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como seu objeto de pesquisa o mundo colonial, ou seja, povos que viviam em
contexto de dominação. Desta forma a teoria do pós-colonial pode ser entendida
como, a sobrevivência da cultura dos povos dominados através da literatura,
resgatando não só a cultura, mais a identidade destes sujeitos enquanto pessoas
individuais e coletivas. Para Homi Bhabha (1998), O local da cultura o sujeito
colonizado, ao perceber que não é a representação do que caracteriza o discurso
do colonialismo Europeu, de forma degenerada e depreciativa, deixa de aceitar
que existe uma cultura única, e passa a questionar seus próprios valores
ideológicos, políticos, sociais. Bhabha (1998) sugere, que ao ocorrer esses
questionamentos, os sujeitos da colônia passam a negar a sua inferioridade,
assumindo uma identidade pluralizada.
É diante destas reflexões, que nos pegamos a ler Olhos d’água (2015),
da escritora brasileira afrodescendente Conceição Evaristo, considerada por
muitos escritores brasileiros e (também por mim) uma das grandes escritoras da
atualidade e merecedora de uma cadeira na academia brasileira de letras, com
sentimento de veracidade em cada conto escrito. Narrativa sutil, que a cada
parágrafo nos envolve em um enredo impactante, causando-nos um
arrebatamento emocional a cada desfecho de seus personagens. É desta
maneira que nos apresentados os contos Ana Davenga e Maria. Duas mulheres,
com características comuns, negras, pobres, moradoras de comunidades, que
possuem seus corpos brutamente violados, ao serem assassinadas por crimes
que não cometeram.
Para a pesquisadora estas relações de poder estão mais para o masculino sobre
o feminino.