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Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia • PEA-BA

Secretaria do Meio Ambiente do Estado da Bahia


Secretaria da Educação do Estado da Bahia
Orgão Gestor da Política Estadual de Educação Ambiental

Salvador, Bahia, 2013


Projeto gráfico e Editoração Eletrônica: MARCIA MENESES JAQUES WAGNER AMÉLIA TEREZA SANTA ROSA MARAUX
Governador do Estado da Bahia Superintendência de Desenvolvimento da
Ilustração: LEANDRO MARCONDES
Educação Básica - SEC
Revisão Ortográfica: Isis Simon EUGÊNIO SPENGLER
Consultoria Técnica: Grupo de Aplicação Interdisciplinar à Aprendizagem - GAIA Secretário do Meio Ambiente da Bahia– SEMA ZANNA MARIA RODRIGUES DE MATOS
Diretora de Educação Ambiental - SEMA
Equipe Técnica DIEAS/SEMA: Alessandra Buonavoglia Costa-Pinto; AMÉLIA DOS SANTOS CERQUEIRA; ANA MARIA TEREZA FRÓES
BATALHA; CELIANE RIBEIRO MIRANDA SANTIAGO; IARA MORENA OLIVEIRA FAGUNDES E SOUZA; MICHELLE RIOS LOPES; REGINA MARIA OSVALDO BARRETO FILHO
CURI DA SILVA; RODRIGO STOLZE PACHECO; SORAYA RODRIGUES MIDLEJ; SILVANI HONORATO BARBOSA; ZANNA MARIA RODRIGUES Secretário de Educação da Bahia– SEC FABIO FERNANDES BARBOSA
DE MATOS
Coordenação de Educação Ambiental e Saúde- SEC
Equipe Técnica CEAS/SEC: ANDERSON MACIEL FRANCA; ANDRé Luís Ribeiro de Macedo;ARMANDINA LÚCIA DO NASCIMENTO MOREIRA; ADOLPHO RIBEIRO S. NETTO
DIANA MARTINS TIGRE; DUWILLAMI EMBIRASSU DE ARRUDA; FABIO FERNANDES BARBOSA; IAN LIMA DE JESUS ZUGNO AGUZZOLI; MARIA
JOSÉ CARIBÉ AZEVEDO; Rosa maria pereira de gaspar; VIDALMA SÔNIA FERREIRA DE SOUZA.
Chefe de Gabinete- SEMA MARIANA STEFANELLI MASCARENHAS
Coordenadora da Secretaria Executiva dos Colegiados
Supervisão Técnica do Projeto: Alessandra Buonavoglia Costa-Pinto, AMÉLIA CERQUEIRA; RODRIGO STOLZE; SILVANI HONORATO
Welligton dos santos oliveira Ambientais - SEMA
Diretor Geral- SEMA
B151p BAHIA. Secretaria do Meio Ambiente
Programa de educação ambiental do Estado da Bahia: PEABA / Secretaria do Meio COMISSÃO INTERINSTITUCIONAL DE EDUCAÇÃO
Ambiente. – Salvador: EGBA, 2013. MÁRCIA CRISTINA TELLES DE ARAUJO GUEDES AMBIENTAL DO ESTADO DA BAHIA-CIEA-BA
168p. il.
Diretora Geral – INEMA Realização
Inclui bibliografia

1. Educação ambiental. 2. Meio ambiente - Bahia. 3. EDISON RIBEIRO DOS SANTOS ZANNA MARIA RODRIGUES DE MATOS - SEMA
Sustentabilidade ambiental. I. Secretaria do Meio Ambiente. II. Superintendente de Políticas e Planejamento FABIO FERNANDES BARBOSA - SEC
Título.
Ambiental - SEMA BERNADEDTH SIMÕES ROCHA - SOCIEDADE CIVIL
CDU 37:504(813.8) Coordenação da CIEA
ELABORAÇÃO DO PEA • Instituição Pública do Ensino Básico: • Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa do Estado • Organizações Não-Governamentais da Região da
Centro Municipal de Educação Infantil da Bahia: Chapada Diamantina:
COMISSÃO INTERINSTITUCIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Lírio do Vale Federações Empresariais Grupo Ambientalista de Palmeiras - GAP
DO ESTADO DA BAHIA-CIEA-BA (2009-2010)* Federação das Indústrias da Bahia – FIEB/CETIND Instituto Autopoiésis Brasilis
• Instituições Públicas Federais:
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
• Comunidades Tradicionais • Rede de Juventude e Meio Ambiente da Bahia-REJUMA
• Secretarias Estaduais: Renováveis – IBAMA.
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade- ICMBIO Comunidade Quilombola - Quilombo Araçá Volta - Bom
Secretaria de Meio Ambiente - SEMA; Jesus da Lapa • Rede de Educação Ambiental do Estado da Bahia-REABA
Secretaria da Educação - SEC; Comunidade Indígena Kaimbé - Euclides da Cunha
Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária – SEAGRI; • Poder Executivo do Município de Salvador:
Superintendência de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de • Reservas Particulares do Patrimônio Natural – RPPNs:
Secretaria de Saúde do Estado da Bahia – SESAB;
Salvador – SMA. • Organizações Não-Governamentais da Região Metropolitana de Associação de Proprietários de Reservas Particulares da
Secretaria de Desenvolvimento Urbano – SEDUR;
Salvador: BA - PRESERVA
Secretaria de Indústria Comércio e Mineração – SICM; • Poder Executivo de um Município da Região Metropolitana de
Secretaria de Turismo – SETUR; Fundação Crê
Salvador: • Instituição de Categorias Profissionais:
Secretaria de Cultura da Bahia – SECULT; Prefeitura de Madre de Deus
Secretaria do Planejamento –SEPLAN. • Organizações Não-Governamentais de Salvador: Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura - CREA
Prefeitura de Lauro de Freitas
Grupo Ambientalista da Bahia – GAMBÁ
• Universidades Públicas do Estado da Bahia: • Poder Executivo de um Município da Região da Mata Atlântica: • Central Sindical:
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB Secretaria de Meio Ambiente de Ilhéus • Organizações Não-Governamentais da Região da Mata Atlântica: Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Euclides da Cunha.
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB Instituto de Estudos Socioambientais do Sul da Bahia - IESB;
Universidade do Estado da Bahia – UNEB • Poder Executivo de um Município da Região do Cerrado: Natureza Bela • Coordenação Estadual dos Territórios de Identidade da Bahia:
Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS Prefeitura Municipal de Barreiras Território de Identidade Agreste de Alagoinhas/Litoral Norte
Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC • Organizações Não-Governamentais da Região da Caatinga:
Universidade Federal da Bahia - UFBA • Poder Executivo de um Município da Região da Caatinga: Instituto de Permacultura da Bahia – IPB
Prefeitura Municipal de Brumado Grupo Ambientalista Raízes de Castro Alves - GARÇA
• Universidades Privadas do Estado da Bahia:
Universidade Católica do Salvador – UCSAL • Poder Executivo de um Município da Região da Chapada * A presente composição dos membros da CIEA-BA está
• Organizações Não-Governamentais da Região do Cerrado:
UNIFACS- Universidade Salvador Diamantina: baseada na Resolução nº01/2009, vigente durante período
Secretaria de Meio Ambiente de Andaraí Corrente Verde
de elaboração do PEA.
COLABORADORES*

Abimael Soares Dantas; Bernadedth de Sousa Rocha Simões; Edvaldo Hilário dos Santos; Joaquim Mendes; Lorena Castro; Maria do Rosário Maciel de Freitas;
Adalberto Ferreira da Silva; Bruno Alencar; Eliecilda da C. Souza; Joás Brandão; Lorena Nunes Aguiar; Maria do Rosário Mascarenhas de Almeida
Adão Fernandes de Albuquerque; Carlos Renan M. Brito; Emerson Antônio Rocha Melo de Lucena; Johnny Andrade; Luanna Lima; Maria do Rosário R. Serra (in memoriam);
Agnaldo Alisson Azevedo Alves; Carolina F. L. Machado; Emílio Tapioca Jorge Bandeira Lucélia de Melo Berbert; Maria Duarte Figlende;
Alexandre Emanuel; Cássia Fortuna; Eunice Dias Ribeiro; Jorge Luiz Farias Silva; Luciana Brito; Maria José Caribé de Azevedo;
Almir Costa Requião; Ciomara Paim Couto; Evanilton Narciso Pereira Jorge Roque da Silva Bandeira; Luciane Oliveira; Maria Juciara;
Álvaro M. R. Torres ; Claudia Coelho Santos; Fernanda Sindlinger José Pereira de Santana; Lucimeire de Jesus Passos; Maria Luiza Santana Lucas;
Ana Claudia Fandi Cláudia Pereira de Souza; Frederico Loureiro José Ângelo S. A. Anjo; Lygia Paraguassú Batista; Maria Rosileide Bezerra Carvalho;
Ana Cristina M. G. Ferreira; Cláudia Santos da Silva ; Frederico Rosseter; José Augusto dos S. Silva; Major Machado; Maria Thereza Fontes e Castro;
Ana Izabel C. Cardoso Souza ; Cláudia Souza; Geovane Rocha de Freitas; José Augusto Tosato; Mama Thuzi Fati; Mariana Santana;
Ana Maria Tereza Froés Batalha; Cláudio Magalhães; Gilmar Bomfim Santos José Carlos de Rezende Sá Santos; Márcia G. Pinto; Mariana Stefanelli Mascarenhas;
Ana Paula Barros Campelo; Clélia M. Cortes; Gilson Correia Castro José Vieira; Márcia J. Rio; Marina Rodrigues Alonso;
Ana Paula de Lima Santos Almeida; Cleriston Oliveira; Gracima Silva Farias; Juliana Mattos Rocha; Márcia Soares Cordeiro; Mariza de Azevedo Santa Bárbara;
Ana Paula Orden Morais; Cornélia Bresslau de Almeida; Graziane Santos Juliano Souza Matos Márcia Trocoli; Marlene Queiroz Leite;
Anderson de A. Pereira; Cremilda Félix da Silva; Guarim Ferreira da Rocha; Jussara Rocha Nascimento; Márcio Alan A. Gama; Mércia Pereira
André Bandeira; Cristina Mara Ramos Santos; Iala Serra Queiroz; Kaique Q. Silva; Margareth Martinez Falcão; Milena Souza França;
André Sousa Dalvacy Araújo Porto Santiago; Idalécio dos Santos; Karine Queiroz Silva; Maria Alice Martins de Ulhôa Cintra; Miriam Santana de Oliveira;
Ângela Menezes da Silva; Daniela Cardoso; Irlande Oliveira Moreira de Jesus; Kirlian Ramos Alves; Maria Angélica de Jesus Souto; Mirian Silva;
Angélica Santos da Paixão; Daniele F.Falcão; Isabela Santana; Kitty Queiroz Tavares Maria Angélica Moura de Souza; Monaliza Santos;
Ângelo José Leite de Oliva; Denise Berti Goulart; Isabella C. Rodrigues Brito; Larissa Silveira; Maria Clarice Cerqueira Vieira; Nilson Vitorino Gonzaga;
Antonio Raimundo Santana Monteiro; Derval Macêdo; Ivanilton de Araujo Aquino; Leda Maria Santos Queiroz; Maria Conceição Soglia Nilton Cézar Machado Espínola;
Arthur Lima da Silva; Dione Vieria Caribé; Ivone Maria de Carvalho; Leonor Salgado; Maria Cristina Nascimento Vieira; Nivaldo Beuclair;
Arthur Soares Francelino; Edinete dos Santos Amorim; Jair Moreira Lima; Ligia Pitta Ribeiro; Maria da Conceição de Menezes Sóglia Patrícia Maria Barretto Matta;
Áurea Chateaubriand Andrade Campos; Edson Correia Lima; Jakline da Silva Oliveira; Lilian Gomes da Silva; Maria das Graças Xavier; Patrícia Silva de Figueredo Oliveira;
Benevaldo Guilherme Nunes; Eduardo Ayrosa João Bosco da Silva Jr; Livia Borges; Maria de Lourdes Cajueiro; Patrícia Soares Gomes;
Berenice Lima Peres; Eduardo Mattedi Furquim Werneck ; João Gonçalvez de Souza; Loran de J. Santos; Maria do Rosário Loppes; Patrícia Souza dos Santos;
Apresentação É com grande satisfação que o Governo do
Estado da Bahia, através do Órgão Gestor da
Paula Cristina Souza Ribeiro; Sandra de Oliveira Barbosa Lima;
Paulo Cesar Cardoso das Virgens; Sandra Denise Pereira; Política Estadual de Educação Ambiental, coor-
José Paulo Novaes Sargento Gracina; denado pelas Secretarias do Meio Ambiente e da
Paulo Paiva; Silvia Caroline Midlhey Grillo;
Paulo Tomé dos Santos; Silvio Roberto dos Anjos e Silva; Educação, apresenta a publicação do Programa de
Pedro Cortes ; Sinara Milene C.Landim Basteto; Educação Ambiental do Estado da Bahia-PEA-BA.
Severino Agra Filho; Solange Alcântara Neves da Rocha;
Rachel Evangelista Santos; Sonia M. O. Andrade; Um aspecto que valoriza este documento, até
Railton Oliveira Santos; Soraya Rodrigues Midlej ; mais que seu próprio conteúdo, é a forma pela qual
Raimundo José P. Nascimento Sueli Rocha Ferreira;
Raimundo R. Santos; Suely Abad; foi elaborado, ou seja, não se trata de um documen-
Regiane Ferreira Andrade; Suely Rita Mª de Carvalho to escrito por especialistas ou técnicos de governo,
Regina Maria Curi da Silva; Susan Mara L. Gumes;
Reginaldo da Silva Santos; Tâmara Azevedo Cardoso; mas pelo conjunto dos educadores ambientais da
Reinaldo Moreira Dantas; Tania Maria Mota Rios; Bahia.
Ricardo Azevedo Duarte; Terezinha Lotada; *A presente relação foi referendada pela
Ricardo Jose de Castro Mota; Thaise Lima Pinto; CIEA com base nas listas de presença das A construção do Programa deu-se de modo ar-
Rita Couto; Tiago Marcelino; Oficinas de elaboração do PEA, Reuniões ticulado à Consulta Pública da minuta da Política
Rita de Cássia Nascimento; Tônia Maria Dourado Vasconcelos; de Grupos de Trabalho e Câmaras Técnicas
Rita Miranda; Valmira Queiroz Pereira; sobre a temática. Estadual de Educação Ambiental (atual Lei nº
Rita Silvana Santana dos Santos; Valquiria Almeida; 12.056/2011), a qual reuniu aproximadamente
Rodrigo Stolze Pacheco; Vanuza Gazar dos Reis;
Ronan Xavier Corrêa; Wican Santana de Oliveira.
5.000 pessoas em 26 Seminários territoriais. A ela-
Rozimar de Campos Pereira boração deste Programa foi resultante de sistemati-
Rusdenil Eranco Lima;
Rute Dantas Vieira;
zação do conteúdo debatido nas Consultas.

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Vale destacar que quanto ao conteúdo, as-
sim como na forma da elaboração, há grande
Ainda que o PEA, por meio dessas estratégias,
abarque uma ampla gama de possibilidades para
Sumário
sintonia entre a Lei e o Programa de Educação a ação da sociedade civil, do setor econômico e 19 Introdução
Ambiental, que destacam a COMUNICAÇÃO, a do Estado, seu sentido depende do amplo envol- 27 Justificativa
TRANSVERSALIZAÇÃO e a AVALIAÇãO como vimento de todos em seu desenvolvimento. 43 Processo de construção do PEA-BA
eixos estruturantes. 51 Conceituando a Educação Ambiental
O monitoramento e a avaliação da im-
59 Objetivos
O PEA estabelece também 08 Áreas plementação do PEA, coordenado pelo Órgão
61 Princípios e Diretrizes
Temáticas e suas Estratégias para o desen- Gestor da Política de Educação Ambiental, deverá
65 Áreas Temáticas e Estratégias de Educação Ambiental
volvimento dos Eixos Estruturantes, desta- ser permanente e requererá amplo envolvimento 85 Comunicação
cadas e detalhadas neste Programa, a saber: da sociedade. 91 Transversalização da Educação Ambiental
a Educação Ambiental no Ensino Formal; a O monitoramento e a avaliação permitirão re- 99 Avaliação
Educação Ambiental Não-Formal; a Educação forçar o caráter dinâmico, incremental e continu- 105 Considerações Finais
Ambiental na Gestão das Águas; a Educação ado deste documento em movimento. 107 Referências
Ambiental no Saneamento Ambiental; a Espera-se que o PEA seja reescrito no futuro, 111 Glossário
Educação Ambiental na Gestão das Unidades não em função de alguma inadequação do do- 119 Anexo I - Temas chave para a Educação Ambiental nos Territórios
de Conservação; a Educação Ambiental na cumento ora apresentado, mas, das novas pers- 135 Anexo II - Estratégias para a Educação Ambiental no Sistema Estadual do
Gestão Municipal; a Educação Ambiental pectivas políticas e pedagógicas que surgirão Meio Ambiente: Desenvolvimento da Política e do Programa Estadual
para o Licenciamento e a Educomunicação com seu pleno desenvolvimento e sua avaliação 163 Anexo III - Mapeamento de Experiências Sociais voltadas para a Sustentabilidade
Socioambiental. processual. nos Territórios ne Identidade na Bahia

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LISTA DE SIGLAS DEA/MMA Departamento de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente
ADAB Agência Estadual de Defesa Agropecuária DIEAS Diretoria de Educação Ambiental para a Sustentabilidade
CAR Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional DIREC Diretoria Regional de Educação
CCPB Conselho de Controle de Poluição do Estado da Bahia DIRES Diretoria Regional de Saúde
CEPRAM Conselho Estadual do Meio Ambiente EBDA Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola
CERB Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos da Bahia FNMA Fundo Nacional do Meio Ambiente
CGEA/MEC Coordenação Geral de Educação Ambiental do Ministério da Educação IDH Índice de Desenvolvimento Humano
CIEA-BA Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental do Estado da Bahia INEMA Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
CNIJMA Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente MEC Ministério da Educação
CNMA Conferência Nacional do Meio Ambiente MMA Ministério do Meio Ambiente
COM-VIDA Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida na Escola NM Núcleos Mobilizadores dos Territórios de Identidade
CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente OEA Organização dos Estados Americanos
DEA Diretoria de Educação Ambiental OG Órgão Gestor da Política Estadual de Educação Ambiental

14 • PEA-BA | Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 15
ONG Organização Não-Governamental REBEA Rede Brasileira de Educação Ambiental
PAP Pesquisa Ação Participante REBECA Rede Brasileira de Educomunicação Ambiental
PCN Parâmetros Curriculares Nacionais
SEARA Sistema Estadual de Administração dos Recursos Ambientais
PEA-BA Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia
SEC Secretaria de Educação
PEEA-BA Política de Educação Ambiental do Estado da Bahia
SEI Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia
PNEA Política Nacional de Educação Ambiental
SEIA Sistema Estadual de Informações Ambientais
PNMA Política Nacional do Meio Ambiente
SEIEA Sistema Estadual de Informações sobre Educação Ambiental
PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
SEMA Secretaria do Meio Ambiente
PPA Plano Plurianual
SISEMA Sistema Estadual do Meio Ambiente
PPP Projeto Político Pedagógico
SPA Superintendência de Políticas e Planejamento Ambiental do Estado da Bahia
ProEASE Programa de Educação Ambiental do Sistema Educacional
UC Unidade de Conservação
ProFEA Programa Nacional de Formação de Educadores Ambientais
UNESCO Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura
ProNEA Programa Nacional de Educação Ambiental
TI Território de Identidade
REABA Rede de Educação Ambiental da Bahia

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Introdução Seja Bem Vindo...
Seja Bem Vinda...
Seja Bem Vida...
Você tem nas mãos o produto do sonho de mui-
tas mentes e corações que num árduo e longo tra-
balho participativo consolidaram este Programa de
Educação Ambiental do Estado da Bahia (PEA-BA),
acreditando que é possível construir novos cami-
nhos civilizatórios com mais justiça social, equida-
de econômica e equilíbrio ambiental.
“Sonhamos com um mundo ainda por vir,
Entre, transite por suas páginas, habite estes con-
(...) com o cuidado assumido como o
teúdos teórico-metodológicos pensados, discuti-
"ethos" fundamental do humano
dos e construídos pela Comissão Interinstitucional
e como compaixão imprescindível para
de Educação Ambiental da Bahia (CIEA-BA) para
com todos os seres da criação” (Boff, 1999, p.13)
que possam servir como referência para a elabo-
ração de outros programas , projetos e ações de
educação ambiental no Estado.
A partir da sanção da Lei nº 12.056 de 07 de ja-
neiro de 2011 que institui a Política de Educação

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Ambiental do Estado da Bahia foi criado o marco le- Bahia, através das Secretarias do Meio Ambiente também as bases para a captação de recursos fi- da riqueza cultural dos Territórios de Identidade2
gal para a Educação Ambiental no Estado, para sua e da Educação, conjuntamente com a CIEA-BA, nanceiros nacionais, internacionais, destinados à (TI), sendo fundamental sua valorização e respei-
regulação e para a elaboração deste PEA-BA, assim vem consolidando as bases para a implementação implementação da educação ambiental. to. Tomando como exemplo os dizeres da com-
como, demais leis municipais relacionadas ao tema. da Política Estadual de Educação Ambiental, Assim, a CIEA-BA1, enquanto colegiado de ca- posição “Lamento Sertanejo” de Dominguinhos e
O modelo econômico mundial vigente tem baseado num processo pioneiro de construção ráter deliberativo no seu âmbito, juntamente com Gilberto Gil, torna-se evidente o quanto é impor-
ocasionado profundos problemas sociais, acompa- participativa. a DEA/ SEMA (atual DIEAS/SEMA), no intuito de tante a valorização dada pela CIEA-BA às ações
nhados de graves impactos ao meio ambiente, em A Lei nº 12.056/2011, construída através de subsidiar as necessárias ações para o empoderamen- de construção coletiva, num profundo respeito
muitos casos irreversíveis, seja pelo irresponsável consulta pública, como estratégia de articulação to e autonomia das comunidades na construção de pela diversidade e pelas diferentes realidades nos
consumo de recursos naturais, seja pela poluição democrática, dispõe sobre os conceitos, objeti- um projeto civilizatório mais harmônico, justo, so- Territórios de Identidade.
ambiental expressa em todas as suas possibilida- vos, princípios, diretrizes, instrumentos e linhas de lidário e sustentável, vêm trabalhando coletivamen-
des, colocando em risco a vida de todo o plane- ação para a implantação da Política de Educação te para a institucionalização e enraizamento da
ta. Frente a esta condição, a educação ambiental, Ambiental, estabelece os órgãos de gestão, as obri- Política Pública da Educação Ambiental através da
entendida como uma das possíveis vias de mu- gações e direitos do Estado e dos parceiros e desta- Comunicação, da Transversalização e da Avaliação -
1
Criada por Decreto do Governo do Estado (nº 9.083 de 28 de abril
dança, ganha um papel relevante como instância ca a necessidade da elaboração do PEA-BA. eixos estruturantes - e da Territorialidade. Estes eixos
de 2004, posteriormente revogado e reiterada pela Lei nº 10.431
não-neutra, que, enquanto potencial ato político, O Programa deve ser entendido como um con- estruturantes na concepção do PEA-BA lhe confe- de 20 de dezembro de 2006)
fomenta a construção de valores para a transforma- junto de diretrizes e estratégias para orientar a im- rem uma identidade e uma dinâmica que facilitam a 2
Forma de regionalização territorial vigente desde 2003 no
ção socioambiental. plementação da Política e como referência para a apropriação do sentido para o qual foi criado. Estado da Bahia, pautada não somente em limites espaciais,
Convicto do papel relevante que a Educação elaboração de programas e projetos setoriais ou A Territorialidade por sua vez, traduz as mul- mas considerando principalmente as peculiaridades locais e
as identidades em comum, definidas por gestores municipais,
Ambiental desempenha, o Governo do Estado da territoriais de educação ambiental, estabelecendo tiplas formas de manifestação da diversidade e movimentos sociais e sociedade civil organizada.

20 • PEA-BA | Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 21
Tal valorização propicia a participação de di- Já a Avaliação, enquanto orientação do PEA- periodicamente por todos aqueles que nele se ins-
versas instâncias e atores envolvidos com a edu- BA atende aos princípios de: “Garantia de conti- piram para realizar suas atividades de educação
Por ser de lá cação ambiental, a partir de sua própria realidade, nuidade e permanência do processo educativo”; ambiental.
Do sertão, lá do cerrado caracterizando assim a Territorialidade, em aten- “Permanente avaliação crítica e construtiva do Sua essência participativa, traduzida nos
Lá do interior do mato dimento à diretriz de “descentralização espacial” processo educativo”; “Coerência entre o pensar, Seminários de Consulta Pública da Minuta da
Da caatinga do roçado. do Programa Nacional de Educação Ambiental o falar, o sentir e o fazer” e o de “Transparência” PEEA-BA, dentre outras ações implícitas na meto-
Eu quase não saio (ProNEA, 2005) e busca garantir a legitimidade do (ProNEA,2005). dologia utilizada pela CIEA-BA, resultou num pro-
Eu quase não tenho amigos processo pela co-responsabilidade contextualiza- O PEA-BA visa orientar e fortalecer ações, pro- cesso coletivo de construção, no qual a participa-
Eu quase que não consigo da dos participantes. jetos e programas setoriais e territoriais na sua rica ção da sociedade civil teve papel significativo na
Ficar na cidade sem viver contrariado. Da mesma forma, a Comunicação e a e complexa diversidade. definição de prioridades da Política de Educação
Por ser de lá Transversalização, ao estarem presentes de for- Considerando que a elaboração e a implanta- Ambiental no Estado.
Na certa por isso mesmo ma integrada ao PEA-BA, atendem à diretriz da ção de um programa ou de um projeto devem vir A necessidade da participação da sociedade na
Não gosto de cama mole Política: “Transversalidade e Interdisciplinaridade”, acompanhadas de um processo de avaliação con- esfera pública para o real exercício da cidadania
Não sei comer sem torresmo. bem como aos seus princípios: “Abordagem ar- tínuo que possibilite revisões, aperfeiçoamento, é ressaltada por Sherer-Warren (2002). A despeito
Eu quase não falo ticulada das questões ambientais locais, regio- atualizações e o restabelecimento de prioridades, dos muitos desafios que tiveram que ser vencidos,
Eu quase não sei de nada nais, nacionais, transfronteiriças e globais” e o PEA-BA não deve ser visto como um documen- a CIEA-BA acredita que é no processo participati-
Sou como rês desgarrada “Democratização na produção e divulgação do to finalizado ou estático. Pelo contrário, constitui- vo que podem ser estabelecidas ou consolidadas
Nessa multidão boiada caminhando a esmo. conhecimento e fomento à interatividade na infor- -se num documento em processo permanente formas mais harmônicas e produtivas de inte-
mação” (ProNEA, 2005). de construção coletiva, que deve ser revisitado ração entre a sociedade civil e o poder público,

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possibilitando o fortalecimento da construção de estabelece nas comunidades que se unem em “O sujeito pensante não pode pensar sozinho; Assim, o Programa de Educação Ambiental
novos rumos para a sustentabilidade. busca do bem comum, também está de acordo não pode pensar sem a co-participação de outros do Estado da Bahia (PEA-BA) somente tornar-
Dialogando com diversos autores que escre- com as formas de trabalho propostas para elabo- sujeitos no ato de pensar sobre o objeto. Não há -se-á vivo e transformador, na medida em que
veram sobre a importância da participação da ração do PEA-BA, no sentido de fazer com que um ‘penso’, mas um ‘pensamos’. É o ‘pensamos’ for “habitado” por todos os que, consultando-o,
sociedade para a consolidação de uma demo- todos sejam gestores de seus próprios destinos. que estabelece o ‘penso’ e não o contrário. Esta co- fizerem dele uma ferramenta de trabalho liber-
cracia ativa, destacam-se também significati- Em se tratando de um Programa inserido -participação dos sujeitos no ato de pensar se dá na tária e transformadora, na busca participativa
vas idéias norteadoras do processo no qual a numa política pública de educação ambiental, comunicação” (Freire, apud ProNEA, 2005, p.10). pela sustentabilidade.
CIEA-BA investiu. Franco (2002), por exemplo, o PEA-BA entende que somente pode alcançar
afirma que quando se fala em mudança social, seus objetivos, se forem estabelecidas relações
necessariamente deve-se pensar nas relações horizontais de gestão, com a participação de
estabelecidas entre os membros que constituem todos os envolvidos direta ou indiretamente
a sociedade. Desta forma, o PEA-BA entende (Barkin, 1999).
que somente através da participação de todos Podemos concluir com duas frases do mestre
os atores envolvidos é que será construído o Paulo Freire:
necessário sentido de comunidade e pertenci- “O sujeito que se abre ao mundo e aos outros
mento, o que estimulará movimentos de coope- inaugura com seu gesto a relação dialógica em
ração e colaboração. que se confirma como inquietação e curiosidade,
Por outro lado, a afirmação de Brandão (2005) com inconclusão em permanente movimento na
sobre a relação de aprendizagem mútua que se História” (Freire, 1996, p.137).

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Desde a metade do século XX, temas como
Justificativa desigualdade social, fome, desmatamento, perda
da biodiversidade, escassez de recursos hídricos e
aquecimento global, entre outros, têm ocupado de
forma crescente, não somente as pautas de discus-
são de ambientes científicos, mas principalmente de
ambientes políticos e econômicos em escala global.
Em decorrência da crise socioambiental pela
qual passa o Planeta, os países, em suas instâncias
organizativas foram consolidando convenções,
“(...) é fundamental a centralidade do "Pathos"3
acordos, pactos e legislações na tentativa de con-
a recuperação do "Eros"4 e a revelação
cretizar formas mais sustentáveis de ação. O Brasil,
da lógica do coração”
compromissado com este processo, também tem
(Leonardo Boff)

3
Pathos (gr. Sofrimento) Este termo por extensão pode ser
atrelado à palavra paixão, capacidade de sentir (Boff, 1999).
4
Eros (Gr. Desejo, amor). Na antiga Grécia, Eros designava o
amor, o deus do amor (Japiassu, 1996)

Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 27


participado ativamente de forma crescente nos Em 1987 o Ministério de Educação (MEC) apro- ressalta a necessidade de fortalecer as orientações em que a crise decorrente dos processos de globa-
últimos 20 anos, deste processo, através de várias va o Parecer nº 226 que determina a inclusão da de Tbilisi6, quanto à priorização do investimento lização do sistema econômico se acentuou, a edu-
ações que partiram tanto do poder público, como educação ambiental nos currículos escolares do 1º na formação de pessoas nas áreas formais e não cação ambiental começou a ser vista com maior
da sociedade civil organizada. e 2º graus5, de acordo com a realidade local e pro- formais da educação ambiental. propriedade, como uma possibilidade de alavan-
Para que seja entendida a relevância do PEA-BA movendo a integração entre escola e comunidade, Em 1988, no Capitulo VI, artigo nº 225 da car as mudanças que pudessem se contrapor a este
e a forma como foi consolidado, em sua riqueza e como estratégia de aprendizagem. Constituição Federal do Brasil, foi indicado que cenário.
dimensão, é importante apresentarmos uma rápida Neste mesmo ano, a Organização das Nações é de incumbência do poder público: “promover a Em 1992, realiza-se no Rio de Janeiro a 2ª
retrospectiva sobre alguns aspectos do histórico da Unidas para Educação, Ciência e Cultura educação ambiental em todos os níveis de ensino Conferência das Nações Unidas para o Meio
educação ambiental que alavancaram e justifica- (UNESCO) promove em Moscou, na Rússia, e a conscientização pública para a preservação do Ambiente e Desenvolvimento (RIO92), conso-
ram este processo no Estado. um Congresso Internacional sobre Educação e meio ambiente”. lidando a Agenda 21 Global como um dos seus
No ano de 1981, em ressonância à abertura de- Formação Relativas ao Meio Ambiente. Neste even- Este marco histórico foi preparando um cenário importantes documentos, assinada por vários pa-
mocrática instaurada nesta década, é promulgada to foi elaborado um documento final “Estratégia de crescente compromisso para todas as instâncias íses. Neste evento, houve uma intensa participa-
a Lei nº 6.938, que instituiu a Política Nacional Internacional de Ação em Matéria de Educação e organizativas nacionais. Na década de 90, época ção de representantes da sociedade civil organi-
de Meio Ambiente (PNMA). Esta, em seu Art. 2º, Formação Ambiental para o decênio de 90”, que zada e movimentos sociais no Fórum Global de
aponta como um de seus princípios, a educação Organizações Não Governamentais (ONGs), que
ambiental em todos os níveis de ensino, incluin- de maneira inédita e pela primeira vez na história,
6
Em 1977 foi realizada em Tbilisi, na Ex-União das Repúblicas
do a capacitação da comunidade, como requisi- discutiram e assinaram seus tratados. Entre estes
Socialistas Soviética, a Conferência Intergovernamental de
to de sua “participação ativa na defesa do meio Educação Ambiental, conhecida como Conferência de Tbilisi, documentos, o Tratado de Educação Ambiental
ambiente”. 5
Os correspondentes ao Ensino Fundamental e Médio da nova primeiro encontro oficial das Nações Unidas que teve como para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade
estruturação do ensino formal. tema central a Educação Ambiental.

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Global7, ocupa um lugar de destaque e, juntamen- A ampliação da participação social no III Um ano depois, em 1998, em Brasília acontece De 2001 a 2009 sucederam-se intensos mo-
te com a Carta da Terra8, passou a ser referência Fórum de Educação Ambiental, em 1994, foi a Cúpula das Américas com apoio da OEA e da vimentos, eventos e decisões políticas com um
para as ações e para a consolidação das políticas um estímulo para a organização do IV Fórum UNESCO, que definem o ano de 2002 como limite crescente enraizamento da educação ambiental
públicas em educação ambiental. e o Iº Encontro da Rede Brasileira de Educação para a revisão das políticas nacionais de educação no país, pautado no estreitamento e fortalecimen-
Na década de 90, ocorreram outros eventos Ambiental em caráter nacional, que ocorreu em dos países participantes, buscando a promoção de to crescente da relação entre o poder público e
importantes para a educação ambiental, com 1997, no Espírito Santo, organizado pela Rede um pensamento latino-americano e caribenho so- sociedade:
destaque para os Fóruns de Educação Ambiental, Brasileira de Educação Ambiental. Pela sua am- bre Educação para o Desenvolvimento Sustentável. • Os resultados do 1º Encontro Nacional de
que tiveram início a partir da iniciativa e inten- pla participação nacional, o referido Encontro Em 1999, é promulgada a Lei nº 9.795 que insti- Educação Ambiental para as Secretarias Estaduais
sa mobilização da sociedade civil, movimentos foi considerado o maior evento da educação tuiu a PNEA. Em seguida, o MMA criou a Diretoria de Educação, promovido pela COEA/MEC em
sociais e universidades. Em 1989 e 1991 foram ambiental já ocorrido, enfatizando a amplitude do Programa Nacional de Educação Ambiental, 2000, ressaltaram o grande interesse dos estados
realizados, repectivamente, o I e II Fórum, com e a diversidade da educação ambiental que se modificando sua estrutura para um Departamento em construir políticas públicas para educação am-
considerável participação da sociedade civil, po- faz no país. de Educação Ambiental, começando a estimular biental, entretanto, o tema ainda é tratado ainda
rém restrita à região sudeste. No mesmo ano, foi realizada a I Conferência a criação das CIEAs nos Estados, através de suas marginalmente ;
Nacional de Educação Ambiental e o documen- ações de gestão descentralizada e participativa. • Fortalecimento das Redes de Educação
to chamado a “Carta de Brasília” definiu cin- A partir de 2000, a Câmara Técnica de Educação Ambiental e consolidação de novas Redes como
co áreas temáticas para a educação ambiental Ambiental do CONAMA, criada em 1995, passa a uma expressão da capacidade de ação da comu-
7
O Tratado foi fruto da 1ª Jornada Internacional de Educação no Brasil. O MEC apresenta os PCNs nos quais ser permanente e o Governo Federal incluiu pela nidade em todas as suas instâncias de organiza-
Ambiental realizada durante a Eco92
8
Declaração de princípios éticos fundamentais para a constru- a dimensão ambiental é tratada como tema segunda vez a educação ambiental no PPA de ção. A ação das redes de educação ambiental fez
ção, no séc. XXI, de uma sociedade global, justa, sustentável transversal. 2000-2003, desta vez vinculada ao MMA. com que o MEC revisse a decisão de extinguir a
e pacífica.

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Coordenação de Educação Ambiental (COEA), construção de Agendas 21 locais; fortalecida pelo envolvimento de pessoas de todo reconhecimento dos avanços em termos conceitu-
que se transformou em Coordenação Geral de • Em 2002 é promulgado o Decreto Federal o país, transformando-as em educadores e educa- ais e metodológicos;
Educação Ambiental (CGEA); nº 4.281, que regulamenta a Lei nº 9.795, dando doras ambientais populares; • É estabelecida pela UNESCO a Década da
• Consolidação gradativa de estruturas como condições para a implementação de uma Política • Em 2004, em Goiania, a realização do 1º Educação para o Desenvolvimento Sustentável
Parâmetros Curriculares em Ação, que trazem a Nacional de Educação Ambiental; Encontro Governamental Nacional sobre Políticas (2005-2015), da qual se espera que todas as ins-
educação ambiental de forma transversal para o • Consolidação do Órgão Gestor da Política Públicas de Educação Ambiental, cujo documento tâncias possam participar em co-autoria;
âmbito do ensino formal; Nacional de Educação Ambiental, composto pelos final “Compromisso de Goiânia”, defende a cria- • Em 2005, realizou-se em Salvador (BA) o
• Em 2001 foi promulgada a Lei nº 10.172 que MMA e MEC com a missão de definir diretrizes de ção de políticas e programas estaduais e munici- 1º Encontro Nacional de CIEAs e o 1º Encontro
instituiu o Plano Nacional de Educação 2001- educação ambiental em âmbito nacional, contan- pais de educação ambiental que estejam sintoni- Nacional da Rede Brasileira de Educomunicação
2010, recomendando o desenvolvimento da edu- do com o apoio de um Comitê Assessor no qual zados com o ProNEA; Ambiental (REBECA), fortalecendo esta relação en-
cação ambiental no meio escolar como prática está prevista a participação de um representante • Em 2004 e 2009 realizaram-se os V e VI tre poder público e comunidade;
educativa transversal; das CIEAs; Fóruns de Educação Ambiental, respectivamen- • Em julho de 2007, também na Bahia, ocor-
• Lançamento oficial da Agenda 21 Brasileira • Realização das CNMA e das CNIJMA, como te, consolidando os Fóruns como importantes es- reu o Encontro Nacional de Gestores Estaduais
com duas ações temáticas diretamente ligadas à mais dois espaços para o fortalecimento dos pro- paços da agenda da educação ambiental do país de Educação Ambiental onde a proposta para o
educação, a saber, “Educação permanente para o cessos de empoderamento e autonomia das comu- para promover a articulação, a troca e a divulga- Sistema Nacional de Educação Ambiental, ela-
trabalho e a vida” e “Pedagogia da sustentabilida- nidades, na consolidação de modelos democráti- ção de experiências regionais e locais desenvol- borada pelo Órgão Gestor da PNEA, foi apre-
de: ética e solidariedade”; cos participativos; vidas pelos diferentes setores da sociedade. Estes sentada ao Comitê Assessor do Órgão Gestor e
• O Fundo Nacional de Meio Ambiente • Formulação do ProFEA em 2003, que tendo espaços possibilitaram a realização de um balan- aberta, oficialmente, para a Consulta Pública,
(FNMA) do MMA publica o Edital 013/2001 para a como base a Pesquisa Ação Participante (PAP) é ço e uma avaliação da educação ambiental e o junto aos gestores estaduais de educação

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ambiental e representantes de CIEAs de todas Educação Ambiental da Bahia, onde ressaltou-se pelo desenvolvimento industrial sobre a saúde da Em 2002, a Bahia deu mais um passo impor-
as unidades da federação; a construção de sociedades plurais, sustentáveis e população, porém sem a participação da socieda- tante em direção ao avanço da gestão ambiental,
• Entre 2007 e 2009 foram realizados, dentre democráticas, para o enfrentamento das questões de civil (Governo do Estado da Bahia, 2004). com a criação da SEMARH, atendendo a uma
outros, a IV Conferência Mundial de Educação socioambientais locais e globais. Este Conselho foi a semente que deu origem demanda da sociedade civil organizada, que rei-
Ambiental para um Futuro Sustentável, em Este breve histórico pontua a trajetória da edu- à criação do primeiro conselho estadual de meio vindicava a criação de uma estrutura que reunisse
Ahmedabad, na Índia, organizada pela UNESCO e cação ambiental no país e vale aqui apresentar um ambiente do Brasil, o CEPRAM, instituído em os órgãos ligados à questão ambiental, ao plane-
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente histórico paralelo sobre a trajetória da Bahia nas 1973, um ano após a 1º Conferência sobre Meio jamento, licenciamento e controle, à proteção da
(PNUMA), onde a delegação brasileira defendeu questões ambientais e na educação ambiental, de- Ambiente (Conferência de Estocolmo), organizada biodiversidade e dos recursos hídricos. Em 2008, a
a promoção de uma 2ª Jornada Internacional do monstrando que é antiga a luta pela melhoria da pela ONU e, chamado desde 1993, de Conselho SEMARH passou a ser denominada SEMA, com a
Tratado de Educação Ambiental para Sociedades qualidade socioambiental do Estado, promovida de Meio Ambiente. implementação da sua reforma administrativa (Lei
Sustentáveis e Responsabilidade Global; o VI pelo poder público e pela sociedade civil. A década de 80, marcada no país pelo cresci- nº 11.050/08).
Fórum Brasileiro de Educação Ambiental no Rio Antes mesmo da promulgação da Política mento dos movimentos sociais, fez emergir na Bahia Atendendo a uma demanda de movimentos
de Janeiro e o VI Congresso Iberoamericano de Nacional do Meio Ambiente de 1981, a Bahia os primeiros grupos ambientalistas organizados em ambientalistas e de educação ambiental, em 2003
Educação Ambiental na Argentina; dava um passo importante na construção dos torno da luta contra a poluição e a degradação am- foi criada a Diretoria de Educação Ambiental, com
Em março de 2012 foi realizado em Salvador- instrumentos de gestão ambiental do estado. Em biental no Estado. A pressão dos movimentos garan- coordenação, equipe técnica e orçamento. Neste
Ba, o VII Fórum Brasileiro de Educação Ambiental 1970 foi criado o CCPB, considerado um avanço tiu que a partir de 87, o CEPRAM articulasse estado, mesmo ano, foi iniciado o processo de mobilização
– Rumo às Sociedades Sustentáveis, promovi- em termos de controle ambiental, reunindo se- sociedade civil organizada em órgãos de classe, para a criação da CIEA-BA, instituída oficialmen-
do pela REBEA – Rede Brasileira de Educação tor produtivo, poder público e setor da Marinha. movimentos sociais, universidades e setor privado, te em 2004, através do Decreto Governamental nº
Ambiental e organizado pela REABA – Rede de O CCPB tratava dos impactos ambientais gerados em suas ações (Governo do Estado da Bahia, 2004). 9.083/2004 (Azevedo, 2008).

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As Conferências Estaduais de Meio Ambiente, 2008). O Estado foi dividido em 21 regiões adminis- um patrimônio da humanidade por sua biodiversi- cultura africana torna-se muito evidente tanto na
a primeira em 2007 e a segunda em 2008 - pre- trativas em 1999 e, desde 2003, com o impulso da dade; e a Zona Costeira e Marinha. culinária como no sincretismo religioso.
cedidas de encontros regionais- e a Conferência regionalização no planejamento territorial foi ado- Além de uma rica diversidade de ecossistemas, O estado possui também uma significativa rique-
Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente em 2009, tada a divisão em 26 Territórios de Identidade (TIs) o Estado abriga espécies endêmicas, sendo consi- za cultural representada por diversas comunidades
reuniram diversos segmentos da sociedade que e mais recentemente, em 2011, passando para 27. derado um importante guardião da biodiversidade tradicionais, tais como quilombolas, indígenas, pes-
levantaram propostas, diretrizes e temas prioritá- Os Territórios de Identidade foram constituídos a tropical. cadores, marisqueiras, comunidades de terreiro,
rios para a gestão ambiental na Bahia, aprovando partir da especificidade dos arranjos locais de cada Praias como as de Itaparica, Porto Seguro, dentre outras. Destaca-se também a diversidade de
deliberações encaminhadas ao Ministério do Meio região, com o objetivo de identificar oportunidades Arraial d'Ajuda, Trancoso e o Parque Nacional gêneros musicais, como os sambas-de-roda, folias,
Ambiente, bem como recomendações a outros ór- de investimento e prioridades temáticas definidas a Marinho de Abrolhos, detêm a maior variedade de reisados, cantos de lavagem e cantos de trabalho.
gãos e instituições de governo. partir da realidade de cada território, possibilitan- corais do país. O sertanejo, povo corajoso, apegado às tradi-
É importante ressaltar a dimensão e o significado do o desenvolvimento equilibrado e sustentado de Na Chapada Diamantina, localizada na região ções e com um sentimento religioso muito mar-
do Estado inserido neste processo. A Bahia repre- cada região (CIEA, 2005). central do Estado, são destaque as cachoeiras, gru- cante desenvolveu práticas culturais e de organi-
senta o mais extenso e populoso estado do nordes- A Bahia abriga quatro dos principais Biomas tas e cavernas. Além disso, mais 4,2% de sua área, zação comunitária caracteristicas para enfrentar
te, com mais de 14 milhões de habitantes em 2010, Brasileiros com alta diversidade: o Cerrado, o que corresponde a 2,4 milhões de hectares (área às dificuldades e os desafios impostos pelas con-
distribuídos de forma desigual em 417 municípios. destacando-se por conter importantes Bacias equivalente a do Estado de Sergipe), está ocupada dições ambientais adversas do semiarido. Euclides
Possuidor da faixa litorânea mais ampla do Brasil, Hidrográficas, como a Bacia do Rio São Francisco, por estações ecológicas, áreas de proteção am- da Cunha descreve o sertanejo, em um trecho do
com 1.183 km, é o quinto estado em área territorial além de sua importância na agricultura do estado; biental, parques, cinturões verdes e reservas. seu livro Os Sertões: “(...) um titã acobreado e po-
com 564.692,67 km². A maior parte de seu terri- a Caatinga - ocupando a maior porção territorial Reside, também, na Bahia o maior número re- tente, num desdobramento surpreendente de for-
tório encontra-se na região semi-árida 68,7% (SEI, do estado; a Mata Atlântica - reconhecida como lativo de negros do país, sendo que a influência da ças e agilidade extraordinárias...”

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Salvador, capital do Estado, possui um O estudo de Alcoforado (2003), com base em lençol freático; à poluição dos rios e lagos por es- da fauna local; pesca ilegal; carcinicultura; mata-
grande patrimônio ambiental e cultural. Suas dados do IBGE, alardeia a situação do saneamento gotos e agrotóxicos; a esgotos a céu aberto; à falta douros; extração ilegal e venda de madeira.
construções do período colonial (igrejas, for- ambiental no Estado, apontando que a Bahia pos- de coleta e destinação inadequada dos resíduos A CIEA, tendo como princípio e fundamento de
tes, casarões do Pelourinho) são tombadas sui a maior quantidade de domicílios sem banheiro sólidos urbanos, rurais e hospitalares, orgânicos e ação a construção participativa, em consonância
pela UNESCO como patrimônio cultural da ou sanitário; sem rede de esgoto ou fossa séptica; não orgânicos e à disposição de lixo a céu aberto. com a Política Nacional de Educação Ambiental
humanidade. com o maior número de casas sem abastecimento Com relação a gestão dos recursos naturais, fo- (Lei nº 9.795/99) e seu Decreto (nº 4.281/2002);
Apesar de todas estas riquezas, é um esta- de água nem coleta de lixo do Brasil. Disso resul- ram apontados conflitos oriundos de interesses co- com o Tratado de Educação Ambiental para
do caracterizado por grandes contrastes sociais ta um número expressivo de pessoas que bebem letivos e individuais relacionados à apropriação Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade
pela má distribuição de renda; ocorrência de água sem tratamento, retiradas em poços, açudes, de terras e dos bens naturais afetando ecossistemas Global e com a Carta da Terra, constituiu-se como
diversos conflitos pela posse da terra e pelo nascentes, rios ou lagos. do Cerrado, da Caatinga, da Mata Atlântica, dos instancia mobilizadora da consulta popular baliza-
acesso à água, à educação e à saúde. Dentre os problemas e conflitos sócio-ambien- Manguezais e da Zona Costeira. Dentre os confli- dora da elaboração da Politica Estadual de EA e do
O Mapa do Fim da Fome no Brasil, elaborado tais a serem enfrentados no Estado e apontados nos tos foram destacados o avanço do desenvolvimen- Programa Estadual de EA.
pela Fundação Getulio Vargas em 2001 alertou Seminários de Consulta Pública do Projeto de Lei to agrário no cerrado; a ocupação irregular em área Em sua estrutura, a Politica e o Programa
que os estados da região nordeste apresentavam da Educação Ambiental realizados nos Territórios urbana, rural e costeira; latifúndios; carvoarias; ex- Estaduais de Educação Ambiental da Bahia valo-
os maiores índices de pobreza do país e a Bahia de Identidade tem-se aqueles relacionados ao sa- tração de minérios; desmatamentos e queimadas rizam as culturas e tradições das populações lo-
era o quarto colocado com um índice de 54,8%. neamento e a gestão de recursos naturais. para agropecuária; expansão das monoculturas e cais, privilegiam a articulação entre os diferentes
A região do semi-árido é considerada a região Quanto ao saneamento foram apontadas ques- das plantações de eucaliptos; mineração; poluição atores sociais, visando a justiça social; prevêem o
mais pobre da Bahia, com menores Índices de tões relacionadas à dificuldade de acesso à água; em zona industrial; seca; pecuária em áreas prote- investimento na capacitação dos diferentes atores
Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado. ao uso irracional da água; ao uso inapropriado do gidas; criação e comercialização ilegal de espécies sociais e grupos locais, principalmente em áreas

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ambientais prioritárias ou de maior vulnerabilida- instituições da sociedade civil e do exercício da através de processos transversais de comunica- todos os segmentos do tecido social, na condi-
de, buscando introduzir conceitos e práticas sus- co-responsabilidade, o Programa de Educação ção e de avaliação coletivos, que fortaleçam a ção inalienável de atores e autores em busca da
tentáveis tendo em vista o enfrentamento das pro- Ambiental do Estado da Bahia visa, também, es- criticidade, a autonomia e o envolvimento de sustentabilidade.
blematicas apresentadas. timular o potencial empreendedor e fortalecer a
Mauro Guimarães (2006, p.15) afirma: visão da sustentabilidade ecológica, ambiental,
"Para que haja uma força contra-hegemônica política, cultural e econômica.
capaz de impor resistências e que, numa sínte- As propostas que compõem o PEA-BA atendem
se dialética, produza uma nova realidade, se faz às vozes e anseios dos Territórios de Identidade,
necessária a constituição de um movimento co- pautados não apenas em seus limites espaciais,
letivo conjunto. Movimento em uma perspectiva mas nas peculiaridades locais.
interativa das partes/indivíduos entre si, que as- O PEA-BA, entendido como um Programa aber-
sume a dimensão política do enfrentamento com to, é resultado de um momento histórico da Bahia
sinergia, porque gera uma pressão que vai além e da Educação Ambiental, onde a capacidade de
da soma das partes. É um movimento articulado, organização social das populações envolvidas em
com identidade e intencionalidade, que se esta- nível local e regional foi fortalecida pelos meca-
belece nas relações." nismos locais de gestão ambiental. Ele deve ser
Assim, através de parcerias institucionais en- visto não como um fim em si mesmo, mas como
volvendo governo, ONGs, associações, sindi- estimulante começo de um novo tempo que deve
catos, universidades, setor empresarial e outras ser acompanhado e aperfeiçoado constantemente

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O Processo A Política Nacional de Educação Ambiental
(Lei nº 9.975/99) comemorou em 2009, dez anos
de Construção de sua criação. A partir desta Lei, a educação
ambiental ganhou força e importância no cená-
do Pea-Ba rio das políticas públicas no país e, desde então,
foi ampliando seu raio de ação, ganhando espa-
ço não só na esfera federal, como nos estados e
municípios.
Como importantes resultados do processo de
institucionalização da educação ambiental no país
destacam-se a promulgação das Políticas Estaduais
de Educação Ambiental; a criação das CIEAs e a
elaboração dos Programas Estaduais de Educação
Ambiental, orquestradas por estas Comissões.
As CIEAs, segundo o ProNEA (2005), têm
como atribuições fomentar, nos estados, a elabo-
ração e o fortalecimento das Políticas Públicas de
Educação Ambiental, seus instrumentos de gestão
jurídicos e técnico-administrativos.

Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 43


Cabem às CIEAs (ProNEA, 2005): com as demais instâncias governamentais e (...) sociais; instituições de ensino; de órgãos de classe; Tais Seminários buscaram aproximação do conteúdo
• Construir e atualizar o Programa Estadual de com os anseios da sociedade civil. Aqui se salienta de comunidades tradicionais e do setor privado. da minuta da Lei às demandas e potencialidades ter-
Educação Ambiental de forma participativa, demo- a importância deste coletivo ser legalmente consti- Deste modo, a CIEA-BA é um espaço público ritoriais (CIEA-BA, 2008). Para isso, além dos debates
crática e descentralizada, envolvendo os parceiros tuído e reconhecido pelo poder executivo estadual colegiado de caráter deliberativo no seu âmbito, e discussões foram aplicados questionários visando
do governo e da sociedade civil organizada rela- enquanto instância legítima e essencial na elabora- que articula os vários segmentos da sociedade e, levantar as prioridades nos Territórios, tendo em vista
cionados à educação ambiental; ção da Política e do Programa Estadual de Educação de forma coletiva e vem trabalhando para a con- o enfrentamento dos conflitos socioambientais.
• Implementar os programas e projetos esta- Ambiental, mobilizando a sociedade para que esta solidação da Política e do Programa de Educação Todas as contribuições obtidas nos seminários
duais, articulando parcerias, captando recursos, elaboração ocorra de forma participativa". Ambiental Estaduais de forma descentralizada, de- serviram para aprimorar a minuta da Lei e simulta-
participando da execução ou acompanhando as Assim sendo, o documento acima frisa também mocrática e participativa. neamente estruturar a elaboração deste Programa,
ações, analisando resultados parciais, consideran- que o papel das CIEAs é “(...) coordenar o pro- Em 2006, a CIEA-BA deu início ao processo de observando sua pertinência e coerência à minuta da
do que num processo de construção é preciso atin- cesso de construção da Política e do Programa de construção coletiva da minuta do Projeto de Lei da PEEA-BA. A organização das contribuições advin-
gir e superar metas. Educação Ambiental, procurar divulgá-los e tentar Política Estadual de EA, a qual foi submetida, no das dos questionários deu origem as linhas de ação,
Conforme consta no Documento Técnico so- abrir espaços nos orçamentos de diversas institui- período de novembro de 2008 a maio de 2009 a que por sua vez originaram os Eixos Estruturantes,
bre CIEAs do Órgão Gestor da Política Nacional de ções, para que as ações de educação ambiental consultas públicas em Seminários nos 26 Territórios as Áreas Temáticas e suas Estratégias que compõem
Educação Ambiental, do ano de 2005, página 11: possam acontecer” (ProNEA, 2005. p.11) de Identidade, contando com a participação de este Programa.
"A característica fundamental das CIEAs não é O Estado da Bahia, sintonizado com estas dire- aproximadamente 5.000 pessoas. Os Seminários
o poder legal de normatizar a educação ambiental, trizes, criou em 2004, a CIEA-BA, formada por re- foram organizados a partir da formação de Núcleos
e sim de ser o coletivo que estabelece as diretrizes presentantes do poder público estadual e munici- Mobilizadores nos Territórios de Identidade e subsia- 9
Publicação contendo a minuta do projeto, documentos e
estaduais da educação ambiental em consonância pal; do poder legislativo; de ONGs; de movimentos dos pelo Caderno de Referência9, da Consulta Pública. marcos regulatórios da educação ambiental e listas de conta-
tos das estruturas de apoio e articulação dos territórios.

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O processo de sistematização e análise das encontrada para manter a interação e o diálogo plenária, empregando métodos participativos de (2005, p.87) as Comunidades Aprendentes são lu-
contribuições advindas dos Seminários foi de- com os Territórios de Identidade foi a organização facilitação de grupos, de tomada de decisão por gares de vida, de encontro entre pessoas onde ao
senvolvido pelas Câmaras Técnicas e Grupos de de duas videoconferências, em aproximadamente consentimento e de troca de saberes e fazeres. lado do motivo principal do encontro, do destino,
Trabalho da CIEA-BA em seis reuniões, entre se- 30 salas distribuídas pelo estado. Nas videoconfe- Esta premissa metodológica está assentada na do grupo, as pessoas estão “inter-trocando saberes
minários e oficinas, ao longo do período de junho rências, a Coordenação da CIEA-BA interagiu com concepção de que um processo de participação entre elas. Estão ensinando e aprendendo”.
de 2009 a março de 2010 (Fig.1). Os encontros as salas de projeção e privilegiou a troca de in- social é um processo educador por aqueles que Todo o conteúdo sistematizado, tanto da Política
contaram com a participação dos membros, titula- formações sobre o andamento do processo pelos o vivenciam e na proposta de que a CIEA-BA é quanto do Programa de Educação Ambiental foi
res e suplentes da CIEA-BA, convidados colabora- Territórios desde os Seminários até os resultados uma Comunidade Aprendente. Segundo Brandão deliberado pela CIEA-BA.
dores e representantes dos TIs. De modo a garantir alcançados naquele momento.
a continuidade do envolvimento dos Territórios de A dinâmica dos trabalhos buscou legitimar a
Identidade no processo de construção coletiva da participação de todos os membros da CIEA-BA e
minuta da Lei e do PEA-BA, é que um represen- convidados, procurando manter a diversidade e a
tante de cada Núcleo Mobilizador foi convidado a representatividade das propostas originais, qualifi-
participar e a manter as pessoas nos Territórios in- cando, desta forma, o processo de construção co-
formadas, mobilizadas e, portanto, acompanhan- letiva da política pública de educação ambiental
do todo o processo de sua construção. no Estado.
A conexão entre os membros da CIEA-BA no A proposta metodológica teve como premissa
período entre os seminários e oficinas foi man- integrar momentos de caráter formativo à constru-
tida por meio de rede eletrônica. Outra forma ção coletiva da minuta da Lei e do Programa em

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Conceituando a A partir da última metade do século passado, a
Educação Ambiental foi ocupando espaços cada
Educação Ambiental vez mais consistentes e significa tivos, tanto no
âmbito internacional como nacional decorrente
do movimento ambientalista mundial. Ela foi sur-
gindo e se fortalecendo como resultado das carac-
“Olhe cada caminho com cuidado e atenção. terísticas e condições sócio-político-econômicas
Tente quantas vezes julgar necessárias. enfrentadas pela sociedade e com base na consta-
Então faça a si mesmo e apenas a si uma pergunta: tação dos crescentes impactos e acidentes ambien-
Possui esse caminho um coração? tais das últimas décadas.
Em caso afirmativo, o caminho é bom.” Os diversos momentos históricos que foram
(Carlos Castaneda - Os ensinamentos de Dom Juan) sendo consolidados influenciaram para que a edu-
cação ambiental fosse definida ou conceituada
de diferentes maneiras, tanto por distintos autores
como pelos documentos oficiais.
Assim, para Medina (1999, p.25) a educação
ambiental “(...) é a incorporação de critérios socio-
ambientais, ecológicos, éticos e estéticos nos ob-
jetivos didáticos da educação. Pretende construir

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formas de pensar incluindo a compreensão da relacionada com a prática das tomadas de deci- transformadora e libertária, contribuindo com a sensibilização, reflexão e construção de valores,
complexidade e das emergências e inter-relações sões e a ética que conduzem para a melhoria da formação de sujeitos críticos de seu papel histórico, saberes, conhecimentos, atitudes e hábitos, visan-
entre os diversos subsistemas que compõem a re- qualidade de vida” (SATO, 2002, p.23). que possam estabelecer relações sociais e estilos do uma relação sustentável da sociedade humana
alidade”. Já para Teixeira (2007, p. 23) é “(...) um No Tratado de Educação Ambiental para de vida baseados em valores éticos e humanitários com o ambiente que integra.”
conjunto de ensinamentos teóricos e práticos com Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade e de relações mais justas entre os seres humanos É importante destacar que, seja uma ou outra de-
o objetivo de levar à compreensão e de despertar Global, fruto da 1ª Jornada Internacional de e destes com o meio e os outros seres vivos”. A finição, há nelas pontos em comum que permitem
a percepção do indivíduo sobre a importância de Educação Ambiental durante a Eco92 (1992), a Lei Federal nº 9.795 de 1999 que institui a Política entender a educação ambiental, como sendo uma
ações e atitudes para a conservação e a preserva- educação ambiental é entendida como o proces- Nacional de Educação Ambiental, define a educa- educação que possibilite o empoderamento e auto-
ção do meio ambiente em benefício da saúde e do so de aprendizagem permanente baseado no res- ção ambiental como “o processo por meio do qual nomia das pessoas, para o exercício da cidadania
bem-estar de todos”. peito a todas as formas de vida, afirmando valores o indivíduo e a coletividade constroem valores so- responsável e consciente, buscando a consolidação
Dentre os documentos oficiais, destacam-se a e ações que contribuam para a transformação hu- ciais, conhecimentos, habilidades, atitudes e com- de sociedades sustentáveis. Por outro lado, percebe-
definição na Conferência Intergovernamental de mana e social e para a preservação ecológica. Ela petências voltadas para a conservação do meio -se também que em todas elas está explícito o ato
Tbilisi (1977): “A educação ambiental é um pro- deve estimular a formação de sociedades social- ambiente, bem de uso comum do povo, essencial de “cuidar” o que necessariamente envolve “valo-
cesso de reconhecimento de valores e clarificação mente justas e ecologicamente equilibradas, con- à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”. res” como afetividade, respeito e humildade, que de
de conceitos, objetivando o desenvolvimento das servando entre si relações de interdependência e Com base nestes referenciais, o Governo do maneira muito significativa se irmanam, implicando
habilidades e modificando as atitudes em relação diversidade pela co-responsabilidade individual e Estado da Bahia, através da CIEA-BA, com a par- sempre em comportamentos e atitudes.
ao meio, para entender e apreciar as inter-relações coletiva em nível local, nacional e planetário. ticipação da comunidade, define a educação am- Assim, a educação ambiental possui caracterís-
entre os seres humanos, suas culturas e seus meios Para o Órgão Gestor da Política Nacional de biental como: (...) “processos permanentes e con- tica política, critica, contestatória e propositora de
biofísicos". "A educação ambiental também está Educação Ambiental (2005), ela precisa “ser tinuados de formação individual e coletiva para a atitudes transformadoras, podendo contribuir para

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a promoção das mudanças necessárias à consoli- do ser humano como principal protagonista para a espécie humana como parte da natureza, estabe- e não exploradoras do próximo. Caminhar em
dação de um novo projeto civilizatório que valo- determinar e garantir a manutenção do planeta; lecer as bases corretas para a conservação e utili- direção à autogestão do seu trabalho, dos seus
rize atitudes individuais e coletivas na busca pelo • Competência ambiental: Capacidade de ava- zação dos recursos naturais; recursos e dos seus conhecimentos, como indi-
desenvolvimento de uma visão e de uma ação sis- liar e agir efetivamente no sistema (ambiental); • Espirituais/culturais: Promover o auto- víduos e como grupos/comunidades.
têmica em prol da sustentabilidade. • Cidadania ambiental: Capacidade de parti- -conhecimento e o conhecimento do Universo, Resumindo, Sorrentino (1998, p.30) afirma
Perante as multiplas concepções de educação cipar ativamente, resgatando os direitos e promo- através do resgate de valores, sentimentos e tra- que "os diversos “fazeres educativos” permea-
ambiental, diversos podem ser seus objetivos. vendo uma nova ética capaz de conciliar a nature- dições e da reconstrução de referências espaciais dos pela educação ambiental convergem para o
Conforme Sato, (2002, p.27) ”A diversidade de za e a sociedade. e temporais que possibilitem uma nova ética fun- objetivo de “Contribuir para a conservação da
objetivos da Educação Ambiental coincide com os Por outro lado, Sorrentino (1998, p.29) aponta damentada em valores como verdade, amor, paz, biodiversidade, para a auto-realização individu-
princípios da própria Educação Ambiental”. Para no seu artigo “De Tbilisi a Thessaloniki, a Educação integridade, diversidade cultural, felicidade e sa- al e comunitária e para a autogestão política e
Smyth (apud Sato, 2002, p.24), os objetivos da Ambiental no Brasil”, os seguintes grandes eixos bedoria, visão global e holística; econômica, através de processos educativos/
Educação Ambiental podem ser classificados em: temáticos mais freqüentemente encontrados em • Políticos: Desenvolver uma cultura de proce- participativos que promovam a melhoria do
• Sensibilização Ambiental: Processo de alerta, projetos de educação ambiental, em diferentes dimentos democráticos, estimular a cidadania e a meio ambiente e da qualidade de vida”.
considerado como primeiro objetivo para alcançar contextos: participação popular, estimular a formação e apri- Analisando os aspectos apresentados nessas
o pensamento sistêmico da Educação Ambiental; • Biológicos: Proteger, conservar e preservar moramento de organizações, aprimorar o diálogo conceituações da educação ambiental consta-
• Compreensão Ambiental: Conhecimento dos espécies, ecossistemas e o planeta como um todo; na diversidade e a autogestão política; ta-se que os mesmos foram contemplados nos
componentes e dos mecanismos que regem o sis- conservar a biodiversidade e o clima (deter o bura- • Econômicos: Contribuir para a melhoria da objetivos da educação ambiental do Estado da
tema natural; co da camada de ozônio e o efeito estufa); detec- qualidade de vida através da geração de empre- Bahia, enquanto orientadores do PEA-BA, a
• Responsabilidade ambiental: Reconhecimento tar as causas da degradação da natureza, incluindo gos em atividades ambientais, não alienantes saber:

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I - O desenvolvimento de uma compreensão in- V - O incentivo às instituições públicas e pri- no holismo e na sustentabilidade, num profundo A educação ambiental prima pela abertura ao
tegrada do meio ambiente e suas múltiplas e com- vadas na formação de grupos voltados às questões respeito pelo direito à vida, na sua essencia, e não novo, ao inesperado, à incerteza; pela tolerância
plexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, socioambientais; num sentido utilitário antropocêntrico. Consolida- ao diferente, entendendo a diversidade como pa-
psicológicos, legais, políticos, sociais, econômi- VI - O incentivo à cooperação e parceria entre se como uma possibilidade de educação que con- trimônio e, finalmente, pelo rigor na sua busca in-
cos, científicos, históricos, culturais, tecnológicos, as diversas regiões do estado, os órgãos e entidades sidera a diversidade e a complexidade própria dos cansável pela fundamentação teórica pela práxis
espirituais, éticos e pedagógicos; integrantes do Sistema Estadual de Meio Ambiente - sistemas vivos, acreditando na possibilidade da e pelo diálogo; configura-se como um espaço de
II - A sensibilização, o estímulo e a contribui- SISEMA, instituições públicas e privadas da rede de construção do novo, através da lógica do tercei- compartilhamento para resignificação, que pro-
ção com a formação de pessoas para o desenvolvi- ensino do Estado da Bahia, setores públicos e privados; ro incluído, contrapondo-se às tensões próprias picie posturas críticas, traduzidas em atitudes de
mento de uma consciência ética sobre as questões VII - A promoção ao acesso democrático às in- dos tradicionais pares contraditórios da ciência transformação e mudança em busca do novo pro-
socioambientais; formações socioambientais; moderna. jeto civilizatório que o Planeta necessita.
III - O incentivo às participações comunitárias, VIIII - A promoção e o fortalecimento do exer-
ativas, permanentes e responsáveis na proteção, cício da cidadania, a autodeterminação dos povos
preservação e conservação do ambiente para a e a solidariedade para a construção de uma socie-
sustentabilidade, entendendo-se a defesa da qua- dade sustentável.
lidade ambiental como um valor inseparável do Pode-se perceber, então, que a educação am-
exercício da cidadania; biental, transdisciplinar por essência, é fundamen-
IV - O estímulo à capacitação de pessoas para talmente uma educação que busca a resolução
o exercício da representatividade política e técnica de problemas de modo global e permanente, par-
nos colegiados; tindo da consolidação da visão sistêmica pautada

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Objetivo O objetivo deste Programa é orientar e fortalecer
ações, projetos e programas setoriais e territoriais
de educação ambiental na sua rica e complexa
diversidade no Estado.

Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 59


Princípios e Diretrizes Em sintonia com a Política Nacional de
Educação Ambiental, o PEA-BA está pautado nos
princípios e diretrizes da Política de Educação
Ambiental da Bahia com ênfase na Comunicação,
Transversalização e Avaliação, considerados eixos
estruturantes para a elaboração de ações, progra-
mas e projetos de educação ambiental na constru-
ção da sustentabilidade no território baiano.
Os princípios básicos para a Educação
Ambiental no Estado, dentre outros são:
I - a equidade social, envolvendo os diversos gru-
pos sociais, de forma justa, participativa e demo-
crática nos processos educativos;
II - a vinculação entre a ética, a educação, o traba-
lho e as práticas sociais;
III - a solidariedade e a cooperação entre os indivídu-
os, os grupos sociais e as instituições públicas e priva-
das, na troca de saberes em busca da preservação de
todas as formas de vida e do ambiente que integram;

Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 61


IV - a co-responsabilidade e o compromisso in- X – a dialógica, como abordagem para a cons- dimensões local, regional, nacional e internacional; V - a promoção da integração com a área da saúde;
dividual e coletivo no desenvolvimento de pro- trução do conhecimento, mantendo uma relação IV - o estímulo à criação e à consolidação de nú- VI - o estímulo à pesquisa e a produção de material
cessos de ensino e aprendizagem voltados à horizontal entre educador e educando, com vis- cleos de Educação Ambiental nas instituições pú- didático referente às questões ambientais, peculiar
sustentabilidade; tas à transformação socioambiental; blicas e privadas no Estado da Bahia; a cada bioma e região.
V - os enfoques humanísticos, holísticos, democrá- XI - o pluralismo de idéias e concepções pedagó-
ticos e participativos; gicas, na perspectiva da multi, inter, transdiscipli-
VI - o respeito e a valorização à diversidade, ao naridade e transinstitucionalidade.
conhecimento tradicional e à identidade cultural; São diretrizes para a implantação de ações, pro-
VII - a reflexão crítica sobre a relação entre indi- gramas e projetos de educação ambiental no Estado:
víduos, sociedade e ambiente; I - o fomento à inclusão dos princípios de produ-
VIII - a contextualização do meio ambiente consi- ção e consumo sustentável nos planos, progra-
derando as especificidades locais, regionais, ter- mas e projetos públicos e privados de Educação
ritoriais, nacionais e globais e a interdependência Ambiental, considerando a realidade local;
entre o meio natural, o socioeconômico e o cultu- II – o estímulo e o fortalecimento da integração
ral, sob o enfoque da sustentabilidade; das ações de Educação Ambiental com a ciência e
IX - a sustentabilidade como garantia ao atendi- com as tecnologias sustentáveis;
mento das necessidades das gerações atuais, sem III - o fomento à criação e o fortalecimento das
comprometimento das gerações futuras, valoriza- redes de Educação Ambiental estimulando a co-
das no processo educativo; municação e a colaboração entre as mesmas, nas

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Áreas Temáticas Para alcançar o objetivo previsto neste
Programa é necessário que as diferentes áreas den-
e Estratégias de tro da educação ambiental, denominadas de Áreas
Temáticas, sejam entendidas e tratadas como pos-
Educação Ambiental síveis campos de atuação do educador e da educa-
dora ambiental e que existam algumas orientações
de como é possível trabalhar nesse campo através
de Estratégias definidas e específicas para cada
uma delas.
As Áreas Temáticas e suas Estratégias são resul-
tado de um grande esforço e trabalho de várias pes-
soas que participaram dos Seminários de Consulta
Pública da Minuta da PEEA-BA, nos 26 Territórios
de Identidade.
As Estratégias de educação ambiental foram or-
ganizadas a partir das Áreas Temáticas previs-
tas na PEEA-BA, a saber: Educação Ambiental
no Ensino Formal; Educação Ambiental Não-
Formal; Educação Ambiental na Gestão das Águas;

Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 65


Educação Ambiental na Gestão de Unidades de 1. Educação Ambiental no São estratégias para atuação em educação am- voltadas para questões socioambientais;
Conservação; Educomunicação Socioambiental; Ensino Formal biental no ensino formal: • Implementar os Princípios, Diretrizes e as
Educação Ambiental no Saneamento Ambiental. A Educação ambiental no sistema formal é • Promover a inserção da Educação Ambiental Orientações Didáticas / Pedagógicas do
Estão contidos nessas Áreas Temáticas, os de- aquela desenvolvida no âmbito das instituições no Regimento Escolar e no Projeto Político Programa de Educação Ambiental do Sistema
sejos de todos aqueles que estiveram envolvidos públicas, privadas e comunitárias de ensino, como Pedagógico (PPP) das Escolas, em todos os ní- Educacional – ProEASE.
no processo de construção do PEA-BA, ou seja, escolas, faculdades, universidades, centros de for- veis e modalidades de ensino; • Sensibilizar a comunidade escolar para a efeti-
todos aqueles que participaram, de alguma manei- mação técnica, dentre outros. Com a finalidade • Inserir a educação ambiental nos currículos, vação das propostas do Coletivo Jovem;
ra, dos Seminários de Consulta Pública da Minuta de ampliar os conhecimentos dos educadores(as) como eixo estruturante, em todos os níveis e • Estimular a criação de programas de capacita-
da PEEA-BA nos Territórios de Identidade, dos e incentivar as discussões sobre questões socio- modalidades de ensino, de forma transversal ção de docentes (educadores ambientais) para
Encontros presenciais da CIEA-BA, das videocon- ambientais nas escolas, a Secretaria da Educação e sem constituir-se em disciplina, podendo ter estimular o protagonismo juvenil;
ferências e de todos os diálogos e debates. Assim, do Estado da Bahia elaborou o Programa de esta característica somente em níveis de pós- • Incentivar a criação de núcleos de educação
as Estratégias devem ser inspiradoras e orientado- Educação Ambiental do Sistema Educacional da -graduação em conformidade com a Política ambiental formal;
ras de todas as ações de educação ambiental no Bahia – ProEASE10 - que contem princípios, dire- Nacional de Educação Ambiental e as Diretrizes • Investir na formação continuada do corpo do-
estado da Bahia, sejam governamentais ou não. trizes e linhas de ação da EA para todos os níveis e Curriculares Nacionais de Educação Ambiental; cente e de profissionais que atuem na área de
modalidades de Ensino e de aprendizagem. • Sensibilizar a comunidade escolar para a for- saúde, educação e meio ambiente para tra-
mação e efetivação das Comissões de Meio balharem de maneira qualificada a educação
Ambiente e Qualidade de Vida (COM-VIDA) na ambiental;
10
O ProEASE pode ser acessado na íntegra no Portal da Escola, grêmios, grupos de Agenda 21 escolar, as- • Mapear ações e projetos relacionados às
Educação http://www.educacao.ba.gov.br/sites/default/files/
canal_institucional/arquivos/Prog_ProjProease.pdf
sociações, dentre outras organizações coletivas, questões socioambientais e culturais nos

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diferentes setores educacionais a fim de apoiá- para ambientalização de toda a instituição, desde • Buscar atividades pedagógicas que permitam a 2. Educação Ambiental Não-Formal
-los e aprimorá-los; a normatização até a gestão dos espaços físicos; compreensão das origens históricas da proprie-
• Repensar coletivamente os espaços físicos edu- • Estimular o desenvolvimento da visão sistêmica dade privada (destacadamente os latifúndios) e A educação ambiental não-formal é aquela fei-
cativos e propor padrões de qualidade ambien- na compreensão crítica dos educandos sobre sua relação com as questões ambientais; ta fora dos espaços formais de ensino e se constitui
talmente sustentáveis; os processos socioambientais e a relação direta • Estimular a participação de toda a comunida- de processos educativos voltados à mobilização,
• Estimular a produção e divulgação de materiais com sua vida cotidiana; de escolar em espaços de decisão política e sensibilização, capacitação, organização e partici-
didáticos que valorizem as diversas realidades • Promover atividades junto às comunidades pró- coletiva. pação individual e coletiva, na construção de so-
locais e as especificidades da diversidade cultu- ximas às escolas a fim de trabalhar o resgate ciedades sustentáveis.
ral utilizando diferentes formas de expressão e histórico e identidade individual e coletiva, in- As estratégias para a educação ambiental não-
linguagem; centivando uma postura cidadã; -formal englobam uma ampla gama de possibilida-
• Buscar o diálogo de saberes e conhecimentos • Fortalecer o conhecimento sobre legislação des de espaços, subtemas ou grupos de interesse.
culturais, tradicionais ou não tradicionais, nas ambiental e políticas públicas, como forma de São estratégias para atuação em educação am-
diferentes atividades educacionais; emancipação e pertencimento na busca por biental não-formal:
• Estimular a adequação dos currículos de cursos do uma sociedade socioambientalmente digna e • Sensibilizar e mobilizar todos os segmentos da
ensino superior, técnico e profissionalizante a fim justa; sociedade sobre a temática socioambiental;
de incentivar a atuação dos futuros profissionais • Incentivar atividades que busquem a reflexão • Constituir espaços públicos para reflexão sobre
enquanto agentes de mudanças socioambientais; crítica sobre diferentes formas de desenvolvi- a realidade local a fim de estimular a convivên-
• Incentivar que as universidades implementem mento e injustiças socioambientais relaciona- cia e o diálogo comunitário para a melhoria dos
projetos de pesquisa e atividades de extensão das a cada um; ambientes em que as comunidades vivem;

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• Dialogar com a diversidade de ações, projetos suas ações e sua formação como educadores “treinamento” considerado na ISO 14.000; 3. Educação Ambiental na
e programas de educação ambiental existentes ambientais; • Fortalecer ações de Responsabilidade Gestão das Águas
no Estado; • Fortalecer as redes ou grupos de formação de Socioambiental das empresas (Série ISO
• Criar programas e projetos de economia educadores e educadoras, que tenham parti- 26.000); A gestão das águas envolve o gerenciamen-
solidária; cipação em universidades, empresas, organi- • Propor a formação continuada e permanente to das águas, compreendida como ações que
• Elaborar diagnóstico socioambiental participa- zações da sociedade civil, comitês, escolas, de gestores e trabalhadores das empresas na permitam o acesso universal, manuseio e trata-
tivo, para detectar quais os conflitos dos terri- associações de bairro ou segmento social e área de educação ambiental, de acordo com mento das águas e que dependem do conheci-
tórios, quais são as organizações da sociedade destacadamente nos Coletivos Jovens e dos as Políticas Nacional e Estadual de Educação mento do uso do solo, das Bacias Hidrográficas
civil que atuam com educação ambiental, quais Coletivos Educadores do Estado; Ambiental. e dos sistemas de gestão coletiva dos Recursos
as formas de financiamento para educação am- • Incentivar e qualificar a participação da socie- Hídricos.
biental sendo utilizadas, bem como projetos em dade civil na formulação, aplicação e gestão de São estratégias para a atuação em educação
execução e finalizados, dentre outros; políticas públicas; ambiental na gestão das águas:
• Criar banco de dados que seja constantemente • Estimular a criação e fortalecimento de estrutu- • Incluir a educação ambiental nos programas
atualizado com informações sobre a educação ras educadoras, redes e coletivos de educação de revitalização e conservação dos manan-
ambiental e as condições socioambientais da ambiental; ciais hídricos, matas ciliares e preservação
Bahia; • Promover a formação continuada de jovens de nascentes;
• Estimular a organização de grupos intersetoriais educadores ambientais; • Destinar parte dos recursos do sistema de
que atuem em programas de intervenção em • Estimular a inserção da educação ambiental gestão de recursos hídricos para ações de
educação ambiental, apoiando e valorizando no âmbito corporativo, indo além do aspecto educação ambiental;

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• Fortalecer a articulação e participação das acesso às gerações atuais e futuras; 4. Educação Ambiental no e assistência social com o intuito de potenciali-
instituições responsáveis pela gestão da polí- • Buscar ações que permitam a reflexão do ci- Saneamento Ambiental zar as ações desencadeadas;
tica de recursos hídricos, saúde, saneamento dadão sobre a equidade e a justa distribui- • Incentivar a ampla participação da socieda-
e afins no planejamento de ações de educa- ção de ônus e benefícios pela utilização dos O Saneamento Ambiental abrange um conjunto de na elaboração de Planos Municipais de
ção ambiental; recursos hídricos. de ações destinadas a tornar e manter o ambiente Saneamento Básico;
• Incentivar a implantação de câmaras técni- em que vivemos favorável à saúde e ao bem-estar • Trabalhar a educação ambiental em saneamen-
cas de educação ambiental nos Comitês de das pessoas, tais como abastecimento público de to de forma inter e multidisciplinar numa pers-
Bacia Hidrográfica; água potável; afastamento e tratamento de esgotos; pectiva socioambiental;
• Contribuir com a formação em educação limpeza urbana, coleta e disposição de lixo e dre- • Desenvolver processos permanentes e continu-
ambiental e mobilização social de gesto- nagem de águas pluviais. ados de formação de educadores e educadoras
res públicos que atuem na área de recursos Foram propostas as seguintes estratégias da edu- ambientais, no âmbito do saneamento;
hídricos; cação ambiental para o saneamento ambiental: • Promover a utilização orientada e pedagógica
• Incentivar processos formativos críticos, con- • Estimular a criação de grupos de reflexão sobre das instalações físicas do saneamento como es-
tinuados e permanentes para qualificação da as realidades locais para incentivar a participa- paços educadores;
participação e controle social na gestão de- ção social nas tomadas de decisão, na imple- • Estimular o lançamento de editais e linhas es-
mocrática da água; mentação, gestão e monitoramento de ações de pecíficas para ações de educação ambien-
• Desenvolver ações de sensibilização da so- saneamento; tal em saneamento junto a fundos e agências
ciedade com relação ao uso racional e sus- • Estimular a integração dos diversos programas financiadoras;
tentável dos recursos hídricos garantindo seu de educação ambiental em saneamento, saúde • Estimular o financiamento de ações de

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educação ambiental em saneamento como po- relacionados à gestão dos resíduos sólidos, visando 5. Educação Ambiental na Gestão das para potencializar a educação ambiental na gestão
lítica compensatória; à redução da geração de resíduos, minimização do Unidades de Conservação das UCs, respeitando a territorialidade e especi-
• Apoiar a produção e a disseminação de mate- consumo e a reciclagem; ficidades dos biomas Cerrado, Caatinga ou Mata
riais educativos sobre saneamento e mobiliza- • Estimular parcerias com o poder público, as Unidade de Conservação é um espaço de ter- Atlântica.
ção social em saneamento; universidades e a iniciativa privada para cria- ritório com características naturais relevantes e li- • Incentivar a formação de educadores ambien-
• Incentivar a criação de convênios de coopera- ção de cooperativas de catadores de resíduos mites definidos, instituído pelo Poder Público para tais para atuarem em áreas de UCs;
ção entre os poderes públicos nos três níveis sólidos e capacitá-los para o manuseio e gestão garantir a proteção e conservação dessas caracte- • Reconhecer e valorizar as culturas, os saberes,
federativos (Federal, Estadual e Municipal) com dos resíduos coletados. rísticas naturais (SEMA, 2012). as diferentes linguagens, os meios de produção
a sociedade civil organizada, para implantação A Bahia possui mais de 157 Unidades de e de manejo tradicional sustentável dos recur-
de programas setoriais de educação ambiental Conservação, incluindo as federais, estaduais e sos naturais visando à formação de cadeias de
para o saneamento ambiental; municipais (SEI, 2009), divididas em áreas de comércio justo;
• Desenvolver programas de educação ambiental Proteção Integral e Áreas de Uso Sustentável, se- • Criar e manter atualizado um sistema, com lin-
com a comunidade quando da implementação gundo dados do Sistema Estadual de Informações guagem acessível, que possibilite a troca de ex-
de sistemas de abastecimento de água e esgota- Ambientais da Bahia (SEIA, 2003). periências de educação ambiental em UCs; a
mento sanitário; Existem diversas e importantes ações a serem visualização de diagnóstico socioambiental da
• Desenvolver programas de combate às perdas fortalecidas no que diz respeito à educação am- região; registros das reuniões dos Conselhos;
de água pelas concessionárias de serviços de biental dentro de UCs e em seu entorno, junto às espaço para que as pessoas ou instituições
distribuição de água; Comunidades Tradicionais. interessadas possam expressar suas dúvidas,
• Desenvolver programas de educação ambiental A seguir são apresentadas algumas estratégias anseios, críticas e sugestões com relação à

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criação, implantação e gestão das UCs; e dis- emancipatória, em cursos, oficinas e programas criação, implantação e gestão de UCs através as queimadas, e a criação e o fortalecimento
ponibilização de informações sobre os planos de formação continuada de servidores estadu- de espaços de tomadas de decisão como fó- das brigadas de incêndio;
de manejo . ais e municipais que atuem na gestão da políti- runs, comissões e redes; • Realizar campanhas educativas esclarecendo
• Estabelecer critérios para priorizar e otimizar o ca ambiental em territórios de UCs; • Desenvolver parceria com universidades e cur- sobre os impactos da monocultura e da introdu-
financiamento público de ações e projetos de • Promover seminários, encontros e oficinas es- sos superiores para pesquisarem temas relacio- ção de espécies exóticas nas UCs e suas áreas
educação ambiental formal, não-formal e infor- taduais, municipais e territoriais para contribui- nados às UCs de maneira a contribuírem com de entorno.
mal em territórios de UCs que gerem mobiliza- ção, avaliação e aprimoramento permanente a melhoria da gestão e conservação das UCs;
ção social, garantam a representatividade e a das experiências de educação ambiental nas • Buscar a atuação qualificada dos membros dos 6. Educação Ambiental na
participação legítima das populações afetadas/ UCs; conselhos de gestão das UCs, dos gestores, das Gestão Municipal
envolvidas nos processos de criação, imple- • Fomentar a criação de estruturas físicas ade- equipes técnicas das UCs, dos fiscais e dos condu-
mentação e gestão de UCs; quadas às atividades formais e não-formais de tores por meio de atividades formativas com foco Os municípios têm grande importância no siste-
• Promover a articulação entre órgãos governa- educação ambiental em UCs; na educação ambiental e participação social; ma federativo brasileiro e destaque no SISNAMA, por
mentais e outras instituições para apoiar proje- • Criar espaços e ferramentas que possibilitem a • Estimular processos formativos voltados à mobi- representarem os espaços de significação da vida das
tos de fortalecimento e valorização de práticas troca de experiências sobre projetos de educa- lização e ao empoderamento de atores sociais pessoas. Na Bahia são 417 municípios onde vivem
produtivas sustentáveis no entorno de UCs e no ção ambiental a fim de facilitar a implementa- da região das UCs para intervenção crítica e mais de 14 milhões de pessoas (SEI, 2009).
interior; ção de ações e a superação dos desafios; transformadora da realidade, para o enfrenta- Para a implementação da educação ambiental
• Criar mecanismos regulatórios que garantam • Incentivar e qualificar, através de processos mento dos desafios socioambientais e partici- na gestão municipal destacou-se a necessidade
a inserção de processos e conteúdos de edu- formativos, a participação das populações re- pação qualificada nas tomadas de decisão; de formação de gestores públicos, parcerias entre
cação ambiental, com abordagem crítica e sidentes no interior e/ou entorno de UCs na • Promover programas de sensibilização contra os vários níveis de poder público e o emprego de

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instrumentos de planejamento participativo, como • Mobilizar a sociedade para o exercício da par- processo do planejamento urbano e nas políti- dos impactos negativos causados pelos em-
a Agenda 21. Para alcançar tais objetivos foram ticipação e controle social; cas públicas dos municípios; preendimentos. No Cap. VIII, Seção V, Art. 29
propostas as seguintes estratégias : • Promover campanhas de esclarecimentos sobre • Apoiar a implantação, a implementação e o e 30 da Política de Educação Ambiental são
• Estimulo e apoio à criação de secretarias mu- a legislação ambiental e sobre formas de acom- fomento da Agenda 21 vinculada ao Plano estabelecidos os objetivos da EA no licencia-
nicipais de meio ambiente e educação, assim panhamento de seu cumprimento; Diretor dos municípios; mento. Da mesma forma, o PEA também traz
como em outras áreas específicas para atuar • Incentivar e apoiar a organização das estruturas • Incentivar o intercâmbio de experiências exito- contribuições neste âmbito.
com a educação ambiental; de representação social, ampliando os canais sas da Agenda 21 na Bahia e no país. Abaixo, foram elaboradas algumas estraté-
• Estímulo e apoio à criação e fortalecimento de de articulação para o pleno exercício da gestão gias neste sentido:
conselhos democráticos com participação de ambiental participativa como parte de proces- 7. Educação Ambiental para o • Condicionar, como requisito aos processos de
todos os segmentos da sociedade; sos de formação da cidadania; Licenciamento licenciamento, a elaboração ou apoio a um
• Realização de trabalhos junto aos gestores, no • Estimular a criação e divulgação de canais de Programa ou Projeto de Educação Ambiental, o
intuito de sensibilizá-los sobre a importância de comunicação e ouvidorias para recebimento de Nos processos de licenciamento ambiental qual deverá estar coerente com as orientações
elaborar políticas públicas que visem a melhoria e denúncias sobre irregularidades ambientais; existem condicionantes para ações sociais e da Política Estadual de Educação Ambiental.
garantia da qualidade de vida e do meio ambiente; • Incentivar a realização, bem como a participação de educação ambiental que devem ser cum- • Construir o Programa ou Projeto de Educação
• Incentivar a elaboração e implementação de dos cidadãos nas Conferências de Meio Ambiente; pridas nas diferentes etapas da implementação Ambiental em conjunto com os grupos sociais
programas territoriais e municipais de educa- • Introduzir a temática da educação ambiental a outras de um empreendimento. Entretanto, são con- direta e indiretamente envolvidos/afetados pelo
ção ambiental; Conferências como a de Saúde Ambiental, Educação, dicionantes Que não atendem às exigências empreendimento, a partir de suas prioridades,
• Promover a formação continuada e permanente Cultura entre outras; da Política de Educação Ambiental, causan- tendo como base os problemas, potencialidades
dos gestores públicos em educação ambiental; • Incorporar ações de educação ambiental no do fragilidades no processo de minimização e os conflitos ambientais por eles identificados

78 • PEA-BA | Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 79
e gerados pelo empreendimento; esferas do poder público e a sociedade civil superiores elaborem pesquisas na área de in- • Realizar campanhas para a criação de me-
• Considerar a interface da educação ambiental organizada; fluência do empreendimento e que seus re- canismos eficazes de fiscalização pelo Poder
com as políticas públicas relacionadas com a • Prever mecanismos de controle social no que sultados sejam utilizados para a melhoria da Público, com participação social;
problemática socioambiental das esferas muni- tange à avaliação do processo de execução dos qualidade de vida local; • Garantir a qualidade e eficácia dos condi-
cipal, estadual e federal; programas e projetos de educação ambiental e • Dar visibilidade, de forma acessível à popu- cionantes de educação ambiental, contando
• Considerar os resultados dos projetos de educa- de seus resultados; lação em geral, sobre os principais potenciais com a participação das comunidades afeta-
ção ambiental já implementados na localidade • Dispor de equipe com experiência comprova- degradadores e poluidores do empreendi- das em todas as etapas do licenciamento;
ou território decorrentes ou não do licencia- da na promoção de ações de educação am- mento e os respectivos impactos ambientais • Promover capacitação de gestores públicos e
mento de outros empreendimentos ou de outras biental com jovens, adultos e de grupos sociais a eles associados; empreendedores em licenciamento ambien-
fases do processo de licenciamento; diferenciados, visando o cumprimento das • Produzir e divulgar peças de comunicação tal e educação ambiental;
• Primar pelo apoio, complementaridade e apri- condicionantes; em diferentes linguagens com informações • Promover ações de educação ambiental jun-
moramento de projetos e programas de educa- • Adotar metodologias que tenham caráter pro- sobre o empreendimento, seu licenciamento, to aos trabalhadores dos empreendimentos
ção ambiental já existentes, buscando articula- cessual, crítico, participativo e dialógico nos seus resultados e seu programa de educação licenciados;
ção com instituições, grupos, redes, Coletivos programas ou projetos de educação ambiental; ambiental; • Incentivar que os programas de educação
Educadores, Coletivos Jovens, COM-VIDAS, • Promover cursos, oficinas e debates, para a so- • Mobilizar ou apoiar a população das áreas ambiental de empreendimentos licenciados
Agendas 21 que atuem na região de influência ciedade civil, com temas socioambientais rele- de influência do empreendimento para for- atendam a estas orientações para educação
do empreendimento; vantes para o território, com foco na modalida- mação e ou participação de grupos de refle- ambiental no licenciamento, elaboradas pela
• Promover o fortalecimento institucional da ges- de do objeto de sua licença ambiental; xão sobre as questões socioambientais e so- Câmara Técnica responsável pelo tema da
tão ambiental local articulando as diferentes • Estimular que as universidades e cursos bre a instalação do empreendimento; CIEA-BA.

80 • PEA-BA | Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 81
8. Educomunicação Socioambiental junto a públicos específicos ou à sociedade • Criar parcerias com instituições governamen- • Incentivar e apoiar a elaboração, produção,
em geral; tais e não governamentais que possibilitem edição e distribuição de materiais constru-
A Educomunicação Socioambiental vem sen- • Fortalecer as ações locais de educomunicação ações de educomunicação nos diversos seg- ídos através do processo educomunicativo
do debatida no âmbito da CIEA-BA e foi concei- através de incentivo à coleta e difusão de infor- mentos sociais; socioambiental.
tuada na PEEA-BA como: “Inter-relação da comu- mações que visem à adoção de procedimen-
nicação e educação com a utilização de práticas tos sustentáveis no uso do patrimônio comum
comprometidas com a ética da sustentabilidade, regional;
através da construção participativa, da democra- • Incentivar a criação, a alimentação, disponibi-
tização dos meios e processos de comunicação e lização e distribuição de banco de dados com
informação, da articulação entre setores e sabe- informações voltadas à educomunicação;
res e da difusão do conhecimento, promovendo o • Identificar, divulgar e replicar as experiências
pleno desenvolvimento da cidadania.” Com base exitosas em educomunicação do Estado da
neste conceito são apresentadas as seguintes es- Bahia;
tratégias de Educomunicação Socioambiental: • Incentivar a criação de núcleos de educomu-
• Estimular a criação de canais de acesso nicação socioambiental em toda e qualquer
e veículos técnicos científicos na área de edu- instância social;
comunicação socioambiental; • Promover a formação permanente e continuada
• Incentivar a produção artística e literária, em Educomunicação socioambiental, inclusive
como meio de difundir temas socioambientais utilizando as ferramentas do Ensino à Distância;

82 • PEA-BA | Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 83
Comunicação Com estas palavras, o sociólogo Bernardo
Toro enfatiza o vínculo entre comunicação e
mobilização social e, nos diz que a comunica-
ção tem um papel estratégico na criação das ba-
ses para a governabilidade democrática e parti-
cipativa e, também, para legitimar transparência
das políticas públicas.
São os mesmos princípios de democratização,
emancipação e promoção da autonomia que, se-
gundo o Programa Nacional de Educomunicação,
“Não basta que uma reforma,
devem orientar a criação de uma política de comuni-
inovação, projeto ou programa esteja
cação para as questões ambientais. Estes princípios
planejado e financiado. Precisa ser
podem materializar-se em uma política, quando são
bem comunicado a fim de mobilizar
criadas condições “de inclusão ampla no direito à
vontades e desejos.” (Toro, 2005, p.91).
comunicação, que significa não só poder ter acesso
à informação e aos bens culturais midiatizados ou
não, mas também acesso à participação na criação
e na gestão dos meios de comunicação” (Programa
Nacional de Educomunicação, 2005, p.9).

Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 85


Um dos enfoques do PEA-BA é a comunicação Assim sendo, o potencial educador da comuni- ProNEA (2005) e é adotada como eixo transver- 1. Orientações Gerais para
da educação ambiental orientada para a participação cação, é entendido como a dimensão pedagógica sal do Sistema Nacional de Educação Ambiental Comunicar a Educação Ambiental
nos processos de tomada de decisão e de transforma- dos processos comunicativos associados à questão (SISNEA), em fase de elaboração.
ção da realidade. Esse eixo estruturante do programa ambiental, o qual é nominado de Educomunicação 2. “Comunicação como estratégia pedagógica, a. Disseminar de forma ampla para a sociedade
é entendido como um processo contínuo, aberto e Socioambiental. por meio da Educomunicação” - base do Programa os princípios e os valores da educação ambiental
dialógico que ultrapassa o sentido restrito de disse- “Não há comunicação plena sem consciên- de Educomunicação Socioambiental, criado pelo em consonância com a Política Estadual de EA de
minação de informações sobre as questões socioam- cia educativa, e nem educação plena sem ins- Órgão Gestor da Política Nacional de Educação modo a destacar sua importância para o enfrenta-
bientais, que busca a interatividade entre quem emite trumentalização comunicativa” (Programa de Ambiental. mento das questões socioambientais;
e quem recebe a mensagem no processo comunica- Educomunicação Socioambiental, 2005). Para cada uma das vertentes, o programa apre- b. Promover a comunicação bilateral e interati-
tivo, incluindo os meios de comunicação de massa. A Educomunicação é considerada um campo senta algumas orientações. va entre os entes e órgãos competentes pela exe-
Neste sentido, o papel das pessoas como criado- de ação e conhecimento de convergência entre a cução das políticas, ações, programas e projetos
ras e disseminadoras de informações é um dos pres- comunicação e a educação que nasceu a partir da socioambientais e de educação ambiental;
supostos da Agenda 21 e do Tratado de Educação prática de educadores, comunicadores e cidadãos. c. Incentivar os meios de comunicação de mas-
Ambiental em seu 14º princípio: “a comunicação A Educomunicação é fruto da “prática da cidada- sa a fomentar reflexões críticas a respeito da edu-
é um direito inalienável.” A comunicação para a nia”, segundo Soares (2001). cação ambiental e das questões socioambientais;
participação propicia que os “diversos setores da Chapski (2009) resumiu, no encontro da CIEA- d. Identificar e acionar os atores e os veículos en-
sociedade façam concorrer suas mensagens e seus BA, duas vertentes da comunicação: volvidos em comunicação e educação ambiental;
símbolos em igualdade de oportunidade dentro do 1. “Comunicar a educação ambiental para toda e. Sensibilizar e articular os veículos de co-
universo de interesses” (Toro, 2005 p.84). a sociedade” - considerada uma linha de ação do municação de forma a garantir o cumprimento

86 • PEA-BA | Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 87
dos objetivos da Política de Educação Ambiental órgãos públicos e privados, empresas; educação ambiental, como exemplo, jornais na c. Empregar os meios de comunicação como
Estadual em consonância com a Política Nacional j. Empregar meios alternativos e oficiais para escola, rádios, sites, blogs, etc.; ferramenta para o intercâmbio de experiências,
de Educação Ambiental; divulgar as ações, os princípios e as diretrizes da b. Aprender a olhar criticamente o que é veicula- métodos e ações de educação ambiental;
f. Incentivar e apoiar a elaboração de planos e educação ambiental no Estado, como contas de do nos meios de comunicação de massa, o tipo de d. Usar as tecnologias de comunicação no
programas de comunicação para as instâncias go- água, luz, telefone, contracheques, mala-direta, informação, quais os interesses de quem as produziu; ensino.
vernamentais ligadas à educação ambiental; espaços de utilidade pública em rádios, sítios ofi-
f. Fortalecer o Sistema Estadual de Informações ciais na internet.
sobge a Educação Ambiental (SEIEA);
h. Disseminar a educação ambiental de forma
ampla, através da utilização de materiais e ins- 2.Orientações para a
trumentos apropriados aos diversos públicos que Educomunicação Socioambiental
pretende alcançar, como: grande mídia, jornais,
rádios comunitárias, jornais, folders, cordel, qua- Este outro enfoque relacionando comunicação
drinhos, internet e outros meios de comunicação; e educação, ainda em debate na CIEA-BA, vem se
i. Divulgar as ações, os princípios e as diretrizes mostrando eficiente, eficaz e efetivo como meio
da educação ambiental no Estado em espaços pú- de consolidar a educação ambiental e está pauta-
blicos e privados como, feiras livres, espaços cul- do em:
turais, sedes das organizações sociais, centros de a. Aprender a construir veículos de comunica-
abastecimento, escolas, pontos turísticos, sede de ção adequados aos projetos, programas e ações de

88 • PEA-BA | Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 89
Trabalhar a transversalização como um dos
Transversalização da eixos estruturantes do Programa de Educação
Educação Ambiental Ambiental do Estado da Bahia é uma das formas de
se pensar na educação ambiental que se deseja, se
fala e se pretende fortalecer no estado. A transver-
salização da educação ambiental requer a aber-
tura para o diálogo, para a construção de espaços
de interlocução bilaterais no governo, nas organi-
zações da sociedade civil, nas entidades privadas
e na sociedade como um todo. Trata-se de uma
educação ambiental estruturante por promover a
íntima relação entre os desejos, sonhos e utopias
das pessoas em seu cotidiano e a tomada de de-
cisões nas esferas institucionais e governamentais.
Para que essa relação se estabeleça, de maneira
forte e real é necessário reconhecer que há dife-
rentes espaços, linguagens, grupos, religiosidades,
interesses e poderes e que essas diferenças estão
em disputa (Sorrentino, 2009)11.

Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 91


Reconhecer essa diversidade e essas forças em A transversalização no PEA-BA busca algo além uma participação social efetiva e verdadeira. Essa é a grande tarefa para a transversalização
disputa permite que, ao se pensar num projeto na de ter-se um grupo de educação ambiental dentro dos Qualificar essa participação é outra tarefa impor- deste Programa, construir um projeto de Estado
área da educação ambiental, diferentes grupos, Órgãos de Governo do Estado, que trabalhe a partir tante e, para isso, é necessário um esforço para com a participação popular que paute realmente
áreas do conhecimento, áreas do governo sejam dos interesses de cada órgão, ou seja, busca algo que que exista entendimento quanto à complexidade as políticas públicas e as tomadas de decisão. E
mobilizados e inseridos no processo; permite que construa um acordo de como farão educação am- das relações que nos cercam, entendimento de que facilite o diálogo e a construção conjunta de
os diferentes se encontrem e, nesse encontro, biental conjuntamente, de maneira coordenada. Isto que precisamos ir além das políticas setoriais es- políticas e ações no conjunto do governo, estadual
construam o algo a mais, construam o novo. Não já é um enorme avanço para a educação ambien- pecíficas de determinadas áreas, como a política e municipal.
é uma tarefa das mais simples, pois implica em um tal ou qualquer outra área de atuação do Governo, de governo para a área financeira, para a área ha- A partir desse entendimento, faz-se necessário
diálogo franco e solidário, onde é necessário ha- mas a transversalização que se mostra aqui é aquela bitacional, para a gestão urbana, para a cultura, visualizar maneiras para que a transversalização
ver um despir-se para que cada um dos envolvidos que traz, para toda e qualquer esfera de tomada de para o saneamento, para a educação e outra para ocorra nos mais diferentes espaços e entre os dis-
possa entender o que motiva o outro e, somente decisão, o cidadão. Isto só é possível quando esses o meio ambiente. É importante que a política de tintos segmentos da sociedade. As ações de trans-
então, torna-se possível a construção de algo cole- cidadãos conseguem perceber que têm o direito de Estado dialogue com os sonhos e necessidades de versalização da educação ambiental devem ocor-
tivo; algo que transversa o sonho, as dificuldades e serem responsáveis e co-autores pela história de suas seu povo e que caminhe na direção de uma uto- rer de forma processual, contínua e permanente,
potencialidades de cada um. vidas, inclusive nas decisões políticas que afetam sua pia (SORRENTINO, 2009)12. específicas para o setor governamental, sociedade
casa, seu bairro, seu trabalho, sua qualidade de vida, civil, setor privado e pela integração “inter” e “in-
seu tempo de lazer. tra” setores.
Tornar possível que esse envolvimento seja O Programa elenca algumas orientações pos-
11
SORRENTINO, Marcos. Transversalização da Educação parte da construção das políticas públicas para síveis para a transversalização da educação
Ambiental. Palestra proferira na IV Oficina Transversalização
no PEA-BA, da CIEA-BA, em outubro de 2009.
o Estado da Bahia é fundamental para que haja 12
Op.cit. ambiental.

92 • PEA-BA | Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 93
1. Transversalização da educação am- • Incentivar a gestão ambiental compartilhada, a • Apoiar a construção de instrumentos jurídicos • Promover ações que visem à capacitação da
biental no segmento governamental: partir da atuação articulada e colaborativa entre e institucionais que sirvam de base para a for- sociedade civil para a participação na gestão
as secretarias municipais de educação, saúde e mulação de planos e programas municipais de pública;
• Estimular a criação e a estruturação de ins- de meio ambiente dos municípios; educação ambiental; • Estimular a implantação de projetos e progra-
tâncias de educação ambiental no âmbi- • Potencializar as parcerias entre o governo esta- • Incentivar a criação de câmaras técnicas de edu- mas integrados de educação ambiental, envol-
to do poder público estadual e municipal; dual e municipal para a implantação de proje- cação ambiental nos Conselhos Municipais de vendo a comunidade local, sociedade civil e
Favorecer a criação de grupos interdisciplina- tos socioambientais e de educação ambiental; Educação, Saúde, Meio Ambiente, Conselhos movimentos sociais;
res de educação ambiental envolvendo agentes • Incentivar a realização de cursos e seminários Gestores de Unidades de Conservação, Comitês • Apoiar a realização de encontros técnicos re-
públicos; sobre educação ambiental por parte das secre- de Bacias Hidrográficas, nas Câmaras Setoriais gionais e municipais de educação ambiental
• Estimular a inclusão da educação ambiental tarias municipais de Educação, Saúde, Meio dos Territórios de Identidade. para compartilhar experiências e metodologias;
nas agendas dos setores públicos, nos proces- Ambiente e Agricultura; • Construir de forma coletiva e compartilha-
sos de planejamento e gestão das políticas pú- • Contribuir para a criação de fóruns munici- 2. Transversalização da educação da ações, projetos e programas de educação
blicas setoriais; pais e/ou regionais permanentes de educação ambiental no segmento da sociedade ambiental;
• Incentivar os governos municipais a promove- ambiental; civil organizada (ONGs, movimentos • Estimular a participação da sociedade civil
rem projetos e ações de educação ambiental • Difundir a educação ambiental nos Conselhos sociais, comunidades): nas estruturas de representação social voltadas
com parceria da comunidade e baseados na re- Municipais de Meio Ambiente, Conselhos para a educação ambiental.
alidade e na cultura local; Gestores de Unidades de Conservação, Comitês • Incentivar a articulação entre os movimentos
• Estimular a participação e envolvimento dos re- de Bacias Hidrográficas e demais estruturas de da sociedade civil voltados para a educação
presentantes dos órgãos públicos na CIEA-BA; representação social; ambiental;

94 • PEA-BA | Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 95
3.Transversalização da educação educação ambiental em empresas e sindicatos; • Estimular parcerias entre governo federal, esta- • Alinhar os projetos e programas com as políticas na-
ambiental no segmento da sociedade • Apoiar a participação de empresas públicas e dual e municipal em projetos e programas de cional, estadual e municipal de educação ambiental;
civil (empresas e trabalhadores) privadas no desenvolvimento de programas educação ambiental envolvendo escolas; • Incentivar o diálogo entre empresas, gover-
setoriais de Educação Ambiental em parce- • Utilizar as estruturas educadoras existentes para nos (municipal, estadual e federal) e socieda-
• Estimular a implantação de projetos e progra- ria com escolas, universidades e organizações a realização de projetos de educação ambiental. de civil, visando parcerias e convênios para a
mas de educação ambiental pelo setor privado; não-governamentais; implantação de projetos e ações conjuntas de
Divulgar as diretrizes da política de educa- • Incentivar a inserção da educação ambiental 5. Transversalização da educação educação ambiental.
ção ambiental do estado para o setor privado; nas ações do setor agropecuário e extrativista; ambiental envolvendo todos os Todas estas formas de transversalização da edu-
Estimular a criação de uma rede de responsabi- • Incentivar a criação de grupos de educação am- segmentos cação ambiental nos diversos segmentos da so-
lidade socioambiental envolvendo as empresas; biental interdisciplinares nas instituições privadas. ciedade, em essência, têm o poder de fortalecer
• Incentivar a contratação de técnicos especiali- • Incentivar a articulação e ampliar a participação o PEA-BA, fazendo dele um instrumento singular,
zados em educação ambiental para atuar junto 4. Transversalização da educação am- da sociedade civil, do setor público e privado mas algo estrategicamente integrado em todo um
ao setor privado; biental no setor educativo nas redes de educação ambiental; contexto nacional de enraizamento da educação
• Estimular o envolvimento das empresas em pro- • Apoiar a realização periódica de eventos de ambiental, partindo da contextualização local,
gramas como Coletivos Educadores e em pro- • Incentivar a implantação de projetos de educa- educação ambiental congregando órgãos públi- com base nos Territórios de Identidade e em toda a
gramas de educação ambiental nos territórios; ção ambiental nas escolas, considerando as ca- cos, sociedade civil, técnicos do setor público e diversidade de sua organização social, ambiental
• Socializar informações e experiências de racterísticas regionais e culturais, e em parceria universidades; e econômica.
educação ambiental no setor privado; com os governos municipais, instituições locais
Estimular a implantação de programas de e a comunidade;

96 • PEA-BA | Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 97
Avaliação A avaliação, assim como a comunicação e a
transversalização, eixos estruturantes do PEA-BA, é
uma das principais orientações que nortearam a ela-
boração do PEA-BA, conferindo ao Programa a di-
mensão de constante melhoria e aperfeiçoamento.
É por meio da prática ou do exercício de ava-
liação que se poderá rever constantemente o
Programa, os avanços da educação ambiental no
Estado e as dificuldades de sua implantação, per-
mitindo que novos conhecimentos, conceitos e di-
nâmicas sejam a ele incorporados (SISNEA, 2007).
A avaliação possui assim um caráter de apren-
dizagem sobre as práticas, sobre aquilo que se faz,
sobre a realidade. Para Brandão (2008), avaliar é
um ato de mediação dos processos de aprendiza-
gem entre o sujeito e a compreensão profunda e
crítica de sua ação no mundo.
Da mesma forma, entende-se a avaliação de po-
líticas e programas governamentais, prática ainda

Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 99


recente no campo da gestão pública, como um As orientações para a avaliação dos diversos pro- interpretação do programa, durante a avaliação. fenômeno, problema ou da intervenção que se quer
processo de aprendizagem, tanto para os gestores gramas, projetos e ações de educação ambiental são: Esta é a base para se construir os indicadores e vi- avaliar. O emprego de indicadores permite sintetizar
como para a população. Do lado dos gestores, per- ce-versa. A consolidação do(s) indicador(es) pode informações. A sua finalidade é ajudar a traduzir de-
mite o controle e a aplicação dos gastos públicos, fortalecer as bases teóricas do projeto. terminado aspecto de uma realidade.
a reorientação de prioridades e a melhoria da qua- Definir o foco da avaliação Os indicadores, entendidos como variáveis ou A construção de indicadores se faz a partir de
lidade da ação governamental e do lado da socie- É importante ter claro o que se quer avaliar, qual critérios, atuam como evidências ou pistas que re- perguntas ou daquilo que se quer investigar, enquan-
dade, permite o controle social e a transparência. a dimensão do projeto ou programa que se quer velam a realidade à qual a avaliação se dedica. to questões internas à ação, projeto ou programa.
O exercício da avaliação pode levar aquele que analisar. Por exemplo: São os objetivos atingidos o São produzidos por pessoas ou por um grupo que Seguindo esta concepção, são elaborados por aque-
executa a observar não só a “ação em si, suas limi- que se quer avaliar? São os processos percorridos possuem sua compreensão sobre essa mesma rea- les que estão envolvidos no processo de avaliação.
tações e suas forças” (BRANDÃO, 2008), mas tam- pelo grupo no projeto ou as ações executadas que lidade (BRANDÃO, 2008).
bém pode fazer com que se depare com questões se quer avaliar? Ou ainda, se quer avaliar a pers- Para Valarelli (1999) os indicadores “são parâ-
mais profundas como as razões ou as motivações pectiva de continuidade, ou seja, em que medida metros qualificados e ou quantificados que servem Definir as premissas que orientam a
que o levaram a desenvolver tal ação. ele criou condições de sustentabilidade? para detalhar em que medida os objetivos de um avaliação
Essa concepção de avaliação como processo Conhecer bem o que se quer avaliar requer que projeto foram alcançados dentro de um prazo de- A avaliação de programas educacionais e ou-
de aprendizagem sobre a prática, é a concepção o projeto ou programa esteja bem definido e deta- limitado de tempo e numa localidade específica”. tros programas, públicos, privados ou do setor sem
adotada para o estabelecimento das diretrizes de lhado na sua elaboração, para que se tenha uma Outras definições de indicadores reforçam o seu fins lucrativos, ainda está em processo de amadu-
avaliação de uma ação, projeto ou programa de boa compreensão do que será colocado em curso. papel como um instrumento ou parâmetro de medi- recimento. Existem várias abordagens de avaliação
educação ambiental, seja ele desenvolvido por um A falta de uma boa descrição da ação pode ção, verificação, mensuração que permitem identifi- que conferem diversas concepções metodológicas
grupo, comunidade ou instituição. fazer com que sejam cometidos equívocos de car e medir algum aspecto da realidade, do conceito, de projetos e programas (WORTHEN, 2004).

100 • PEA-BA | Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 101
A concepção que permeia a avaliação no só olhar sobre a prática pode restringir ou di- Decidir sobre a destinação de informações permite avaliar os resultados al-
PEA-BA é aquela direcionada para a partici- recionar a avaliação, enquanto que os diversos das informações cançados, comparando a situação anterior à im-
pação e com um caráter educador. Segundo olhares sobre a mesma ação, por aqueles que É importante ter clareza da utilidade e do des- plantação com a situação final.
Brandão (2008), a participação é um “princípio estão envolvidos com a execução, pode trazer tino que se quer dar às informações resultantes da O início do projeto ou programa também pode
político-metodológico essencial na jornada da uma leitura mais rica sobre a complexidade do avaliação, ter claro o que será feito com as infor- ser um momento para que se execute a avaliação,
avaliação para aprendizagem. Como processo, fenômeno ou da prática. mações. Considera-se que, nos processos partici- com a finalidade de levantar a situação inicial, an-
é a participação que parece criar possibilidades E se a premissa que orienta a avaliação edu- pativos, os resultados devam retornar às pessoas tecipar fatores que poderão influenciar a execução
para que aqueles e aquelas que participam de in- cadora é a participação, ela envolve durante afetadas pelo projeto ou programa. Um cuidado do programa e, até mesmo, pode trazer elemen-
tervenções sócio-ambientais possam avaliar para toda a sua execução, a construção de acordos, essencial para que as informações não se percam, tos para a tomada de decisão sobre a exeqüibili-
aprender.” combinados ou consensos sociais com todos os e que não pode ser esquecido ao longo do progra- dade da proposta, colocando em questão a sua
Na avaliação baseada na participação e for- envolvidos no processo de avaliação. ma ou no processo de avaliação, é o registro das implantação.
mação, quem determina o foco da avaliação, os informações. Durante a execução do programa é possível
critérios, o tipo de dado a ser coletado, são as acompanhar o andamento das ações, do processo,
pessoas interessadas ou afetadas pelo programa Identificar atores envolvidos no pro- Orientar a periodicidade de forma a analisar quais componentes do projeto
ou projeto. Este tipo de avaliação inclui as pes- cesso e no projeto das avaliações ou programa estão se desenvolvendo como plane-
soas no planejamento e na execução do proces- Em uma avaliação orientada para a participa- A avaliação pode ser executada em diferentes jado e quais mudanças ou melhorias são necessá-
so de avaliação (CHIANCA et al. 2001). ção, todas as pessoas relacionadas ao projeto ou momentos do projeto ou programa, podendo ocor- rias para o bom andamento da ação.
Outro argumento importante na concepção ao programa, incluindo aquelas afetadas pela rer antes da implantação, por meio de um diagnós- O final da implantação é o momento de analisar
da avaliação educadora e participativa é que um ação, são envolvidas no processo. tico inicial da situação. Este tipo de levantamento o que foi executado, os resultados atingidos ou não.

102 • PEA-BA | Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 103
Uma questão importante a ser avaliada no momen- apropriados para a sua prática. Assim como caberá Até aqui chegamos. Até aqui o fruto de um lon-
to de encerramento do processo é como e quanto a CIEA-BA, estabelecer a periodicidade de revisão Considerações Finais go caminho percorrido. Um caminho de constru-
houve de mudança em relação à situação inicial. deste programa. ção participativa e de mobilização social.No per-
Estes momentos compõem um sistema de ava- curso muitas foram as transformações nos jeitos de
liação, porém, cabe ao grupo avaliador, a partir de “Temos o dever do ceticismo da análise e ser e de fazer. Transformações que não se esgotam
suas perguntas e dúvidas que querem ver respon- do otimismo na ação” na elaboração deste documento-ferramenta; na ri-
didas na avaliação, estabelecer os momentos mais (Antonio Gramsci) queza dos seus eixos estruturantes, mas, que pelo
“O momento da transformação é mágico
contrário, foram acontecendo ao longo do proces-
Há nele uma percepção profunda do momento presente
so participativo e que continuarão acontecendo
Há um mergulho no cerne da existência
nas construções facilitadas pelo PEA-BA.
Há sincronicidade numa grande harmonia de “ser”
Na essência da concepção do PEA-BA, enquan-
É como aquele exato momento em que a lagarta
to norteador das ações e projetos de educação am-
Se transforma em borboleta
biental pelo Estado, fortalecendo a relação entre o
E voa sem nunca ter voado”.
poder público e a comunidade, cada coletivo passa
(Ruy Cezar do Espírito Santo)
a ser, ao mesmo tempo, ator e autor dos processos,
vivenciando a construção de seus próprios destinos.
Tem sido extremamente significativa a intensida-
de e a complexidade dos níveis de participação pro-
postos em todos os processos que desde o começo

104 • PEA-BA | Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 105
foram acontecendo ao longo desta construção. Em
cada passo dado, a vital sensação do avanço; em
afinados com o Programa Nacional de Educação
Ambiental, na riqueza da construção coletiva.
Referências ALCOFORADO, Fernando. Os condicionantes
do desenvolvimento do Estado da Bahia. 2003.
cada discussão a aprendizagem implícita no diálogo Este Programa, enquanto possível referência te- 389p.Tese (Doutorado em Planificacíon Territorial y
e na negociação; em cada consenso a plenitude do órico-metodológica para as ações e elaboração de Desarrollo Regional) - Universidade de Barcelona.
estar construindo juntos num mesmo interesse pelo projetos de educação ambiental pelo Estado, deve Barcelona. 2003, 389p.
bem comum; em cada dissenso a oportunidade para ser revisitado constantemente como regular ponto AZEVEDO, Caroline Todt. De. Participação e
conviver em paz com a riqueza das diferenças! de encontro de todos os que acreditam numa edu- representatividade e Legitimidade na Construção
Sabemos que ainda há muito caminho a ser cação ambiental libertária e transformadora. de Políticas Públicas – A experiência do CIEA-BA,
percorrido, mas o governo do Estado da Bahia, Esta última página, antes de definir o final de 2003-2006. 2008. 187f. Dissertação (mestrado em
juntamente com toda a Sociedade Civil demonstra algo, aponta para os possíveis e necessários co- Desenvolvimento Sustentável) - Universidade de
que “Um outro mundo é possível” na concretude meços transversais que permeando todos os níveis Brasília. Brasília, 2008, 187p.
da metamorfose de uma vontade-idéia transforma- de realidade, possam comunicar tempos novos BARKIN, David et al. Novas estratégias para El
da em realidade através deste PEA-BA. de justiça social, equilíbrio ambiental e equidade desarrolho rural sustentable: participación popular,
Assim, a todos os que ajudaram a construir econômica, levando-nos a avaliar cada passo, na autosuficiencia alimentaria y regeneración ambien-
este Programa, e aqueles que dele se beneficia- certeza de que todos fizemos o melhor possível! tal In: Educación en ambiente para el desarrollo sus-
rão nas suas ações pela educação ambiental nos Bem Vindo!... Bem Vinda!... tentable. Argentina: EMV/CTERA/SNES. 1999.
seus Territórios de Identidade, esperamos poder Bem Vida!... vivida na certeza da dignidade e do BOFF, Leonardo. Saber cuidar, ética do humano,
selar um compromisso para cumprir os objetivos, compromisso do caminhar cotidiano, sabendo que compaixão pela Terra. Rio de Janeiro: Vozes, 1999.
princípios e diretrizes da educação ambiental, mudar é possível e que não caminhamos sozinhos! BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Comunidades

106 • PEA-BA | Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 107
Aprendentes. In: Ferraro Jr., L.A. (org) Encontros e SCHIESARI, Laura. Desenvolvendo a cultura da GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA. Ambiental. Brasilia: MMA/MEC, 2005. Série
Caminhos: formação de educadoras(es) ambientais e avaliação em organizações da Sociedade Civil. Centro de Recursos Ambientais. 30 anos de Gestão Documentos Técnico -2.
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__________. Aqui é onde eu moro, aqui nós vi- Sustentabilidade. GUIMARAES, Mauro. Abordagem relacional Educaçao Ambiental. Brasilia: MMA/MEC, 2005.
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Município Educador Sustentável. Brasília: MMA, 2005 DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DO ESTADO DA Caminhos da Educação Ambiental. Campinas, São SATO, Michele. Educação Ambiental. São
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acervo-d/indicadores_resultados.doc> Acesso em:
2000
Glossário13 Coletivo Educador (CE)
Grupo de instituições que trabalham em proces-
WARREN-SHERER. Movimentos sociais e parti- sos de mobilização social e formação de educadoras/
cipação In, SORRENTINO, Marcos (Coordenação). es ambientais populares, que atuará na criação e no
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dade. São Paulo: EDUC/FAPESP, 2002. WORTHEN, Qualidade de Vida (COM-VIDAS – estágio avançado
Blaine R; SANDERS, James. S & FITZPATRICK, dos Coletivos Educadores, divididos em duas frentes
Jody. l. Avaliação de Programas: concepções e prá- de trabalhos: nas escolas e na comunidade). Além
ticas. São Paulo: Gente, 2004. disso, estimula a troca de experiências entre ONGs,
sindicatos, movimentos sociais, redes, universidades,
prefeituras, pastorais, regionais de ensino, organiza-
ções populares, órgãos de assistência técnica e exten-
Sites são rural, empresas e outras instituições (DEA/MMA).
http://ibahia.globo.com/plantao/noticia/default.asp?id_noticia=181068&id_secao=31 Consultado em 08/01/10
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http://www.seia.ba.gov.br/materias/cepram/template01.cfm?idCodigo=162 consultado em 29/01/2010 13
Acepções extraídas do livro Os Diferentes Matizes da Juvenil Pelo Meio Ambiente (CNIJMA), em 2003, com-
Educação Ambiental no Brasil 1997-2002. Ministério do põem-se de lideranças entre 16 e 25 anos, membros de
http://www.meioambiente.ba.gov.br/conteudo.aspx?s=UNICODEF&p=UNIDADEC consultado em 13/06/2012 Ministério de Meio Ambiente, texto de Silvia Czapski.

110 • PEA-BA | Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 111
organizações de juventude com capacidade de multipli- Desenvolvimento Sustentável pela sustentabilidade do território. A estas pessoas sua identidade por meio de sua própria história e de
cação, equilíbrio de gênero, representação do meio rural Segundo o Relatório Brundtland, publica- cabe mobilizar, animar e subsidiar grupos de ação- seu socioambiente, ou seja, quando ancoram sua
e urbano e contemplando diferentes etnias (brancos, ne- do pela Comissão Mundial de Meio Ambiente e -reflexão junto às suas bases e junto às Com-vidas. identidade nos elementos espaço-temporais de sua
gros, indígenas). Nas COEs, estes conselhos atuaram na Desenvolvimento da ONU, em 1987, é aquele que São educadoras/es e lideranças que muitas vezes já biografia. Weil considerou o enraizamento como
seleção final dos delegadas/os estaduais da Conferências satisfaz as necessidades do presente sem comprome- atuam, estão em formação, mobilizam grupos de a necessidade natural, ao mesmo tempo, mais im-
de Meio Ambiente nas Escolas e na mobilização de es- ter a capacidade de as futuras gerações satisfazerem base em suas escolas, universidades, bairros, fábri- portante e mais desconhecida da alma humana. A
tudantes e jovens para a realização da CNJIMA, como suas próprias necessidades. Foram dois conceitos no- cas, clubes, comunidades, sindicatos. A formação noção de enraizamento implica que o ser humano
conferência de jovens feita por jovens (sítio Rebea). vos, dentro desse conceito: 1 - reunir economia, meio como educadoras/es ambientais populares exige a recebe quase que a totalidade de sua vida moral,
ambiente e a questão social, e 2 - reconhecer a res- oferta de opções de conteúdos da educação ambien- intelectual e espiritual por intermédio dos meios
Comitê Assessor do Órgão Gestor da ponsabilidade de garantir o ambiente “inteiro” para tal e popular, apoio no fortalecimento da metodolo- de que faz parte naturalmente. Implica, além dis-
Política Nacional de Educação Ambiental. as gerações futuras (Site do IPCC e livro “Vocabulário gia, orientação para a ação e reflexão de seus grupos so, que as influências exteriores devem ser sempre
Composto por representantes de 13 setores da so- Básico de Recursos Naturais e Meio Ambiente, IBGE”). e na articulação de objetivos em uma estratégia edu- recebidas através dos meios dos quais os seres hu-
ciedade e constituído em novembro de 2003, como cadora e ambiental para a sustentabilidade (Boletim manos fazem parte, e jamais como uma importação
o nome indica, faz o assessoramento do Órgão Educador/a ambiental popular Coleciona _ 00 – Órgão Gestor da PNEA, s/d) sem mediações. No Brasil, com base no ProNEA, o
Gestor da PNEA. Se necessário, busca o apoio logís- Atores principais da educação ambiental na base DEA/MMA iniciou uma ação de enraizamento da
tico de órgãos, instituições e pessoas de notório saber da sociedade, do enraizamento de reflexões e práti- Enraizamento EA no país, que prevê, como condições estruturan-
na área de sua competência, em assuntos nos quais cas libertárias, emancipatórias e transformadoras. A Termo proposto pela filósofa francesa Simone tes, a existência de marcos legais (políticas e progra-
necessite de conhecimento específico (Release “Três formação e apoio permanente a esses sujeitos é ob- Weil para significar que os seres humanos só se cons- mas de EA democraticamente acordados e monito-
eventos”. V Fórum Brasileiro de EA, 2004). jetivo e função de todo Coletivo Educador na busca tituem como sujeitos históricos quando constroem rados); de instâncias gestoras (diretorias de EA nas

112 • PEA-BA | Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 113
secretarias de meio ambiente e educação, a com- Tornou-se o maior fundo público do Brasil, apoiando dos recursos ambientais. Pode ser positivo, quan- participar na negociação de financiamentos a pla-
posição de um órgão gestor estadual); de instâncias ações em todas as regiões do país – projetos e inicia- do ajuda a regenerar áreas e/ou funções naturais, nos, programas e projetos nesse campo. Atua com
coletivas e colegiadas democráticas (CIEAs, Redes, tivas que contribuem para a conservação e o uso sus- ou negativo, quando o efeito é a degradação. O apoio do Comitê Assessor (Release “Três eventos.”.
Coletivos Jovens etc.), entre outros. Nesse sentido, tentável dos recursos naturais e o apoio a comunida- Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/ V Fórum Brasileiro de EA, 2004).
passou a ser chamado de enraizador/a, a pessoa li- des. EA faz parte disso. Em 2006, contribuiu para a Rima) devem relacionar todos os impactos previs-
gada ao Órgão Gestor que promove a viabilização criação da Rede Brasileira de Fundos Socioambientais, tos dos empreendimentos, anunciando as medidas Pesquisa-Ação-Participante (PAP)
do comprometimento de movimentos coletivos (so- que reúne fundos socioambientais públicos e privados a serem tomadas para minimizar os impactos ne- Uma metodologia proposta para o planeja-
ciais, setoriais e institucionais), com a permanência atuantes no país (Coletivos Educadores para Territórios gativos (Site do IPCC e livro Vocabulário Básico de mento, implementação e avaliação dos projetos.
de ações, projetos e programas de EA nos territórios, Sustentáveis, Brasília, 2007). Recursos Naturais e Meio Ambiente). Refere-se ao procedimento de pesquisar, partilhar,
tendo em vista fortalecer e qualificar ações voltadas construir visões, percepções, relações sobre ques-
à sustentabilidade socioambiental. A articulação é Impacto ambiental Órgão Gestor da Política Nacional de tões relevantes do território, em conjunto com os
entendida como palavra chave dessa ação enraiza- Segundo a Resolução 001/86, do Conselho Educação Ambiental (OG-PNEA) vários atores sociais desse território, buscando so-
dora (Dicionário Socioambiental). Nacional de Meio Ambiente (Conama), é a altera- Previsto na lei que instituiu a Política Nacional luções para tais questões. No meio escolar, traba-
ção das propriedades físico-químicas e biológicas de EA (PNEA), e em seu decreto regulamentador, lha-se com pesquisa-ação-participante a partir de
Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) do meio ambiente, causada por qualquer forma de é composto pelo MEC e MMA. Tem atribuição de oficinas, em que estudantes, famílias, docentes e
Criado pela Lei Federal 7.797/89, em julho de 1989, matéria ou energia resultante das atividades hu- definir diretrizes para implementação dessa po- comunidade pesquisam sua realidade, buscam en-
com a missão de contribuir como agente financiador manas que afetam a saúde, segurança, bem-estar lítica em âmbito nacional, realizar a articulação, tender o contexto em que vivem e, a partir daí,
para a implantação da Política Nacional de Meio da população, atividades sociais e econômicas, coordenação e supervisão de planos, programas propõem ações que objetivem a melhoria da qua-
Ambiente (PNMA), por meio da participação social. biota, condições estéticas e sanitárias e qualidade e projetos na área de EA em âmbito nacional, e lidade de vida. É deste processo que sai a ação

114 • PEA-BA | Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 115
de intervenção socioambiental (Chamada Pública Projeto Melhoria da Qualidade na Educação – Um balan- Sala Verde
MMA nº 01/2006 / Edital FNMA nº 05/2005 / reso- É um conjunto articulado de ações e pessoas motiva- ço institucional”, 2002 / Entrevista Rachel Trajber). Espaço vinculado a uma instituição pública ou
lução 11/2005 – FNDE – Educação Chico Mendes). das para o alcance de um objetivo comum. Possui tempo privada, que poderá dedicar-se a projetos, ações
determinado (princípio, meio e fim), recursos limitados e Redes de educação ambiental (Redes de EA) e programas educacionais voltados à questão
Política Pública deve ser constantemente avaliado (Luis Mello - Agência São espaços coletivos dinâmicos e auto-organiza- ambiental. Deve cumprir um papel dinamizador,
Entende-se por Políticas Públicas “o conjun- Nacional da Água - www.ana.gov.br). dos, inspirados no ideário da contracultura, que se numa perspectiva articuladora e integradora, no
to de ações coletivas voltadas para a garantia constituem como uma ampla malha de comunica- sentido de viabilizar iniciativas que propiciem a
dos direitos sociais, configurando um compro- Programa Parâmetros em Ação (PCN em Ação) ção, onde cada membro da rede possui a responsa- participação dos diversos segmentos da socieda-
misso público que visa dar conta de determi- Política pública do Governo Federal (SEF/MEC) bilidade de assegurar a circulação de informações a de na gestão ambiental, e seguir uma pauta de
nada demanda, em diversas áreas.” (Guareschi, para o desenvolvimento profissional em serviço de parceiras/os conectadas/os na rede e para fora dela. atuação permeada por ações educacionais, volta-
Comunello, Nardini & Hoenisch, 2004, pág180. professoras/es de todos os segmentos e modalida- Qualquer educador/a ambiental pode integrar-se à das à sustentabilidade. Têm como pré-requisitos:
des do Ensino Fundamental, implementado a partir rede (pessoa física ou jurídica), assumindo o compro- Projeto Político-Pedagógico (PPP), equipe técnica
Programa de 1999 em parceria com os sistemas de ensino. misso da multiliderança e participação, uma vez que (mínimo de duas pessoas), espaço físico e garan-
É um conjunto integrado de projetos, entidades Parâmetros em Ação – Meio Ambiente na Escola a rede tem por missão a criação de uma nova cultura tia de manutenção. Para as Salas Verdes, o MMA
executoras e pessoas motivadas para o alcance de (PAMA) foi a continuidade do PCN em Ação, das organizacional, horizontal e autônoma, não hierár- fornece kits de publicações por três anos, além
um determinado objetivo. O Programa reúne vá- séries finais do Ensino Fundamental, aplicado quica. Além da Rede Brasileira de EA (Rebea), exis- de orientação e apoio logístico. Em 2006, havia
rios projetos que geram resultados que somados em 2001 e 2002. A partir de 2003, passou a ser- tem várias outras redes de EA, com recorte geográfi- 390 Salas Verdes em atividade, nas cinco regiões
atingem um determinado objetivo (Luis Mello - vir como um dos pilares para o programa Vamos co estadual, temático ou institucional (“Construindo do país. (“Programa Nacional de Formação de
Agência Nacional da Água - www.ana.gov.br). Cuidar do Brasil com as Escolas (“Políticas de juntos a educação ambiental brasileira.”, DT 03) Educadoras(es) Ambientais.”, DT 08).

116 • PEA-BA | Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 117
AnexO I O quadro seguinte apresenta o resultado da siste-
matização das informações resultantes dos debates
que ocorreram durante as plenárias territoriais dos
Temas chave para a
seminários de consulta pública do Projeto de Lei da
educação ambiental Política de Educação Ambiental do Estado da Bahia,
realizados entre outubro de 2008 e maio de 2009.
nos territórios O objetivo daquele momento foi que os(as) partici-
de identidade do pantes tivessem a oportunidade de debater questões
relacionadas ao cenário socioambiental (conflitos e
Estado da Bahia oportunidades) dos territórios de identidade e a partir
desse debate levantassem linhas e estratégias para as
ações de educação ambiental nos seus territórios.
Houve um entendimento por parte da CIEA de que
essas informações deveriam constituir um dos anexos
da publicação deste PEA. Nesse sentido, o documento
passou por uma avaliação buscando melhorar a for-
matação das informações contidas nele sem alterar
os conteúdos trabalhados. Esse trabalho foi realizado
pela DIEAS e o resultado foi aprovado pela CIEA.

Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 119


QUADRO 1 LITORAL SUL / ITABUNA • Resíduos sólidos.
Temas Chave para a Educação Ambiental nos Territórios de Identidade do Estado da • Enfoque em ações de educação ambiental para áreas rurais.
Bahia a partir da Percepção dos Conflitos Ambientais Locais Resultantes dos Trabalhos • Capacitação para gestores públicos.
em Grupo Durante os Seminários de Consulta Pública do Projeto de Lei da Política de • Criação de instrumentos de avaliação de projetos e programas.
Educação Ambiental do Estado da Bahia, realizados entre Out./2008 e Mai./2009. • Capacitação de agricultores através dos sindicatos e associações.
• Criação de conteúdos pedagógicos.
Território / Local da Temas chave para a educação ambiental a partir da
• Uso das mídias locais nas ações ambientais, campanhas educativas.
realização dos seminários percepção dos conflitos ambientais locais
• Difusão da informação sobre a importância da Mata Atlântica.
AGRESTE DE ALAGOINHAS/ • Conservação de mananciais, rios e lagos. • Comunidades tradicionais e valorização das culturas.
LITORAL NORTE/ • Tratamento de resíduos líquidos e sólidos (destinação correta do lixo). • Capacitação dos gestores públicos, educadores, jovens e comunidade em geral.
ALAGOINHAS • Fortalecimento dos espaços públicos de participação (conferências, colegiados). • Agroecologia.
• Capacitação no âmbito da educação ambiental formal e não formal.
PIEMONTE DO PARAGUAÇU/ • Formação de equipes multidisciplinares para atuar nas ações de educação ambiental.
EXTREMO SUL/ • Agricultura (monoculturas). ITABERABA • Campanhas educativas, sobretudo com agricultores.
EUNÁPOLIS • Êxodo rural. • Destacar a importância da fauna e flora local no currículo escolar.
• Saneamento ambiental.
• Zoneamento ambiental. SEMIÁRIDO NORDESTE II/ • Uso dos recursos hídricos.
• Ocupação do solo. EUCLIDES DA CUNHA • Assoreamento da bacia do Rio Itapicuru e Vaza Barris.
• Recuperação das Matas Ciliares e preservação de nascentes. • Desmatamento ilegal/Queimadas.
• Desmatamento ilegal. • Poluição das águas.
• Campanhas ambientais. • Coleta seletiva.
• Capacitação no âmbito da educação ambiental formal. • Fortalecimento dos espaços públicos de participação e de parcerias.
• Estabelecimento de canais de diálogo entre os segmentos da sociedade. • Impactos da pecuária em Áreas de Proteção Permanente (APP).
• Cultura local e regional. • Prostituição e uso de drogas.

120 • PEA-BA | Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 121
VITÓRIA DA CONQUISTA/ • Valorização do bioma caatinga. IRECÊ/ IRECÊ • Campanhas de educação ambiental com práticas socioambientais no campo e na cidade.
VITÓRIA DA CONQUISTA • Valorização da cultura local. • Fortalecimento dos conselhos municipais de meio ambiente.
• Campanhas educativas. • Implantação de Agendas 21 nos municípios.
• Capacitação técnica de gestores, educadores e sociedade civil.
BAIXO SUL/ • Queimadas. • Uso dos recursos hídricos.
VALENÇA • Caça predatória. • Expansão da agropecuária.
• Impactos da indústria de amianto. • Desmatamento (por conta da produção do biodiesel).
• Saneamento ambiental. • Desertificação.
• Uso do solo no meio rural; • Resíduos sólidos.
• Ocupação desordenada do solo urbano. • Mineração.
• Poluição dos rios. • Fortalecimento de parcerias.
• Expansão da monocultura de eucalipto. • Campanhas educativas.
• Campanhas educativas para o uso dos recursos hídricos, nascentes e situação • Formação contínua em espaços formais e não formais em torno das questões socioambientais
da Lagoa das Bateias e Serra do Peri-Peri. para atuações diversas: em comunidades, colegiados, associações, etc.
• Desmatamento ilegal. • Valorização dos aspectos culturais do semiárido.
• Interpretação e aplicação do Código Municipal de Meio Ambiente. • Agenda 21.
• Capacitação dos gestores. • Uso das mídias nas ações de educação ambiental.
• Valorização da cultura local e regional.
• Fomento à formação de cooperativas. • Uso de informações das avaliações de impacto ambiental nos conteúdos de
PIEMONTE NORTE DO
• Uso da mídia para a divulgação das campanhas. campanhas educativas.
ITAPICURU/ SENHOR DO BONFIM
• Avaliação de impactos ambientais.
• Diagnóstico socioambiental.
• Fortalecimento de atores sociais.
• Capacitação para seguimentos diversificados.

122 • PEA-BA | Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 123
SERTÃO PRODUTIVO/ • Crescimento populacional. • Reciclagem.
CAETITÉ • Êxodo rural. • Caça predatória.
• Agricultura. • Utilização dos meios de comunicação.
• Conflitos pelo uso da terra. • Manejo dos recursos hídricos.
• Caça e pesca predatória. • Valorização das culturas locais.
• Saneamento ambiental. • Mobilização da sociedade.
• Uso intensivo de agrotóxicos. • Campanhas educativas.
• Monocultura de eucalipto. • Capacitação de agentes ambientais.
• Mineração.
• Desemprego. CHAPADA DIAMANTINA/ • Desmatamento para pastagens, produção de carvão.
• Licenciamento ambiental municipal. SEABRA • Queimadas.
• Políticas públicas para o semiárido. • Mineração.
• Campanhas educativas/uso das mídias/educomunicação. • Manejo dos recursos hídricos.
• Capacitações dos profissionais de ensino, associações comunitárias. • Saneamento ambiental.
• Processos de formação em educação ambiental (EA) para a educação formal e não formal, • Caça predatória.
envolvendo diversas instituições e grupos e também gestores municipais. • Geração de renda e meio ambiente.
• Abordagem de EA para da lei de crimes ambientais e atividades degradantes por empresas • Fortalecimento das organizações da sociedade civil, em especial os brigadistas.
mineradoras e de eucalipto. • Capacitação dos conselheiros municipais do meio ambiente e integrantes de
entidades ambientalistas.
BACIA DO JACUÍPE / • Impactos da pecuária intensiva.
RIACHÃO DO JACUÍPE • Produção de cerâmica. ITAPARICA/ • Capacitação de gestores e educadores para desenvolver ações de EA.
• Queimadas/Uso dos solos. PAULO AFONSO • Educomunicação.
• Degradação da caatinga. • Coleta seletiva.
• Saneamento ambiental. • Agendas 21 nos municípios.

124 • PEA-BA | Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 125
OESTE BAIANO/ • Recuperação de áreas de APP. VALE DO JIQUIRIÇÁ/ • Uso de agrotóxicos.
BARREIRAS • Capacitação continuada de professores. JIQUIRIÇÁ • Desmatamento.
• Campanhas educativas. • Gestão de recursos hídricos, de fauna e flora.
• Uso da Internet como ferramenta de socialização. • Divulgação das leis ambientais.
• Estruturação do poder público para ações efetivas de EA. • Saneamento.
• Criação, comercialização e tráfico de animais silvestres.
PORTAL DO SERTÃO/ • Coleta seletiva e reciclagem dos resíduos sólidos. • Educomunicação.
FEIRA DE SANTANA • Capacitação de gestores, professores e jovens em educação ambiental. • Capacitação de profissionais das áreas de saúde, educação, agricultura e meio ambiente.
• Fortalecimento da parceria entre os entes federados nas ações de educação ambiental. • Qualificação dos agentes fiscalizadores.
• Educomunicação. • Fortalecimento de órgãos técnicos, sindicatos, associações e prefeituras.
• Associativismo.
• Economia solidária. MÉDIO RIO DAS CONTAS/ • Desmatamento.
• Cidadania. JEQUIÉ • Exploração dos recursos hídricos.
• Criação de núcleos de EA nos municípios. • Queimadas.
• Fomento à pesquisa e diagnósticos. • Destinação de resíduos.
• Saneamento básico.
• Linhas de crédito com compromisso ambiental.
• Comercialização ilegal de madeira.
• Pesca e caça predatória.
• Criação e formação de agentes ambientais.
• Capacitação sobre extração de minérios do território.
• Diagnóstico socioambiental, focando a trajetória histórica das questões territoriais.

126 • PEA-BA | Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 127
RECÔNCAVO/ • Recomposição da mata ciliar. • Venda e extração ilegal de madeiras.
CRUZ DAS ALMAS • Planos de incentivo ao uso de culturas alternativas e ao modo diferenciado de uso do solo. • Grilagem.
• Extração desordenada de areia e argila.
ITAPETINGA/ • Divulgação das Leis Nacional e Estadual de Educação Ambiental. • Concessões de licença ambiental para mineração.
ITAPETINGA • Criação de núcleos de educação ambiental em caráter formal e não formal para mobilização • Extração de pedras para a construção civil (mármore azul).
de diversos setores. • Caça predatória.
• Capacitações contínuas referentes às questões socioambientais locais. • Pesca ilegal (em época de Piracema).
• Uso abusivo dos recursos hídricos. • Pichação de sítios arqueológicos.
• Acompanhamento dos recursos financeiros da Secretaria Municipal de Meio Ambiente • Legislação ambiental, acompanhamento e fiscalização.
(SEMMA) para o desenvolvimento de ações referentes à coleta seletiva, implantação • Cumprimento da educação ambiental como tema transversal nas unidades escolares.
de viveiros, salas verdes etc. • Capacitação continuada referente às temáticas socioambientais locais para gestores municipais,
professores e sociedade civil.
BACIA DO PARAMIRIM/ • Queimadas.
PARAMIRIM • Desmatamento. BACIA DO RIO CORRENTE/ • Saneamento ambiental, coleta de lixo nos assentamentos.
• Extinção de árvores frutíferas nativas. SANTA MARIA DA VIÓRIA • Desmatamento e queimadas em áreas de APP.
• Saneamento básico. • Uso de agrotóxicos.
• Destinação dos resíduos sólidos. • Regularização fundiária.
• Degradação dos rios locais.
• Grilagem.
• Extração desordenada de areia no Rio da Caixa, na comunidade de Placa, e com máquinas de
• Carvoarias.
tecnologia avançada no Rio do Pires.
• Trabalho escravo.
• Exploração de minério na comunidade de Baixa Funda.
• Expansão do agronegócio.
• Passivo ambiental dos rejeitos da mineração de chumbo.
• Privatização dos mananciais.
• Uso indiscriminado de agrotóxicos.
• Carvoaria ilegal. • Tráfico e abate de animais silvestres.

128 • PEA-BA | Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 129
• Formação e capacitação dos agentes promotores de políticas públicas ambientais.
• Transversalidade da educação ambiental. REGIÃO METROPOLITANA DE • Uso e ocupação desordenada do solo com a ocupação inadequada de áreas de praias, margens
• Cursos, palestras, seminários, caminhadas ecológicas, gincanas e campanhas educativas. SALVADOR/ SALVADOR de rios, encostas, beiras de estradas e áreas de mangue.
• Viagens de estudo e pesquisa ambiental. • Falta de saneamento ambiental.
• Premiação para comunidades que melhor preservarem o meio ambiente. • Emissão de efluentes industriais nos corpos de água.
• Orçamento municipal para o desenvolvimento de projetos socioeducativos ambientais. • Pesca predatória.
• Formação continua do corpo docente. • Produção de carvão.
• Manejo inadequado de produtos químicos.
VELHO CHICO/ • Extração vegetal e mineral. • Falta de qualidade do ar.
BOM JESUS DA LAPA • Caça e pesca predatória. • Desmatamento em áreas primárias e remanescentes da Mata Atlântica.
• Uso de agrotóxicos. • Queimadas.
• Desmatamento desordenado (carvoarias). • Extração irregular de minerais (areia, cascalho, arenoso, argila etc.).
• Poluição dos rios. • Educomunicação.
• Educomunicação. • Escassez e má qualidade dos mananciais.
• Formação de coletivos educadores. • Fortalecimento das redes sociais.
• Formação de agentes de educação socioambiental. • Criação de fundo específico para as atividades de EA.
• Envolvimento da sociedade civil nas questões ambientais. • Criação de um fórum permanente de EA.
• Fomentar Planos de Educação Ambiental (PEA) nos setores públicos, privados e sociais.
PIEMONTE DA DIAMANTINA/ • Programas de EA referentes à questão do lixo, ao desmatamento, queimadas, recursos hídricos, • Ouvidorias ambientais.
JACOBINA outras questões locais, atentando para os elementos culturais da região. • Maior qualidade e eficácia das condicionantes de EA no licenciamento.
• Sensibilização dos gestores locais frente às questões socioambientais. • Capacitação dos gestores públicos para promover a integração das políticas públicas.
• Diagnósticos socioambientais que analisem a trajetória histórica das situações apontadas para a
construção de programas de atuação.

130 • PEA-BA | Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 131
SERTÃO DO SÃO FRANCISCO/ • Poluição do rio. SISAL/ VALENTE • Desmatamento, retirada ilegal de madeira para fins comerciais.
JUAZEIRO • Aumento de carvoarias no interior. • Poluição dos rios e solos.
• Devastação da mata nativa. • Saneamento/coleta seletiva.
• Poluição da água pela fábrica de gelo (PA). • Uso de agrotóxicos.
• Descaso do poder público. • Queimadas.
• Cercas em áreas que antes eram de uso comum. • Extração ilegal de minérios.
• Depósito de lixos e detritos nas águas do lago. • Formação de educadores ambientais.
• Queimadas. • Educomunicação.
• Introdução de peixes exóticos. • Cumprimento da legislação ambiental.
• Grandes projetos de irrigação.
• Agrotóxicos.
• Aplicação e fiscalização das leis ambientais.
• Envolvimento da população local com as questões socioambientais.
• Formação com a população local referente às questões socioambientais.
• Programas de educação ambiental que envolvam a questão das queimadas, do lixo, da
reciclagem, práticas agroecológicas.
• Cursos de formação com orientação sobre queimadas para a formação de brigadas florestais.
• Valorização dos catadores.

132 • PEA-BA | Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 133
Anexo II 1. Introdução

Estratégias para a Educação A Educação Ambiental é um campo diverso, em


termos de concepções, objetivos e práticas. O que
Ambiental no Sistema é a problemática ambiental, quais as suas causas,
quais os desafios, quais as estratégias e quais os
Estadual do Meio Ambiente: papéis, são questões respondidas de formas distin-
Desenvolvimento da Política tas e, muitas vezes, contraditórias. Apesar destas
diferenças e contradições, o Brasil vem avançando
e do Programa Estadual nos marcos legais da educação ambiental. Há um
único consenso sobre este campo: ela é importante
para o enfrentamento da problemática ambiental.
A criação participativa da Lei da PEEA, a cons-
trução do PEA e de programas setoriais, como o
ProEASE da SEC foram passos importantes para a
caminhada da educação ambiental enquanto po-
lítica pública no estado da Bahia. Essas iniciativas
possibilitaram criar marcos regulatórios fundamen-
tais para que o Estado aprimore sua capacidade

134 • PEA-BA | Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 135
de desenvolver a política pública de educação SISEMA, nas demais estruturas de governo e orga- como a redução da biodiversidade, a amplia- para criar as condições para a sustentabilidade.
ambiental. O momento desafia a operacionaliza- nizações da sociedade civil que promovam pro- ção das áreas em processo de desertificação e O Sistema é muito claro em relação ao seu pa-
ção desses regulamentos, por meio da transversa- cessos de formação e formulação de políticas pú- os conflitos em relação à água. Existem graves pel, seus objetivos e ações em relação à gestão
lização e pela territorialização da educação am- blicas de base territorial, afim de que a educação e profundos limites geopolíticos, políticos, ins- de água, à gestão de unidades de conservação, à
biental, de acordo com as orientações dadas pelos ambiental se desenvolva em todo o Estado. titucionais, culturais, sociais e econômicos para regulação ambiental e à fiscalização.
princípios, objetivos, diretrizes, linhas de ação e o enfrentamento da problemática socioambien- O papel da DIEAS é o de criar condições para o
instrumentos estabelecidos na Lei e no Programa. 1.1 Objetivos do SISEMA para o tal. Há outro consenso frágil: a importância da desenvolvimento da EA na sociedade e no Estado,
A Política de Educação Ambiental tem lugar desenvolvimento do PEA EA. Todos consideram importante que haja uma principalmente no próprio SISEMA. Para não se
de destaque dentre as políticas ambientais esta- Apesar do amplo consenso que se observa em educação ambiental para envolver a população incorrer no risco de escrever mais um conceito
duais. A Lei Nº 12.212, de 04 de maio de 2011, relação à importância das questões ambientais, com as questões ambientais e, cada vez que esta de educação ambiental, apresenta-se aqui os re-
que alterou a estrutura organizacional do SISEMA14 não há uma reversão da problemática. A emis- dificuldade de enfrentar a problemática socio- sultados que se esperam pelo desenvolvimento da
determinou que a Educação Ambiental seja co- são de gases estufa aumenta a cada ano, assim ambiental é assinalada, é comum que se refor- educação ambiental, na sociedade e no Estado. O
ordenada e monitorada pela SEMA, por meio da ce ainda mais o lugar da educação ambiental. quadro 1 apresenta os resultados esperados pelo
DIEAS, e que a execução da política de educação Frente às dificuldades de enfrentamento das cau- desenvolvimento da política de EA.
ambiental no âmbito do SISEMA seja uma atribui- sas estruturais da problemática socioambiental, Este amplo conjunto de objetivos só é realizá-
ção do INEMA, por meio de suas diretorias. Cabe 14
O Sistema Estadual do Meio Ambiente – SISEMA, estabele- a sociedade deposita equivocadamente suas es- vel de modo abrangente se realizado em articu-
cido pela Lei nº 10.431, de 20 de dezembro de 2006, alterada
à DIEAS coordenar a gestão da política e do pro- principalmente pela Lei Estadual 12.377 de 28 de dezembro peranças nos indivíduos. lação com os diferentes entes federados, com os
grama; apoiar a execução da educação ambiental de 2012, tem por objetivo promover, integrar e implementar a O SISEMA é a estrutura do Estado criada para setores do governo, principalmente do SISEMA,
gestão, a conservação, a preservação e a defesa do meio am-
não formal pelos órgãos e entidades integrantes do biente, no âmbito da política de desenvolvimento do Estado. o enfrentamento da problemática ambiental e e com a sociedade.

136 • PEA-BA | Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 137
QUADRO1 1.2 Organização da Diretoria de Educação de programas de educação ambiental, por meio
O bjetivos da educação ambiental desenvolvida pelo SISEMA Ambiental para a Sustentabilidade de parcerias com atores sociais regionais do
O PEA-BA considera a Transversalização, a campo socioambiental e educacional, Cabe à
Na sociedade: No Estado: Comunicação e a Avaliação como eixos estrutu- DIEAScabendo-lhe o papel de coordenar, apoiar e
• Oferecer pleno acesso às informações • Institucionalizar, regulamentar e incorporar
rantes para a efetivação da Educação Ambiental. monitorar a elaboração e desenvolvimento destes
ambientais apresentando-as de modo a educação ambiental nos vários setores da
Para atender a esses presupostos e alcançar seus programas. Nesse contexto territorial destacar-se-
adequado. gestão governamental.
objetivos, a DIEAS tem se organizado para des- -ão as bacias hidrográficas, as unidades de conser-
• Ampliar a capacidade de interpretar as • Tranversalizar a educação ambiental, por
informações e os processos sociais e meio do SISEMA, em todas as ações decor-
centralizar, articular, fomentar e subsidiar a educa- vação e os municípios, como espaços fisicamente
históricos de transformação do ambiente. rentes da política ambiental. ção ambiental no Estado, por meio das estratégias definidos e constituídos, nos quais as políticas pú-
• Promover aprofundamento e generalização • Desenvolver, no âmbito dos municípios, ba- de Transversalização, Territorialidade e Gestão blicas ambientais são executadas.
do engajamento pessoal e coletivo no cias e unidades de conservação, programas Pedagógica (Fig.1). Nesse sentido, a descentraliza- A Transversalização, por sua vez, visa dialogar,
enfrentamento da problemática ambiental e permanentes de educação ambiental. ção da política de educação ambiental se configu- construir estratégias e combinar o desenvolvimen-
na educação ambiental. • Disponibilizar informações ambientais de ra como uma força motriz do processo, impulsio- to da EA com os setores do SISEMA, como a regu-
• Estimular a organização social para modo claro e didático por meio do desen- nando as demais. lação, a fiscalização, a gestão de UCs, das águas
diagnosticar, planejar e atuar nas questões volvimento de materiais. Assim, os processos de descentralização, arti- e da biodiversidade com outras áreas e programas
socioambientais. • Garantir a qualidade e pertinência das culação, fomento e subsídio se retroalimentam, de governo como a saúde, a extensão rural, o de-
• Favorecer a participação ativa nos condicionantes de educação ambiental no são geridos e avaliados continuamente fig.1. senvolvimento urbano, o desenvolvimento social,
colegiados afeitos à temática socioambiental licenciamento. A DIEAS definiu como estratégia de dentre outras. Com cada área e programas especí-
no Município e na Região Territorialidade, o desenvolvimento permanente ficos se detalham os objetivos, as metodologias e

138 • PEA-BA | Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 139
os meios para contínuo desenvolvimento da EA. de educadores ambientais e a educomunicação
Cabe à Gestão Pedagógica subsidiar a socioambiental podem ocorrer em cada um e a
Territorialidade e a Transversalização da educa- partir de cada um dos espaços educadores.
ção ambiental por meio de procedimentos peda-
gógicos e recursos que respeitem e valorizem a 7 ESPAÇOS EDUCADORES
diversidade e pluralismo de ideias, com o intuito Todo lugar do mundo é educativo, mas nem
de difundir e permeabilizar o conhecimento e as sempre é educador. Em qualquer lugar um bom
reflexões em diferentes espaços educadores. observador percebe a história, as relações, os con-
A estrutura organizacional apresentada pela flitos, a estética e as tendências. Isso faz com que
DIEAS nos leva conhecer, de forma conjugada 7 qualquer lugar seja educativo. Cabe à educação
estratégias educadoras e 7 espaços educadores ambiental ajudar a formar estes bons observadores,
(Quadro 2). mas também cabe a ela ajudar a criar espaços pla-
Nesse sentido, não temos 14 (7+7), mas um nú- nejados para educar. São os espaços educadores:
mero muito mais amplo de possibilidades resultan- • Escola - A escola é o espaço educador por
te do conjunto de estratégias se desenvolvendo em definição, é a principal criação da sociedade mo-
um conjunto de espaços. O mapeamento, o diag- derna voltada exclusivamente para educar a popu-
nóstico e planejamento, os espaços e materiais lação. Nem sempre, entretanto, o espaço escolar é
educadores, a ambientalização na gestão e cons- educador. O desafio na escola relaciona-se a todas
truções, a participação nas políticas, a formação as 7 estratégias educadoras.
Fig.1 - Diagrama do funcionamento das coordenações da DIEAS.

140 • PEA-BA | Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 141
• Estruturas educadoras não formais – Salas verdes, potencial educador. Os colegiados também podem se Quadro 2
pontos de cultura, bibliotecas, museus são alguns dos organizar para ampliar e aprimorar seu potencial como Conjunto de Estratégias para Desenvolvimento da Política de Educação Ambiental.
exemplos de estruturas associadas à aprendizagem e espaço de formação política.
que podem ser valorizadas em programas de educação • Comunidades e bairros – Nos espaços de mo- 7 ESTRATÉGIAS EDUCADORAS 7 ESTRATÉGIAS EDUCADORES 7 ESTRATÉGIAS POLÍTICAS DE
SUSTENTABILIDADE
ambiental. radia, principalmente nas grandes cidades, a partici- • Mapeamento de experiências • Escola
• Espaços públicos em geral – Praças, faixas de pe- pação política está reduzida. A violência e a tendên- socioambientais de sustentabilidade • Grupo de Trabalho de EA
• Estruturas educadoras não formais
destre, praias, parques, reservas, centros de saúde, cen- cia a resolver questões públicas por meio das saídas • Diagnóstico e planejamento • Política e programa municipal de EA
tros esportivos e prédios públicos são espaços aos quais de mercado esvaziam os espaços em que vivemos socioambiental participativo • Espaços públicos em geral
• EA no Fundo Municipal de Meio
a população recorre por necessidade ou vontade e que de seu potencial político e pedagógico. Os vizinhos • Disponibilizar espaços educadores e • Rádios, jornais e outras mídias Ambiente
podem ser espaços com alto potencial pedagógico. muitas vezes vivenciam semelhante violência, trân- materiais de apoio • Colegiados socioambientais • EA nos condicionantes de
• Rádios, jornais e outras mídias – Mais que em sito, poluição, degradação dos rios, dengue, lixo, • Ambientalização da gestão e licenciamento
• Comunidades e bairros
qualquer outro tempo, as pessoas são alcançadas por sucateamento dos serviços de saúde e educação. construções públicas
• EA nas compensações ambientais
diferentes meios de comunicação. O potencial mobili- São problemas da sociedade e não dos indivíduos. • Movimentos e grupos organizados
• Participação de base na construção
zador e educador dessas mídias ainda é subexplorado • Movimentos e grupos organizados – Igrejas, sin- de políticas • Inserção institucional da EA na
prefeitura e nas escolas
pela educação ambiental. dicatos, associações, movimentos sociais, grupos de • Formação de Educadoras/es
• Colegiados socioambientais – Há vários espaços jovens e grupos de mulheres já são espaços buscados Ambientais • EA nos planos (de manejo, de bacia,
diretor, Plano Político Pedagógico
de participação política nos quais debates fundamen- para a participação social e/ou política. Fortalecer o • Educomunicação socioambiental Escolar)
tais ocorrem; participar como representante ou sim- debate político socioambiental destes espaços pode
plesmente como cidadão é um processo com forte ser um grande desafio para a educação ambiental.

142 • PEA-BA | Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 143
7 ESTRATÉGIAS EDUCADORAS • Diagnóstico e planejamento socioambiental • Ambientalização da gestão e construções pú- educação ambiental em um território. Ter um am-
• Mapeamento de experiências socioam- participativo – Este é o processo mais relacionado blicas – Paulo Freire falava da busca por aproximar plo conjunto de educadores ambientais militando
bientais de sustentabilidade – É preciso buscar, à pesquisa participante e à Teoria Crítica. É preciso discurso e prática. É interesse do Estado promover a neste campo é o que possibilita a realização de
reconhecer, divulgar, valorizar e apoiar as expe- deixar de entender e aceitar a realidade como algo educação ambiental, assim, cabe aos órgãos públi- todas as demais estratégias. A formação de educa-
riências socioambientais que permitam enfren- natural. Os problemas e injustiças que existem não cos incorporar responsabilidade socioambiental na dores se dá principalmente no próprio movimento
tar a problemática socioambiental e melhorar são obra de Deus ou da natureza, mas da história gestão, na administração, nas instalações e nas dife- de fazer educação ambiental, mas há algumas ini-
a qualidade ambiental e de vida. Estas expe- da sociedade, suas formas de organizar, produzir e rentes produções. Tal incorporação desempenha um ciativas que potencializam o processo, tais como:
riências são a principal base de conteúdos da dividir os valores gerados. Compreender os proble- grande papel pedagógico. A sociedade observará e disponibilizar um cardápio de experiências e con-
formação ambientalista e da educação ambien- mas e injustiças, suas origens históricas, suas cau- aprenderá a responsabilidade socioambiental de- teúdos de relevância para o enfrentamento da pro-
tal. O conhecimento das experiências socioam- sas estruturais e os desafios de nosso tempo são monstrada nas compras públicas, nas construções blemática socioambiental; processos formativos
bientais realizadas ou em andamento possibi- condições para planejar ações menos simplistas e sustentáveis, na gestão de resíduos e outras práticas presenciais e/ou a distância poderão ser ofertados,
litará identificar ações sustentáveis em curso, pontuais. O planejamento participativo é um pro- importantes para a gestão e educação ambiental. incluindo conteúdos e experiências regionais; ofi-
bem como apoiar movimentos e projetos que cesso tanto político quanto pedagógico. • Participação de base na construção de políti- cinas de diagnóstico e planejamento socioambien-
estejam se estruturando nessa perspectiva. Esta • Disponibilizar espaços educadores e mate- cas – Ampliar a participação popular nas políticas tal e encontros para trocas de experiências são ou-
estratégia está sendo desenvolvida pela DIEAS riais de apoio – Oferecer à população em geral a públicas é, por si só, um processo pedagógico. As tras iniciativas potencializadoras da formação de
conforme informações constantes no Anexo III oportunidade de acessar salas verdes, bons mate- conferências, fóruns e colegiados devem incorpo- educadores ambientais.
- Mapeamento de Experiências Socioambientais riais para leitura, vídeos, recursos didáticos para rar seu papel pedagógico no planejamento. • Educomunicação socioambiental – Comunicar
voltadas para a Sustentabilidade dos Territórios atuação dos educadores ambientais, esta é uma • Formação de educadores(as) ambientais com intenção pedagógica e produzir peças de co-
de Identidade na Bahia. estratégia fundamental para programas de EA. – Esta é a estratégia central de um programa de municação como parte de um processo pedagógico

144 • PEA-BA | Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 145
de formação de educadores ambientais é uma estra- • Inserção Institucional da EA na Prefeitura e monitoramento do fundo também é essencial. Este Anexo retrata a interpretação da SEMA em re-
tégia cada vez mais valorizada e sobre a qual apren- nas Escolas – Ocorre com a inserção na previsão • EA nos condicionantes de licenciamento – É lação ao seu papel e suas estratégias para o desenvol-
demos cada dia mais. O alcance das diferentes mí- orçamentária municipal ou da escola; com a con- importante que a equipe da regulação ambiental vimento da política e do programa estadual de edu-
dias, seu potencial junto aos diferentes segmentos tratação de profissionais dedicados à EA; com a insira condicionantes de educação ambiental e cação ambiental. A intenção, ao produzi-lo, é a de
sociais e o impacto da comunicação ambiental edu- criação de núcleos de educação ambiental. que estes sejam vinculados ao apoio ao Programa manifestar um convite aos colegiados, às prefeituras
cadora são alguns dos aspectos que sugerem uma • GT de EA – devem ser reconhecidos por co- de Educação Ambiental do município. e às organizações interessadas no campo socioam-
grande atenção a esta estratégia. legiados socioambientais do Sistema Nacional do • EA nas compensações ambientais – Os re- biental, para compor um movimento para a educa-
Meio Ambiente (SISNAMA), do Sistema Nacional cursos de compensação ambiental, destinados ção ambiental que envolva todo o estado da Bahia.
7 ESTRATÉGIAS POLÍTICAS DE de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) ao fortalecimento das Unidades de Conservação,
SUSTENTABILIDADE ou do Sistema Nacional de Gerenciamento de também devem contemplar os programas de edu-
As 7 estratégias políticas de sustentabilidade Recursos Hídricos (SINGREH), como os Conselhos cação ambiental e potencializar a elaboração de 2. Territorialização da
são partes integrantes, mas não finalísticas de um de UC, os Comitês de Bacia ou os Conselhos de projetos socioambientais. Educação Ambiental
programa de educação ambiental. Sem elas, entre- Meio Ambiente. • EA nos planos – Os diferentes planos, como o
tanto, as melhores iniciativas podem perder força • EA no Fundo Municipal de Meio Projeto Político Pedagógico das escolas, os Planos A enorme quantidade de conteúdos de alta
com as mudanças de gestão ou com a redução dos Ambiente – Na lei que institui o Fundo Territoriais de Desenvolvimento Sustentável, os relevância para a questão ambiental pode con-
recursos disponíveis. Municipal de Meio Ambiente, a aplica- Planos Diretores dos municípios, os Planos de fundir o desafio da educação ambiental com a
• Política e Programa Municipal de EA – Devem ção em projetos de EA associados ao Programa Manejo das UC, os Planos de Bacia, devem ser mera reprodução destes conteúdos. Há ainda a
ser concebidos de maneira participativa e instituí- Municipal de EA deve estar explícita. A participa- amplamente participativos e incorporar a dimen- tendência em repetir, nos espaços não formais,
dos em lei, pela Câmara Municipal. ção de educadores ambientais no planejamento e são ambiental e a educação ambiental. os vícios de forma e método que a educação

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formal tem tentado enfrentar, principalmente a A Fig.2 evidencia a estratégia de territorializa-
hierarquização, o conteudismo e a descontextu- ção proposta. Há dois ciclos permanentes e in-
alização do ensino. terdependentes de práxis. No ciclo que abrange
Há uma infinidade de discursos prontos e pre- a escala de município ou região visualiza-se um
tensamente universais que se apresentam como Grupo de Trabalho (GT) que desenvolve um pro-
se fossem educação ambiental. “Jogue o lixo no grama de educação ambiental para o município ou
lixo”, “Recicle”, “Não use sacola plástica”, “Não região. Este desenvolvimento abrange mapeamen-
desmate”, “Não cace”, “Arborize”, “Economize tos, diagnósticos, planejamentos, articulações,
recursos”, são algumas das prescrições que além ações e avaliações. No ciclo que abrange a escala
de descontextualizadas e normativas levam a uma menor, mais local e mais comunitária, visualizam-
interpretação simplista e reducionista da proble- -se os grupos locais de educação ambiental que,
mática socioambiental. Tais simplismos são parte por sua vez, também mapeiam, diagnosticam, pla-
do que Zygmunt Bauman chama, ironicamente, nejam, articulam, agem e avaliam de modo perma-
de “soluções locais para contradições globais”. nente. O objetivo final é que o trabalho destes gru-
Territorializar, portanto, não pode implicar na pos locais amplie o desenvolvimento de atitudes
transferência da responsabilidade da problemáti- pessoais e coletivas; de cuidado socioambiental;
ca ao nível de comunidade, mas implicar cada de ações coletivas frente à problemática; da orga-
grupo social, cada comunidade, cada indivíduo nização social para o enfrentamento dos proble-
na ação e reflexão frente à problemática. mas vivenciados; do engajamento qualificado nos
Fig.2 - Estratégia da Territorialização da Educação Ambiental proposta pela DIEAS.

148 • PEA-BA | Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 149
espaços colegiados de participação e da articula- Os grupos já institucionalizados como Comitês 2.1.1 Nos municípios
Saiba Mais...
ção em lutas políticas socioambientais em escalas de Bacias, Conselhos Gestores de UCs, Colegiados Os municípios são os espaços de significação
que ultrapassam o poder local. Territoriais, Conselhos de Meio Ambiente, dentre ou- da vida das pessoas e fundamentais no sistema
>> Seu município faz gestão ambiental?
tros, são espaços de reflexão que podem estimular a federativo brasileiro. Na Bahia existem 417 mu-
2.1 Formação de Coletivos Educadores e dos comunidade pensar, se organizar para as ações de EA nicípios, a maioria ainda sem um sistema de
>> Tem lei ou código de meio ambiente?
Grupos de Trabalho de Educação Ambiental na perspectiva da elaboração de política e programa gestão ambiental. A SEMA tem impulsionado o
A formação e o fortalecimento de Grupos de de EA. Nestes grupos encontrar-se-ão representan- desenvolvimento da gestão ambiental compar- >> Tem um Conselho de Meio Ambiente?
Trabalho permanentes é uma das estratégias para o tes de órgãos públicos (EBDA, CAR, SEMA, INEMA, tilhada, integrada e adequada às competências
desenvolvimento da Política e do Programa Estadual DIREC, DIRES, CERB, ADAB, prefeituras, escolas, de cada ente federado, por meio do Programa >> Ele é atuante? Como vai esta gestão?
de Educação Ambiental. Estes grupos têm o papel universidades), de organizações do chamado terceiro de Gestão Ambiental Compartilhada- GAC, que
de contextualizar a educação ambiental no territó- setor (ONGs, sindicatos, pastorais, associações, coo- estabelece uma interlocução entre o Estado e os >> Ele participa do Programa de Gestão
rio, conhecer e valorizar os atores e experiências perativas, fundações), de representantes de segmentos municípios. Para o fortalecimento da gestão am-
socioambientais, reduzir a dispersão de recursos e não institucionalizados (comunidades tradicionais, biental nos municípios faz-se importante a cria- Ambiental Compartilhada da SEMA?

esforços, garantir a sustentabilidade da educação estudantes, redes, movimentos sociais) e de represen- ção de estruturas municipais de meio ambiente
>> A política e o programa municipal
ambiental desenvolvida, contribuir para elaboração tações do setor privado. As empresas, que possuem como Órgão Municipal de Gestão Ambiental, de educação ambiental são discutidos?
de políticas, programas e outras intervenções de EA, condicionantes de licença ambiental, devem ter nes- Conselho Municipal de Meio Ambiente, Fundo
inspirando-se e tendo por referencial a experiência tes espaços colegiados o ponto de referência para qua- de Meio Ambiente, Plano Municipal de Meio >> Se você ainda não sabe as respostas
dos coletivos educadores, desenvolvidos e apoiados lificação do condicionante de educação ambiental e Ambiente e Programa Municipal de Educação a essas questões, está na hora de ser
mais atuante!
pelo MMA entre 2004 e 2007. para divulgação didática dos demais condicionantes. Ambiental. Nesse sentido, a proposta da DIEAS

150 • PEA-BA | Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 151
é apoiar os municípios no desenvolvimento de 2.2 Programas Municipais de Educação um documento, um programa municipal de edu- 3. Transversalização da EA
suas políticas e programas municipais de edu- Ambiental cação ambiental deve ser a carta de navegação
cação ambiental, que pode ocorrer por meio De acordo com Lei 12.056/2011, que insti- de um conjunto de atores que coordenam, de- A educação ambiental é um campo transver-
da assessoria técnica, de disponibilização de tuiu a Política Estadual de Educação Ambiental senvolvem e avaliam a educação ambiental no sal, que integra conhecimentos em torno de ques-
materiais didáticos orientadores e editais de da Bahia, em seu Art. 1°, parágrafo único, a ela- município. tões socioambientais, saberes, práticas, fazendo
fomento. boração dos programas municipais, bem como Um PEAM deve ter coerência entre aquilo relação direta ao cotidiano das comunidades.
O Programa de Gestão Ambiental de outros programas, projetos e ações relaciona- que se entende por causas da problemática so- Transversalizar a EA proporciona ampliar conhe-
Compartilhada da SEMA tem como principal dos direta ou indiretamente a educação ambien- cioambiental da região ou município, com aqui- cimentos, atravessar barreiras, penetrar espaços,
objetivo apoiar os municípios no processo de tal deverão ser norteados pelos objetivos, princí- lo que se entende por estratégia para enfrenta- articular ideias, integrar ações e vivências em dife-
organização e ampliação da capacidade de ges- pios, diretrizes e instrumentos lá estabelecidos. mento dessa problemática, em consonância com rentes espaços de participação e de aprendizagem.
tão ambiental, cumprindo assim a diretriz do Os Programas Municipais de Educação o papel da educação ambiental e suas diretrizes, A transversalidade da educação ambiental é
Governo do Estado de descentralizar a gestão Ambiental - PEAM devem sistematizar e expri- abrangendo todas as modalidades de educação, uma importante estratégia de ação para a inte-
pública, fortalecendo os órgãos municipais de mir o diagnóstico socioambiental, os objetivos formal e não formal. gração das políticas de meio ambiente e demais
meio ambiente para o exercício da gestão am- da educação ambiental em um espaço defini- políticas setoriais. A Política de EA, trata da incor-
biental. Nos municípios que integram o GAC, do, as diretrizes, as estratégias, as prioridades poração da EA no ensino formal; no ensino não-
a proposta é de ampliação do diálogo com os de ação e as responsabilidades quanto ao seu -formal; na educomunicação socioambiental e nas
gestores públicos numa tentativa de incentivar a desenvolvimento. Seus conteúdos devem ser ne- demais políticas públicas por meio da inserção de
incorporação de políticas municipais de EA em gociados entre diferentes partes e setores; per- práticas educativas nos processos de planejamento
todos os municípios. manentemente avaliados e revisados. Mais que e gestão.

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Os campos de desenvolvimento do proces- Órgão Gestor da Política Estadual de Educação ações de EA. O GTT-EA do SISEMA é coordena- Outros espaços para promover a transversa-
so educativo da EA são apontados no PEA-BA Ambiental, instância que reúne a Secretaria do do pela DIEAS, tendo as seguintes representações: lização da EA são os colegiados ambientais –
através de áreas temáticas, quais sejam: EA no Meio Ambiente e a Secretaria de Educação, com Coordenação de Assuntos Estratégicos; Secretaria Conselhos Gestores de Unidades de Conservação
Ensino Formal, EA no ensino Não Formal, EA na o papel de coordenar e acompanhar o desenvolvi- Executiva dos Colegiados; Superintendência de (CG-UC); Comitês de Bacias Hidrográficas
Gestão das Águas, EA na Gestão das Unidades mento das ações. Para contribuir com esse proces- Políticas e Planejamento Ambiental; Diretoria (CBH); Conselho Estadual do Meio Ambiente
de Conservação, EA no Saneamento Ambiental; so e com a função de propor diretrizes, fomentar, de Educação Ambiental; Diretoria de Política e (CEPRAM); Conselho Estadual de Recursos
EA no Licenciamento Ambiental e EA na Gestão acompanhar, avaliar e apoiar técnica, científica e Planejamento Ambiental; Diretoria de Programas e Hídricos (CONERH) e Comissão Interinstitucional
Municipal. Para promover a inserção da educa- institucionalmente as ações de educação ambien- Projetos; Superintendência de Estudos e Pesquisas de Educação Ambiental (CIEA), por serem espaços
ção ambiental nestes campos, ou seja, garantir a tal por todo o estado, está a CIEA, fórum perma- Ambientais; Diretoria de Pesquisas Ambientais; de participação, construção coletiva, cujos atores
transversalização da EA, o PEA indica que haja um nente de discussão da educação ambiental no Diretoria de Estudos Avançados de Meio Ambiente; estão engajados nas questões ambientais.
processo dialógico, de construção coletiva, onde Estado da Bahia, numa conjugação de esforços Diretoria Geral do INEMA; Coordenação de O desafio posto à DIEAS para transversalizar a
se objetiva a integração das políticas de meio am- para implementar a política. Assuntos Estratégicos; Diretoria de Regulação; política de educação ambiental no âmbito do en-
biente e setoriais do Governo do Estado. Diretoria de Fiscalização e Monitoramento; sino não formal deve estar sintonizada com a sua
Para a efetividade da Transversalização é ne- 3.1 Transversalização no SISEMA Diretoria de Águas; Diretoria de Biodiversidade; execução a partir dos demais entes do SISEMA, de
cessário uma gestão que evidencie as responsa- No âmbito do SISEMA, o Grupo de Trabalho Diretoria de Unidades de Conservação; outros órgãos e secretarias do Governo e com a
bilidades de cada parte consolidando um pacto para Transversalização da Educação Ambiental Coordenação de Interação Social; Coordenação sociedade civil. O processo de institucionaliza-
intra e interinstitucional necessário para fazer da (GTT-EA) é o espaço institucionalizado, através de Gestão Descentralizada; Coordenadores das ção da educação ambiental, portanto, se dá com
educação ambiental uma política de Estado. Esse da Portaria INEMA nº85 de 21/09/11, para forta- Unidades Regionais e a Companhia de Engenharia a criação dos marcos regulatórios sobre o tema (lei
desenho de gestão da EA passa pela criação do lecer o diálogo, a integração e a articulação das Ambiental e Recursos Hídricos da Bahia – CERB. e programas) e também com o compromisso de

154 • PEA-BA | Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia Programa de Educação Ambiental do Estado da Bahia | PEA-BA • 155
todas as partes para o cumprimento de tais dispo- empreendimentos licenciados pelo INEMA, e que empreendimentos que buscam licenças ambien- que é incorporada de maneira estrutural em cada
sitivos. Neste sentido, a DIEAS aposta no diálogo tenham programas de educação ambiental exigi- tais. Tais dispositivos legais ou de procedimento um dos comitês. Isso significa criar espaços ins-
com os demais entes do SISEMA para planejar e dos como condicionantes, serão organizados por apresentam possibilidades de diálogo entre a edu- titucionalmente reconhecidos (Câmaras Técnicas)
executar as ações. território e os grupos de trabalho locais de educa- cação ambiental e as demais áreas da gestão am- para planejar a inserção da educação ambiental
O financiamento público de programas e pro- ção ambiental serão acionados para acompanhar biental do SISEMA. nos planos de bacia e na relação com os demais
jetos de educação ambiental, tido como uma das e fiscalizar o cumprimento dessas condicionantes Na Gestão das Unidades de Conservação, instrumentos da política de recursos hídricos. A
maiores dificuldades encontradas para a execu- tornando-se referenciais da educação ambiental a DIEAS objetiva desenvolver e implementar DIEAS e a Diretoria das Águas visam desenvolver
ção de tais intenções, poderá encontrar nos re- para esses empreendimentos. ações de educação ambiental nas Unidades de programas de educação ambiental nos Comitês de
cursos provenientes da compensação ambiental No campo da Regulação, a qualificação das Conservação do Estado da Bahia, por meio de pro- Bacia Hidrográfica a partir da criação de Câmaras
ou do licenciamento ambiental uma forma de condicionantes de EA no licenciamento é o princi- gramas de educação ambiental junto às Unidades Técnicas de Educação Ambiental, reconhecidas re-
ser atendido. pal desafio. O objetivo é alinhar conceitualmente de Conservação, em consonância com a Estratégia gimentalmente pelos comitês e apoiando a gestão
A integração entre as políticas de educação a educação ambiental no procedimento técnico do Nacional de Comunicação e Educação Ambiental local dos recursos hídricos.
ambiental e as demais políticas ambientais é um licenciamento e construir diretrizes para o aprimo- (ENCEA) e a Política Estadual de Educação Os principais colegiados socioambientais rela-
desafio central. Com relação à disponibilidade ramento das condicionantes definidas nas licen- Ambiental, a partir de processo participativo en- cionados a espaços territoriais são os Comitês de
de recursos, por exemplo, o Decreto Federal nº. ças emitidas. A construção e a institucionalização volvendo os Conselhos Gestores das UC através Bacia Hidrográfica e os Conselhos de Unidades de
4.340/02 define que a aplicação dos recursos pro- de um instrumento norteador é o primeiro passo da criação de Câmaras Técnicas de Educação Conservação. Ambos possuem como instrumen-
venientes da compensação ambiental pode ser uti- para isso e deverá contar com um diálogo entre Ambiental (CT-EA) e as comunidades do entorno. tos de planejamento, respectivamente os Planos
lizada para implantação de programas de educa- a CIEA e o CEPRAM. Condicionantes relativos à A educação ambiental no âmbito dos Comitês de Bacia e os Planos de Manejo com seus zo-
ção ambiental em Unidades de Conservação. Já os área de educação ambiental são determinados aos de Bacia Hidrográfica se estabelece na medida em neamentos. No caso da gestão das águas, existe

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a Resolução N° 45/09 do CONERH, que orien- locais para a formatação de um programa de edu- agentes territoriais (SEPLAN). Nesse sentido, a 4. Gestão Pedagógica
ta quanto à instalação de Câmaras Técnicas de cação ambiental para este espaço. CIEA, enquanto comissão que congrega diver-
Educação Ambiental e Mobilização Social (CTEMS) sas representações do poder público, deverá, A Gestão Pedagógica objetiva, em primeira ins-
nos Comitês de Bacia. A intenção é que todas as 3.2 Transversalização com outras Secretarias cada vez mais, afirmar-se como instância aglu- tância, a escolha de mecanismos adequados, para
bacias do Estado possuam sua CTEMS e que todas e Organizações Não Governamentais do Estado tinadora das ações governamentais de relevân- veicular o conhecimento não só com o caráter in-
as UCs possuam ou uma Câmara Técnica (CT) ou Quanto às demais secretarias e órgãos go- cia para a educação ambiental. formativo, mas principalmente educativo, priman-
um Grupo de Trabalho (GT) de EA. Caberá aos GTs vernamentais, o propósito da Transversalização Além de fortalecer o diálogo com organi- do pela sua democratização em diferentes espaços
ou CTs debaterem sobre a EA, identificar experi- é identificar programas e projetos com caráter zações da sociedade civil que já desenvolvem de participação e de aprendizagem. Assim é que
ências socioambientais para a sustentabilidade no de formação e iniciativas que possam ser estra- educação ambiental, a DIEAS procurará sugerir a DIEAS entende que instruir ou informar são su-
seu âmbito, elaborar objetivos e diretrizes da edu- tégicas para o movimento de enraizamento da a inserção da educação ambiental nas pautas ficientes apenas quando a falta de conhecimentos
cação ambiental, acompanhar, articular e avaliar política de educação ambiental. É essencial que de organizações e movimentos sociais cujos es- é a única causa para determinada atitude a ser mo-
projetos e ações. políticas, programas e projetos gestados no âm- forços convergem com os desafios da educação dificada. A educação ambiental, por meio da ges-
A educação ambiental para os espaços colegia- bito do governo incorporem progressivamente ambiental. Junto aos movimentos sociais baia- tão pedagógica, indo mais além, busca conduzir
dos dos territórios da bacia ou da UC tem o obje- uma dimensão educadora e ambiental. Nessa nos há uma ampla gama de iniciativas no cam- reflexões que levem os indivíduos a novas atitudes,
tivo de apoiar o desenvolvimento da qualidade da perspectiva, vale ressaltar o potencial educa- po da convivência com o semiárido, da segu- novas ações coletivas, ao fortalecimento das organi-
participação. É importante que cada conselheiro dor dos extensionistas rurais (SEAGRI/EBDA), rança alimentar, da agroecologia, da formação zações sociais, ao incremento de mobilização e isto
se entenda como educador ambiental, que busque dos agentes comunitários de saúde (SESAB), de jovens e de lideranças, dos direitos humanos implica em políticas públicas mais eficazes. Nesse
garantir o fluxo de comunicação entre sua base de dos programas de urbanização e saneamento e da educação do campo que se enquadram sentido é que Educar ultrapassa em muito a parti-
representação e o colegiado, levando as demandas (SEDUR), dos pontos de cultura (SECULT), dos nesta compreensão. lha de informações; é um ato que implica reflexão,

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interpretação, discussão e tomada de decisão. e diversa a transversalidade da EA no SISEMA, nas educativo, de forma acessível ao público em geral, para um contínuo processo retroalimentador de
Para subsidiar a Transversalização e a Secretarias do Estado e em todo território estadual. primando por um eficiente canal de comunicação ações e reflexões. A entrega qualificada é um mo-
Territorialidade, a Gestão Pedagógica prevê a in- São muitos os meios de traduzir e tornar aces- entre governo e sociedade. A divulgação dos resul- mento de apresentar os materiais didáticos e orien-
serção de práticas educativas e instrumentação síveis as informações aos diferentes públicos no tados do mapeamento será realizada por meio de tar ao publico alguns procedimentos pedagógicos
pedagógica nos processos de planejamento e ges- sentido de atender às especificidades de demandas estratégias e recursos adequados, na perspectiva que contribuam para a utilização dos mesmos.
tão a serem desenvolvidos no âmbito das políticas de educação ambiental do Estado. Tais mecanismos de fortalecer as ações de educação ambiental. Dentre as estratégias de formação, podem ser
públicas nos territórios. Esta proposta está em con- podem se dar pela seleção, produção, reprodução e Materiais didáticos produzidos, reproduzidos desenvolvidas atividades relacionadas às temá-
sonância com o Art. 4° da Lei 12.056/2011, que divulgação de materiais didáticos audiovisuais; pelo ou mesmo adquiridos como: cartilhas, livros, car- ticas das políticas ambientais do Estado (águas,
institui a Política Estadual de Educação Ambiental, fomento e fortalecimento de espaços educadores; tazes, folders, banners, painéis, faixas, calendários, biodiversidade, Unidades de Conservação, licen-
quando orienta que as ações de Educação pela inserção de metodologias participativas; pela músicas, jogos educativos, álbuns seriados, vídeos ciamento ambiental, saneamento ambiental), bem
Ambiental sejam conduzidas por alguns princípios estruturação do Sistema Estadual de Informações de curta e longa metragem, programas de rádio, como temas de caráter crítico e emancipatório.
como o “pluralismo de idéias e concepções peda- sobre Educação Ambiental (SEIEA); pelos processos spots, entre outros, deverão estar em conformidade Tais atividades focam a formação e fortalecimento
gógicas, na perspectiva da multi, inter e transdisci- interativos, bem como pelas formações em EA. com os princípios, objetivos e diretrizes da Política de grupos permanentes, para estimulá-los a uma re-
plinaridade e transinstitucionalidade.” Uma importante ferramenta do SEIEA é o e do Programa Estadual de Educação Ambiental. flexão crítica, abrangente, interpretativa e histórica
Como forma de instrumentalizar o processo de Mapeamento de Atores Sociais e Experiências Todos os materiais serão distribuídos por meio da realidade. Assim, tais grupos poderão potencia-
implementação da Política de Educação Ambiental Socioambientais nos 27 territórios de identidade de entrega qualificada em espaços educadores e lizar a busca por alternativas para a transformação
pelo Estado da Bahia, a DIEAS busca incorporar do Estado. A base onde este sistema será alimen- a educadores ambientais de forma a veicular in- da realidade, criando assim possibilidade de cons-
metodologias, procedimentos e recursos pedagó- tado será interativa, dinâmica, de uso permanente, formação, possibilitando embasamentos teóricos trução de novas formas de pensar e agir no mundo.
gicos que permitam veicular de forma adequada disponibilizando um cardápio de opções de cunho

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Anexo III Há experiências sociais que tem alto potencial
pedagógico. Ao conhecê-las aprendemos e ao
mesmo tempo ganhamos ânimo para os desafios
Mapeamento de que se apresentam. Isto é ainda mais importante
para o complexo campo da sustentabilidade. Os
Experiências Sociais processos e ações que reduzem a sustentabilidade
territorial são, em geral, muito bem conhecidos. O
voltadas para a mesmo não podemos dizer dos processos e ações
que podem fazer frente à insustentabilidade.
Sustentabilidade O principal problema a ser abordado com o
Mapeamento é o desperdício das experiências socio-
nos Territórios de ambientais no âmbito dos Territórios de Identidade do
Estado da Bahia. O objetivo desta proposta é realizar
Identidade na Bahia um mapeamento de experiências socioambientais
voltadas para a sustentabilidade, através de seu re-
conhecimento, análise e divulgação. O Mapeamento
nos Territórios de Identidade foca instituições, enti-
dades, movimentos, organizações, grupos sociais e
suas ações em favor da sustentabilidade.

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Considera-se experiência socioambiental a ser interativa, dinâmica e de uso permanente dos(as) ressaltar que tais procedimentos não são etapas que
mapeada aquela que: educadores(as) do Estado da Bahia. O sistema per- se concluem para que se possa dar início à outra.
• Seja uma experiência coletiva; mitirá à DIEAS reunir, divulgar, integrar e sistemati- 1. IDENTIFICAÇÃO INICIAL: Identificar na
• Busca ou resulta em benefícios para a qualida- zar informações de ações e experiências socioam- Internet ou em arquivos de levantamentos ante-
de ambiental e/ou de vida; bientais existentes no Estado num banco de dados. riores, instituições, iniciativas e projetos que atuem
• É uma inovação ou uma tradição, de qualquer Como embrião desta base de informações, a para a sustentabilidade do território. Registrar as in-
Denomina-se Mapeamento
modo é distinta das formas usuais, correntes e DIEAS desenvolverá uma estrutura básica para pos- formações básicas que permitam posteriores conta-
hegemônicas de produção, de vida, de consu- sibilitar o diálogo entre os registros e inserção das tos e complementações de informações. Socioambiental (e/ou territorial), à
mo, de socialização, de educação; informações provenientes do mapeamento. Essa 2. DIÁLOGO: Desenvolver diálogos presen- descrição da geografia física, humana
• Tem potencial de replicabilidade; estrutura padrão permitirá que mais instituições, ciais, ou por e-mail ou por telefone, para registrar e política do território no qual será
• Tem potencial pedagógico; além da DIEAS, executem mapeamentos pelo es- as experiências desenvolvidas. desenvolvido o estudo.
• Seja permanente e continuada. tado. Nessa perspectiva, inúmeros processos de 3. AMPLIAÇÃO DA AMOSTRA: Sempre solicitar O mapeamento, que deve
O resultado do Mapeamento de Atores Sociais e busca de conhecimentos sobre os aspectos socio- sugestões de outras instituições ou experiências que preceder o diagnóstico, poderá
Experiências Socioambientais nos 27 territórios de ambientais dos territórios serão realizados propi- possam ou devam ser registradas. Este item é uma ex-
utilizar-se de imagens, documentando
identidade do Estado, entre outras informações de- ciando um incremento na consciência ambiental pressão da técnica conhecida como “bola-de-neve”,
territórios e formas de ocupação dos
rivadas e relativas à temática, fornecerão subsídios dos atores sociais com diferentes visões e formas utilizada no campo da pesquisa social para amostra-
para a criação de uma base de informações sobre de atuação a partir das suas realidades. gens não probabilísticas e que, muitas vezes, buscam mesmos (Mappea, 2007).
EA associada ao Sistema Estadual de Informações O mapeamento deverá servir-se de diferen- a exaustão da amostra (amostra total – 100%).
Ambientais da Bahia – SEIA. Esta base será tes procedimentos, apresentados a seguir. Cabe Da análise do Mapeamento das Ações

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Quadro 1- Categorias Descritivas das Experiências Socioambientais MUNICÍPIOS E TERRITORIOS Identificar os municípios com os quais a experiência está relacionada.

PÚBLICO ALVO Definir para qual público a experiência está aplicada.


O QUE OBSERVAR: DESCRITOR:
EXPERIÊNCIA Informar o nome pelo qual a experiência é conhecida. TECNOLOGIA ENVOLVIDA Identificar tecnologias utilizadas no processo de realização da experiência.

ANO DE INICIO Informar o ano no qual a experiência iniciou (a partir de 1970). NATUREZA DA INICIATIVA Identificar se a experiência tem motivação do grupo ao qual age, ou de agentes externos.

SITUAÇÃO ATUAL Identificar o andamento da experiência. PARCERIAS Identificar as parcerias envolvidas na experiência.

ANO DE TERMINO Informar o ano no qual a experiência terminou ou está prevista para terminar. PROPONENTE Apresentar a especificação do proponente da iniciativa.

DATA DA PESQUISA Informar a data em que foi realizada a pesquisa. RECURSOS Apresentar quais os recursos necessários para a realização da experiência.

DATA DO REGISTRO PESQUISA Registrar a data em que a inclusão no sistema foi realizada. FONTE DE PESQUISA Definição dos materiais e métodos utilizados como fonte de informação para a pesquisa.

DIGITADOR RESPONSÁVEL Registrar o identificador da pessoa responsável por adicionar o dado no Sistema. BREVE RELATO Campo no qual se deve de forma qualitativa apresentar a experiência registrada. Caso a ação
PELO REGISTRO esteja inserida em um programa/rede mais amplo deverá haver referência sobre isso, como
também poderá ser especificado em quais municípios a experiência apresentou destaque.
INSTITUIÇÃO RESPONSÁVEL Registrar o identificador da instituição responsável por adicionar o dado no Sistema.
PELO REGISTRO MATERIAIS COMPLEMENTARES Adicionar link para documentos digitais e multimídia publicados na web.

TEMA GERAL Definição da temática da experiência de forma genérica.


TEMA ESPECÍFICO Definição específica da temática apresentada da experiência.
ABRANGÊNCIA Definição de padrão para associação de municípios correlacionados.

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e Experiências Socioambientais resultará o • Um levantamento de estruturas educadoras pre-
Diagnóstico Estadual de Educação Ambiental, um sentes nos municípios, como ONGs, igrejas, as-
dos instrumentos da PEEA e que se constitui em sociações, sindicatos, salas verdes, hortos, mu-
uma base para o planejamento, subsídio de pro- seus, bibliotecas, auditórios, teatros etc., com o
gramas, projetos e ações de educação ambiental. intuito de servirem para suporte de atividades
Como possíveis resultados do mapeamento socioambientais;
poderão ser obtidos: • Conjunto de foros e colegiados existentes no
• Um quadro das experiências com potencial edu- contexto com potencial para apoiar a constru-
cativo que estão sendo desenvolvidas no terri- ção das ações do programa de educação am-
tório, a exemplo de processos de construção biental. Como exemplos de instâncias de re-
da Agenda 21 local; formação de educadores e presentação, existem conselhos municipais de
educadoras das redes de ensino formal dos mu- meio ambiente e educação, comitês de bacia,
nicípios e ações de educação não formal com conselhos gestores de unidades de conservação,
agricultores (as), grupos de jovens, mulheres etc; coletivos educadores, conselhos territoriais.

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