You are on page 1of 3

Seminário Bíblico Palavra da Vida

Gestão Ministerial
Prof. Joel Neto
Aluno Patrick Moreira Coutinho – TM3

Resenha: MARSHALL, Colin. PAYNE, Tony - A Treliça e a Videira


Sobre os autores:
Colin Marshall é o diretor e fundador da organização Vinegrowers que visa dar
suporte a igrejas engajadas na cultura de fazer discípulos, por meio da
implantação de princípios da obra aqui em análise. É casado com Jacquie, com
quem tem 3 filhos adultos e 4 netos. Junto com sua esposa, esteve há mais de
40 anos treinando homens e mulheres na ministração do evangelho, tanto em
universidades como em contextos de igrejas locais.

Tony Payne é o diretor de publicação da Matthias Media. É casado com Alison


e tem 5 filhos. Tem graduação na Faculdade Teológica de Moore, em Sydney e
é autor de livros como “Guidance and the Voice of God”, “Pure Sex” e o best-
seller “Islam in our Backyard”.
Resenha

Nesta obra, os autores provocam uma reflexão profunda sobre a prática da vida
ministerial da igreja. Eles apontam o que deve ser o âmago do ministério cristão:
o discipulado. Por meio da metáfora da treliça e da videira, eles nos desafiam a
perceber que, embora haja grande importância na manutenção da treliça, ela
não tem um fim em si mesma. Pelo contrário, tal qual uma treliça é expandida de
acordo com o crescimento da videira, nossas estruturas no ministério devem
crescer de acordo com a demanda de crescimento do organismo vivo que se
reúne numa igreja local, o Corpo de Cristo. Mesmo que a manutenção da treliça
seja aparentemente urgente e importante, precisamos nos concentrar na
demanda que o próprio organismo demonstra ter, para, através de um cuidado
responsável, cooperar com o crescimento natural da videira.

Vindo de uma realidade eclesiástica um dia já marcada pelo pragmatismo


desenfreado, sinto que a leitura providencia uma excelente reflexão sobre a
prática ministerial. O foco excessivo em programas que já perderam sua
utilidade, a dificuldade em dar um fim a eles e a negligência que isso traz no
cuidado com a edificação de pessoas, me mostram que muitas igrejas precisam
fazer uma reavaliação radical do que é realmente o ministério cristão.

Outro aspecto que é perceptível e marcante em muitas igrejas é o papel tão


centralizador e dominante do pastor-titular. Raízes do sistema de governo
episcopal permeiam algumas igrejas que funcionam a base das decisões e do
domínio de uma única pessoa. Essa mentalidade é combatida pelo autor, que
mostra o significado que existe na Grande Comissão. Ela não foi apenas para
os Onze, mas é para todos os discípulos de Jesus. Essa agenda deve permear
a vida de todo discípulo de Cristo. Por isso, mesmo no ambiente eclesiástico, os
membros do Corpo têm a mesma missão de fazer discípulos, independente de
seu cargo na igreja.

Dessa forma, cada cristão desenvolve um coração missionário que faz de sua
vida um meio para alcançar mais discípulos para Cristo. Isso pode ser feito de
diversas formas, quando o discípulo de Cristo desenvolve a intencionalidade e
objetivo de suas ações.

O treinamento desempenha um papel importante no processo de crescimento


sadio da igreja. Na verdade, o crescimento é uma consequência natural da
atuação do Espírito quando há a pregação do evangelho. Há uma dificuldade de
desassociar o termo “crescimento da igreja” com as estruturas da igreja.
Crescimento tem a ver com pessoas, não com estruturas. Ver a treliça crescer
não significa crescimento da videira. Por isso, o crescimento numérico e
estrutural não indica que há crescimento do evangelho num local. Um
compromisso de crescimento do evangelho significa necessariamente
treinamento de pessoas em direção à maturidade. Isso não pode visar o
benefício próprio das igrejas ou de uma comunidade, mas sim o benefício para
o reino de Cristo.
Penso que assumir essa mentalidade em uma igreja local é um desafio grande.
Há tantas pessoas parte da igreja que estão habituadas com a maneira
“tradicional” de frequentar um loca, que essa mudança de mentalidade leva um
tempo para fazer parte das pessoas. O crescimento de estrutura soa muito
atraente para igrejas com números decaindo. E ao mesmo tempo sei que muitos
não querem se dar ao trabalho de se envolver na vida de outras pessoas para
treiná-las em direção à maturidade do evangelho.

O livro propõe que encontremos pessoas com um coração voltado para Deus,
com disposição para aprender e para crescer, para que haja multiplicação do
trabalho de investimento na vida de pessoas. São pessoas que multiplicarão o
trabalho de cuidar da vinha, já que um homem sozinho, jamais conseguiria fazê-
lo. Para isso, precisamos observar os movimentos de Cristo em sua igreja, onde
ele mesmo desperta e levanta pessoas para trabalharem em sua obra.

Tendo estabelecido o alvo de fazer discípulos por meio de um ensino cuidadoso,


é necessário cuidar para que esse processo de discipulado não termine com o
evangelismo, mas se desenvolva por meio de um processo de treinamento que
torne ele um dia alguém que também faz discípulos. Assim como uma videira se
desenvolve com naturalidade, a igreja assim cresce e amadurece de acordo com
os movimentos em que Cristo a nutre por meio de pessoas capacitadas por Ele.
A igreja como organização, então, acompanha esse processo de crescimento,
adaptando e reestruturando a treliça com o objetivo de que o organismo vivo
cresça cada vez mais, atraia cada vez mais pessoas e seja relevante no contexto
em que está plantado.

You might also like