uso de polímeros
internos como substrato, via nitrificação e desnitrificação simultânea
SN . m trabalho realizado por ÇIĞGIN et al. (2007), uma cultura
pode estocar PHB quanto adaptada a alimentações realizadas em forma
de pulsos. De fato, foi observado neste acompanhamento que houve
tanto o acumulo de PHB durante a fase anóxica, como consumo deste
polímero no período anóxico, evidenciando que, ao menos em parte, há
uma desnitrificação ocorrendo internamente nos flocos.
Além disso, a adição de acetato adicionada ao SBR foi calculada
com a pretensão de que todo o amônio fosse a nitrito, obedecendo a uma
relação DQO/N de 2, ou seja, próxima à estequiométrica para a
desnitrificação. Com a eliminação de parte do nitrogênio no período
aeróbio, menor quantidade de nitrito é encontrada no início da fase
anóxica, em relação ao que era esperado, permitindo um excesso de
matéria orgânica. Deste modo a alta disponibilidade de matéria orgânica
permitiu o estoque de PHB (poli-hidroxibutirato) pela biomassa,
conforme indicado na Figura 5.25 (1ª parte do ciclo).
5.3.4 Fases I e J

Com a estabilidade do processo em ciclo de 24 horas, a operação


do SBR voltou a ser efetuada em 12 horas e mais duas fases de operação
foram realizadas.

Fase I: Reator operado com alimentação e aeração intermitentes


(1,5 h aerando e 4,5h sem aeração). Alimentação do meio
contendo amônio dividido em 2 vezes sendo realizado no início
da fase aeróbia e matéria orgânica dividida em 2 vezes e
adicionada no início da fase anóxica, com ciclos de 12 horas.
Fase J: Reator operado com alimentação e aeração intermitentes
(2 h aerando e 4h sem aeração). Alimentação do meio contendo
amônio dividido em 2 vezes sendo realizado no início da fase
aeróbia e matéria orgânica dividida em 2 vezes e adicionada no
início da fase anóxica, em ciclos de 12 horas.

Na fase I, a aeração foi realizada com os mesmos tempos de


aeração e sem aeração da fase anterior, porém o meio passou a ser
adicionado em 2 vezes (antes era realizado em 4 vezes) e maior
concentração de amônio estava presente no início das fases aeróbias.
Como conseqüência, o período de aeração não foi suficiente para a
nitrificação ocorrer completamente, o que pode ser observado pela
constante presença de amônio na saída do reator (Figura 5.26).
600 100
Concentração de N (mg.L-1)

550
500 80
450
Remoção de N (%)

400
350 60
300
250 40
200
150
100 20
50
0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Tempo de Operação (d)
N-NH4 (S) N-NO2 (S) N-NO3 (S)
N-NH4 E Remoção de N

Figura 5.26: Concentração das formas nitrogenadas de entrada (E) e saída (S)
do SBR, bem como remoção de nitrogênio, obtida para a fase I.
O reator ainda foi operado algum tempo com esta proporção, para
ver se as oxidadoras de amônio se adaptavam a esta condição, mas com
o amônio ainda presente no efluente por mais de 70 dias, a operação foi
alterada contando com fases aeróbias de 2 horas na fase J.
Concentração de N (mg.L-1)

600 100
90
500 80

Remoção de N (%)
400 70
60
300 50
40
200 30
100 20
10
0 0
0 20 40 60 80 100
Tempo de Operação (d)

N-NH4 E N-NH4 S N-NO2 S


N-NO3 S Remoção N

Figura 5.27: Concentração das formas nitrogenadas de entrada (E) e saída (S)
do SBR, bem como remoção de nitrogênio, obtida para a fase J.

Conforme pode ser visto através da figura 5.27, na fase J houve


uma tendência a uma maior estabilidade do reator, tendo em vista o
maior período de aeração. O SBR foi operado por 110 dias nesta fase,
em que concentração média de amônio de entrada foi de 509,9 mgN-
NH4.L-1, enquanto a concentração de amônio, nitrito e nitrato de saída
foram de 13,5 mgN-NH4.L-1 e 4,82 mgN-NO2.L-1 e 0,49 mgN-NO3.L-1,
considerando-se o período após o 71 dia de operação. A remoção de
nitrogênio obtida para esta fase foi de 96%, havendo remoções muito
próximas de 100% em vários instantes de operação.

Acompanhamento cinético de ciclo para a fase J

O comportamento obtido no ciclo típico da fase J foi similar ao


da fase H. A concentração celular do SBR no dia em que foi realizado o
acompanhamento do ciclo era de 3,49 gSST.L-1.
400
Concentração (mg.L-1)

350 Aeróbio
300 Anóxico
250
200
150
100
50
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Tempo (h)
N-NH4 N-NO2 DQO N-NO3

Figura 5.28: Concentração de amônio, nitrito, nitrato e DQO durante o 109 0 dia
de operação da fase J do SBR.

Observa-se pela Figura 5.28 que, novamente em relação ao


esperado, menor concentração de nitrito foi encontrado no final do
período aeróbio. Foram medidas as variações das concentrações de
amônio, nitrito, nitrato para as fases aeróbias, e de nitrito e DQO para o
início das fases anóxicas, mostrando que eliminações de nitrogênio
ainda ocorreram durante a fase aeróbia (Tabela 5.7).

Tabela 5.7:Gradiente de substratos encontrados no ciclo do SBR para a fase J.


 DQO
 N-NH4  N-NO2  N-NO3 Remoção DQO
Período t (h) (mgDQO.
(mgN.L-1) -1 -1
(mgN.L ) (mgN.L ) -1 de N (%) N-NO2
L )
Aeróbio 1 0-2 145,04 97,70 1,21 31,8
Anóxico 1 2-2,3* 87,99 280,38 3,19
Aeróbio 2 6-8 127,38 1,35 99,18 21,1
Anóxico 2 8-8,5* 101,24
194,09 1,92
*Parte do período anóxico onde há disponibilidade de matéria orgânica.

Imagina-se que as causas que levaram a eliminação de nitrogênio


em fase aeróbia neste acompanhamento sejam as mesmas discutidas
anteriormente para a fase H, onde o comportamento obtido no SBR foi
similar.
Considerações Finais das fases de operação do SBR na terceira etapa

A mudança de alimentação do SBR em forma de pulsos


proporcionou a presença de altas concentrações de amônio no reator e,
deste modo, foram observadas maiores atividade das oxidadoras de
amônio quando comparadas a fase onde foi realizada a distribuição da
alimentação (Etapa 3: acima de 10 mgN-NH4.gSST-1.h-1, Etapa 1: 3,7
mg N-NH4.gSST-1.h-1). Entretanto, quando foi encontrada amônia livre
em concentrações tidas como inibitórias ou períodos muito extensos sem
aeração, a atividade destas bactérias foi afetada negativamente. Com a
oscilação encontrada na atividade das oxidadoras de amônio, frente às
diferentes condições aplicadas, os tempos de aeração por vezes
acabaram sendo superestimados permitindo a reativação das oxidadoras
de nitrito e, deste modo, prejudicando o processo de nitrificação parcial.
As operações em forma de pulsos permitiram eliminações de
nitrogênio em fase aeróbia, auxiliando na remoção total de nitrogênio do
sistema. Com isso o uso de DQO/N de 2 foi suficiente para que
remoções de nitrogênio acima de 96% fossem alcançadas.

5.3.5 Ensaios de atividade desnitrificante

Foram realizados ensaios desnitrificantes em batelada no sentido


de investigar os mecanismos envolvidos na remoção de matéria orgânica
em meio anóxico (utilizando nitrito como substrato). Para a realização
destes ensaios, foram retiradas alíquotas de lodo do próprio SBR (fase
J), as quais foram preparadas conforme descrito no item 4.6 deste
trabalho.
As diferentes concentrações iniciais de substrato, bem como as
concentrações de biomassa utilizadas para cada ensaio, encontram-se
descritas na Tabela 5.8.

Tabela 5.8: Concentrações iniciais de biomassa e substrato utilizada nos ensaios


desnitrificantes.
N-NO2 0 S0/X0 DQO 0 * DQO/N
X0
Ensaio (mgN-NO2. (mg N-NO2. (mgDQO.
(gSST.L-1)
L-1) gSST-1) L-1)
1 0,98 51,17 52,21 102,42 2,00
2 0,94 107,82 114,70 224,16 2,08
3 1,03 254,62 247,20 526,13 2,07
N-NO2 0 S0/X0 DQO 0 * DQO/N
X0
Ensaio (mgN-NO2. (mg N-NO2. (mgDQO.
(gSST.L-1)
L-1) gSST-1) L-1)
4 1,04 518,07 498,14 1095,59 2,11
5 0,96 271,54 282,85 780,77 2,88
*Referente ao aumento de DQO pela adição de acetato.

Para os ensaios 1-4 foi utilizada uma relação DQO/N próxima a 2


mgDQO.mg N-NO2 -1, que era a relação prevista na operação do SBR
(início dos períodos anóxicos no reator). Para o ensaio 5 esta relação foi
maior, próxima à relação utilizada na desnitrificação via nitrato.
Na Tabela 5.8, a DQO0 foi obtida pela diferença entre a DQO
medida logo após a suspensão das células na solução de nutrientes e a
DQO medida após a adição de acetato. Como será discutido adiante,
compostos presentes na solução de nutrientes contribuem com alguma
DQO. Deste modo, o termo DQO0 reflete mais claramente a relação
entre nitrito e a matéria orgânica prontamente disponível para a
biomassa no início de cada teste.
A Figura 5.29 e a Figura 5.30 mostram o resultado obtido no
acompanhamento das concentrações de nitrito, DQO, SST e PHB
durante os ensaios desnitrificantes. A concentração de PHB apresentada
nas Figuras 5.7 e 5.8 foi multiplicada por 10 para facilitar a observação
do PHB na escala utilizada. Em todos os testes dois pontos de DQO
estão apresentados no instante inicial que são: a DQO atribuída à
solução de micronutrientes e a DQO medida imediatamente após a
adição de acetato.
200 1,2

Concentração (mg.L-1)

SST e PHB*10 (g.L-1)


1,0
150
0,8
100 0,6
0,4
50
0,2
0 0,0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
(a) Tempo (h)

SST e PHB*10 (g.L-1)


Concentração (mg.L-1)

300 1,2
250 1,0
200 0,8
150 0,6
100 0,4
50 0,2
0 0,0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
(b) Tempo (h)
Concentração (mg.L-1)

SST e PHB*10 (g.L-1)


600 3,0
500 2,5
400 2,0
300 1,5
200 1,0
100 0,5
0 0,0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
(c) Tempo (h)
Concentração (mg.L-1)

SST e PHB*10 (g.L-1)

1200 3,5
1000 3,0
800 2,5
2,0
600
1,5
400 1,0
200 0,5
0 0,0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
(d) Tempo (h)
Figura 5.29: Dados de concentração de nitrito (), DQO (), SST () e
PHB*10 () obtidos para os ensaios desnitrificantes (a) Ensaio 1, (b) Ensaio 2,
(c) Ensaio 3, (d) Ensaio 4.
1000 2,0
Concentração (mg.L-1)

SST e PHB*10 (g.L-1)


800 1,5
600
1,0
400
200 0,5

0 0,0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
Tempo (h)
Figura 5.30: Dados de concentração de nitrito (), DQO (), SST () e
PHB*10 () obtidos para os ensaios desnitrificantes (a) Ensaio 1, (b) Ensaio 2,
(c) Ensaio 3, (d) Ensaio 4.

Conforme descrito em Matérias e Métodos (Item 4.5, pg. 73), a


biomassa foi exposta a 30 minutos de aeração antes do início do teste,
para recriar condições semelhantes à ocorrida durante a operação do
SBR (período aeróbio precedendo a desnitrificação).
Para cultivos em cultura pura há relatos da necessidade de 2 a 3
horas para que possa iniciar a desnitrificação, caso as células tenham
sido cultivadas na presença de oxigênio. Isto ocorreria, pois a passagem
de uma situação na qual as células possuem um metabolismo
tipicamente aeróbio para um anóxico, exigiria um tempo no qual as
enzimas necessárias para a nova condição pudessem ser sintetizadas
(Schmidell & Reginatto, 2007).
Como pode ser observado, o nitrito e a DQO são consumidos
rapidamente após o início do teste, mostrando que a biomassa retoma
imediatamente a atividade desnitrificante, mesmo após o período
aeróbio de 30 minutos. Muito provavelmente, a inibição frente a
períodos aeróbios não ocorreu devido ao crescimento da biomassa em
aglomerados e pelo fato de se tratar de uma cultura mista.
Nestes ensaios, a matéria orgânica prontamente disponível é
rapidamente consumida em curto intervalo de tempo, observando-se a
existência de períodos de abundância e escassez de substrato.
Os perfis dos substratos encontrados nestes ensaios foram
similares aos vistos em outros trabalhos, nos quais a biomassa, que
passa por freqüentes situações dinâmicas, acúmula PHB em períodos em
que o substrato encontra-se em abundância (Krishna & Van Loosdrecht,
1999, Majone et al. 1999, Beun et al. 2000; Bernat et al. 2008).
O estoque de PHB ocorre em condições aeróbias ou anóxicas,
quando a velocidade de consumo de material orgânico excede a
capacidade de conversão desse substrato em biomassa (Majone et al.
1999, Beun et al. 2000, 2002, Third et al., 2003). Deste modo, parte da
matéria orgânica além de ser utilizada para obtenção de energia e para
algum crescimento celular, é direcionada para outras finalidades, como a
síntese interna de PHB.
Trabalhos realizados por Beun et al. (2000) e Dionisi et al.
(2001) mostram que a concentração de PHB estocado pela célula é
comumente encontrada em maior quantidade no final do período de
abundância e ainda que a equação da velocidade de estocagem deste
polímero tende a ser de ordem zero.
Observa-se que, em todos os ensaios, a concentração de sólidos
suspensos totais apresentou um aumento inicial, com posterior queda a
valores próximos dos iniciais. Deste modo, amostras de PHB foram
tomadas no ponto de máximo SST, de modo a poder verificar os
mecanismos de remoção de matéria orgânica neste trecho inicial, que
será apresentado a seguir.
No período de abundância, foi estimado o uso da matéria
orgânica, nos processos de desnitrificação e para a formação de PHB
pela biomassa. Para tanto, o PHB formado foi convertido em DQO, de
acorco com a Equação 4.1, que mostra uma relação de
1,67mgDQO.mgPHB-1. A DQO consumida para a desnitrificação foi
estimada pelo consumo de nitrito e pela relação fornecida pela Equação
3.12, que mostra uma relação de 1,712mgDQO.mgN-1.
A Figura 5.31 mostra o consumo de DQO estimado para a
desnitrificação (DSN), o consumo de DQO para a formação de PHB
(PHB) somado ao consumo da DQO para desnitrificação, e, o consumo
total de DQO do meio, para o período de abundância. O consumo de
PHB foi somado ao consumo de DQO (PHB + DSN) uma vez que se
imaginava que esta soma ainda não representaria o consumo total de
DQO que medido no meio.
Como a análise de PHB foi realizada no início e no final do
trecho, não foi possível traçar a curva de DQO referente ao acúmulo
deste polímero ao longo do período de abundância. Porém, foi indicada
a contribuição do PHB no consumo de DQO ao final do período
analisado. De qualquer modo, os gráficos representam uma idéia da
contribuição de cada mecanismo no consumo da matéria orgânica
fornecida.
Acredita-se que, para o ensaio 3, houve um erro analítico na
determinação do polímero uma vez que a soma da contribuição do
acúmulo de PHB com a da desnitrificação ultrapassa o valor total de
DQO consumido no meio (Figura 5.31 – c). Mesmo assim, os demais
ensaios realizados indicam o uso da DQO para outras finalidades que
não a desnitrificação e nem a formação de PHB.

120
Substrato removido

100
(mgO2.L-1)

80
60 PHB PHB + DSN
40
20 DSN
0
(a) 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7
Tempo (h)
250
removido(mgO2L-1)

200
Substrato

150
PHB PHB + DSN
100
50 DSN
0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4
(b)
Tempo (h)
600
removido(mgO2L-1)

500 PHB
Substrato

400
300
PHB + DSN
200
DSN
100
0
0,0 1,0 2,0 3,0
(c) Tempo (h)
1200
Substrato removido

1000
(mgO2L-1)

800 PHB
600
400 PHB + DSN
200 DSN
0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0
(d)
Tempo (h)
800

Substrato removido
600

(mgO2L-1)
PHB
400
PHB + DSN
200 DSN
0
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00
(e) Tempo (h)

Figura 5.31: Contribuição de fenômenos no consumo de acetato nos testes


desnitrificantes : () DQO consumida no meio, ()DQO consumida para
Desnitrificação (DSN). () Consumo de DQO acumulado para PHB + DSN
para os ensaios (a) Ensaio 1, (b) Ensaio 2, (c) Ensaio 3, (d) Ensaio 4, (e) Ensaio
5.

Para facilitar uma comparação quanto a proporção de DQO


destinada aos diferentes mecanismos que envolvem a remoção de
matéria orgânica, foram obtidos alguns fatores de converão da matéria
orgânica para no período de abundância, que estão apresentados na
Tabela 5.9. O YDSN, fator que indica quanto de matéria orgânica foi
utilizada na desnitrificação, o YOBS, considera quanto do acetato foi
destinado para outros fins que não a desnitrificação (1-YDSN) e o YPHB,
fator que indica quanto do acetato foi acumulado em PHB, (vide Eq.
4.10, pág. 75). Cabe ressaltar que o YOBS engloba o YPHB, pois, de toda
matéria orgânica consumida que não foi para a desnitrificação, uma
parcela é destinada à formação de PHB.

Tabela 5.9:Fatores de conversão de substrato para a desnitrificação, para o PHB


obtidos para os ensaios de desnitrificação no período onde há matéria orgânica
disponível.
Ensaio 1 2 3 4 5
YDNS (mgDQO. mgDQO-1) 0,3 0,44 0,46 046 0,48
YOBS (mgDQO.mgDQO-1) 0,7 0,56 0,54 0,54 0,52
YPHB (mgDQO.mgDQO-1) 0,34 0,37 - 0,4* 0,29
*YPHB calculado com PHB obtido em ponto após o período de abundância.
O YDSN do ensaio 1 mostra que, para a concentração inicial de 51
mg N-NO2.L-1, somente 30% da DQO foi destinada ao processo de
eliminação de nitrogênio, enquanto para os demais testes, com mesma
relação DQO/N (próxima a 2), 44 a 48% da DQO foi direcionada para a
desnitrificação. Não se sabe ao certo por que ocorreu esta diferença de
valores entre o ensaio 1 e os ensaios 2 a 5, entendendo-se que testes
ainda devem ser efetuados para confirmar tal comportamento. O YDSN
para o caso onde a DQO/N foi maior (ensaio 5) foi próximo aos demais
ensaios confirmando o observado por Çiğgin et al. (2009). Estes autores
mostraram que com diferentes relações DQO/N (1,54; 2,93 e 3,84),
onde acetato e nitrato foram utilizados como substratos, o YOBS foi
muito próximo (0,59; 0,56 e 0,57). Isto mostra que, a princípio, não
importa qual a concentração inicial de substrato, ou a relação DQO/N
utilizada, a proporção de DQO destinada à desnitrificação parece ser
próxima.
Dionisi et al. (2001) estudaram o acúmulo de PHB em meio
anóxico por cultura mista proveniente de um CSTR, alimentado
intermitentemente com meio contendo diferentes concentrações de
acetato e nitrato, mantendo uma relação DQO/N-NO3 de 3,56. Estes
autores encontraram valores de YOBS entre 0,62 e 0,68
mgDQO.mgDQO-1 (somente cerca de 38% da DQO consumida era
destinada à desnitrificação), enquanto o YPHB variou entre 0,27 e 0,55
mgDQO.mgDQO-1. Assim, tem-se na literatura que as concentrações de
alimentação parecem influenciar muito mais na quantidade de matéria
orgânica destinada ao acúmulo de PHB do que necessariamente na
proporção destinada à desnitrificação. Nos ensaios 1-4, realizados neste
trabalho, também foi observado, embora de forma mais sutil, um
aumento do YPHB com a elevação da concentração inicial de substrato
(para relações de DQO/N próximas).
Em relação à fração destinada ao acúmulo de PHB, quando se
eleva a relação DQO/N, o ensaio 5 obteve menor YPHB, ao contrário do
observado por Çiğgin et al. (2009). Estes autores encontraram maior
valor para relações mais altas de DQO/N utilizadas (YPHB de 0,33; 0,4 e
0,57 para DQO/N de 1,54; 2,93 e 3,84, respectivamente).

Para estes ensaios ainda foram calculadas as velocidades iniciais


de consumo de nitrito r’N-NO2 de consumo de QO r’DQO) e de
forma o de biomassa r’SST), para o período de abundância, obtidas
através do coeficiente angular das retas de consumo e aumento da
biomassa. Também foi obtido o fator de conversão de DQO em
biomassa, Yx/s, pela relação entre a velocidade inicial de produção de
biomassa e a velocidade inicial de consumo de DQO. A Tabela 5.10
mostra os valores encontrados para os ensaios 1-5.

Tabela 5.10: Velocidades de consumo obtidas para os ensaios de


desnitrificação.

Ensaio 1 2 3 4 5
-1 -1
-r’N-NO2 (mgN-NO2.L .h ) 29,1 50,1 63,6 64,7 73,9
-1 -1
-r’DQO (mgDQO.L .h ) 164,06 189,1 232,96 244,4 269,7
r’SST (gSST.L .h )
-1 -1
0,07 0,06 0,12 0,08 0,11
-’N-NO2 29,3 51,7 54,6 54,5 66,13
(mgN-NO2.gSST-1.h-1)*
r’DQO r’N-NO2
5,64 3,77 3,66 3,78 3,65
(mgDQO.mgN-NO2-1)
x s r’SST r’ DQO)
0,4 0,33 0,5 0,34 0,41
(mgSST.mgDQO-1)
* Obtido com SST médio para o período analisado.

As velocidades específicas de consumo de nitrito indicam que,


para as concentrações iniciais de nitrito acima de 247 mgN-NO2.L-1
(teste 3 e 4), e relação DQO/N próxima a 2, a velocidade de
desnitrificação parece tender a um valor máximo. Entretanto, um
aumento na velocidade específica de consumo de nitrito ainda é
alcançado, com a adição de maior quantidade de matéria orgânica, como
pode ser visto entre os ensaios 3 e 5, para os quais as concentrações
iniciais de nitrito são próximas e a relação DQO/N foi elevada. Uma vez
que praticamente a mesma proporção de DQO é destinada a
desnitrificação (YDSN), e nos últimos ensaios obteve-se maior velocidade
de consumo de nitrito, parece ser um atrativo operar o SBR com
concentrações mais elevadas de substrato, quando alimentado em
pulsos.
A título de comparação com valores encontrados na literatura, a
Tabela 5.11 mostra que as velocidades específicas de desnitrificação via
nitrito, encontradas nestes ensaios estão acima de alguns valores
observados em outros trabalhos.
Tabela 5.11:Velocidades específicas de desnitrificação via nitrito encontradas
na literatura.
Fonte N-NO2(mgN-NO2.gSSV-1.h-1)
Gali et al. (2006) 47
Abeling & Seyfried (1992) 7,8
Beccari et al (1983) 12,5
Turk & Mavinik (1987) 28,1
Chung & Bae (2002) 18,24-38,16

A relação entre a velocidade de consumo de DQO, rDQO, e a


velocidade de produção de biomassa, rSST, fornece outro dado
importante, que é Yx/s, ou seja, quanto de biomassa foi produzido por
substrato consumido. Segundo Wiesmann (1994), o Yx/s encontrado
para a redução de N-NO3 é de 0,4mgSSV.mgDQO-1.
Observa-se que para os ensaios efetuados os valores de Yx/s
encontrados situam-se próximo ao relatado por Wiesmann (1994).
Entretanto, é importante fazer uma ressalva quanto à composição dos
sólidos suspensos voláteis encontrados, pois o PHB participa de sua
composição e, portanto, o valor real de produção de biomassa neste
período seria menor. Na literatura encontra-se reportado que, no período
de abundância em que o fenômeno de estoque de PHB tem destaque, o
crescimento da biomassa é reduzido (van Loosdrecht et al., 1997;
Dionisi et al., 2001).

Embora a matéria orgânica utilizada estivesse em proporção


acima da relação estequiométrica para a desnitrificação via nitrito (1,712
mgDQO.mgN-NO2-1), a remoção de nitrogênio não foi completa, como
pode ser observado na Figura 5.32.
100
Remoção de N (%) 90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
Tempo (h)
NO2= 51 mgN/L NO2 = 108 mgN/L
NO2 = 255 mgN/L NO2= 518 mgN/L
Figura 5.32: Remoções de nitrogênio obtidas para diferentes concentrações
iniciais de substrato nos testes desnitrificantes.

100
90
80
Remoção DQO (%)

70
60
50
40
30
20
10
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
Tempo (h)
NO2=51 mgN/L NO2= 108 mgN/L
NO2 = 255 mgN/L NO2=518 mgN/L
Figura 5.33: Remoções de DQO obtidas para diferentes concentrações iniciais
de substrato nos testes desnitrificantes.

Como foi visto na Figura 5.31, nos ensaios somente parte da


DQO é utilizada para a desnitrificação resultando em uma menor
remoção de nitrogênio.
No ensaio 1, realizado com menor concentração de substrato, a
remoção de nitrogênio foi a mais comprometida, alcançando-se somente
42% de eliminação de N ao final das 24 horas, enquanto que para o
ensaio com maior concentração de nitrito inicial este valor foi de 76,7%.
Embora o YDSN obtido, tenha sido próximo para os ensaios 2-4, observa-
se maior remoção de nitrogênio quanto maior a concentração inicial de
nitrito. Esta diferença pode ser atribuída à desnitrificação ocorrida após
o consumo da matéria orgânica prontamente disponível, onde parece que
o PHB é utilizado como substrato (vide Figura 5.29 onde há o consumo
de PHB após os períodos de abundância).

5.3.6 Flocos

Durante a realização deste trabalho, foi visto que o lodo, o qual se


encontrava inicialmente bem disperso, apresentou formação de grandes
agregados ao longo das fases de operação. A Figura 5.34apresenta uma
amostra do lodo, na última fase de operação (fase J), após a filtração.

Figura 5.34: Biomassa filtrada do SBR na fase J.

Como pode ser visto na Figura 5.34, apesar de uma quantidade de


lodo ainda estar dispersa, foram encontrados muitos flocos grandes que
apresentavam bordas bem definidas. Estas características são similares
às encontradas em lodos granulares (flocos compactos, densos e com
aparência externa próximas à esférica).
Em processos de lodos ativados, microrganismos e partículas
presentes no tratamento são encontrados em pequenos flocos de 50-300
m de tamanho. Segundo Lemaire (2008) em condições especiais, estes
flocos podem ser muito maiores e compactos, formando grânulos. De
acordo com Figueroa et al. (2009) lodos granulares aeróbios podem ter
diferentes tamanhos de agregados dependendo de parâmetros como o
equilíbiro do crescimento da biomassa, produção de polímeros
extracelulares, despreendimento de células do grânulo e da composição
do meio. Estes autores ainda reportam que em trabalho realizado por
Arrojo et al. (2004)24 foi obtido lodo granular com distribuição de
tananho entre 0,25 e 0,4 mm em processo de tratamento de efluente em
SBR e que, Figueroa et al, (2008)25, encontraram uma distribuição de
granulos aeróbios entre 0,6 e 6,5 mm em processo de remoção de
carbono e nitrogênio de efluente de peixe enlatado.
A fim de se investigar um pouco melhor a morfologia dos flocos
presentes no lodo do SBR, algumas amostras foram analisadas em
microscópio eletrônico de varredura (MEV). As Figura 5.35-5.38
mostram a estrutura dos flocos para duas fases de operação do SBR
(fase H e fase J – modo de operação vide Figura 4.3).

Figura 5.35: Fotografias obtidas por MEV da biomassa do SBR na fase H com
aumento de 30x.

24
Arrojo, B.; Mosquera-Corral, A.; Garrido, J.M.; Méndez, R. (2004) Aerobic Granulation
with industrial wastewater in sequencing batch reactors. Water Research, n38, 3389-3399.
25
Figueroa, M.; Mosquera-Corral, A.; Campos, J.L; Méndez, R. (2008) Treatment of saline
wastewater in SBR aerobic granular reactors. Water Science and Technology. n 58(2), 479-
485.
a b

Figura 5.36: Fotografias obtidas por MEV da biomassa do SBR na fase H com b
aumento de: (a) 400x; (b) 3.500x.

Figura 5.37: Fotografias obtidas por MEV da biomassa do SBR na fase J com
aumento de: (a) 33x;
a b

Figura 5.38: Fotografias obtidas por MEV da biomassa do SBR na fase J com
aumento de: (a) 80x; (b) 5.000 x.

A Figura 5.35 mostra que flocos pequenos de diversos tamanhos


foram encontrados na fase H, sendo os maiores flocos observados com
tamanho de até 0,75 mm.
Na fase J (última fase de operação do SBR) foram encontrados
flocos com distribuição de tamanho mais próximas, onde o maior floco
observado apresentou espessura próxima a 1,5 mm (Figura 5.37e Figura
5.38(a)). Todavia, a Figura 5.34 mostra que flocos com
aproximadamente 3 mm foram encontrados na fase J.
Não foi realizado o acompanhamento da distribuição do tamanho
dos flocos ao longo do trabalho, entretanto a mudança dos flocos,
inicialmente dispersos, para flocos maiores e mais compactos pode ser
observada a olho nú.
Segundo Liu et al. (2004), a formação de grânulos anaeróbios
em reatores UASB requer de 2-8 meses, porém grânulos aeróbios
podem ser desenvolvidos em até quatro semanas apresentando boa
capacidade para remover nutrientes. Neste trabalho, foi observado sinais
de alterações na formação de agregados a partir da mudança da
alimentação para forma de pulsos.
Dentre as vantagens de operações com a presença de grânulos
está a boa propriedade de sedimentação no reator, com conseqüente
favorecimento da retenção de biomassa no reator e, igualmente como
decorrência, ocorre o aumento da capacidade de absorver choques de
carga (Li et al., 2008). Segundo Chudoba et al. (1973), microrganismos
filamentosos possuem baixos valores da velocidade específica máxima
de crescimento (máx) e baixos valores da constante de afinidade (Ks)
do que os não filamentosos, o que permite um favorecimento dos
filamentosos frente a baixas concentrações de substrato. De acordo com
Martins et al. (2003), em estudo sobre o efeito da distribuição da
alimentação sobre a sedimentação do lodo, o decréscimo do gradiente de
substrato ocasionado pelo aumento da duração da fase de alimentação,
teve efeito negativo sobre a sedimentabilidade do lodo. Segundo estes
autores, quando há baixas concentrações de substrato no meio,
estruturas com muitos filamentosos podem proliferar enquanto que, para
altas concentrações de substrato no meio, os filamentosos perdem a
vantagem em relação aos não-filamentosos.
De fato foi observada uma melhor sedimentação no reator ao
longo das fases de operação que acredita-se ser relacionada à presença
flocos grandes. Foi observado que a biomassa sedimentava em 5 - 10
minutos na fase I, enquanto que nas fases iniciais de operação a
sedimentação levava 45 minutos. A melhor sedimentação permitiu que o
decantação nos ciclos fosse reduzido ao longo da operação do SBR.
Através das fotos apresentadas pelas Figura 5.36 (b) e Figura
5.38(b) foram observadas a coexistência de bactérias filamentosas e não-
filamentosas nos grânulos. O equilíbrio entre estas bactérias certamente
favoreceu a melhor formação dos grânulos. Para a biomassa da fase J
também foram encontrados menos flocos dispersos, além de grânulos
com superfície melhor definida do que para a fase H (Figura 5.36 (a) e
Figura 5.38 (a)). Cabe lembrar que na fase J a alimentação passou a ser
realizada com metade dos pulsos da fase H, portanto, a concentração
inicial dos substratos no meio era maior, favorecendo ainda mais o
crescimento das bactérias não-filamentosas.
Na literatura ainda encontra-se relatos que muitas vezes são
encontradas limitações na transferência de massa em casos onde tem-se
flocos com estrutura maior e mais compacta. Estas limitações
proporcionam a existência de camadas internas que favorecem o
estabelecimento e interação entre determinados consórcios de
microrganismos. Um exemplo típico seria o caso de grânulos aeróbios
onde pode ocorrer o processo simultâneo de nitrificação e
desnitrificação.
Li et al. (2008) analisaram o perfil do oxigênio no interior dos
flocos mostrando que este consegue permear o grânulo mais
profundamente em ausência de substrato. Para grânulos com raio de 0,9
mm, em ausência de substrato, o oxigênio permeia até o centro do floco,
entretanto, quando o grânulo está em meio com substrato, o oxigênio
dissolvido decai para concentrações próximas a zero já a 0,5mm da
superfície. Estes autores ainda observaram que, para flocos maiores,
com raio de 2,2 mm, a limitação de oxigênio ocorre mesmo quando o
grânulo se encontra em meio ausênte de substrato.
Tendo em vista tais relatos, é de se imaginar que os flocos
presentes no SBR nas fases H e J apresentariam certa limitação do
oxigênio no seu interior, ocorrendo, deste modo, a coexistência de
processos de nitrificação e desnitrificação.
Vários autores ainda afirmam que PHB pode ser encontrado nas
partes mais internas dos flocos e que a presença de nitrificantes é maior
nas camadas mais próximas da superfície (Li et al., 2008, Jang et al.,
2003, Liu et al., 2007). Wang et al. (2005, 2007) mostraram que
polímeros extracelulares não-biodegradáveis são encontrados na parte
externa de grânulos aeróbios enquanto que na parte interna são
encontrados polímeros biodegradáveis. Estes autores encontraram que o
material biodegradável é consumido quando há grande escassez, porém
em velocidade cerca de 5 vezes menor que a velocidade de consumo de
acetato.
Diante disso, é evidente que diferentes reservas são utilizadas
como fonte de substrato pela biomassa, em regiões ou ocasiões em que
há escassez de substrato externo. Como foi visto nos ensaios
desnitrificantes e no acompanhamento da fase H, a biomassa do SBR
acumula PHB, que é utilizado em períodos de escassez, inclusive em
período aeróbio. Aliando esta constatação com a possibilidade de
existirem zonas anóxicas no interior dos flocos, o PHB pode estar
participando como substrato de uma desnitrificação heterotrófica.

5.3.7 Análise da DQO Residual

Durante a operação do reator, acompanhamentos de ciclo e


demais testes, a remoção de matéria orgânica foi avaliada através da
demanda química de oxigênio (DQO). Por muitas vezes, foi encontrada
uma DQO remanescente no reator, mesmo quando haviam condições
favoráveis para a biomassa utilizar a matéria orgânica. A DQO
remanescente, portanto, sugere que há presença de matéria com baixa ou
nenhuma biodegradabilidade no reator.
Embora seja comum fazer o acompanhamento de processos de
tratamento de efluentes através da DQO, em virtude da facilidade e
rapidez com que esta é determinada, a análise de DQO não fornece
detalhes sobre sua composição.
Diante das observações acima descritas, surgiu o interesse pela
investigação acerca de algumas características desta DQO residual. Os
passos utilizados para a investigação da DQO residual podem ser vistos
no esquema da Figura 5.39. As análises realizadas durante esta
investigação estão descritas em Materiais e Métodos, item 4.7.

Figura 5.39: Esquema de análises realizadas durante a investigação da DQO


residual.

Para estas análises foram tomadas 18 amostras do efluente


tratado durante a última etapa de operação do reator (etapa J). O
resultado das análises estão apresentados na Figura 5.40. Vale lembrar
que a DQO medida durante todo trabalho foi pertinente a fração solúvel,
uma vez que as amostras foram retiradas do reator e filtradas.
150

Concentração de DQO (mg DQO.L-1) 125

100

75

50

25

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18

Amostra
Figura 5.40: Concentração de DQO residual encontrada amostras de
saída do reator durante a etapa J.
Os valores obtidos para a demanda química de oxigênio (DQO)
foram em média de 92,78 mgDQO.L-1.
A primeira distinção realizada acerca da composição da DQO
residual foi em relação à presença de matéria orgânica. Para isto, foram
realizadas análises de carbono total (CT), carbono inorgânico (CI) e
carbono orgânico total (COT). A resposta obtida na determinação de
COT está apresentada na Figura 5.41.
70
Concentração de COT (mg C.L-1)

60

50

40

30

20

10

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Amostra
Figura 5.41: Concentração de COT para amostras de saída do reator durante a
etapa J.
A média encontrada para o carbono orgânico total (COT) foi de
19,73 mgC.L-1, confirmando a presença de matéria orgânica na DQO
residual.
Na tentativa de elucidar melhor a composição da fração orgânica,
foram realizadas análises do acetato. Esta análise foi realizada tendo em
vista que o acetato foi o substrato utilizado como fonte de carbono para
a desnitrificação. A Tabela 5.12 mostra a concentração do íon acetato
encontrada nas amostras.
Como pode ser observado, na Tabela 5.12, pouco ou nenhum
acetato foi encontrado para tais amostras, confirmando que o acetato foi
totalmente utilizado pelos microrganismos durante a operação do reator.
Ainda foi investigada a presença de exopolímeros na composição
da DQO residual.
Os polímeros extracelulares bacterianos podem conter conter
compostos como hexosaminas, ácidos urônicos, pentoses, além de
hexoses. As concentrações de hexoses poderiam ser menores que as
concentrações totais de exopolímeros, no entanto, são um indicativo dos
mesmos. Segundo estudo feito por Cammarota (1998), o método de
Dubois et al. (1956), para determinação de polissarcarídeos, permite
uma comparação entre amostras de mesma origem e é um índice valioso
da concentração de polímero extracelular, em especial para as hexoses.
O método (Dubois et al. (1956) - vide Materiais e Métodos, item 4.8.9,
pg. 48) trata-se de um método indireto de determinação, pois utiliza
glicose como composto padrão.
Os resultados obtidos da análises de Dubois estão apresentados
na Tabela 5.12.
Tabela 5.12:Acetato, exopolímeros (na forma de glicose), nitrogênio total, amônio, nitrito e nitrato referentes às amostras na fase
J.
DQO DQO
Ac DQO do N-NO2 N-NO3 N-Nx
do Ac Exopolímeros N-NO2 N-NH4 N Total Diferença N*
Amostra (mgAc.L- - -1 Polissacarídeo (mgN.L- -
-1 (mgN.L (NH4+NO2+NO3)
1 (mgDQO.L (mg C6H12O6.L ) -1 (mgDQO.L 1 (mgN.L ) 1 -1 (mgN.L-1) (mgN.L-1)
) 1 (mgDQO.L ) -1 ) ) (mgN.L )
) )
1 0 0 6,88 7,34 7,08 6,19 26,88 1,39 34,46 33,27 -1,19
2 0 0 - - 10,11 8,84 15,77 1,57 26,18 24,71 -1,47
3 1,40 1,50 - - 14,37 12,58 0,19 0,51 13,27 7,05 -6,22
4 0 0 - - 13,81 12,08 0,89 1,39 14,36 14,10 -0,26
5 0,66 0,70 7,21 7,69 2,54 2,22 10,69 1,92 14,83 13,58 -1,25
6 0,81 0,87 1,19 1,27 2,54 2,22 20,84 1,74 24,80 21,45 -3,35
7 0 0 3,91 4,17 2,71 2,37 2,40 1,57 6,34 4,75 -1,58
8 0 0 - - 8,93 7,81 13,95 1,74 23,51 17,89 -5,62
9 0 0 7,05 7,52 4,56 3,99 12,79 1,74 18,52 14,07 -4,45
10 0 0 5,15 5,49 2,71 2,37 59,69 0,69 62,74 58,46 -4,28
11 0 0 4,74 5,05 2,87 2,52 29,59 1,39 33,49 28,21 -5,28
12 - - - - 7,43 6,50 21,54 1,04 29,08 24,2 -4,88
13 - - - - 12,96 11,34 21,89 0,86 34,09 28,2 -5,89
14 - - 5,48 5,85 7,25 6,34 29,12 1,22 36,68 32,5 -4,18
15 - - - - 10,27 8,99 20,14 1,39 30,52 26,6 -3,92
16 - - 7,62 8,13 7,17 6,27 - - - - -
17 - - 11,00 11,74 5,49 4,80 - - - - -
18 - - 3,34 3,56 2,96 2,59 - - - - -
*Diferença N = N Total – N-Nx
Em relação à determinação de exopolímeros, o método utilizado
não pode ser aplicado a todas as amostras, pois foi verificado que o
nitrito interfere na análise em concentrações acima de 8 mgN-NO2.L-1.
Todavia para as demais amostras, onde foi possível a sua determinação,
a concentração de exopolímeros encontrada foi de, no máximo, 11
mgC6H12O6.L-1.
Para estimar a contribuição do acetato e dos polissacarídeos na
DQO foi utilizado o fator de conversão do carbono em DQO, dada pela
Equação 5.7 (SOARES & HIRATA, 2007).
O O 5.7
 O
Este fator é adequado para a conversão do acetato, glicose e
outros carboidratos, que possuam C com número de oxidação nox= 0
(Hirata, 2009). A DQO estimada para tais compostos também está
apresentada na Tabela 5.12. A DQO referente ao acetato e do
exopolímero, em comparação com a média encontrada para a DQO
residual (92,8 mgDQO.L-1), leva a crer que a maior parte da matéria
orgânica encontrada pode não ser decorrente destes materiais.
Além destas análises foram determinados o nitrogênio total, o
amônio, o nitrato e o nitrito, na tentativa de verificar se material protéico
também compunha parte da fração orgânica, que seria indicado pela
diferença entre o nitrogênio total e demais formas nitrogenadas citadas.
As análises de nitrogênio (N-NH4, N-NO2, N-NO3) foram
realizadas através de métodos colorimétricos (vide itens 4.8.1- 4.8.3) e
sua soma foi um pouco maior que a encontrada para o nitrogênio total
(através de combustão e análise por infravermelho - veja item 4.8.8, pág.
48), sendo apresentadas na Tabela 5.12. A diferença negativa entre tais
análises pode ser de caráter analítico e, a princípio, estas análises
evidenciam que não deve haver grandes quantidades de proteínas na
saída.
Outra fonte de matéria orgânica, suspeita de estar colaborando
com a DQO residual, seria o ácido etilenodiamino tetra acético (EDTA),
que faz parte da composição da solução de micronutrientes adicionada
ao meio de alimentação. Este composto não é usualmente removido por
processos físicos, químicos ou biológicos em plantas de tratamento de
efluentes (van Ginkel et al., 1997 apud Anderson et al., 2007).26De

van GINKEL, C. G.; VANDENBROUCKE, K. L.; STROO. C. A. (1997) Biological Removal


of EDTA in Conventional Activated-Sludge Plants Operated under Alkaline Conditions.
Bioresour. Technol., 59, 151-155.
acordo com Anderson, et al. (2007), durante a análise de DQO, o EDTA
pode ser oxidado pelo dicromato, formando dióxido de carbono, água e
amônio. Estes autores mostraram que a oxidação do EDTA ocorre de
modo completo quando o dicromato está em concentra ões de N ≡
0,017M), sendo que para 0,042N esta oxidação é de 82%. Segundo
APHA (2005) a solução digestora utilizada no método de análise da
DQO possui normalidade bem próxima a 0,042N (considerando a
diluição realizada na análise), o que de fato permitiria a oxidação de boa
parte do EDTA.
Analisando a composição do EDTA, C10H16N2O8, temos que,
para cada 292 mg de EDTA existem 120mgC. A Equação 5.7, fornecida
por Hirata (2009), mostra que, para a oxidação do EDTA, o fator entre
DQO e o EDTA é de 2,27mgDQO.mgCOT-1, podendo também ser
expresso como 0,933 mgDQO.mgEDTA-1 .
NO O O N O 5.8
Para verificar a colaboração deste composto na DQO, foi feita a
análise da DQO de uma solução com concentração de 0,031g EDTA.L-1
(mesma concentração em que se encontra presente no meio de
alimentação - considerando os 0,62mL.L-1 adicionados de uma solução
com 50g.L-1 de EDTA). O resultado desta análise está apresentado na
Tabela 5.13.
A solução analisada, teoricamente, contém 12,74 mgC.L-1, ou,
28,92 mgDQO.L-1 . No entanto, a análise realizada mostra uma DQO
um pouco maior, de 36 mg DQO.L-1. Apesar dos valores não serem
idênticos, esta análise mostra que o EDTA utilizado na confecção do
meio poderia sim ser o grande responsável pela fração orgânica da DQO
de saída.
Quando comparados os valores de COT encontrados na saída do
reator (19,73 mgC.L-1, em média) com a quantidade de carbono (teórica)
para o EDTA (12,74 mgC.L-1), fica bem evidente a participação deste
composto na DQO. O restante da DQO orgânica (deduzindo ainda
algum acetato e polissacarídeos) poderia ser justificado como pertinente
a outros produtos do metabolismo dos microrganismos.
Tabela 5.13: DQO pertinente aos compostos do meio sintético e da solução de
HCl 5%.
Composto Quantidade (g.L-1) DQO (mgDQO.L-1)
Meio Campos - 60,46
NH4Cl 0,850 13,87
(NH4)2SO4 1,047 3,79
NaCl 0,889 13,87
KH2PO4 0,222 0,01
MgSO4.7H2O 0,109 1,27
NaHCO3 4,44 0,01
Solução -
35,27
Micronutrientes
HCl 0,05N 944,55
EDTA 50 36,08

A respeito da participação de compostos inorgânicos na DQO


residual, o nitrito pode conferir alguma DQO, pois é passível de
oxidação pelo método, e, alguns íons como Cl-, Br-, I-, Fe, Mn2+, S são
interferentes no método utilizado (APHA, 2005).
A parcela referente ao nitrito pode ser deduzida da DQO pelo
fator de conversão apresentado pela Eq. 4.6 (Materiais e Métodos, pág.
43). Como mostrado na Tabela 5.12, a DQO correspondente ao nitrito
também não é tão significativa na DQO residual. Vale ressaltar que os
dados de DQO residual apresentados no presente trabalho encontravam-
se deduzidos da DQO referente ao nitrito.
O meio de alimentação dos reatores é composto por sais que
contém alguns íons interferentes mencionados. Portanto, também foi
realizada a análise de DQO do meio sintético e de alguns dos sais que
compunham o meio em soluções separadas como mostra a Tabela 5.13.
Foi encontrada uma DQO referente ao meio nutriente de 60,46
mgDQO.L-1. Lembrando que este meio contém o EDTA, que é orgânico
e possui aproximadamente 36 mgDQO.L-1, os compostos inorgânicos do
meio sintético poderiam colaborar com a DQO com cerca de 24
mgDQO.L-1. Como podemos observar, na tabela 5.10, foi encontrado
13,87 mgDQO.L-1 para a solução de NH4Cl (0,564 gCl-.L-1) e o mesmo
valor para a solução de NaCl (0,539 g Cl-.L-1) sendo, portanto, estes os
compostos inorgânicos que acrescem parte da DQO do meio sintético.
Segundo APHA (2005), a interferência do cloreto na análise de
DQO é dada apenas quando este estivesse concentrações de 2g Cl-.L-1.
Para verificar tal interferência, foi realizada a análise de DQO de
soluções com diferentes concentrações de NaCl, acima e abaixo da
recomendada, como pode ser visto na Figura 5.42.
80
70
60
DQO (mgDQO.L-1)

50
40 y = 14,07e0,6619x
R² = 0,9935
30
20
10
0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Concentração de Cl- (g.L-1)

Figura 5.42: Relação entre DQO e concentração de Cl- presente na análise de


DQO.
Apesar da indicação fornecida pelo método, foi visto que para
concentrações abaixo de 2g.L-1 o cloro também confere DQO.
A solução utilizada para a correção do pH do reator (HCl 0,05N)
contém grande quantidade de Cl- e também pode atribuir DQO ao
processo. A Tabela 5.10 mostra a análise de DQO feita para esta
solução. Para tanto, foi medido o consumo da solução de HCl 0,05N
para o controle do pH, durante 10 dias (20 ciclos), obtendo uma média
de gasto de 35 mL. Lembrando que este volume era diluído em um
reator de 2L a contribuição da DQO, por esta solução, representaria
aproximadamente 16,5 mgDQO.L-1. Deste modo, uma parte da DQO
ainda conta com a colaboração de sais inorgânicos do meio sintético, do
nitrito e da solução de HCl utilizada.
Em suma, a DQO do meio sintético (60,5 mgDQO.L-1), seja por
EDTA ou sais como o NH4Cl e NaCl, a solução de HCl usada na
correção do pH (16,5 mgDQO.L-1) e, ainda, a DQO conferida pelo
nitrito parecem representar a maior fração da DQO de saída. Para
facilitar a visualização destes resultados a Figura 5.43 mostra novamente
a DQO obtida para as amostras e as principais parcelas contribuintes
para o valor final. Nesta figura, a DQO residual representa a DQO
encontrada na metodologia analítica deduzida da DQO do nitrito.
150

125
DQO (mg O2.L-1)

100

75 Contribuição
do HCl
50
Contribuição
25 do Meio
Sintético
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Amostra
DQO DQO Residual
Figura 5.43: Concentração de DQO, DQO residual, para amostras analisadas,
bem como a DQO do meio e da solução de HCl
Esta figura mostra que boa parte da DQO encontrada foi
identificada. Como foi comentado anteriormente, pequenas quantidades
de exopolímeros e de acetato ainda poderiam eventualmente contribuir,
em menor escala, com a DQO presente no efluente tratado.
Esta investigação nos leva a olhar de outro modo para a remoção de
matéria orgânica efetuada no reator. Sem a colaboração do EDTA e dos
sais contendo cloro, certamente a remoção de DQO é maior do que a
apresentada. Tais resultados evidenciam também que maior atenção
deve ser dada aos procedimentos adotados no laboratório, muitos dos
quais utilizam a mesma solução de nutrientes deste trabalho.
6 CONCLUSÕES

O reator SBR permite que uma série de combinações na forma


operacional sejam utilizadas. Em especial para os processos de
eliminação de efluentes ricos em nitrogênio e com baixas relações
DQO/N, estas combinações são essenciais para que se alcançe o
processo de remoçao via nitrito de forma estável.
Neste trabalho, o SBR foi inicialmente operado com longas
distribuições do efluente alimentado e períodos anóxicos e aeróbios
menores (fase A). Foi verificado que a distribuição da alimentaçao
realizada permitiu a oxidação de parte da matéria orgânica nas fases
aeróbias o que por consequencia, prejudicou a eliminação de nitrogênio.
Com a mudança da relação DQO/N de 2 para 2,5 mgDQO.mgN-1
(fase B) houve, nicialmente, um incremento na eliminação de
nitrogênio, de 86% para 91%. Entretanto, a maior disponibilidade de
matéria orgânica gerou um desequilíbrio das populações presentes
resultando em má sedimentabilidade e perda de biomassa. Deste modo,
a instabilidade do reator ocorrida nesta fase, mostrou que a adição de
maior quantidade de matéria orgânica, pode não ser a melhor via para
que sejam alcançadas maiores remoção de nitrogênio.
A realização de acompanhamentos cinéticos mais detalhados dos
ciclos do SBR mostrou ser uma prática muito interessante para a
avaliação dos processos de nitrificação e desnitrificação separadamente
no reator, pois a observação do reator apenas quanto às concentrações de
entrada e saída não permite que sejam observados fenômenos essenciais
ao entendimento do processo de eliminação de nitrogênio.
As medidas da atividade da biomassa, seja por respirometria ou
por determinação das velocidades de consumo, mostraram que a
exposição da biomassa a baixas concentrações de amônio constitui uma
desvantagem para o processo realizado em SBR. Com a mudança de
alimentação do SBR para a forma de pulsos foi proporcionada presença
de altas concentrações de amônio no reator e, deste modo, foram
observadas maiores atividade das oxidadoras de amônio, aumentando a
velocidade específica de consumo de 3,7 mg N-NH4.gSST-1.h-1 para 18
mgN-NH4.SST-1.h-1, da fase A para a fase J. Entretanto, quando amônia
livre foi encontrada em concentrações tidas como inibitórias (acima de
10 mgN-NH3.L-1), ou onde foram utilizados períodos muito extensos
sem aeração, a atividade destas bactérias foi afetada negativamente.
Com a oscilação encontrada na atividade das oxidadoras de
amônio, frente às diferentes condições aplicadas, os tempos de aeração
por vezes foram superestimados permitindo a reativação das oxidadoras
de nitrito e, deste modo, prejudicando o processo de nitrificação parcial.
A nitrificação parcial foi alcançada de forma estável, com alta atividade
das oxidadoras de amônio, em operação com períodos aeróbios de no
máximo 2 horas, desde que períodos anóxicos de ao menos o dobro
deste tempo fossem mantidos. A alimentação do SBR realizada de
forma breve (pulsos) promoveu a existência de alta disponibilidade de
matéria orgânica na fase anóxica no reator, ativando o mecanismo de
estocagem de polímeros internos pela biomassa.
Foram encontradas eliminações de nitrogênio de cerca de 30%
mesmo em condições de plena aeração, sugerindo a possibilidade de
eliminação do nitrogênio por processo de nitrificação e desnitrificação
simultânea (SND). Uma vez que o SBR não se encontrava sob limitação
de oxigênio dissolvido durante a fase aeróbia (operando com
concentrações de OD acima de 4 mgDQO.L-1), suspeita-se que a
eliminação de nitrogênio tenha ocorrido mediante processo NOx e
desnitrificação heterotrófica via uso de PHB.
Testes em batelada mostraram que cerca de 50% do consumo de
matéria orgânica, em fase anóxica, é destinado à outros fins que não a
desnitrificação. O acúmulo de PHB contribuiu com 30 a 40% do
consumo do acetato disponível. O PHB acumulado ainda é utilizado
para a desnitrificação, quando matéria orgânica facilmente
biodegradável não se encontra mais disponível no processo.
Com a mudança na forma de alimentação foi observado a
presença de aglomerados de célula maiores e mais compactos,
provavelmente auxiliando no desenvolvimento de zonas anóxicas
internas, favorecendo o processo de eliminação de nitrogênio mesmo em
fase aeróbia com altos níveis de oxigênio dissolvido.
A DQO residual encontrada no reator é explicada, em grande
parte, pela presença de EDTA no meio sintético e ainda por
interferências na metodologia de determinação de DQO por compostos
como cloreto de sódio e ácido clorídrico. Pequenas quantidades de
polissacarídeos como os exopolímeros poderiam, eventualmente,
contribuir na medida de DQO residual, porém em menor escala. Estes
resultados evidenciam que maior atenção deve ser dada aos
procedimentos adotados para a determinação de DQO em trabalhos
onde a mesma solução de nutrientes seja utilizada.
7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Em virtude das eliminações de nitrogênio em fases aeróbias,


alcançadas com operações com concentrações altas de substrato, sugere-
se efetuar um aumento da carga nitrogenada, seja por introdução de
meio contendo maior concentração de amônio ou por redução dos
ciclos. Neste caso atenção especial deve ser dada ao pH do meio para
que amônia livre não seja encontrada em valores inibitórios.
A operação do SBR em forma de pulsos auxiliou o
desenvolvimento de flocos maiores no reator, o que pode ter favorecido
o processo de nitrificação e desnitrificação simultânea, devendo ser mais
bem investigado, a fim de se saber se este comportamento é facilmente
reprodutível. Também seria interessante comparar o sistema com outro
que utilize suporte para imobilizar a biomassa.
Investigar o mecanismo de remoção de nitrogênio na fase aeróbia
a fim de se verificar qual o real papel do PHB, durante estas fases.
Caracterizar as espécies microbianas presentes no lodo durante as
etapas de operação, tendo em vista a importância dos diferentes grupos
de bactérias nos processos de eliminação de nitrogênio.
Investigar melhor os mecanismos de remoção de matéria orgânica
em especial para o crescimento das células e acúmulo de PHB frente a
diversas relações DQO/N.
Investigar o desempenho do biorreator caso se distribua o
material orgânico durante os períodos anóxicos, no lugar de se adicionar
através de pulsos.
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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ANEXOS
ANEXO A: Dados Referentes aos acompanhamentos do SBR nas fases
de Operação.

ANEXO A.1: Dados de acompanhamento do Reator, na partida,


referente ao período sem adição de carbono.
Saída Concentração
(mgN.L-1) Saída N Entrada
Tempo Conversão Remoção
Total N-NH4
(dias) (%) (%)
N- N- N- (mgN.L-1) (mgN.L ) -1

NH4 NO2 NO3


1 39,35 12,68 14,91 66,94 50,49 22,06 0,00
2 22,05 30,51 41,48 94,04 90,53 75,64 0,00
3 21,82 38,41 104,41 164,64 188,65 88,43 12,73
5 81,55 110,10 155,04 346,68 485,93 83,22 28,66
8 97,19 115,07 137,76 350,01 485,93 80,00 27,97
10 101,45 128,19 148,31 377,95 507,26 80,00 25,49
13 57,36 223,27 210,98 491,61 502,52 88,59 2,17
16 142,68 111,16 227,34 481,18 519,10 72,51 7,31
19 143,15 139,54 160,98 443,67 530,95 73,04 16,44
21 82,50 192,05 194,62 469,16 530,95 84,46 11,64
23 18,04 247,87 170,87 436,78 509,63 96,46 14,29
25 13,28 321,19 149,01 483,48 500,15 97,35 3,33
26 3,09 328,28 145,58 476,95 500,15 99,38 4,64
27 0,72 363,76 111,80 476,28 500,15 99,86 4,77
30 42,90 373,70 54,14 470,74 495,41 91,34 4,98
34 39,11 372,28 48,16 459,54 507,26 92,29 9,41
38 105,46 394,98 12,27 512,72 528,58 80,05 3,00
39 88,87 365,18 14,70 468,75 500,15 82,23 6,28
40 24,19 409,17 19,01 452,37 500,15 95,16 9,55
41 9,37 430,45 14,70 454,52 507,26 98,15 10,40
43 4,52 427,62 9,16 441,30 507,26 99,11 13,00
44 20,03 456,01 16,24 492,27 495,41 95,96 0,63
51 20,03 457,42 16,08 493,54 509,63 96,07 3,16
52 36,14 440,39 15,77 492,31 504,89 92,84 2,49
54 110,67 365,18 17,01 492,86 523,84 78,87 5,91
58 148,35 319,77 20,08 488,20 523,84 71,68 6,80
60 122,28 333,96 14,70 470,94 504,89 75,78 6,72
61 129,39 335,38 19,62 484,40 504,89 74,37 4,06
64 139,58 322,61 17,78 479,97 504,89 72,35 4,94
66 31,77 458,84 20,39 511,01 516,73 93,85 1,11
67 43,61 431,88 18,24 493,72 516,73 91,56 4,45
70 50,71 426,32 16,08 493,12 535,69 90,53 7,95
71 43,61 449,38 21,62 514,61 535,69 91,86 3,93
72 39,34 412,01 12,85 464,20 535,69 92,66 13,34
Saída Concentração
(mgN.L-1) Saída N Entrada
Tempo Conversão Remoção
Total N-NH4
(dias) (%) (%)
N- N- N- (mgN.L-1) (mgN.L ) -1

NH4 NO2 NO3


73 30,35 426,20 22,86 479,41 504,89 93,99 5,05
74 32,01 461,68 20,70 514,39 504,89 93,66 0,00
75 29,87 454,59 23,16 507,62 519,10 94,25 2,21
76 29,87 488,64 25,01 543,53 519,10 94,25 0,00
80 104,75 382,21 45,95 532,91 512,00 79,54 0,00
84 134,61 324,03 39,94 498,58 507,26 73,46 1,71
86 117,07 389,31 40,87 547,24 535,69 78,15 0,00
87 30,82 441,81 27,17 499,80 535,69 94,25 6,70
88 44,56 439,36 25,32 509,24 528,58 91,57 3,66
89 17,79 460,40 19,32 497,51 528,58 96,63 5,88
90 96,22 445,83 16,08 558,14 528,58 81,80 0,00
91 49,30 478,21 18,08 545,60 528,58 90,67 0,00
93 28,69 484,68 15,62 528,99 504,89 94,32 0,00
94 32,48 465,26 18,70 516,44 507,26 93,60 0,00
95 32,95 444,22 22,70 499,87 504,89 93,47 0,99

ANEXO A.2: Dados de acompanhamento do Reator, na partida,


referente ao período com adição de carbono.
Saída Concentração
Saída Entrada
Tempo (mgN.L-1) Conversão Remoção
N Total N-NH4
(dias) N- N- N- -1 -1 (%) (%)
(mgN.L ) (mgN.L )
NH4 NO2 NO3
1 67,31 402,13 15,47 484,91 504,89 86,67 3,96
4 139,58 277,49 11,46 428,54 507,26 72,48 15,52
7 65,42 363,28 9,00 437,70 507,26 87,10 13,71
10 19,45 442,60 19,01 481,05 549,91 96,46 12,52
13 32,12 368,01 37,51 437,64 509,63 93,70 14,13
17 0,22 390,72 35,18 426,12 497,78 99,96 14,40
18 17,31 324,11 32,64 374,05 497,78 96,52 24,86
25 26,31 339,25 34,33 399,89 502,52 94,76 20,42
31 69,32 271,13 43,02 383,46 504,89 86,27 24,05
33 74,89 252,96 39,63 367,47 488,21 84,66 24,73
39 96,93 157,58 45,56 300,07 492,95 80,34 39,13
40 74,65 196,88 12,30 283,82 493,04 84,86 42,43
42 46,93 230,18 13,14 290,25 493,04 90,48 41,13
44 29,39 289,22 14,63 333,24 504,80 94,18 33,98
47 98,58 143,13 19,08 260,79 508,35 80,61 48,70
50 146,69 67,44 7,21 221,34 508,35 71,14 56,46
54 199,55 11,67 0,00 211,22 500,06 60,09 57,76
Saída Concentração
Saída Entrada
Tempo (mgN.L-1) Conversão Remoção
N Total N-NH4
(dias) N- N- N- (%) (%)
(mgN.L ) (mgN.L-1)
-1
NH4 NO2 NO3
58 165,65 36,04 0,00 201,69 500,06 66,87 59,67
60 107,36 27,57 0,00 134,92 500,06 78,53 73,02
67 149,79 54,82 0,00 204,61 489,39 69,39 58,19
69 87,71 34,68 1,71 124,10 475,18 81,54 73,88
73 83,90 56,43 1,02 141,34 495,32 83,06 71,46
78 2,69 80,70 0,15 83,55 498,66 99,46 83,24
80 3,03 51,49 1,02 55,53 456,66 99,34 87,84
83 33,93 37,57 0,15 71,66 491,10 93,09 85,41
87 124,25 40,90 0,15 165,30 500,18 75,16 66,95
88 60,69 91,16 0,00 151,85 500,18 87,87 69,64
92 96,33 48,79 0,00 145,11 490,71 80,37 70,43
97 1,01 94,93 0,50 96,44 510,01 99,80 81,09
99 3,74 47,90 0,67 52,32 510,01 99,27 89,74
102 11,28 59,51 0,00 70,79 528,17 97,87 86,60
105 0,47 69,78 0,00 70,25 528,17 99,91 86,70
110 0,52 60,25 0,33 61,10 490,71 99,90 87,55
112 8,87 56,53 0,15 65,56 490,71 98,19 86,64
115 6,17 36,58 0,00 42,75 528,17 98,83 91,91
117 10,56 51,76 0,00 62,33 528,17 98,00 88,20
125 0,61 80,94 0,00 81,54 505,47 99,88 83,87
129 11,50 60,91 0,00 72,41 510,01 97,74 85,80
132 11,73 44,59 0,00 56,32 511,53 97,71 88,99
136 27,85 40,87 0,00 68,72 511,53 94,56 86,57
139 20,58 56,23 0,00 76,81 511,14 95,97 84,97
141 1,74 25,57 0,00 27,31 511,14 99,66 94,66
145 0,00 24,68 0,60 25,28 503,20 100,00 94,98
147 11,40 36,88 0,00 48,28 503,20 97,73 90,40
153 12,82 77,95 0,00 90,77 500,93 97,44 81,88
159 1,46 73,49 0,00 74,95 533,71 99,73 85,96
166 51,19 74,08 0,00 125,27 553,82 90,76 77,38
169 1,12 72,89 0,00 74,01 553,82 99,80 86,64
170 1,07 50,27 1,29 52,64 553,82 99,81 90,50
173 1,67 69,32 0,00 70,99 553,82 99,70 87,18
177 0,00 72,30 0,00 72,30 499,41 100,00 85,52
181 0,26 105,03 0,00 105,29 510,05 99,95 79,36
185 0,38 108,31 0,00 108,68 510,05 99,93 78,69
192 5,23 58,31 0,00 63,54 495,86 98,95 87,19
195 0,01 71,70 11,24 82,95 495,86 100,00 83,27
196 1,85 69,62 1,29 72,77 495,86 99,63 85,33
197 1,85 30,93 3,74 36,52 495,86 99,63 92,63
ANEXO A.3: Dados de acompanhamento do Reator referente a fase B
(Etapa 2).
Saída Concentração
Saída Entrada
Tempo (mgN.L-1) Conversão Remoção
N Total N-NH4
(dias) N- N- N- (%) (%)
(mgN.L ) (mgN.L-1)
-1
NH4 NO2 NO3
0 22,45 122,49 3,56 148,50 552,05 95,93 73,10
2 55,50 63,23 0,99 119,72 554,98 90,00 78,43
3 55,20 43,28 0,00 98,48 554,98 90,05 82,25
4 6,34 65,58 2,36 74,28 554,98 98,86 86,62
5 17,78 65,58 1,85 85,20 554,98 96,80 84,65
7 26,76 16,06 0,00 42,83 505,00 94,70 91,52
11 31,45 19,59 0,00 51,04 505,00 93,77 89,89
13 23,83 30,37 0,00 54,20 505,00 95,28 89,27
14 27,64 18,63 0,00 46,28 505,00 94,53 90,84
16 11,52 21,79 0,00 33,30 493,41 97,67 93,25
17 1,55 37,12 0,14 38,80 493,41 99,69 92,14
19 0,68 42,40 0,65 43,73 493,41 99,86 91,14
22 0,02 43,86 0,00 43,88 525,66 100,00 91,65
23 0,72 29,78 0,00 30,50 525,66 99,86 94,20
27 0,60 43,57 2,53 46,70 525,66 99,89 91,12
30 167,29 31,25 0,00 198,54 525,66 68,17 62,23
33 111,50 22,45 0,00 133,95 525,66 78,79 74,52
35 195,65 11,08 0,00 206,73 525,66 62,78 60,67
36 255,26 11,83 0,00 267,08 455,21 43,93 41,33
38 305,69 17,64 0,00 323,33 455,21 32,85 28,97
42 299,07 16,65 0,00 315,72 446,16 32,97 29,24
ANEXO A.4: Dados de acompanhamento do Reator referente a DQO e
pH da fase B (Etapa 2).
DQO DQO
Tempo Remoção Relação
pH Entrada Saída
(dias) (%) DQO/N
(mgDQO.L-1) (mgDQO.L-1)
0 7,7 1133,64 66,35 94,15 2,05
2 8,42 1308,36 125,35 90,42 2,36
3 8,2 1308,36 159,80 87,79 2,36
4 7,82 1308,36 81,90 93,74 2,36
5 8,2 1308,36 87,72 93,30 2,36
7 8,3 1221,00 222,93 81,74 2,42
11 7,95 1221,00 280,06 77,06 2,42
13 8,11 1221,00 177,46 85,47 2,42
14 8,18 1221,00 138,46 88,66 2,42
16 8,1 1221,00 152,33 87,52 2,47
17 8,02 1221,00 94,04 92,30 2,47
19 8,19 1221,00 86,86 92,89 2,47
22 8,2 1310,28 86,33 93,41 2,49
23 8,18 1310,28 76,21 94,18 2,49
27 8,2 1310,28 69,19 94,72 2,49
30 8,1 1310,28 89,09 93,20 2,49
33 8,13 1310,28 131,19 89,99 2,49
35 8,23 1310,28 126,71 90,33 2,49
36 8,2 1310,28 181,18 86,17 2,88
38 8,35 1310,28 261,89 80,01 2,88
42 8,33 1148,20 207,70 81,91 2,57
ANEXO A.5: Dados de acompanhamento do Reator, referente à fase C,
D e E.
Saída Concentração Saída Entrada
Tempo (mgN.L-1) N Total N-NH4 Conversão Remoção
(dias) N- N- N- (mgN.L- (mgN.L- (%) (%)
1 1
NH4 NO2 NO3 ) )
0 12,05 84,51 0,00 96,56 505,54 97,62 80,90
1 2,21 89,83 0,00 92,04 505,54 99,56 81,79
2 48,52 109,65 0,00 158,17 517,30 90,62 69,42
3 2,00 60,26 0,00 62,26 517,30 99,61 87,97
4 3,07 6,43 0,00 9,50 517,30 99,41 98,16
5 21,57 4,25 0,00 25,82 517,30 95,83 95,01
7 107,36 3,81 0,00 111,17 473,39 77,32 76,52
8 80,94 5,88 0,00 86,82 473,39 82,90 81,66
9 96,58 22,14 0,00 118,73 473,39 79,60 74,92
10 1,68 214,05 3,44 219,18 473,39 99,65 53,70
11 2,21 176,53 1,58 180,31 489,25 99,55 63,14
12 31,27 102,25 1,44 134,97 489,25 93,61 72,41
13 17,90 44,12 0,00 62,02 489,25 96,34 87,32
14 2,95 15,60 0,00 18,55 482,20 99,39 96,15
15 19,86 7,03 0,00 26,88 482,20 95,88 94,42
16 35,08 8,80 0,00 43,88 482,20 92,73 90,90
18 62,88 11,17 0,00 74,04 482,20 86,96 84,64
19 32,75 40,44 0,00 73,20 475,15 93,11 84,59
20 30,43 63,22 0,00 93,64 475,15 93,60 80,29
21 63,19 35,71 0,00 98,91 475,15 86,70 79,18
22 54,21 24,47 0,00 78,68 475,15 88,59 83,44
23 64,04 7,91 0,00 71,95 475,15 86,52 84,86
25 21,97 45,47 0,00 67,44 491,01 95,53 86,26
27 1,94 7,21 0,00 9,15 491,01 99,60 98,14
28 6,54 6,32 0,00 12,86 500,17 98,69 97,43
29 4,56 5,73 0,58 10,87 500,17 99,09 97,83
31 4,43 25,99 0,00 30,42 507,92 99,13 94,01
32 30,75 6,77 0,00 37,51 507,92 93,95 92,61
33 29,58 17,12 0,58 47,28 507,92 94,18 90,69
35 4,00 27,76 1,72 33,49 507,92 99,21 93,41
36 1,55 6,64 1,01 9,19 490,30 99,68 98,13
38 0,97 10,46 0,00 11,43 490,30 99,80 97,67
39 1,01 12,24 0,00 13,25 490,30 99,79 97,30
40 1,71 1,61 0,00 3,32 490,30 99,65 99,32
42 0,57 34,53 0,58 35,68 501,93 99,89 92,89
44 0,95 5,53 0,00 6,48 501,93 99,81 98,71
45 0,00 11,07 0,00 11,07 501,93 100,00 97,79
49 0,78 31,33 1,01 33,12 505,10 99,85 93,44
51 0,67 19,06 7,19 26,92 505,10 99,87 94,67
52 0,82 2,76 12,30 15,88 497,70 99,83 96,81
53 0,76 13,97 26,40 41,13 497,70 99,85 91,74
56 1,08 5,35 6,29 12,72 497,70 99,78 97,44
57 1,31 1,76 5,24 8,30 518,84 99,75 98,40
Saída Concentração Saída Entrada
Tempo (mgN.L-1) N Total N-NH4 Conversão Remoção
(dias) N- N- N- (mgN.L- (mgN.L- (%) (%)
1 1
NH4 NO2 NO3 ) )
58 2,02 23,16 3,89 29,07 518,84 99,61 94,40
60 2,05 6,61 59,90 68,56 518,84 99,61 86,79
62 0,84 11,39 97,88 110,11 526,24 99,84 79,08
63 5,59 2,15 243,11 250,85 526,24 98,94 52,33

ANEXO A.6: Dados de DQO adicionada, DQO residual e remoção de


DQO do Reato, referente à fase C, D e E.
Entrada Saída Remoç Entrada Saída Remoç
Temp DQO DQO ão (%) Temp DQO DQO ão (%)
o (mgDQO. (mgDQO. o (mgDQO. (mgDQO.
(dias) L-1) L-1) (dias) L-1) L-1)
0 1042,47 245,01 76,50 28 1042,47 127,32 87,79
1 1042,47 110,76 89,38 29 1042,47 123,07 88,19
2 1042,47 80,72 92,26 31 1042,47 154,14 85,21
3 1042,47 90,33 91,34 32 1042,47 168,72 83,82
4 1042,47 124,73 88,03 33 1042,47 144,56 86,13
5 1042,47 107,51 89,69 35 1042,47 157,04 84,94
7 1079,44 115,41 89,31 36 1042,47 89,99 91,37
8 1079,44 130,30 87,93 38 1042,47 88,08 91,55
9 1079,44 96,92 91,02 39 1042,47 98,38 90,56
10 1079,44 79,71 92,62 40 1042,47 108,06 89,63
11 1079,44 107,81 90,01 42 1054,79 67,97 93,56
12 1079,44 94,10 91,28 44 1054,79 96,19 90,88
13 1079,44 175,32 83,76 45 1054,79 84,92 91,95
14 1079,44 119,18 88,96 49 1054,79 79,02 92,51
15 1079,44 96,94 91,02 51 1054,79 69,85 93,38
16 1079,44 75,20 93,03 52 1054,79 94,42 91,05
18 1079,44 89,75 91,69 53 1008,03 143,23 85,79
19 1079,44 100,65 90,68 56 1008,03 96,39 90,44
20 1079,44 148,57 86,24 57 1008,03 85,71 91,50
21 1079,44 160,28 85,15 58 1008,03 108,09 89,28
22 1079,44 141,09 86,93 60 1008,03 80,16 92,05
23 1079,44 100,86 90,66 62 1008,03 106,74 89,41
25 1079,44 102,30 90,52 63 1008,03 107,45 89,34
ANEXO A.7: Dados de acompanhamento do Reator, referente à fase H.
Saída Concentração Saída Entrada
Tempo (mgN.L-1) N Total N-NH4 Conversão Remoção
(dias) N- N- N- (mgN.L- (mgN.L- (%) (%)
1 1
NH4 NO2 NO3 ) )
0 19,25 105,48 2,58 127,31 524,11 96,33 75,71
1 27,78 53,12 0,29 81,19 524,11 94,70 84,51
2 62,15 55,11 5,14 122,40 524,11 88,14 76,65
4 27,50 48,45 1,77 77,72 524,11 94,75 85,17
7 12,99 45,13 0,42 58,55 524,11 97,52 88,83
8 34,60 54,90 0,42 89,92 524,11 93,40 82,84
11 11,05 32,41 0,00 43,46 524,18 97,89 91,71
14 21,81 5,85 0,56 28,22 524,18 95,84 94,62
16 17,26 12,51 0,02 29,78 485,99 96,45 93,87
18 15,65 8,07 0,02 23,74 485,99 96,78 95,12
22 13,75 4,08 0,29 18,12 485,99 97,17 96,27
24 21,33 11,18 0,42 32,93 496,56 95,70 93,37
28 11,38 16,21 0,83 28,41 496,56 97,71 94,28
29 8,63 4,52 0,29 13,44 496,56 98,26 97,29
34 21,33 43,48 0,00 64,81 483,25 95,59 86,59
39 32,80 3,67 0,56 37,02 483,25 93,21 92,34
46 53,26 2,11 0,56 55,93 483,25 88,98 88,43
48 17,51 1,37 0,56 19,44 483,25 96,38 95,98
49 17,23 2,93 0,69 20,85 483,25 96,43 95,69
50 19,27 3,89 0,96 24,12 489,01 96,06 95,07
54 32,84 5,96 1,37 40,17 489,01 93,28 91,79
56 25,55 7,96 0,02 33,52 489,01 94,78 93,15
57 13,01 13,13 0,15 26,30 516,37 97,48 94,91
60 12,11 5,29 0,00 17,40 516,37 97,65 96,63
61 21,05 4,63 0,02 25,69 516,37 95,92 95,02
63 16,97 6,85 0,00 23,82 516,37 96,71 95,39
67 28,99 1,30 0,69 30,98 451,27 93,58 93,13
68 25,88 4,26 0,15 30,29 481,84 94,63 93,71
71 15,74 0,71 0,02 16,47 493,16 96,81 96,66
74 16,12 2,85 0,02 18,99 493,16 96,73 96,15
75 13,09 3,00 0,29 16,37 493,16 97,35 96,68
77 10,53 7,78 0,15 18,46 493,16 97,87 96,26
81 0,81 25,82 0,29 26,92 493,16 99,84 94,54
82 0,00 36,47 1,23 37,71 512,41 100,00 92,64
83 1,00 6,74 0,02 7,76 512,41 99,81 98,49
84 9,53 32,92 0,02 42,47 512,41 98,14 91,71
88 0,00 29,96 0,02 29,98 512,41 100,00 94,15
89 0,24 39,68 2,85 42,77 510,14 99,95 91,62
90 0,10 34,10 1,50 35,70 510,14 99,98 93,00
91 0,95 2,75 0,96 4,66 510,14 99,81 99,09
92 0,10 26,52 0,00 26,62 510,14 99,98 94,78
94 0,29 21,24 0,00 21,52 510,14 99,94 95,78
96 0,86 17,69 0,00 18,54 501,08 99,83 96,30
100 0,38 7,92 0,00 8,31 501,08 99,92 98,34
Saída Concentração Saída Entrada
Tempo (mgN.L-1) N Total N-NH4 Conversão Remoção
(dias) N- N- N- (mgN.L- (mgN.L- (%) (%)
1 1
NH4 NO2 NO3 ) )
107 0,29 9,40 0,56 10,25 501,08 99,94 97,95
110 0,38 13,25 0,02 13,65 491,27 99,92 97,22
111 0,95 19,46 0,29 20,70 491,27 99,81 95,79
112 0,43 14,14 0,00 14,57 491,27 99,91 97,03
116 0,34 18,28 2,17 20,79 491,27 99,93 95,77
118 0,24 20,50 0,02 20,75 491,27 99,95 95,78
119 0,90 29,37 0,15 30,43 488,63 99,81 93,77
120 0,24 34,70 0,00 34,94 488,63 99,95 92,85
121 11,24 21,24 0,42 32,89 488,63 97,70 93,27
124 5,97 6,59 0,00 12,57 488,63 98,78 97,43
127 6,26 15,17 0,29 21,72 501,37 98,75 95,67
130 34,51 4,37 0,00 38,88 501,37 93,12 92,24
133 1,14 9,85 0,83 11,81 501,37 99,77 97,64
134 0,52 10,88 0,42 11,83 506,75 99,90 97,67
138 13,84 12,51 0,02 26,37 506,75 97,27 94,80
139 0,67 19,46 0,29 20,42 506,75 99,87 95,97
141 18,63 8,07 0,29 26,99 506,75 96,32 94,67
144 10,72 16,65 0,83 28,19 522,60 97,95 94,60
ANEXO A.8: Dados de DQO adicionada, DQO residual e remoção de
DQO do Reato, referente à fase H.
Entrada Saída Remoç Entrada Saída Remoç
Tem Tem
DQO DQO ão (%) DQO DQO ão (%)
po po
(mgDQO (mgDQO (mgDQO (mgDQO
(dias) (dias)
.L-1) .L-1) .L-1) .L-1)
0 1052,93 146,53 86,08 74 1003,80 105,00 90,00
1 1052,93 100,75 90,43 75 1003,80 99,07 90,13
2 1052,93 93,56 91,11 77 1003,80 86,24 91,41
4 1052,93 167,50 84,09 81 1003,80 117,21 88,32
7 962,86 82,85 91,40 82 1003,80 132,06 86,84
8 962,86 71,70 92,55 83 1040,65 121,82 88,29
11 962,86 102,30 89,38 84 1040,65 77,16 92,59
12 962,86 108,39 88,74 88 1040,65 119,84 88,48
14 962,86 120,38 87,50 89 1040,65 133,30 87,19
16 1040,65 107,86 89,64 90 1040,65 68,44 93,42
18 1040,65 108,01 89,62 91 1040,65 82,17 92,10
22 1040,65 105,21 89,89 92 991,52 82,02 91,73
24 1040,65 89,73 91,38 94 991,52 90,51 90,87
25 1040,65 111,67 89,27 96 991,52 92,11 90,71
28 1040,65 83,98 91,93 100 991,52 81,16 91,81
29 1040,65 87,51 91,59 107 991,52 79,47 91,98
34 1040,65 92,12 91,15 110 1065,22 153,68 85,57
39 1040,65 191,66 81,58 111 1065,22 95,00 91,08
46 1040,65 117,28 88,73 112 1065,22 91,26 91,43
47 1040,65 121,10 88,36 116 1065,22 64,42 93,95
48 1040,65 142,69 86,29 118 1065,22 71,71 93,27
49 1040,65 140,92 86,46 119 1065,22 73,85 93,07
50 1102,06 127,54 88,43 120 966,96 75,13 92,23
54 1102,06 169,39 84,63 121 966,96 97,88 89,88
55 1102,06 150,17 86,37 124 966,96 107,25 88,91
56 1102,06 152,36 86,17 127 966,96 70,42 92,72
57 1102,06 148,90 86,49 130 966,96 85,22 91,19
60 1102,06 157,86 85,68 131 966,96 76,00 92,14
61 1102,06 158,62 85,61 133 966,96 93,70 90,31
63 1089,78 183,11 83,20 134 1003,80 67,96 93,23
64 1089,78 116,02 89,35 138 1003,80 88,20 91,21
67 1089,78 130,49 88,03 139 1003,80 95,00 90,54
68 1089,78 95,18 91,27 141 1077,50 112,93 89,52
71 1003,80 106,60 89,38 144 1077,50 95,75 91,11
ANEXO A.9: Dados de acompanhamento do Reator, referente à fase I.
Saída Concentração Saída Entrada
Tempo (mgN.L-1) N Total N-NH4 Conversão Remoção
(dias) N- N- N- (mgN.L- (mgN.L- (%) (%)
1 1
NH4 NO2 NO3 ) )
0 120,21 13,25 3,37 136,83 492,57 75,59 72,22
1 104,35 20,64 1,60 126,59 492,57 78,82 74,30
2 40,41 32,18 2,19 74,78 493,70 91,81 84,85
5 31,54 9,11 2,26 42,91 493,70 93,61 91,31
7 45,08 8,22 1,52 54,82 493,70 90,87 88,90
9 47,41 10,14 1,67 59,22 493,70 90,40 88,00
12 73,54 57,92 1,74 133,21 480,22 84,69 72,26
14 105,75 14,58 1,97 122,29 480,22 77,98 74,53
19 85,68 17,54 3,67 106,88 480,22 82,16 77,74
21 48,37 33,22 3,37 84,96 491,45 90,16 82,71
23 110,88 21,83 1,23 133,93 491,45 77,44 72,75
27 25,44 3,19 2,26 30,89 519,54 95,10 94,05
28 141,21 3,19 2,44 146,85 519,54 72,82 71,73
29 195,82 5,85 2,31 203,98 519,54 62,31 60,74
30 134,91 8,81 0,15 143,88 519,54 74,03 72,31
33 52,54 58,51 2,58 113,63 508,68 89,67 77,66
34 37,24 10,73 1,10 49,07 508,68 92,68 90,35
36 28,42 2,75 0,00 31,17 510,55 94,43 93,90
37 52,96 2,89 0,29 56,14 504,93 89,51 88,88
40 51,75 4,52 2,58 58,85 504,93 89,75 88,34
41 51,64 3,34 0,29 55,26 504,93 89,77 89,06
42 43,70 2,89 1,37 47,96 504,93 91,34 90,50
43 31,63 3,63 0,15 35,42 495,37 93,62 92,85
44 36,08 3,34 1,37 40,79 495,37 92,72 91,77
49 77,49 8,81 1,64 87,94 495,37 84,36 82,25
50 123,81 9,40 0,29 133,50 495,37 75,01 73,05
51 128,71 9,11 0,56 138,37 495,37 74,02 72,07
55 51,40 6,74 0,02 58,16 503,54 89,79 88,45
56 36,00 4,97 0,15 41,12 503,54 92,85 91,83
57 38,28 3,49 0,42 42,19 503,54 92,40 91,62
58 37,99 3,49 0,56 42,03 503,54 92,46 91,65
62 37,40 13,10 0,00 50,50 540,87 93,08 90,66
63 32,85 13,69 0,42 46,97 540,87 93,93 91,32
64 35,22 3,78 0,83 39,83 540,87 93,49 92,64
65 73,22 3,19 0,00 76,41 519,87 85,92 85,30
68 29,77 60,73 0,96 91,46 519,87 94,27 82,41
70 27,44 8,66 0,83 36,93 519,87 94,72 92,90
72 25,94 5,41 0,02 31,37 521,04 95,02 93,98
76 100,24 6,59 0,00 106,83 521,04 80,76 79,50
77 80,41 3,93 0,83 85,16 521,04 84,57 83,65
77 80,41 3,93 0,83 85,16 521,04 75,59 83,65
ANEXO A.10: Dados de DQO adicionada, DQO residual e remoção de
DQO do Reato, referente à fase I.
Entrada Saída Remoç Entrada Saída Remoç
Tem Tem
DQO DQO ão (%) DQO DQO ão (%)
po po
(mgDQO (mgDQO (mgDQO (mgDQO
(dias) (dias)
.L-1) .L-1) .L-1) .L-1)
0 1052,93 130,45 87,61 41 1024,27 83,85 91,81
1 1052,93 137,11 86,98 42 1024,27 91,91 91,03
2 1052,93 166,74 84,16 43 1028,37 70,91 93,10
5 1052,93 180,52 82,86 44 1028,37 76,29 92,58
7 1052,93 143,75 86,35 49 1028,37 102,78 90,01
9 1065,22 136,52 87,18 50 1028,37 127,29 87,62
12 1065,22 122,21 88,53 51 1028,37 120,07 88,32
14 1065,22 166,71 84,35 55 1065,22 147,96 86,11
19 1065,22 123,03 88,45 56 1065,22 109,69 89,70
21 1065,22 145,41 86,35 57 1065,22 86,20 91,91
23 1065,22 92,94 91,28 58 1065,22 71,08 93,33
27 1065,22 126,83 88,09 62 1016,09 80,25 92,10
28 1052,93 106,68 89,87 63 1016,09 46,83 95,39
29 1052,93 121,27 88,48 64 1016,09 136,23 86,59
30 1052,93 112,85 89,28 65 954,67 58,83 93,84
33 1011,99 86,28 91,47 68 954,67 159,30 83,31
34 1011,99 168,58 83,34 70 954,67 118,06 87,63
36 1011,99 122,30 87,91 72 1003,80 101,63 89,88
37 1024,27 117,09 88,57 76 1003,80 216,13 78,47
40 1024,27 100,12 90,22 77 1003,80 173,84 82,68
ANEXO A.11: Dados de acompanhamento do Reator, referente à fase J.
Saída Concentração
Saída Entrada
Tempo (mgN.L-1) Conversão Remoção
N Total N-NH4
(dias) N- N- N- (%) (%)
(mgN.L ) (mgN.L-1)
-1
NH4 NO2 NO3
0 110,27 4,37 0,00 114,65 521,04 78,84 78,00
1 73,17 2,89 0,15 76,22 530,37 86,20 85,63
5 48,37 2,89 0,00 51,27 530,37 90,88 90,33
6 34,14 8,07 0,83 43,03 530,37 93,56 91,89
7 19,09 6,44 0,69 26,22 530,37 96,40 95,06
11 79,05 7,63 1,23 87,91 491,87 83,93 82,13
12 33,27 4,67 0,29 38,23 491,87 93,24 92,23
13 20,67 4,82 0,83 26,32 491,87 95,80 94,65
14 14,42 2,60 0,56 17,58 491,87 97,07 96,43
15 33,44 4,52 0,83 38,79 491,87 93,20 92,11
18 1,47 2,30 0,83 4,60 491,87 99,70 99,07
20 3,22 3,04 1,10 7,36 503,54 99,36 98,54
21 18,04 4,52 0,29 22,85 503,54 96,42 95,46
22 19,67 7,04 0,29 26,99 503,54 96,09 94,64
26 38,80 5,45 0,02 44,27 503,54 92,29 91,21
43 1,12 44,61 1,10 46,82 521,43 99,79 91,02
46 30,75 4,82 0,29 35,86 521,43 94,10 93,12
47 5,44 4,82 0,29 10,54 521,43 98,96 97,98
50 133,84 6,78 0,29 140,91 481,37 72,20 70,73
54 3,22 4,08 0,02 7,31 481,37 99,33 98,48
55 22,94 4,37 0,00 27,31 481,37 95,24 94,33
56 16,17 6,44 0,69 23,31 481,37 96,64 95,16
57 10,80 4,23 0,02 15,05 481,37 97,76 96,87
60 14,54 27,04 0,42 41,99 517,54 97,19 91,89
61 2,47 4,37 0,69 7,54 517,54 99,52 98,54
63 0,84 4,52 0,15 5,51 517,54 99,84 98,93
64 0,65 4,82 0,83 6,30 517,54 99,87 98,78
65 0,84 7,48 1,10 9,41 508,20 99,84 98,15
67 102,81 5,26 1,23 109,30 508,20 79,77 78,49
68 100,47 5,56 0,83 106,86 508,20 80,23 78,97
70 91,84 4,08 0,42 96,34 508,20 81,93 81,04
71 25,37 3,78 0,42 29,57 516,37 95,09 94,27
74 14,12 5,11 0,00 19,23 525,71 97,31 96,34
76 13,25 5,71 0,29 19,25 525,71 97,48 96,34
77 17,64 5,11 0,83 23,58 525,71 96,64 95,51
83 99,77 4,37 0,02 104,17 530,37 81,19 80,36
85 43,70 3,63 0,29 47,63 516,37 91,54 90,78
88 32,97 2,75 0,83 36,54 516,37 93,62 92,92
89 34,44 2,60 0,83 37,86 516,37 93,33 92,67
90 13,21 3,04 0,42 16,67 516,37 97,44 96,77
91 13,19 3,49 0,83 17,50 516,37 97,45 96,61
92 19,84 11,03 0,29 31,16 510,54 96,11 93,90
96 12,21 7,48 0,83 20,51 510,54 97,61 95,98
Saída Concentração
Saída Entrada
Tempo (mgN.L-1) Conversão Remoção
N Total N-NH4
(dias) N- N- N- (%) (%)
(mgN.L ) (mgN.L-1)
-1
NH4 NO2 NO3
97 8,80 9,11 0,69 18,60 510,54 98,28 96,36
99 1,27 3,93 1,10 6,29 510,54 99,75 98,77
102 0,42 2,26 0,29 2,97 516,37 99,92 99,43
103 1,47 2,93 0,29 4,68 516,37 99,72 99,09
104 6,49 2,56 0,02 9,06 516,37 98,74 98,25
105 8,82 2,04 0,29 11,15 504,70 98,25 97,79
106 9,64 1,82 0,83 12,28 504,70 98,09 97,57
108 2,64 2,60 0,42 5,66 514,04 99,49 98,90
109 5,11 6,59 0,83 12,53 514,04 99,01 97,56
110 21,84 4,67 0,29 26,80 514,04 95,75 94,79
111 7,42 2,89 0,42 10,74 514,04 98,56 97,91
112 7,62 1,52 0,29 9,42 514,04 98,52 98,17
ANEXO A.12: Dados de DQO adicionada, DQO residual e remoção de
DQO do Reator, referente à fase J.
Entrada Saída Remoçã Entrada Saída Remoção
Tempo DQO DQO o (%) Tempo DQO DQO (%)
(dias) (mgDQO. (mgDQO. (dias) (mgDQO. (mgDQO.
L-1) L-1) L-1) L-1)
0 1077,50 128,00 88,12 68 1065,22 144,28 1065,22
1 1077,50 64,20 94,04 70 1065,22 163,60 1065,22
5 1077,50 101,98 90,54 71 1065,22 131,19 1065,22
6 991,52 156,51 84,21 74 1052,93 109,52 1052,93
7 991,52 95,41 90,38 75 1052,93 160,74 1052,93
11 991,52 111,69 88,74 76 1052,93 81,14 1052,93
12 991,52 89,88 90,94 77 1052,93 109,52 1052,93
13 917,83 109,86 88,03 83 1089,78 221,19 1089,78
14 917,83 112,40 87,75 85 1089,78 156,55 1089,78
15 917,83 110,20 87,99 88 1028,37 137,41 1028,37
18 917,83 100,14 89,09 89 1028,37 147,66 1028,37
20 917,83 96,78 89,46 90 1028,37 137,07 1028,37
21 1003,80 92,57 90,78 91 1028,37 83,68 1028,37
22 1003,80 89,69 91,06 92 1028,37 59,94 1028,37
26 1003,80 78,91 92,14 96 1028,37 99,26 1028,37
27 1003,80 103,15 89,72 97 1040,65 117,55 1040,65
43 979,24 92,09 90,60 98 1089,78 99,31 1089,78
46 979,24 82,16 91,61 99 1089,78 75,61 1089,78
47 979,24 97,27 90,07 102 1089,78 97,67 1089,78
50 954,67 160,50 83,19 103 1052,93 117,06 1052,93
54 954,67 118,26 87,61 104 1052,93 87,26 1052,93
55 954,67 155,70 83,69 105 1052,93 80,29 1052,93
56 1016,09 123,11 87,88 106 1052,93 93,14 1052,93
57 1016,09 105,50 89,62 107 1065,22 106,24 1065,22
60 1016,09 102,10 89,95 108 1065,22 77,14 1065,22
61 1016,09 85,18 91,62 109 1065,22 82,65 1065,22
63 1016,09 97,61 90,39 110 1065,22 69,73 1065,22
64 1065,22 87,19 91,81 111 1065,22 96,95 1065,22
65 1065,22 99,26 90,68 112 1065,22 103,55 1065,22
ANEXO B: Dados Referentes ao acompanhamento do ciclo do SBR na
fase A e testes E1-E3.

ANEXO B.1: Dados referente ao acompanhamento do SBR na fase A


(X = 3,04gSST.L-1).
QO2 N-NH4
QO2 N-NO2 N-NO3
Tempo T (mgO2/.g (mg N- DQO
pH mgO2.L- (mg N- (mg N-
(h) (°C) SST- 1 NH4.L-
(mgDQO.L-
1 .min-1 -1 -1
NO2.L ) NO3.L )
.min-1 1
) 1
)
0,00 7,53 32,5 2,37 76,71 1,37 90,59
0,25 7,54 32,7 0,09 0,53 4,77 81,89 4,88 103,57
1,25 8,25 33 20,20 68,58 111,70
1,50 7,63 33,8 0,30 1,68 4,01 83,37 2,25 101,88
2,53 8,18 34,4 25,67 64,88 111,20
2,80 7,55 34 0,22 1,16 2,66 82,63 126,35
3,80 8,25 34,3 24,96 67,84 121,99
4,05 7,7 34 0,35 1,81 7,09 78,19 3,48 112,52
5,08 8,19 33,8 30,26 59,71 102,94
5,33 7,67 33,3 0,19 0,91 3,04 81,15 123,32
6,33 8,12 34,5 24,85 65,62 115,08
6,58 7,64 34,1 0,49 2,31 9,93 81,89 4,70 122,47
7,83 7,58 34 0,43 1,97 9,14 77,45 115,73
9,08 7,6 34,2 0,67 2,90 16,69 80,41 100,54
10,33 7,51 34,4 0,27 1,13 7,40 76,71 126,03
11,58 7,47 35,7 0,30 1,82 8,54 84,11 5,06 127,03
12,83 7,54 35,8 0,44 1,74 8,60 85,58 132,42
23,75 7,83 3,57 82,63 0,50 90,92
ANEXO B.2: Dados referente ao ensaio E1 (X = 3,22gSST.L-1).
QO2 QO2 N-NH4 N-NO2 N-NO3 DQO
Tempo
mgO2.gSST- mgO2.L- (mg N- (mg N- (mg N- (mgDQO.L-
(h) 1
.min-1 1
.min-1 NH4.L-1) NO2.L-1) NO3.L-1) 1
)
0,00 243,90 21,11 2,51 493,18
0,27 2,43 0,76 201,32 32,72 3,38 387,66
0,77 201,32 10,10 308,95
1,27 188,31 9,80 0,94 247,39
1,52 4,25 1,32 161,10 28,55 1,64 164,46
2,02 156,37 16,65 153,86
2,52 148,09 13,37 0,07 98,15
2,77 4,26 1,32 123,25 33,91 2,16 86,99
3,27 118,57 32,72 66,47
3,77 115,73 27,95 62,07
4,02 3,24 1,01 85,92 57,71 59,78
5,02 76,93 56,82 55,88
5,30 2,44 0,76 36,71 88,07 39,85
6,30 34,35 79,74 39,53
6,55 1,70 0,53 9,98 103,84 8,79 39,31
23,50 8,89 64,56 1,81 56,88
ANEXO B.3: Dados referente ao ensaio E2 (X = 3,08 gSST.L-1).
QO2 QO2 N-NH4 N-NO2 N-NO3 DQO
Tempo
T (°C) mgO2.gSST- mgO2.L- (mgN.L- (mgN.L- (mgN.L- (mgDQO.L-
(h) 1
.min-1 1
.min 1
) 1
) 1
) 1
)
0 30,6 277,72 18,76 81,78
0,25 31,6 0,77 2,39 259,14 34,66 71,08
0,25 31,6 255,04 35,40 137,44
1,25 33,5 255,04 17,65 1,02 80,56
1,50 33,4 0,89 2,75 232,64 30,59 1,73 80,00
1,50 232,64 30,59 155,38
2,50 233,73 15,44 0,67 155,38
2,75 33,7 0,94 2,91 205,31 31,70 1,55 93,05
2,75 33,7 205,31 30,59 93,00
3,75 198,75 15,81 135,47
4,00 33,7 0,87 2,67 174,16 31,33 135,47
4,00 33,6 174,16 29,85 90,14
5,00 35,6 157,22 15,44 82,35
5,25 34,2 0,93 2,86 133,17 35,03 141,29
5,25 133,17 33,55 85,58
6,25 131,31 15,07 80,62
6,50 0,80 2,45 104,42 37,25 147,02
6,50 104,42 31,70 100,94
7,50 34,8 102,24 14,70 1,37 88,04
7,75 33,8 0,64 1,96 74,80 36,88 2,25 149,13
7,75 33,9 74,80 31,33 93,44
8,83 33,6 69,88 16,91 93,44
9,08 33,7 0,45 1,39 48,46 29,48 142,09
9,08 48,46 27,27 113,76
10,08 38,40 14,70 113,00
10,33 13,95 23,94 174,11
11,08 7,00 18,02 174,11
11,83 3,88 8,78 96,39
ANEXO B.4: Dados referente ao ensaio E3 (X = 3,21 gSST.L-1).
N-
QO2 QO2 N-NO2 N-NO3 DQO
Tempo T NH4
mgO2.gSST- mgO2.L- (mgN.L- (mgN.L- (mgDQO.L-
(h) (°C) 1 (mg
.min-1 1
.min-1 1
) 1
) 1
)
N.L-1)
0 30,9 233,52 8,69 0,21 106,54
0,25 31,8 1,19 3,82 212,13 27,64 123,71
0,5 32 1,19 3,83 191,80 36,14 113,99
1 32,2 1,13 3,62 164,53 75,23 106,90
1,5 33,2 1,19 3,81 135,65 90,76 95,56
2 32,2 1,17 3,74 100,89 119,60 96,26
2,5 32,3 1,20 3,85 65,60 151,39 88,40
3 32,3 0,69 2,20 15,97 189,83 93,63
3,25 33,4 0,51 1,65 3,49 208,32 4,86 75,10
3,28 3,28 203,14 583,13
3,75 144,73 475,17
4,25 34 117,38 0,71 279,97
4,75 74,49 194,39
5,25 34,5 40,48 114,20
5,75 30,87 91,54
7,75 1,60 5,82 94,28
9,75 1,57 2,03 1,21 103,79
ANEXO C: Dados Referentes aos acompanhamentos cinéticos dos
ciclos do SBR na etapa 3.

ANEXO C.1: Dados referente ao acompanhamento cinético do 31 ciclo


da fase E.
DQO
N-NH4 N-NO2 N-NO3
Pto Horário T (C) Horário (mgDQO.L-
(mg.L-1) (mg.L-1) (mg.L-1) 1
)
1 0,33 30,6 251,43 25,95 0 0,33 132,00
2 1,25 33,1 245,09 33,64 0 1,25 140,47
3 2,28 34 226,07 43,11 0,58 2,28 122,26
4 3,92 33,8 203,87 65,29 1,01 3,92 138,81
5 4,83 33,8 174,28 83,37
6 8,17 34,1 139,89 121,07 8,17 141,60
7 10,85 33,9 79,67 175,79 12,00 141,60
8 12,37 34,1 50,29 180,96 2,30 12,37 601,50
9 12,85 34,7 50,08 158,04 12,85 492,13
10 13,42 34,5 45,85 113,68 13,42 382,61
11 14,25 34,8 46,06 83,37 14,25 148,67
12 14,75 34,6 44,37 76,71 14,75 143,01
13 15,75 34 38,24 61,19 15,75 136,10
14 17,75 34 32,32 47,88 17,75 156,24
15 24 35 30,85 16,91 24,00 149,73

ANEXO C.2: Dados referentes ao acompanhamento do 62 ciclo da fase


E.
N-NH4 N-NO2 N-NO3 DQO
Pto Horário T (C)
(mg.L-1) (mg.L-1) (mg.L-1) (mgO2.L-1)
1 0,25 27,3 235,64 17,21 113,46 122,27
2 0,75 29,8 219,08 21,66 115,27 95,00
3 1,75 32,9 182,26 39,46 141,69 114,10
4 2,75 33,4 136,81 51,59 172,33 85,45
5 3,75 33,9 101,41 62,71 194,55
6 4,83 33,6 40,56 64,43 247,70
7 5,75 33,5 14,57 52,81 289,00
8 6,83 34,4 3,48 27,14 339,22 101,07
9 7,75 1,12 357,24 100,00
10 12,25 35 2,15 354,24 546,18
11 12,75 25,43 292,67 423,45
12 13,25 24,40 256,63 133,78
13 13,75 34,8 28,17 253,62 99,89
14 14,75 22,35 247,62 133,66
15 15,75 13,79 237,10 111,40
16 16,75 33,9 9,68 232,60 112,37
17 17,75 4,20 247,62
18 18,75 35 2,15 107,45
19 24,00 2,15 243,11 107,45
ANEXO C.3: Dados referentes ao acompanhamento cinético do ciclo da
fase F.
DQO (m
N-NH4 N-NO2 N-NO3
Pto Horário T (C) Horário mgDQO
(mg.L-1) (mg.L-1) (mg.L-1)
.L-1)
1 0,15 30,4 231,94 93,55 8,84 0,15 44,89
2 1,75 34,2 168,52 155,52 18,30 1,75 48,01
3 3,00 34,7 91,30 221,90 27,61 2,99 48,01
4 3,25 34,5 209,06 20,56 3,00 292,57
5 3,75 34,5 179,96 10,50 3,25 188,93
6 4,75 34,5 178,25 7,94 3,75 86,62
7 6,17 36,5 90,24 169,69 8,24 6,17 71,25
8 7,25 34 21,23 233,03 17,40 8,33 79,03
9 8,33 33,7 6,33 212,49 29,72 8,99 79,03
10 9,00 33,6 3,16 195,37 32,42 9,00 283,45
11 9,50 35 185,96 15,30 9,50 131,54
12 10,00 161,99 13,35 10,00 94,84
13 10,50 159,42 13,35 10,50 80,52
14 11,00 156,00 7,94 11 81,97
15 12,00 1,60 156,86 9,74 12 73,60

ANEXO C.4: Dados referentes ao acompanhamento cinético do ciclo


da fase G.
N- N- N- Horário PHB
DQO
NH4 NO2 NO3 (g.L-1)
Pto Horário T (C) (mgDQO.L-
(mg.L- (mg.L- (mg.L- 1
1 1 1 )
) ) )
1 0,15 31,1 233,70 23,03 39,28 54,00 3,50 0,190
2 0,75 31,9 187,02 52,47 49,93 6,00 0,155
3 1,25 32,6 155,05 69,93 57,35 49,70
4 1,75 32,9 125,72 91,50 65,62
5 2,48 33,1 75,86 70,54 50,75
6 2,52 33,2 72,06 111,01 314,26
7 3,00 34,2 71,00 92,18 61,87 185,35
8 3,50 34,6 78,98 46,85 79,74
9 4,33 35,2 68,70 44,66 72,99
10 6,00 35,3 71,07 57,58 34,52 54,90
11 7,00 33,8 7,69 60,69 63,46 57,51
12 8,00 33,3 0,93 12,08 71,45
13 8,50 33,4 0,40 10,37 183,50 275,23
14 9,50 26,45 138,08 82,13
15 10,25 18,24 135,64
16 12,00 7,28 114,71 72,00
ANEXO C.5: Dados referentes ao acompanhamento cinético do ciclo da
fase H.
DQO
N-NH4 N-NO2 N-NO3
Pto Horário pH T (C) (mgDQO.L-
(mg.L-1) (mg.L-1) (mg.L-1) 1
)
1 0,08 7,85 31,2 104,75 5,56 3,25 108,43
2 0,75 7,67 30,8 63,05 36,85 5,54 114,43
3 1,50 7,29 31,2 30,34 61,70 8,11 95,85
4 1,57 7,44 31,7 61,70 292,37
5 2,07 7,92 33 24,65 27,68 2,04 100,34
6 2,50 7,97 33,5 20,58 1,37 103,54
7 3,25 7,97 34 13,25 1,50
8 5,98 34 24,08 8,22
9 6,03 7,94 32,3 102,38 7,48 2,98 111,15
10 6,75 7,67 32 55,70 39,22 6,89
11 7,50 7,47 32,3 29,27 55,68 7,70 90,45
12 7,53 55,68 242,76
13 8,05 7,83 32,9 31,05 27,09 2,44 105,93
14 8,50 20,50 101,18
15 9,25 16,95 102,79
16 12,00 7,99 33,3 21,14 1,37 109,87
17 12,07 7,93 31,5 84,14 10,29 0,42
18 13,50 7,47 31,4 25,13 45,69 6,89
19 13,53 7,6 31,8 46,91 272,43
20 14,00 7,83 27,98 2,04 134,40
21 14,50 7,85 33,4 20,76 24,13 2,71 101,94
22 18,00 11,98 16,44 118,10
23 18,08 7,82 32,5 78,21 13,99 0,96 118,45
24 19,50 7,54 32,4 19,32 48,68 5,68 108,27
25 19,57 7,82 32,5 51,05 5,41 270,15
26 20,00 7,76 33,2 32,12 1,77 161,60
27 20,50 7,82 8,78 28,19 1,23 89,94
28 24,00 34,5 8,44 15,17 2,31 112,18
ANEXO C.6: Dados referentes ao acompanhamento cinético do ciclo da
fase J.
N- N-
DQO SST
NH4 N-NO2 NO3
Pto Horário pH T (ºC) (mgDQO.L- (g.L-
(mg.L- (mg.L-1) (mg.L- 1 1
1 1 ) )
) )
0 0,1 7,8 32 165,01 12,09 0,83 69,31 4,53
1 0,50 7,96 32 139,35 27,98 4,65
2 1,00 7,69 32,1 102,48 50,35 4,85
3 2,00 7,44 31,8 19,97 109,79 2,04 55,87 4,50
4 2,05 32,2 109,79 381,41 4,50
5 2,25 7,98 32,9 21,80 0,83 101,02 4,59
6 2,5 7,78 33,4 17,41 8,27 58,57 4,61
7 3 7,75 33,6 8,56 63,27 4,69
8 5,25 7,79 34,8 18,11 4,74 57,57 4,61
9 6 8,01 34,7 18,11 4,74 0,29
10 6,1 7,94 32,8 137,01 9,74 72,00 3,66
11 6,57 7,98 32,9 107,61 26,51 3,82
12 7 7,85 32,5 80,08 48,58 3,78
13 7,65 7,41 32,2 29,86 74,19 3,53
14 8 7,43 32,2 9,64 108,92 1,64 54,36 3,24
15 8,05 7,44 32,2 108,92 288,59 3,35
16 8,25 7,85 32,8 8,70 30,04 0,69 192,35 3,46
17 8,5 7,75 33 9,05 7,68 94,50 3,10
18 9 7,73 34 4,15 75,87 3,51
19 12 7,74 34,8 9,29 4,44 0,42 73,01 3,57

ANEXO D: Dados referentes aos dados obtidos durante os ensaios


desnitrificantes.

ANEXO D.1: Dados obtidos no Ensaio desnitrificante 1.


DQO - DQO
N-NO2 DQO PHB SST
Pto Horário (-1)
(mg.L-1) (mgDQO.L-1) (gPHB.L-1) (g.L-1)
(mgDQO.L-1)
-1 0 49,33 41,87
0 0 51,17 144,29 0,0574 0,98 102,42
1 0,25 41,60 88,47 46,61
2 0,42 36,45 69,17 1,03 27,31
3 0,58 34,25 47,77 0,0771 1,01 5,90
4 0,75 33,14 45,25 3,39
5 1 32,41 48,61 6,75
6 1,25 32,04 43,99 2,13
7 1,5 31,67 49,45 1,01 7,59
8 2,25 30,93 45,26 0,98 3,39
9 4 29,10 47,36 5,49
10 6 29,10 47,36 0,00
11 24 29,83 36,44 0,0309 1,00 0,00
ANEXO D.2: Dados obtidos no Ensaio desnitrificante 2.
PHB SST DQO - DQO
N-NO2 DQO
Pto Horário (gPHB.L- (g.L- (-1)
(mg.L-1) (mgDQO.L-1) 1 1
) ) (mgDQO.L-1)
-1 0 107,82 32,95
0 0 107,82 257,11 0,0704 0,94 224,16
1 0,33 87,58 166,89 133,94
2 0,67 70,66 120,75 87,80
3 1,00 57,79 62,42 0,1135 1,00 29,47
4 1,50 52,64 65,79 32,84
5 2,00 46,38 62,86 0,95 29,91
6 2,50 50,43 63,27 0,91 30,32
7 3,00 48,59 57,82 0,89 24,87
8 4,00 0,90
9 5,20 46,02 0,90
10 6,83 46,02 43,13 10,18
11 24,00 44,91 36,84 0,1128 0,94 3,89

ANEXO D.3: Dados obtidos no Ensaio desnitrificante 3.


PHB SST DQO - DQO
N-NO2 DQO
Pto Horário (gPHB.L- (g.L- (-1)
(mg.L-1) (mgDQO.L-1) 1 1
) ) (mgDQO.L-1)
-1 0 254,38 39,23
0 0 254,62 565,36 0,0977 1,03 526,13
1 0,33 245,06 444,07 1,18 404,83
2 0,67 208,27 391,66 352,42
3 1,00 189,88 318,23 279,00
4 1,33 168,55 210,39 171,15
5 2 133,23 93,33 1,30 54,10
6 2,5 124,40 71,94 0,2763 1,37 32,71
7 3 119,25 90,42 1,35 51,19
8 4 111,90 105,12 1,25 65,89
9 6,5 100,86 98,85 1,20 59,61
10 9,5 94,98 92,98 1,23 53,75
11 12 85,41 97,61 58,38
12 24 77,13 68,02 0,0828 1,08 28,79
ANEXO D.4: Dados obtidos no Ensaio desnitrificante 4.
DQO -
DQO PHB
N-NO2 SST DQO (-1)
Pto Horário (mgDQO.L- (gPHB.L-
(mg.L-1) 1 1 (g.L-1) (mgDQO.L-
) ) 1
)
-1 0 518,07 37,64
0 0 518,07 1133,23 0,0632 1,04 1095,59
1 0,50 450,39 946,13 908,49
2 0,83 437,15 822,74 1,08 785,10
3 1,33 412,13 750,58 1,23 712,95
4 1,75 390,06 599,51 561,87
5 2,25 354,75 513,93 1,28 476,30
6 2,75 309,13 377,17 339,53
7 3,75 264,99 200,94 1,33 163,31
8 4,75 219,38 164,92 1,37 127,28
9 6 189,95 123,00 0,3019 1,55 85,36
10 7,75 184,07 129,72 1,42 92,08
11 10,75 175,24 139,81 0,2662 1,52 102,17
12 13 154,64 150,76 1,35 113,12
13 15 145,81 148,26 110,62
14 24 120,80 76,10 1,16 38,46

ANEXO D.5: Dados obtidos no Ensaio desnitrificante 5.


DQO -
DQO PHB
N-NO2 SST DQO (-1)
Pto Horário (mgDQO.L- (gPHB.L-
(mg.L-1) 1 1 (g.L-1) (mgDQO.L-
) ) 1
)
-1 0 271,54 42,30
0 0 271,54 823,07 0,053 0,96 780,77
1 0,50 225,93 604,45 0,99 562,15
2 1,00 189,88 519,72 1,01 477,42
3 1,50 145,74 368,68 1,15 326,38
4 2 106,75 236,94 194,64
5 2,33 94,24 163,08 120,78
6 2,67 77,32 75,38 1,23 33,08
7 3 61,87 74,15 0,186 1,28 31,84
8 3,33 59,66
9 4,67 49,36 82,14 39,84
10 8,17 34,00
11 10,17 18,26 77,37 1,24 35,07
12 24 8,55 58,25 0,156 1,15 15,94
ANEXO E: Preparo da solução de HCl 0,051N para correção de PH

Preparo solução de HCl 1N = 1M


l mol
Para preparar uma solução 0,05 N deveremos dissolver 1,825 g de HCl
em 1 litro de agua.

HCl concentrado: d= 1,18 g/mL e concentração 37%


Deste modo cada 1000 mL dessa solução pesa 1180 g e tem 370 g de
HCl

mL g de l
x mL g de l

x = 4,93 mL de ácido.
Se diluir 5 mL para 1 litro obtem-se a concentracão de 0,0506 N.

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