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RIO BRANCO
2017
Vítor Onofre de Sousa
Rio Branco
2017
iii
COMISSÃO JULGADORA
__________________________________________
Prof. Dr. Omar Alexander Chura Vilcanqui - CCET/UFAC (Presidente)
__________________________________________
Prof. Dr. Roger Fredy Larico Chavez - CCET/UFAC
__________________________________________
Prof. Esp. José Elieser de Oliveira Jr. - Centro/Ufac
iv
Dedico este trabalho a meus pais, Valter e Rosângela, que desde a minha
infância conduziram e incentivaram minha educação formal.
v
AGRADECIMENTOS
Acima de tudo, agradeço a Deus, pela saúde e capacidade dada a mim para realizar
este trabalho.
Agradeço a minha família, na figura dos meus pais, Manoel Valter e Rosângela
Onofre, e irmã, Amanda Onofre, por todo o suporte e incentivo durante toda a graduação, sem
os quais, eu não teria vencido essa etapa de minha vida.
Aos meus familiares, por todo apoio, direto ou indireto nesta caminhada, em especial,
aos meus tios, Rosilene Onofre e Reginaldo Rodrigues, que foram fundamentais na minha
adaptação à nova cidade, longe da família.
Agradeço a minha namorada, Vanessa Rocha, por todo o carinho, incentivo e
compreensão nas horas difíceis.
Aos meus colegas, os quais conheci no decorrer da graduação e que são parte dessa
caminhada, em especial aos meus amigos: Joab Lima, Lucas Nascimento, Marcelo Porfírio,
Wanderley Araújo, Paulo Henrique, Ademilde Chalub, Caroline Vieira, Fernanda Charbel,
Paulo Otávio e Bruna Renata, por toda a ajuda e contribuição direta ou indireta para a realização
deste trabalho.
Aos professores Omar Alexander e Elmer Osman, pela orientação neste trabalho, ao
professor José Elieser, pelos dados fornecidos para o desenvolvimento deste trabalho. Esse
agradecimento se estende a todos os professores do curso Bacharelado em Engenharia Elétrica
que contribuíram para minha formação.
A Universidade Federal do Acre e a coordenação do curso de Bacharelado em
Engenharia Elétrica, na pessoa do professor José Humberto.
Aos professores da banca examinadora pela atenção e contribuição dedicadas a este
estudo.
vi
RESUMO
ABSTRACT
This work presents a study, on the economic, technical and legal aspects of the grid-
connected installation of photovoltaic systems in the state of Acre. A study was carried out on
the indices of Brazilian and Acrean solar radiation, and about the methodology used for the
design of these systems, approaching the choice of components, and their estimated cost. These
studies are carried out through two case studies, which consist in the installation of the
photovoltaic systems for consumers of a condominium located in the city of Rio Branco, Acre.
For each case, the financial analysis is presented to diagnose the feasibility of the investment
to be carried out, aiming to estimate the time needed to amortize the amount invested, where
was observed an attractive economic return in the medium and long term for the analyzed
region.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1. Fluxo de radiação solar e sua iteração com a atmosfera terrestre. Os valores numéricos representam a
fração de energia em cada processo radiativo na atmosfera. Fonte: (PEREIRA, MARTINS, et al., 2006). ......... 21
Figura 2. Órbita descrita pela terra em torno do sol, com seu eixo Norte-Sul inclinado em um ângulo de 23,5°.
Indicando as estações no hemisfério sul. Fonte: (PINHO e GALDINO, 2014). ................................................... 22
Figura 3. Efeito da inclinação dos raios solares na radiação recebida por unidade de área. (a) plano horizontal;
(b) inclinação de 45°; (c) inclinação de 30°. Fonte: Floor (2004 apud TOLMASQUIM, 2016, p. 324). .............. 23
Figura 4. Relação irradiação solar × latitude para o hemisfério sul. Fonte: Tolmasquim (2016 apud
SENTELHAS; ANGELOCCI, 2009). ................................................................................................................... 23
Figura 5. Mapa brasileiro de irradiação solar em plano inclinado (média anual). Fonte: (PEREIRA,2006). ........ 25
Figura 6. Mapas de irradiação horizontal global de Brasil e Alemanha. Fonte: Adaptado de NREL (2017). ....... 26
Figura 7. Mapas de irradiação horizontal global de Brasil e China. Fonte: Adaptado de NREL (2017). .............. 26
Figura 8. Variação sazonal da irradiação solar no estado do Acre. Fonte: Adaptado de PEREIRA (2006). ......... 27
Figura 9. Médias mensais da irradiação solar diária incidente sobre um painel coletor inclinado de 10°N em Rio
Branco/AC, latitude -9,96° e longitude -67,79°. Cada série é oriunda de um banco de dados distinto. Fonte:
elaboração própria, com dados de (NASA, 2017), (CRESESB, 2017), (NREL, 2017) e (LABSOL, 2017). ........ 29
Figura 10. Sistema de Compensação de Energia Elétrica. Fonte: (ANEEL, 2016). .............................................. 33
Figura 11. Impacto do Convênio ICMS 16/2015 no custo nivelado e paridade tarifária. Fonte: (EPE, 2014). ..... 35
Figura 12. Capacidade de geração de energias renováveis 2015-2016. Fonte: (REN21, 2017). ........................... 37
Figura 13. Capacidade FV global e adições anuais. Fonte: (REN21, 2017). ......................................................... 38
Figura 14. Top 10 países em capacidade de geração fotovoltaica e adições anuais. Fonte: (REN21, 2017). ........ 38
Figura 15. Adições em capacidade instalada (global) de energia FV do Top 10 e resto do mundo. Fonte: (REN21,
2017)...................................................................................................................................................................... 39
Figura 16. Top 3 países em energia solar fotovoltaica per capita. Fonte: (INTERNATIONAL ENERGY
AGENCY, 2016). .................................................................................................................................................. 40
Figura 17. Penetração de energia FV em % na demanda nacional de eletricidade em 2016. Fonte:
(INTERNATIONAL ENERGY AGENCY, 2016). .............................................................................................. 40
Figura 18. Segmentação das instalações fotovoltaicas - adições anuais. Fonte: (REN21, 2017). ......................... 41
Figura 19. Diferentes cenários do total global do alcance do mercado de energia FV até 2020. Fonte:
(SCHMELA, MASSON, et al., 2016). .................................................................................................................. 42
Figura 20. Preços típicos de sistemas FV 2013-2015 em países selecionados (U$). Fonte: Adaptado de (IEA
PVPS, 2016). ......................................................................................................................................................... 43
Figura 21. Distribuição de custos dos materiais utilizados em um sistema FV residencial. Fonte: (IDEAL, 2016).
............................................................................................................................................................................... 44
Figura 22. Evolução do preço dos módulos e sistemas fotovoltaicos 2006 - 2015 (U$/Watt). Fonte: (IEA PVPS,
2016)...................................................................................................................................................................... 44
Figura 23. Número de micro e minigeradores até 20/08/2017. Fonte: elaboração própria, com dados de (ANEEL,
2017)...................................................................................................................................................................... 45
Figura 24. Conexões por tipo de fonte até 20/08/2017. Fonte: elaboração própria, com dados de (ANEEL, 2017).
............................................................................................................................................................................... 46
Figura 25. Evolução da potência instalada (MW) até 20/08/17. Fonte: elaboração própria com dados de
(ANEEL, 2017). .................................................................................................................................................... 47
Figura 26. Potência instalada por fonte até 20/08/17. Fonte: elaboração própria, com dados de (ANEEL, 2017).
............................................................................................................................................................................... 47
Figura 27. Classes de consumo dos consumidores até 20/08/2017. Fonte: elaboração própria, a partir de
(ANEEL, 2017). .................................................................................................................................................... 48
Figura 28. Número de conexões por Estado até 23/05/17. Fonte: (ANEEL, 2017). ............................................. 48
Figura 29. Tarifa de eletricidade versus custo da geração distribuída fotovoltaica. Fonte: (IDEAL, 2016). ........ 49
Figura 30. Preços dos sistemas FV em 2015 por faixa de potência. Fonte: (IDEAL, 2016). ................................ 50
Figura 31. Preços usuais para um sistema FV de 3 KWp. Fonte: (PORTAL SOLAR, 2017). .............................. 51
Figura 32. Estrutura básica de uma célula fotovoltaica. Fonte: (VILLALVA e GAZOLI, 2015). ........................ 52
Figura 33. Estruturas moleculares dos materiais P e N. Fonte: (VILLALVA e GAZOLI, 2015). ........................ 53
Figura 34. Partes que compõem um módulo fotovoltaico. Fonte: (PORTAL SOLAR, 2017) .............................. 55
Figura 35. Curva I - V de um módulo fotovoltaico. Fonte: (VILLALVA e GAZOLI, 2015). .............................. 56
Figura 36. Curva P - V de um módulo fotovoltaico. Fonte: (VILLALVA e GAZOLI, 2015). ............................. 56
Figura 37. Influência da temperatura na tensão e potência do módulo. Fonte: (VILLALVA e GAZOLI, 2015). 57
Figura 38. Curvas I - V de duas células fotovoltaicas conectadas em série. Fonte: (PINHO e GALDINO, 2014).
............................................................................................................................................................................... 60
Figura 39. Curva I - V de duas células fotovoltaicas conectadas em paralelo. Fonte: (PINHO e GALDINO,
2014)...................................................................................................................................................................... 61
Figura 40. Componentes de um sistema fotovoltaico residencial conectado à rede. Fonte: elaborado pelo autor. 63
Figura 41. Etapas de projeto de um SFCR. Adaptado de (PINHO e GALDINO, 2014). ...................................... 64
Figura 42. Condomínio Morada Nova, localidade da implantação do sistema fotovoltaico. Fonte: (GOOGLE
EARTH, 2017). ..................................................................................................................................................... 66
Figura 43. Localidade da instalação do gerador fotovoltaico. Fonte: (GOOGLE EARTH, 2017). ....................... 67
Figura 44. Ilustração do condomínio, local de instalação do sistema FV, com dimensões e área de telhado
disponível. Fonte: elaborado pelo autor. ............................................................................................................... 67
Figura 45. Ilustração do condomínio, local de instalação dos sistemas fotovoltaicos. Fonte: elaborado pelo autor.
............................................................................................................................................................................... 68
Figura 46. Mínimos requisitos técnicos para a conexão de uma central de geração fotovoltaica. (ANEEL, 2017).
............................................................................................................................................................................... 70
Figura 47. Diagrama de conexão de uma central geradora à rede de distribuição. Fonte: (ELETROBRAS, 2016).
............................................................................................................................................................................... 73
Figura 48. Especificações do módulo solar GCL 325 Wp. Fonte: (NEO SOLAR, 2017). .................................... 75
Figura 49. Especificações Técnicas do inversor Fronius Galvo 2.5-1. Fonte: (NEO SOLAR, 2017). .................. 75
Figura 50. Especificações do DPS DC solar 20/40 kVA. Fonte: (EMBRAR, 2017). ........................................... 77
Figura 51. Comparação entre o consumo e geração do sistema fotovoltaico dimensionado de 2,6 kWp no período
de Set/16 a Jul/17. ................................................................................................................................................. 79
Figura 52. Dados meteorológicos de temperatura e precipitação anuais para a cidade de Rio Branco - AC. Fonte:
(INPE, 2017). ........................................................................................................................................................ 80
Figura 53. Especificações técnicas do painel Canadian CSI CS6K-270P. Fonte: (NEO SOLAR, 2017). ............ 82
Figura 54. Especificações técnicas do Inversor Fronius Galvo 3.0-1. Fonte: (NEO SOLAR, 2017). ................... 82
Figura 55. Comparação entre o consumo e geração do sistema fotovoltaico dimensionado de 2,97 kWp no
período de Abr/16 a Fev/17. .................................................................................................................................. 84
Figura 56. Evolução da tarifa residencial B1no período de 2007 a 2016. Fonte: Nota Técnica n° 379/2016-
SGT/ANEEL. (ANEEL, 2017) .............................................................................................................................. 88
Figura 57. Comparação do retorno de investimento para aplicação do capital no sistema FV e na caderneta de
poupança................................................................................................................................................................ 92
Figura 58. Comparação do retorno de investimento para aplicação do capital no sistema FV e na caderneta de
poupança – caso 2.................................................................................................................................................. 95
Figura 59. Estimativas do payback para sistemas fotovoltaicos instalados no estado do Acre. Fonte:
(NAKABAYASHI, 2014), (KONZEN, 2014), (ANEEL, 2017), (WEG, 2017). .................................................. 97
x
LISTA DE TABELAS
LISTA DE QUADROS
LISTA DE SIGLAS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................ 15
1.1. Apresentação ........................................................................................................................................ 15
1.2. Justificativa e motivações .................................................................................................................... 17
1.3. Objetivos .............................................................................................................................................. 19
1.4. Objetivos específicos ........................................................................................................................... 19
1.5. Metodologia e estrutura capitular ........................................................................................................ 19
2 MAPEAMENTO DO RECURSO SOLAR .................................................................................................. 20
2.1. Radiação solar ...................................................................................................................................... 20
2.2. Avaliação do recurso solar brasileiro ................................................................................................... 24
2.2.1. Levantamento do recurso solar para o estado do Acre ................................................................ 26
3 ANÁLISE DE INVESTIMENTOS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS ..................................................... 30
3.1. Valor Presente Líquido (VPL) ............................................................................................................. 30
3.2. Taxa Interna de Retorno ....................................................................................................................... 31
3.3. Prazo de retorno de investimento (Payback)........................................................................................ 31
4 GERAÇÃO DISTRIBUÍDA: POLÍTICAS DE INCENTIVO E ASPECTOS REGULATÓRIOS .............. 32
4.1. Regulamentação da Geração Distribuída ............................................................................................. 32
4.1.1. Breve histórico ............................................................................................................................ 32
4.1.2. O Sistema de compensação de energia (Net Metering) ............................................................... 33
4.2. Incentivos à energia solar no Brasil ..................................................................................................... 34
5 O MERCADO DE GERAÇÃO FOTOVOLTAICA .................................................................................... 37
5.1. Cenário global ...................................................................................................................................... 37
5.1.1. Competitividade da energia solar fotovoltaica no mercado global .............................................. 43
5.2. Cenário nacional .................................................................................................................................. 45
5.2.1. Competitividade da energia solar fotovoltaica no mercado nacional .......................................... 49
6 SISTEMAS FOTOVOLTAICOS CONECTADOS À REDE ELÉTRICA .................................................. 52
6.1. Energia solar fotovoltaica .................................................................................................................... 52
6.1.1. O Efeito fotovoltaico ................................................................................................................... 52
6.2. Módulos fotovoltaicos ......................................................................................................................... 54
6.2.1. Características elétricas dos módulos fotovoltaicos .................................................................... 55
6.2.2. A influência da temperatura nas características elétricas ............................................................ 56
6.2.3. Eficiência do módulo .................................................................................................................. 58
6.2.4. Arranjos de dispositivos fotovoltaicos ........................................................................................ 60
6.3. Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede - SFCR ................................................................................. 61
6.3.1. Componentes dos SFCRs ............................................................................................................ 61
7 PROJETO E DIMENSIONAMENTO DE SFCRS ...................................................................................... 64
7.1. Prospecção ........................................................................................................................................... 64
7.1.1. Levantamento do recurso solar.................................................................................................... 64
7.1.2. Localização e configuração do sistema ....................................................................................... 65
7.1.3. Avaliação do consumo de energia ............................................................................................... 68
7.2. Dimensionamento do Sistema .............................................................................................................. 69
7.2.1. Dimensionamento do gerador fotovoltaico ................................................................................. 70
7.2.2. Dimensionamento do inversor..................................................................................................... 71
7.3. Instalação do sistema ........................................................................................................................... 72
7.4. Estudo de caso ..................................................................................................................................... 73
7.4.1. Estudo de caso 1 – apartamento .................................................................................................. 74
7.4.1. Estudo de caso 2 – Área Comum ................................................................................................ 81
8 ESTUDO DA VIABILIDADE FINANCEIRA DOS SFCRs ....................................................................... 86
8.1. Análise Financeira do Caso 1 ............................................................................................................... 89
8.2. Análise Financeira do Caso 2 ............................................................................................................... 92
9 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 96
9.1. Sugestões para trabalhos futuros .......................................................................................................... 98
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................................. 100
Anexo A - Convênio ICMS 101/97 ................................................................................................................... 103
Anexo B - Convênio ICMS 16, DE 22 de abril de 2015 .................................................................................. 104
Anexo C – LEI Nº 13.169, de 6 de outubro de 2015. ...................................................................................... 106
ANEXO D – Etapas de Acesso de Microgeradores ao Sistema de Distribuição Eletrobrás Distribuição
Acre..................................................................................................................................................................... 108
15
1 INTRODUÇÃO
1.1. Apresentação
1
O Plano Nacional de Energia – PNE 2030 é o primeiro estudo de planejamento integrado dos recursos energéticos
realizado no âmbito do Governo brasileiro. Conduzidos pela Empresa de Pesquisa Energética – EPE em estreita
vinculação com o Ministério de Minas e Energia – MME.
18
Esse crescimento notório é impulsionado por uma série de fatores, dos quais pode-se
destacar: a regulamentação, como já discutido anteriormente; o apelo ambiental, por se tratar
de uma energia limpa, renovável e sustentável, contribuindo para as metas de redução de
carbono e também benefícios socioeconômicos, com potencial de geração de empregos e
aquecimento da economia, bem como redução de gastos com energia elétrica. Adicionalmente,
o fator que mais tem contribuído para a adoção desses sistemas de geração distribuída, seja o
custo que tem caído gradativamente nos últimos anos. Segundo IEA (2014), a taxa de redução
de custos de investimento para a energia fotovoltaica pode variar entre 15% e 22%, à medida
que a produção acumulada dobra. Em outro estudo, IEA (2012) estima que entre 2010 e 2020
haverá decréscimo de mais de 40% do custo de instalação dos sistemas fotovoltaicos.
Um impacto ainda mais relevante para esse prognóstico positivo foi a promulgação do
convênio ICMS nº 16/015, que autoriza a conceder isenção nas operações internas relativas à
circulação de energia elétrica, sujeitas a faturamento sob o Sistema de Compensação de Energia
Elétrica de que trata a Resolução Normativa nº 482, de 2012, da Agência Nacional de Energia
Elétrica – ANEEL, aderido por 22 estados brasileiros, incluindo o estado do Acre. Além desse
incentivo tributário, tem-se também: convênio ICMS nº 101/1997, que concede isenção do
ICMS nas operações com equipamentos e componentes para o aproveitamento das energias
solar e eólica e isenção de PIS (Programa de Integração Social) e COFINS (Contribuição para
o Fornecimento de Seguridade Social), conforme dispõe a Lei nº 13.169/ 2015, reduzindo a
zero as alíquotas da Contribuição do PIS e COFINS incidentes sobre a energia elétrica ativa
fornecida pela distribuidora à unidade consumidora, na quantidade correspondente à soma da
energia elétrica ativa injetada na rede de distribuição pela unidade consumidora relativa aos
créditos de energia nos termos do Sistema de Compensação de Energia Elétrica, para
microgeração e minigeração distribuída, conforme regulamentação da ANEEL.
Justificado pelo panorama brasileiro favorável à geração distribuída, se faz relevante
o estudo da inserção de SFCRs, bem como a avaliação da viabilidade econômico-financeira da
instalação desses sistemas, com base nas muitas iniciativas de fomento ao aproveitamento
dessas fontes de energia. Escolheu-se o estado do Acre como contexto de estudo devido ao fato
de ser um dos estados que aderiram ao convênio ICMS nº 16/015 e por ser uma localidade em
que há pouco estudo relativo a implementação de sistemas GD (segundo a ANEEL há
atualmente 5 sistemas instalados), reafirmando assim a importância de maior disseminação e
pesquisa para esta região.
19
1.3. Objetivos
Realizar o levantamento e estudo dos níveis de irradiação solar para a região de estudo
(Estado do Acre);
Realizar o dimensionamento de um sistema de geração fotovoltaica conectado à rede para
apartamentos de um condomínio localizado na cidade de Rio Branco/AC. Serão realizados
dois estudos de caso: um para um dos apartamentos, com consumo mensal médio de 325
kWh, outro para a área de uso comum do condomínio, cujo consumo médio é de 377 kWh
mensais.
Avaliar a viabilidade econômico-financeira da instalação dos sistemas fotovoltaicos
dimensionados, quantificando: o custo da instalação, o Valor Presente Líquido (VPL), a
Taxa Interna de Retorno (TIR) e o período de retorno do investimento (Payback) na
modalidade de microgeração distribuída.
Visando cumprir os objetivos desse trabalho, foram realizadas uma série de estudos e
revisões bibliográficas, baseadas em livros, notas técnicas, manuais e monografias com o intuito
de fundamentar o conhecimento a respeito da energia solar, mais especificamente sobre os
Sistemas Fotovoltaicos Conectados à Rede.
No primeiro capítulo são apresentados o tema, justificativa e objetivos do trabalho. No
capítulo dois é realizado o estudo da disponibilidade de recurso solar para a região do estado
do Acre. Uma breve explanação sobre métodos de análise financeira foi realizada no capítulo
três, e, para inteirar o leitor a respeito das condições atuais de legislação e mercado de geração
distribuída, foi realizada uma abordagem nos capítulos quatro e cinco sobre a situação
regulatória e econômica da geração distribuída no cenário nacional e internacional.
Por fim, nos capítulos seis, sete e oito, foram abordadas as técnicas de
dimensionamento dos sistemas fotovoltaicos, bem como seu orçamento e análise do
investimento através de ferramentas da matemática financeira.
20
2
O termo radiação solar é utilizado neste texto para se referir à energia vinda do sol, não obstante, utilizado
como terminologia para designar a densidade de fluxo de energia da radiação solar (geralmente medida em
kW/m2) de acordo com a NBR 10899.
21
Figura 1. Fluxo de radiação solar e sua iteração com a atmosfera terrestre. Os valores numéricos representam a
fração de energia em cada processo radiativo na atmosfera. Fonte: (PEREIRA, MARTINS, et al., 2006).
Tolmasquim (2016) destaca que, para analisar a radiação solar incidente em uma
superfície, podemos decompô-la em planos, horizontal e inclinado, em que, no primeiro, a
radiação global consiste na soma das componentes direta e difusa, enquanto no último, além
das componentes citadas, leva-se em consideração uma parcela refletida na superfície e nos
elementos circundantes, como vegetação, solo, terrenos rochosos, obstáculos etc. O autor
ressalta ainda que, para o aproveitamento na geração fotovoltaica, a componente mais relevante
é a irradiação global horizontal (HHOR), que é composta pela parcela de radiação dispersa e
enfraquecida por reflexões nas nuvens e outros elementos em suspensão na atmosfera (HDIF) e
pela parcela que atinge o solo diretamente, sem atenuações (HDIR).
Além dos fatores citados anteriormente, para o mapeamento do recurso solar, devemos
levar em conta o fato de que o sol é uma fonte de energia intermitente e variável. Sendo assim,
o recurso solar é variável durante o período do dia ou do ano, e dependente da localização
geográfica. Para um melhor aproveitamento da radiação solar, é necessário, portanto, uma
avaliação dos fatores geográficos e astronômicos que ocasionam essa variação, no intuito de se
alcançar uma maior previsibilidade do recurso solar de determinado local.
O planeta terra, durante seu movimento translacional, percorre uma trajetória elíptica
em um plano inclinado de aproximadamente 23,5º em relação ao plano equatorial. É essa
inclinação a causadora da variação da posição do sol no horizonte, ao longo dos dias em relação
a um horário determinado, originando assim, as estações do ano. (CRESESB, 2017). A posição
22
angular solar em relação ao plano do equador, ao meio dia solar, é chamada de Declinação Solar
(δ). Este ângulo é mostrado na Figura 2 e varia de acordo com o período do ano, dentro dos
limites de -23,45° < d < 23,45°. A variação das estações mostrada na Figura 2 é referente ao
hemisfério sul, onde o estado do Acre, local de interesse para os estudos desse trabalho, se
localiza.
Figura 2. Órbita descrita pela terra em torno do sol, com seu eixo Norte-Sul inclinado em um ângulo de 23,5°.
Indicando as estações no hemisfério sul. Fonte: (PINHO e GALDINO, 2014).
Figura 3. Efeito da inclinação dos raios solares na radiação recebida por unidade de área. (a) plano horizontal;
(b) inclinação de 45°; (c) inclinação de 30°. Fonte: Floor (2004 apud TOLMASQUIM, 2016, p. 324).
Figura 4. Relação irradiação solar × latitude para o hemisfério sul. Fonte: Tolmasquim (2016 apud
SENTELHAS; ANGELOCCI, 2009).
24
Figura 5. Mapa brasileiro de irradiação solar em plano inclinado (média anual). Fonte: (PEREIRA,2006).
Figura 6. Mapas de irradiação horizontal global de Brasil e Alemanha. Fonte: Adaptado de NREL (2017).
A Alemanha, embora seja o quarto país com maior capacidade instalada de sistemas
fotovoltaicos (IEA PVPS, 2016), possui valores de irradiância solar máximos no sul do país, da
ordem de 3-3,5 kWh/m2, valor inferior ao mínimo brasileiro (cerca de 4,25 kWh/m2) como visto
anteriormente.
Em comparação com a China, líder mundial em geração fotovoltaica, o Brasil
apresenta valores máximos de irradiação semelhantes (entre 5,5 e 6 kWh/m2), contudo, observa-
se que no país asiático, menos da metade do território possui recurso solar semelhante aos
valores predominantes no território brasileiro (entre 4,5 e 5 kWh/m2).
Figura 7. Mapas de irradiação horizontal global de Brasil e China. Fonte: Adaptado de NREL (2017).
Percebe-se, portanto, que o Brasil é um país com grande potencial para aproveitamento
de energia solar em praticamente todo o seu território, é válido então realizar uma análise mais
minuciosa e direcionada para a localidade de aplicação do sistema fotovoltaico, a saber, a cidade
de Rio Branco, no estado do Acre.
Conforme pode ser observado na Figura 5, a região do estado do Acre possui irradiação
solar média anual próxima de 5 kWh/m2, contudo, para o dimensionamento de um sistema
fotovoltaico que atenda à demanda de potência desejada com mais confiabilidade em todo o
período anual, é indispensável conhecer a inter-sazonalidade do local, atentando para as
variações do recurso solar no decorrer do ano (PINHO e GALDINO, 2014).
A Figura 8 mostra a disponibilidade de radiação solar no estado do Acre disponível
para cada estação do ano. Observe que há variação significativa da incidência de irradiação
entre os períodos sazonais, principalmente durante o período de setembro a novembro, quando
há baixa precipitação na região e nota-se os valores mais elevados de radiação solar do ano.
27
Figura 8. Variação sazonal da irradiação solar no estado do Acre. Fonte: Adaptado de PEREIRA (2006).
3
Base de dados online:
SWERA: disponível em: https://maps.nrel.gov/swera/#/?aL=0&bL=groad&cE=0&lR=0&mC=-
12.060809058367294%2C-62.4462890625&zL=5, acesso em 12 de setembro de 2017;
SunData: disponível em: http://www.cresesb.cepel.br/index.php?section=sundata, acesso em 12 de
setembro de 2017;
SOLARMEDATLAS: disponível em: http://www.soda-pro.com/solar-med-
atlas#_48_INSTANCE_4Y6OeN5XzA47_=http%3A%2F%2Fwww.soda-
pro.com%2FHERON%2FSolarMedAtlas.html%3F, acesso em 13 de setembro de 2017;
28
para o mapeamento do recurso solar da localidade a ser instalado o sistema fotovoltaico, foi
realizada uma compilação de dados, tabelados e plotados na Figura 9, com informações de
diferentes bancos de dados, selecionados com base na latitude e longitude do local desejado.
A título de conhecimento, é válido destacar os principais bancos de dados de irradiação
solar, dos quais extraíram-se os valores presentes na Figura 9.
O SSE da NASA, (Surface Meteorology and Solar Energy), que contém um banco de
dados baseado na análise de dados de vários satélites.
Mapas e dados compilados sobre a radiação solar no Programa SWERA, onde podem
ser encontrados mapas e dados referentes ao Atlas Brasileiro de Energia Solar,
juntamente com dados da América Latina, os quais foram desenvolvidos pelo NREL
(National Renewable Energy Laboratory do Departamento de Energia dos Estados
Unidos), além da base de dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
O programa SunData, desenvolvido pelo Cepel e disponível em CRESESB (2017),
construído com base no banco de dados Valores Medios de Irradiacion Solar Sobre
Suelo Horizontal do Centro de Estudos de la Energia Solar (CENSOLAR, 1993).
O programa RADIASOL 2, desenvolvido no Laboratório de Energia Solar da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que utiliza ferramentas de interpolação
para compilar as bases de dados do Atlas Solarimétrico, do programa SWERA e do
Atlas Brasileiro de Energia Solar.
A partir dos dados presentes na Figura 9, pode-se estimar os níveis de radiação do local
do condomínio no qual será instalado o sistema fotovoltaico, na cidade de Rio Branco, devendo-
se, no entanto, ponderar os valores de referência a serem adotados, visando que o sistema opere
com uma margem de segurança adequada para o pior dos casos (adotando o mês de menor
insolação como referência) ou tomando-se a média dos valores mensais dos dados obtidos.
29
Figura 9. Médias mensais da irradiação solar diária incidente sobre um painel coletor inclinado de 10°N em Rio
Branco/AC, latitude -9,96° e longitude -67,79°. Cada série é oriunda de um banco de dados distinto. Fonte:
elaboração própria, com dados de (NASA, 2017), (CRESESB, 2017), (NREL, 2017) e (LABSOL, 2017).
30
O Valor Presente Líquido – VPL, é definido como o valor presente de fluxo de caixa
(a somatória dos valores presentes das entradas de caixa subtraídas da soma dos valores das
saídas de caixa) (PUCCINI, 2011). “Os fluxos de caixa são trazidos a valor presente,
descontados de uma determinada taxa de juros” ASSAF NETO (Apud NAKABAYASHI,
2014). A expressão matemática para o cálculo do VPL com apenas uma saída inicial de fluxo
de caixa, é dada por (1).
n PMTk
VPL k
PV (1)
k 1 (1 i )
Onde:
PMTj – representa os fluxos operacionais líquidos de entrada gerados pelo
investimento, esperados no período de k (1 ≤ k ≤ n);
PV – é a saída de caixa (o investimento inicial feito);
i se refere à taxa de atratividade (ou taxa de desconto) do investimento,
utilizada para atualização o fluxo de caixa.
n representa os número de períodos (meses/anos) analisados no fluxo de caixa.
“Por essa definição, o VPL pode ser interpretado como uma medida do valor presente
da riqueza futura gerada pelo projeto” (PUCCINI, 2011). O critério para análise do
investimento é simples. Se VPL ≥ 0, significando que as entradas de caixa são maiores do que
o valor aplicado (PV), então o investimento é aceitável, pois se reflete em um ganho extra para
o investidor. (HAZZAN e POMPEO, 2007)
Caso contrário, se VPL ≤ 0, o investimento não deve ser aceito, pois não é
economicamente viável, ou seja, as receitas do projeto não excedem o valor que foi investido
somado às despesas do projeto.
31
Outra figura de mérito utilizada para avaliação financeira de projetos é a Taxa Interna
de Retorno (TIR). Puccini (2011) define a TIR como a taxa de desconto que torna o valor
presente líquido de um fluxo de caixa nulo, isto é, a taxa que iguala, em dado momento, os
valores das entradas e saídas de caixa. Matemáticamente, TIR é a raiz da função VPL, sendo a
taxa de desconto a variável independente. A equação (2) expressa a relação do VPL com a TIR.
(NAKABAYASHI, 2014).
REGULATÓRIOS
É válido ressaltar, no entanto, que a fatura de energia não pode ser totalmente abatida
pelo sistema de compensação de energia. Para unidades consumidoras do grupo B (conectadas
em baixa tensão), mesmo que a geração seja superior à energia consumida, o consumidor deverá
efetuar o pagamento referente ao custo de disponibilidade, valor que corresponde à 30 kWh
(monofásico), 50 kWh (bifásico) ou 100 kWh (trifásico). Analogamente, consumidores do
grupo A (conectados em alta tensão) deverão pagar apenas a parcela da fatura referente à
demanda contratada (ANEEL, 2016).
34
Os 22 estados que aderiram são: Alagoas, Acre, Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso,
Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pará, Piauí, Pernambuco,
Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Roraima, Rondônia,
Sergipe, São Paulo, Tocantins e o Distrito Federal.
A Figura 11 mostra o efeito de caráter negativo da tributação sobre a energia
compensada, eliminada pelo convênio ICMS nº 16/2015. Basicamente, com a
tributação incidindo somente sobre o consumo líquido vindo da rede elétrica
(descontados os créditos de energia), o custo nivelado da geração fotovoltaica é
reduzido em aproximadamente 19% para uma residência típica, em comparação
com o cenário anterior à vigência do convênio ICMS 16, de 22 de abril de 2015,
implicando assim em um adiantamento da paridade tarifária em cerca de quatro
anos (EPE, 2014).
Figura 11. Impacto do Convênio ICMS 16/2015 no custo nivelado e paridade tarifária. Fonte: (EPE, 2014).
III. Isenção de PIS/PASEP e COFINS, conforme dispõe a Lei nº 13.169/ 2015 (Anexo C).
Ficam reduzidas a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS
incidentes sobre a energia elétrica ativa fornecida pela distribuidora à unidade
consumidora, na quantidade correspondente à soma da energia elétrica ativa injetada
na rede de distribuição pela unidade consumidora relativa aos créditos de energia nos
termos do Sistema de Compensação de Energia Elétrica, para microgeração e
minigeração distribuída, conforme regulamentação da Aneel.
4
Pronaf - Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar.
37
A geração de energia solar fotovoltaica tem conquistado cada vez mais espaço nas
matrizes energéticas do Brasil e do mundo, sendo impulsionada por fatores como: a
modularidade da tecnologia, de propícia adequação ao ambiente urbano; a redução dos custos
dos equipamentos nos últimos anos e o baixo impacto ambiental dessa fonte de energia, dado o
cenário de aquecimento global (IDEAL, 2016).
Figura 12. Capacidade de geração de energias renováveis 2015-2016. Fonte: (REN21, 2017).
Figura 14. Top 10 países em capacidade de geração fotovoltaica e adições anuais. Fonte: (REN21, 2017).
39
A Figura 15 mostra que os cinco mercados que mais cresceram foram: China, Estados
Unidos, Japão, Índia e Reino Unido, representando cerca de 85% das adições no ano de 2016,
o que mostra que o mercado europeu, ainda que represente uma parcela significativa de
capacidade instalada no cenário mundial, tem sido eclipsado pelo mercado asiático, líder em
crescimento. Nas américas, destaca-se apenas os Estados Unidos, que já se caracteriza como
um importante mercado mundial de energia solar.
Figura 15. Adições em capacidade instalada (global) de energia FV do Top 10 e resto do mundo. Fonte: (REN21,
2017).
Embora a China seja líder absoluta em termos de capacidade instalada, é válido levar
em conta outros fatores para mensurar a real dimensão da penetrabilidade da energia FV em
dado país. Por exemplo, a Alemanha, embora tenha perdido nos últimos anos o posto de país
com maior aproveitamento em energia solar fotovoltaica, ainda é líder se considerarmos a
capacidade instalada per capta, onde para cada habitante, produz-se em média 511 Watts. No
Top 3, segue-se Japão e Itália, respectivamente, como mostra Figura 16.
Podemos observar também a significância da contribuição da energia solar FV
mediante sua penetração ou contribuição sobre a demanda energética de um país. Embora seja
uma tarefa difícil mensurar a real produção de energia fotovoltaica devido sua variabilidade por
região ou período do ano, a Figura 17 apresenta uma estimativa da penetração da modalidade
geração fotovoltaica em relação à demanda anual de eletricidade de alguns países, mediantes
estimativas baseadas na capacidade cumulativa da produção de energia FV no ano de 2016.
40
Com Honduras na liderança, observa-se que os países com maior produção de energia
fotovoltaica per capita, como Alemanha, Japão e Itália possuem significativa contribuição dessa
modalidade de geração para a demanda energética dos mesmos, enquanto a China, líder em
termos de capacidade instalada, fica apenas na décima-nona posição do que se refere à
penetração da energia FV, o que em muito se deve a sua vultosa população.
Figura 16. Top 3 países em energia solar fotovoltaica per capita. Fonte: (INTERNATIONAL ENERGY
AGENCY, 2016).
Figura 18. Segmentação das instalações fotovoltaicas - adições anuais. Fonte: (REN21, 2017).
42
Figura 19. Diferentes cenários do total global do alcance do mercado de energia FV até 2020. Fonte:
(SCHMELA, MASSON, et al., 2016).
43
Figura 20. Preços típicos de sistemas FV 2013-2015 em países selecionados (U$). Fonte: Adaptado de (IEA
PVPS, 2016).
Como mostra a Figura 21, a maior parte do custo de um sistema fotovoltaico se deve
ao valor dos módulos fotovoltaicos (cerca de 42%), e consequentemente, a queda nos custos
dos sistemas observada se deve em grande parte ao dimunuiçao dos preços desses módulos no
decorrer dos anos. Isso fica evidente ao observarmos a Figura 22, que mostra a evolução dos
44
custos dos sistemas fotovoltaicos atrelada à regressão do valor dos módulos durante a ultima
década.
Figura 21. Distribuição de custos dos materiais utilizados em um sistema FV residencial. Fonte: (IDEAL, 2016).
Figura 22. Evolução do preço dos módulos e sistemas fotovoltaicos 2006 - 2015 (U$/Watt). Fonte: (IEA PVPS,
2016).
O Brasil, no que diz respeito à geração de eletricidade, tem nas fontes renováveis de
energia a maior parcela de participação na capacidade de geração do país, com contribuição
principalmente da geração hidrelétrica e eólica. Segundo o Banco de Informações de Geração
- BIG, dos empreendimentos em operação, mais de 61% da potência instalada se deve à
hidrogeração, enquanto a geração eólica já responde por mais de 7% da capacidade instalada.
No que se refere à contribuição da geração de energia FV, o país ainda engatinha, contudo, a
perspectiva é animadora. Em escala utilitária, os empreendimentos de geração FV
compreendem apenas 0,11% do total, com 51 usinas, num total de 176 MW de potência
instalada. Contudo, dentre os empreendimentos em construção, há 37 usinas fotovoltaicas,
constituindo um montante superior a 1 GW de potência outorgada (BIG, 2017).
Os dados se mostram ainda mais animadores quando analisamos o segmento de
geração distribuída. Muito embora tenha sido regulamentada apenas a partir de 2012, e no início
tenha atravessado um lento processo de difusão dos sistemas descentralizados, observou-se a
partir de 2016 uma grande aceleração desse processo, culminando em mais de 15 mil unidades
consumidoras com sistemas instalados, até agosto de 2017. Essa evolução pode ser melhor
percebida observando-se a Figura 23.
Figura 23. Número de micro e minigeradores até 20/08/2017. Fonte: elaboração própria, com dados de (ANEEL,
2017).
fonte solar fotovoltaica representa cerca de 99% do número total de instalações dentre os
segmentos regulamentados.
Figura 24. Conexões por tipo de fonte até 20/08/2017. Fonte: elaboração própria, com dados de (ANEEL, 2017).
Figura 25. Evolução da potência instalada (MW) até 20/08/17. Fonte: elaboração própria com dados de
(ANEEL, 2017).
Figura 26. Potência instalada por fonte até 20/08/17. Fonte: elaboração própria, com dados de (ANEEL, 2017).
48
Figura 27. Classes de consumo dos consumidores até 20/08/2017. Fonte: elaboração própria, a partir de
(ANEEL, 2017).
Figura 28. Número de conexões por Estado até 23/05/17. Fonte: (ANEEL, 2017).
49
Figura 29. Tarifa de eletricidade versus custo da geração distribuída fotovoltaica. Fonte: (IDEAL, 2016).
50
Figura 30. Preços dos sistemas FV em 2015 por faixa de potência. Fonte: (IDEAL, 2016).
5
O Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alternativas na América latina (IDEAL) é uma organização
privada sem fins lucrativos, com sede em Florianópolis (SC), que atua na promoção de energias renováveis e de
políticas de integração energética na América Latina.
6
Wp – Watt-pico: denomina a máxima potência de um módulo/sistema fotovoltaico, atingida nas condições de
irradiação padrão – 1000 W/m2 - 25º C.
51
2015 2016
Potência (kWp) 3 3
Degradação anual 0,5% 0,5%
Vida útil (anos) 25 25
Tarifa residencial Ago/15 Dez/16
Custo (R$/kWp) 9000 7000
Adequação da medição (R$) 0 0
Custo disponibilidade (kWh) 100 100
Substituição do inversor 2250 1750
(R$/kW)
Consumo após GD (%) 60% 60%
Energia compensada com a 55% 55%
geração (%)
Figura 31. Preços usuais para um sistema FV de 3 KWp. Fonte: (PORTAL SOLAR, 2017).
Figura 32. Estrutura básica de uma célula fotovoltaica. Fonte: (VILLALVA e GAZOLI, 2015).
“Um semicondutor é um material que não pode ser classificado como condutor
elétrico nem como isolante” (VILLALVA e GAZOLI, 2015). Assim, suas propriedades podem
53
ser manipuladas mediante a dopagem desses materiais. De fato, existem atualmente diversas
tecnologias para a fabricação de células fotovoltaicas, tais como: tecnologia baseada em filmes
finos de telureto de cádmio (CdTe), silício amorfo hidrogenado (a-SI:H), disseleneto de cobre
índio e gálio (CIGS), entre outras. Contudo, a tecnologia dominante no mercado atualmente é
a baseada em silício cristalino (mono ou policristalino) (PINHO e GALDINO, 2014), e,
portanto, será a tecnologia abordada neste trabalho.
Conforme visto na Figura 32, a célula fotovoltaica é composta tipicamente pela junção
de duas camadas de material semicondutor, uma do tipo N e outra do tipo P.
O material N é formado usualmente por uma camada de silício (Si), cujos átomos
possuem quatro elétrons na camada de valência, dopado com fósforo (P), que possui cinco
elétrons de ligação. Essa configuração faz com que haja um elétron excedente, que não poderá
ser emparelhado e ficará “sobrando”, fracamente ligado ao seu átomo original (CRESESB,
2017).
O material P por sua vez, é composto por silício dopado com boro (B), o qual dispõe
de apenas três elétrons de ligação, gerando assim uma carência de um elétron para que as
ligações com os átomos de silício sejam satisfeitas. A essa falta de elétron, chama-se buraco ou
lacuna, caracterizando uma região com densidade de carga positiva (CRESESB, 2017). A
Figura 33 ilustra as estruturas moleculares dos semicondutores P e N.
Figura 33. Estruturas moleculares dos materiais P e N. Fonte: (VILLALVA e GAZOLI, 2015).
camadas. Os elétrons e lacunas se mantêm presos atrás dessa barreira quando a célula
fotovoltaica não está iluminada (VILLALVA e GAZOLI, 2015).
Quando o semicondutor é iluminado, esse estado de equilíbrio é quebrado. Ao passo
que um elétron da banda de valência é atingido por um fóton, ele absorve a energia deste,
fazendo com que o elétron tenha energia suficiente para libertar-se de sua ligação química,
passando assim para a banda de condução e criando um par elétron-lacuna. O campo elétrico
existente atrai o elétron para a região N ao mesmo tempo que a lacuna é “atraída” para a região
P. A energia dos fótons desencadeia este processo, formando mais pares elétron-lacuna, que
são separados pelo campo, ocorrendo assim, um desequilíbrio nas correntes da junção e o
estabelecimento de uma diferença de potencial. Se conectarmos coletores metálicos em cada
lado da junção PN e fecharmos o circuito, circulará uma corrente elétrica contínua, chamada de
fotocorrente, a qual é proporcional à quantidade de luz e à área da célula. (ZILLES, MACÊDO,
et al., 2012; VILLALVA e GAZOLI, 2015).
Figura 34. Partes que compõem um módulo fotovoltaico. Fonte: (PORTAL SOLAR, 2017)
entanto, a potência é sensível à variação da temperatura, uma vez que esta é o produto da tensão
e da corrente do módulo. (VILLALVA e GAZOLI, 2015). Essas situações são ilustradas na
Figura 37.
Figura 37. Influência da temperatura na tensão e potência do módulo. Fonte: (VILLALVA e GAZOLI, 2015).
Para células de silício cristalino, valores típicos da variação da tensão de circuito aberto
em função da temperatura são da ordem de -2,3 mV/célula °C, ou -0,37%/°C. Já na corrente de
curto circuito, verifica-se um acréscimo de cerca de + 0,004 mA/cm2.°C ou +0,01%/°C. A
variação típica observada para a máxima potência (potência de pico) é de -0,5%/°C. (PINHO e
GALDINO, 2014).
A temperatura nominal de operação de um módulo fotovoltaico é geralmente indicada
pelo fabricante. Tomando como exemplo um módulo típico com temperatura de operação
nominal da célula de 45 °C (NEO SOLAR, 2017), podemos estimar a influência da temperatura
na potência do mesmo. Considerando que a temperatura de operação ideal é de 25 °C nas
condições padrões de teste, um aumento de 20 °C em relação a essa temperatura, com uma taxa
de variação de potência de -0,5%/°C, para um painel de 325 Wp, por exemplo, resultaria em
uma redução de 10% (ou de 32,5 Wp) na potência máxima desse módulo. O efeito da
temperatura, no entanto, será considerado no dimensionamento do projeto, para o qual será
considerada uma Taxa de Desempenho (TD) de 0,75, de modo que o sistema seja
sobredimensionado em 25% para compensar eventuais perdas por temperatura ou outros fatores
externos. Isso é abordado com mais detalhes na sessão 7.2.1 deste trabalho.
58
Os geradores fotovoltaicos, como qualquer outra fonte de energia, não são capazes de
transformar toda a energia incidente em eletricidade, devido a suas limitações inerentes à
tecnologia das células fotovoltaicas. O valor da eficiência de um módulo fotovoltaico é
geralmente especificado pelo fabricante, mas pode também ser calculada pela seguinte
expressão:
P max
p
A p 1000 (3)
Onde Pmax é a potência máxima ou de pico do módulo [W] e Ap é a área do módulo em m2. O
termo 1000 corresponde à taxa de irradiância padronizada de1000W/m2 em STC.
A Tabela 2 resume as eficiências típicas de diferentes tecnologias das células
fotovoltaicas existentes, dentre as quais, as mais comuns encontradas no mercado são as células
de silício monocristalino e policristalino.
aperfeiçoamento dessa tecnologia pela microeletrônica, e pelo fato de que esse material é
abundante na natureza. (ZILLES, MACÊDO, et al., 2012). As diferenças entre as células de
silício mono e policristalino baseiam-se em seu processo de fabricação e grau de pureza.
O silício monocristalino é fabricado com blocos de silício ultrapuro, através de um
processo chamado Czochralski, onde são formados lingotes de silício monocristalino, os quais
possuem uma estrutura cristalina única e organização molecular homogênea. Seu aspecto é
uniforme, normalmente azulado ou preto. As células de silício monocristalino são as
comercialmente mais eficientes produzidas em larga escala, alcançando eficiências de 14 a
18%, mas apresentam custo de produção mais elevado que outras tecnologias. Em laboratório,
sua eficiência chega aos 25% aproximadamente. (VILLALVA e GAZOLI, 2015).
O silício policristalino é fabricado através de um processo mais barato do que o do
silício monocristalino. Os lingotes desse material são formados por um aglomerado de
pequenos cristais e possuem aspecto heterogêneo, normalmente na cor azul. Possui eficiência
comercial entre 13 e 15%, ligeiramente inferiores à do silício monocristalino. No entanto, seu
custo de fabricação é inferior. (VILLALVA e GAZOLI, 2015).
Filmes finos
São fabricados através da disposição de camadas finais de materiais semicondutores
(dentre eles, o silício) sobre uma base rígida ou flexível. As tecnologias disponíveis no mercado
mais usuais são baseadas em telureto de cádmio (CdTe), disseleneto de cobre-índio-gálio
(CIGS) e silício amorfo hidrogenado (a-Si:H). Esses materiais possuem coeficientes de
absorção luminosa de 10 a 100 vezes superiores que o silício, o que permite que esses filmes
sejam muito mais finos, lhe conferindo maior flexibilidade. Outra vantagem dessa tecnologia é
que é seu menor coeficiente de temperatura, isto é, apresenta menor perda de potência à medida
que a temperatura da célula aumenta (TOLMASQUIM, 2016).
Apesar de possuir custo relativamente baixo, os filmes finos têm baixa eficiência
comercial (entre 7,5% e 14%), e necessitam de uma área maior de módulos para produzir a
mesma energia que as tecnologias cristalinas. (VILLALVA e GAZOLI, 2015).
Células híbridas
Essa tecnologia alia as características das células cristalinas com a célula de filme fino.
Não apresenta degradação da eficiência devido ao envelhecimento pela exposição da luz, e
assim como os filmes finos possui maior produção de energia em elevadas temperaturas, se
comparadas as células cristalinas. Possui custo atraente. (VILLALVA e GAZOLI, 2015).
60
Figura 38. Curvas I - V de duas células fotovoltaicas conectadas em série. Fonte: (PINHO e GALDINO, 2014).
Figura 39. Curva I - V de duas células fotovoltaicas conectadas em paralelo. Fonte: (PINHO e GALDINO,
2014).
Figura 40. Componentes de um sistema fotovoltaico residencial conectado à rede. Fonte: elaborado pelo autor.
64
7.1. Prospecção
4,845[kWh / m 2 ]
HSP 4,845[h / dia] (4)
1[kWh / m 2 ]
Dessa forma, a insolação solar diária equivale à situação em que, durante todo o dia, a
superfície recebesse 4,845 horas de radiação a 1 kWh/m2, enquanto no restante do dia, houvesse
ausência de radiação incidente.
localização é dada pelas coordenadas: latitude -9,96° e longitude -67,79°, obtidas através do
Google Earth, conforme podemos observar na Figura 43, que também ilustra a orientação do
prédio em relação aos pontos cardeais, na qual podemos observar que, devido ao fato de a
cobertura ser plana, nenhuma parte do telhado fica oculta da radiação do sol no decorrer de todo
o seu percurso diário, e devido à ausência de inclinação do telhado, a alocação e inclinação dos
painéis solares à 10º (próxima a latitude) é facilitada. Observamos ainda que não há prédios ou
árvores altas próximas ao local analisado (no sentido do movimento do sol), excluindo assim
maiores problemas relativos ao sombreamento dos painéis em períodos do dia, cuja
preocupação deverá ser somente relativa às caixas d’água presentes no topo da cobertura.
Figura 42. Condomínio Morada Nova, localidade da implantação do sistema fotovoltaico. Fonte: (GOOGLE
EARTH, 2017).
67
Figura 43. Localidade da instalação do gerador fotovoltaico. Fonte: (GOOGLE EARTH, 2017).
Para a avaliação da área disponível, foi realizado uma estimativa da alocação dos
painéis fotovoltaicos, supondo fosse instalado um sistema fotovoltaico para cada um dos doze
apartamentos, mais a área de uso comum. Para cada sistema hipotético foi considerado um
sistema FV com 8 painéis de 325 Wp com dimensões usuais de 0,95m×1,95m, os quais,
comporiam sistemas com potência instalada de 2,6 kWp. A Figura 44 mostra a disposição dos
sistemas fotovoltaicos em arranjos de 8 módulos, todos alinhados para o norte com inclinação
igual à latitude (10º), a qual também apresenta as dimensões da laje do prédio.
Figura 44. Ilustração do condomínio, local de instalação do sistema FV, com dimensões e área de telhado
disponível. Fonte: elaborado pelo autor.
kWp), podemos assegurar que, há espaços livres suficientes para a disposição desses sistemas,
bastando para isso algumas adequações nas disposições dos painéis fotovoltaicos. Os painéis
devem ser fixados em estrutura com uma leve inclinação (10º) e apontados no sentido norte.
Na Figura 45 podemos ter uma melhor noção da disposição desejada dos painéis solares.
Figura 45. Ilustração do condomínio, local de instalação dos sistemas fotovoltaicos. Fonte: elaborado pelo autor.
Tabela 3. Aplicabilidade do faturamento mínimo referente ao custo de disponibilidade do sistema elétrico para
consumidores do grupo B.
Figura 46. Mínimos requisitos técnicos para a conexão de uma central de geração fotovoltaica. (ANEEL, 2017).
Notas: (1) Chave seccionadora visível e acessível que a acessada usa para garantir a desconexão da central geradora
durante manutenção em seu sistema.
(2) Elemento de desconexão e interrupção automático acionado por comando e/ou proteção.
(3) Não é necessário relé de proteção específico, mas um sistema eletroeletrônico que detecte tais anomalias e que
produza uma saída capaz de operar na lógica de atuação do elemento de desconexão.
(4) Nas conexões acima de 300 kW, se o lado da acessada do transformador de acoplamento não for aterrado,
deve-se usar uma proteção de sub e de sobretensão nos secundários de um conjunto de transformador de potência
em delta aberto.
(5) Se a norma da distribuidora indicar a necessidade de realização estudo de curto-circuito, caberá à acessada a
responsabilidade pela sua execução.
(6) Os ensaios devem ser os mesmos recomendados pelo fabricante e deverão ser realizados pelo acessante.
parâmetro esse que avalia a operação do sistema levando em conta fatores atenuantes, como
sombreamento, perdas em condutores, eficiência do inversor, temperatura, entre outros. Um
valor comumente adotado na literatura é de TD = 0,75. (PINHO e GALDINO, 2014). Este valor
será utilizado para fins de projeto e equivale a um sobredimensionamento do sistema em 25%,
visando compensar as eventuais perdas acima citadas. A potência de geração dos painéis
fotovoltaicos (PFV[Wp]) pode ser calculada por (5).
E
PFV TD
(5)
HSPMA
Uma grande vantagem dos sistemas FV é a sua modularidade, o que significa que o
sistema pode ser expandido pelo simples acréscimo de painéis (e/ou inversores) conectados em
paralelo. Isso também possibilita uma maior flexibilidade no projeto do sistema no que diz
respeito a escolha dos módulos e sua quantidade de acordo com a área e eficiência dos mesmos,
visando otimizar a relação de potência gerada com a área ocupada.
Conhecendo a energia fornecida por um módulo e tendo em mente o valor da demanda
de energia a ser produzida pelo sistema (diariamente ou mensalmente), pode-se determinar a
quantidade de painéis necessários para este sistema por (6). (VILLALVA e GAZOLI, 2015).
P FV
NP (6)
PPAINEL
I iMAX (8)
N o STRINGS _ PARALELAS
I sc
Onde IiMAX (A) é a corrente contínua máxima suportável na entrada do inversor e Isc é
a corrente de curto circuito do painel fotovoltaico nas condições padrão.
Figura 47. Diagrama de conexão de uma central geradora à rede de distribuição. Fonte: (ELETROBRAS, 2016).
Conforme definido na sessão 7.1.1, utilizaremos como base de cálculo o valor médio
de Horas de Sol Pleno diárias como sendo HSP = 4,845 h/dia, então, o primeiro passo para o
dimensionamento do sistema FV para o apartamento é o levantamento do consumo da unidade
consumidora, o que será feito pelo consumo médio de energia extraído da conta de energia, da
qual verificou-se um consumo médio nos últimos 12 meses (até agosto de 2017) de 325 kWh.
Desse valor, será descontado o consumo mínimo faturado, o qual baseado na Tabela 3 é 50
kWh. Dessa forma o valor utilizado nos cálculos de dimensionamento será:
325 kWh 50 kWh 275 kWh E 275 9,167 k Wh dia 9167 Wh dia (9)
30
9160
0,75
PFV 2520 W 2,5 kWp (10)
4,845
Temos, portanto que a potência do sistema FV para este apartamento deve ser de 2,5
kWp. O que nos leva à escolha dos módulos fotovoltaicos. Foi selecionado um painel se silício
policristalino de 325 Wp, o qual possui certificação do INMETRO nota A e cujas especificações
são mostradas na Figura 48. Podemos então definir a quantidade de módulos necessários para
o projeto a partir da equação (6).
2500 Wp (11)
NP 7,69 8 módulos
325 Wp
Serão necessários pelo menos 8 módulos de 325 Wp, resultando em um sistema de 2,6 kWp.
75
Figura 48. Especificações do módulo solar GCL 325 Wp. Fonte: (NEO SOLAR, 2017).
Dimensionamento do Inversor
Uma vez definida a potência do sistema (PFV = 2,6 kWp) podemos determinar a
potência nominal PN do inversor. O dispositivo com potência nominal mais próxima do
desejado foi o Inversor Grid-Tie Fronius Galvo de 2,5 kW, que coincide com a potência de
geração do sistema inicialmente calculada pela equação (10). As especificações técnicas do
inversor são apresentadas na Figura 49.
Figura 49. Especificações Técnicas do inversor Fronius Galvo 2.5-1. Fonte: (NEO SOLAR, 2017).
Vcc e que a tensão de circuito aberto dos painéis é Voc = 46 Vcc, podemos verificar a condição
expressa na equação (7), de modo que:
8 46 V 368 V 550 V (12)
Verificamos então que as condições de tensão de entrada foram satisfeitas, o que significa
que o sistema foi bem dimensionado, e que podemos utilizar uma única string de painéis na
entrada do inversor. Analogamente podemos verificar que a tensão resultante dos módulos em
série satisfaz o critério de tensão mínima de entrada do inversor, a saber, 165 Vcc. Por fim, o
sistema também atende ao critério de corrente, uma vez que a corrente de curto circuito dos
módulos em série (Isc=9,24 A) é inferior à máxima corrente de entrada admitida pelo inversor
(IiMAX= 16,4 A). Verificamos então que os componentes escolhidos satisfazem todas as
condições de operação do sistema FV.
Figura 50. Especificações do DPS DC solar 20/40 kVA. Fonte: (EMBRAR, 2017).
Quanto aos DSP no lado de corrente alternada foi escolhido um DPS classe II, com
tensão máxima comercial de 275 V e corrente máxima de 20 kA, visto que a faixa de tensão de
saída do inversor é de 180 ~ 270V de acordo com a Figura 49.
Para o dimensionamento do disjuntor de proteção para as cargas, foi escolhido um
disjuntor bipolar tipo DIN/IEC de 15 A, uma vez que a corrente máxima de saída do inversor é
de 12,1 A.
Dimensionamento dos condutores
Os cabos utilizados nas conexões em corrente contínua devem ser específicos para
aplicações em sistemas fotovoltaicos. Os cabos que conectam os módulos ao inversor devem
possuir tensão de isolação entre 300V e 1000V, e sua capacidade de condução de corrente deve
ser 25% superior à corrente de curto circuito dos módulos utilizados (VILLALVA e GAZOLI,
2015). Assim, temos que:
I CABOS I SC 1,15 I CABOS 9,24 A 1,25 11,55 A (13)
A despeito da corrente calculada, o condutor de menor bitola encontrado no mercado
foi de 4mm2 e isolação de 1kV, com capacidade de corrente de até 26 A segundo a
NBR5410/2004, valor mais do que suficiente para o projeto em questão.
Para as conexões em corrente alternada, escolheu-se o cabo de cobre flexível com
seção de 2,5 mm2, valor mínimo recomendado pela NBR 5410 para os circuitos de TUGs, cuja
capacidade de corrente é de 19,5 A, valor que atende à corrente máxima de saída do inversor,
que é de 12,1A. Assim o dimensionamento do sistema está completo, cabendo ao projetista a
escolha de acréscimo ou não de componentes complementares, como Disjuntor Diferencial
Residual diferenciais – DDR, fusíveis de proteção aos módulos, medidores de energia para
monitorar a produção de energia do sistema, entre outros. A norma exige também que tanto os
78
Tabela 4. Cálculo da energia mensal produzida pelo sistema dimensionado de 2,6 kWp.
Temos então que o sistema dimensionado ocupará uma área de cerca de 15,52m2 e
produzirá em torno de 3440 kWh anuais. É válido ressaltar que se trata de uma estimativa, e
que a produção de energia do sistema poderá ser maior ou menor para cada mês, dependendo
das condições climáticas sazonais, do regime de chuvas e do acúmulo ou não de sujeira nos
painéis.
Por fim, a Figura 51 mostra a relação entre a produção de energia calculada na Tabela
4 e o consumo analisado a partir dos os dados de consumo7 do histórico da conta de energia do
apartamento analisado, do período de setembro de 2016 a julho de 2017. Verifica-se que o
sistema projetado atende bem à demanda de energia, o qual visa o máximo autoconsumo
praticável, gerando, no período selecionado, 189 kWh a mais do que o consumido (descontado
o consumo de 50 kWh referentes à taxa mínima do custo de disponibilidade). Deve-se entender
que esses 189 kWh excedentes, não serão convertidos em créditos de energia, uma vez que o
sistema foi projetado para um consumo de 50 kWh a menos que a média mensal, visto que esse
valor mínimo seria faturado na conta de energia independente do seu efetivo consumo. Assim,
o excedente de energia ao final do ano, não será utilizável, e sim, consumido no decorrer dos
meses, não servindo, contudo, para compensação de energia, uma vez que o faturamento da
unidade consumidora não pode ser zerado.
Figura 51. Comparação entre o consumo e geração do sistema fotovoltaico dimensionado de 2,6 kWp no período
de Set/16 a Jul/17.
Verifica-se pela Figura 51 que o consumo supera a geração justamente nos meses em
que há elevado índice de precipitação e temperatura na cidade de Rio Branco, conforme mostra
a Figura 52.
7
Foram deduzidos do consumo mensal 50kWh referentes ao custo de disponibilidade.
80
Figura 52. Dados meteorológicos de temperatura e precipitação anuais para a cidade de Rio Branco - AC. Fonte:
(INPE, 2017).
Custo do sistema
Composição do
preço médio para a
Dispositivo DPS classe II, 1
cidade de Rio
7. polo, tensão máxima de 275 2 R$ 59,41 R$ 118,82
Branco feita através
VAC, corrente máxima de 20 kA
do SINAPI8
09/2017
Chave Seccionadora
8. Fotovoltaica Schneider C60NA 1 R$ 289,00 NeoSolar R$ 289,00
DC
9. Composição do
preço médio para a
Disjuntor tipo DIN/IEC,
1 R$ 43,68 cidade de Rio R$ 43,68
bipolar de 15 A.
Branco feita através
do SINAPI 09/2017
10. Cabo de cobre, flexível, classe Composição do
5, isolação em PVC/A, preço médio para a
antichama BWF-B, 1 condutor, 20 metros R$ 1,50 cidade de Rio R$ 30,00
0,6/1 kV, seção nominal 2,5 Branco feita através
mm2 do SINAPI 09/2017
11. Mão de obra9 R$ 450,00
CUSTO TOTAL R$ 12.936,65
8
SINAPI - Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil: É um sistema de pesquisa que
informa os custos de projetos e índices da construção civil. (CAIXA, 2017).
9
A composição do custo de mão de obra foi realizada com base nos valores do SINAPI 09/2017, com a
referência dos valores horários de trabalho dos profissionais que se seguem:
- 1 Eletricista: R$ 15,61/hora
- 1 Ajudante de Eletricista: R$ 11,70/hora
Considerando que o trabalho de instalação seja realizado durante duas diárias de 8 horas, temos o preço total da
mão de obra de R$ 436,68, valor que foi arredondado para R$ 450,00.
82
Figura 53. Especificações técnicas do painel Canadian CSI CS6K-270P. Fonte: (NEO SOLAR, 2017).
Dimensionamento do inversor
Figura 54. Especificações técnicas do Inversor Fronius Galvo 3.0-1. Fonte: (NEO SOLAR, 2017).
83
Por simples análise das especificações do painel e do inversor, o leitor pode verificar
que as condições das equações (7) e (8) são satisfeitas, portanto, utilizando um arranjo de 11
painéis em série o sistema estará bem dimensionado.
Alguns dos dispositivos de proteção contra surtos dimensionados no caso 1 podem ser
utilizados também para os componentes do sistema no caso 2, no lado de corrente alternada a
tensão de saída do inversor é a mesma nos dois casos, de modo que o DPS classe II, 275V/20
KVA será igualmente utilizado neste sistema. Semelhantemente a Chave seccionadora
fotovoltaica Schneider C60NA DC de 1000 Vcc atende aos requisitos desse sistema. De igual
modo, o disjuntor DIN/IEC de 15 A é suficiente para o sistema dimensionado, visto que a
corrente máxima de saída do inversor é de 14,5 A.
Já para a proteção contra surto em corrente contínua, utilizaremos o DPS Schneider
PRD-DC40r 600PV Fotovoltaico, que possui dois polos e tensão de operação de 600 Vcc, esta,
levemente superior à tensão de saída do inversor escolhido, e, portanto, atende satisfatoriamente
os critérios de proteção para o equipamento.
Figura 55. Comparação entre o consumo e geração do sistema fotovoltaico dimensionado de 2,97 kWp no
período de Abr/16 a Fev/17.
Analogamente, observa-se pela Figura 55 que o consumo supera a geração nos meses
de maior índice de precipitação e temperatura na cidade de Rio Branco, conforme mostra a
Figura 52. Contudo na média, a geração anual superou o consumo efetivo em 57,29 kWh.
85
Custo do sistema
Quadro 2 mostra a relação de componentes do sistema fotovoltaico e seus respectivos
custos.
Quadro 2. Orçamento do sistema fotovoltaico de 2,97kWp
Conforme visto no capítulo anterior, foram utilizados como base para a realização do
dimensionamento e orçamento de um SFCR, dois casos objetos de análise para um condomínio,
sendo o caso 1, um apartamento com consumo médio mensal de 325 kWh, e o caso 2 a unidade
consumidora da área de uso comum, com média de consumo mensal de 377 kWh. Neste
capítulo abordaremos a análise econômica dos projetos dimensionados, utilizando para isso
ferramentas de análise financeiras, tais como a estimativa do VPL – Valor Presente Líquido, a
TIR – Taxa Interna de Retorno e o payback (tempo de amortização do investimento), figuras
de mérito estas discutidas no capítulo 3 deste trabalho.
Antes de realizarmos a análise da viabilidade financeira do projeto, algumas condições
padrão devem ser estabelecidas, tais como: a tarifa de energia praticada pela concessionária,
bem como seu reajuste médio anual e a taxa de atratividade do investimento.
A tarifa base utilizada para os cálculos, será a tarifa aplicada pela distribuidora
ELETROACRE, com base no último reajuste, praticado a partir de 30 de novembro de 2016,
cujo valor, sem impostos, é de 0,50291 R$/kWh para o subgrupo tarifário B1 (residencial).
(ELETROBRAS, 2017).
A desconsideração da incidência de impostos (PIS/COFINS e ICMS) sobre a energia
gerada, é baseada na isenção estabelecida pelo convênio ICMS nº 16/2015, que determina que
a cobrança do tributo ICMS seja realizada apenas sobre a energia consumida da rede,
descontando a energia injetada; e pela Lei nº 13.169/ 2015, que isenta a cobrança de
PIS/COFINS sobre a energia gerada.
Lembremos, portanto, que, haverá um consumo mensal equivalente ao consumo
mínimo faturado de 50 kWh, portanto, sobre esta parcela haverá a incidência de impostos, cujo
cálculo da tarifa cobrada é dado em (15). (ANEEL, 2017).
Figura 56. Evolução da tarifa residencial B1no período de 2007 a 2016. Fonte: Nota Técnica n° 379/2016-
SGT/ANEEL. (ANEEL, 2017)
10
É definido como o grau de sacrifício feito ao se optar por uma alternativa em detrimento de outra, ou seja,
aquilo de que se abre mão para obter o que se deseja.
89
Variável Condição
Tarifa praticada (sem impostos) 0,50291 R$/kWh
Tarifa praticada (com impostos) 0,706408 R$/kWh
Faturamento mínimo mensal R$ 27,67
Reajuste anual da tarifa 5,6%
Taxa de desconto 7,2%
O&M 1% do investimento inicial / Ano
Custo
Custo anual Custo anual
Geração Consumo sistema Economia Economia Valor
tarifário sem tarifário com
Ano anual anual solar anual acumulada Presente VPL (R$) TIR
microgeração microgeração
(kWh) (kWh) (O&M) (R$) (R$) (R$)
(R$) (R$)
(R$)
0 INVESTIMENTO INICIAL 12936,65
1 3440,54 3900,00 2872,67 129,37 320,00 2423,31 2423,31 2260,55 -10676,10 -81%
2 3423,34 3900,00 2982,51 129,37 320,00 2533,14 4956,45 2204,30 -8471,81 -45%
3 3406,13 3900,00 3098,49 129,37 320,00 2649,13 7605,57 2150,40 -6321,41 -22%
4 3388,93 3900,00 3220,98 129,37 320,00 2771,61 10377,18 2098,71 -4222,70 -8%
5 3371,73 3900,00 3350,32 129,37 320,00 2900,95 13278,13 2049,11 -2173,59 1%
6 3354,53 3900,00 3486,90 129,37 320,00 3037,53 16315,67 2001,48 -172,10 7%
7 3337,32 3900,00 3631,13 129,37 320,00 3181,77 19497,43 1955,71 1783,61 11%
8 3320,12 3900,00 3783,44 129,37 320,00 3334,07 22831,51 1911,69 3695,30 14%
9 3302,92 3900,00 3944,28 129,37 320,00 3494,91 26326,42 1869,32 5564,62 16%
10 3285,72 3900,00 4114,13 129,37 545,35 3439,41 29765,83 1716,07 7280,69 17%
11 3268,51 3900,00 4293,48 5154,00 591,13 -1451,65 28314,18 -675,64 6605,05 17%
12 3251,31 3900,00 4482,88 129,37 640,32 3713,19 32027,37 1612,17 8217,21 18%
13 3234,11 3900,00 4682,89 129,37 693,18 3860,35 35887,72 1563,49 9780,70 19%
14 3216,90 3900,00 4894,10 129,37 749,94 4014,79 39902,51 1516,83 11297,53 19%
15 3199,70 3900,00 5117,13 129,37 810,90 4176,87 44079,38 1472,07 12769,60 20%
16 3182,50 3900,00 5352,66 129,37 876,33 4346,96 48426,34 1429,12 14198,72 20%
17 3165,30 3900,00 5601,37 129,37 946,56 4525,45 52951,79 1387,87 15586,59 21%
18 3148,09 3900,00 5864,02 129,37 1021,91 4712,74 57664,53 1348,24 16934,83 21%
19 3130,89 3900,00 6141,37 129,37 1102,75 4909,26 62573,78 1310,13 18244,96 21%
20 3113,69 3900,00 6434,25 129,37 1189,44 5115,44 67689,23 1273,47 19518,43 21%
21 3096,49 3900,00 6743,53 129,37 1282,40 5331,77 73021,00 1238,17 20756,60 21%
22 3079,28 3900,00 7070,14 129,37 1382,05 5558,72 78579,72 1204,18 21960,78 22%
23 3062,08 3900,00 7415,03 129,37 1488,85 5796,81 84376,53 1171,41 23132,19 22%
24 3044,88 3900,00 7779,24 129,37 1603,30 6046,57 90423,11 1139,81 24272,01 22%
25 3027,68 3900,00 8163,84 129,37 1725,92 6308,56 96731,66 1109,33 25381,33 22%
TOTAL 21195,45 96731,66
91
Podemos ver no Quadro 3 que no sétimo ano, o valor presente líquido se torna positivo,
o que significa que a receita (ou economia) angariada nesse período, “trazida” para o valor
presente, superou o valor inicial investido. Em outras palavras, o sistema se pagaria a partir do
sétimo ano.
Uma aproximação mais exata do payback do sistema pode ser feita analisando-se a
Taxa Interna de Retorno. Observa-se também uma TIR de 7% no sexto ano, a qual se reflete
em um VPL negativo pelo fato de que essa taxa é levemente inferior à taxa de desconto adotada
(7,2%). Isso é evidenciado pelo fato de que o VPL no sexto ano, embora negativo, é “próximo
de zero”, se levarmos em conta a receita anual do sistema. Assim, dada a proximidade da TIR
no ano seis com a taxa de desconto de 7,2%, é seguro inferir que o VPL é zerado (e a TIR
igualada a 7,2%) logo no primeiro mês do sétimo ano. Em resumo, podemos estimar que o
tempo de retorno do investimento é de cerca de 6 anos e 1 mês.
Observamos que o VPL total ao fim dos 25 anos é de R$ 25.381,33, o que significa
que toda a economia futura acumulada - considerando-se a variação do dinheiro no tempo e
descontando-se o investimento inicial, equivaleria à um ganho real no valor presente de R$
25.381,33. Logo, podemos dizer que o investimento é aconselhável, uma vez que o VPL é
positivo e se traduz em lucro para o investidor.
poupança, representado pela saída de fluxo de caixa no ano zero, no gráfico da Figura 57. A
linha em verde representa o rendimento do valor investido no decorrer dos anos, enquanto a
linha vermelha, mostra a receita de capital economizado no mesmo período. Podemos observar
que, a partir do oitavo ano, o investimento no sistema fotovoltaico se torna mais rentável,
condição que se mantem até o final dos 25 anos. A depressão na rentabilidade ocorrida depois
do décimo ano, se deve ao gasto adicional da troca do inversor. Contudo, isso não prejudica a
atratividade do investimento nos anos posteriores.
Figura 57. Comparação do retorno de investimento para aplicação do capital no sistema FV e na caderneta de
poupança.
Para a análise do sistema de 2,97 kWp do segundo cenário analisado, serão adotadas
as mesmas condições padrão presentes na Tabela 7, e da mesma maneira que para o caso
anterior, o tempo de análise será de 25 anos, tempo de vida útil dos módulos fotovoltaicos (com
degradação de 0,5% ao ano), considerando uma troca de inversor nesse período. O valor inicial
de investimento do projeto é de R$ R$ 14.523,52 e o custo do inversor R$ 5.274,00. Os cálculos
realizados são mostrados no Quadro 4
93
Nota-se que o sistema de 2,97 kWp passa a dar retorno de investimento a partir do
sexto ano, como destacado na linha em verde, momento em que o VPL supera o valor inicial
investido e que a TIR supera a taxa de atratividade adotada de 7,2%. De fato, o VPL verificado
ao fim do sexto ano é de R$ 199,96, e a taxa de retorno de investimento ligeiramente superior
a 7,2%. Esse indicativo nos leva a inferir que o VPL é zerado nos meses finais do ano seis, e,
portanto, consideraremos o cálculo do payback descontado como 6 anos.
O investimento tende a se tornar cada vez mais economicamente atrativo com o passar
dos anos. Na primeira década, a TIR chega a 18%, e a despeito dos custos com despesas e troca
do inversor, a Taxa de Retorno de Investimento chega a 22% no décimo nono ano, e assim se
mantém até ao fim dos 25 anos, quanto o Valor Presente Líquido final chega a R$ 29.578,22,
representando o ganho extra do investidor, realizadas as devidas correções no decorrer dos anos
94
pela taxa de investimento. Assim, verificamos, que, a exemplo do caso anterior, este
investimento é economicamente atrativo, uma vez que seu VPL é positivo e sua TIR em muito
supera a taxa de desconto adotada.
Como foi possível perceber, os resultados para este cenário se mostraram bastante
semelhantes ao do caso anterior, isso devido ao fato de que a potência instalada dos dois
sistemas é bastante semelhante, e consequentemente, o custo não difere significativamente. A
diferença desse caso para o caso do apartamento, é que, por se tratar de um sistema que abastece
as áreas de uso comum do condomínio, o investimento para o sistema poderia ser realizado
pelos moradores das oito unidades consumidoras, dividindo-se os custos do investimento
inicial, de modo que cada morador teria que desembolsar R$ 1.815,44, sendo o ganho posterior
de forma indireta, por exemplo, na diminuição da taxa mensal do condomínio. Essa abordagem
não influencia do tempo de retorno de investimento, mas certamente é vantajosa devido ao fato
de que o capital investido inicial por pessoa é menor. De fato, o maior obstáculo para a larga
adoção dos sistemas fotovoltaicos é a alta quantia inicial a ser custeada, e a divisão desse valor
entre os moradores, tornaria a decisão de investimento mais fácil, uma vez que os custos
individuais seriam menores.
Realizemos agora a comparação entre rendimento do capital investido no sistema
fotovoltaico com o ganho que seria obtido se o mesmo valor fosse aplicado na poupança. A
Figura 58 mostra essa situação, onde observamos que o sistema FV se torna mais atrativo
economicamente entre o sétimo e o oitavo ano, e, refletindo a rentabilidade expressada pela
TIR no decorrer dos anos, se torna ainda mais atrativo economicamente com o decorrer dos
anos. Assim, considerando a economia líquida acumulada no decorrer dos anos, ao fim dos 25
anos, teriam sido economizados R$ 111.298,04, ao passo que, se o valor do investimento inicial
fosse investido na poupança, com taxa de 7,2% ao ano, ao fim dos 25 anos ter-se-ia R$
82.529,67.
95
Figura 58. Comparação do retorno de investimento para aplicação do capital no sistema FV e na caderneta de
poupança – caso 2.
96
a área comum do condomínio, verificou-se, ao fim de dez anos, uma TIR de 18% e VPL de R$
8.488,49. Dos sistemas abordados, o sistema FV de 2,97 kWp se mostrou ligeiramente mais
rentável, uma vez que apresentou uma geração 14,62% maior que o sistema de 2,6 kWp,
custando apenas 12,66% a mais.
Podemos concluir a partir das análises realizadas que os sistemas projetados se
mostraram altamente atrativos financeiramente, possuindo um tempo de retorno de
investimento de acordo com as estimativas de mercado e menor que a maioria das projeções
realizadas para a região, como mostra a Figura 59, a qual compila as estimativas do tempo
médio de retorno de investimento para o estado Acre realizadas em diferentes estudos,
comparando com o payback estimado neste trabalho para os dois sistemas dimensionados (em
amarelo).
Figura 59. Estimativas do payback para sistemas fotovoltaicos instalados no estado do Acre. Fonte:
(NAKABAYASHI, 2014), (KONZEN, 2014), (ANEEL, 2017), (WEG, 2017).
BIBLIOGRAFIA
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ANEEL. Agência Nacional de Energia Elétrica. Resolução Normativa N° 482/2012 de 17 de abril de 2012,
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103
CONVÊNIO
Cláusula Primeira. Ficam os Estados do Acre, Alagoas, Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato
Grosso, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio
Grande do Sul, Rondônia, Roraima, São Paulo, Sergipe, Tocantins e o Distrito Federal
autorizados a conceder isenção do ICMS incidente sobre a energia elétrica fornecida pela
distribuidora à unidade consumidora, na quantidade correspondente à soma da energia elétrica
injetada na rede de distribuição pela mesma unidade consumidora com os créditos de energia
ativa originados na própria unidade consumidora no mesmo mês, em meses anteriores ou em
outra unidade consumidora do mesmo titular, nos termos do Sistema de Compensação de
Energia Elétrica, estabelecido pela Resolução Normativa nº 482, de 17 de abril de
2012. (Redação do caput dada pelo Convênio ICMS Nº 75 DE 18/07/2016 efeitos a partir
do primeiro dia do segundo mês subsequente ao da sua publicação).
§ 1º O benefício previsto no caput:
I - Aplica-se somente à compensação de energia elétrica produzida por microgeração e
minigeração definidas na referida resolução, cuja potência instalada seja, respectivamente,
menor ou igual a 100 kW e superior a 100 kW e menor ou igual a 1 MW; (Redação do inciso
dada pelo Convênio ICMS Nº 130 DE 04/11/2015).
II - não se aplica ao custo de disponibilidade, à energia reativa, à demanda de potência, aos
encargos de conexão ou uso do sistema de distribuição, e a quaisquer outros valores cobrados
pela distribuidora.
§ 2º Não se exigirá o estorno do crédito fiscal previsto no art. 21 da Lei Complementar nº 87,
de 13 de setembro de 1996.
(Redação da cláusula dada pelo Convênio ICMS Nº 130 DE 04/11/2015):
Cláusula segunda. O benefício previsto neste convênio fica condicionado:
I - à observância pelas distribuidoras e pelos microgeradores e minigeradores dos
procedimentos previstos em Ajuste SINIEF;
105
“Art. 3o ........................................................................
III - 9% (nove por cento), no caso das demais pessoas jurídicas.” (NR) (Produção de efeito)
Art. 3o (VETADO).
“Art. 1o ........................................................................
......................................................................................
Art. 5o (VETADO).
Art. 6o (VETADO).
“Art. 16. Os beneficiários do Reporto descritos no art. 15 desta Lei ficam acrescidos das
empresas de dragagem definidas na Lei no 12.815, de 5 de junho de 2013 - Lei dos Portos, dos
recintos alfandegados de zona secundária e dos centros de formação profissional e treinamento
multifuncional de que trata o art. 33 da Lei no 12.815, de 5 de junho de 2013, e poderão efetuar
aquisições e importações amparadas pelo Reporto até 31 de dezembro de 2020.” (NR)
Distribuidora:
3.c. Emissão do Processo de Até 5 (cinco) dias
Relatório de vistoria Engenharia da após a ação 3.b.
Medição
Definido pelo
ACESSANTE
4.a. Adequação das
Após a eliminação de
condicionantes do ACESSANTE
pendências técnicas,
Relatório de Vistoria.
4. Aprovação do o ACESSANTE deve
ponto de conexão solicitar nova vistoria
(voltar à ação 4.a)
4.b. Aprovação do Distribuidora:
Até 7 (sete) dias após
ponto de conexão, Processo de
a ação 3.b, desde que
liberando-o para Engenharia da
não haja pendências.
conexão. Medição