Professional Documents
Culture Documents
Livro:
Nota:
Este documento é um texto de apoio gentilmente disponibilizado pelo seu autor, para que possa auxiliar ao estudo dos colegas.
O autor não pode de forma alguma ser responsabilizado por eventuais erros ou lacunas existentes. Este documento não pretende
substituir o estudo dos manuais adoptados para a disciplina em questão.
A Universidade Aberta não tem quaisquer responsabilidades no conteúdo, criação e distribuição deste documento, não sendo
possível imputar-lhe quaisquer responsabilidades.
Copyright: O conteúdo deste documento é propriedade do seu autor, não podendo ser publicado e distribuído fora do site da
Associação Académica da Universidade Aberta sem o seu consentimento prévio, expresso por escrito.
Doutrinas e Teorias
Políticas
1. Fundamentos da Ciência Política
Weber:
¨ Sociedades párias (comunidades alienadas do poder,
dependentes)
¨ Estratos sociais párias (não participantes no poder político,
carentes e desprotegidos).
Adriano Moreira
2
As diversas solidariedades horizontais inscritas nacional ou
internacionalmente, favorecem o surgimento de aparelhos do
Poder erráticos, que enfrentam e lutam contra os aparelhos do
Poder instituídos mas que não almejam dominar o Estado.
Os Temas da Cidadania
Dois termos, destinatário do Poder.
Camarada – decorre das solidariedades horizontais, de uma
diferente relação entre o homem e o Estado e da crise e
renovação radical do Estado
Cidadão – resultado histórico das solidariedades verticais que
estruturaram as formas clássicas do Estado e a sua
modernização.
3
Daí as distinções entre naturais e estrangeiros e entre os
primeiros a distinção entre homens livres e escravos ou entre
escravo, súbdito e cidadão.
Kant
Foi quem melhor definiu o conceito operacional de cidadania,
enquadrando-o juridicamente e especificando-o de acordo com
três qualitativos:
Liberdade constitucional - direito de apenas obedecer às leis
consentidas;
Igualdade civil – direito de não reconhecer qualquer outro como
superior;
Independência política – direito de pertencer à comunidade
política sem dependência da vontade arbitrária de outro.
Stuart Mill
Identifica dois movimentos revolucionários que mobilizam em
direcções diferentes o conceito de cidadania:
· Modelo a Magna Carta - abrange uma parcela da
população e estabelece como objectivo o reconhecimento
de liberdades ou direitos.
· Declaração de Independência e a Constituição dos
Estados Unidos -ganhou forma jurídica no
constitucionalismo liberal e visou institucionalizar o
consentimento dos cidadãos para os mais importantes
actos governativos.
Aprova então um aparelho governativo detido pelos homens
livres
(democracia) onde todos participariam à excepção dos menores
e incapazes, e não já só apenas os ricos (oligarquia).
5
Karl Marx - materialismo dialéctico e histórico - as escolhas e
as decisões humanas acontecem não sem relação a um
conjunto de constrangimentos sociais, geográficos, económicos,
mentais, políticos, culturais, etc.
A liberdade como um conceito social, remetido aos costumes,
leis, tradições, padrões culturais, e claro está aos valores
próprios de determinada comunidade, povo, país.
6
O que permite identificar o carácter de uma matriz teórica é a
posição em relação ao problema: que tipo de variáveis são
dominantes no processo histórico e social?
A Matriz Marxista
Reconhece o determinismo histórico no processo social, não dá
autonomia aos fenómenos políticos nem à disciplina que os
estuda, a ciência política.
Hegel
A História resulta da união entre necessidade e liberdade, de
acordo com um processo dialéctico em que o Espírito evolui
segundo a necessidade e a liberdade se reduz à consciente
vontade do homem, não significando a capacidade de alterar o
curso da História.
Tolstoi
Desconsidera o papel e a importância dos grandes homens na
alteração do processo histórico, subordinado a uma necessária
evolução dialéctica.
Marx
No prólogo da obra Manifesto do Partido Comunista e Para a
Crítica da Economia Política, apresenta uma síntese do
materialismo histórico.
O texto traduz em grande parte a interpretação económica da
História e a própria essência da doutrina marxista.
Bossuet, Comte e Hegel.
Todos eles consideram o género humano, e não o homem
individual, como objecto de análise; todos identificam uma
resultante que marca cada época histórica e que não pode
atribuir-se à decisão de ninguém, de nenhum indivíduo.
7
infra-estrutura económica e a super estrutura normativa,
valorativa, ideológica.
8
posição num sistema histórico determinado de produção social,
pelas suas relações com os meios de produção, pela sua função
na maneira de receber a sua parte da riqueza social, assim
como pela proporção dessa parte recebida.
Sustenta que o homem recebe da realidade social e do processo
histórico simultaneamente os conceitos da sua interpretação e
os quadros do pensamento.
A Matriz Liberal
Decorre do apogeu do capitalismo moderno. Actualmente ainda
grande aceitação pela comunidade de cientistas e políticos,
sobretudo europeus e americanos.
A concepção marcadamente individualista da ciência política
americana conduziu os investigadores a investirem na
aquisição minuciosa do comportamento dos indivíduos no seu
meio, de acordo com contextos e circunstâncias específicas.
O liberalismo americano, de feição reformista, atende aos
factos, aceita a orientação kantiana da distinção entre os factos
e os valores;
- Ideologicamente filiam-se nos federalistas, como Madison,
que foram os pais da Constituição dos EUA;
9
- Operacionalmente aceitam o pragmatismo de William James
como critério de verdade; metodológicamente são tributários de
Max Weber.
10
Em relação à resultante social o pensamento liberal não
adiantou justificações metafísicas ou científicas, adoptando um
optimismo sentimental e uma concepção de mercado que o
torna como racional e justo.
Weber
A Orientação religiosa tinha uma influência decisiva na
conduta dos indivíduos
Coincidência entre o espírito do capitalismo das sociedades do
seu tempo e o espírito protestante: ambos procuram o lucro não
para o consumir mas para o reinvestir, sendo que o preceito
religioso antecedeu a concepção económica.
A Matriz Institucionalista
Afasta-se da marxista e aproxima-se da matriz liberal.
O seu primeiro pressuposto é o da liberdade das acções
humanas e encontra-se exposto na suma teológica de S. Tomás
de Aquino.
Responsabiliza a escala de valores liberais pelos vícios sociais
que decorreram da implementação do capitalismo.
12
Ambas com um carácter de permanência; os homens dão-se
continuidade biológica pela reprodução e espiritualmente pelas
ideias, que são transmitidas e difundidas pelas tradições e
memória social.
As unidades reais intermediárias entre o homem e a sociedade
são as instituições (realidades identificáveis e localizáveis,
susceptíveis de ser enquadradas em regularidades prováveis –
universidades, nações que mantém a sua identidade e unidade
apesar de modificações funcionais e alterações orgânicas).
13
Todas as perspectivas e análises que estudam a realidade do
Estado, tendo em vista o fim ou meta que lhe definem, são
normativas ou deontológicas.
O Normativismo Jurídico toma o direito positivo como objecto
do conhecimento e caracteriza o que na Europa se chamou
Direito Político e depois Direito Constitucional e Ciência
Política.
14
Os problemas que o normativismo trouxe à CP forçaram-na a
trilhar o caminho da autonomia, num percurso feito de
reivindicações e atropelos com outras CS, como a apropriação
pela CP do estudo dos valores enquanto estes revelam peso
social, pois isto interfere com o objecto da Sociologia e da
Antropologia.
Foi o estudo casuístico dos aspectos relevantes dos fenómenos
sociais e políticos que foi agregando trabalhos monográficos e
perfilhando um objecto autónomo, até à fundação em 1880, por
John Burguess, de uma escola autónoma de CP na
Universidade de Columbia de Nova Iorque.
15
A CP seguiu a atitude proposta por Freud, para quem as
definições deviam seguir-se às descrições, classificações e
relacionamentos entre os fenómenos e não a de Hobbes,
segundo o qual toda a ciência devia começar com definições
claras.
16
economia política;
direito e relações internacionais;
instituições políticas comparadas.
Perspectivas Básicas
Tendências Individuais e de Grupo
A acção política tem sempre origem em homens
individualmente considerados. Por mais vasto que seja o grupo,
o objecto observável é invariavelmente o comportamento dos
indivíduos.
17
Esta última orientação parece ser a mais útil e determinou a
evolução da perspectiva individualista no sentido da Teoria da
Compreensão.
Perspectiva Racionalista
Racionalidade Formal
A perspectiva descrita anteriormente tem por fundamento a
não intencionalidade do comportamento político, a convicção de
que a acção política, desenvolvida pelo indivíduo ou pelo grupo,
não resulta de uma escolha consciente de objectivos,
limitando-se aqueles a agir como intervenientes condicionados.
18
Esta atitude é contrariada pela secular tradição do pensamento
político, a qual, procura explicar o comportamento em termos
de objectivos racionalmente seleccionados pelos agentes.
Hobbes e Locke,
A transição do estado de natureza para a sociedade civil, é
ditada sobretudo pelo exercício da racionalidade de cada
indivíduo, os indivíduos celebram um pacto com todos, que
pressupõe abdicar de parte substancial dos direitos possuídos
no estado pré-social, mas que possibilita a manutenção dos bens
considerados mais valiosos e a conquista de serviços e valores
fundamentais para a preservação da vida.
Jeremy Bentham
O processo político é o resultado de um cálculo sobre os
melhores meios para alcançar a satisfação dos interesses
prioritários dos indivíduos. Isso implica criar condições em que
o predomínio das sensações de prazer sobre as sensações de dor
fosse maior e mais provável.
19
demonstrar que tanto a participação em organizações que
promovem interesses colectivos como as formas de acção
colectivas em geral não resultam de uma conduta racional e
egoísta por parte dos indivíduos.
20
Uma das consequências desta reflexão foi ter conduzido ao
enriquecimento do princípio da racionalidade, entendido agora
em termos de razoabilidade ou racionalidade situada.
Referindo-se não apenas à relação meios-fins mas aos
meios-fins em certa conjuntura concreta, a racionalidade
situada ou razoabilidade pressupõe a procura de um equilíbrio
de objectivos e valores.
A constatação de que a decisão política tem um oponente que
também toma decisões, está na base do desenvolvimento da
chamada teoria dos jogos, aplicada hoje em numeroso domínios,
tais como o militar, o económico, o social, o político.
A Perspectiva Funcionalista
Noção Geral de Funcionalismo
Em oposição ao individualismo, a crítica funcionalista
considera que a explicação dos fenómenos políticos será
21
insuficiente sempre que se limite a considerar o comportamento
individual dos agentes, ignorando a função por eles
desempenhada.
O comportamento político é resultante de uma tensão entre as
exigências e expectativas que a sociedade global dirige ao
agente, e a capacidade de resposta ou acção que este demonstra
no papel de direcção que capturou.
Função: em alguns casos pode designar a detenção de um
emprego ou o exercício de uma profissão (sentido comum).
Noutros casos trata-se de mostrar a relação existente entre
duas grandezas, de tal modo que a alteração de uma implica a
modificação da outra, obrigando-a a uma adaptação (sentido
matemático). Noutros casos ainda, desempenhar uma função
equivale a trazer um contributo para o todo de que se é parte
integrante (sentido biológico).
É este terceiro sentido do conceito de função que está na
origem do funcionalismo nas Ciências Sociais, sendo a ideia
básica esta: à semelhança do organismo vivo, a sociedade forma
um todo, uma totalidade, cujos elementos constituintes,
interdependentes, assumem certas funções, que correspondem
às suas necessidade fundamentais.
22
Cada cultura forma uma totalidade coerente e organizada e
cada um dos seus elementos só pode ser compreendido por
referência a esse todo.
Os elementos desempenham funções que são indispensáveis à
sobrevivência e funcionamento do todo - Princípio de
organização harmoniosa das sociedades, em que tudo o que
existe é simultaneamente útil e necessário. A mesma
orientação embora mais moderada, foi assumida pelo
antropólogo inglês, seu discípulo, Radcliffe-Brown.
23
· Disfunção (exprime o facto de um elemento cultural ou
social perturbar a adaptação do sistema a eventuais
mudanças);
· Equivalente funcional (o exército que assume funções de
governo);
· Funções manifestas (consequências objectivas que,
contribuindo para a adaptação do sistema, são
compreendidas e desejadas pelos seus participantes);
· Funções latentes (efeitos objectivamente observáveis que,
promovendo a adaptação e ajustamento do sistema, não
são compreendidos nem desejados).
24
· cultura de sujeição (consciência do todo nacional, conduta
de passividade);
· cultura de participação (os indivíduos agem como
cidadãos conscientes tanto dos meios de actuação
disponíveis quanto da possibilidade de influenciar o curso
dos acontecimentos políticos).
Funções de base comuns a qualquer sistema político a que
correspondem diversas capacidades.
1º. Nível - Funções de Rendimento
2º. Nível - Funções de Conversão
3º. Nível - Funções de Manutenção e Adaptação
A Perspectiva Sistémica
Origem da Perspectiva: é uma tentativa de síntese das
perspectivas anteriores, tem a sua origem na chamada teoria
geral dos sistemas. Com a intenção teórica e empírica de
ultrapassar os estudos fragmentários e as divisões rígidas entre
as várias ciências, foi desenvolvida sobretudo na biologia e na
cibernética.
Nos anos subsequentes à 1ª. Guerra Mundial, o biólogo Ludwig
von Bertalanffy, retomando os trabalhos sobre a célula e as
suas trocas com o exterior recorre à noção de sistema para
formalizar essas relações.
Após a 2ª. Guerra Mundial, Norbert Wiener funda a
cibernética com base no princípio da caixa negra que reage às
solicitações, pressões ou exigências que lhe são dirigidas. É
também por esta altura que Bertalanffy, fazendo a síntese dos
trabalhos realizados no âmbito de várias disciplinas, tais como
a biologia, a cibernética, a termodinâmica, a genética, a teoria
da comunicação, a ciência das organizações, e outras, lança a
fórmula “Teoria Geral dos Sistemas”
25
A análise sistémica assenta na ideia fundamental de que os
vários sistemas (físicos, mecânicos, biológicos, sociais) possuem
propriedades idênticas, ou do ponto de vista estrutural, ou do
ponto de vista funcional, o que permite a emigração de
conceitos de uma ciência para outra, para além das fronteiras
tradicionais.
26
Pós-guerra - dupla exigência de conferir unidade à ciência
política e de considerar a política como uma realidade
autónoma, distinta e separável dos outros aspectos da vida
social - origem da nova ciência política, de que David Easton se
considera porta-voz.
Propõe-se desenvolver uma nova concepção científica, a qual
combinando a teoria com o trabalho empírico, deveria promover
não só a compreensão da realidade, mas procurar ainda
modificá-la através de soluções credíveis para os problemas
práticos e prementes.
Construção de um modelo de pesquisa dos fenómenos políticos,
simples mas rigoroso, analítico mas também explicativo.
O autor procura elaborar um quadro conceptual unificado, que
lhe permita compreender a vida política nos seus componentes
fundamentais.
Adopta uma definição restritiva de política.
O sistema político é apresentado como um sistema aberto
rodeado de meios ambientes diversos:
O primeiro compreende todos os sistemas não políticos que
fazem parte da sociedade global – psicológico, biológico,
ecológico e social – O segundo abrange todos os sistemas
exteriores à própria sociedade global, com os quais o sistema
político está presumivelmente em relação, tais como os
sistemas políticos coexistentes, os sistemas internacionais –
Nato, Nações Unidas – supranacionais – UE – sistemas
ecológicos mundiais).
27
O autor compara o sistema político ao sistema nervoso, um
sistema de ligação de centros nervosos irrigados pela
informação, dotado de sensores que interceptam a informação
que, depois de transferida para os centros nevrálgicos do
sistema é codificada, seleccionada e processada,
transformando-a em decisões.
A Perspectiva do Poder
Principais concepções de Poder
28
Robert Dahl diz que só existe poder quando e na medida em
que o seu utente influencia o comportamento dos outros no
sentido das suas intenções.
3. A Forma do Poder
Abordagem Clássica
A mais antiga e persistente tentativa de classificar os regimes
políticos é a que atende exclusivamente à sua definição
normativa ou causa formal.
Encontra-se em regra expressa nas Constituições Políticas.
O poder político se guia por um normativismo resultante do
chamado poder normativo dos factos (Constituição Real), mas
insiste em proclamar a validade e a eficácia da constituição
escrita (Constituição Formal).
29
Propõe a classificação dos regimes em duas categorias:
Regimes monistas (não se consente a circulação da sede do
poder nem a alternância ideológica, o que estabiliza facilmente
a forma e encaminha o estado para autoritário ou totalitário)
Regimes pluralistas (aqueles em que a revolução legal está
prevista de tal modo que a forma torna viável a alternância no
poder e a alternância ideológica pelo consentimento expresso da
sociedade civil).
Há ainda constituições mistas que, como sustentam os liberais
de tipo americano, admitem a alternância ideológica.
30
Adriano Moreira anota que a forma mista parece facilitar a
circulação do poder e é de supor que tenha influenciado a teoria
da divisão dos poderes de Montesquieu que atende à variável
da natureza e governo e caracteriza os princípios que dominam
e dão um espírito particular aos regimes políticos. Alertou para
o facto de que as leis e as instituições de um povo não são
habitualmente boas para todos, em virtude do que chamou
“espírito do povo”, ou seja, uma instituição particular pode ser
indicada para um regime republicano constituindo factor de
prosperidade e sucesso, mas não servir a um despotismo ou
vice-versa.
31
ocidental, num esforço de compreensão global do fenómeno
político, nunca antes ensaiado.
Roy Mecridis - “The Study of Comparative Governement”,
apela a uma radical renovação da política comparada que
acusa de:
¨ Paroquial (limita-se ao mundo ocidental);
¨ Descritiva (dado que é dominada sobretudo por monografias
e estudos de caso)
¨ Formalista e Legalista (pois dá especial importância ao
estudo das regras jurídicas subestimando por completo os seus
aspectos informais e processuais).
32
(3) aumento da capacidade do sistema político para dirigir a
esfera pública.
33
(2) 1965-1970;
(3) 1970-1980.
34
transformadas segundo uma lógica de crescente
especialização.
O segundo critério traduz o processo através do qual os
homens se tornam mais racionais, analíticos e empíricos na
sua acção política, implicando a substituição de atitudes e
orientações tradicionais por concepções mais dinâmicas da
política.
35
Normativa (valores que permeiam a sociedade);
Estrutural (limites dentro dos quais as escolhas dos indivíduos
se efectuam);
Atitudinal ou Comportamental (tipos de escolhas e motivos que
as determinam).
36
Propõe ainda uma 2ª classificação, sistemas políticos
distinguidos segundo o grau de:
Distribuição (concentrada ou difuso)
Concentração (mais ou menos restrita/ampla) do poder.
37
político no seu conjunto mantém um carácter essencialmente
democrático.
2ª - Elmer Schattschneider, de Mancour Olson e Grant
McConnell (inicio anos 70), vieram alterar profundamente o
tipo de abordagem até então prevalecente, colocam em causa a
imagem de um poder difuso e de uma harmoniosa interacção
entre os grupos, sublinhando a dimensão competitiva e
conflitual do sistema de pressões.
3ª - Robert Sulisbury e Theodor Lowi. Sulisbury (apartir anos
70), propõe um modelo de análise que procura explicar a
emergência, o crescimento e o declínio dos grupos de interesse a
partir das relações de troca entre aqueles que são os
promotores do grupo (empresários, organizadores) e aqueles
que a ele aderem posteriormente (consumidores, aderentes).
38
Associativo (laços instrumentais e inclusivos, típico de
processos de modernização, diversificação e fragmentação social
– sindicatos, ordens profissionais e grupos ambientalistas).
39
2) Incita ao estudo da dimensão empírica do fenómeno,
mostrando que a linha de separação entre partidos e grupos
varia de sistema para sistema.
40
A tecnocracia pode actuar como grupo de pressão mas também
pode ocupar o próprio aparelho no Estado (elite do poder ou da
classe dirigente).
A compreensão do fenómeno varia consoante nos situemos no
âmbito da matriz liberal ou da marxista.
Quanto à matriz marxista, considera que a burocracia e a
tecnocracia são fenómenos que nascem não em separado mas
em necessária inter dependência com o desenvolvimento
histórico do estado capitalista.
41
Bryce (The American Commonwealth) desenvolveu uma
análise realista do sistema político norte-americano, apontando
a profissionalização da actividade partidária e o spoils system,
como principais responsáveis pelo desvirtuar da fórmula
democrática.
Ostrogorski (Democracy and the Organization of Political
Parties) estudou a relação entre o desenvolvimento dos partidos
modernos e o funcionamento da democracia na Grã-Bretanha e
no EUA, para concluir que as regras do jogo democrático eram
falseadas em ambos os países pela presença de elementos
cesaristas e plutocráticos: se no caso inglês, a “máquina de
partido” concorria para o domínio quase absoluto dos líderes
políticos (“cesarismo popular”); já no caso americano ela tendia
a favorecer a emergência de governos oligárquicos ou mesmo
autocráticos. Este autor defende a substituição das
organizações partidárias permanentes, com pesados programas
omnibus, por simples agrupamentos ad-hoc.
Michels (Sociologia dos Partidos Políticos e da célebre Lei de
Ferro da Oligarquia), parte da experiência para si
paradigmática, de que nem sequer a social-democracia alemã
do seu tempo, que defendia a transformação da democracia
formal burguesa numa democracia social real, conseguira
escapar às tendências antidemocráticas imanentesa qualquer
organização. Sem democracia nos partidos, é posta em causa a
democracia nas sociedades.
Maurice Duverger dotando a ciência política de um estudo
global e sistemático sobre os partidos políticos, suscitou um
amplo e aceso debate, sobre a tipologia das organizações
partidárias.
Nos anos 60/70 a investigação assume a aparência do que
Thomas Kuhn, qualifica de estado científico “revolucionário”,
que destaca a importância dos processos de construção nacional
e de industrialização na génese dos partidos e sistemas
partidários na Europa.
42
Nesta altura, surge o importante estudo do italiano Angelo
Panebianco, (Modelos de Partido), depois de reconhecer os
méritos da investigação sociológica e politológica sobre os
partidos, o autor chama a atenção para o que julga ser uma
grave lacuna nesta área, nomeadamente o abandono do estudo
dos partidos políticos enquanto organizações.
43
¨ Os grupos liberais, (governo parlamentar), estavam, de uma
maneira geral, contra a extensão do direito do sufrágio
(Grã-Bretanha, Bélgica, Dinamarca, Itália e Noruega).
¨ Enquanto que os sistemas relativamente autoritários, sem
governo parlamentar, introduziram (Bismark na Alemanha) ou
mantiveram (Napoleão III na França) por razões demagógicas o
sufrágio universal.
¨ Há ainda que considerar os “Partidos de criação externa”,
nascidos fora do ambiente parlamentar e alheios ao projecto
liberal.
44
(1) opõe os interesses urbanos, comerciais e industriais, aos
rurais e campesinos, dando lugar a um conflito entre os
sectores primário e secundário;
(2) contrapõe os trabalhadores industriais aos proprietários e
patrões e marca o início dos conflitos de classes. Na primeira
clivagem surgem os partidos agrários, na segunda surgem os
socialistas.
45
Este “contágio de estruturas” é ditado não apenas por razões de
eficácia política mas, também pela necessidade dos
conservadores de legitimar as suas estruturas, ainda que isso
significasse terem de se submeter ao processo de
“democratização” do qual queriam defender o Estado.
Adriano Moreira - a classificação binária de Duverger seria
posta em causa pela posterior evolução dos “partidos de
massas” e reorganização dos “partidos de quadros”, que, nos aos
70 favoreceram a emergência e consolidação de um novo tipo de
partido político: o “partido de eleitores”, “partido de reunião”
ou “partido eleitoral de massas”.
46
Angelo Panebianco fala do enfraquecimento dos partidos.
Os processos de mudança social que se registaram ao atenuar
as divisões socio-económicas e culturais tradicionais, obrigaram
os partidos a redefinir o seu “território de caça” em face de um
eleitorado cada vez mais heterogéneo, instruído e informado,
mas também extraordinariamente individualista e atomizado,
pouco sensível às solidariedades colectivas e/ou redes
organizativas.
A televisão, transformou de modo significativo os mecanismos
de acesso à informação política, permitindo aos líderes
partidários um contacto directo e regular com os cidadãos,
onde o apelo carismático dos primeiros é factor determinante
para a mobilização dos segundos.
As novas técnicas de marketing e publicidade conduziram a
uma redefinição do mapa de poder dos diversos partidos.
As mudanças operadas no financiamento dos partidos, que em
regra passaram a depender mais das subvenções estatais e
menos da quotização dos seus membros e de outras formas,
fomentaram a sua crescente aproximação a Estado.
47
Na politogia norte americana os partidos são tratados cada vez
mais como “navios vazios” (empty vassels).
A chamada crise das ideologias ou apaziguamento ideológico
(para Leibnitz “a paz dos cemitérios”), levou a ser irrelevante
ou mesmo inútil continuar a dividir o universo político
segundo o critério das ideologias opostas, isto é de acordo com o
continumm esquerda/direita.
Ideia que ganhou, aliás, um n.º crescente de adeptos após os
acontecimentos de 1989 que extinguiram os regimes
comunistas do leste.
A transformação contínua da sociedade ao gerar uma “nova e
inesperada tabela de conflitos”, levou ao aparecimento de
actores políticos que não se inserem, ou não se julgam inseridos
no esquema tradicional da oposição entre dta e esq.,
confirmando o seu anacronismo (ex. partidos de contestação).
48
Os partidos constituem os principais elementos de mediação
entre o Estado e a sociedade e desta função derivam outras:
(1) mobilizar a opinião pública;
(2) integração e legitimação do sistema político;
(3) articulação e agregação dos interesses;
(4) formar, dirigir e controlar acção do governo;
(5) organização e composição do parlamento
49
Marxistas – oposição de classes em que o Estado é o
representante exclusivo da classe dominante, acabará
absorvido numa sociedade civil que se auto regula sem
necessidade de poder político.
Conservadores – conflito entre a elite e as massas.
50
¨ a da política como manipulação dos sentimentos
semi-conscientes.
51
(1) O contraste entre individualismo e colectivismo;
(2) As tendências progressistas e conservadoras.
52
Para Mosca a classe política é uma realidade dinâmica, tendo
no seu interior uma tensão constante entre os elementos de
perpetuação e permanência (herança) e os factores de mudança
(que resultam da penetração na classe de elementos novos
oriundos das massas).
Formação classe política;
(1) Princípio Liberal (quando o poder é conferido aos
governantes pelos governados – sentido ascendente);
(2) Princípio Autocrático (quando o poder é instituído do vértice
da hierarquia política pelos próprios dirigentes – sentido
descendente).
Robert Michels
É o terceiro representante do elitismo clássico, dado que a sua
obra “Sociologia dos Partidos Políticos” é claramente tributária
da teoria das elites de Pareto e da doutrina da classe política de
Mosca.
Investigação dos Partidos Socialistas Europeus e em particular
o Partido Social Democrata Alemão.
Sustenta a inevitabilidade do domínio da minoria dirigente.
Michels diz que toda a representação partidária traduz um
poder oligárquico fundado sobre uma base democrática.
53
¨ Elitista
Burnham inscreve-se na tradição neo-maquiavélica.
Descreve uma Revolução Gestionária que se traduz num
sistema capitalista tradicional e, com ele, a burguesia que foi
a elite política do séc. 19 que posteriormente se extinguiu
dando origem a uma nova elite política (dos Gestores).
Sublinha que a propriedade dos meios de produção não
determina apenas a riqueza mas também o poder político e o
prestígio social.
54
O triângulo do poder controla a vida quotidiana do
homem-massa, denunciando o mito americano de uma
sociedade aberta, lembrando uma oligarquia.
55