You are on page 1of 16

AULA 4

ATENÇÃO À SAÚDE DO
TRABALHADOR

Profª Glaucia Garanhani Correa


CONVERSA INICIAL

A luta da classe trabalhadora ainda é intensa por melhores condições de


trabalho, mesmo em face de muitas vitórias já terem sido conquistadas desde a
Constituição de 1988. O governo apoiado e, ao mesmo tempo, motivado por
melhorias externas, tem se organizado no sentido de garantir condições
adequadas de trabalho para o brasileiro. Algumas legislações foram
determinadas, juntamente com fiscalização, no sentido de prevenir abusos.
Grande avanço foi determinado por meio das Normas Regulamentadoras, mas
também por meio de leis específicas que protegem e promovem a saúde dos
trabalhadores, resta o exemplo da obrigatoriedade de que as empresas
desenvolvam programa específico de proteção e conservação auditiva para as
empresas que possuem exposição dos trabalhadores à pressão sonora elevada
– acima de 85 dB por oito horas de exposição continuada. Também a
obrigatoriedade de estabelecer o Programa de Proteção Respiratória nas
empresas que possuem exposição dos trabalhadores a poeiras, fumos e nevoas;
estes podem desencadear doenças respiratórias de desenvolvimento crônico e
irreversível, até mesmo câncer, no caso da asbestose – exposição a fibras de
amianto e a silicose – exposição à sílica livre.
A obrigatoriedade das empresas em manterem uma CIPA ativa é de sabido
valor na proteção e promoção da saúde dos trabalhadores, principalmente quando
o foco é a prevenção, não somente de acidentes, mas de doenças quando
diligentemente identifica e mapeia os riscos a que os trabalhadores estão
expostos. Importante também é o papel de divulgador das medidas de proteção
que devem ser praticadas que a CIPA detém, este papel também é obrigatório por
lei, principalmente evidenciado na elaboração e divulgação do Mapa de Riscos a
todos os trabalhadores e promoção da saúde por meio da Semana Interna De
Prevenção De Acidentes – SIPAT. A SIPAT é uma oportunidade ímpar para
abordar assuntos sobre saúde com os trabalhadores, alguns são obrigatórios,
como a importância de abandono do tabaco e a prevenção da AIDS.
Uma das conquistas dos trabalhadores, de importância relevante, foi é a
legislação previdenciária, na qual a Seguridade Social garante aos trabalhadores
que sofreram acidentes no trabalho ou desenvolveram doenças relacionadas à
sua atividade laboral o auxílio-doença e o auxílio-acidente, ambos benefícios
financeiros que garantem o recebimento de valores financeiros enquanto o

2
trabalhador não puder trabalhar. Vale ressaltar que se o acidente trouxe sequelas
irreversíveis que impedem a reabilitação ao trabalho ou a doença é de caráter
incapacitante, o trabalhador poderá se aposentar por invalidez.
A possibilidade de ocorrer um acidente ou do trabalhador desenvolver uma
doença por meio da exposição a um risco no ambiente de trabalho, somado à
necessidade de um registro fidedigno do histórico de exposições durante a vida
laboral a fim de fundamentar a aposentadoria especial, o governo estabeleceu
legislação específica que obriga o empregador a elaborar um documento
denominado Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP. Neste documento,
devem estar registrados, de maneira detalhada, os riscos a que o trabalhador foi
exposto, tempo de exposição, exames de monitoramento com seus resultados,
enfim, toda conduta tomada pela empresa no sentido de evitar que adoecesse. É
obrigatória a entrega do PPP ao trabalhador no momento do seu desligamento da
empresa, a negligência a esta determinação é passível de multa para o
empregador.

CONTEXTUALIZANDO

Aposentadoria Especial é o benefício decorrente do trabalho realizado em


condições prejudiciais à saúde ou à integridade física do segurado, de acordo com
a previsão legal. Esses agentes podem ser físicos, químicos, biológicos, ou até
mesmo uma associação deles. Somados aos riscos, o trabalhador deve
comprovar que foi exposto ao risco de maneira permanente, não ocasional, por
quinze, vinte ou vinte e cinco anos.
A comprovação do exercício da atividade especial será feita pelo Perfil
ProfissiogrÁfico Previdenciário – PPP, fundamentado no Laudo Técnico de
Condições Ambientais de Trabalho – LTCAT, documento este que identifica as
condições ambientais do trabalho, considera os riscos e conclui se a exposição
aos agentes são ou não prejudiciais à saúde ou à integridade física dos
trabalhadores. Os objetivos do LTCAT são:

 Apresentar os resultados da análise global do desenvolvimento do PPRA,


PCMSO, Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR, e Programa de
Condições do Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção –
PCMAT.

3
 Descrever os agentes nocivos, especificando a natureza, intensidade e
concentração no ambiente.
 Relacionar os postos de trabalho com seus respectivos processos e
condições do ambiente.
 Descrever as avaliações quantitativas e qualitativas dos riscos.

Quando restar dúvida, o perito do INSS pode ainda vistoriar o próprio local
de trabalho, também a Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço e Informações à Previdência Social – GFIP e a Guia de Recolhimento
Rescisório do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à
Previdência Social – GRFP, realizar exames clínicos complementares e obter
informações dos sindicatos. Um PPP deve comprovar as condições para o
recebimento de benefícios, principalmente a aposentadoria especial, para tanto,
as informações devem ser verdadeiras e descrever minuciosamente as condições
de trabalho a que foi exposto.
Para refletir
A fim de situar o aluno no tema, propomos uma questão:
Analise as afirmações a seguir a respeito do Perfil Profissiográfico
Previdenciário – PPP – e assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F):
( ) O PPP constitui um importante documento histórico-laboral do
trabalhador, pois reúne, entre outras informações, os dados administrativos, os
registros ambientais e resultados de monitoramento biológico em todo o período
de atividade exercida pelo trabalhador em uma determinada empresa.
( ) As microempresas e as empresas classificadas como de pequeno porte,
dispensadas de constituir Serviços Especializados em Engenharia de Segurança
e em Medicina do Trabalho (SESMT), estão dispensadas de emitir o PPP.
( ) O PPP preenchido e atualizado deve ser entregue ao trabalhador,
anualmente, por ocasião do exame periódico de saúde.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para
baixo.
(A) V, V, V.
(B) V, F, F.
(C) V, V, F.
(D) F, V, F.
(E) F, F, F.

4
TEMA 1 – OUTRAS LEGISLAÇÕES
Além das NR, existem algumas leis, portarias e decretos que são
diretamente relacionados à saúde do trabalhador, portanto, de interesse dos
profissionais que compõem o SESMT.
A Portaria Interministerial MTb/MS n. 3.257, de 22/09/1988, que trata de
medidas restritivas ao hábito de fumar nos locais de trabalho – Campanha
Antitabagista, em seu texto recomenda que em

todos os ambientes de trabalho sejam estabelecidas medidas que


restrinjam o habito de fumar e incumbe a CIPA como responsável
de promover campanhas educativas que demonstrem os efeitos
nocivos do cigarro. As empresas que adotarem as medidas contra
o ato de fumar, com destaque, receberão Certificados de Menção
Honrosa. A portaria determina também que podem ser criadas
áreas exclusivas para fumantes – Fumódromos. Importante
ressaltar que a Lei federal nº 9.294 de 15 de julho de 1996, proíbe
o uso de qualquer produto fumígero, derivados ou não do tabaco,
em recintos coletivos, públicos ou privados, incluindo os
ambientes coletivos de trabalho.

A Portaria Interministerial n. 3.195, de 10 de agosto de 1988, instituiu a


Campanha Interna de Prevenção da AIDS, cujo objetivo é divulgar conhecimentos
e estimular a adoção de medidas preventivas em relação à doença. Ela determina,
em seu texto que a

responsabilidade pela execução da campanha é a CIPA,


aproveita a oportunidade oferecida pela SIPAT – Semana Interna
de Prevenção de Acidentes do Trabalho, para abordar o assunto.
Geralmente convidam um médico que disserta sobre o assunto e
abre para questionamentos e esclarecimento de dúvidas,
momento este bastante aproveitado pelos participantes.
A SIPAT é de execução obrigatória, determinada pela NR 5.
Determina que a CIPA em conjunto com o SESMT devem
promover a SIPAT anualmente.
Não existem temas obrigatórios, então a equipe organizadora
poderá pesquisar com os trabalhadores os temas de maior
interesse e também aqueles que estejam relacionados com os
riscos de acidentes e doenças a que os trabalhadores estejam
expostos. A ministração dos temas pode e deve ser executada de
maneira criativa e interessante, a fim de que os assuntos sejam
assimilados por todos. Como por exemplo; gincanas, jogos,
teatros, vídeos... etc.
Importante realizar lista de presença para todos os encontros,
também que os temas sejam disponibilizados a todos os
trabalhadores, com o cuidado de atingir todos os turnos.

A Ordem de serviço INSS/DSS n. 608, de 05 de agosto de 1998, aprovou


a Norma Técnica sobre a Perda Auditiva Neurosensorial por exposição continuada
a níveis de pressão sonora de origem ocupacional, a qual obriga a elaboração de
5
um Programa de Conservação Auditiva, mas empresas onde houver exposição a
ruídos acima dos limites de tolerância, descrito no Anexo II da Norma. A
recomendação do INSS para a elaboração do PCA se deve especialmente à NR
9 e NR 7 (Anexo I do Quadro II).
De acordo com a norma técnica, o PCA deve conter as seguintes etapas,
a fim de que seja eficaz:

1) Monitorização da exposição a nível de pressão sonora elevado;


2) Controles de engenharia e administrativos: são definidas como
toda modificação ou substituição de equipamento que cause
alteração física na origem ou na transmissão do nível de pressão
sonora elevado (com exceção dos EPIs), reduzindo os níveis
sonoros que chegam no ouvido ao trabalhador.
São exemplos de medidas de engenharia a instalação de
silenciadores, enclausuramento de máquinas, redução da
vibração das estruturas, revestimento de paredes com materiais
de absorção sonora, etc.
As medidas administrativas são aquelas que têm por objetivo
alterar o esquema de trabalho ou das operações, produzindo
redução da exposição, como, por exemplo, rodízio de
empregados nas áreas de nível de pressão sonora elevado,
funcionamento de determinadas máquinas em turnos ou horários
com menor número de pessoas presentes, etc.
3) Monitorização audiométrica: são propósitos da monitorização:
estabelecer audiometria inicial de todos os trabalhadores;
identifica os audiogramas normais e alterados, periodicamente;
identificar os indivíduos que necessitam de encaminhamento ao
médico otorrinolaringologista; e alertar os trabalhadores sobre os
efeitos do nível de pressão sonora elevado, bem como fornecer-
lhes os resultados de cada exame;
4) Indicação de Equipamentos de Proteção Individual – EPI: o
protetor auricular tem por objetivo atenuar a potência da energia
sonora transmitida ao aparelho auditivo.
A seleção do EPI mais adequado a cada situação é de
responsabilidade da equipe executora do PCA. Para tanto, alguns
aspectos devem ser considerados quando da seleção dos
mesmos:
 nível de atenuação que represente efetiva redução da
energia sonora que atinge as estruturas da cóclea;
 modelo que se adeque à função exercida pelo trabalhador;
 conforto;
 aceitação do protetor pelo trabalhador.
5) Educação e motivação: o conhecimento e o envolvimento dos
trabalhadores na implantação das medidas são essenciais para o
sucesso da prevenção da exposição e seus efeitos.
6) Conservação de registros: a empresa deve arquivar todos os
dados referentes a resultados de audiometrias, bem como
avaliações ambientais e medidas adotadas de proteção coletiva
por período de 30 anos.
7) Avaliação da eficácia e eficiência do programa: para que o PCA
alcance seus objetivos, é necessário que sua eficácia seja
avaliada sistemática e periodicamente.

6
TEMA 2 – CONTINUAÇÃO

A Instrução Normativa n. 1 da Secretaria de Segurança e Saúde no


Trabalho do MTE, datada de 11 de abril de 1994, estabeleceu um regulamento
técnico sobre o uso de equipamento de proteção respiratória por meio do
Programa de Proteção Respiratória – PPR.
A Instrução determina que

o empregador deve adotar um conjunto de medidas com a


finalidade de adequar a utilização dos equipamentos de proteção
respiratória – EPR, quando necessário, para complementar as
medidas de proteção coletiva implementadas, ou enquanto as
mesmas estiverem sendo implantadas, com a finalidade de
garantir uma completa proteção ao trabalhador contra os riscos
existentes nos ambientes de trabalho. Também determina que as
recomendações da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de
Segurança e Medicina do Trabalho – Fundacentro, contidas na
publicação intitulada "Programa de Proteção Respiratória –
Recomendações, Seleção e Uso de Respiradores” e também as
Normas Brasileiras, quando houver, expedidas no âmbito do
Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial – CONMETRO.

A Instrução possui um anexo com três quadros; o Quadro I traz os fatores


de proteção atribuídos ao EPR, por tipo de respirador e tipo de cobertura sobre a
face. O Quadro II traz as recomendações de EPI específico para sílica cristalina,
indicando o tipo de equipamento, a concentração de sílica no ambiente, e o
Quadro III traz as mesmas recomendações, só que para as concentrações de fibra
de asbestos.
A publicação da Fundacentro, referência legal para o PPR, segundo
Ribeiro (2012) em seu livro Enfermagem e Trabalho, discorre sobre:

 requisitos que devem compor o programa;


 recomendações para seleção dos EPR;
 fatores que interferem na seleção dos respiradores;
 orientações sobre os treinamentos para utilização dos
respiradores;
 normas para os ensaios de vedação – procedimentos para
verificação da eficácia;
 orientações para manutenção, inspeção, guarda e
higienização;
 considerações sobre ar respirável para máscaras
autônomas e linhas de suprimento – com cilindros de ar
comprimido e oxigênio.

7
Ribeiro (2012) orienta que

o PPR deve estar escrito, com identificação do administrador do


programa, profissional da área da medicina e segurança do
trabalho, bem como o monitoramento dos riscos e
procedimentos operacionais. O programa deve ser avaliado
periodicamente e estas devem ser registradas, com
apontamento das falhas e suas medidas de correção. O
administrador não poderá ser o responsável pela avaliação. Na
publicação estão descritas as responsabilidades do empregador
– ex.: fornecimento do respirador adequado, e dos empregados
– ex.: comunicar qualquer alteração de saúde que interfira no
uso do respirador.

Portaria nº 25, da Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho do MTE,


datada de 29 de dezembro de 1994, em seu anexo IV, conforme Ribeiro (2012)

determina os requisitos necessários para a elaboração de um


Mapa de Riscos. Conforme NR 5, é uma atribuição da CIPA, com
a participação do maior número de trabalhadores possível, pois
são estes que melhor conhecem o processo de trabalho, portanto
os riscos envolvidos, sob assessoria do SESMT.
O Mapa de Riscos tem como objetivos; reunir as informações
necessárias para estabelecer o diagnóstico da situação de
segurança e saúde no trabalho na empresa; possibilitar, durante
a sua elaboração, a troca e divulgação de informações entre os
trabalhadores, bem como estimular sua participação nas
atividades de prevenção.

Maria Celeste (Ribeiro, 2012), brilhantemente, sugere as Etapas de


elaboração:

a) conhecer o processo de trabalho no local analisado: os


trabalhadores: número, sexo, idade, treinamentos profissionais e
de segurança e saúde, jornada; os instrumentos e materiais de
trabalho; as atividades exercidas; o ambiente.
b) identificar os riscos existentes no local analisado;
c) identificar as medidas preventivas existentes e sua eficácia:
medidas de proteção coletiva; organização do trabalho, medidas
de proteção individual, medidas de higiene e conforto (banheiro,
lavatórios, vestiários, armários, bebedouro, refeitório, área de
lazer);
d) identificar os indicadores de saúde: queixas mais frequentes e
comuns entre os trabalhadores expostos aos mesmos riscos;
acidentes de trabalho ocorridos; doenças profissionais
diagnosticadas; causas mais frequentes de ausência ao trabalho;
e) conhecer os levantamentos ambientais já realizados no local;
f) elaborar o Mapa de Riscos, sobre o layout da empresa,
indicando através de círculo:
 grupo a que pertence o risco, de acordo com a cor
padronizada;
 número de trabalhadores expostos ao risco, o qual deve ser
anotado dentro do círculo;

8
 especificação do agente (por exemplo: químico – sílica,
hexano, ácido clorídrico; ou ergonômico-repetitividade, ritmo
excessivo) que deve ser anotada também dentro do círculo;
 intensidade do risco, de acordo com a percepção dos
trabalhadores, que deve ser representada por tamanhos
proporcionalmente diferentes de círculos.

O Mapa deve seguir o seguinte padrão de cores:

 Riscos físicos – cor verde


 Riscos químicos – cor vermelha
 Riscos biológicos – cor marrom
 Riscos ergonômicos – cor amarela
 Riscos de acidentes – cor azul

Cada grupo de riscos deve estar indicado por um círculo colorido, de acordo
com o padrão e de tamanhos diferenciados, de acordo com sua intensidade –
baixo, médio e elevado. Depois de elaborado, o Mapa deve ser afixado, por setor,
de maneira que fique visível e de fácil acesso aos trabalhadores. O mapa deve
ser aprovado pelos componentes da CIPA e constar na ata de reunião. A cada
gestão da CIPA, o Mapa deve ser revisto e adequado.

TEMA 3 – LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA

O Ministério da Previdência Social é o responsável pelo pagamento da


previdência dos trabalhadores – aposentadorias, pensões e outros benefícios, tem
legislação específica referente à medicina e segurança do trabalho.
A Lei n. 8.213 de 24 de julho de 1991, juntamente com o Decreto n. 3.048,
de 6 de maio de 1999, dispõem sobre os benefícios da previdência social,
incluindo os benefícios do auxílio-doença e auxílio-acidente, relacionados às
atividades laborais, ou seja, provocados pela atividade do trabalho. Conforme o
texto da Lei n. 8.213,

acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a


serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo
exercício de trabalho do segurado, provocando lesão corporal ou
perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução,
permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.”
Também considera como acidente de trabalho a “doença
profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo
exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante
da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da
Previdência Social, ou desencadeada em função de condições
especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione
diretamente.

9
Exemplo de trabalho peculiar seria o desenvolvimento de saturnismo em
trabalhador da extração de chumbo e o saturnismo desenvolvido pelo trabalhador
que trabalha com a confecção de produtos que utilizem o chumbo.
A Lei n. 8.213 ainda considera em seu texto que

o exercício do trabalho, mesmo fora do local ou do horário de


trabalho, as situações em que o empregado estiver realizando
serviços sob a autoridade da empresa ou viagens a serviço,
também aqueles ocorridos no intervalo de descanso ou refeição,
ou ainda no momento de satisfação das necessidades
fisiológicas.

Anteriormente à Reforma Previdenciária, também era considerado acidente


de trabalho aquele que ocorria no deslocamento de casa para o local de trabalho
e de volta para casa, agora não mais considerado.
A Lei n. 8.213 ainda determina que

equiparam-se também ao acidente do trabalho, o acidente ligado


ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja
contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução
ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão
que exija atenção médica para a sua recuperação; o acidente
sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em
consequência de: ato de agressão, sabotagem ou terrorismo
praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; ofensa física
intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa
relacionada ao trabalho; ato de imprudência, de negligência ou de
imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho; ato de
pessoa privada do uso da razão; desabamento, inundação,
incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior. A
perícia médica do INSS considerará caracterizada a natureza
acidentária da incapacidade quando constatar ocorrência de nexo
técnico epidemiológico entre o trabalho e o agravo, decorrente da
relação entre a atividade da empresa ou do empregado doméstico
e a entidade mórbida motivadora da incapacidade elencada na
Classificação Internacional de Doenças (CID), ex.: presença de
tendinite em membro superior direito com alegação de ter sido
desencadeada por digitação na empresa, mas esta atividade não
ser desempenhada pelo trabalhador na sua função, logo, não há
nexo técnico ou relação entre a patologia desencadeada e a
atividade desempenhada.
Todo acidente ou doença de trabalho deve ser comunicado pela
empresa à Previdência Social através de CAT – Comunicação de
Acidente de Trabalho, em formulário especifico. A comunicação
deverá ser feita até o primeiro dia útil seguinte a ocorrência. Nos
casos de óbito a comunicação deverá ser imediata, sob pena de
multa.
O trabalhador vítima de acidente de trabalho que necessite de
afastamento superior a 15 dias, terá seu salário pago pelo INSS a
partir do 16º dia de afastamento – benefício conhecido como
auxílio-doença acidentário. Caso o acidente produza sequela que
reduza a capacidade de trabalho de forma permanente, o

10
trabalhador tem direito de receber o auxílio-acidente, cujo
pagamento cessa quando se inicia a aposentadoria. O trabalhador
em gozo de auxílio-doença acidentário tem direito a estabilidade
por um ano a contar da data de seu retorno.

TEMA 4 – COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DE TRABALHO: CAT

A CAT deverá ser emitida em casos de acidente de trabalho, acidente que


resulte em morte e em casos de doença profissional ou relacionada ao trabalho.
A perícia do INSS, com os dados da CAT, determina se há nexo entre o agravo e
o trabalho, entre o acidente e a lesão e entre o acidente e a causa da morte.
A CAT pode ser preenchida por formulário específico em papel ou
diretamente no site da Previdência Social.
O preenchimento da CAT é de responsabilidade do empregador, mas em
casos de omissão poderá ser preenchida pelo próprio acidentado, seus
dependentes, o sindicato competente, o médico que o assistiu ou qualquer
autoridade pública. Neste caso, não ocorre a necessidade de ser preenchida no
primeiro dia útil, mas o quanto antes.
Todo acidente deverá gerar uma CAT, mesmo aqueles que não resultarem
em afastamento do empregado.
A Portaria Ministerial n. 5.817, de outubro de 1999, traz instruções sobre o
preenchimento do formulário.

A CAT deve ser emitida em quatro vias: a 1ª via ao INSS, a 2ª via


ao trabalhador ou dependente, a 3ª via ao sindicato e a 4ª via ao
empregador.
Alguns cuidados devem ser considerados no momento do
preenchimento da CAT, isto devido a eventuais implicações legais
futuras. O site da NCNET, descreve alguns cuidados no
preenchimento da CAT, descritos abaixo:
 não assinar a CAT em branco;
 ao assinar a CAT, verificar se todos os itens de identificação
foram devida e corretamente preenchidos;
 o atestado médico da CAT é de competência única e
exclusiva do médico;
 o preenchimento deverá ser feito a máquina ou em letra de
forma, de preferência com caneta esferográfica;
 não conter emendas ou rasuras;
 evitar deixar campos em branco;

A entrega da CAT ao INSS é de responsabilidade de quem realizou o


preenchimento.
Há uma série de dados a serem informados no formulário, incluindo: dados
sobre o acidente, sobre a lesão e a parte do corpo ou órgão atingido, situação

11
geradora do acidente e o agente causador. Pode parecer exagero, mas é muito
importante que nenhum campo fique em branco, pois a falta de alguma informação
poderá prejudicar o benefício do trabalhador. Também deve ser especificado se
acidente ou doença ocupacional. O quadro “atestado médico” deve ser preenchido
e assinado por médico, com o registro do CRM.
Existem ainda três tipos de CAT: a CAT inicial – que deve ser preenchida
na ocorrência de acidente de trabalho ou doença ocupacional; a CAT de
reabertura – que deve ser preenchida em caso de reinício de tratamento ou
afastamento por agravamento de lesão do acidente ou da doença profissional, já
comunicada anteriormente; ex.: ocorrência de lesão corto-contusa sem
afastamento que evoluiu para uma infecção com necessidade de afastamento e
internamento hospitalar. Também a CAT comunicação de óbito – falecimento em
decorrência de acidente ou doença profissional ocorrido após a emissão da CAT
inicial.

TEMA 5 – DOENÇAS PROFISSIONAIS OU DO TRABALHO E PERFIL


PREVIDENCIÁRIO PROFISSIOGRÁFICO: PPP

A Lei n. 8.213/91 equipara as doenças profissionais ou do trabalho aos


acidentes do trabalho para efeito dos benefícios. O Decreto n. 3.048/99 traz no
Anexo II, em sua Lista A, em formato de quadro, os Agentes ou Fatores de Risco
de natureza ocupacional relacionados
com a etiologia de doenças profissionais. Também no Anexo II, encontramos a
Lista B que relaciona grupos de doenças relacionadas ao trabalho, com o
respectivo CID e seus agentes causadores. A redação da lista B é dada pelo
Decreto n. 6.957, de 9 de setembro de 2009.
Sabendo-se do agente ao qual o trabalhador está exposto e desejando
conhecer as possíveis doenças resultantes desta exposição, deve-se consultar a
Lista A, como exposição ao arsênio e seus compostos podem resultar em
Angiossarcoma do fígado, por exemplo. Ou o contrário, quando um trabalhador
apresentar uma leucemia, pode-se investigar se ele trabalhou ou trabalha com
radiação ionizante ou com óxido de etileno.
O Ministério da Saúde desenvolveu e publicou o Manual de Procedimentos
para os Serviços de Saúde, disponível na Biblioteca Virtual da Saúde, que
descreve, nos capítulos seis a dezenove, as doenças relacionadas ao trabalho
com: definição da doença, epidemiologia, quadro clínico, diagnóstico, tratamento
12
e forma de prevenção. O material foi desenvolvido por equipe com notável
conhecimento na área.
Classificação de Schilling – A médica do trabalho Ana Maria Selbach
Rodrigues em sua apresentação sobre As Doenças e as Relações com os
Processos Trabalhistas, descreve que

em 1984 – Artigo publicado pelo professor Schilling – afirma que


no Reino Unido os dados sobre Doenças Ocupacionais
subestimavam a incidência das Doenças Relacionadas ao
Trabalho e que a prevenção bem sucedida dependia da
identificação dos riscos, tanto pela realização de testes antes que
qualquer trabalhador fosse exposto, quanto pela identificação dos
efeitos adversos em trabalhadores. Seguindo este raciocínio,
devemos ter em mente as múltiplas causas das doenças, segundo
a qual a doença seria o produto da interação do trabalhador com
o meio ambiente e com o seu próprio comportamento. Desta
forma, Schilling afirmou que o trabalho poderia se relacionar com
as doenças de três maneiras distintas, sendo:
Categoria I – Trabalho como causa necessária; ex.: Intoxicação
por chumbo. Categoria II – Trabalho como fator contributivo, mas
não necessária; ex.: Doençacoronariana.
Categoria III – Trabalho como provocador de um distúrbio latente,
ou agravador de uma doença já estabelecida; ex.: Ulcera péptica,
eczema.

As doenças relacionadas ao trabalho, excetuando-se as contidas no Grupo


I da Classificação de Schilling, poderiam se desenvolver completamente sem a
influência do trabalho, portanto, não são equivalentes às doenças ocupacionais.
“Em seu texto original, o próprio professor Schilling reconheceu que as doenças
ocupacionais são apenas as contidas no grupo I de sua classificação – doenças
para as quais o trabalho é causa necessária”. Vale ressaltar aqui que o Ministério
do Trabalho utiliza a Classificação de Schilling, de maneira adaptada.
A Lei n. 8.213/91, confirmada pelo Decreto n. 3.048/99, especificado pela
Instrução normativa n. 45 do INSS, de 6 de agosto de 2010, cria o Perfil
Profissiográfico Previdenciário – PPP. Relata em seu texto que o PPP

Constitui-se em documento relativo ao histórico laboral


individualizado do trabalhador, reúne as informações sobre as
condições em que o trabalhador realiza suas tarefas, incluindo
registros ambientais, resultados de monitoramento biológico e
dados administrativos.” Também que sua elaboração é obrigatória
a partir de 01.01.2004, e que o PPP tem por objetivo primordial
comprovar as condições para o recebimento de benefícios,
principalmente a aposentadoria especial – aposentadoria com
redução do tempo de serviço devido à exposição a agente e
condições adversas de trabalho, como por exemplo, a exposição
à radiação ionizante e os trabalhadores da saúde e o risco
biológico. Também munir o trabalhador de provas para garantir

13
direitos trabalhistas; munir a empresa de provas para responder
perante a justiça quando necessário e ser utilizado como fonte
primaria para o desenvolvimento de ações de vigilância sanitária
e epidemiológica.
Descreve que “Inicialmente o PPP deve ser elaborado para os
trabalhadores expostos a agentes nocivos de natureza química,
física e /ou biológica que são considerados pelo INSS para fins de
concessão de aposentadoria especial; assim que o INSS
organizar o sistema de maneira eletrônica, será exigido para todos
os trabalhadores e deverá ser incluído também os riscos
mecânicos e ergonômicos.” Informa que o PPP “deve ser
elaborado mesmo que a empresa disponibilize equipamentos de
proteção individual ou coletiva.” Ressalta que “as informações
contidas no PPP são de caráter privativo do trabalhador e deve
ser atualizado sempre que houver modificações nas condições de
trabalho ou anualmente, quando as condições de trabalho
permanecer inalteradas. Uma cópia do documento deve ser
fornecida ao trabalhador no momento da rescisão do contrato de
trabalho.

FINALIZANDO

A legislação atual assegura aos trabalhadores, de maneira geral, condições


de trabalho que preservam e promovem a saúde, desde que haja interesse dos
empregadores em cumprir com as obrigações, haja fiscalização eficiente e
interesse dos empregados e sindicatos em cumprir com sua parte. As leis serão
ineficazes se cada um dos interessados não cumprirem com a sua parte da
responsabilidade.
Para refletir – Resposta
A resposta correta para nossa questão proposta é a alternativa “B”, ou seja,
verdadeira somente a primeira proposição – “O PPP constitui um importante
documento histórico-laboral do trabalhador, pois reúne, entre outras informações,
os dados administrativos, os registros ambientais e resultados de monitoramento
biológico em todo o período de atividade exercida pelo trabalhador em uma
determinada empresa.”
A segunda afirmativa é falsa, pois todas as empresas, mesmo as
microempresas, estão obrigadas a emitir o PPP; também a terceira afirmativa é
falsa, porque a entrega do PPP deve ser realizada no momento do desligamento
do trabalhador e não no exame periódico. Ele deve ser atualizado anualmente,
mas não precisa ser entregue, já que se trata de um histórico laboral.

14
LEITURA OBRIGATÓRIA DA DISCIPLINA:

Texto de abordagem prática

BRASIL. LEI n. 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os planos de benefícios


da Previdência Social e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.ipsm.mg.gov.br/arquivos/legislacoes/legislacao/leis/lei_8213.pdf>. Acesso
em: 9 abr. 2018.

_____. Decreto n. 6.957, de 9 de setembro de 2009. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6957.htm>. Acesso
em: 9 abr. 2018.

INSTRUÇÃO Normativa n. 01, de 11 de Abril de 1994 da Secretária de Segurança e


Saúde no Trabalho. Instrução Normativa Nº 01, de 11 de Abril de 1994 da Secretária
de Segurança e Saúde no Trabalho. Disponível em:
<http://www.saude.sp.gov.br/resources/sucen/programas/arquivos-seguranca-do-
trabalho/novapasta/instrucaonormativan01ssst-mtb-ppr.pdf>. Acesso em: 9 abr. 2018.

ORDEM de Serviço INSS/ DAF/ DSS n. 608, de 05 de Agosto de 1998. Aprova Norma
Técnica sobre Perda Auditiva Neurossensorial por Exposição Continuada a Níveis
Elevados de Pressão Sonora de Origem Ocupacional. Disponível em:
<http://www.oficionet.com.br/arquivos_links/INSS/OS608-INSS-05-08-98.pdf>. Acesso
em: 9 abr. 2018.

PORTARIA n. 25, da Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho do MTE, de 29 de


dezembro de 1994. Disponível em: <http://www.fonosp.org.br/legislacao/ministerio-do-
trabalho/portaria-n%C2%BA-25-de-291294-do-secretario-de-seguranca-e-saude-no-
trabalho-dou-de-301294-republicada-no-de-150295/>. Acesso em: 9 abr. 2018.

15
REFERÊNCIAS

BRASIL. LEI n. 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os planos de


benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.ipsm.mg.gov.br/arquivos/legislacoes/legislacao/leis/lei_8213.pdf>.
Acesso em: 9 abr. 2018.

_____. Doenças Relacionadas ao Trabalho. Disponível em:


<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doencas_relacionadas_trabalho_ma
nual_procedimentos.pdf>. Acesso em: 9 abr. 2018.

BULHÕES, I. Enfermagem no Trabalho. Rio de Janeiro: Editora Gráfica Luna


LTDA 1976. v. 1.

Ribeiro, M. C. S. Enfermagem e Trabalho: fundamentos para a atenção à saúde


dos trabalhadores. São Paulo, 2. ed. Editora Martinari, 2012.

PORTARIA Interministerial MTb/MS n. 3.257 de 22/09/1988. Dispõe sobre


medidas restritivas ao hábito de fumar nos locais de trabalho. Disponível em:
<https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=181163>. Acesso em: 9 abr. 2018.

PORTARIA Interministerial n. 3.195, de 10 de Agosto de 1988. Disponível em:


<http://www.ctpconsultoria.com.br/pdf/Portaria-Interministerial-3195-10-08-
1988.pdf>. Acesso em: 9 abr. 2018.

INSTRUÇÃO Normativa n. 01, de 11 de Abril de 1994 da Secretária de Segurança


e Saúde no Trabalho. Disponível em:
<http://www.saude.sp.gov.br/resources/sucen/programas/arquivos-seguranca-
do-trabalho/novapasta/instrucaonormativan01ssst-mtb-ppr.pdf>. Acesso em: 9
abr. 2018.

PORTARIA n. 25, da Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho do MTE, de


29 de dezembro de 1994. Disponível em:
<http://www.saude.sp.gov.br/resources/sucen/programas/arquivos-seguranca-
do-trabalho/novapasta/instrucaonormativan01ssst-mtb-ppr.pdf>. Acesso em: 9
abr. 2018.

PORTARIA Ministerial n. 5.817, de outubro de 1999 – Instruções de


preenchimento da CAT. Disponível em:
<https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=181938>. Acesso em: 9 abr. 2018.

16

You might also like