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Mas, como feijão não é peixe, não posso deixá-lo dentro d’água indefinidamente.
Coloco-o, então, num ambiente mais favorável que vai alimentá-lo com aquilo que necessita.
No algodão com água, acrescido de ar, luz e calor, ele passa a se desenvolver. Depois de algum
tempo, esse meio também se torna precário quando se trata de aproveitar toda a
potencialidade do grão de feijão. Transfiro-o, então, para terra, lugar em que as raízes podem
receber os nutrientes necessários e fazer crescer o pé de feijão. No devido tempo ele é colhido
para ser consumido. Observa-se que existe a necessidade do elemento água, ao longo de todo
o processo, em momentos de maior ou menor imersão, sem a qual, o feijão não resistiria.
pode-se traçar um paralelo com o que acontece na relação humana – considerado a partir do
ponto de vista do feijão.
Da mesma forma, o analista passa a se destacar cada vez mais com sua subjetividade
própria até que o paciente se vê relacionando-se com alguém muito diferente dele, mas já sem
os traumas do início, que foram sendo elaborados. Esse novo tipo de relação permite um
trabalho que pode ser muito fértil, sem, contudo, prescindir da imersão na água.
Por último, temos o grão de feijão em seu estado pleno: imerso em um caldinho bem
temperado misturado com arroz ou quem sabe com farofa. Ainda a imersão, mas agora na
presença de calor que realça o sabor no contato com os outros ingredientes. Se ele falasse,
provavelmente diria, “ser feijão vale a pena”.