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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E TECNOLOGIA


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS

ÁLEFE JOÁS SANTOS


EDUARDO ALEXANDRE GANASSOLI
JOÃO PEDRO GIROTO
MATHEUS WILLIAN MALINOSCKY

CARACTERIZAÇÃO DE POLÍMEROS A PARTIR DA QUEIMA

PONTA GROSSA
2019
ÁLEFE JOÁS SANTOS
EDUARDO ALEXANDRE GANASSOLI
JOÃO PEDRO GIROTO
MATHEUS WILLIAN MALINOSCKY

CARACTERIZAÇÃO DE POLÍMEROS A PARTIR DA QUEIMA

Relatório apresentado à disciplina de


Ensaios e Caracterização de Materiais 1
como parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de engenheiro de
materiais na Universidade Estadual de
Ponta Grossa.
Orientador: Prof. Dra. Adriane Bassani
Sowek

PONTA GROSSA
2019
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 4
2 OBJETIVOS ............................................................................................................. 6
3 MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................................... 7
3.1 MATERIAIS ........................................................................................................ 7
3.2 MÉTODOS ......................................................................................................... 7
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 8
5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 14
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 15
LISTA DE SIGLAS E ACRÔNIMOS

PC Policarbonato
PS Poliestireno
EPS Poliestireno expandido
PA Poliamida ou Nylon
PET Polietileno tereftalato
PP Polipropileno
PVC Policloreto de vinila
PE Polietileno
PU Poliuretano
TF Termo fixo
TP Termoplástico
4

1 INTRODUÇÃO

Um polímero pode ser definido quimicamente como uma longa cadeia de


moléculas originada da junção de pequenas unidades de repetição unidas por
ligação covalente, denominadas de meros, que formam uma macromolécula com
massa molar acima de 10 mil gramas por mol (1,2).
Uma das maneiras de diferenciar tipos de polímeros é através do seu
comportamento ao ser aquecido ou resfriado. Dessa maneira, pode-se classificar
os polímeros em dois grupos: os termoplásticos e os termofixos. Os polímeros
termoplásticos são aqueles que amolecem e podem fluir ao serem aquecidos e
retornam ao estado sólido quando resfriados. Essa característica é conferida aos
termoplásticos porque são formados principalmente por moléculas com cadeia
linear ou ramificada, onde para esse tipo de estrutura atuam apenas forças
intermoleculares, que são mais fracas que as ligações primárias, necessitando de
menos energia para serem quebradas (1,2).
Por outro lado, os polímeros termofixos, quando aquecidos não retornam ao
estado sólido original quando resfriados, pois durante o aquecimento o polímero
passa por um processo de cura e se aquecido novamente ocorre uma degradação
do polímero. Desta forma o aquecimento só pode ser realizado uma única vez.
Este fato está relacionado às ligações cruzadas entre as cadeias principais que
formam o polímero (1,2).
A natureza das ligações cruzadas é de uma ligação primária covalente,
portanto muito mais forte que a ligação intermolecular que aparece nas cadeias
que compõem os termoplásticos. Uma vez que a força da cadeia principal e a da
ligação cruzada são as mesmas, quando a energia térmica é suficiente para
romper a cadeia principal, ela também rompe a ligação cruzada, fazendo com que
o polímero degrade (1,2).
Os polímeros são materiais muito utilizados atualmente, porém eles
apresentam uma grande variedade de propriedades entre seus diferentes tipos,
sendo assim é necessário a identificação do tipo do polímero para melhor
utilização do material na indústria ou para a realização da reciclagem (1).
Existem uma série de métodos para se identificar um polímero, desde
métodos mais complexos e precisos como espectroscopia de infravermelho e de
ressonância magnética nuclear e difração de raio X até métodos mais simples
5

como queima de amostra, que mesmo não sendo extremamente precisos são
muito utilizados por sua praticidade (1,3,4).
Um método para identificação dos materiais poliméricos é através da Norma
NBR 13230, que foi estabelecida para identificação por meios da simbologia que
estão presentes na embalagem do material. Está norma segue padrões
internacionais, facilitando assim na coleta seletiva. É possível identificar os
materiais conforme a simbologia apresentada pela Figura 1 (5).
Figura 1 - Simbologia para identificação dos materiais plásticos.

Fonte: Norma ABNT 13230


Observa-se na Figura 1 a numeração e os tipos de polímero e para o
número 1 o PET, número 2 o PEAD, número 3 o PVC, número 4 PEBD, número 5
PP, número 6 PS e por fim o número 7 os demais polímeros existentes.
A reciclagem consiste em um processo de transformar um material, o qual
já teve o término do uso de sua primeira função em um novo produto. Umas vez
que a simbologia não é adotada de forma correta é necessário realizar
procedimentos de identificação o que pode deixar o processo de reciclagem mais
caro (5).
Uma das formas mais simples de se realizar a identificação de um polímero
e através do aquecimento do mesmo, uma vez que os diferentes tipos de
polímeros apresentam algumas características diferentes ao serem aquecidos,
essas são: coloração da chama, propagação ou não de chamas, ruídos
provenientes da queima, amolecimento da amostra e coloração, odor, e pH da
fumaça liberada (1).
6

2 OBJETIVOS

Realizar a identificação de materiais poliméricos de acordo com o teste de


queima, utilizando-se dos seguintes procedimentos: comportamento do material
sob aquecimento, odor e pH da fumaça, se incendeia ou se é auto-extinguível, e
outras características, como ruído, cor da fumaça e se há emissão de fuligem após
a chama apagar.
7

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 MATERIAIS
Os materiais poliméricos utilizados para análise foram: Policarbonato (PC),
Poliestireno (PS), Poliestireno expandido (EPS), Poliamida ou Nylon (PA), Acrílico,
Polietileno Tereftalato (PET), Polipropileno (PP), Policloreto de Vinila (PVC),
Polietileno (PE) e Baquelite.
Para a queima dos polímeros, utilizou-se um bico de Bunsen e para a
aferição do pH da fumaça utilizou-se papel tornassol. As outras características
foram observadas por meio da visão, audição e olfato.

3.2 MÉTODOS
Primeiramente, para a queima dos polímeros, acendeu-se o bico de
Bunsen, de modo a chama ficar totalmente azulada. Em seguida, tomou-se uma
amostra de um polímero previamente escolhido e com o auxílio de um pegador de
madeira a amostra foi submetida à chama até o momento em que iniciou-se a
queima. A partir do momento em que a amostra iniciou a queima foi analisado a
cor da chama emitida, se havia emissão de ruídos, se houve amolecimento e a
coloração da fumaça durante a queima. Em seguida, retirou-se a amostra da
chama do bico de Bunsen, e verificou se esse material é auto-extinguível ou
inflamável, e, ao mesmo tempo foi analisado a cor e o odor da fumaça, o pH da
mesma e se havia emissão de fuligem. Essas operações foram realizadas para
cada amostra dos diferentes tipos de polímeros descritos no item 3.1.
8

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados observados no experimento foram anotados e tabulados


conforme apresentado na Tabela 1.
Tabela 1 - Características dos polímeros

Polímero TF Fumaça Coloração Incendeia ou Outras


ou da chama auto- características
TP extinguível observadas
pH Odor

Policarbonato TP Neutro Nenhum Amarela Incendeia


(PC) cheiro com base
característico azul
identificado

Poliestireno TP Neutro Estireno Amarela Incendeia Fumaça preta e


(PS) com base liberação de fuligem
azul

Poliestireno TP Neutro Estireno Amarela Incendeia Fumaça preta,


expandido com base muita fuligem e
(EPS) azul chama se propaga
rapidamente

Poliamida TP Levemente Pelos Amarela Auto-


(náilon) básico queimados com base extinguível
azul

Polimetil TP Neutro Super bonder Amarela Incendeia Produz ruídos na


metacrilato com base queima;
(PMMA) azul queima instantânea

Polietileno TP Neutro Adocicado Amarela Incendeia Fumaça preta;


tereftalato com base fundiu facilmente
(PET) azul

Polipropileno TP Neutro Vela Amarela Incendeia


(PP) com base
azul

Policloreto de TP Ácido Forte e ácido Amarelo Auto- Fumaça preta


vanila (PVC) puxando extinguível
para o
verde

Polietileno TP Neutro Vela Amarela Incendeia


(PE) com base
azul

Fenol- TF Neutro Carvão Amarela Auto- Produz ruídos na


formaldeído com base extinguível queima
azul
Fonte: Os autores.
9

Na Tabela 2 estão apresentados os dados obtidos na literatura relativos às


características dos polímeros com base no teste de queima.
Tabela 2 - Características da queima de alguns polímeros

Polímero TP Fumaça Cor da Incendeia Outras características


ou chama ou auto-
TF pH Odor extinguível

Policarbonato TP Neutra Fenólico Amarela Incendeia Difícil iniciar ignição, fuligem


(PC)

Poliestireno TP Neutra Estireno Amarela Incendeia Muita fuligem, carboniza


(PS) com base Amolece, escorre e as gotas
azul caem e continuam a queimar

Poliamida TP Neutra Cabelo Azul com Auto- Quando funde fica claro,
(náilon) queimado pontas extinguível ignição moderada, facilidade
amarelas de formação de fibra.
Diferentes náilons têm
diferentes Tm’s.

Polimetil TP Neutra Metacrilato de Amarela Incendeia Ignição imediata. Amolece,


metacrilato metila com base crepita, geralmente não goteja.
(PMMA) azul Pouco material carbonizado

Polietileno TP Neutra Adocicado Amarela Incendeia Material fundido é claro.


tereftalato Grande facilidade de formar
(PET) fuligem

Polipropileno TP Neutra Vela Amarela Incendeia Densidade ≅ 0,9 g/cm³


(PP) com base Tm = 165 °C
azul Semelhante ao PE, mas forma
fibra com mais facilidade

Policloreto de TP Ácida Acre, Amarela Auto- Ignição moderada, carboniza.


vanila (PVC) característico com vase extinguível Teste de Belstein: positivo.
de cloro verde

Polietileno TP Neutra Vela Amarela Incendeia Densidade < 1 g/cm³


(PE) queimada com base Tm (HDPE) = 135 °C
azul Tm (LDPE) = 115 °C
Torna-se claro quando
fundido, ignição imediata

Fenol- TF Neutra Fenol- Amarela Auto- Ignição muito difícil, carboniza.


formaldeído formaldeído extinguível Cargas podem mascarar o
resultado

Fonte: CANEVAROLO JR.,Sebastião V. Ciência dos polímeros: um texto básico


para tecnólogos e engenheiros. São Paulo: Artliber, 2002. 183 p. ISBN 85-88098-
10-5.
10

Após a realização do experimento, elaboração da Tabela 1 e transcrição da


Tabela 2, realizou-se uma análise comparativa dos resultados do experimento e a
Tabela 2. A análise comparativa descrita é apresentada na mesma sequência das
Tabelas 1 e 2.
O policarbonato consiste em um polímero formado por ligações entre
carbono e oxigênio que são conhecidas por carbonatos. O mero desse polímero
está representado na Figura 2 (4).
Figura 2 - Mero de PC

Fonte: (4)
A análise apresentou características discretas para esse polímero, como pH
da fumaça neutro. Embora na Tabela 2 constatar cheiro fenólico por apresentar um
anel benzênico em sua estrutura, o mesmo não foi identificado. A coloração da
chama não foi alterada, e após ser retirado da chama, a mesma se propagou na
amostra. A amostra amoleceu, o que identifica ser um polímero termoplástico.
O poliestireno é formado pela polimerização do monômero de estireno,
motivo pelo qual esse polímero apresentou odor de estireno ao ser exposto a altas
temperaturas. A principal diferença observada entre o poliestireno e o poliestireno
expandido (popularmente conhecido como isopor), embora os dois propaguem a
chama após retirados do fogo, é que no EPS a velocidade de propagação é maior.
O mero que constitui esse polímero está representado na Figura 3 (1).
Figura 3 - Mero de PS

Fonte: (4)
11

Foi constatado que o PS e o EPS amolecem ao serem aquecidos,


caracterizando-os como termoplásticos. A fumaça liberada pela queima das
amostras dos dois polímeros apresenta uma coloração preta de pH neutro e há
liberação de fuligem.
A queima da amostra de poliamida liberou um cheiro bem característico de
pêlos queimados, e embora o PA puro seja incendiável, o PA da amostra era auto-
extinguível, uma vez que a amostra utilizada pudesse conter algum aditivo
retardante de chama. O mero da poliamida está apresentado na Figura 6.
Figura 6 - Mero de Poliamida 6.6

Fonte: (4)
Outras características apresentadas pelo PA foi que o pH da fumaça é
levemente básico, e que é um termoplástico, pois a amostra amoleceu quando foi
exposta à chama.
O polimetil metacrilato quando submetido a chama amoleceu devido a ser
um termoplástico, emitindo um ruído característico de crepitação, e liberou um
odor semelhante ao de super-bonder. A fumaça liberada pela queima tem um
caráter neutro e é um polímero inflamável, sendo que a queima do mesmo é feita
rapidamente. Na Figura 10 está representado o mero do PMMA.
Figura 10 - Mero de polimetil metacrilato

Fonte: (1)
12

O polímero de PET, ao ser exposto a chama, libera um odor com aroma


adocicado, com fumaça preta de pH neutro. É um polímero termoplástico, uma vez
que amolece ao ser aquecido, e propaga a chama. Na Figura 5 está representado
o mero de PET.
Figura 5 - Mero de PET

Fonte: (4)
O polipropileno é um hidrocarboneto, ou seja, é formado apenas pelos
elementos carbono e hidrogênio em sua cadeia. Apresentou como característica
principal o odor marcante de vela queimada, além do pH da fumaça liberada ser
neutro e a coloração da chama amarela de base azul. Na Figura 7 está
representada o mero de PP (4).
Figura 7 - Mero de PP

Fonte: (4)
O PVC é um polímero que tem sua formação através de adição de cloro ao
monômero de etileno. O cloro presente na estrutura confere a maioria das
características para esse polímero, como a coloração verde na chama ao expor
uma amostra do material. Isso ocorre porque o cloro presente na estrutura quando
é estimulado pela chama realiza o fenômeno denominado salto quântico, e assim
emite uma coloração verde. (1)
Outra característica conferida pelo cloro é que a presença desse elemento
age como um retardante de chama para o polímero, uma vez que produtos voláteis
são formados, inibindo a propagação da chama ao abafar ao fogo. O pH e cheiro
ácido também são características causadas pela presença do cloro. O mero do
PVC está representado na Figura 4 (1,3).
13

Figura 4 - Mero de PVC

Fonte: (4)
Assim como o PP, o PE também é um hidrocarboneto, e tem a estrutura do
seu mero representada na Figura 8. Outra característica em comum com o PP é o
cheiro de vela queimada, fumaça de pH neutro e coloração da chama amarela de
base azul (4).
Figura 8 - Mero de PE

Fonte: (4)
A resina fenólica, mais conhecida como baquelite, foi o primeiro polímero
sintético produzido, sendo obtido através da reação de um fenol e um formaldeído,
como está representado na Figura 9 (1).
Figura 9 - Reação de formação da baquelite

Fonte: (4)
A primeira característica notável da baquelite é que ela é um termofixo, uma
vez que não amolece ao ser aquecida. O mesmo apresentou uma fumaça de pH
neutro e de odor carvão. Não foi possível constatar a propagação da chama uma
vez que esse polímero é auto-extinguível. Quando na presença da chama nota-se
que é produzido ruídos.
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5 CONCLUSÃO

Dos dez polímeros analisados, nem todos foram identificados com


facilidade utilizando o método proposto. Tal identificação foi dificultada pelo fato de
nem todos os membros da equipe já tem familiaridade com o tema.
Alguns dos polímeros analisados puderam ser identificados facilmente
devido a apresentarem características muito já conhecidas, como por exemplo, a
identificação do PVC.
Outros polímeros que embora apresentassem características muito próprias
de suas moléculas presentes, não puderam ser identificados com clareza pelos
sentidos devido à necessidade de um conhecimento prévio do caráter do mero que
compõe o polímero, como o odor exalado da baquelite.
15

REFERÊNCIAS

1 CANEVAROLO JR.,Sebastião V. Ciência dos polímeros: um texto básico


para tecnólogos e engenheiros. São Paulo: Artliber, 2002. 183 p. ISBN 85-88098-
10-5.
2 ROSEN, Stephen L. Fundamental principles of polymeric materials. 2.ed.
New York: John Wiley & Sons, c1993. 420 p. (SPE monographs). ISBN 0-471-
57525-9.
3 MANO, Eloisa Biasotto. Identificação de plásticos, borrachas e fibras.
São Paulo: Edgard Blucher, 2000. 224 p. ISBN 85-212-0284-9.
4 CALLISTER JR, William D. Ciência e engenharia de materiais: uma
introdução. 5.ed. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro: LTC, c2002. 589 p. ISBN 85-216-
1288-5.
5 MANO, Eloisa Biasotto. Meio ambiente, poluição e reciclagem. Rio de
Janeiro: Edgard Blucher, 2005. 182 p. ISBN 85-212-0352
6 PIVA, A. M. e WIEBECK, H. Reciclagem do Plástico. São Paulo: Artliber.
Editora, 2004.

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