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O jornalismo pode ser qualificado, embora com certo exagero, como um mal necessário. É um mal
porque todo relato jornalístico tende ao provisório. Mesmo quando estamos preparados para abordar os
assuntos sobre os quais escrevemos, é próprio do jornalismo apreender os fatos às pressas. A chance de
erro, sobretudo de imprecisões, é grande.
O próprio instrumento utilizado é suspeito. Diferente da notação matemática, que é neutra e exata, a
linguagem se presta a vieses de todo tipo, na maior parte inconscientes, que refletem visões de mundo
de quem escreve. Eles interagem com os vieses de quem lê, de forma que, se são incomuns textos de
fato isentos, mais raro ainda que sejam reconhecidos como tais.
Pertenço a uma geração que não se conformava com as debilidades do relato jornalístico. O objetivo
daquela geração, realizado apenas em parte, era estabelecer que o jornalismo, apesar de suas severas
limitações, é uma forma legítima de conhecimento sobre o nível mais imediato da realidade.
O que nos remete à questão do início; sendo um mal, por que necessário? Por dois motivos. Ao
disseminar notícias e opiniões, a prática jornalística municia seus leitores de ferramentas para um
exercício mais consciente da cidadania. Thomas Jefferson pretendia que o bom jornalismo fosse a escola
na qual os eleitores haveriam de aprender a exercer a democracia.
O outro motivo é que os veículos, desde que comprometidos com o debate dos problemas públicos,
servem como arena de ideias e soluções. O livre funcionamento das várias formas de imprensa, mesmo
as sectárias e as de má qualidade, corresponde em seu conjunto à respiração mental da sociedade.
Entretanto, o jornalismo dito de qualidade sempre foi objeto de uma minoria. A maioria das pessoas
está de tal maneira consumida por seus dramas e divertimentos pessoais que sobra pouca atenção para
o que é público. Desde quando os tabloides eram o principal veículo de massas, passando pela televisão
e pela internet, vastas porções de jornalismo recreativo vêm sendo servidas à maioria.
O jornalismo de verdade, que apura, investiga e debate, é sempre elitista. Está voltado não a uma elite
econômica, mas a uma aristocracia do espírito. São líderes comunitários, professores, empresários,
políticos, sindicalistas, cientistas, artistas. Pessoas voltadas ao coletivo.
A influência desse tipo de jornalismo sempre foi, assim, mediada. Desde que se tornou hegemônico,
nos anos 1960-70, o jornalismo televisivo se faz pautar pela imprensa. Algo parecido ocorre agora com
as redes sociais.
A imprensa, que vive de cobrir crises, sempre esteve em crise. O paradoxo deste período é que, no
mesmo passo em que as bases materiais do jornalismo profissional deslizam, sua capacidade de atingir
mais leitores se multiplica na internet, conforme se torna visível a perspectiva de universalizar o ensino
superior.
(Adaptado de: FILHO, Otavio Frias. Disponível em: www.folha.uol.com.br)
O carnaval do Recife deve ao Galo da Madrugada sua repercussão nacional. O bloco foi num crescendo
ano a ano e virou o espetáculo grandioso que é. Tem futuro promissor. Mas precisa ser encarado como
um negócio a ser tocado cada vez mais profissionalmente.
O potencial do carnaval do Recife para crescer como um “negócio” poderá ser estimulado a beneficiar
mais a cidade, gerando incremento de emprego, trabalho e renda nos hotéis, restaurantes, lanchonetes,
oficinas de madeira e ferro, shoppings, meios de hospedagem em residências, segurança... entre outros
segmentos ligados à cadeia produtiva do evento.
Para ampliar a dimensão desse carnaval, há que se explorar ainda mais o potencial do Recife Antigo e
o de Olinda. Uma cidade que dispõe, a seu lado, de uma festa tão singular, alegre e irreverente como a
da vizinha cidade já é por si só um produto comercializável e lucrativo. Nossa proposta pontual é fundir
os dois carnavais e transformá-los na marca “Carnaval Recife-Olinda”. Isto vai “pegar” e potencializará
uma maior atratividade nacional para a festa pernambucana. Que estado no Brasil dispõe de um
conjunto de atrativos em uma única festa como o “Galo” estrondoso, o frevo, os blocos antigos,
maracatus, bonecos gigantes, caboclinhos, tambores silenciosos, virgens de Olinda, escolas de samba,
prévias tradicionais e até espaço poprock para os mais alternativos?
Qual caminho a seguir? Primeiro, institucionalizar a aliança entre Olinda e Recife. Em seguida, buscar
os patrocínios e parcerias com as associações de bares e restaurantes, indústrias de bebidas, empresas
de cartões de crédito, redes sociais e sites estratégicos. O estímulo para se conhecer o “Carnaval Recife-
Olinda” já deverá estar em anúncios publicitários nesses sites ao menos três meses antes da festa. Isso
despertará o interesse do público de diferentes localidades. É este o caminho para transformar
Pernambuco num destino ainda mais procurado a partir de 2019.
(Adaptado de: LIMA, Mauro Ferreira. “Carnaval do Recife, proposta para crescer”. Disponível em:
www.diariodepernambuco.com.br. 17.02.2018)
mesmo tempo não se conformavam de não conseguir puxar a cantora para o terreno familiar da
vulgaridade e do sex appeal.
Mas estava espantada com a dimensão do sucesso. Como responderá ao apelo de um público que talvez
esteja apaixonado por ela pelas razões erradas? Como não se espelhar na imagem banal de pop star que
lhe oferecem? O que é mais difícil de enfrentar, na vida artística: a resistência do público para quem sua
obra se dirige ou a fama vertiginosa que alavanca (ops) a carreira de alguns artistas iniciantes para o
topo do mercado em algumas semanas?
Ela diz ter com a música uma aliança impossível de desfazer. Sua intuição musical parece capaz de levá-
la muito além da próxima esquina, e a sutil entonação dolorida na voz talvez não permita que ela vire
uma espécie de Ivete Sangalo paulistana. O CD de estreia é dedicado à avó Cila. A terceira faixa é uma
homenagem fúnebre tocante, uma toada em feitio de oração. Como outro grande compositor negro,
Gilberto Gil, Gadú se mostra capaz de reverenciar a força de seus ancestrais. “Se queres partir, ir embora
/ me olhe de onde estiver”, pede para a avó, contando com a ajuda dos orixás. Quem sabe a forte
conexão com sua origem a proteja de se transformar em fast food para a voracidade dos consumidores.
(Adaptado de: KEHL, Maria Rita. 18 crônicas e mais algumas. São Paulo: Boitempo, 2011)
Sua intuição musical parece capaz de levá-la muito além da próxima esquina, e a sutil entonação
dolorida na voz talvez não permita que ela vire uma espécie de Ivete Sangalo paulistana.
Alterando-se tão somente o tempo, e não o modo, dos verbos da frase acima, está correta a redação
que se encontra em:
a) Sua intuição musical teria parecido capaz de levá-la muito além da próxima esquina, e a sutil
entonação dolorida na voz talvez não teria permitido que ela houvesse virado uma espécie de Ivete
Sangalo paulistana.
b) Sua intuição musical parecerá capaz de levá-la muito além da próxima esquina, e a sutil entonação
dolorida na voz talvez não permitirá que ela vire uma espécie de Ivete Sangalo paulistana.
c) Sua intuição musical parecesse capaz de levá-la muito além da próxima esquina, e a sutil
entonação dolorida na voz talvez não permitisse que ela virasse uma espécie de Ivete Sangalo
paulistana.
d) Sua intuição musical tinha parecido capaz de levá-la muito além da próxima esquina, e a sutil
entonação dolorida na voz talvez não permitiu que ela virasse uma espécie de Ivete Sangalo paulistana.
e) Sua intuição musical parecia capaz de levá-la muito além da próxima esquina, e a sutil entonação
dolorida na voz talvez não permitisse que ela virasse uma espécie de Ivete Sangalo paulistana.
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30/12/2018 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
Você pode sobreviver sem internet, sem eletricidade e até alguns dias sem comer. Quando falta água,
porém, a coisa complica. Vivendo nas grandes cidades, raramente pensamos que ela pode acabar, mas,
em muitos lugares, inclusive no Brasil, ela já faz falta.
Vivendo nas grandes cidades, raramente pensamos que ela pode acabar...
No contexto, a forma verbal destacada tem sentido equivalente a
a) Para vivermos...
b) Quando vivemos...
c) Antes de vivermos...
d) Sem vivermos...
e) Porém vivemos...
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Um filme publicitário traz um ator interpretando um boçal no pavilhão de uma Bienal. O almofadinha,
vestindo pulôver escuro com gola rolê, cita autores como Nietzsche e Méliès, entre outros, para compor
um discurso afetado e vazio por meio do qual definia uma suposta obra de arte. É o velho clichê do
crítico intelectual.
Vi a propaganda no mesmo dia em que a Câmara Brasileira do Livro e a Amazon anunciaram uma nova
categoria do prêmio Jabuti: a dos melhores romances, contos, crônicas e poesia, na opinião dos leitores.
O prêmio da Escolha do Leitor foi anunciado em tom de inovação democrática. O mesmo argumento tem
sustentado algumas das estratégias de mercado draconianas de grandes corporações de internet. Afinal,
dá-se voz ao leitor, que agora pode pôr em xeque decisões arbitrárias de um punhado de críticos que
não representam a opinião da maioria.
Nesse sentido, a Escolha do Leitor menos inova do que aperfeiçoa uma tendência que já coroava as
edições anteriores do prêmio: o Livro do Ano. Escolhido pelos livreiros, ele contempla os títulos com mais
chances de corresponder às expectativas do mercado, muitas vezes contrariando os resultados das
categorias literárias.
A principal ressalva à inovação democrática do Jabuti, entretanto, é que já existe um prêmio do leitor.
Ele se chama lista dos mais vendidos e é outorgado no mundo inteiro. É claro que há diferenças. A favor
da nova categoria, deve-se dizer que o leitor elegerá títulos apenas entre os finalistas. Ou seja, pela via
do meio, o novo prêmio atenderia ao mercado sem exonerar a crítica.
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Mas, então, por que prêmios literários prestigiados mundo afora ignoram a opinião da maioria? A
resposta é simples. A despeito de seus eventuais equívocos (e não são poucos), os prêmios literários não
foram criados para corresponder a critérios objetivos de mercado.
Os prêmios literários são asserções (com frequência, inerciais; às vezes, justas e corajosas − e a
coragem não costuma ser fruto do consenso) sobre o que um grupo de pessoas, selecionadas por
motivos nem sempre claros ou acertados, acredita que deve ser defendido em termos de subjetividade e
exceção.
Ao atribuir o prêmio de literatura a Bob Dylan, por exemplo, o Nobel tomou uma decisão idiossincrática,
mas que exalta o que há de subjetivo tanto em escrever como em ler e premiar literatura.
Ao contrário, exceção e subjetividade não fazem parte do vocabulário das grandes corporações de
internet. É o que torna tanto mais curioso que um dos poucos prêmios literários brasileiros de prestígio
tenha incorporado a lógica pleonástica dos algoritmos que estruturam a rede (o que mais se lê também é
cada vez mais lido). Não é mais uma perspectiva subjetiva, mas sim uma forma de endossar a premissa
de que não se deve contrariar o gosto do "leitor" (seja ele quem for, de preferência uma média que
represente muitos).
Hoje, mais do que nunca, soa antipático e antidemocrático pôr em dúvida essa ideia generalizada de
leitor. Mas fazer o indivíduo acreditar que não precisa se esforçar para entender o que lhe escapa ou o
que o contraria (como propõe a propaganda da Bienal) tem menos a ver com o respeito pela formação
de um leitor ou um espectador autônomo, reflexivo, do que com a sua redução a potencial de lucro e
com o estreitamento correlato de seus horizontes intelectuais e subjetivos.
(Adaptado de: CARVALHO, Bernardo. “A opinião dos leitores e a crítica”. Disponível em: folha.uol.com.br. Acesso
em: 10/3/2018)
uma tendência que já coroava as edições anteriores do prêmio (4 o parágrafo)
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo do que se encontra acima está sublinhado em:
a) por meio do qual definia uma suposta obra de arte
b) o novo prêmio atenderia ao mercado
c) ou o que o contraria
d) o leitor elegerá títulos apenas entre os finalistas
e) ele contempla os títulos com mais chances
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O filósofo sempre foi considerado um personagem bizarro, estranho, capaz de cair num poço quando se
embrenha em suas reflexões − é o que contam a respeito de Tales (cerca de 625-547 a.C.). O primeiro
filósofo, segundo a tradição grega, combina enorme senso prático para os negócios com uma capacidade
de abstração que o retira do mundo. Por isso é visto como indivíduo dotado de um saber especial,
admirado porque manipula ideias abstratas, importantes e divinas. No fundo não está prefigurando as
oposições que desenharão o perfil do homem do Ocidente? O divino Platão e o portentoso Aristóteles
fizeram desse estranhamento o autêntico espanto diante das coisas, o empuxo para a reflexão filosófica.
Nos dias de hoje essa imagem está em plena decadência; o filósofo se apresenta como um profissional
competindo com tantos outros. Ninguém se importa com as promessas já inscritas no nome de sua
profissão: a prometida amizade pelo saber somente se cumpre se a investigação for levada até seu
limite, cair no abismo onde se perdem suas raízes. A palavra grega filosofia significa “amigo da
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sabedoria”, por conseguinte recusa da adesão a um saber já feito e compromisso com a busca do
correto.
Em contrapartida, o filósofo contemporâneo participa do mercado de trabalho. Torna-se mais seguro
conforme aumenta a venda de seus livros, embora aparente desprezar os campeões de venda. Às vezes
participa do jogo da mídia. Graças a esse comércio transforma seu saber em capital, e as novidades que
encontra na leitura de textos, em moeda de troca. Ao tratar as ideias filosóficas como se fossem meras
opiniões, isoladas de seus pressupostos ligados ao mundo, pode ser seduzido pela rigidez de ideias sem
molejo, convertendo-se assim num militante doutrinário. Outras vezes, cai nas frivolidades da vida
mundana. Não vejo na prática da filosofia contemporânea nenhum estímulo para que o estudioso se
comprometa com uma prática moral e política mais consciente de si mesma, venha a ser mais tolerante
às opiniões alheias.
Num mundo em que as coisas e as pessoas são descartáveis, a filosofia e o filósofo também se tornam
dispensáveis, sempre havendo uma doutrina ou um profissional capaz de enaltecer uma trama de
interesses privados. A constante exposição à mídia acaba levando o filósofo a dizer o que o grande
público espera dele e, assim, também pode usufruir de seus quinze minutos de celebridade. Diante do
perigo de ser engolfado pela teia de condutas que inverte o sentido original de suas práticas, o filósofo,
principalmente o iniciante, se pretende ser amante de um saber autêntico, precisa não perder de vista
que assumiu o compromisso de afastar-se das ideias feitas − ressecadas pela falta da seiva da reflexão
− e de desconfiar das novidades espalhafatosas. Se aceita consagrar-se ao estudo das ideias, que reflita
sobre o sentido de seu comportamento.
(Adaptado de: GIANNOTTI, José Arthur. Lições de filosofia primeira. São Paulo: Companhia das Letras, 2011,
edição digital)
... que reflita sobre o sentido de seu comportamento.
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo do sublinhado acima está na frase:
a) ... que o retira do mundo.
b) ... venha a ser mais tolerante às opiniões alheias...
c) ... como se fossem meras opiniões, isoladas de seus pressupostos...
d) ... que inverte o sentido original de suas práticas...
e) A palavra grega filosofia significa “amigo da sabedoria”...
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Não há dúvida de que uma linha reta é o caminho mais curto entre dois pontos. Mas ninguém pode
afirmar que seja também o melhor, o mais indicado, o mais proveitoso, por ser mais alegre, mais bonito
ou mais surpreendente. Quem caminha pelas cidades sabe que há trajetos e trajetos: uns para a pressa,
outros para animar o espírito. Numa época em que a velocidade se tornou uma espécie de paradigma
geral, vale a pena experimentar alternativas para o nosso modo de atravessar os espaços e o tempo.
Imagino quantos motoristas presos num congestionamento não sonharão em abandonar o carro, ou
quantos passageiros em deixar o ônibus, e sair à toa e a pé em busca de novos caminhos, desistindo de
se submeter à ditadura do relógio e dos compromissos. Se ninguém faz isso, o desejo de libertação
existe para todos. As grandes cidades, em vez de oferecerem espaços de circulação ou acolhimento,
impõem-nos caminhos intransitáveis, paralisantes. Nosso estilo de vida levou-nos aos impasses urbanos
que impositivamente configuram nossa rotina.
Dizia o poeta espanhol António Machado que o caminho se faz caminhando, que os caminhantes é que
traçam e qualificam seu destino. Essa convicção deveria inspirar não apenas os responsáveis diretos pelo
uso mais desfrutável do espaço urbano, mas todos aqueles que sentem seu compromisso com os rumos
e o andamento da civilização.
(Hermínio Toledo, inédito)
A flexão das formas verbais e a articulação entre seus tempos e modos estão plenamente adequadas na
frase:
a) Quem caminhasse pelas grandes cidades virá a constatar que elas contessem muitas surpresas.
b) Numa época em que a velocidade se impuser de forma ainda mais drástica, valerá a pena buscar
alternativas.
c) Se ninguém vir a buscar caminhos alternativos, nenhuma possibilidade real de libertação seria
explorada.
d) Nosso estilo de vida levará-nos a impasses urbanos que dificilmente encontrariam alguma forma
de solução.
e) A convicção do poeta acena para a criação nossa de caminhos próprios, da qual advisse um novo
prazer de viver.
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fazer operações espaciais com mais facilidade. O realmente importante é reconhecer que essas
diferenças não são limitações, e sim pontos de partida, sobre os quais o aprendizado e a experiência
podem agir.
(Adaptado de: PIZA, Daniel. Perfis & Entrevistas. São Paulo, Contexto, 2004)
Em O fato de que o objeto de estudo está situado dentro da cabeça do próprio pesquisador não é
necessariamente um empecilho, caso se substitua o segmento sublinhado por “A possibilidade”, as
formais verbais deverão ser alteradas, respectivamente, para:
a) esteja situado − seja
b) estivesse situado − seria
c) teria se situado − teria sido
d) estivesse situado − seja
e) se situe − fosse
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− Nós somos estranhos. Porque, o que é que nós somos? Esquizofrênicos? Só não estamos num hospício
porque nos aceitamos e nos aceitam quando acertamos. É uma vida dupla. Você tem um espetáculo à
noite e faz toda sua vida durante o dia, seja ela qual for, uma vida calma, incontestada, desassossegada,
e à noite, você tem que dar conta de outra esfera. Ninguém te obriga a ir [trabalhar]. Nem quando você
passa pela perda de um amor. A gente até acha que aquele amor teria gostado se você fosse lá fazer
seu espetáculo. Ítalo Rossi perdeu um irmão num desastre e fez o espetáculo da noite. Estou contando
um caso extremo, mas isso acontece.
− A gente não guarda emoção. A gente vai [trabalhar] com o que acontece, com o que bate na hora.
Cada plateia provoca outro estágio no espetáculo. Tem sempre alguma coisa [que muda] porque é tudo
muito sutil, embora você faça sempre o “mesmo” gestual. É algo imponderável e inexplicável. Porque é o
seguinte, não é só uma pessoa, um elenco e a plateia. Ali tem que haver uma comunhão. Porque às
vezes um ator está de um lado do palco, outro ator está do outro lado, eles se olham e dizem: “Hoje não
vai sair como a gente quer”. É uma energia cósmica. Mas nunca é exatamente a mesma coisa. Não é.
Tanto que às vezes uma pessoa vai ver o espetáculo e se apaixona, mas um amigo vai ver e não gosta,
não entrosou, não comungou, entendeu? Não deveria haver uma luta para conquistar a plateia, mas
provocar fascínio e buscar uma comunhão.
– É como se fosse um ato religioso: você entra no teatro e espera começar. Já estão todos sentados? Já
está na hora? Aí, faz-se alguma coisa: toca-se uma campainha, uma luz muda, os atores entram mesmo
com a luz... Ou seja, tem um início. Aí você fica diante de um ser humano. É como uma missa. O que é o
padre? Um ator. Ele está ali paramentado, num cerimonial religioso. Se é Páscoa, é uma cor, se é
Semana Santa ou Natal, são outras cores. Se fala um texto, não deixa de ser um auto medieval, e as
pessoas ficam ali. Acho que, no fundo, tudo na vida é um teatro. Já falava o Velho Bardo [William
Shakespeare]: para cada pessoa, você se apresenta, mesmo que um pouquinho, de maneira diferente.
Às vezes até a cada hora do dia, até para você mesmo. Quem é a gente?
Caso se inicie a frase acima com “Talvez”, feitas as devidas alterações, os verbos deverão assumir,
respectivamente, as seguintes formas:
a) saísse quereria
b) teria saído quisesse
c) iria sair quisesse
d) vá sair quer
e) saia quererá
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Na morte de Carlos Heitor Cony, lamentei nunca ...... que mudara de opinião sobre um escritor que ele
admirava e eu, de graça, sempre desprezara: Humberto de Campos. Ao finalmente ......, em 2017,
enxerguei muito de Humberto de Campos na coragem e na franqueza de Cony. Há dias, recebi uma
caixa da viúva de Cony. Antes mesmo de ......, já adivinhava o conteúdo: os livros de Humberto de
Campos que Cony tanto lera e amara.
(Adaptado de: CASTRO, Ruy. Op.cit.)
Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem dada:
a) lhe ter dito − lê-lo − abri-la
b) ter-lhe dito − ler-lhe − abri-la
c) tê-lo dito − lê-lo − abrir-lhe
d) tê-lo dito − lhe ler − a abrir
e) ter-lhe dito − lê-lo − abrir-lhe
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Sei que vocês nunca ouviram falar de Apolinária. Nem poderiam. Ela faz parte de um conjunto de
pessoas que jamais usufruíram de notoriedade.
Era junho de 1855 quando Apolinária, 24 anos, cabinda, africana livre, afinal desembarcou no porto de
Manaus. No início do século XIX, quando o tráfico de escravos se tornou ilegal como parte de um
conjunto de acordos internacionais, os africanos livres eram os indivíduos que compunham a carga dos
navios apreendidos no tráfico ilícito. Pela lei de 1831, se a apreensão ocorresse em águas brasileiras,
eles ficavam sob tutela estatal e deviam prestar serviços ao Estado ou a particulares por 14 anos até sua
emancipação. Com isso, os africanos livres chegaram aos quatro cantos do Império, inclusive ao
Amazonas.
Apolinária foi designada para trabalhar na recém-instalada Olaria Provincial. Suas crianças foram junto.
Ali já estavam outros africanos livres que, além da fabricação de telhas, potes e tijolos, também eram
responsáveis pela supervisão do trabalho dos índios que vinham das aldeias para servir nas obras
públicas. Eram cerca de 20 pessoas que viviam no mesmo lugar em que trabalhavam e assim foi até
1858, quando a olaria foi fechada para se transformar em uma nova escola: os Educandos Artífices.
A rotina na Olaria era dura e foi com alegria que Apolinária soube que seria a lavadeira dos Educandos.
Diferente dos outros, não ia precisar se mudar para o outro lado do igarapé. Podia continuar ali com os
filhos, o marido Gualberto, o cozinheiro Bertoldo e Severa, filha de Domingos Mina. O salário não era
grande coisa, mas a amizade antiga com Bertoldo garantia alimento extra à mesa para todos. A
tranquilidade durou pouco. O diretor dos Educandos, certamente mal informado pela boataria
maledicente, a demitiu do cargo alegando que era ladra e dada a bebedeiras. Menos de 3 meses depois,
Apolinária já estava de volta ao trabalho nas obras públicas, com destino incerto.
Sou incapaz de dizer mais alguma coisa sobre o que aconteceu com Apolinária porque ela desapareceu
da documentação, mas os fragmentos de sua vida que pude recuperar são poderosos para iluminar
cenas da vida desta cidade que estavam nas sombras. A presença negra no Amazonas é tratada de
modo marginal na historiografia local e só muito recentemente vemos mudanças neste cenário. Há ainda
muitas zonas de silêncio. A história de Apolinária nos ajuda a colocar problemas novos, entre eles, o fato
de que a trajetória dessas pessoas que cruzaram o Atlântico e, depois, o Império permite acessar um
mundo bem pouco visível na história do Brasil: a diversidade de experiências que uniram índios,
escravos, libertos e africanos livres no mundo do trabalho no século XIX.
Falar dessa gente pouco importante é buscar dialogar com personagens reais e concretos. Suas vidas
comuns foram, de fato, extraordinárias, cada uma a seu modo. Seres humanos verdadeiros, que fazem a
História acontecer todos os dias.
(Adaptado de: Patrícia Sampaio. Disponível em: http://amazoniareal.com.br. 06.08.2014)
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O acréscimo de uma vírgula mantém a passagem do texto reescrita de acordo com a norma-padrão em:
a) A história de Apolinária, nos ajuda a colocar problemas novos [...]
b) Sou incapaz de dizer mais alguma coisa sobre o que aconteceu com Apolinária porque, ela
desapareceu da documentação [...]
c) [...] a olaria foi fechada para se transformar, em uma nova escola: os Educandos Artífices.
d) Seres humanos verdadeiros, que fazem a História, acontecer todos os dias.
e) A rotina na Olaria era dura, e foi com alegria que Apolinária soube que seria a lavadeira dos
Educandos.
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O jornalismo pode ser qualificado, embora com certo exagero, como um mal necessário. É um mal
porque todo relato jornalístico tende ao provisório. Mesmo quando estamos preparados para abordar os
assuntos sobre os quais escrevemos, é próprio do jornalismo apreender os fatos às pressas. A chance de
erro, sobretudo de imprecisões, é grande.
O próprio instrumento utilizado é suspeito. Diferente da notação matemática, que é neutra e exata, a
linguagem se presta a vieses de todo tipo, na maior parte inconscientes, que refletem visões de mundo
de quem escreve. Eles interagem com os vieses de quem lê, de forma que, se são incomuns textos de
fato isentos, mais raro ainda que sejam reconhecidos como tais.
Pertenço a uma geração que não se conformava com as debilidades do relato jornalístico. O objetivo
daquela geração, realizado apenas em parte, era estabelecer que o jornalismo, apesar de suas severas
limitações, é uma forma legítima de conhecimento sobre o nível mais imediato da realidade.
O que nos remete à questão do início; sendo um mal, por que necessário? Por dois motivos. Ao
disseminar notícias e opiniões, a prática jornalística municia seus leitores de ferramentas para um
exercício mais consciente da cidadania. Thomas Jefferson pretendia que o bom jornalismo fosse a escola
na qual os eleitores haveriam de aprender a exercer a democracia.
O outro motivo é que os veículos, desde que comprometidos com o debate dos problemas públicos,
servem como arena de ideias e soluções. O livre funcionamento das várias formas de imprensa, mesmo
as sectárias e as de má qualidade, corresponde em seu conjunto à respiração mental da sociedade.
Entretanto, o jornalismo dito de qualidade sempre foi objeto de uma minoria. A maioria das pessoas
está de tal maneira consumida por seus dramas e divertimentos pessoais que sobra pouca atenção para
o que é público. Desde quando os tabloides eram o principal veículo de massas, passando pela televisão
e pela internet, vastas porções de jornalismo recreativo vêm sendo servidas à maioria.
O jornalismo de verdade, que apura, investiga e debate, é sempre elitista. Está voltado não a uma elite
econômica, mas a uma aristocracia do espírito. São líderes comunitários, professores, empresários,
políticos, sindicalistas, cientistas, artistas. Pessoas voltadas ao coletivo.
A influência desse tipo de jornalismo sempre foi, assim, mediada. Desde que se tornou hegemônico,
nos anos 1960-70, o jornalismo televisivo se faz pautar pela imprensa. Algo parecido ocorre agora com
as redes sociais.
A imprensa, que vive de cobrir crises, sempre esteve em crise. O paradoxo deste período é que, no
mesmo passo em que as bases materiais do jornalismo profissional deslizam, sua capacidade de atingir
mais leitores se multiplica na internet, conforme se torna visível a perspectiva de universalizar o ensino
superior.
(Adaptado de: FILHO, Otavio Frias. Disponível em: www.folha.uol.com.br)
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d) ... de forma que, se são incomuns textos de fato isentos, mais raro ainda que sejam reconhecidos
como tais.
e) São líderes comunitários, professores, empresários, políticos, sindicalistas, cientistas, artistas.
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O carnaval do Recife deve ao Galo da Madrugada sua repercussão nacional. O bloco foi num crescendo
ano a ano e virou o espetáculo grandioso que é. Tem futuro promissor. Mas precisa ser encarado como
um negócio a ser tocado cada vez mais profissionalmente.
O potencial do carnaval do Recife para crescer como um “negócio” poderá ser estimulado a beneficiar
mais a cidade, gerando incremento de emprego, trabalho e renda nos hotéis, restaurantes, lanchonetes,
oficinas de madeira e ferro, shoppings, meios de hospedagem em residências, segurança... entre outros
segmentos ligados à cadeia produtiva do evento.
Para ampliar a dimensão desse carnaval, há que se explorar ainda mais o potencial do Recife Antigo e
o de Olinda. Uma cidade que dispõe, a seu lado, de uma festa tão singular, alegre e irreverente como a
da vizinha cidade já é por si só um produto comercializável e lucrativo. Nossa proposta pontual é fundir
os dois carnavais e transformá-los na marca “Carnaval Recife-Olinda”. Isto vai “pegar” e potencializará
uma maior atratividade nacional para a festa pernambucana. Que estado no Brasil dispõe de um
conjunto de atrativos em uma única festa como o “Galo” estrondoso, o frevo, os blocos antigos,
maracatus, bonecos gigantes, caboclinhos, tambores silenciosos, virgens de Olinda, escolas de samba,
prévias tradicionais e até espaço poprock para os mais alternativos?
Qual caminho a seguir? Primeiro, institucionalizar a aliança entre Olinda e Recife. Em seguida, buscar
os patrocínios e parcerias com as associações de bares e restaurantes, indústrias de bebidas, empresas
de cartões de crédito, redes sociais e sites estratégicos. O estímulo para se conhecer o “Carnaval Recife-
Olinda” já deverá estar em anúncios publicitários nesses sites ao menos três meses antes da festa. Isso
despertará o interesse do público de diferentes localidades. É este o caminho para transformar
Pernambuco num destino ainda mais procurado a partir de 2019.
(Adaptado de: LIMA, Mauro Ferreira. “Carnaval do Recife, proposta para crescer”. Disponível em:
www.diariodepernambuco.com.br. 17.02.2018)
nada a ver com você, pode ser muito angustiante. E sedutor. Vale lembrar que a palavra “sedução”
indica o ato de desviar alguém de seu caminho: “eis que chega a roda-viva e carrega o destino pra lá”.
Pensava essas coisas de meu lugar na plateia lotada do Credicard Hall (que nome para um teatro,
caramba!), onde fui ver o show de uma de minhas cantoras favoritas no momento: Maria Gadú. Com
jeito de moleque, encarapitada no banquinho, de onde não desceu para rebolar nenhuma vez,
composições muito pessoais que escapam ao clichê romântico e uma rara sofisticação musical, Maria
Gadú parecia não se reconhecer diante do público que – vibrava? Não, vibrar seria compreensível.
Delirava? Sim; mas o entusiasmo foi muito além disso. O público ululava desde os primeiros acordes de
cada canção, que todos sabiam de cor, mas não conseguiam escutar. A energia com que aplaudiam mais
parecia uma fúria, que a timidez da artista só fazia excitar mais e mais. Pareciam todos sedentos por
uma experiência musical autêntica, promovida por alguém que não vendesse sensualidade barata, e ao
mesmo tempo não se conformavam de não conseguir puxar a cantora para o terreno familiar da
vulgaridade e do sex appeal.
Mas estava espantada com a dimensão do sucesso. Como responderá ao apelo de um público que talvez
esteja apaixonado por ela pelas razões erradas? Como não se espelhar na imagem banal de pop star que
lhe oferecem? O que é mais difícil de enfrentar, na vida artística: a resistência do público para quem sua
obra se dirige ou a fama vertiginosa que alavanca (ops) a carreira de alguns artistas iniciantes para o
topo do mercado em algumas semanas?
Ela diz ter com a música uma aliança impossível de desfazer. Sua intuição musical parece capaz de levá-
la muito além da próxima esquina, e a sutil entonação dolorida na voz talvez não permita que ela vire
uma espécie de Ivete Sangalo paulistana. O CD de estreia é dedicado à avó Cila. A terceira faixa é uma
homenagem fúnebre tocante, uma toada em feitio de oração. Como outro grande compositor negro,
Gilberto Gil, Gadú se mostra capaz de reverenciar a força de seus ancestrais. “Se queres partir, ir embora
/ me olhe de onde estiver”, pede para a avó, contando com a ajuda dos orixás. Quem sabe a forte
conexão com sua origem a proteja de se transformar em fast food para a voracidade dos consumidores.
(Adaptado de: KEHL, Maria Rita. 18 crônicas e mais algumas. São Paulo: Boitempo, 2011)
O que é mais difícil de enfrentar, na vida artística: a resistência do público para quem sua obra se dirige
ou a fama vertiginosa que alavanca (ops) a carreira de alguns artistas iniciantes para o topo do mercado
em algumas semanas?
Considere as afirmações a seguir, a respeito do período acima.
I. A vírgula imediatamente após enfrentar pode ser suprimida sem prejuízo para a correção e o
sentido da frase.
II. Acrescentando-se uma vírgula imediatamente após público, o período permanece correto, mas o
público em questão passa a ter caráter mais abrangente.
III. Pode-se acrescentar uma vírgula após dirige, sem prejuízo da correção e do sentido da frase,
uma vez que “ou” é conjunção alternativa.
História do Maranhão
Na época do descobrimento do Brasil, a região do atual Estado do Maranhão era povoada por diferentes
tribos indígenas. Os primeiros habitantes desse Estado faziam parte de dois grupos: os tupis e os jês. Os
tupis habitavam o litoral: já os jês habitavam o interior. Com o tempo, no século XVIII, diversas tribos do
Piauí entraram no Maranhão, tentando evitar que os brancos as caçassem.
Não existem relatos feitos com exatidão a respeito das primeiras expedições que exploraram a costa
maranhense. Reza a crença que, em 1500, o espanhol Vicente Yáñez Pinzón já navegara por toda a
costa norte do Brasil. A viagem feita por Pinzón na região mencionada teve origem em Pernambuco e
destino à foz do rio Amazonas.
A partir de 1524, os franceses começaram a frequentar o litoral do Maranhão. A explicação para o
motivo dessa frequência é que o litoral desse Estado havia sido esquecido pelos portugueses. Lá os
franceses trocavam com os indígenas produtos da região por objetos que traziam da Europa.
Em 1531, Martim Afonso de Sousa chegou ao Brasil. Esse homem foi o comandante da primeira
expedição que colonizou a região. O militar e nobre português exigiu que Diogo Leite fosse responsável
pela exploração do litoral norte. Diogo Leite aproximouse da foz do rio Gurupi, que atualmente serve de
divisa entre os Estados do Maranhão e do Pará. Essa divisa ficou por muito tempo conhecida como "abra
de Diogo Leite".
Em 1534, quando Dom João III dividiu a Colônia Portuguesa no Brasil em Capitanias Hereditárias, os
portugueses ainda não haviam chegado a colonizar o Maranhão. Um ano depois, o monarca português
concedeu a terra a três fidalgos que eram homens de sua confiança. Foram eles: João de Barros,
Fernando Álvares de Andrade e Aires da Cunha. Ambos os primeiros idealizaram seu plano para a
tomada de posse da capitania. Os dois donatários encarregaram sua execução a Aires da Cunha. Aires da
Cunha veio ao Brasil, no mesmo ano da doação. Durante a viagem, a frota afundou nas costas
maranhenses devido a violento temporal, e o capitão faleceu, assim como a maior parte dos integrantes.
Os sobreviventes fundaram um núcleo de povoamento denominado Nazaré e passaram a explorar o
terreno através dos acidentes geográficos fluviais. Entretanto, os indígenas não lhes facilitaram essa
ocupação. Do núcleo de povoamento, não restou nada e, quando essa povoação foi destruída, os
portugueses abandonaram-na.
(Disponível em: www.cocaisnoticias.com.br)
Os primeiros habitantes desse Estado faziam parte de dois grupos: os tupis e os jês. (1° parágrafo)
Os dois-pontos no trecho acima introduzem duas noções, simultaneamente, denominadas
a) enumeração e exemplificação.
b) enumeração e justificativa.
c) exemplificação e justificativa.
d) explicação e exclusão.
e) exclusão e enumeração.
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GATONET' poderá render multa e cadeia para quem instala e para quem usa
Ter TV por assinatura com 'sinal pirateado', prática mais conhecida como 'gatonet', poderá se tornar
crime no Brasil. O Projeto de Lei do Senado n° 186/2013 começou a tramitar na Comissão de
Constituição e Justiça do Senado nesta semana e, caso aprovado, vai tipificar os crimes de interceptação
e recepção clandestina de sinal de TV por assinatura.
Isso quer dizer que tanto a pessoa que oferece e instala os famosos 'gatonets' quanto os clientes que
solicitam a pirataria poderão ser punidos com multa de até R$ 10 mil. Também está prevista reclusão de
seis meses a dois anos, com a possibilidade de aumentar a pena em 50% caso fique provado danos a
terceiros.
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Dessa forma, as autoridades poderão não apenas confiscar equipamentos utilizados para piratear sinal
de TV por assinatura, mas também poderão prender os responsáveis e colocá-los no sistema sob
legislação específica.
Acredita-se que o grande problema da pirataria de TV por assinatura hoje é a comercialização de
equipamentos decodificadores que substituem os oferecidos oficialmente pelas operadoras.
A venda, compra ou fabricação desses aparelhos também será punida. A importação de produtos como
esses já está proibida no Brasil desde 2011, mas não se tem notícia da responsabilização penal de seus
fornecedores pelo crime de contrabando.
(Adaptado de: https://www.tecmundo.com.br)
A frase que permanece correta com o acréscimo de uma vírgula após o termo sublinhado é:
a) Infelizmente não se tem notícia da responsabilização penal dos importadores de equipamentos
para piratear sinal de TV pelo crime de contrabando.
b) Todos os brasileiros devem se preocupar com o problema da fabricação de equipamentos para
piratear sinal de TV por assinatura.
c) Ninguém sabe quando os tais 'gatonets' deixaram de existir em nosso país nem mesmo se todos
os responsáveis serão punidos.
d) Dizem que alguns dos equipamentos utilizados para piratear sinal de TV por assinatura às vezes
não ligam nem desligam.
e) Autoridades poderão multar os responsáveis pela pirataria de sinal de TV e também colocá-los na
prisão.
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Depois de sete anos de queda, o número de casos de malária avançou 50% no último ano e tem gerado
alerta na região Norte e em alguns outros estados do país.
Dados contabilizados pelo Ministério da Saúde e obtidos pela Folha apontam 194 mil registros em todo o
ano de 2017 − um aumento de 50% em relação ao ano anterior. Em 2016, para efeito de comparação, o
país chegou a alcançar o menor número de casos já registrado nos últimos 37 anos: 129 mil.
Em 2017, dados de janeiro, ainda preliminares, apontam que o avanço continua: são 17 mil
confirmações. Desse total, 99% são em estados da região amazônica, que é endêmica para a doença,
em especial Amazonas, Acre e Pará. O número de mortes ainda não foi atualizado. Foram 11, de janeiro
a maio de 2017, o que não permite comparações com todo o ano de 2016.
A doença, causada por protozoários transmitidos pela fêmea infectada do mosquito Anopheles, ocorre
em regiões rurais e acomete principalmente populações mais vulneráveis, em locais com más condições
de saneamento e invasões em áreas de mata, por exemplo. Entre os registros, também cresceram casos
de malária falciparum, nome dado à forma da doença causada pelo protozoário Plasmodium Falciparum,
que é mais grave.
(Adaptado de: CANCIAN, Natália. Disponível em: www.folha.uol.com.br)
Ao se reescrever uma passagem do texto, foi observado o respeito às normas de pontuação em:
a) Ocorreram 11 mortes desde 11 de janeiro a maio de 2017, fato que não permite comparações
com todo o ano de 2016.
b) Desde 11 de janeiro, a maio de 2017 ocorreram 11 mortes o que não permite comparações com
todo o ano de 2016.
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c) Desde 11 de janeiro a maio de 2017 ocorreram, 11 mortes fato que não permite comparações com
todo o ano de 2016.
d) Ocorreram 11 mortes desde 11 de janeiro a maio 2017, fato que não permite comparações, com
todo o ano de 2016.
e) Desde 11 de janeiro a maio de 2017 ocorreram 11 mortes fato, que não permite comparações com
todo o ano de 2016.
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Quando se descobre a necessidade do uso de óculos, uma grande questão pode surgir: ao mesmo tempo
em que ele faz com que você veja o mundo literalmente com outros olhos, a mudança de estilo nem
sempre é bem-vinda e todas as armações podem parecer horríveis.
Em casos de uso indispensável são sugeridas as lentes de contato, que, apesar de não ficarem
aparentes, poderão causar incômodo nos olhos de algumas pessoas.
Agora uma terceira opção pode se tornar viável: o uso de nanopartículas aplicadas como um colírio.
Pesquisadores do Centro Médico Shaare Zedek e da Universidade Bar-Ilan publicaram um estudo
explicando como o método funciona. O processo atualmente exigiria visitas periódicas ao médico, mas,
após essa etapa, tal uso funciona sem problema algum.
(Texto adaptado. Disponível em: www.tecmundo.com.br)
"Eles podem estar envolvidos em uso passivo da rede social – que ocorre quando você passa muito
tempo no Facebook, Twitter e Instagram vendo comentários, fotos e postagens de outras pessoas, e não
publicando nada próprio nem se envolvendo em conversas. (...)"
O travessão introduz
a) uma exemplificação que esclarece a afirmação anterior.
b) um comentário que corrige a afirmação anterior.
c) um questionamento que contraria a afirmação anterior.
d) uma informação que não tem relação com a afirmação anterior.
e) uma observação que resume a afirmação anterior.
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A Bola
O pai deu uma bola de presente ao filho. Lembrando o prazer que sentira ao ganhar a sua primeira bola
do pai. Uma número 5, de couro.
Agora não era mais de couro, era de plástico. Mas era uma bola.
O garoto agradeceu, desembrulhou a bola e disse “Legal!”. Depois começou a girar a bola, à procura de
alguma coisa.
− Como é que liga? − perguntou.
− Como, como é que liga? Não se liga.
− O que é que ela faz?
− Ela não faz nada. Você é que faz coisas com ela.
− O quê?
− Controla, chuta...
− Ah, então é uma bola.
− Claro que é uma bola. Você pensou que fosse o quê?
− Nada, não.
O garoto agradeceu, disse “Legal” de novo, e dali a pouco o pai o encontrou na frente da tevê, com a
bola nova do lado, manejando os controles de um videogame. Algo chamado Monster Baú, em que times
de monstrinhos disputavam a posse de uma bola em forma de blip eletrônico na tela ao mesmo tempo
que tentavam se destruir mutuamente.
O pai pegou a bola nova e ensaiou algumas embaixadas. Conseguiu equilibrar a bola no peito do pé,
como antigamente, e chamou o garoto.
− Filho, olha.
O garoto disse “Legal” mas não desviou os olhos da tela.
(Adaptado de: VERISSIMO, Luis Fernando. Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro, Objetiva, p. 18-19)
Um filme publicitário traz um ator interpretando um boçal no pavilhão de uma Bienal. O almofadinha,
vestindo pulôver escuro com gola rolê, cita autores como Nietzsche e Méliès, entre outros, para compor
um discurso afetado e vazio por meio do qual definia uma suposta obra de arte. É o velho clichê do
crítico intelectual.
Vi a propaganda no mesmo dia em que a Câmara Brasileira do Livro e a Amazon anunciaram uma nova
categoria do prêmio Jabuti: a dos melhores romances, contos, crônicas e poesia, na opinião dos leitores.
O prêmio da Escolha do Leitor foi anunciado em tom de inovação democrática. O mesmo argumento tem
sustentado algumas das estratégias de mercado draconianas de grandes corporações de internet. Afinal,
dá-se voz ao leitor, que agora pode pôr em xeque decisões arbitrárias de um punhado de críticos que
não representam a opinião da maioria.
Nesse sentido, a Escolha do Leitor menos inova do que aperfeiçoa uma tendência que já coroava as
edições anteriores do prêmio: o Livro do Ano. Escolhido pelos livreiros, ele contempla os títulos com mais
chances de corresponder às expectativas do mercado, muitas vezes contrariando os resultados das
categorias literárias.
A principal ressalva à inovação democrática do Jabuti, entretanto, é que já existe um prêmio do leitor.
Ele se chama lista dos mais vendidos e é outorgado no mundo inteiro. É claro que há diferenças. A favor
da nova categoria, deve-se dizer que o leitor elegerá títulos apenas entre os finalistas. Ou seja, pela via
do meio, o novo prêmio atenderia ao mercado sem exonerar a crítica.
Mas, então, por que prêmios literários prestigiados mundo afora ignoram a opinião da maioria? A
resposta é simples. A despeito de seus eventuais equívocos (e não são poucos), os prêmios literários não
foram criados para corresponder a critérios objetivos de mercado.
Os prêmios literários são asserções (com frequência, inerciais; às vezes, justas e corajosas − e a
coragem não costuma ser fruto do consenso) sobre o que um grupo de pessoas, selecionadas por
motivos nem sempre claros ou acertados, acredita que deve ser defendido em termos de subjetividade e
exceção.
Ao atribuir o prêmio de literatura a Bob Dylan, por exemplo, o Nobel tomou uma decisão idiossincrática,
mas que exalta o que há de subjetivo tanto em escrever como em ler e premiar literatura.
Ao contrário, exceção e subjetividade não fazem parte do vocabulário das grandes corporações de
internet. É o que torna tanto mais curioso que um dos poucos prêmios literários brasileiros de prestígio
tenha incorporado a lógica pleonástica dos algoritmos que estruturam a rede (o que mais se lê também é
cada vez mais lido). Não é mais uma perspectiva subjetiva, mas sim uma forma de endossar a premissa
de que não se deve contrariar o gosto do "leitor" (seja ele quem for, de preferência uma média que
represente muitos).
Hoje, mais do que nunca, soa antipático e antidemocrático pôr em dúvida essa ideia generalizada de
leitor. Mas fazer o indivíduo acreditar que não precisa se esforçar para entender o que lhe escapa ou o
que o contraria (como propõe a propaganda da Bienal) tem menos a ver com o respeito pela formação
de um leitor ou um espectador autônomo, reflexivo, do que com a sua redução a potencial de lucro e
com o estreitamento correlato de seus horizontes intelectuais e subjetivos.
(Adaptado de: CARVALHO, Bernardo. “A opinião dos leitores e a crítica”. Disponível em: folha.uol.com.br. Acesso
em: 10/3/2018)
Está correta a pontuação do seguinte segmento adaptado do texto:
a) Mais do que nunca, atualmente, pôr em dúvida, essa ideia generalizada de leitor, soa antipático e
antidemocrático.
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b) É curioso que, um dos poucos prêmios literários brasileiros de prestígio tenha incorporado a lógica
pleonástica dos algoritmos que estruturam a rede: o que mais se lê também é cada vez mais lido.
c) Vi a propaganda, no mesmo dia, em que se anunciou a nova categoria do prêmio Jabuti; dos
melhores romances, contos, crônicas e poesia − na opinião dos leitores.
d) Os prêmios literários não foram criados, para corresponder a critérios objetivos de mercado: a
despeito de seus eventuais equívocos, que não são poucos.
e) Fazer o indivíduo acreditar que não precisa se esforçar para entender o que lhe escapa, como
propõe a propaganda da Bienal, tem a ver com o estreitamento de seus horizontes intelectuais.
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PRESIDÊNCIA DA REPUBLICA
CASA CIVIL
SECRETARIA ESPECIAL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
PORTARIA N° 195, de 20 de dezembro de 2016.
Dispõe sobre o credenciamento da imprensa no âmbito
da Presidência da República, e dá outras providências.
O Secretário Especial de Comunicação Social da Presidência da República, no uso de suas
atribuições e tendo em vista o disposto no art. 16, incisos V e VIII, da Estrutura Regimental da Casa Civil
da Presidência da República, aprovada pelo Decreto nº 8.889, de 26 de outubro de 2016, resolve:
Art.1º Esta Portaria dispõe sobre as normas de credenciamento da imprensa junto à Presidência da
República.
[...]
Art. 6º O credenciamento anual, inclusive dos profissionais de imprensa brasileiros que trabalhem
em empresas estrangeiras, deve ser requerido, por meio de cadastramento eletrônico, no sítio do
Planalto: http://www2.planalto.gov.br/area-de-imprensa, preenchendo a ficha de dados cadastrais e
anexando a seguinte documentação em formato pdf único [...]
(Presidência da República, Disponível em: http://www2.planalto.gov.br)
Considere:
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I - uma mesma pessoa não poderá ser credenciada por mais de uma empresa e em mais de uma
categoria profissional;
II - poderão ser credenciados mais de uma empresa ou grupo de empresas, conforme a área de
interesse ou característica do veículo.
Manteria o sentido e estaria também correta a reescrita de um dos fragmentos acima:
a) II - mais de uma empresa ou grupo de empresas poderão ser credenciados, conforme a área de
interesse ou característica do veículo.
b) II - poderão ser credenciados, mais de uma empresa ou grupo de empresas, conforme a área de
interesse ou característica do veículo.
c) I - por mais de uma empresa e, em mais de uma categoria profissional uma mesma pessoa não
poderá ser credenciada.
d) I - uma mesma pessoa, não poderá ser credenciada por mais de uma empresa e, em mais de uma
categoria profissional.
e) II - poderão ser credenciados, mais de uma empresa, ou grupo de empresas conforme a área, de
interesse ou característica do veículo.
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No dia 8 de fevereiro de 1600, depois de quase oito anos de detenção, Giordano Bruno foi conduzido à
residência do cardeal Mandruzzo para ouvir, na presença de oito cardeais inquisidores e de algumas
testemunhas ligadas à Igreja, além de uma multidão de curiosos, a sentença que o declarava herético
impenitente e obstinado. De acordo com as regras do Santo Ofício, depois da condenação ele foi
entregue ao governador de Roma para ser punido. Bruno não tinha a menor ilusão quanto ao significado
da sentença que fora proferida, mas, ainda assim, diante de todos afirmou confiante aos cardeais, como
relata uma testemunha ocular do ocorrido: “Tendes mais medo ao proferir a sentença do que eu que a
recebo”. Dias depois –17 de fevereiro –, ele foi queimado vivo no Campo Dei Fiori, lugar tradicional de
suplício das vítimas da Inquisição em Roma. Nesse mesmo largo, uma estátua de bronze domina hoje a
área central, como se o desafio lançado naquele dia frio do inverno romano continuasse a se dirigir aos
que acreditavam triunfar ao condenar à morte uma das mentes mais férteis e criativas da Renascença.
Obs.:
Giordano Bruno (1548-1600): teólogo, filósofo, escritor e religioso italiano.
impenitente: que não demonstra arrependimento.
(Adaptado de: BIGNOTTO, Newton. Intolerância religiosa e a morte de um intelectual. In:
O silêncio dos intelectuais. Org. Adauto Novaes. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 247)
No texto, exemplo de enunciado em que o falante deixa marca de que está colocando distância entre ele
e o conteúdo da afirmação que faz é:
a) ... diante de todos afirmou confiante aos cardeais, como relata uma testemunha ocular do
ocorrido: “Tendes mais medo ao proferir a sentença do que eu que a recebo".
b) para ouvir, na presença de oito cardeais inquisidores e de algumas testemunhas ligadas à Igreja,
além de uma multidão de curiosos, a sentença que o declarava herético impenitente e obstinado.
c) Bruno não tinha a menor ilusão quanto ao significado da sentença que fora proferida.
d) No dia 8 de fevereiro de 1600, depois de quase oito anos de detenção, Giordano Bruno foi
conduzido à residência do cardeal Mandruzzo.
e) Dias depois – 17 de fevereiro –, ele foi queimado vivo no Campo Dei Fiori.
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30/12/2018 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
A partir de que momento uma obra é, de fato, arte? Mona Suhrbier, etnóloga e especialista em questões
ligadas à Amazônia do Museu de Culturas do Mundo de Frankfurt, explica em entrevista por que
trabalhos de mulheres indígenas que vivem em zonas não urbanas têm dificuldade de achar um lugar
nos museus.
Qual tipo de arte pode ser classificado como “arte indigena”? Devo mencionar, de início, que
aqui no Museu das Culturas do Mundo não usamos o termo “arte indígena”. O Museu coleciona desde
1975 arte não europeia. Em cada exposição, indicamos o nome da região de que a arte em questão vem.
Mas para responder a sua pergunta com uma pequena provocação: arte indígena é sempre aquela que
não é nacional. É o tipo de arte que os países não querem usar para representá-los no exterior. É o
“folclore”, o “artesanato”. Para este tipo de arte foi criado no século 21 um espaço especial: o Museu do
Folclore. Já me perguntei: por que é que se precisa desse museu? Por que aquilo que é exibido nele não
é considerado simplesmente arte?
E você encontrou uma resposta a essa pergunta? Quando uma produção deriva de formas de
expressão rurais, coloca-se a obra no Museu do Folclore, sobretudo se for feita por mulheres. Mas se a
obra for de autoria de um artista urbano, cujo currículo seja adequado, ou seja, se tiver estudado com
“as pessoas certas”, aí sim ele pode iniciar o caminho para que se torne um artista reconhecido. Na
minha opinião, o problema está nesses critérios “ocidentais”. Muitas vezes o próprio material já define: o
mundo da arte aceita com prazer a cerâmica (“sim, poderia ser arte”), enquanto um cesto trançado já é
mais difícil.
Até que ponto especialistas em arte, socializados em culturas ocidentais, refletem a respeito
do fato de que talvez não possam julgar tradições artísticas que não conhecem? Acredito que
as pessoas, inclusive os especialistas em arte, tendem a julgar como bom aquilo que já conhecem. As
pessoas, em sua maioria, não pensam que cresceram em um mundo visual específico. Esse mundo serve
como uma espécie de norma. É mais uma questão sensorial que intelectual. Acho que, entre nós, há
muito pouco autoquestionamento no que concerne ao que nos marcou esteticamente.
(Adaptado de: REKER, Judith. “Arte não europeia: ‘não queremos ser como vocês’”. Disponível em:
https://www.goethe.de)
As frases abaixo referem-se à pontuação do segundo parágrafo do texto.
I. Em Mas para responder a sua pergunta com uma pequena provocação: arte indígena..., pode-se
acrescentar uma vírgula logo após “Mas” e substituir os dois-pontos por vírgula, sem prejuízo da
correção.
II. Em ... arte indígena é sempre aquela que não é nacional. É o tipo de arte que...
, pode-se
substituir o ponto final por dois-pontos, uma vez que se segue uma explicação, fazendo-se as
devidas alterações entre maiúsculas e minúsculas.
A partir de que momento uma obra é, de fato, arte? Mona Suhrbier, etnóloga e especialista em questões
ligadas à Amazônia do Museu de Culturas do Mundo de Frankfurt, explica em entrevista por que
trabalhos de mulheres indígenas que vivem em zonas não urbanas têm dificuldade de achar um lugar
nos museus.
Qual tipo de arte pode ser classificado como “arte indigena”? Devo mencionar, de início, que
aqui no Museu das Culturas do Mundo não usamos o termo “arte indígena”. O Museu coleciona desde
1975 arte não europeia. Em cada exposição, indicamos o nome da região de que a arte em questão vem.
Mas para responder a sua pergunta com uma pequena provocação: arte indígena é sempre aquela que
não é nacional. É o tipo de arte que os países não querem usar para representá-los no exterior. É o
“folclore”, o “artesanato”. Para este tipo de arte foi criado no século 21 um espaço especial: o Museu do
Folclore. Já me perguntei: por que é que se precisa desse museu? Por que aquilo que é exibido nele não
é considerado simplesmente arte?
E você encontrou uma resposta a essa pergunta? Quando uma produção deriva de formas de
expressão rurais, coloca-se a obra no Museu do Folclore, sobretudo se for feita por mulheres. Mas se a
obra for de autoria de um artista urbano, cujo currículo seja adequado, ou seja, se tiver estudado com
“as pessoas certas”, aí sim ele pode iniciar o caminho para que se torne um artista reconhecido. Na
minha opinião, o problema está nesses critérios “ocidentais”. Muitas vezes o próprio material já define: o
mundo da arte aceita com prazer a cerâmica (“sim, poderia ser arte”), enquanto um cesto trançado já é
mais difícil.
Até que ponto especialistas em arte, socializados em culturas ocidentais, refletem a respeito
do fato de que talvez não possam julgar tradições artísticas que não conhecem? Acredito que
as pessoas, inclusive os especialistas em arte, tendem a julgar como bom aquilo que já conhecem. As
pessoas, em sua maioria, não pensam que cresceram em um mundo visual específico. Esse mundo serve
como uma espécie de norma. É mais uma questão sensorial que intelectual. Acho que, entre nós, há
muito pouco autoquestionamento no que concerne ao que nos marcou esteticamente.
(Adaptado de: REKER, Judith. “Arte não europeia: ‘não queremos ser como vocês’”. Disponível em:
https://www.goethe.de)
Está correto o que se afirma em:
a) O acréscimo de uma vírgula imediatamente após "Mas" em Mas se a obra for de autoria de um
artista urbano (3º parágrafo) separaria a conjunção da oração por ela introduzida, tornando a frase
incorreta.
b) A frase iniciada por Muitas vezes o próprio material já define(3º parágrafo) introduz um exemplo
contrário aos critérios aventados na frase anterior, de modo a sugerir outro ponto de vista.
c) Em Já me perguntei: por que é que se precisa desse museu? (2º parágrafo), caso se suprimam os
dois-pontos e o ponto de interrogação, deverá também se alterar a grafia de “por que” para “porque”.
d) No 3º parágrafo, se as aspas, por um lado, relativizam expressões como “pessoas certas” e
“ocidentais”, por outro, destacam uma fala hipotética do mundo da arte em “sim, poderia ser arte”.
e) Em por que é que se precisa desse museu? (2º parágrafo), a supressão do segmento sublinhado,
por ser expletivo, acarreta erro de sintaxe à frase.
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contagia, se café vicia, o endereço do senso de humor, os efeitos dos antidepressivos. A escrita é
acessível e descontraída e os exemplos são tirados do cotidiano. Mesmo assim, Suzana descreve o
processo de realização de cada pesquisa e discute as questões mais complexas, como a relação entre
herança e ambiente, as origens fisiológicas de determinados comportamentos e o conceito de
consciência. Leia a entrevista abaixo.
2. Muitos se queixam da ausência de uma “teoria da mente” satisfatória e dizem que a
consciência humana é um mistério que não se poderia resolver – mesmo porque caberia à
própria consciência humana resolvê-lo. O que acha? Acho que, na ciência, mais difícil do que
encontrar respostas é formular perguntas boas. A ciência precisa de hipóteses testáveis, e somente
agora, quando a neurociência chega perto dos 150 anos de vida, começam a aparecer hipóteses
testáveis sobre os mecanismos da consciência. Mas “teorias da mente” bem construídas e perfeitamente
testáveis já existem. A própria alegação de que deve ser impossível à mente humana desvendar a si
mesma, aliás, não passa de uma hipótese esperando ser posta por terra. É uma afirmação desafiadora, e
com um apelo intuitivo muito forte. Mas não tem fundamento. De qualquer forma, a neurociência conta
hoje com um leque de ferramentas que permite ao pesquisador, se ele assim desejar, investigar por
exemplo a ativação em seu cérebro enquanto ele mesmo pensa, lembra, faz contas, adormece e, em
seguida, acorda. O fato de que o objeto de estudo está situado dentro da cabeça do próprio pesquisador
não é necessariamente um empecilho.
3. Há várias pesquisas descritas em seu livro sobre a influência da fisiologia no
comportamento. Você concorda com Edward O. Wilson que “a natureza humana é um
conjunto de predisposições genéticas”? Acredito que predisposições genéticas existem, mas, na
grande maioria dos casos, não passam de exatamente isso: predisposições. Exceto em alguns casos
especiais, genética não é destino. A meu ver, fatores genéticos, temperados por acontecimentos ao
acaso ao longo do desenvolvimento, fornecem apenas uma base de trabalho, a matéria bruta a partir da
qual cérebro e comportamento serão esculpidos. Somadas a isso influências do ambiente e da própria
experiência de vida de cada um, é possível transcender as potencialidades de apenas 30 mil genes – a
estimativa atual do número de genes necessários para “montar” um cérebro humano – para montar os
trilhões e trilhões de conexões entre as células nervosas, criando o arco-íris de possibilidades da natureza
humana.
4. Uma dessas influências diz respeito às diferenças entre homens e mulheres, que seu livro
menciona. Como evitar que isso se torne motivação de preconceitos ou de generalizações
vulgares, como no fato de as mulheres terem menos neurônios? Se diferenças entre homens e
mulheres são evidentes pelo lado de fora, é natural que elas também existam no cérebro. Na parte
externa do cérebro, o córtex, homens possuem em média uns quatro bilhões de neurônios a mais. Mas o
simples número de neurônios em si não é sinônimo de maior ou menor habilidade. A não ser quando
concentrado em estruturas pequenas com função bastante precisa. Em média, a região do cérebro que
produz a fala tende a ser maior em mulheres do que em homens, enquanto neles a região responsável
por operações espaciais, como julgar o tamanho de um objeto, é maior do que nelas. Essa diferença
casa bem com observações da psicologia: elas costumam falar melhor (e não mais!), eles costumam
fazer operações espaciais com mais facilidade. O realmente importante é reconhecer que essas
diferenças não são limitações, e sim pontos de partida, sobre os quais o aprendizado e a experiência
podem agir.
(Adaptado de: PIZA, Daniel. Perfis & Entrevistas. São Paulo, Contexto, 2004)
As frases abaixo referem-se à pontuação do texto.
I. A vírgula antes da conjunção “e”, no segmento precisa de hipóteses testáveis, e somente agora
deve-se à separação de duas orações com sujeitos distintos.
II. Em fatores genéticos, temperados por acontecimentos, caso se suprimisse a vírgula, o texto
daria margem a se pensar em outros fatores genéticos para além dos que são “temperados por
acontecimentos”.
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III. A vírgula presente no segmento evidentes pelo lado de fora, é natural que elas deve-se à
ausência de conjunção em duas orações coordenadas.
Sartre está dizendo que ao contrário dos objetos do mundo – por exemplo, minha torradeira – os seres
humanos não podem ser definidos pelas suas propriedades.
Sem prejuízo do sentido e da correção gramatical, o segmento que pode vir apresentado entre vírgulas
é:
a) não podem ser definidos
b) está dizendo que
c) ao contrário dos objetos do mundo – por exemplo, minha torradeira −
d) os seres humanos
e) dos objetos do mundo
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Sinto inveja dos contistas. Para mim, é mais fácil escrever um romance de 200 páginas que um conto de
duas.
Já se tentou explicar em fórmulas narrativas a diferença entre um conto, uma novela e um romance,
mas o leitor, que não precisa de teoria, sabe exatamente o que é uma coisa ou outra assim que começa
a ler; quando termina logo, é um conto. O critério do tamanho prossegue invencível.
Para entender o gênero, criei arbitrariamente um ponto mínimo de partida, que considero o menor conto
do mundo, uma síntese mortal de Dalton Trevisan: "Nunca me senti tão só, querida, como na tua
companhia".
Temos aí dois personagens, um diálogo implícito e uma intriga tensa que parece vir de longe e não
acabar com o conto.
Bem, por ser um gênero curto, o conto é também, por parecer fácil, uma perigosa porta aberta em que
cabe tudo de cambulhada.
Desde Machado de Assis, que colocou o gênero entre nós num patamar muito alto já no seu primeiro
instante, a aparente facilidade do conto vem destroçando vocações.
Além disso, há a maldição dos editores, refletindo uma suposta indiferença dos leitores: "conto não
vende". Essa é uma questão comercial, não literária. Porque acabo de ler dois ótimos livros de contos
que quebram qualquer preconceito eventual que se tenha contra o gênero.
Os contos de A Cidade Dorme, de Luiz Ruffato, que já havia demonstrado ser um mestre da história
curta no excelente Flores Artificiais, formam uma espécie de painel do "Brasil profundo", a gigantesca
classe média pobre que luta para sobreviver, espremida em todo canto do país entre os sonhos e a
violência.
Em toda frase, sente-se o ouvido afinado da linguagem coloquial que transborda nossa cultura pelo
arcaísmo de signos singelos: "Mas eu não queria ser torneiro-mecânico, queria mesmo era ser bancário,
que nem o marido da minha professora, dona Aurora".
O atávico país rural, com o seu inesgotável atraso, explode em todos os poros da cidade moderna.
Já nos dez contos de Reserva Natural, de Rodrigo Lacerda, que se estruturam classicamente como
"intrigas", na melhor herança machadiana, o mesmo Brasil se desdobra em planos individuais; e o signo
forte de "reserva natural" perde seu limite geográfico para ganhar a tensão da condição humana.
Como diz o narrador do conto "Sempre assim", "é tudo uma engrenagem muito maior".
(Adaptado de: TEZZA, Cristovão Disponível em: www1.folha.uol.com.br)
Ao se modificar a pontuação do texto, a frase que permanece correta, mantendo-se, em linhas gerais, o
sentido original, está em:
a) Os contos [...] formam uma espécie de painel do "Brasil profundo"; a gigantesca classe média
pobre que, luta para sobreviver, espremida em todo canto do país, entre os sonhos e a violência.
b) ... por ser um gênero curto, o conto é: também, por parecer fácil, uma perigosa porta aberta, em
que cabe tudo, de cambulhada.
c) Desde Machado de Assis, que colocou o gênero entre nós num patamar muito alto, já no seu
primeiro instante a aparente facilidade do conto, vem destroçando vocações.
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e) Mas venha, não se deixe sugestionar por nada, comporte-se como um cordeiro.
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− Nós somos estranhos. Porque, o que é que nós somos? Esquizofrênicos? Só não estamos num hospício
porque nos aceitamos e nos aceitam quando acertamos. É uma vida dupla. Você tem um espetáculo à
noite e faz toda sua vida durante o dia, seja ela qual for, uma vida calma, incontestada, desassossegada,
e à noite, você tem que dar conta de outra esfera. Ninguém te obriga a ir [trabalhar]. Nem quando você
passa pela perda de um amor. A gente até acha que aquele amor teria gostado se você fosse lá fazer
seu espetáculo. Ítalo Rossi perdeu um irmão num desastre e fez o espetáculo da noite. Estou contando
um caso extremo, mas isso acontece.
− A gente não guarda emoção. A gente vai [trabalhar] com o que acontece, com o que bate na hora.
Cada plateia provoca outro estágio no espetáculo. Tem sempre alguma coisa [que muda] porque é tudo
muito sutil, embora você faça sempre o “mesmo” gestual. É algo imponderável e inexplicável. Porque é o
seguinte, não é só uma pessoa, um elenco e a plateia. Ali tem que haver uma comunhão. Porque às
vezes um ator está de um lado do palco, outro ator está do outro lado, eles se olham e dizem: “Hoje não
vai sair como a gente quer”. É uma energia cósmica. Mas nunca é exatamente a mesma coisa. Não é.
Tanto que às vezes uma pessoa vai ver o espetáculo e se apaixona, mas um amigo vai ver e não gosta,
não entrosou, não comungou, entendeu? Não deveria haver uma luta para conquistar a plateia, mas
provocar fascínio e buscar uma comunhão.
– É como se fosse um ato religioso: você entra no teatro e espera começar. Já estão todos sentados? Já
está na hora? Aí, faz-se alguma coisa: toca-se uma campainha, uma luz muda, os atores entram mesmo
com a luz... Ou seja, tem um início. Aí você fica diante de um ser humano. É como uma missa. O que é o
padre? Um ator. Ele está ali paramentado, num cerimonial religioso. Se é Páscoa, é uma cor, se é
Semana Santa ou Natal, são outras cores. Se fala um texto, não deixa de ser um auto medieval, e as
pessoas ficam ali. Acho que, no fundo, tudo na vida é um teatro. Já falava o Velho Bardo [William
Shakespeare]: para cada pessoa, você se apresenta, mesmo que um pouquinho, de maneira diferente.
Às vezes até a cada hora do dia, até para você mesmo. Quem é a gente?
I. Em a atriz carioca moldou − e continua moldando − cada personagem vivida no rádio, podem-se
suprimir os travessões sem prejuízo para a correção, ainda que o segmento isolado por eles passe a
ter menos realce na frase.
II. Em Porque é o seguinte, não é só uma pessoa, um elenco e a plateia. pode-se substituir a vírgula
imediatamente após “seguinte” por dois-pontos, sem prejuízo para a correção e o sentido.
III. Em Ali tem que haver uma comunhão. Porque às vezes um ator está de um lado do palco, com
as devidas alterações, pode-se substituir corretamente o ponto final por vírgula.
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Sei que vocês nunca ouviram falar de Apolinária. Nem poderiam. Ela faz parte de um conjunto de
pessoas que jamais usufruíram de notoriedade.
Era junho de 1855 quando Apolinária, 24 anos, cabinda, africana livre, afinal desembarcou no porto de
Manaus. No início do século XIX, quando o tráfico de escravos se tornou ilegal como parte de um
conjunto de acordos internacionais, os africanos livres eram os indivíduos que compunham a carga dos
navios apreendidos no tráfico ilícito. Pela lei de 1831, se a apreensão ocorresse em águas brasileiras,
eles ficavam sob tutela estatal e deviam prestar serviços ao Estado ou a particulares por 14 anos até sua
emancipação. Com isso, os africanos livres chegaram aos quatro cantos do Império, inclusive ao
Amazonas.
Apolinária foi designada para trabalhar na recém-instalada Olaria Provincial. Suas crianças foram junto.
Ali já estavam outros africanos livres que, além da fabricação de telhas, potes e tijolos, também eram
responsáveis pela supervisão do trabalho dos índios que vinham das aldeias para servir nas obras
públicas. Eram cerca de 20 pessoas que viviam no mesmo lugar em que trabalhavam e assim foi até
1858, quando a olaria foi fechada para se transformar em uma nova escola: os Educandos Artífices.
A rotina na Olaria era dura e foi com alegria que Apolinária soube que seria a lavadeira dos Educandos.
Diferente dos outros, não ia precisar se mudar para o outro lado do igarapé. Podia continuar ali com os
filhos, o marido Gualberto, o cozinheiro Bertoldo e Severa, filha de Domingos Mina. O salário não era
grande coisa, mas a amizade antiga com Bertoldo garantia alimento extra à mesa para todos. A
tranquilidade durou pouco. O diretor dos Educandos, certamente mal informado pela boataria
maledicente, a demitiu do cargo alegando que era ladra e dada a bebedeiras. Menos de 3 meses depois,
Apolinária já estava de volta ao trabalho nas obras públicas, com destino incerto.
Sou incapaz de dizer mais alguma coisa sobre o que aconteceu com Apolinária porque ela desapareceu
da documentação, mas os fragmentos de sua vida que pude recuperar são poderosos para iluminar
cenas da vida desta cidade que estavam nas sombras. A presença negra no Amazonas é tratada de
modo marginal na historiografia local e só muito recentemente vemos mudanças neste cenário. Há ainda
muitas zonas de silêncio. A história de Apolinária nos ajuda a colocar problemas novos, entre eles, o fato
de que a trajetória dessas pessoas que cruzaram o Atlântico e, depois, o Império permite acessar um
mundo bem pouco visível na história do Brasil: a diversidade de experiências que uniram índios,
escravos, libertos e africanos livres no mundo do trabalho no século XIX.
Falar dessa gente pouco importante é buscar dialogar com personagens reais e concretos. Suas vidas
comuns foram, de fato, extraordinárias, cada uma a seu modo. Seres humanos verdadeiros, que fazem a
História acontecer todos os dias.
(Adaptado de: Patrícia Sampaio. Disponível em: http://amazoniareal.com.br. 06.08.2014)
[...] eles ficavam sob tutela estatal e deviam prestar serviços ao Estado ou a particulares por 14 anos até
sua emancipação. (2° parágrafo)
A expressão destacada pode ser antecedida – sem prejuízo do sentido, da coesão e da correção
gramatical – por
a) alcançarem à.
b) fizerem juz a.
c) que ocorresse.
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d) lhe sucederem.
e) que os fosse concedido.
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Limites da ciência
Os deuses parecem ter um prazer especial em desmoralizar quem faz profecias sobre os limites da
ciência. Auguste Comte afirmou, em 1835, que nunca surgiria um meio para estudarmos a composição
química das estrelas. Bem, o método existe e hoje sabemos do que elas são feitas. Sabemos até que nós
somos feitos de poeira estelar.
É verdade que Comte não era cientista, mas filósofo. Só que cientistas não se saem muito melhor. Um
dos maiores físicos de seu tempo, lorde Kelvin, escreveu em 1900: "Não há mais nada novo a ser
descoberto na física; só o que resta fazer são medidas cada vez mais precisas". Vieram depois disso
relatividade, mecânica quântica, modelo padrão etc.
Marcus du Sautoy conta essas histórias em The Great Unknown (O Grande Desconhecido). Ele sabe,
portanto, que caminha em terreno perigoso quando se propõe a discutir os limites do conhecimento
humano. Mas Du Sautoy, que é professor de matemática em Oxford e autor de vários livros de
divulgação, tenta jogar em território razoavelmente seguro. Ele vai às fronteiras da ciência em que já
temos informações suficientes para saber que há barreiras formidáveis a um conhecimento total.
A teoria do caos, por exemplo, assegura que nunca conseguiremos fazer previsões de longo prazo
acerca de fenômenos como a meteorologia e engarrafamentos de trânsito. O problema é que alterações
mínimas nas condições iniciais podem produzir alterações dramáticas depois de um tempo – e nós nunca
temos conhecimento completo do presente.
Analogamente, ele mostra como o princípio da incerteza, a extensão do cosmo e a provável
inexistência do tempo também limitam a possibilidade de conhecimento. Ao final, Du Sautoy retorna à
sua especialidade e mergulha nas implicações dos teoremas da incompletude de Gödel, que criam
embaraços para a própria matemática. É diversão certa para quem gosta de grandes questões.
(Hélio Schwartsman. Disponível em: www.folha.uol.com.br. 19.11.2017)
Vieram depois disso relatividade, mecânica quântica, modelo padrão etc. (2° parágrafo)
A forma verbal empregada nessa frase é intransitiva, assim como a destacada em:
a) Marcus du Sautoy conta essas histórias em The Great Unknown (O Grande Desconhecido).
b) Analogamente, ele mostra como o princípio da incerteza, a extensão do cosmo e a provável
inexistência do tempo também limitam a possibilidade de conhecimento.
c) Ao final, Du Sautoy retorna à sua especialidade e mergulha nas implicações dos teoremas da
incompletude de Gödel [...]
d) Auguste Comte afirmou, em 1835, que nunca surgiria um meio para estudarmos a composição
química das estrelas.
e) Sabemos até que nós somos feitos de poeira estelar.
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Como eu era protestante, não pulei Carnaval durante a minha infância, nas décadas de 1950 e 1960. No
entanto, eu e meu pai cantávamos muitas das marchinhas que ouvíamos no rádio, numa época em que a
TV ainda não existia. Uma de que eu gosto muito diz assim: “Iaiá, cadê o jarro? O jarro que eu plantei a
flor. Eu vou te contar um caso: eu quebrei o jarro e matei a flor”. Hoje já não há marchinhas tão
interessantes, quase não sinto beleza nelas. Mas gosto muito dos sambas-enredo, verdadeiras epopeias.”
(Adaptado de: ROSA, Yêda Stela. 70 anos, de São Luiz. A-lá-lá- ô, ô, ô, ô, ô. Todos. São Paulo: Mol,
Fevereiro/Março, p. 22)
Considerando a regência e a estruturação das sentenças, a alternativa em que as duas construções estão
corretas é:
a) Uma de que eu gosto / Fez promessas das quais não me esqueci.
b) numa época em que a TV ainda não existia / Numa época aonde a corrupção não era divulgada.
c) muitas das marchinhas que ouvíamos no rádio / Muitos dos desfiles cuja a transmissão assistíamos
pela TV.
d) O jarro que eu plantei a flor / O poço o qual caíram as chaves.
e) numa época em que a TV ainda não existia / Numa época que precisamos voltar.
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O filósofo sempre foi considerado um personagem bizarro, estranho, capaz de cair num poço quando se
embrenha em suas reflexões − é o que contam a respeito de Tales (cerca de 625-547 a.C.). O primeiro
filósofo, segundo a tradição grega, combina enorme senso prático para os negócios com uma capacidade
de abstração que o retira do mundo. Por isso é visto como indivíduo dotado de um saber especial,
admirado porque manipula ideias abstratas, importantes e divinas. No fundo não está prefigurando as
oposições que desenharão o perfil do homem do Ocidente? O divino Platão e o portentoso Aristóteles
fizeram desse estranhamento o autêntico espanto diante das coisas, o empuxo para a reflexão filosófica.
Nos dias de hoje essa imagem está em plena decadência; o filósofo se apresenta como um profissional
competindo com tantos outros. Ninguém se importa com as promessas já inscritas no nome de sua
profissão: a prometida amizade pelo saber somente se cumpre se a investigação for levada até seu
limite, cair no abismo onde se perdem suas raízes. A palavra grega filosofia significa “amigo da
sabedoria”, por conseguinte recusa da adesão a um saber já feito e compromisso com a busca do
correto.
Em contrapartida, o filósofo contemporâneo participa do mercado de trabalho. Torna-se mais seguro
conforme aumenta a venda de seus livros, embora aparente desprezar os campeões de venda. Às vezes
participa do jogo da mídia. Graças a esse comércio transforma seu saber em capital, e as novidades que
encontra na leitura de textos, em moeda de troca. Ao tratar as ideias filosóficas como se fossem meras
opiniões, isoladas de seus pressupostos ligados ao mundo, pode ser seduzido pela rigidez de ideias sem
molejo, convertendo-se assim num militante doutrinário. Outras vezes, cai nas frivolidades da vida
mundana. Não vejo na prática da filosofia contemporânea nenhum estímulo para que o estudioso se
comprometa com uma prática moral e política mais consciente de si mesma, venha a ser mais tolerante
às opiniões alheias.
Num mundo em que as coisas e as pessoas são descartáveis, a filosofia e o filósofo também se tornam
dispensáveis, sempre havendo uma doutrina ou um profissional capaz de enaltecer uma trama de
interesses privados. A constante exposição à mídia acaba levando o filósofo a dizer o que o grande
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público espera dele e, assim, também pode usufruir de seus quinze minutos de celebridade. Diante do
perigo de ser engolfado pela teia de condutas que inverte o sentido original de suas práticas, o filósofo,
principalmente o iniciante, se pretende ser amante de um saber autêntico, precisa não perder de vista
que assumiu o compromisso de afastar-se das ideias feitas − ressecadas pela falta da seiva da reflexão
− e de desconfiar das novidades espalhafatosas. Se aceita consagrar-se ao estudo das ideias, que reflita
sobre o sentido de seu comportamento.
(Adaptado de: GIANNOTTI, José Arthur. Lições de filosofia primeira. São Paulo: Companhia das Letras, 2011,
edição digital)
... e de desconfiar das novidades espalhafatosas. (último parágrafo)
No trecho acima, o emprego da preposição em destaque justifica-se pela regência do termo
a) compromisso.
b) desconfiar.
c) afastar-se.
d) reflexão.
e) assumiu. Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/conteudo/questoes/646989
Há 30 anos, Brasília se tornava Patrimônio Cultural da Humanidade. Primeira (e ainda única) cidade
moderna com tal honraria, a capital do país foi inscrita na lista de Patrimônio da Unesco em 7 de
dezembro de 1987.
O Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco reconheceu a capital obra-prima do gênio criativo humano e
exemplo eminente de conjunto arquitetural que representava período significativo da história. Para o
comitê, Brasília era um marco do movimento moderno. Mas, para ganhar o título de patrimônio mundial,
precisava de leis para protegê-la de alterações e deturpações fatais. A cidade construída em 1.296 dias,
a partir de 1956, não contava com essa cobertura. Não havia nada que a livrava dos males da
especulação imobiliária e de outras ameaças.
Ao tomar conhecimento desse entrave, o então governador de Brasília, José Aparecido de Oliveira,
publicou o decreto, em outubro de 1987, regulamentando a Lei nº 3.751, de 13 de abril de 1960, de
preservação da concepção urbanística de Brasília. Em síntese, a lei manda respeitar as quatro escalas
que definem os traços essenciais da capital, ou seja, as quatro dimensões dos quatro modos de viver na
cidade.
Criadas por Lucio Costa para organizar o sítio urbano que havia apresentado no concurso público aberto
pelo Governo Federal para escolher o projeto da nova capital brasileira, as escalas são definidas como
monumental (a do poder), residencial (das superquadras), gregária (dos setores de serviços e diversão)
e bucólica (das áreas verdes entremeadas nas demais, incluindo a vegetação nativa. Com elas, o
urbanista deixou claras as funções de cada espaço da cidade, definindo os setores de trabalho, moradia,
serviços e lazer, em harmonia com a natureza.
Era justamente esse conceito o grande trunfo de Brasília, que trazia um desenho único de cidade.
Diferentemente do que muitos pensam, seria tombado o projeto urbanístico de Lucio Costa e não os
prédios modernistas de Oscar Niemeyer. Esses viriam a ser protegidos por meio de outras leis. Mas as
obras de Niemeyer contribuíram para a conquista do título da Unesco. Os representantes da organização
ressaltaram que cada elemento − da arquitetura das áreas residenciais e administrativas à simetria dos
edifícios − dos traços de Niemeyer estavam em harmonia com o desenho geral da cidade. Assim como o
plano de Lucio, a Unesco considerou os prédios inovadores e criativos.
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Para muitos, o Plano Piloto lembra um avião. Mas Lucio Costa o comparava a uma borboleta. O arquiteto
Leon Pressouyre, o relator da candidatura de Brasília ao título de Patrimônio Cultural da Humanidade da
Unesco, viu “um pássaro gigante voando em direção ao sudeste”. O certo é que o tombamento protegeu
uma ideia de liberdade.
(Adaptado de: ALVES, Renato. http://blogs.correiobraziliense.com.br)
Mas, para ganhar o título de patrimônio mundial, precisava de leis para protegê-la de alterações e
deturpações fatais. A cidade construída em 1.296 dias, a partir de 1956, não contava com essa
cobertura.
Essa passagem está reescrita em conformidade com a norma-padrão e com o sentido preservado, em
linhas gerais, em:
Mas, para ganhar o título de patrimônio mundial, precisava de leis para protegê-la de alterações e
deturpações fatais,
a) de que a cidade construída em 1.296 dias, a partir de 1956, não dispunha.
b) de cujas a cidade construída em 1.296 dias, a partir de 1956, não tinha.
c) às quais a cidade construída em 1.296 dias, a partir de 1956, não possuía.
d) a cujas a cidade construída em 1.296 dias, a partir de 1956, não usufruía.
e) a que a cidade construída em 1.296 dias, a partir de 1956, não abrangia.
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Dialeto do Planalto
Brasília é recente - foi fundada há menos de 60 anos -, mas, com contribuições de várias
partes do país, formou a própria identidade. Descubra expressões típicas de lá que ajudam a
revelar o jeito de ser do povo da capital federal.
Ele é muito aguado.
Refere-se a alguém que chora por qualquer coisa e de forma fingida - ou seja, um manteiga-derretida
especializado em lágrimas de crocodilo.
Nunca vi garçom tão apagado!
É assim que os brasilienses se referem a alguém lento, lerdo. “Apagar” também pode ser sinônimo de
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assassinar.
Só pode ser agá.
“Agá”, em Brasília, é piada. E por lá corre o seguinte “agá”: não é à toa que o prédio do Congresso
Nacional tem o formato dessa letra...
Eu vou de camelo.
Famoso por fazer parte da letra da música Eduardo e Mônica, da Legião Urbana, o termo “camelo”
denota bicicleta.
Quando ela chegou, dei de cabrito.
Sabe-se lá por que o filhote da cabra ganhou essa fama no Distrito Federal: “dar de cabrito” é sair de
fininho, à francesa.
(Adaptado de: IACONIS, Heloísa. Todos. São Paulo: Mol, Fevereiro/março, p. 37)
A alternativa que apresenta alterações em fragmento do texto, mantendo a correção e o sentido
originais, é
a) As palavras referem-se a pessoas que choram por quaisquer coisas e de forma fingida - ou seja,
uns manteigas-derretidas especializados em lágrimas de crocodilo.
b) As palavras referem-se à pessoas que choram por quaisquer coisas e de forma fingida - ou seja,
manteigas-derretida especializados em lágrimas de crocodilo.
c) As palavras refere-se à pessoas que chora por quaisquer coisas e de forma fingida - ou seja, uns
manteigas-derretidas especializadas em lágrimas de crocodilo.
d) As palavras refere-se à pessoas que choram por quaisquer coisas e de forma fingida - ou seja, uns
manteiga-derretidas especializados em lágrimas de crocodilo.
e) As palavras referem-se à pessoas que choram por quaisquer coisas e de formas fingidas - ou seja,
umas manteigas-derretidas especializados em lágrimas de crocodilo.
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O filósofo sempre foi considerado um personagem bizarro, estranho, capaz de cair num poço quando se
embrenha em suas reflexões − é o que contam a respeito de Tales (cerca de 625-547 a.C.). O primeiro
filósofo, segundo a tradição grega, combina enorme senso prático para os negócios com uma capacidade
de abstração que o retira do mundo. Por isso é visto como indivíduo dotado de um saber especial,
admirado porque manipula ideias abstratas, importantes e divinas. No fundo não está prefigurando as
oposições que desenharão o perfil do homem do Ocidente? O divino Platão e o portentoso Aristóteles
fizeram desse estranhamento o autêntico espanto diante das coisas, o empuxo para a reflexão filosófica.
Nos dias de hoje essa imagem está em plena decadência; o filósofo se apresenta como um profissional
competindo com tantos outros. Ninguém se importa com as promessas já inscritas no nome de sua
profissão: a prometida amizade pelo saber somente se cumpre se a investigação for levada até seu
limite, cair no abismo onde se perdem suas raízes. A palavra grega filosofia significa “amigo da
sabedoria”, por conseguinte recusa da adesão a um saber já feito e compromisso com a busca do
correto.
Em contrapartida, o filósofo contemporâneo participa do mercado de trabalho. Torna-se mais seguro
conforme aumenta a venda de seus livros, embora aparente desprezar os campeões de venda. Às vezes
participa do jogo da mídia. Graças a esse comércio transforma seu saber em capital, e as novidades que
encontra na leitura de textos, em moeda de troca. Ao tratar as ideias filosóficas como se fossem meras
opiniões, isoladas de seus pressupostos ligados ao mundo, pode ser seduzido pela rigidez de ideias sem
molejo, convertendo-se assim num militante doutrinário. Outras vezes, cai nas frivolidades da vida
mundana. Não vejo na prática da filosofia contemporânea nenhum estímulo para que o estudioso se
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comprometa com uma prática moral e política mais consciente de si mesma, venha a ser mais tolerante
às opiniões alheias.
Num mundo em que as coisas e as pessoas são descartáveis, a filosofia e o filósofo também se tornam
dispensáveis, sempre havendo uma doutrina ou um profissional capaz de enaltecer uma trama de
interesses privados. A constante exposição à mídia acaba levando o filósofo a dizer o que o grande
público espera dele e, assim, também pode usufruir de seus quinze minutos de celebridade. Diante do
perigo de ser engolfado pela teia de condutas que inverte o sentido original de suas práticas, o filósofo,
principalmente o iniciante, se pretende ser amante de um saber autêntico, precisa não perder de vista
que assumiu o compromisso de afastar-se das ideias feitas − ressecadas pela falta da seiva da reflexão
− e de desconfiar das novidades espalhafatosas. Se aceita consagrar-se ao estudo das ideias, que reflita
sobre o sentido de seu comportamento.
(Adaptado de: GIANNOTTI, José Arthur. Lições de filosofia primeira. São Paulo: Companhia das Letras, 2011,
edição digital)
A constante exposição à mídia acaba levando o filósofo... (último parágrafo)
No segmento acima, o sinal indicativo de crase deverá ser mantido caso se substitua “mídia” por
a) imprensa.
b) programas.
c) meio de comunicação.
d) debates.
e) propagandas.
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A partir de que momento uma obra é, de fato, arte? Mona Suhrbier, etnóloga e especialista em questões
ligadas à Amazônia do Museu de Culturas do Mundo de Frankfurt, explica em entrevista por que
trabalhos de mulheres indígenas que vivem em zonas não urbanas têm dificuldade de achar um lugar
nos museus.
Qual tipo de arte pode ser classificado como “arte indigena”? Devo mencionar, de início, que
aqui no Museu das Culturas do Mundo não usamos o termo “arte indígena”. O Museu coleciona desde
1975 arte não europeia. Em cada exposição, indicamos o nome da região de que a arte em questão vem.
Mas para responder a sua pergunta com uma pequena provocação: arte indígena é sempre aquela que
não é nacional. É o tipo de arte que os países não querem usar para representá-los no exterior. É o
“folclore”, o “artesanato”. Para este tipo de arte foi criado no século 21 um espaço especial: o Museu do
Folclore. Já me perguntei: por que é que se precisa desse museu? Por que aquilo que é exibido nele não
é considerado simplesmente arte?
E você encontrou uma resposta a essa pergunta? Quando uma produção deriva de formas de
expressão rurais, coloca-se a obra no Museu do Folclore, sobretudo se for feita por mulheres. Mas se a
obra for de autoria de um artista urbano, cujo currículo seja adequado, ou seja, se tiver estudado com
“as pessoas certas”, aí sim ele pode iniciar o caminho para que se torne um artista reconhecido. Na
minha opinião, o problema está nesses critérios “ocidentais”. Muitas vezes o próprio material já define: o
mundo da arte aceita com prazer a cerâmica (“sim, poderia ser arte”), enquanto um cesto trançado já é
mais difícil.
Até que ponto especialistas em arte, socializados em culturas ocidentais, refletem a respeito
do fato de que talvez não possam julgar tradições artísticas que não conhecem? Acredito que
as pessoas, inclusive os especialistas em arte, tendem a julgar como bom aquilo que já conhecem. As
pessoas, em sua maioria, não pensam que cresceram em um mundo visual específico. Esse mundo serve
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como uma espécie de norma. É mais uma questão sensorial que intelectual. Acho que, entre nós, há
muito pouco autoquestionamento no que concerne ao que nos marcou esteticamente.
(Adaptado de: REKER, Judith. “Arte não europeia: ‘não queremos ser como vocês’”. Disponível em:
https://www.goethe.de)
Quanto à ocorrência de crase, é correto afirmar:
a) Em o mundo da arte aceita com prazer a cerâmica (3º parágrafo), pode ser acrescentado o sinal
indicativo de crase ao termo sublinhado, uma vez que a regência do verbo “aceitar” o permite.
b) Em o mundo da arte aceita com prazer a cerâmica (3º parágrafo), caso o verbo em destaque
seja substituído por “prefere”, o termo sublinhado deverá ser também substituído por “à”.
c) Em especialista em questões ligadas à Amazônia (1º parágrafo), o sinal de crase pode ser
suprimido, uma vez que se trata de uso opcional da preposição “a”.
d) Em o nome da região de que a arte em questão vem (2º parágrafo), caso se substitua o verbo
em destaque por “advém”, o termo sublinhado terá de ser substituído por “à”.
e) Em E você encontrou uma resposta a essa pergunta? (3º parágrafo), pode-se substituir o
segmento sublinhado por “à”, do mesmo modo que em para responder a sua pergunta
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(2º parágrafo).
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"Sente os pés no chão", diz a instrutor a, com a voz serena de quem há décadas deve sentir os pés no
chão, "sente a respiração”.
"Inspira, expira", ela diz, mas o narrador dentro da minha cabeça fala mais alto: "Eis então que no início
do terceiro milênio, tendo chegado à Lua e à engenharia genética, os seres humanos se voltavam ávidos
a técnicas milenares de relaxamento na esperança de encontrar alguma paz e algum sentido para suas
vidas simultaneamente atribuladas e vazias".
Um lagarto, penso, jamais faria um curso de meditação. "Sente a pedra. A barriga na pedra. Relaxa a
cauda. Agora sente o sol aquecendo as escamas. Esquece as moscas. Esquece as cobras rondando a
toca. Inspira. Expira." Eu imagino que o lagarto sinta a pedra. A barriga na pedra. O prazer simples e
ancestral de lagartear sob o sol.
Se o lagarto consegue esquecer as moscas ou a cobra rondando a toca, já não sei. A parte mais interna
e mais antiga do nosso cérebro é igual à dos répteis. É dali que vem o medo, ferramenta evolutiva
fundamental para trazer nossos genes triunfantes e nossos cérebros aflitos através dos milênios até
aquela roda, no décimo segundo andar de um prédio na cidade de São Paulo.
Não há nada de místico na meditação. Pelo contrário. Meditar é aprender a estar aqui, agora. Eu acho
que nunca estive aqui, agora. O ansioso está sempre em outro lugar. Sempre pré-ocupado. Às vezes
acho que nasci meia hora atrasado e nunca recuperei esses trinta minutos. "Inspira. Expira".
Não é um problema só meu. A revista dominical do "New York Times" fez uma matéria de capa ano
passado sobre o tema. Dizia que vivemos a era da ansiedade. Todas as redes sociais são latifúndios
produzindo ansiedade. Mesmo o presente mais palpável, como um prato fumegante de macarrão, nós
conseguimos digitalizar e transformar em ansiedade. Eu preciso postar a minha selfie dando a primeira
garfada neste macarrão, depois nem vou conseguir comer o resto do macarrão, ou sentir o gosto do
macarrão, porque estarei ocupado conferindo quantas pessoas estão comentando a minha foto comendo
o macarrão que esfria, a minha frente.
"Inspira, expira.” A voz da instrutora é tão calma e segura que me dá a certeza de que ela consegue
comer o macarrão e me dá a esperança de que também eu, um dia, aprenderei a comer o macarrão. É
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só o que eu peço a cinco mil anos de tradição acumulada por monges e budas e maharishis e demais
sábios barbudos ou imberbes do longínquo Oriente. "Inspira. Expira.” Foco no macarrão.
(Adaptado de: PRATA, Antonio. Folha de S. Paulo. Disponível em: www.folha.uol.com.br)
O sinal indicativo de crase pode ser acrescido, por ser facultativo, à expressão destacada em:
a) Meditar é aprender a estar aqui, agora.
b) se voltavam ávidos a técnicas milenares de relaxamento...
c) Agora sente o sol aquecendo as escamas.
d) o macarrão que esfria, a minha frente.
e) Esquece as moscas.
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Questão 48: FCC - Tec Leg (CL DF)/CL DF/Técnico de Arquivo e Biblioteca/2018
Assunto: Crase
Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei num trem da Central um rapaz aqui
do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou da
lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não
fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro
vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso.
– Continue, disse eu acordando.
– Já acabei, murmurou ele.
– São muito bonitos.
Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas não passou do gesto; estava amuado. No dia
seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom Casmurro. Os vizinhos, que
não gostam dos meus hábitos reclusos e calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou. Nem por isso
me zanguei. Contei a anedota aos amigos da cidade, e eles, por graça, chamam-me assim, alguns em
bilhetes: “Dom Casmurro, domingo vou jantar com você.” – “Vou para Petrópolis, dom Casmurro; a casa
é a mesma da Renânia; vê se deixas essa caverna do Engenho Novo, e vai lá passar uns quinze dias
comigo.” – “Meu caro dom Casmurro, não cuide que o dispenso do teatro amanhã; venha e dormirá aqui
na cidade; dou-lhe camarote, dou-lhe chá, dou-lhe cama; só não lhe dou moça.
Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o
vulgo de homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo
por estar cochilando! Também não achei melhor título para a minha narração; se não tiver outro daqui
até ao fim do livro, vai este mesmo. O meu poeta do trem ficará sabendo que não lhe guardo rancor. E
com pequeno esforço, sendo o título seu, poderá cuidar que a obra é sua. Há livros que apenas terão
isso dos seus autores; alguns nem tanto.
(ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 79-80.)
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“A primeira marca do príncipe soberano é o poder de dar lei a todos em geral, e a cada em particular.
Mas isso não basta, e é necessário acrescentar: sem o consentimento de maior nem igual nem menor
que ele.” “O soberano de uma República, seja ele uma assembleia ou um homem, não está
absolutamente sujeito ..I.. leis civis. Pois tendo o poder de fazer ou desfazer as leis, pode, quando lhe
apraz, livrar-se dessa sujeição revogando as leis que o incomodam e fazendo novas.”
A primeira destas frases é do francês Jean Bodin (1576). A segunda é de Thomas Hobbes (1651). Ambos
conferem ao Príncipe legítimo uma potência (potestas) tal que o exercício do seu poder acha-se, como se
vê, liberto de toda norma ou regra. E, para medirmos a inovação assim introduzida, basta recorrermos
..II.. frase de um teólogo do século XII: “A diferença entre o príncipe e o tirano é que o príncipe obedece
à Lei e governa ..III.. seu povo em conformidade com o Direito.”
(Adaptado de: LEBRUN, Gérard. O que é poder. Tradução de Renato Janine Ribeiro e Silvia Lara. São Paulo: Brasiliense,
1995, p. 28-29.)
Preenchem corretamente as lacunas I, II e III do texto, na ordem dada:
a) às – à – o
b) às – a – ao
c) as – à – ao
d) às – a – o
e) as – à – o
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Sei que vocês nunca ouviram falar de Apolinária. Nem poderiam. Ela faz parte de um conjunto de
pessoas que jamais usufruíram de notoriedade.
Era junho de 1855 quando Apolinária, 24 anos, cabinda, africana livre, afinal desembarcou no porto de
Manaus. No início do século XIX, quando o tráfico de escravos se tornou ilegal como parte de um
conjunto de acordos internacionais, os africanos livres eram os indivíduos que compunham a carga dos
navios apreendidos no tráfico ilícito. Pela lei de 1831, se a apreensão ocorresse em águas brasileiras,
eles ficavam sob tutela estatal e deviam prestar serviços ao Estado ou a particulares por 14 anos até sua
emancipação. Com isso, os africanos livres chegaram aos quatro cantos do Império, inclusive ao
Amazonas.
Apolinária foi designada para trabalhar na recém-instalada Olaria Provincial. Suas crianças foram junto.
Ali já estavam outros africanos livres que, além da fabricação de telhas, potes e tijolos, também eram
responsáveis pela supervisão do trabalho dos índios que vinham das aldeias para servir nas obras
públicas. Eram cerca de 20 pessoas que viviam no mesmo lugar em que trabalhavam e assim foi até
1858, quando a olaria foi fechada para se transformar em uma nova escola: os Educandos Artífices.
A rotina na Olaria era dura e foi com alegria que Apolinária soube que seria a lavadeira dos Educandos.
Diferente dos outros, não ia precisar se mudar para o outro lado do igarapé. Podia continuar ali com os
filhos, o marido Gualberto, o cozinheiro Bertoldo e Severa, filha de Domingos Mina. O salário não era
grande coisa, mas a amizade antiga com Bertoldo garantia alimento extra à mesa para todos. A
tranquilidade durou pouco. O diretor dos Educandos, certamente mal informado pela boataria
maledicente, a demitiu do cargo alegando que era ladra e dada a bebedeiras. Menos de 3 meses depois,
Apolinária já estava de volta ao trabalho nas obras públicas, com destino incerto.
Sou incapaz de dizer mais alguma coisa sobre o que aconteceu com Apolinária porque ela desapareceu
da documentação, mas os fragmentos de sua vida que pude recuperar são poderosos para iluminar
cenas da vida desta cidade que estavam nas sombras. A presença negra no Amazonas é tratada de
modo marginal na historiografia local e só muito recentemente vemos mudanças neste cenário. Há ainda
muitas zonas de silêncio. A história de Apolinária nos ajuda a colocar problemas novos, entre eles, o fato
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de que a trajetória dessas pessoas que cruzaram o Atlântico e, depois, o Império permite acessar um
mundo bem pouco visível na história do Brasil: a diversidade de experiências que uniram índios,
escravos, libertos e africanos livres no mundo do trabalho no século XIX.
Falar dessa gente pouco importante é buscar dialogar com personagens reais e concretos. Suas vidas
comuns foram, de fato, extraordinárias, cada uma a seu modo. Seres humanos verdadeiros, que fazem a
História acontecer todos os dias.
(Adaptado de: Patrícia Sampaio. Disponível em: http://amazoniareal.com.br. 06.08.2014)
O jornalismo pode ser qualificado, embora com certo exagero, como um mal necessário. É um mal
porque todo relato jornalístico tende ao provisório. Mesmo quando estamos preparados para abordar os
assuntos sobre os quais escrevemos, é próprio do jornalismo apreender os fatos às pressas. A chance de
erro, sobretudo de imprecisões, é grande.
O próprio instrumento utilizado é suspeito. Diferente da notação matemática, que é neutra e exata, a
linguagem se presta a vieses de todo tipo, na maior parte inconscientes, que refletem visões de mundo
de quem escreve. Eles interagem com os vieses de quem lê, de forma que, se são incomuns textos de
fato isentos, mais raro ainda que sejam reconhecidos como tais.
Pertenço a uma geração que não se conformava com as debilidades do relato jornalístico. O objetivo
daquela geração, realizado apenas em parte, era estabelecer que o jornalismo, apesar de suas severas
limitações, é uma forma legítima de conhecimento sobre o nível mais imediato da realidade.
O que nos remete à questão do início; sendo um mal, por que necessário? Por dois motivos. Ao
disseminar notícias e opiniões, a prática jornalística municia seus leitores de ferramentas para um
exercício mais consciente da cidadania. Thomas Jefferson pretendia que o bom jornalismo fosse a escola
na qual os eleitores haveriam de aprender a exercer a democracia.
O outro motivo é que os veículos, desde que comprometidos com o debate dos problemas públicos,
servem como arena de ideias e soluções. O livre funcionamento das várias formas de imprensa, mesmo
as sectárias e as de má qualidade, corresponde em seu conjunto à respiração mental da sociedade.
Entretanto, o jornalismo dito de qualidade sempre foi objeto de uma minoria. A maioria das pessoas
está de tal maneira consumida por seus dramas e divertimentos pessoais que sobra pouca atenção para
o que é público. Desde quando os tabloides eram o principal veículo de massas, passando pela televisão
e pela internet, vastas porções de jornalismo recreativo vêm sendo servidas à maioria.
O jornalismo de verdade, que apura, investiga e debate, é sempre elitista. Está voltado não a uma elite
econômica, mas a uma aristocracia do espírito. São líderes comunitários, professores, empresários,
políticos, sindicalistas, cientistas, artistas. Pessoas voltadas ao coletivo.
A influência desse tipo de jornalismo sempre foi, assim, mediada. Desde que se tornou hegemônico,
nos anos 1960-70, o jornalismo televisivo se faz pautar pela imprensa. Algo parecido ocorre agora com
as redes sociais.
A imprensa, que vive de cobrir crises, sempre esteve em crise. O paradoxo deste período é que, no
mesmo passo em que as bases materiais do jornalismo profissional deslizam, sua capacidade de atingir
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mais leitores se multiplica na internet, conforme se torna visível a perspectiva de universalizar o ensino
superior.
(Adaptado de: FILHO, Otavio Frias. Disponível em: www.folha.uol.com.br)
... o jornalismo, apesar de suas severas limitações, é uma forma legítima de conhecimento...
Uma redação alternativa para a frase acima, em que se mantêm a correção e a coerência está em:
a) Ainda que se leve em conta as limitações importantes do jornalismo, ele significa uma forma lícita
de conhecimento.
b) O jornalismo representa um meio eficaz de conhecimento porquanto apresente graves limitações.
c) Embora apresente sérias limitações, o jornalismo consiste em um meio genuíno de conhecimento.
d) À despeito de suas limitações consideráveis, o jornalismo constitue uma forma genuína de
conhecimento.
e) Conquanto represente uma forma lícita de conhecimento, existe severas limitações no jornalismo.
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a) uma experiência musical autêntica, promovida por alguém que não vendesse sensualidade barata
b) qualidades que o outro imagina, mas não têm nada a ver com você
c) ou a fama vertiginosa que alavanca (ops) a carreira
d) Quem sabe a forte conexão com sua origem a proteja
e) encontros que se dão na base do puro mal-entendido
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Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem dada, as formas verbais em:
a) declaram – se tornaram − haverem
b) declaram – tornaram-se – existir
c) declaram − tornaram-se − haver
d) declara – tornara-se – existirem
e) declara – se tornara − haver
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e) Os usuários das redes sociais esperam que suas postagens obtenha repercussão positiva.
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Foi em 1964. Vinícius de Moraes esperava pelo jornalista e compositor Antônio Maria num chalezinho em
Barão de Mauá, onde tinham combinado passar alguns dias. Eram mais que amigos − irmãos. De
repente, foram dar a Vinícius a notícia de que Antônio Maria morrera na véspera, de infarto. Vinícius
sentiu o que chamou de “coice da morte” e se deixou ficar, arrasado, na varanda do chalé. Naquele
momento, um passarinho entrou pela varanda e começou a fazer evoluções à sua volta. Era um
passarinho gordo, como Maria. O poeta escreveu depois: “Tenho certeza que aquele passarinho gordo
era você, meu Maria, fazendo palhaçada para me tirar da fossa”.
Vinícius tinha prática nesses assuntos. Em 1955, morrera-lhe outro amigo querido, Jayme Ovalle. Dias
depois, Vinícius escreveu a Manuel Bandeira: “Ele [Ovalle] não tem me largado um instante. Agora
mesmo que estou te escrevendo, está sentado na poltrona em frente” − e descreveu uma longa cena do
amigo morto que o visitava. Ovalle morrera no Rio e Vinícius estava em Paris, detalhe insignificante no
além.
Quando se perde um amigo, vêm o vazio e a sensação de que, por mais que se falassem, os dois não
disseram tudo.
(Adaptado de: CASTRO, Ruy. Disponível em: folha.uol.com.br. Acessado em: 30/3/18)
O verbo que, no contexto, pode ser corretamente flexionado no singular, sem que nenhuma outra
modificação seja feita na frase, está sublinhado em:
a) De repente, foram dar a Vinícius a notícia de que... (1º parágrafo)
b) ... por mais que se falassem... (último parágrafo)
c) Eram mais que amigos − irmãos. (1º parágrafo)
d) ... os dois não disseram tudo. (último parágrafo)
e) Quando se perde um amigo, vêm o vazio e a sensação de que... (último parágrafo)
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Questão 58: FCC - Tec Leg (CL DF)/CL DF/Agente de Polícia Legislativa/2018
Assunto: Concordância (Verbal e Nominal)
Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.
A sistematização dos fatos, feita pelos cientistas ou estudiosos, não passa, por mais complicada que
pareça, disto mesmo − de sistematização dos fatos. Com o tempo, um estudo muito aplicado fica
inacessível para aqueles que não se dedicaram muito a ele. Por isso não entendemos de medicina, direito
ou matemática − a não ser que sejamos médicos, juristas ou matemáticos. Cada nova geração herda
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30/12/2018 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
esse patrimônio de conceitos e palavras e tenta aperfeiçoá-lo, modificá-lo, revê-lo e assim por diante.
Então, por mais que pareça um termo complicado, não existe nada de intrinsecamente difícil em
“ideologia”. Ela é simplesmente a palavra usada para descrever um conjunto de fatos que é parte
integrante de nossas vidas, sendo mesmo difícil conceber um ser humano que não abrigue alguma forma
de pensamento ideológico. A ideologia é uma maneira de pensar, uma espécie de “forma” em que
moldamos o mundo.
Uma determinada maneira de ver o mundo não pode deixar de procurar uma lógica para todos os fatos
observáveis, sob o risco de tornar-se incoerente e insatisfatória. A ideologia incorpora sempre uma teoria
sobre o mundo, uma explicação totalizante. Por conseguinte, está relacionada com a existência de
classes sociais.
As classes sociais e o número de denominadores comuns que, nas sociedades de hoje, podem unir as
pessoas não são tão simples ou esquemáticos. É claro que, entre assalariados, existe uma enorme
diferença quando um deles ganha cem salários mínimos e o outro apenas um. Da mesma forma, existem
divergências inconciliáveis entre um industrial e um proprietário de terras.
A assunção de uma ideologia não deve ser encarada como algo mecânico. Não se pode esperar que
pertencer a uma classe social definida determine, por si só, nossa maneira de pensar e agir, pois há
inúmeros fatores que podem, de certa forma, bloquear a consciência de nossa própria situação e induzir
a que vejamos como nossos os interesses da classe oposta. O ser humano, além disso, não é uma
máquina que reage mecanicamente da mesma forma ao mesmo comando, nem um animal que funcione
à base de reflexos condicionados (embora haja quem pense o contrário), de maneira que a formação do
pensamento ideológico não é um processo singelo.
As ideologias e as posições políticas são, ainda hoje, muito vistas em termos de Esquerda e Direita. Ao
contrário do que seu uso indiscriminado pode sugerir, não são conceitos claros e a maioria das pessoas
teriam dificuldade para defini-los com alguma precisão. As palavras estão sujeitas a empregos arbitrários
e abusivos, de tal forma que acabam por ter seu sentido diluído ou tornado imprestável para uma
comunicação adequada.
(Adaptado de: RIBEIRO, João Ubaldo. Política: Quem manda, por que manda, como manda. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2011, edição digital)
Mantendo-se a correção, o verbo destacado que pode ser flexionado em uma forma do singular, sem que
nenhuma outra modificação seja feita na frase, está em:
a) ...a maioria das pessoas teriam dificuldade para defini-los com alguma precisão.
b) As classes sociais e o número de denominadores comuns que, nas sociedades de hoje, podem unir
as pessoas.
c) ...um estudo muito aplicado fica inacessível para aqueles que não se dedicaram muito a ele.
d) As palavras estão sujeitas a empregos arbitrários e abusivos.
e) Da mesma forma, existem divergências inconciliáveis entre um industrial e um proprietário de
terras. Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/conteudo/questoes/682611
Questão 59: FCC - Tec Leg (CL DF)/CL DF/Agente de Polícia Legislativa/2018
Assunto: Concordância (Verbal e Nominal)
Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.
A sistematização dos fatos, feita pelos cientistas ou estudiosos, não passa, por mais complicada que
pareça, disto mesmo − de sistematização dos fatos. Com o tempo, um estudo muito aplicado fica
inacessível para aqueles que não se dedicaram muito a ele. Por isso não entendemos de medicina, direito
ou matemática − a não ser que sejamos médicos, juristas ou matemáticos. Cada nova geração herda
esse patrimônio de conceitos e palavras e tenta aperfeiçoá-lo, modificá-lo, revê-lo e assim por diante.
Então, por mais que pareça um termo complicado, não existe nada de intrinsecamente difícil em
“ideologia”. Ela é simplesmente a palavra usada para descrever um conjunto de fatos que é parte
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integrante de nossas vidas, sendo mesmo difícil conceber um ser humano que não abrigue alguma forma
de pensamento ideológico. A ideologia é uma maneira de pensar, uma espécie de “forma” em que
moldamos o mundo.
Uma determinada maneira de ver o mundo não pode deixar de procurar uma lógica para todos os fatos
observáveis, sob o risco de tornar-se incoerente e insatisfatória. A ideologia incorpora sempre uma teoria
sobre o mundo, uma explicação totalizante. Por conseguinte, está relacionada com a existência de
classes sociais.
As classes sociais e o número de denominadores comuns que, nas sociedades de hoje, podem unir as
pessoas não são tão simples ou esquemáticos. É claro que, entre assalariados, existe uma enorme
diferença quando um deles ganha cem salários mínimos e o outro apenas um. Da mesma forma, existem
divergências inconciliáveis entre um industrial e um proprietário de terras.
A assunção de uma ideologia não deve ser encarada como algo mecânico. Não se pode esperar que
pertencer a uma classe social definida determine, por si só, nossa maneira de pensar e agir, pois há
inúmeros fatores que podem, de certa forma, bloquear a consciência de nossa própria situação e induzir
a que vejamos como nossos os interesses da classe oposta. O ser humano, além disso, não é uma
máquina que reage mecanicamente da mesma forma ao mesmo comando, nem um animal que funcione
à base de reflexos condicionados (embora haja quem pense o contrário), de maneira que a formação do
pensamento ideológico não é um processo singelo.
As ideologias e as posições políticas são, ainda hoje, muito vistas em termos de Esquerda e Direita. Ao
contrário do que seu uso indiscriminado pode sugerir, não são conceitos claros e a maioria das pessoas
teriam dificuldade para defini-los com alguma precisão. As palavras estão sujeitas a empregos arbitrários
e abusivos, de tal forma que acabam por ter seu sentido diluído ou tornado imprestável para uma
comunicação adequada.
(Adaptado de: RIBEIRO, João Ubaldo. Política: Quem manda, por que manda, como manda. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2011, edição digital)
O verbo destacado deve sua flexão ao termo sublinhado em:
a) Cada nova geração herda esse patrimônio de conceitos e palavras e tenta aperfeiçoá-lo...
b) As classes sociais e o número de denominadores comuns que, nas sociedades de hoje, podem unir
as pessoas não são tão simples ou esquemáticos.
c) É claro que, entre assalariados, existe uma enorme diferença quando um deles ganha cem
salários mínimos e o outro apenas um.
d) A ideologia incorpora sempre uma teoria sobre o mundo, uma explicação totalizante.
e) O ser humano, além disso, não é uma máquina que reage mecanicamente da mesma forma ao
mesmo comando... Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/conteudo/questoes/682624
Questão 60: FCC - Tec Leg (CL DF)/CL DF/Agente de Polícia Legislativa/2018
Assunto: Concordância (Verbal e Nominal)
Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.
“A arte popular de uma era é muitas vezes a arte elevada da seguinte”, escreveu o professor Alexander
Nehamas não muito tempo atrás em defesa da televisão, traçando um paralelo com o desdém de Platão
pelo antigo drama grego. Por muito tempo a TV foi considerada o homólogo inferior do cinema: o lugar
ao qual recorrer na indústria se você não podia transformar algo em filme. Por um tempo muito longo ela
foi também considerada um assunto que não estava à altura do estudo acadêmico. Não é mais assim
hoje em dia. Com o drama televisivo granjeando aplausos tanto do público quanto da crítica, parece que
a TV está finalmente atravessando sua era de arte elevada e que emergiu da sombra do cinema para
sempre.
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Cineastas sempre flertaram com a televisão. O flerte do cinema com a nova forma começou com a
célebre entrevista coletiva de Roberto Rossellini em 1962 em que ele declarou que o cinema estava
morto e que dali em diante faria filmes para a televisão. Hoje esses cineastas poderiam ser vistos como a
vanguarda de uma forma que ainda se desenvolvia: a da série de televisão que iria educar e elevar em
vez de apenas entreter e vender produtos por meio de anúncios.
Hoje, graças à internet e a novas tecnologias, surgem novos padrões de atenção. O que parece uma
transição de uma era da narrativa para outra é não só acompanhado, mas também guiado, por
mudanças no comportamento do público.
(Adaptado de: KALLAS, Christina. Na sala de roteiristas (Inside the Writer´s Room). Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 2016, edição digital)
O verbo indicado entre parênteses deverá adotar uma forma do plural para preencher corretamente a
lacuna da frase:
a) Por muito tempo não se .... (identificar) nos programas de televisão algum assunto à altura dos
estudos acadêmicos.
b) A série de TV, em vez de se limitar a vender produtos por meio de anúncios, .... (educar) os
espectadores.
c) As mudanças observadas no comportamento do público televisivo .... (indicar) que uma nova
forma de atenção vem se desenvolvendo entre os espectadores.
d) Talvez não imaginássemos que o drama televisivo, desenvolvido à sombra dos filmes produzidos
para o cinema, .... (conquistar) aplausos tanto do público quanto da crítica.
e) Veiculada em entrevista coletiva, em 1962, a célebre declaração de Roberto Rossellini de que
deixaria de fazer filmes.... (surpreender) muitos jornalistas.
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Questão 61: FCC - Tec Leg (CL DF)/CL DF/Técnico de Arquivo e Biblioteca/2018
Assunto: Concordância (Verbal e Nominal)
Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei num trem da Central um rapaz aqui
do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou da
lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não
fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro
vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso.
– Continue, disse eu acordando.
– Já acabei, murmurou ele.
– São muito bonitos.
Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas não passou do gesto; estava amuado. No dia
seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom Casmurro. Os vizinhos, que
não gostam dos meus hábitos reclusos e calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou. Nem por isso
me zanguei. Contei a anedota aos amigos da cidade, e eles, por graça, chamam-me assim, alguns em
bilhetes: “Dom Casmurro, domingo vou jantar com você.” – “Vou para Petrópolis, dom Casmurro; a casa
é a mesma da Renânia; vê se deixas essa caverna do Engenho Novo, e vai lá passar uns quinze dias
comigo.” – “Meu caro dom Casmurro, não cuide que o dispenso do teatro amanhã; venha e dormirá aqui
na cidade; dou-lhe camarote, dou-lhe chá, dou-lhe cama; só não lhe dou moça.
Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o
vulgo de homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo
por estar cochilando! Também não achei melhor título para a minha narração; se não tiver outro daqui
até ao fim do livro, vai este mesmo. O meu poeta do trem ficará sabendo que não lhe guardo rancor. E
com pequeno esforço, sendo o título seu, poderá cuidar que a obra é sua. Há livros que apenas terão
isso dos seus autores; alguns nem tanto.
(ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 79-80.)
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− Nós somos estranhos. Porque, o que é que nós somos? Esquizofrênicos? Só não estamos num hospício
porque nos aceitamos e nos aceitam quando acertamos. É uma vida dupla. Você tem um espetáculo à
noite e faz toda sua vida durante o dia, seja ela qual for, uma vida calma, incontestada, desassossegada,
e à noite, você tem que dar conta de outra esfera. Ninguém te obriga a ir [trabalhar]. Nem quando você
passa pela perda de um amor. A gente até acha que aquele amor teria gostado se você fosse lá fazer
seu espetáculo. Ítalo Rossi perdeu um irmão num desastre e fez o espetáculo da noite. Estou contando
um caso extremo, mas isso acontece.
− A gente não guarda emoção. A gente vai [trabalhar] com o que acontece, com o que bate na hora.
Cada plateia provoca outro estágio no espetáculo. Tem sempre alguma coisa [que muda] porque é tudo
muito sutil, embora você faça sempre o “mesmo” gestual. É algo imponderável e inexplicável. Porque é o
seguinte, não é só uma pessoa, um elenco e a plateia. Ali tem que haver uma comunhão. Porque às
vezes um ator está de um lado do palco, outro ator está do outro lado, eles se olham e dizem: “Hoje não
vai sair como a gente quer”. É uma energia cósmica. Mas nunca é exatamente a mesma coisa. Não é.
Tanto que às vezes uma pessoa vai ver o espetáculo e se apaixona, mas um amigo vai ver e não gosta,
não entrosou, não comungou, entendeu? Não deveria haver uma luta para conquistar a plateia, mas
provocar fascínio e buscar uma comunhão.
– É como se fosse um ato religioso: você entra no teatro e espera começar. Já estão todos sentados? Já
está na hora? Aí, faz-se alguma coisa: toca-se uma campainha, uma luz muda, os atores entram mesmo
com a luz... Ou seja, tem um início. Aí você fica diante de um ser humano. É como uma missa. O que é o
padre? Um ator. Ele está ali paramentado, num cerimonial religioso. Se é Páscoa, é uma cor, se é
Semana Santa ou Natal, são outras cores. Se fala um texto, não deixa de ser um auto medieval, e as
pessoas ficam ali. Acho que, no fundo, tudo na vida é um teatro. Já falava o Velho Bardo [William
Shakespeare]: para cada pessoa, você se apresenta, mesmo que um pouquinho, de maneira diferente.
Às vezes até a cada hora do dia, até para você mesmo. Quem é a gente?
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Limites da ciência
Os deuses parecem ter um prazer especial em desmoralizar quem faz profecias sobre os limites da
ciência. Auguste Comte afirmou, em 1835, que nunca surgiria um meio para estudarmos a composição
química das estrelas. Bem, o método existe e hoje sabemos do que elas são feitas. Sabemos até que nós
somos feitos de poeira estelar.
É verdade que Comte não era cientista, mas filósofo. Só que cientistas não se saem muito melhor. Um
dos maiores físicos de seu tempo, lorde Kelvin, escreveu em 1900: "Não há mais nada novo a ser
descoberto na física; só o que resta fazer são medidas cada vez mais precisas". Vieram depois disso
relatividade, mecânica quântica, modelo padrão etc.
Marcus du Sautoy conta essas histórias em The Great Unknown (O Grande Desconhecido). Ele sabe,
portanto, que caminha em terreno perigoso quando se propõe a discutir os limites do conhecimento
humano. Mas Du Sautoy, que é professor de matemática em Oxford e autor de vários livros de
divulgação, tenta jogar em território razoavelmente seguro. Ele vai às fronteiras da ciência em que já
temos informações suficientes para saber que há barreiras formidáveis a um conhecimento total.
A teoria do caos, por exemplo, assegura que nunca conseguiremos fazer previsões de longo prazo
acerca de fenômenos como a meteorologia e engarrafamentos de trânsito. O problema é que alterações
mínimas nas condições iniciais podem produzir alterações dramáticas depois de um tempo – e nós nunca
temos conhecimento completo do presente.
Analogamente, ele mostra como o princípio da incerteza, a extensão do cosmo e a provável
inexistência do tempo também limitam a possibilidade de conhecimento. Ao final, Du Sautoy retorna à
sua especialidade e mergulha nas implicações dos teoremas da incompletude de Gödel, que criam
embaraços para a própria matemática. É diversão certa para quem gosta de grandes questões.
(Hélio Schwartsman. Disponível em: www.folha.uol.com.br. 19.11.2017)
Indeterminar o agente é um dos efeitos de sentido produzido pela voz passiva analítica, a qual pode ser
observada em:
a) Sabemos até que nós somos feitos de poeira estelar. (1° parágrafo)
b) É verdade que Comte não era cientista, mas filósofo. (2° parágrafo)
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c) Os deuses parecem ter um prazer especial em desmoralizar quem faz profecias sobre os limites da
ciência. (1° parágrafo)
d) É diversão certa para quem gosta de grandes questões. (5° parágrafo)
e) Só que cientistas não se saem muito melhor. (2° parágrafo)
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Não há dúvida de que uma linha reta é o caminho mais curto entre dois pontos. Mas ninguém pode
afirmar que seja também o melhor, o mais indicado, o mais proveitoso, por ser mais alegre, mais bonito
ou mais surpreendente. Quem caminha pelas cidades sabe que há trajetos e trajetos: uns para a pressa,
outros para animar o espírito. Numa época em que a velocidade se tornou uma espécie de paradigma
geral, vale a pena experimentar alternativas para o nosso modo de atravessar os espaços e o tempo.
Imagino quantos motoristas presos num congestionamento não sonharão em abandonar o carro, ou
quantos passageiros em deixar o ônibus, e sair à toa e a pé em busca de novos caminhos, desistindo de
se submeter à ditadura do relógio e dos compromissos. Se ninguém faz isso, o desejo de libertação
existe para todos. As grandes cidades, em vez de oferecerem espaços de circulação ou acolhimento,
impõem-nos caminhos intransitáveis, paralisantes. Nosso estilo de vida levou-nos aos impasses urbanos
que impositivamente configuram nossa rotina.
Dizia o poeta espanhol António Machado que o caminho se faz caminhando, que os caminhantes é que
traçam e qualificam seu destino. Essa convicção deveria inspirar não apenas os responsáveis diretos pelo
uso mais desfrutável do espaço urbano, mas todos aqueles que sentem seu compromisso com os rumos
e o andamento da civilização.
(Hermínio Toledo, inédito)
Ao ser flexionada uma forma verbal na voz passiva, respeitou-se plenamente a concordância com seu
sujeito na frase:
a) Não são oferecidas a um motorista preso no trânsito algumas alternativas viáveis, ainda que muito
menos rápidas.
b) Caminhadas sem pressa oferecem-nos momentos e espaços de revelação, mesmo em lugares há
muito familiares.
c) É bastante famosa a bela passagem dos versos a que se aludiram, do grande poeta António
Machado.
d) Por que não tomar os mais alegres ou surpreendentes, entre todos os caminhos de nossas idas ou
regressos?
e) Sempre nos surpreenderão, em nossos longos deslocamentos pela cidade, o tempo gasto em meio
aos congestionamentos.
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Não há dúvida de que uma linha reta é o caminho mais curto entre dois pontos. Mas ninguém pode
afirmar que seja também o melhor, o mais indicado, o mais proveitoso, por ser mais alegre, mais bonito
ou mais surpreendente. Quem caminha pelas cidades sabe que há trajetos e trajetos: uns para a pressa,
outros para animar o espírito. Numa época em que a velocidade se tornou uma espécie de paradigma
geral, vale a pena experimentar alternativas para o nosso modo de atravessar os espaços e o tempo.
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Imagino quantos motoristas presos num congestionamento não sonharão em abandonar o carro, ou
quantos passageiros em deixar o ônibus, e sair à toa e a pé em busca de novos caminhos, desistindo de
se submeter à ditadura do relógio e dos compromissos. Se ninguém faz isso, o desejo de libertação
existe para todos. As grandes cidades, em vez de oferecerem espaços de circulação ou acolhimento,
impõem-nos caminhos intransitáveis, paralisantes. Nosso estilo de vida levou-nos aos impasses urbanos
que impositivamente configuram nossa rotina.
Dizia o poeta espanhol António Machado que o caminho se faz caminhando, que os caminhantes é que
traçam e qualificam seu destino. Essa convicção deveria inspirar não apenas os responsáveis diretos pelo
uso mais desfrutável do espaço urbano, mas todos aqueles que sentem seu compromisso com os rumos
e o andamento da civilização.
(Hermínio Toledo, inédito)
Essa convicção deveria inspirar não apenas os responsáveis diretos pelo uso mais desfrutável do espaço
urbano, mas todos aqueles que sentem seu compromisso com os rumos e o andamento da civilização.
Caso se dê uma outra correta e coerente redação à frase acima, iniciando-se por Todos aqueles que
sentem seu compromisso com os rumos e andamentos da civilização, deverá seguir-se:
a) deveriam inspirar essa convicção, além dos responsáveis diretos pelo uso mais desfrutável do
espaço urbano.
b) deveriam inspirar-se não apenas nos responsáveis diretos pelo uso mais desfrutável do espaço
urbano com essa convicção.
c) deveriam ser inspirados por essa convicção, e não apenas os responsáveis diretos pelo uso mais
desfrutável do espaço urbano.
d) e não apenas os responsáveis pelo uso mais desfrutável do espaço urbano, inspirariam-se nessa
convicção.
e) e não apenas os responsáveis diretos pelo uso mais desfrutável do espaço urbano inspirariam essa
devida convicção.
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esteja apaixonado por ela pelas razões erradas? Como não se espelhar na imagem banal de pop star que
lhe oferecem? O que é mais difícil de enfrentar, na vida artística: a resistência do público para quem sua
obra se dirige ou a fama vertiginosa que alavanca (ops) a carreira de alguns artistas iniciantes para o
topo do mercado em algumas semanas?
Ela diz ter com a música uma aliança impossível de desfazer. Sua intuição musical parece capaz de levá-
la muito além da próxima esquina, e a sutil entonação dolorida na voz talvez não permita que ela vire
uma espécie de Ivete Sangalo paulistana. O CD de estreia é dedicado à avó Cila. A terceira faixa é uma
homenagem fúnebre tocante, uma toada em feitio de oração. Como outro grande compositor negro,
Gilberto Gil, Gadú se mostra capaz de reverenciar a força de seus ancestrais. “Se queres partir, ir embora
/ me olhe de onde estiver”, pede para a avó, contando com a ajuda dos orixás. Quem sabe a forte
conexão com sua origem a proteja de se transformar em fast food para a voracidade dos consumidores.
(Adaptado de: KEHL, Maria Rita. 18 crônicas e mais algumas. São Paulo: Boitempo, 2011)
A correta alteração da voz do verbo sublinhado encontra-se entre parênteses em:
a) Levante a mão quem nunca teve o azar... (Levante-se.)
b) ...alguém que não vendesse sensualidade... (fosse vendida.)
c) ...na imagem banal de pop star que lhe oferecem? (são oferecidas)
d) ...um público que talvez esteja apaixonado por ela... (se apaixonem)
e) ....a resistência do público para quem sua obra se dirige... (é dirigido)
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História do Maranhão
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30/12/2018 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
Na época do descobrimento do Brasil, a região do atual Estado do Maranhão era povoada por diferentes
tribos indígenas. Os primeiros habitantes desse Estado faziam parte de dois grupos: os tupis e os jês. Os
tupis habitavam o litoral: já os jês habitavam o interior. Com o tempo, no século XVIII, diversas tribos do
Piauí entraram no Maranhão, tentando evitar que os brancos as caçassem.
Não existem relatos feitos com exatidão a respeito das primeiras expedições que exploraram a costa
maranhense. Reza a crença que, em 1500, o espanhol Vicente Yáñez Pinzón já navegara por toda a
costa norte do Brasil. A viagem feita por Pinzón na região mencionada teve origem em Pernambuco e
destino à foz do rio Amazonas.
A partir de 1524, os franceses começaram a frequentar o litoral do Maranhão. A explicação para o
motivo dessa frequência é que o litoral desse Estado havia sido esquecido pelos portugueses. Lá os
franceses trocavam com os indígenas produtos da região por objetos que traziam da Europa.
Em 1531, Martim Afonso de Sousa chegou ao Brasil. Esse homem foi o comandante da primeira
expedição que colonizou a região. O militar e nobre português exigiu que Diogo Leite fosse responsável
pela exploração do litoral norte. Diogo Leite aproximouse da foz do rio Gurupi, que atualmente serve de
divisa entre os Estados do Maranhão e do Pará. Essa divisa ficou por muito tempo conhecida como "abra
de Diogo Leite".
Em 1534, quando Dom João III dividiu a Colônia Portuguesa no Brasil em Capitanias Hereditárias, os
portugueses ainda não haviam chegado a colonizar o Maranhão. Um ano depois, o monarca português
concedeu a terra a três fidalgos que eram homens de sua confiança. Foram eles: João de Barros,
Fernando Álvares de Andrade e Aires da Cunha. Ambos os primeiros idealizaram seu plano para a
tomada de posse da capitania. Os dois donatários encarregaram sua execução a Aires da Cunha. Aires da
Cunha veio ao Brasil, no mesmo ano da doação. Durante a viagem, a frota afundou nas costas
maranhenses devido a violento temporal, e o capitão faleceu, assim como a maior parte dos integrantes.
Os sobreviventes fundaram um núcleo de povoamento denominado Nazaré e passaram a explorar o
terreno através dos acidentes geográficos fluviais. Entretanto, os indígenas não lhes facilitaram essa
ocupação. Do núcleo de povoamento, não restou nada e, quando essa povoação foi destruída, os
portugueses abandonaram-na.
(Disponível em: www.cocaisnoticias.com.br)
A transposição de a região do atual Estado do Maranhão era povoada por diferentes tribos indígenas (1°
parágrafo) para a voz ativa resultará na seguinte forma verbal:
a) povoavam.
b) povoarão.
c) povoaram.
d) povoara.
e) povoariam.
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Depois de sete anos de queda, o número de casos de malária avançou 50% no último ano e tem gerado
alerta na região Norte e em alguns outros estados do país.
Dados contabilizados pelo Ministério da Saúde e obtidos pela Folha apontam 194 mil registros em todo o
ano de 2017 − um aumento de 50% em relação ao ano anterior. Em 2016, para efeito de comparação, o
país chegou a alcançar o menor número de casos já registrado nos últimos 37 anos: 129 mil.
Em 2017, dados de janeiro, ainda preliminares, apontam que o avanço continua: são 17 mil
confirmações. Desse total, 99% são em estados da região amazônica, que é endêmica para a doença,
em especial Amazonas, Acre e Pará. O número de mortes ainda não foi atualizado. Foram 11, de janeiro
a maio de 2017, o que não permite comparações com todo o ano de 2016.
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A doença, causada por protozoários transmitidos pela fêmea infectada do mosquito Anopheles, ocorre
em regiões rurais e acomete principalmente populações mais vulneráveis, em locais com más condições
de saneamento e invasões em áreas de mata, por exemplo. Entre os registros, também cresceram casos
de malária falciparum, nome dado à forma da doença causada pelo protozoário Plasmodium Falciparum,
que é mais grave.
(Adaptado de: CANCIAN, Natália. Disponível em: www.folha.uol.com.br)
Um filme publicitário traz um ator interpretando um boçal no pavilhão de uma Bienal. O almofadinha,
vestindo pulôver escuro com gola rolê, cita autores como Nietzsche e Méliès, entre outros, para compor
um discurso afetado e vazio por meio do qual definia uma suposta obra de arte. É o velho clichê do
crítico intelectual.
Vi a propaganda no mesmo dia em que a Câmara Brasileira do Livro e a Amazon anunciaram uma nova
categoria do prêmio Jabuti: a dos melhores romances, contos, crônicas e poesia, na opinião dos leitores.
O prêmio da Escolha do Leitor foi anunciado em tom de inovação democrática. O mesmo argumento tem
sustentado algumas das estratégias de mercado draconianas de grandes corporações de internet. Afinal,
dá-se voz ao leitor, que agora pode pôr em xeque decisões arbitrárias de um punhado de críticos que
não representam a opinião da maioria.
Nesse sentido, a Escolha do Leitor menos inova do que aperfeiçoa uma tendência que já coroava as
edições anteriores do prêmio: o Livro do Ano. Escolhido pelos livreiros, ele contempla os títulos com mais
chances de corresponder às expectativas do mercado, muitas vezes contrariando os resultados das
categorias literárias.
A principal ressalva à inovação democrática do Jabuti, entretanto, é que já existe um prêmio do leitor.
Ele se chama lista dos mais vendidos e é outorgado no mundo inteiro. É claro que há diferenças. A favor
da nova categoria, deve-se dizer que o leitor elegerá títulos apenas entre os finalistas. Ou seja, pela via
do meio, o novo prêmio atenderia ao mercado sem exonerar a crítica.
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Mas, então, por que prêmios literários prestigiados mundo afora ignoram a opinião da maioria? A
resposta é simples. A despeito de seus eventuais equívocos (e não são poucos), os prêmios literários não
foram criados para corresponder a critérios objetivos de mercado.
Os prêmios literários são asserções (com frequência, inerciais; às vezes, justas e corajosas − e a
coragem não costuma ser fruto do consenso) sobre o que um grupo de pessoas, selecionadas por
motivos nem sempre claros ou acertados, acredita que deve ser defendido em termos de subjetividade e
exceção.
Ao atribuir o prêmio de literatura a Bob Dylan, por exemplo, o Nobel tomou uma decisão idiossincrática,
mas que exalta o que há de subjetivo tanto em escrever como em ler e premiar literatura.
Ao contrário, exceção e subjetividade não fazem parte do vocabulário das grandes corporações de
internet. É o que torna tanto mais curioso que um dos poucos prêmios literários brasileiros de prestígio
tenha incorporado a lógica pleonástica dos algoritmos que estruturam a rede (o que mais se lê também é
cada vez mais lido). Não é mais uma perspectiva subjetiva, mas sim uma forma de endossar a premissa
de que não se deve contrariar o gosto do "leitor" (seja ele quem for, de preferência uma média que
represente muitos).
Hoje, mais do que nunca, soa antipático e antidemocrático pôr em dúvida essa ideia generalizada de
leitor. Mas fazer o indivíduo acreditar que não precisa se esforçar para entender o que lhe escapa ou o
que o contraria (como propõe a propaganda da Bienal) tem menos a ver com o respeito pela formação
de um leitor ou um espectador autônomo, reflexivo, do que com a sua redução a potencial de lucro e
com o estreitamento correlato de seus horizontes intelectuais e subjetivos.
(Adaptado de: CARVALHO, Bernardo. “A opinião dos leitores e a crítica”. Disponível em: folha.uol.com.br. Acesso
em: 10/3/2018)
Um segmento do texto está corretamente transposto para a voz passiva em:
a) Por que são ignorados em prêmios literários prestigiados mundo afora a opinião da maioria?
b) Algumas das estratégias de mercado de corporações de internet têm sido sustentadas pelo mesmo
argumento.
c) Foi anunciado pela Câmara Brasileira do Livro e pela Amazon uma nova categoria do prêmio
Jabuti.
d) Tem sido contemplados os títulos com mais chances de corresponder às expectativas do mercado.
e) A favor da nova categoria, tem-se que será eleito pelo leitor apenas os títulos que ficarem entre os
finalistas.
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Minha história começa numa ilha com pouco mais de duzentos habitantes, na baía de Todos os Santos.
Uma fração de Brasil praticamente secreta, ignorada pelas modernidades e pelos mapas: nem o (quase)
infalível Google Maps consegue encontrá-la. É nessa terra minúscula, a Ilha do Paty, que estão minhas
raízes. O lugar é um distrito de São Francisco do Conde - município a 72 quilômetros de Salvador,
próximo a Santo Amaro e conhecido por sua atual importância na indústria do petróleo. Na ilha, as
principais fontes de renda ainda são a pesca, o roçado e ser funcionário da prefeitura.
No Paty, sapatos são muitas vezes acessórios dispensáveis. Para atravessar de um lado para o outro na
maré de águas verdes, o transporte oficial é a canoa, apesar de já existirem um ou outro barco, cedidos
pela prefeitura. Ponte? Nem pensar, dizem os moradores, em coro. Quando alguém está no “porto" e
quer chegar até o Paty, só precisa gritar: “Tomaquê!".
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Talvez você, minha companhia de viagem, não saiba o que quer dizer “tomaquê". É uma redução, como
“oxente", que quer dizer “O que é isso, minha gente". Ou “Ó paí, ó", que é “Olhe pra isso, olhe”. Ou
seja, é simplesmente “Me tome aqui, do outro lado da margem". É muito mais gostoso gritar
“Tomaquê!".
Assim, algum voluntário pega sua canoa e cruza, a remo, um quilômetro nas águas verdes e calmas.
Entre os dois pontos da travessia se gastam uns quarenta minutos. Essa carona carrega, na verdade, um
misto de generosidade e curiosidade. Num lugar daquele tamanho, qualquer visita vira assunto, e é
justamente o remador quem transporta a novidade.
(Adaptado de: RAMOS, Lázaro. Na minha pele. Rio de Janeiro: Objetiva, 2017, p. 16-17)
Na norma-padrão do Português do Brasil, a oração Entre os dois pontos da travessia se gastam uns
quarenta minutosainda estaria correta, e na voz passiva, se alterada para: “Entre os dois pontos da
travessia
a) o viajante vêm gastando uns quarenta minutos”.
b) são gastos uns quarenta minutos”.
c) os viajantes gastam uns quarenta minutos”.
d) gasta uns quarenta minutos”.
e) têm-se gastado uns quarenta minutos”.
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O filósofo sempre foi considerado um personagem bizarro, estranho, capaz de cair num poço quando se
embrenha em suas reflexões − é o que contam a respeito de Tales (cerca de 625-547 a.C.). O primeiro
filósofo, segundo a tradição grega, combina enorme senso prático para os negócios com uma capacidade
de abstração que o retira do mundo. Por isso é visto como indivíduo dotado de um saber especial,
admirado porque manipula ideias abstratas, importantes e divinas. No fundo não está prefigurando as
oposições que desenharão o perfil do homem do Ocidente? O divino Platão e o portentoso Aristóteles
fizeram desse estranhamento o autêntico espanto diante das coisas, o empuxo para a reflexão filosófica.
Nos dias de hoje essa imagem está em plena decadência; o filósofo se apresenta como um profissional
competindo com tantos outros. Ninguém se importa com as promessas já inscritas no nome de sua
profissão: a prometida amizade pelo saber somente se cumpre se a investigação for levada até seu
limite, cair no abismo onde se perdem suas raízes. A palavra grega filosofia significa “amigo da
sabedoria”, por conseguinte recusa da adesão a um saber já feito e compromisso com a busca do
correto.
Em contrapartida, o filósofo contemporâneo participa do mercado de trabalho. Torna-se mais seguro
conforme aumenta a venda de seus livros, embora aparente desprezar os campeões de venda. Às vezes
participa do jogo da mídia. Graças a esse comércio transforma seu saber em capital, e as novidades que
encontra na leitura de textos, em moeda de troca. Ao tratar as ideias filosóficas como se fossem meras
opiniões, isoladas de seus pressupostos ligados ao mundo, pode ser seduzido pela rigidez de ideias sem
molejo, convertendo-se assim num militante doutrinário. Outras vezes, cai nas frivolidades da vida
mundana. Não vejo na prática da filosofia contemporânea nenhum estímulo para que o estudioso se
comprometa com uma prática moral e política mais consciente de si mesma, venha a ser mais tolerante
às opiniões alheias.
Num mundo em que as coisas e as pessoas são descartáveis, a filosofia e o filósofo também se tornam
dispensáveis, sempre havendo uma doutrina ou um profissional capaz de enaltecer uma trama de
interesses privados. A constante exposição à mídia acaba levando o filósofo a dizer o que o grande
público espera dele e, assim, também pode usufruir de seus quinze minutos de celebridade. Diante do
perigo de ser engolfado pela teia de condutas que inverte o sentido original de suas práticas, o filósofo,
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principalmente o iniciante, se pretende ser amante de um saber autêntico, precisa não perder de vista
que assumiu o compromisso de afastar-se das ideias feitas − ressecadas pela falta da seiva da reflexão
− e de desconfiar das novidades espalhafatosas. Se aceita consagrar-se ao estudo das ideias, que reflita
sobre o sentido de seu comportamento.
(Adaptado de: GIANNOTTI, José Arthur. Lições de filosofia primeira. São Paulo: Companhia das Letras, 2011,
edição digital)
A frase que admite transposição para a voz passiva é:
a) Num mundo em que as coisas e as pessoas são descartáveis...
b) ... essa imagem está em plena decadência...
c) ... o filósofo contemporâneo participa do mercado de trabalho.
d) ... manipula ideias abstratas, importantes e divinas.
e) Outras vezes, cai nas frivolidades da vida mundana.
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Questão 80: FCC - Tec Leg (CL DF)/CL DF/Agente de Polícia Legislativa/2018
Assunto: Vozes (voz passiva e voz ativa)
Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.
O domínio das técnicas de produção de alimento foi determinante para que os seres humanos
construíssem a base da civilização. A passagem do extrativismo para a agricultura e a mudança da caça
para a domesticação de animais foram elementos centrais para que seres humanos se juntassem em
grupos. Embora as evidências arqueológicas sejam menos precisas à medida que retrocedemos no
tempo, é provável que os primitivos ajuntamentos do Paleolítico Superior já tivessem organização
suficiente para deleitar o espírito do ser humano com a produção de artes. As cavernas desse período
mostram que as pinturas das paredes exibem notável coincidência com as áreas de maior ressonância
sonora, fazendo supor que esses espaços eram utilizados para o exercício do belo, algo muito mais
sublime do que o ofício de sobreviver naqueles tempos tão duros. Uma hipótese é que o canto tenha
precedido a fala, assim como a pintura tenha antecedido a escrita, o que demonstraria que, de alguma
maneira, os seres humanos foram programados para as artes. Aparentemente, nosso genoma reage
diante de estímulos estéticos desde tempos imemoriais: quando exposto ao belo, nosso encéfalo
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aumenta a atividade de áreas específicas relacionadas ao controle do estresse. Não é sem motivo que os
hospitais estão cada vez mais verdes e incorporam expressões artísticas em suas dependências.
(Adaptado de: SALDIVA, Paulo. Vida Urbana e Saúde: os desafios dos habitantes das metrópoles. São Paulo:
Contexto, 2018, edição digital)
O domínio das técnicas de produção de alimento foi determinante para que os seres humanos
construíssem a base da civilização.
Transpondo-se o segmento sublinhado acima para a voz passiva, a forma verbal resultante será:
a) se construíssem.
b) fosse construída.
c) forem construídos.
d) fossem construídas.
e) eram construídos.
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a) são vistos.
b) é visto.
c) viu-se.
d) são vistas.
e) foram vistas.
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Coletados entre os anos de 2004 e 2008 (com participantes acompanhados por 8 ou 9 anos depois
disso), os dados usados eram de mais de 500 mil pessoas que residem em diferentes regiões da China e
têm idades entre 30 e 79 anos. Dessa base, 13,1% dos participantes disseram consumir cerca de um ovo
por dia (0,76), enquanto 9,1% afirmaram nunca ou quase nunca comer o alimento (0,29 ovo por dia).
A conclusão dos pesquisadores foi de que o consumo moderado de ovos, um por dia, em média,
apresentou um nível significativamente mais baixo de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, sem
que a ingestão do alimento apresentasse efeitos que coloquem a saúde em risco.
No estudo, o alimento reduziu em 26% o risco de hemorragia cerebral e em 28% o risco de morte por
essa condição. Já o risco de morte por doença cardiovascular foi diminuído em 18% devido ao consumo
do ovo. No caso de pessoas que comem, em média, 5 ovos por semana, o risco de doença cardíaca
isquêmica foi reduzido em 12%, em relação às pessoas que afirmaram consumir ovos raramente.
(Texto adaptado. Disponível em: exame.abril.com.br)
A análise foi realizada por pesquisadores dos Estados Unidos e da China...
A frase indicada acima fica com a forma verbal correta na voz ativa correspondente em:
a) Pesquisadores dos Estados Unidos e da China realizam a análise.
b) Foi pesquisadores dos Estados Unidos e da China que realizaram a análise.
c) É que pesquisadores dos Estados Unidos e da China realizaram a análise.
d) Realizou-se a análise pesquisadores dos Estados Unidos e da China.
e) Pesquisadores dos Estados Unidos e da China realizaram a análise.
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Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma verbal resultante será:
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a) é constituída.
b) são constituídas.
c) constituíam-se.
d) era constituída.
e) tinham constituído.
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Mídias sociais têm sido insistentemente acusadas de fomentar a polarização política, reforçando e
consolidando pontos de vista divisivos que têm tornado impossível o debate público.
Porém, estudos mostram que, embora exista seleção no consumo de notícias de acordo com a
orientação ideológica, a dieta informacional das pessoas é mais variada do que se supõe. Leitores de
direita, por exemplo, consomem mais notícias de veículos de direita, mas leem também a grande
imprensa e até, ocasionalmente, veículos de esquerda.
Os estudiosos chamam a atenção também para o fato de que nas interações sociais diretas as pessoas
selecionam ainda mais com quem se relacionam de acordo com a orientação política e, quando
interagem com pessoas diferentes, evitam assuntos sensíveis, como política e religião.
Por que então temos a nítida percepção de que a polarização é aguda e se acentua nas mídias sociais?
A resposta retoma a constatação de outros pesquisadores: a polarização é um fenômeno circunscrito
aos mais engajados, que são também os mais influentes nas mídias sociais.
(Adaptado de: ORTELLADO, Pablo. Disponível em: folha.uol.com.br)
Porém, estudos mostram que, embora exista seleção no consumo de notícias de acordo com a
orientação ideológica, a dieta informacional das pessoas é mais variada do que se supõe.
Uma redação alternativa para o segmento sublinhado acima, em que se mantêm a correção e a
coerência, está em:
a) Contudo, estudos revelam que, apesar de a orientação ideológica interferir na seleção de notícias a
serem consumidas, a dieta...
b) No entanto, já se estuda o fato de que, conforme a orientação ideológica interfere no consumo e
seleção de notícias, tem-se que a dieta...
c) De acordo com estudos, ainda que se selecionam as notícias a consumir, a partir da orientação
ideológica, a dieta...
d) Conforme estudos, mesmo existindo escolha à partir da orientação ideológica, no consumo de
notícias, a dieta...
e) Todavia, estudos demonstram que haviam possibilidades de escolha no consumo de notícias,
segundo a orientação ideológica, ainda que a dieta...
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O carnaval do Recife deve ao Galo da Madrugada sua repercussão nacional. O bloco foi num crescendo
ano a ano e virou o espetáculo grandioso que é. Tem futuro promissor. Mas precisa ser encarado como
um negócio a ser tocado cada vez mais profissionalmente.
O potencial do carnaval do Recife para crescer como um “negócio” poderá ser estimulado a beneficiar
mais a cidade, gerando incremento de emprego, trabalho e renda nos hotéis, restaurantes, lanchonetes,
oficinas de madeira e ferro, shoppings, meios de hospedagem em residências, segurança... entre outros
segmentos ligados à cadeia produtiva do evento.
Para ampliar a dimensão desse carnaval, há que se explorar ainda mais o potencial do Recife Antigo e
o de Olinda. Uma cidade que dispõe, a seu lado, de uma festa tão singular, alegre e irreverente como a
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da vizinha cidade já é por si só um produto comercializável e lucrativo. Nossa proposta pontual é fundir
os dois carnavais e transformá-los na marca “Carnaval Recife-Olinda”. Isto vai “pegar” e potencializará
uma maior atratividade nacional para a festa pernambucana. Que estado no Brasil dispõe de um
conjunto de atrativos em uma única festa como o “Galo” estrondoso, o frevo, os blocos antigos,
maracatus, bonecos gigantes, caboclinhos, tambores silenciosos, virgens de Olinda, escolas de samba,
prévias tradicionais e até espaço poprock para os mais alternativos?
Qual caminho a seguir? Primeiro, institucionalizar a aliança entre Olinda e Recife. Em seguida, buscar
os patrocínios e parcerias com as associações de bares e restaurantes, indústrias de bebidas, empresas
de cartões de crédito, redes sociais e sites estratégicos. O estímulo para se conhecer o “Carnaval Recife-
Olinda” já deverá estar em anúncios publicitários nesses sites ao menos três meses antes da festa. Isso
despertará o interesse do público de diferentes localidades. É este o caminho para transformar
Pernambuco num destino ainda mais procurado a partir de 2019.
(Adaptado de: LIMA, Mauro Ferreira. “Carnaval do Recife, proposta para crescer”. Disponível em:
www.diariodepernambuco.com.br. 17.02.2018)
GATONET' poderá render multa e cadeia para quem instala e para quem usa
Ter TV por assinatura com 'sinal pirateado', prática mais conhecida como 'gatonet', poderá se tornar
crime no Brasil. O Projeto de Lei do Senado n° 186/2013 começou a tramitar na Comissão de
Constituição e Justiça do Senado nesta semana e, caso aprovado, vai tipificar os crimes de interceptação
e recepção clandestina de sinal de TV por assinatura.
Isso quer dizer que tanto a pessoa que oferece e instala os famosos 'gatonets' quanto os clientes que
solicitam a pirataria poderão ser punidos com multa de até R$ 10 mil. Também está prevista reclusão de
seis meses a dois anos, com a possibilidade de aumentar a pena em 50% caso fique provado danos a
terceiros.
Dessa forma, as autoridades poderão não apenas confiscar equipamentos utilizados para piratear sinal
de TV por assinatura, mas também poderão prender os responsáveis e colocá-los no sistema sob
legislação específica.
Acredita-se que o grande problema da pirataria de TV por assinatura hoje é a comercialização de
equipamentos decodificadores que substituem os oferecidos oficialmente pelas operadoras.
A venda, compra ou fabricação desses aparelhos também será punida. A importação de produtos como
esses já está proibida no Brasil desde 2011, mas não se tem notícia da responsabilização penal de seus
fornecedores pelo crime de contrabando.
(Adaptado de: https://www.tecmundo.com.br)
Isso quer dizer que tanto a pessoa que oferece e instala os famosos 'gatonets' quanto os clientes que
solicitam a pirataria poderão ser punidos com multa de até R$ 10 mil. (2° parágrafo)
O trecho acima fica corretamente reescrito, preservando-se seu significado, em:
a) Isso significa que não apenas o indivíduo que oferece e instala os famosos 'gatonets', mas
também os clientes que contratam a pirataria correrão o risco de ser multados em R$ 10 mil.
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b) Isso implica que a pessoa que divulga e instala os notáveis 'gatonets' e aquelas que contratam à
pirataria poderão ser punidos de multa sob R$ 10 mil.
c) Entende-se que, não só a pessoa que oferta e instala os ditos 'gatonets', mas também os clientes,
que solicitam a pirataria, poderão ser punidos em multa a até R$ 10 mil.
d) Isso indica, que não apenas o cidadão que oferece e instala os famosos 'gatonets' mas também os
clientes, que contratam a pirataria, correrão o risco para serem multados em R$ 10 mil.
e) Presume-se que o indivíduo que oferece e instala os famosos 'gatonets', senão seus clientes
correrão o risco de ser multado em R$ 10 mil.
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Depois de sete anos de queda, o número de casos de malária avançou 50% no último ano e tem gerado
alerta na região Norte e em alguns outros estados do país.
Dados contabilizados pelo Ministério da Saúde e obtidos pela Folha apontam 194 mil registros em todo o
ano de 2017 − um aumento de 50% em relação ao ano anterior. Em 2016, para efeito de comparação, o
país chegou a alcançar o menor número de casos já registrado nos últimos 37 anos: 129 mil.
Em 2017, dados de janeiro, ainda preliminares, apontam que o avanço continua: são 17 mil
confirmações. Desse total, 99% são em estados da região amazônica, que é endêmica para a doença,
em especial Amazonas, Acre e Pará. O número de mortes ainda não foi atualizado. Foram 11, de janeiro
a maio de 2017, o que não permite comparações com todo o ano de 2016.
A doença, causada por protozoários transmitidos pela fêmea infectada do mosquito Anopheles, ocorre
em regiões rurais e acomete principalmente populações mais vulneráveis, em locais com más condições
de saneamento e invasões em áreas de mata, por exemplo. Entre os registros, também cresceram casos
de malária falciparum, nome dado à forma da doença causada pelo protozoário Plasmodium Falciparum,
que é mais grave.
(Adaptado de: CANCIAN, Natália. Disponível em: www.folha.uol.com.br)
Entre os registros, também cresceram casos de malária falciparum, nome dado à forma da doença
causada pelo protozoário Plasmodium Falciparum, que é mais grave. (último parágrafo)
Mantendo-se a correção da frase e as principais informações contidas no trecho, o segmento destacado
acima pode ser substituído por:
a) nome fornecido contra a característica da doença
b) denominação atribuída ao tipo de doença
c) identificação concedida com o tipo de infecção
d) descrição feita sob a natureza da enfermidade
e) análise realizada para com o tipo da infecção
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Embora ainda não exista um consenso sobre a existência ou não da dependência em smartphones,
ninguém pode negar que o uso excessivo pode trazer problemas. E um novo estudo encontrou um grupo
especialmente propenso a cair nessa cilada: pessoas consideradas instáveis emocionalmente.
A pesquisa foi feita por uma equipe de psicólogos da Universidade de Derby e da Universidade
Nottingham Trent por meio de um questionário on-line com 640 usuários de smartphones de idades
entre 13 e 69 anos. O que mais chamou a atenção dos autores foi o fato de que, à medida que os níveis
de ansiedade aumentam em um indivíduo, mais ele usa seu smartphone – até como forma de tentar se
sentir melhor.
Alguns especialistas acreditam que o uso do celular pode ser benéfico ao permitir a interação com outras
pessoas, mas esse não se mostrou o caso no estudo. É que os usuários mais propensos a um uso
excessivo do celular eram justamente aqueles mais “fechados” em relação aos seus sentimentos e
emoções.
“Eles podem estar envolvidos em uso passivo da rede social – que ocorre quando você passa muito
tempo no Facebook, Twitter e Instagram vendo comentários, fotos e postagens de outras pessoas, e não
publicando nada próprio nem se envolvendo em conversas. Então, não há uma interação social positiva
real nas redes sociais para essas pessoas”, diz Zaheer Hussain, um dos autores do estudo.
(Adaptado de: PRADO, Ana. Superinteressante. Disponível em: https://super.abril.com.br)
Alguns especialistas acreditam que o uso do celular pode ser benéfico (...), mas esse não se mostrou o
caso no estudo.
Esse trecho está reescrito com o sentido preservado e conforme a norma-padrão da língua em:
a) Apesar que alguns especialistas acreditam que o uso do celular pudia ser benéfico, esse não se
mostrou o caso no estudo.
b) Embora alguns especialistas acreditem que o uso do celular possa ser benéfico, esse não se
mostrou o caso no estudo.
c) Mesmo que alguns especialistas acreditariam que o uso do celular podesse ser benéfico, esse não
se mostrou o caso no estudo.
d) Visto que alguns especialistas acreditassem que o uso do celular podera ser benéfico, esse não se
mostrou o caso no estudo.
e) De tanto que alguns especialistas acreditarem que o uso do celular puder ser benéfico, esse não
se mostrou o caso no estudo.
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PRESIDÊNCIA DA REPUBLICA
CASA CIVIL
SECRETARIA ESPECIAL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
PORTARIA N° 195, de 20 de dezembro de 2016.
Dispõe sobre o credenciamento da imprensa no âmbito
da Presidência da República, e dá outras providências.
O Secretário Especial de Comunicação Social da Presidência da República, no uso de suas
atribuições e tendo em vista o disposto no art. 16, incisos V e VIII, da Estrutura Regimental da Casa Civil
da Presidência da República, aprovada pelo Decreto nº 8.889, de 26 de outubro de 2016, resolve:
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Art.1º Esta Portaria dispõe sobre as normas de credenciamento da imprensa junto à Presidência da
República.
[...]
Art. 6º O credenciamento anual, inclusive dos profissionais de imprensa brasileiros que trabalhem
em empresas estrangeiras, deve ser requerido, por meio de cadastramento eletrônico, no sítio do
Planalto: http://www2.planalto.gov.br/area-de-imprensa, preenchendo a ficha de dados cadastrais e
anexando a seguinte documentação em formato pdf único [...]
(Presidência da República, Disponível em: http://www2.planalto.gov.br)
Está correta a seguinte reescrita de trecho do artigo 6º:
a)O credenciamento anual, inclusive dos profissionais de imprensa brasileiros que trabalhem em
empresas estrangeiras, deve ser requerido / O credenciamento anual - incluso os profissionais de
imprensa brasileiros, que trabalhem em empresas do exterior - deve ser requisitado.
b) area-de-imprensa, preenchendo a ficha de dados cadastrais e anexando a seguinte documentação
em formato pdf único / área-de-imprensa. Deve-se preencher os dados cadastrais e anexar a seguinte
documentação, em formato pdf e em um único arquivo.
c) preenchendo a ficha de dados cadastrais e anexando a seguinte documentação em formato pdf
único / ao preencher a ficha de dados cadastrais e anexar a seguinte documentação em formato pdf
único.
d) deve ser requerido, por meio de cadastramento eletrônico, no sítio do Planalto / deve ser
requerido atravéz de cadastramento eletrônico no site do Planalto.
e) preenchendo a ficha de dados cadastrais e anexando a seguinte documentação em formato pdf
único / que preenche a ficha de dados cadastrais e anexa a seguinte documentação em formato pdf
único.
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Não faz muito tempo, fui assistir à ópera "As Bodas de Figaro", de Mozart. Lá para o final, o personagem
mais importante, Fígaro, faz um retrato cruel das mulheres. Diz: "Abram um pouco os olhos, homens
incautos e bobos. Olhem essas mulheres, olhem o que elas são". Segue enumerando: "São bruxas que
enfeitiçam para nos deixar sofrendo... São rosas espinhosas, raposas maliciosas, mestras de engano e de
angústias, que fingem e mentem, que amor não sentem, não sentem piedade".
No século 18, quando essa ópera foi composta, a sala toda ficava iluminada. Não se deixava o público no
escuro, como hoje. Os cantores podiam então interpelar diretamente a assistência. Na montagem que vi,
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o diretor de cena teve a ideia de acender as luzes da sala durante a ária de Fígaro, que saiu do palco e
dirigiu-se diretamente aos homens presentes.
Quando ele passava pelo corredor entre o público, uma senhora furiosa levantou-se. Fez o sinal de "não"
nas fuças do pobre cantor e retirou-se protestando em voz alta. De início, pensei que fosse parte do
espetáculo - hoje em dia, com as montagens modernas, tudo é possível. Mas não, era uma feminista
embravecida.
Ela poderia ter prestado mais atenção. O tema nuclear de "As Bodas de Fígaro" é atual: trata-se de
desmascarar, denunciar e punir um poderoso aristocrata que é violento predador sexual.
Aquela senhora não deu tempo para a conclusão da ópera, não chegou a ver a condenação do conde
brutal. Tal suscetibilidade, irritada pela situação em que, injustamente, as mulheres são mantidas em
nossas sociedades, é compreensível. Levou-a a partir antes que as acusações de Fígaro contra o gênero
feminino fossem desmentidas. Indignou-se cedo demais.
Indignação: eis o problema. Nunca tive simpatia por essa palavra. Pressupõe cólera e desprezo. Quando
estamos sozinhos, a indignação nos embriaga como se fosse uma droga. Arrebata a alma, enfurece as
vísceras, dilata os pulmões e nos faz acreditar na veemência do nosso ódio. Viramos heróis justiceiros
diante de nós mesmos.
A solidão indignada faz grandes discursos interiores contra aquilo que erigimos como inimigo. Serve para
dar boa consciência. É autossatisfatória. Um prazer solitário. Exaltados, arquitetamos vinganças e
reparações. Depois, o balão murcha, sobrando apenas nossa miserável impotência.
Ao se manifestar na presença de outra pessoa, ou de duas, ou num pequeno grupo, a indignação leva ao
descontrole. Nervosos, falamos alto e dizemos coisas que, na calma, jamais pronunciaríamos.
Quando um de seus heróis se deixa levar pelos discursos coléricos, Homero faz alguém sempre
repreender: "Que palavras ultrapassaram a barreira de teus dentes!". Porque não somos mais nós que
falamos, mas algo que está em nós e que ocupou nosso corpo esvaziado de qualquer poder reflexivo: a
indignação. Assim também ocorre com os jorros furibundos de palavras que inundam as redes sociais.
A multidão indignada é, por sua vez, uma catástrofe. Tomada por um furacão de pulsões, ela atropela,
esmaga, lincha. A indignação trava as forças racionais. Alimentada pelas paixões, usa uma aparência de
razão como fole para soprar nas brasas. Está claro, aceita só argumentos que servem a reforçar e
ampliar seu domínio. É feita de radicalismos.
Obs. ária: parte de uma ópera executada por voz solista.
Não faz muito tempo, fui assistir à ópera "As Bodas de Figaro", de Mozart. Lá para o final, o personagem
mais importante, Fígaro, faz um retrato cruel das mulheres. Diz: "Abram um pouco os olhos, homens
incautos e bobos. Olhem essas mulheres, olhem o que elas são". Segue enumerando: "São bruxas que
enfeitiçam para nos deixar sofrendo... São rosas espinhosas, raposas maliciosas, mestras de engano e de
angústias, que fingem e mentem, que amor não sentem, não sentem piedade".
No século 18, quando essa ópera foi composta, a sala toda ficava iluminada. Não se deixava o público no
escuro, como hoje. Os cantores podiam então interpelar diretamente a assistência. Na montagem que vi,
o diretor de cena teve a ideia de acender as luzes da sala durante a ária de Fígaro, que saiu do palco e
dirigiu-se diretamente aos homens presentes.
Quando ele passava pelo corredor entre o público, uma senhora furiosa levantou-se. Fez o sinal de "não"
nas fuças do pobre cantor e retirou-se protestando em voz alta. De início, pensei que fosse parte do
espetáculo - hoje em dia, com as montagens modernas, tudo é possível. Mas não, era uma feminista
embravecida.
Ela poderia ter prestado mais atenção. O tema nuclear de "As Bodas de Fígaro" é atual: trata-se de
desmascarar, denunciar e punir um poderoso aristocrata que é violento predador sexual.
Aquela senhora não deu tempo para a conclusão da ópera, não chegou a ver a condenação do conde
brutal. Tal suscetibilidade, irritada pela situação em que, injustamente, as mulheres são mantidas em
nossas sociedades, é compreensível. Levou-a a partir antes que as acusações de Fígaro contra o gênero
feminino fossem desmentidas. Indignou-se cedo demais.
Indignação: eis o problema. Nunca tive simpatia por essa palavra. Pressupõe cólera e desprezo. Quando
estamos sozinhos, a indignação nos embriaga como se fosse uma droga. Arrebata a alma, enfurece as
vísceras, dilata os pulmões e nos faz acreditar na veemência do nosso ódio. Viramos heróis justiceiros
diante de nós mesmos.
A solidão indignada faz grandes discursos interiores contra aquilo que erigimos como inimigo. Serve para
dar boa consciência. É autossatisfatória. Um prazer solitário. Exaltados, arquitetamos vinganças e
reparações. Depois, o balão murcha, sobrando apenas nossa miserável impotência.
Ao se manifestar na presença de outra pessoa, ou de duas, ou num pequeno grupo, a indignação leva ao
descontrole. Nervosos, falamos alto e dizemos coisas que, na calma, jamais pronunciaríamos.
Quando um de seus heróis se deixa levar pelos discursos coléricos, Homero faz alguém sempre
repreender: "Que palavras ultrapassaram a barreira de teus dentes!". Porque não somos mais nós que
falamos, mas algo que está em nós e que ocupou nosso corpo esvaziado de qualquer poder reflexivo: a
indignação. Assim também ocorre com os jorros furibundos de palavras que inundam as redes sociais.
A multidão indignada é, por sua vez, uma catástrofe. Tomada por um furacão de pulsões, ela atropela,
esmaga, lincha. A indignação trava as forças racionais. Alimentada pelas paixões, usa uma aparência de
razão como fole para soprar nas brasas. Está claro, aceita só argumentos que servem a reforçar e
ampliar seu domínio. É feita de radicalismos.
Obs. ária: parte de uma ópera executada por voz solista.
b) Tal suscetibilidade
[...] é compreensível
/ Tais suscetibilidade e irritação pela situação das
mulheres são, com certeza, bem compreensível.
c) e nos faz acreditar na veemência de nosso ódio
/ e faz que acreditamos na veemência de nosso
ódio.
d) dirigiu-se aos homens presentes
/ dirigiu-se àqueles homens sentados na primeira fileira.
e) um de seus heróis se deixa levar pelos discursos coléricos
/ seus heróis se deixam levarem pelos
discursos coléricos.
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"Sente os pés no chão", diz a instrutor a, com a voz serena de quem há décadas deve sentir os pés no
chão, "sente a respiração”.
"Inspira, expira", ela diz, mas o narrador dentro da minha cabeça fala mais alto: "Eis então que no início
do terceiro milênio, tendo chegado à Lua e à engenharia genética, os seres humanos se voltavam ávidos
a técnicas milenares de relaxamento na esperança de encontrar alguma paz e algum sentido para suas
vidas simultaneamente atribuladas e vazias".
Um lagarto, penso, jamais faria um curso de meditação. "Sente a pedra. A barriga na pedra. Relaxa a
cauda. Agora sente o sol aquecendo as escamas. Esquece as moscas. Esquece as cobras rondando a
toca. Inspira. Expira." Eu imagino que o lagarto sinta a pedra. A barriga na pedra. O prazer simples e
ancestral de lagartear sob o sol.
Se o lagarto consegue esquecer as moscas ou a cobra rondando a toca, já não sei. A parte mais interna
e mais antiga do nosso cérebro é igual à dos répteis. É dali que vem o medo, ferramenta evolutiva
fundamental para trazer nossos genes triunfantes e nossos cérebros aflitos através dos milênios até
aquela roda, no décimo segundo andar de um prédio na cidade de São Paulo.
Não há nada de místico na meditação. Pelo contrário. Meditar é aprender a estar aqui, agora. Eu acho
que nunca estive aqui, agora. O ansioso está sempre em outro lugar. Sempre pré-ocupado. Às vezes
acho que nasci meia hora atrasado e nunca recuperei esses trinta minutos. "Inspira. Expira".
Não é um problema só meu. A revista dominical do "New York Times" fez uma matéria de capa ano
passado sobre o tema. Dizia que vivemos a era da ansiedade. Todas as redes sociais são latifúndios
produzindo ansiedade. Mesmo o presente mais palpável, como um prato fumegante de macarrão, nós
conseguimos digitalizar e transformar em ansiedade. Eu preciso postar a minha selfie dando a primeira
garfada neste macarrão, depois nem vou conseguir comer o resto do macarrão, ou sentir o gosto do
macarrão, porque estarei ocupado conferindo quantas pessoas estão comentando a minha foto comendo
o macarrão que esfria, a minha frente.
"Inspira, expira.” A voz da instrutora é tão calma e segura que me dá a certeza de que ela consegue
comer o macarrão e me dá a esperança de que também eu, um dia, aprenderei a comer o macarrão. É
só o que eu peço a cinco mil anos de tradição acumulada por monges e budas e maharishis e demais
sábios barbudos ou imberbes do longínquo Oriente. "Inspira. Expira.” Foco no macarrão.
(Adaptado de: PRATA, Antonio. Folha de S. Paulo. Disponível em: www.folha.uol.com.br)
Não há nada de místico na meditação. Pelo contrário. Meditar é aprender a estar aqui, agora.
Essa passagem está corretamente reescrita com o sentido preservado, em linhas gerais, em:
a) Meditar é aprender a estar aqui, agora; exceto quando não há nada de místico na meditação.
b) Não obstante não há nada de místico na meditação, meditar é aprender a estar aqui, agora.
c) Meditar é aprender a estar aqui, agora; contanto que não há nada de místico na meditação.
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d) Não há nada de místico na meditação, haja vista que meditar é aprender a estar aqui, agora.
e) Não há nada de místico na meditação, malgrado meditar é aprender a estar aqui, agora.
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É uma afirmação desafiadora, e com um apelo intuitivo muito forte. Mas não tem fundamento.
Uma nova redação em um único período, em que a oposição acima está atenuada, encontra-se em:
a) É uma afirmação desafiadora, e com um apelo intuitivo muito forte, desde que não tenha
fundamento.
b) Não tem fundamento, entretanto é uma afirmação desafiadora, e com um apelo intuitivo muito
forte.
c) Se bem que seja uma afirmação desafiadora, e com um apelo intuitivo muito forte, não tem
fundamento.
d) Para que seja uma afirmação desafiadora, e com um apelo intuitivo muito forte, não terá
fundamento.
e) Não tem fundamento, visto ser uma afirmação desafiadora, e com um apelo intuitivo muito forte.
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Questão 95: FCC - Tec Leg (CL DF)/CL DF/Técnico de Arquivo e Biblioteca/2018
Assunto: Reescrita de Frases. Substituição de palavras ou trechos de texto.
Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei num trem da Central um rapaz aqui
do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou da
lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não
fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro
vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso.
– Continue, disse eu acordando.
– Já acabei, murmurou ele.
– São muito bonitos.
Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas não passou do gesto; estava amuado. No dia
seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom Casmurro. Os vizinhos, que
não gostam dos meus hábitos reclusos e calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou. Nem por isso
me zanguei. Contei a anedota aos amigos da cidade, e eles, por graça, chamam-me assim, alguns em
bilhetes: “Dom Casmurro, domingo vou jantar com você.” – “Vou para Petrópolis, dom Casmurro; a casa
é a mesma da Renânia; vê se deixas essa caverna do Engenho Novo, e vai lá passar uns quinze dias
comigo.” – “Meu caro dom Casmurro, não cuide que o dispenso do teatro amanhã; venha e dormirá aqui
na cidade; dou-lhe camarote, dou-lhe chá, dou-lhe cama; só não lhe dou moça.
Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o
vulgo de homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo
por estar cochilando! Também não achei melhor título para a minha narração; se não tiver outro daqui
até ao fim do livro, vai este mesmo. O meu poeta do trem ficará sabendo que não lhe guardo rancor. E
com pequeno esforço, sendo o título seu, poderá cuidar que a obra é sua. Há livros que apenas terão
isso dos seus autores; alguns nem tanto.
(ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 79-80.)
O segmento do texto está reescrito, em conformidade com a norma-padrão e sem prejuízo para o seu
sentido original, em:
a) ...tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso./ ...tanto bastou
a fim de que ele interrompesse a leitura e metessem os versos no bolso.
b) Meu caro dom Casmurro, não cuide que o dispenso do teatro amanhã/ Meu caro dom Casmurro,
não cuide que dispenso o teatro amanhã.
c) Os vizinhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos e calados, deram curso à alcunha / Os
vizinhos que não gostam dos meus hábitos reclusos e calados deram curso à alcunha.
d) A viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus./ A viagem era curta,
e pode ser que os versos não fossem inteiramente maus.
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e) O meu poeta do trem ficará sabendo que não lhe guardo rancor / O meu poeta do trem ficará
sabendo ainda que não lhe guarde rancor.
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João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem número.
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.
(Libertinagem)
Se o texto do poema fosse reescrito nos moldes da prosa e da norma-padrão da língua, estaria
corretamente composto em um único parágrafo em:
a) João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem
número. Uma noite, ele chegou ao bar Vinte de Novembro, bebeu, cantou, dançou; depois se atirou na
lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.
b) João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem
número. Uma noite, ele chegou ao bar, Vinte de Novembro, bebeu, cantou, dançou; depois se atirou, na
lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.
c) João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia, num barracão sem
número. Uma noite, ele chegou, ao bar Vinte de Novembro, bebeu, cantou, dançou; depois se atirou na
lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.
d) João Gostoso era carregador, de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem
número. Uma noite ele chegou ao bar Vinte de Novembro, bebeu, cantou, dançou; depois se atirou na
lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.
e) João Gostoso era carregador de feira livre e morava, no morro da Babilônia, num barracão sem
número. Uma noite ele chegou ao bar Vinte de Novembro, bebeu, cantou, dançou, depois se atirou na
lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.
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− Nós somos estranhos. Porque, o que é que nós somos? Esquizofrênicos? Só não estamos num hospício
porque nos aceitamos e nos aceitam quando acertamos. É uma vida dupla. Você tem um espetáculo à
noite e faz toda sua vida durante o dia, seja ela qual for, uma vida calma, incontestada, desassossegada,
e à noite, você tem que dar conta de outra esfera. Ninguém te obriga a ir [trabalhar]. Nem quando você
passa pela perda de um amor. A gente até acha que aquele amor teria gostado se você fosse lá fazer
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seu espetáculo. Ítalo Rossi perdeu um irmão num desastre e fez o espetáculo da noite. Estou contando
um caso extremo, mas isso acontece.
− A gente não guarda emoção. A gente vai [trabalhar] com o que acontece, com o que bate na hora.
Cada plateia provoca outro estágio no espetáculo. Tem sempre alguma coisa [que muda] porque é tudo
muito sutil, embora você faça sempre o “mesmo” gestual. É algo imponderável e inexplicável. Porque é o
seguinte, não é só uma pessoa, um elenco e a plateia. Ali tem que haver uma comunhão. Porque às
vezes um ator está de um lado do palco, outro ator está do outro lado, eles se olham e dizem: “Hoje não
vai sair como a gente quer”. É uma energia cósmica. Mas nunca é exatamente a mesma coisa. Não é.
Tanto que às vezes uma pessoa vai ver o espetáculo e se apaixona, mas um amigo vai ver e não gosta,
não entrosou, não comungou, entendeu? Não deveria haver uma luta para conquistar a plateia, mas
provocar fascínio e buscar uma comunhão.
– É como se fosse um ato religioso: você entra no teatro e espera começar. Já estão todos sentados? Já
está na hora? Aí, faz-se alguma coisa: toca-se uma campainha, uma luz muda, os atores entram mesmo
com a luz... Ou seja, tem um início. Aí você fica diante de um ser humano. É como uma missa. O que é o
padre? Um ator. Ele está ali paramentado, num cerimonial religioso. Se é Páscoa, é uma cor, se é
Semana Santa ou Natal, são outras cores. Se fala um texto, não deixa de ser um auto medieval, e as
pessoas ficam ali. Acho que, no fundo, tudo na vida é um teatro. Já falava o Velho Bardo [William
Shakespeare]: para cada pessoa, você se apresenta, mesmo que um pouquinho, de maneira diferente.
Às vezes até a cada hora do dia, até para você mesmo. Quem é a gente?
Uma redação alternativa para a frase acima, em que se mantêm a correção e, em linhas gerais, o sentido
original, encontra-se em:
a) Se acaso você faz sempre o “mesmo” gestual, sempre há algo que altera como é tudo muito sutil.
b) Uma vez que é tudo muito sutil, sempre tem alguma coisa que altera, por mais que você faz o
mesmo gestual sempre.
c) Na medida em que alguma coisa sempre muda, tudo é muito sutil, de modo a que você faça
sempre um gestual semelhante.
d) Há sempre alguma coisa que muda mesmo sendo tudo muito sutil, e você faça sempre o “mesmo”
gestual.
e) Ainda que você faça sempre um gestual semelhante, como tudo é muito sutil, há sempre algo que
muda.
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Gabarito
1) E 2) D 3) E 4) C 5) B 6) A 7) B
8) A 9) B 10) C 11) E 12) B 13) E 14) D
15) A 16) E 17) A 18) B 19) C 20) A 21) A
22) A 23) A 24) A 25) A 26) E 27) A 28) A
29) A 30) D 31) E 32) C 33) D 34) A 35) A
36) C 37) D 38) D 39) A 40) A 41) A 42) C
43) A 44) A 45) E 46) D 47) A 48) A 49) C
50) C 51) E 52) B 53) C 54) C 55) A 56) D
57) E 58) A 59) C 60) C 61) C 62) D 63) D
64) B 65) B 66) A 67) A 68) A 69) C 70) B
71) E 72) A 73) D 74) E 75) B 76) B 77) D
78) E 79) E 80) B 81) A 82) D 83) E 84) A
85) A 86) E 87) A 88) B 89) B 90) B 91) B
92) D 93) D 94) C 95) D 96) A 97) E
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