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EXCELENTÍSSIMO(a) SENHOR(a) JUIZ(a) DE DIREITO DO __º

JUIZADO ESPECIAL DA CIRCUNSCRICÃO ESPECIAL JUDICIÁRIA DE


CEILÂNDIA- DF

SABRINA LAZARO MENDES DA SILVA​, brasileira, casada, filóloga,


portador da CI nº. 1753602 SSP/DF e do CPF nº. 703.649.151-53, filha de
Pedro Mendes Filho e Suely Lazaro Mendes, residente e domiciliada na QNO
13, Conjunto J Lote 58, ​CEP: Brasília - DF vem, respeitosamente à presença
de Vossa Senhoria:

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA C/ PEDIDO DE


CONDENAÇÃO EM DANOS MORAIS C/C TUTELA ANTECIPADA

Em face da ​Qualicorp S.A.​, CNPJ: 11.992.680/0001-93, localizada na Rua


Doutor Plínio Barreto, nº 365, parte, Bela Vista, CEP 01313-020, São Paulo –
SP: pelas razões de fato e de direito adiante aduzidas:

DOS FATOS

A autora insatisfeita com os serviços prestado pela requerida, em


dezembro de 2012 entrou em contato com a mesmo​, informando iria utilizar o
plano até o dia 31/12/2012, tendo em vista que passaria a fazer parte do
plano de saúde empresarial do seu esposo, a partir de 01/01/2013.
Na ocasião, o atendente informou que naquele momento já lançaria
no sistema o pedido de cancelamento e que a partir de 01/01/2013 o referido
plano de saúde já estaria cancelado, conforme solicitado orientou a autora a
enviar um fax com a solicitação de cancelamento. Assim foi feito. Apesar de
não ter recebido nenhum retorno da operadora, a requerente acreditou que
estava tudo certo com o pedido de cancelamento.
Porém, para sua surpresa, em 20/03/2015 quando a autora foi fazer um
financiamento se deparou com a negativação do seu nome junto ao SPC,
tendo como credor a Qualicorp Administradora, referente ao plano de saúde,
por hora cancelado, e com uma mensalidade vencida em 01/01/2013 data a
qual o plano já deveria ser considerado cancelado.
Informo ainda que, apesar da negativação junto ao SPC ter sido
realizada em março de 2014, até a presente data, a requerente não recebeu
nenhum tipo de notificação em sua residência, e-mail ou telefone sendo assim
encontrava, até então, totalmente alheia à situação que se passava.
Ora, durante meses a autora tenta resolver a pendenga através de
requerimentos, ligações e fax informando o ocorrido à requerida e essa se
mantém inerte. TAL CONSTRANGIMENTO ULTRAPASSA AS RAIAS DO
TOLERÁVEL. Estas sucintamente são as razões que compõem a situação em
foco.

DOS SUSTENTÁCULOS
Em decorrência deste incidente, a Autora experimentou situação
constrangedora, angustiante, tendo sua moral abalada, face à indevida
inscrição de seu nome no cadastro de inadimplentes com seus reflexos
prejudiciais, sendo suficiente a ensejar danos morais, até porque, ela requereu
antecipadamente a rescisão de contrato com a requerida não imaginando que
um incidente deste pudesse ocorrer.
O certo é que até o presente momento, a requerente permanece com seu
nome registrado no cadastro do SPC, por conta de um erro da requerida e
precisa que seja retirado para continuar sua vida (documento anexo).
A empresa requerida atualmente está agindo com manifesta negligência e
evidente descaso com a Autora, pois jamais poderia ter mantido o nome da
requerente no cadastro dos serviços de proteção ao crédito.
Sua conduta, sem dúvida, causou danos à imagem, à honra e ao bom nome da
autora que permanece nos cadastros do SPC, de modo que se encontra com
uma imagem de “mau pagadora”, de forma absolutamente indevida, eis que
nada deve.
Desta forma, não tendo providenciado a retirada do nome da requerente dos
cadastros dos serviços de proteção ao crédito, não pode a empresa requerida
se eximir da responsabilidade pela reparação do dano causado, pelo qual
responde.
Sobre o tema, assim já decidiram os egrégios Tribunais de Justiça, ​in verbis:​

APELAÇÃO. CONSUMIDOR. PLANO DE SAÚDE.


INEXISTÊNCIA DE DÉBITO. NEGATIVAÇÃO
INDEVIDA. FALHA NA PRESTAÇÃO DO
SERVIÇO. PESSOA JURÍDICA. DANO MORAL.
O Código de Defesa do Consumidor consagra a
responsabilidade objetiva do fornecedor de
serviços, bastando para tanto a demonstração do
fato, do dano e do nexo causal, sendo prescindível
a presença da culpa. Falha na prestação do
serviço, consubstanciada na inscrição do nome da
consumidora em cadastro restritivo de crédito,
sem prova de existência de débito a embasar tal
conduta. Pessoa jurídica não possui honra
subjetiva, relacionada à saúde psíquica, física, por
ser bem personalíssimo, exclusivo do ser humano.
Porém, é provida de honra objetiva, que é
adequada às suas peculiaridades, tais como
imagem, reputação e bom nome, também
merecedora de tutela jurisdicional. Cabimento de
indenização por danos morais. Quantia fixada em
R$ 4.000,00 que se afigura razoável. Precedentes
do TJRJ. Art. 557, caput, do CPC. NEGATIVA DE
SEGUIMENTO.
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE
OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZATÓRIA.
RELAÇÃO DE CONSUMO. PLANO DE SAÚDE.
NEGATIVAÇÃO REALIZADA APÓS
CANCELAMENTO. SENTENÇA DE
IMPROCEDÊNCIA. APELO DO AUTOR.
1. O cerne da questão cinge-se em verificar
quando o autor solicitou à ré o cancelamento do
plano de saúde.
2. Verifica-se que o autor em sua inicial alega que
formulou pedido de cancelamento do plano de
saúde em dezembro de 2012, mas nada
esclareceu a ré sobre o requerimento
administrativo n.º 08007784014, protocolo de
atendimento nº: 726194. 3. Ressalto que a ré
sequer impugnou o atendimento que gerou o
protocolo mencionado nos autos, razão pela qual
em prestigio ao ônus da impugnação especificada,
nos moldes do caput do artigo ​302​ do ​CPC​,
presumir-se-ão tais fatos narrados como
verdadeiros, tendo em vista que a defesa escrita
apresentada deixou de contestar todas as
alegações trazidas na inicial. 4. Ressalto que a
comunicação por escrito realizada pelo autor se
deu apenas para confirmar o requerimento
anteriormente formulado através do SAC da
própria ré e que sequer restou impugnado. 5.
Posta assim a questão, é de se dizer que a ré não
logrou comprovar fato impeditivo, modificativo ou
extintivo do direito do autor, como lhe competia
na forma do art. ​333​, ​II​, do ​CPC​. 6. Cumpre
destacar que a responsabilidade civil objetiva é da
parte ré pela má prestação dos serviços que
ofereceu ao consumidor. E, como consequência
disso, com base na teoria do risco do
empreendimento, deverá suportar os danos
morais provocados. 7. Dano moral configurado e
razoavelmente fixado em R$ 10.000,00. 8. Por
fim, tendo em vista que a parte autora saiu
vitoriosa em seus pedidos, há de se imputar à
parte ré o ônus sucumbencial, devendo arcar com
o pagamento das custas e honorários advocatícios
de 10% sobre o valor da condenação, nos termos
do art. ​20​ ​§ 3º​ do ​CPC​. RECURSO PROVIDO, para
condenar ré na reparação do dano moral e
exclusão do nome do autor dos cadastros
restritivos, além da sucumbência.
JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS. CONSUMIDOR.
PLANO DE SAÚDE. COBRANÇAS INDEVIDAS.
NEGATIVAÇÃO. PESSOA JURÍDICA. DANO
MORAL CONFIGURADO. VALOR. ADEQUAÇÃO.
RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.
SENTENÇA MANTIDA.
1. Aplica-se o ​Código de Defesa do Consumidor​,
em face da teoria finalista mitigada, quando a
usuária do serviço, empresa de pequeno porte,
figura como destinatária final dos serviços
prestados pela seguradora, devendo, pois,
também por força da reconhecida vulnerabilidade
de uma das partes, à luz da interpretação
atualmente conferida pelo STJ , ser a lide solvida
sob as luzes e princípios que informam e
disciplinam o microssistema específico provido
pelo Estatuto Protetivo.
2. A cláusula 24.2 (fl.66) que estipula ser prévio o
pagamento do prêmio mensal deixa evidente que
as cobranças feitas pela empresa seguradora são
indevidas e ilícita também é a inserção do nome
da pessoa jurídica de pequeno porte no cadastro
de inadimplentes.
3. Na esteira do que dispõe o ​Código de Defesa do
Consumidor​, em seu art. ​14​, o fornecedor de
serviços possui responsabilidade objetiva,
abstraída, com isso, a perquirição de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores,
salvo se provada a ocorrência de uma das
excludentes, elencadas no § 3º, incisos I e II, do
referido dispositivo legal.
4. O dano moral eclode in re ipsa, ou seja,
prescinde de prova, sendo evidente que a
indevida inclusão em cadastro de inadimplentes
malfere a honra objetiva da pessoa jurídica,
materializada em sua reputação, credibilidade e
bom nome perante o mercado, fazendo surgir,
para o lesante, o dever de indenizar.
5. O quantum foi fixado em observância às
seguintes finalidades: compensatória, punitiva e
preventiva, além do grau de culpa do agente, do
potencial econômico e características das partes, a
repercussão do fato no meio social e a natureza
do direito violado, obedecidos os critérios da
equidade, proporcionalidade e razoabilidade.
6. O valor fixado de R$ 3.000,00 (três mil reais)
não pode ser tido como excessivo,
considerando-se a gravidade da conduta da
empresa recorrente, bem como o seu potencial
econômico.
7. Recurso conhecido e improvido. Sentença
mantida por seus fundamentos.
8. Fica a recorrente condenada ao pagamento de
custas processuais e honorários advocatícios,
estes fixados em 10% (dez por cento) do valor da
condenação.
9. A súmula de julgamento servirá de acórdão,
conforme regra do artigo ​46​ da Lei n.º ​9.099​/95.

Atualmente a legislação não traz regras específicas para a fixação do


valor da indenização por danos morais. Por isso, ao fixar os danos morais por
arbitramento (outra não é a exegese do art. 946 do Código Civil), deve
utilizar-se das regras da experiência (art. 335 do CPC), agindo de forma
prudente e equitativa, sopesando aspectos importantes, tais como:
1º - O nível econômico do ofendido;
2º - A capacidade econômica e o grau de culpa do ofensor;
3º - E, ainda, a extensão do dano.
Também, na aferição do binômio “CONDIÇÕES FINANCEIRAS DO OFENDIDO x
CAPACIDADE ECONÔMICA DO OFENSOR”, deve-se estabelecer um valor tal
que seja possível ser suportado pelo lesante (ORA EMPRESA DE GRANDE
PORTE), porque o principal objetivo da fixação do valor indenizatório é servir
de desestímulo à prática de novos ilícitos, pois, somente por condenações
pecuniárias, é que as grandes instituições passarão a respeitar a legislação
consumerista. No caso em apreço, vislumbra-se que o Requerente se encontra
dentro da Média Brasileira, enquanto que a Requerida é Empresa Nacional de
Grande Porte, detentora de apreciável capacidade contributiva. Desta forma,
não se pode esperar outra atitude do Poder Judiciário, senão a aplicação de
punição sobre o Requerido, bem como, assim também dar uma destinação
pedagógica ao fato para que tais abusos e desrespeitos a lei consumerista não
passem despercebidos, nem tampouco voltem a ser reeditados. A tutela
antecipada para que se reabilite imediatamente a linha telefônica do autor é
imprescindível, uma vez que como acima exposto, o caso preenche todos os
requisitos necessários para tal fim, existência de prova inequívoca e
verossimilhança da alegação. Tendo em vista que a dívida está adimplida, em
face do pagamento feito pelo requerente.

DOS REQUERIMENTOS

Diante dos fatos e do direito acima exposto, requer:

a) Nos termos do art. 273 §6° do CPC, que


seja deferida liminarmente a antecipação de
tutela, a fim de que seja determinada a
reabilitação da linha telefônica;

b) A citação da ré para que responda a


demanda sob as penas relativas à confissão
ficta;

c) Requer, com fundamento no disposto no


art. 4º da Lei nº 1.060/50, os benefícios da
justiça gratuita;

d) Que seja julgado procedente o pedido para


condenar a ré a indenizar a autora, pelos
danos causados, no importe de R$ 10.000,00
(dez mil reais);

e) A inversão do ônus da prova;

f) A condenação da ré ao pagamento das


custas processuais;

g) Que sejam julgados procedentes todos os


pedidos. Pretende provar o alegado por todos
os meios de prova admitidos.

Dá-se a causa o Valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Nestes termos,
pede deferimento.

Brasília, 24 de Abril de 2014.

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SABRINA LAZARO MENDES DA SILVA

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