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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3ª VARA CÍVEL DA

COMARCA DE SÃO JOÃO DE MERITO – RJ

PROCESSO Nº 0029625-29.2011.8.19.0054

MARILENE MARQUES RAMOS DRUMOND, já devidamente qualificado nos autos da Ação de


Concessão de Benefício Previdenciário, sob o número em epigrafe, que move em desfavor do Instituto
Nacional do Seguro Social - INSS, vem respeitosamente a presença de Vossa Excelência por seu
procurador manifestar-se sobre Laudo Pericial apresentado pela Ilustre médico perito Sr. Rafael Veloso
Spinola, nos termos que segue:

O Ilustre perito foi designado pelo Nobre Julgador para realizar perícia a fim constatar a
incapacidade laborativa da Autora.

Para tanto, fora realizada perícia na ora demandante.

Entretanto, como será demonstrado, descabida se faz a conclusão do respeitável perito,


porquanto passa-se a expor:

a) Das Respostas aos Quesitos Acerca do Estado de Incapacidade do Autor

O Nobre Perito fora questionado a cerca da incapacidade laborativa da Autora, inclusive se a


doença a qual está acometida lhe impediria de exercer qualquer atividade que lhe garanta subsistência,
ou ao menos a atual atividade profissional que vinha exercendo.

Entretanto, as respostas do médico perito não foram esclarecedoras, limitando-se a responder


com “Não” os questionamentos deste juízo, sendo que apenas em uma das perguntas, desenvolveu sua
resposta, sendo igualmente breve, e sem justificar quais os meios utilizados para chegar a conclusão
exposta em sua resposta.

Sendo assim, merece guarida a presente Impugnação, porquanto o laudo apresentado em nada
esclarece sobre a doença e a incapacidade da Autora.

É certo que o julgador não está adstrito à conclusão contida no laudo pericial, mas a simples
leitura do mesmo demonstra que a r. Perito não buscou comprovar a existência ou não da incapacidade
laborativa do Autor, somente limitando-se a responder negativamente os quesitos apresentados.

Ora, os atestados médicos apresentados são suficientes para afastar a conclusão equivocada
do laudo pericial, porquanto a doença da Autora lhe causa sim incapacidade laborativa, preenchendo
todos os requisitos que autorizam a concessão do benefício requerido, porquanto não possui mais
condições de exercer seu labor.

Nesse sentido é o entendimento do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul:

APELAÇÃO CÍVEL. ACIDENTE DO TRABALHO. AUXILIO-DOENÇA. PREVISÃO


CONSTITUCIONAL DA PROTEÇÃO AO TRABALHADOR. EXAME DA LEGISLAÇÃO.
LAUDO PERICIAL AFASTADO. INCAPACIDADE E NEXO CAUSAL ENTRE A DOENÇA
ALEGADA E A ATIVIDADE LABORAL COMPROVADOS. SENTENÇA DE
IMPROCEDENTE REFORMADA. - AGRAVO RETIDO - REALIZAÇÃO DE NOVA PROVA
PERICIAL - DESNECESSIDADE – [...] O magistrado não está adstrito ao laudo pericial,
podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos, de
acordo os artigos1311 e4366 doCPCC. [...] Concessão do benefício auxílio-doença até
que o segurado esteja habilitado ao desempenho de outra atividade compatível com sua
limitação física e que garanta a sua subsistência, nos termos do artigo622 da Lei
nº8.21333333/91. AGRAVO RETIDO E APELO DESPROVIDOS. (Apelação Cível TJ-RS
- AC: 70052341757 RS, Relator: Leonel Pires Ohlweiler, Data de Julgamento: 27/03/2013,
Nona Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 04/04/2013)

Ademais, ressalta-se que, conforme relatado em exordial, apesar da Autora estar sob tratamento
tal tratamento não debela as crises do mesmo, motivo pelo qual a Autora não possui condições de
laborar, sendo este o motivo intrínseco pelo qual deverá ser afastada a conclusão pericial do r. Perito.

Outrossim, necessário ser aplicado ao presente caso o princípio in dubio pro misero, que
determina a interpretação do conjunto fático-probatório de forma mais favorável ao segurado.

Tal princípio possui aplicação em diversos precedentes recentes no TJ/RJ, sendo que fora
utilizado em casos análogos ao do Autor, devendo igualmente ser utilizado no caso em concreto, a fim
de garantir a defesa dos direitos do demandante.

Nesse sentido:

APELAÇÃO CÍVEL ACIDENTE DO TRABALHO. AUXILIO-DOENÇA.


RESTABELECIMENTO. COMPROVAÇÃO DE INCAPACIDADE. LER/DORT.
INAPTIDÃO PARA EXERCÍCIO DO TRABALHO. [...] Precedentes. Hipótese em que o
conjunto fático-probatório dos autos indica a persistência da incapacidade laborativa da
parte autora ao desempenho de suas atividades laborativas habituais. O magistrado não
está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou
fatos provados nos autos, de acordo os artigos 131 e 436 do CPC. Aplicação do princípio
in dubio pro misero, que determina a interpretação do conjunto fático-probatório de forma
mais favorável ao segurado. Concessão do benefício auxílio-doença até que o segurado
esteja habilitado ao desempenho de outra atividade compatível com sua limitação física e
que garanta a sua subsistência, nos termos do artigo 62 da Lei nº 8.213/91. APELO
PARCIALMENTE PROVIDO. (Apelação Cível, TJ-RS - AC: 70053400321 RS, Relator:
Leonel Pires Ohlweiler, Data de Julgamento: 24/04/2013, Nona Câmara Cível, Data de
Publicação: Diário da Justiça do dia 10/05/2013)
Diante todo o exposto, e de toda a inconformidade apresentada pelo Perito nomeado, vem a
Autora Impugnar o Laudo Pericial apresentado pelo Ilustre médico perito Sr. Rafael Veloso Spinola,
requerendo que seja afastada a conclusão pericial chegada pelo médico referido, devendo ser levado
em consideração o conjunto fático-probatório dos autos, em especial os atestados médicos acostados,
que demonstram a incapacidade laborativa da Autora, bem como ainda que seja levado em
consideração que a medicação que a demandante faz uso não debela as sequelas e sintomas de sua
doença.

Termos em que pede deferimento.

Rio de Janeiro, RJ, 14 de dezembro de 2018.

MARCELO DOS REIS MOREIRA


OAB/RJ 182078

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