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Brasília - DF
2016
Lorena de Morais Silveira Carolino de Souza
Brasília
2016
Monografia de autoria de Lorena de Morais Silveira Carolino de Souza,
intitulada "ESPIRAL DO SILÊNCIO EM COMENTÁRIOS DE FACEBOOK: UMA
ANÁLISE EM POSTAGENS DA JORNALISTA CORA RÓNAI", apresentada como
requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Jornalismo da Universidade
Católica de Brasília, em 2 de dezembro de 2016, defendida e aprovada pela banca
examinadora abaixo assinada:
___________________________________________________________
Prof. Dra. Rafiza Luziani Varão Ribeiro Carvalho
Orientadora
Comunicação Social – UCB
___________________________________________________________
Prof. M.e. Alberto Marques Silva
Comunicação Social – UCB
___________________________________________________________
Prof. M.ª Eliane Muniz Lacerda
Comunicação Social – UCB
Brasília
2016
AGRADECIMENTOS
The spiral of silence is a theory of public opinion which was proposed by the
German political scientist Elizabeth Noelle-Neumann in 1960.The theory brings the
concept that individuals feel like expressing themselves about a certain matter when
they realize their opinion is shared by most of a social group, and withhold when it is
not, fearing isolation. This work performs a categorical content analysis of four texts
that the journalist Cora Rónai posted on her Facebook page, which shows how the
processes of the spiral of silence may be present on social media. It was possible to
conclude with this work that the spiral of silence permeates the answers to Cora
Rónai's posts, once the favorable comments clearly outnumber the comments
contrary to the journalist's point of view.
Keywords: Cora Rónai. Spiral of silence. Internet. Public opinion. Social media.
Theory of communication.
ÍNDICE DE FIGURAS
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................
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CONCLUSÃO ..........................................................................................................
91
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 93
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1. INTRODUÇÃO
1
Cora Rónai nasceu em 31 de julho de 1953, no Rio de Janeiro. Ela é jornalista e escritora e,
atualmente, trabalha no jornal O Globo. Iniciou a carreira em Brasília e já passou pelos jornais Correio
Braziliense e Jornal de Brasília.
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Comentários são informações, notas, ou textos que usuários da Internet escrevem a respeito do
tópico ou tema disponibilizado na web. Sobre o referido tema, o indivíduo pode fazer observações,
explicações, questionamentos, análises, críticas, entre outras indagações.
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é referente ao nível intelectual dos políticos brasileiros de forma geral e uma crítica
ao Partido dos Trabalhadores (PT). O terceiro elemento investigado diz respeito a
escolha de Michel Temer como Vice-Presidente de Dilma Rousseff e a rejeição do
mesmo por parte dos eleitores. O último post diz respeito a uma publicação de Cora
sobre brigas e desentendimentos movidos por interesses políticos.
No capítulo sete, a análise dos comentários foi feita a partir dos posts de
Cora Rónai em sua página no Facebook e a partir dos elementos presentes
descritos no capítulo seis. A análise de conteúdo categorial foi feita de acordo com
os comentários de cada postagem.
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Outra pesquisa foi realizada para verificar outro ângulo das eleições. O foco
das indagações era: “Os resultados de um partido em uma eleição dependerão em
grande parte de sua capacidade de fazer seus seguidores participarem da
campanha eleitoral. Qual foi a sua impressão sobre os eleitores? Qual eleitor
mostrou mais idealismo e compromisso com a propaganda eleitoral”? Do resultado
obtido, 44% responderam que os eleitores do social-democrata eram os mais
ativos, enquanto 8% responderam que os mais envolvidos eram os eleitores do
democrata-cristão. Dessa forma, os eleitores do social-democrata contribuíram para
a campanha eleitoral do partido que apoiavam, enquanto o democrata-cristão, com
apenas 8% dos votos da pesquisa, ficaram em uma situação de silêncio e
isolamento.
não é ignorada, mas será predominante e difundida. Contudo, existe menos chance
de expor seus pontos de vista se perceber que o seu pensamento não é aceito pela
maioria. Noelle-Neumman defende a presença de dois tipos de opinião. A estática,
que está relacionada aos costumes; e a geradora de mudança, que são as opiniões
adotadas com mais cuidado.
Outro fator importante nessa perspectiva é que a expressão “da moda” traz
um sentido depreciativo. Quando afirmamos que algo é da moda, logo nos vêm à
cabeça situações comuns, loucuras comportamentais, etc. Se analisarmos esse
fato, o elemento principal que pode levar o indivíduo a praticar atos de imitação está
ligado ao medo do isolamento.
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John Locke foi um filósofo inglês, considerado um dos líderes do empirismo e um dos grandes
nomes que idealizou o liberalismo e iluminismo. Nasceu em 29 de agosto de 1632. Os pensamentos
de Locke influenciaram inúmeras revoluções mundiais no século XVIII
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isolamento faz com que a maioria das pessoas aceitem a opinião do outro sem
questionar.
A aceitação de uma opinião como dominante não significa que essa opinião
seja dominante de forma absoluta. O indivíduo, ao perceber que o conceito
propagado é aceito pela maioria, tende a ser guiado por essa percepção também.
Dessa forma, a opinião reconhecida como dominante, tem grande chance de ser
tornar realmente dominante.
o seu oponente e, por isso, opta pelo silêncio. Dessa forma, as opiniões que se
enquadram nesse padrão não são totalmente racionais, pois possuem um vínculo
com emoções e sentimentos.
ser definidas como os laços sociais entre esses indivíduos ou grupos que estão
inseridos na rede. Dessa forma, os laços são criados entre os atores que participam
da rede.
percepção do outro a respeito do que está sendo dito sobre determinado assunto.
Porém, os indivíduos não se mostram como realmente são. Eles deixam os outros
internautas conhecerem a parte que eles querem que os outros conheçam e, com a
ajuda do computador e das ferramentas disponíveis, a construção do “eu virtual”
começa a ser traçada.
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Entrevista concedida por Cora Rónai via telefone, no dia 20/10/2016.
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Eu defino o uso das redes sociais como uma conversa com o leitor. As
reações, as curtidas, os comentários, tudo isso é muito bom, sobretudo, me
orienta muito em relação ao que eu escrevo no jornal. Hoje, você tem uma
semiose, no meu caso, entre a rede social e o jornal, um alimenta o outro.
Eu vejo um assunto que eu esteja em dúvida se as pessoas vão gostar ou
não no jornal, faço um balão de ensaio com aquela ideia na rede social e
vejo se as pessoas se interessam por aquilo. (RÓNAI, Cora, 2016)
Quando um assunto não é bem recebido pelo público, Cora analisa para
estabelecer se o conteúdo vale ou não a pena ser discutido na rede. A página da
jornalista no Facebook já conta com mais de noventa mil seguidores, porém, alguns
assuntos ela fala independentemente da receptividade do público e defende a
opinião que acredita mesmo que o público não concorde, como é o caso de
assuntos políticos. Já, em outros assuntos, ela analisa a situação de uma forma
geral e define se irá falar sobre o caso ou não.
Cora Rónai é conhecida por ser uma jornalista que declara publicamente o
que acredita e não tem medo de se posicionar, não apenas no espaço em que
trabalha na coluna de opinião, mas também em seu blog – Cora Rónai | InternETC
– e em suas páginas da rede social Twitter e Facebook. Os temas que Cora aborda,
em sua maioria, são complexos e geram muitos comentários nas postagens.
Apesar de toda a repercussão que Cora tem nas redes sociais, ela não se
considera uma pessoa polêmica, pois afirma que não está em uma posição de
extremismo e sim em uma posição centralizada, o que faz toda a diferença.
Cora acredita que o que acontece é que não é possível chegar a um lugar
comum de agradar a todos que estão nos extremos. Ela considera três temas
importantes para debate: futebol, religião e política, mas ela fala apenas sobre um
tema: política. Sobre futebol, ela não escreve porque o esporte não desperta uma
paixão pessoal; sobre religião, ela não registra porque é ateia e não vê o tema com
relevância pessoal; já a política é um tema que desperta interesse grande para
debater ideias e ela escreve costumeiramente.
Como Cora é uma pessoa pública, ela conta com as pessoas que
concordam com a opinião postada e a admiram, mas também conta com pessoas
que não atacam somente o comentário, atacam também a sua pessoa. Sobre esse
assunto, a jornalista vê com preocupação o fato de as pessoas não discutirem mais
ideias e partirem para a agressão verbal, ameaças, brigas e etc. Por outro lado, os
comentários positivos existem e são a grande maioria.
que nos permite observar os processos que podem evidenciar a espiral do silêncio
no perfil da jornalista.
5. ANÁLISE DE CONTEÚDO
O que está explícito, de alguma forma, será o ponto de partida para o início
dos trabalhos, sejam eles escritos, falados ou desenhados. A partir desse primeiro
ponto, a análise de conteúdo é feita como um processo a ser trilhado, seguido da
contextualização, que é um passo importantíssimo no processo. É imprescindível
identificar os elementos inerentes à mensagem.
Além disso, outras perguntas podem e devem ser feitas, como: O que está
oculto nessa mensagem? E as entrelinhas? O que este código diz? O que este
símbolo representa? O que este silêncio significa? A comunicação permite a
liberdade de investigar o que a mensagem diz e o que o silêncio representa. Dessa
forma, Maria Laura Franco explica o processo da comunicação e sua composição.
Não apenas o último elemento citado, o item, mas todos os outros pontos
da unidade de registro podem ser utilizados conjuntamente. Embora as unidades
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Vale levar em conta que não existe nenhuma razão plausível para
endossar que um estudo particular se utilize de apenas um tipo de unidade
de registro. Ao contrário, elas podem e devem ser combinadas,
compartilhadas e inter-relacionadas para garantir a possibilidade de
realização de análises e interpretações mais amplas e que levem em conta
as variadas instâncias de sentido e de significados implícitos nas
comunicações orais, escritas ou simbólicas. (FRANCO, 2008, p.46)
5
A sessão de impeachment discutiu se Dilma cometeu crime de responsabilidade e pedaladas
fiscais. No dia 31 de agosto de 2016 a presidente foi afastada do cargo.
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sua opinião não será aceita pela maioria e que a receptividade do seu comentário
não será positiva.
Pré Análise
Leitura Flutuante
Formulação das
hipóteses
Referenciarão dos
índices
Constituição do Corpus
Direções de análise
Preparação do material
Pré-Teste de técnicas
6. ANÁLISE CATEGORIAL
Além dessa postagem que destaca esse elemento, Cora Rónai escreveu
um texto falando sobre a pobreza intelectual do Senado Federal e questionou as
perguntas feitas à Presidente da República.
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Postagem número 1 publicada por Cora Rónai em sua página no Facebook sobre o nível intelectual
dos políticos brasileiros.
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Postagem número 2 publicada por Cora Rónai em sua página no Facebook sobre o processo de
julgamento de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff.
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Postagem número 3 publicada por Cora Rónai em sua página no Facebook sobre o processo de
julgamento de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff e sobre a desenvoltura da
pergunta do senador Cristovam Buarque.
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Postagem número 4 publicada por Cora Rónai em sua página no Facebook sobre o processo de
julgamento de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. A foto ilustra Dilma, Aécio Neves
da Cunha (senador) e Ricardo Lewandowski (ministro do Supremo Tribunal Federal), juntos e
sorrindo.
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A intenção de Cora ao fazer a postagem era uma forma de dizer que não é
necessário brigar por política. Para ela, enquanto recebia inúmeros ataques de
internautas que não concordavam com o que ela escrevia, os políticos estavam
convivendo civilizadamente. A intenção da análise categorial nessa postagem é
identificar como os seguidores e os amigos que comentaram na postagem reagiram
ao comentário.
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7. ANÁLISE DE COMENTÁRIOS
Temas/Categorias
A favor
Contra
Neutros
Querem o impeachment
Admiram Dilma
Culpam Dilma
Queriam réplica/diálogo
Sessão desnecessária
Marcação de nomes
o que acredita. Além de concordarem com o baixo nível dos políticos brasileiros,
alguns comentários revelam insatisfação com a candidatura de políticos que não
sabem falar bem a língua portuguesa e os compara a analfabetos. Outros
seguidores que são a favor da postagem comparam o Senado Federal a lugares
como circo e hospício. O total dos internautas que se posicionaram a favor do
comentário de Cora Rónai totalizou 147 comentários, o que equivale a um
percentual de 40,16%.
Por outro lado, a quarta categoria afirma que Dilma Rousseff não responde
a nada concretamente e zombam das respostas da ex-presidente. Ao todo, 34
pessoas comentaram que Dilma não responde com lucidez, que ela repete as
mesmas coisas, fazem piadas e questionaram se ela usou ponto eletrônico no dia
da sessão do impeachment, pois, acharam a atuação da ex-presidente artificial. O
total das pessoas que acreditam nessa afirmação é 9,29%
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Além dessa categoria, existe a classe que está desanimada com o cenário
político e não têm mais expectativa positiva. Alguns internautas afirmaram que não
conseguiram assistir ao julgamento, outros afirmaram que sentiam vontade de
chorar ao ligar a televisão, outros comentaram com vários sentimentos de raiva em
relação aos governantes e à política e etc. As pessoas que comentaram nessa
categoria não acreditam que a situação pode melhorar, ao contrário, elas acreditam
que a tendência é piorar cada vez mais. Comentaram nessa categoria 37 pessoas,
o que corresponde a 10,11%.
Outra categoria estabelecida foi a dos que afirmaram que a sessão deveria
ter tido réplica, ou seja, um argumento para contestar o outro argumento. Onze
pessoas afirmaram que o que foi estabelecido no Senado Federal não foi um
diálogo, pois, diálogo envolve ideias e réplica. 3,01% dos internautas afirmaram que
um julgamento sem réplica é apenas uma conversa e não concordaram com o
método estabelecido na sessão.
Na postagem acima é possível perceber que Regina Villela foi uma das
seguidoras de Cora que discordou da postagem, logo, outras pessoas que
compartilhavam do mesmo pensamento de Regina, aproveitaram a oportunidade
para comentarem também em cima da postagem dela. Esse comportamento
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Temas/Categorias
A favor
Contra
Marcação de nomes
Neutros
Admiram Dilma
muito bem sobre economia e fez um bom discurso no senado federal. Além disso,
outros comentários discordaram de Cora por acreditarem que Dilma fez uma
exposição oral muito eloquente e não se atrapalhou com as palavras em nenhum
momento; outros foram contra a postagem por acreditarem que a sessão não se
sustentava por se tratar de um golpe contra a democracia; e outros afirmam que
mesmo que Dilma tivesse inúmeras qualidades, ainda assim seria condenada, pois,
a sentença já estava decretada e não estava em julgamento.
Outra categoria afirma que Dilma teve consciência de tudo o que fez e que
falou, mas se fingiu de incapaz para passar uma falsa imagem para a sociedade.
Comentaram nessa categoria 10 pessoas, o que corresponde a 4,0%. Em alguns
dos comentários é possível perceber repetições de ideias, como por exemplo: “Ela
está se divertindo as nossas custas, mas sabe de tudo o que está fazendo”, “Ela
não é tão incapaz quanto se mostra”, “Ela se faz de desentendida” e etc.
elegeram nas urnas e lamentam constatar que brasileiro não sabe votar.
Comentaram nessa categoria seis pessoas, ou seja, 2,4%.
Por outro lado, existe a categoria dos que não acreditam na confiabilidade
das urnas eletrônicas e acreditam que as eleições foram uma fraude. Comentaram
nessa categoria quatro pessoas, o que corresponde a 1,6%. Alguns comentários
afirmam que o PT domina o processo eleitoral e que todo o processo foi uma
fraude.
Apenas uma pessoa não assistiu à sessão e comentou que optou por
assistir outro programa em vez de assistir ao julgamento. O percentual para essa
categoria é de 0,4%.
Temas/Categorias
A favor
Contra
Não apoiam o PT
Defendem o impeachment
Neutros
Marcação de nomes
A sexta categoria diz respeito aos comentários que afirmam que esse
questionamento citado por Cora na postagem, não entra no mérito do julgamento.
Os indivíduos afirmam que não era esse o assunto que estava sendo discutido em
plenário e outros afirmam que o julgamento era por pedaladas fiscais e não pela
escolha do vice. Comentaram nessa categoria seis pessoas, o que equivale a
1,53%.
comentários afirmou que o juízo era uma farsa e que o resultado já havia sido
decretado. O percentual para essa categoria é de 0,51%.
Além dessa categoria, existe a classe que não apoia o PT, que totalizaram
seis comentários. Culparam Dilma Rousseff e o Partido dos Trabalhadores pela
situação politica do país, defenderam que golpe foi o que o PT fez com o Brasil e
não o contrário, afirmaram que o partido dos trabalhadores sempre culpa outra
pessoa, mas nunca aceita que cometeu infração, entre outros comentários. O
percentual para essa categoria é de 1,53%.
A opinião pública tem uma grande força e é capaz de exercer uma pressão
social sobre o meio. Outra categoria que obteve um número expressivo foi a dos
internautas que questionaram a escolha do vice-presidente Michel Temer e
arriscaram palpites. O post de Cora afirma que as pessoas que assistiram à sessão
de julgamento de Dilma ficaram sem resposta diante da pergunta feita pelo senador
Cristovam Buarque, que questionou quais foram as qualidades de Michel Temer
que levaram Dilma a escolhê-lo como vice-presidente. Diante da pergunta feita pelo
senador, a jornalista afirma que a presidente afastada não respondeu à pergunta.
53 internautas responderam com suposições a respeito da escolha: alguns
afirmaram que Dilma não seria reeleita sem a ajuda de Michel Temer e do partido
dele; outros afirmaram que em política o jogo de interesses é imensurável. O que se
conclui com essa categoria é que os internautas fizeram deduções a respeito da
escolha de Dilma Rousseff a respeito do vice-presidente e procuraram uma
resposta para a pergunta.
Temas/Categorias
A favor
Contra
Marcação de nomes
Neutros
Contra o PMDB
familiares por motivos políticos e concordam que não vale a pena brigar
defendendo políticos de um partido ou de outro.
A terceira categoria afirma que todos os políticos são iguais e, por isso, não
há necessidade de brigar defendendo um ou outro. A maioria dos comentários usou
a expressão “são farinha do mesmo saco” para expressar a indignação com a foto
que Cora Rónai postou no Facebook, em que aparece Dilma Rousseff, Aécio Neves
e Ricardo Lewandowski juntos. Essa categoria concorda com a postagem de Cora,
porém, há ponderações que a categoria “a favor” não faz. Eles afirmam que os
políticos são corruptos, que o país é um circo, além de repetir que são todos farinha
do mesmo saco. Comentaram nessa categoria 152 pessoas, o que corresponde a
26,43%.
Parte dos seguidores afirmou que disputa política não tem relação alguma
com ódio e que inimigos na política podem ter uma relação cordial uns com os
outros. Alguns comentários afirmaram que os políticos em questão são civilizados e
estão em um momento de educação entre eles. Além disso, afirmam que as
divergências estão no campo das ideias e não no campo físico. A curiosidade dessa
categoria é que eles não compreenderam a intenção de Cora Rónai ao fazer a
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postagem. O propósito da postagem era mostrar que não carece brigar por política,
e que todos poderiam agir civilizadamente assim como os políticos retratados na
publicação. Porém, alguns internautas não compreenderam e continuaram a tensão
nos comentários. Comentaram nessa categoria 48 pessoas, ou seja, 8,35%.
Treze pessoas não querem tirar conclusões a partir da foto publicada por
Cora e afirmam que é precipitado emitir um juízo de valor a partir de uma imagem
fora de um contexto. Os comentários afirmam que a avaliação sobre a foto
dependerá do ponto de vista de cada um, pois, ninguém sabe ao certo em qual
contexto e situação a foto foi tirada. O percentual para essa categoria é de 2,26%.
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Por outro lado, a maioria dos comentários que são contra as publicações de
Cora são agressivos e ásperos ao escreverem nas publicações. Esse
comportamento acaba gerando brigas e desentendimentos entre usuários que são
a favor do comentário, que acabam não aceitando o comentário contra e a forma
como foi dito.
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Entrevista concedida por Cora Rónai via telefone, no dia 20/10/2016.
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Entrevista concedida por Cora Rónai via telefone, no dia 20/10/2016.
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CONCLUSÃO
O homem como ser social busca a integração com outros indivíduos e, por
isso, teme o isolamento. Dessa forma, as opiniões e comentários dos outros a
respeito de assuntos do cotidiano influenciam a opinião do indivíduo que vive
agrupado e teme ser isolado, rejeitado ou evitado pelo grupo por ter uma visão
diferente sobre determinado assunto. É nesse processo que as ideias dominantes
vão tomando forma e vão se encaixando, de forma a calar as ideias que são
minoritárias.
Ao perceber que a ideia será aceita e bem recebida, a pessoa tem chances
muito maiores de se expressar e de expor a opinião, pois, a percepção de que a
ideia será aceita pelo grupo já foi observada anteriormente. Isso se confirma ao
constatar que os amigos que possuem uma visão diferente da jornalista Cora Rónai
não comentam em sua página e evitam qualquer assunto que diga respeito ao que
eles não concordem. Um dos exemplos é que a jornalista faz duras postagens
contra o governo e os amigos dela que defendem o governo, não costumam
comentar nas postagens, ou seja, evitam expressar a opinião quando percebem
que não será bem aceita diante de um grupo que majoritariamente possui uma
opinião contrária.
REFERÊNCIAS
CASTELLS, Manuel. A Sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2001, 5ªed.
FERRARI, Pollyana. A força da mídia social. São Paulo: Factash Editora, 2010.
WOLF, Mauro. Teorias das comunicações de massa. São Paulo: Martins Fontes,
2005.
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