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PROBLEMA 01

1) Anatomia macroscópica e microscópica da medula espinhal e seus envoltórios.


(Composição do líquor cefalorraquidiano).

Medula Espinal

A medula espinal funciona de três maneiras:


I. Através dos nervos espinais que se conectam a ela, a medula espinal está envolvida
na inervação sensitivo-motora do corpo inteiro abaixo da cabeça.
II. Através dos tratos ascendentes e descendentes que percorrem sua substância branca,
a medula espinal proporciona uma via de condução de mão dupla para os sinais entre
o corpo e o encéfalo.
III. Através da integração sensitivo-motora em sua substância cinzenta, a medula espinal
é um centro importante para os reflexos.
A medula espinal passa pelo canal vertebral da coluna vertebral. O canal vertebral é
formado de forames vertebrais sucessivos das vértebras articuladas. A medula espinal
estende-se do forame magno na base do osso occipital até o nível da primeira ou segunda
vértebra lombar (L-I ou L-II). Nessa extremidade inferior, a medula espinal afunila no cone
medular (“cone da medula espinal”). Um filamento longo de tecido conjuntivo, o filamento
terminal, estende-se do cone medular e conecta-se ao cóccix inferiormente ancorando a
medula espinal de modo a não ser empurrada pelos movimentos corporais.
Trinta e um pares de nervos espinais (estruturas do SNP) conectam-se à medula espinal
através das raízes nervosas dorsal e ventral. Os nervos espinais estão situados nos forames
intervertebrais, a partir dos quais eles enviam ramos laterais por todo o corpo. Os nervos
espinais são nomeados com base em sua localização vertebral. Os 31 nervos espinais são
divididos nos grupos cervical (8), torácico (12), lombar (5), sacral (5) e coccígeo (1). Existem
oito nervos cervicais, apesar de haver apenas sete vértebras cervicais, pois o primeiro nervo
espinal cervical sai acima da primeira vértebra cervical. Cada nervo espinal cervical
subsequente sai na posição inferior a uma vértebra cervical. Os nervos espinais torácicos,
lombares e sacrais saem abaixo da vértebra da qual receberam o nome. (Os nervos espinais
serão discutidos detalhadamente.
Nas regiões cervical e lombar da medula espinal, onde surgem os nervos para os
membros superiores e inferiores, a medula espinal exibe alargamentos evidentes, chamados
intumescência cervical e lombar. Como a medula não alcança a extremidade inferior da
coluna vertebral, as raízes nervosas lombar e sacral precisam descer pelo canal vertebral por
alguma distância antes de chegar aos forames intervertebrais correspondentes. Essa coleção
de raízes nervosas na extremidade inferior do canal vertebral é a cauda equina.
A medula espinal não ocupa o comprimento total do canal vertebral em razão de eventos
pré-natais. Até o terceiro mês de desenvolvimento, a medula espinal não se estende por toda
a distância até o cóccix, mas a partir daí ela cresce mais lentamente do que a parte caudal da
coluna vertebral. À medida que a coluna vertebral se alonga, a medula espinal assume uma
posição progressivamente mais rostral. No momento do nascimento, a medula espinal
termina no nível da vértebra lombar L-III. Durante a infância, ela alcança a posição adulta,
terminando no nível do disco intervertebral entre as vértebras lombares L-I e L-II. Trata-se
meramente do nível médio; a localização da extremidade da medula espinal varia de uma
pessoa para outra, da margem inferior da vértebra torácica T-XII até a margem superior da
vértebra lombar L-III.
A medula espinal forma-se do ectoderma da placa neural (neuroectoderma) e sua
aparência segmentada reflete o padrão dos somitos adjacentes. O termo segmento medular é
utilizado clinicamente para indicar a região da medula espinal da qual surgem os processos
axonais que formam determinado nervo espinal. Cada segmento medular é designado pelo
nervo espinal que surge dele — por exemplo, no primeiro segmento medular torácico
(segmento medular T-I) surge o primeiro nervo espinal torácico (nervo espinal T-I) da
medula espinal, no quinto segmento medular torácico (segmento medular T-5) surge o quinto
nervo espinal torácico (nervo espinal T-5), e assim por diante.
Como a medula espinal não vai até o fim da coluna espinal, os segmentos medulares
localizam-se na posição superior em relação ao local em que seus nervos espinais
correspondentes emergem pelos forames vertebrais.
Por exemplo, o segmento medular T-5 situa-se no nível da vértebra T-IV. A discrepância
é mais pronunciada nas regiões lombar e sacral da medula: o segmento medular lombar L-I
encontra-se na vértebra T XI e o segmento medular sacral S-I está na vértebra L-I.
A medula espinal é mais larga na direção lateral do que na direção anteroposterior. Dois
sulcos — o sulco mediano posterior e a fissura mediana anterior mais larga — percorrem
todo o comprimento da medula e dividem-na parcialmente nas metades direita e esquerda.

Substância branca da medula espinal


A medula espinal consiste em uma região externa de substância branca e uma região
interna de substância cinzenta. A substância branca da medula espinal é composta de
axônios mielinizados e não mielinizados que permitem a comunicação entre diferentes
partes da medula espinal e entre a medula e o encéfalo. Essas fibras são classificadas como
pertencentes a um de três tipos, de acordo com a direção na qual transmitem seus impulsos
nervosos:
• Ascendentes: A maioria das fibras ascendentes na medula espinal transmite
informações sensitivas dos neurônios sensitivos do corpo até o encéfalo.
• Descendentes: A maioria das fibras descendentes transmite instruções motoras do
encéfalo para a medula espinal, a fim de estimular a contração dos músculos.
• Comissurais: As fibras comissurais são fibras de substância branca que transmitem
informações de um lado para o outro da medula espinal.
A substância branca em cada lado da medula espinal é dividida em três funículos
(“cordas longas”): funículo posterior, funículo anterior e funículo lateral. Os funículos
anterior e lateral são contínuos entre si e divididos por uma linha imaginária que se estende
a partir do corno anterior da substância cinzenta. Os três funículos contêm muitos tratos
fibrosos, cada um é composto de axônios com destinos e funções similares. Essas vias
sensitivas e motoras, descritas mais adiante neste capítulo, integram o SNP ao SNC.

Substância cinzenta da medula espinal

Assim como em todas as outras partes do SNC, a substância cinzenta da medula consiste
em uma mistura de corpos celulares neuronais, neurônios curtos e não mielinizados e
neuroglia. No corte transversal, a substância cinzenta da medula espinal tem a forma da letra
H. A barra transversal do H chama-se substância cinzenta intermédia central, sendo
composta de axônios não mielinizados que atravessam o SNC de um lado a outro. Dentro da
comissura cinzenta encontra-se a cavidade central estreita da medula espinal, o canal
central. Os dois braços dorsais do H são os cornos posteriores e os dois braços ventrais são
os cornos anteriores. Em três dimensões, esses braços formam colunas de substância
cinzenta que seguem por todo o comprimento da medula espinal. Nos segmentos torácico e
lombar superior da medula espinal, existem pequenas colunas laterais de substância cinzenta,
chamadas cornos laterais.
Os neurônios na substância cinzenta da medula são organizados funcionalmente. Os
cornos posteriores consistem inteiramente em interneurônios, que recebem informações dos
neurônios sensitivos cujos corpos celulares estão situados do lado de fora da medula espinal
nos gânglios da raiz dorsal e cujos axônios alcançam a medula espinal via raízes posteriores.
Os cornos anteriores (e laterais) contêm corpos celulares de neurônios motores que enviam
seus axônios para fora da medula espinal via raízes anteriores para abastecer músculos e
glândulas. Os interneurônios também estão presentes nos cornos anteriores. O tamanho dos
cornos motores anteriores varia ao longo do comprimento da medula espinal, refletindo a
quantidade de musculatura esquelética inervada em cada nível: os cornos anteriores são
maiores nos segmentos cervical e lombar da medula, que inervam os membros superiores e
inferiores, respectivamente. Esses segmentos formam as intumescências cervical e lombar
da medula espinal descritos anteriormente.
A substância cinzenta da medula pode ser classificada ainda de acordo com a inervação
das regiões somáticas e viscerais do corpo. Esse esquema reconhece quatro zonas de
substância cinzenta da medula espinal: sensitiva somática (SS), sensitiva visceral (SV),
motora visceral (MV) e motora somática (MS). Essas zonas são equivalentes às divisões
funcionais do SNP.

Proteção da medula espinal

Assim como o encéfalo, o tecido neural da medula espinal é protegido por osso (as
vértebras), meninges e líquido cerebrospinal. A rígida parte espinal da dura-máter é um
pouco diferente da dura-máter em volta do encéfalo: ela não se conecta ao osso circundante
e corresponde apenas à camada meníngea da dura-máter do encéfalo. No lado de fora dessa
dura-máter espinal há um grande espaço epidural (ou epidural) preenchido com gordura de
amortecimento e uma rede de veias. Os anestésicos são frequentemente injetados nesse
espaço para bloquear os impulsos nervosos na medula espinal e assim aliviar a dor nas
regiões do corpo inferiores ao local de injeção. O espaço subdural, a aracnoide-máter, o
espaço subaracnóideo e a pia-máter em volta da medula espinal são contínuos com os
elementos correspondentes em volta do encéfalo.
Inferiormente, a dura-máter e a aracnoide estendem-se até o nível de S2, bem depois do
fim da medula espinal. A pia-máter estende-se no cóccix, cobrindo o filamento terminal.
Extensões laterais da pia-máter, chamadas ligamentos denticulados (“dentados”), ancoram a
medula espinal lateralmente na dura-máter por todo o comprimento da medula.

2) Anatomia macroscópica do cerebelo, sua estrutura e funções.


O cerebelo, com sua forma de couve-flor, a segunda maior parte do encéfalo, conforme
prosseguimos da direção caudal para a rostral, corresponde a até 11% da massa do encéfalo.
Apenas o hemisfério cerebral é maior do que ele. O cerebelo está situado em posição dorsal
à ponte e ao bulbo, dos quais está separado pelo quarto ventrículo. Funcionalmente, o
cerebelo suaviza e coordena os movimentos do corpo que são dirigidos por outras regiões
do encéfalo, e ajuda a manter a postura e o equilíbrio.
O cerebelo consiste em dois hemisférios cerebelares expandidos e conectados
medialmente pelo verme do cerebelo. Sua superfície é dobrada em muitas cristas, chamadas
folhas, separadas por sulcos profundos, denominados fissuras. Cada hemisfério cerebelar é
subdividido em três lobos: os grandes lobos anterior e posterior, e o pequeno lobo
floculonodular. Os lobos anterior e posterior coordenam os movimentos do tronco e dos
membros. O lobo floculonodular, anterior ao lobo posterior que o encobre, ajusta a postura
para manter o equilíbrio e coordena o movimento da cabeça e dos olhos.
O cerebelo possui três regiões: córtex externo de substância cinzenta, substância
branca interna conhecida como árvore da vida e substância cinzenta profunda que
constitui os núcleos cerebelares. O córtex cerebelar é uma calculadora rica em neurônios
cuja função é suavizar os movimentos corporais. A substância branca consiste em axônios
que transmitem informações de/para o córtex. Os núcleos cerebelares originam os axônios
que retransmitem informações do córtex cerebelar para outras partes do encéfalo.
As informações são processadas pelo cerebelo da seguinte maneira:
I. O cerebelo recebe informações do cérebro a respeito dos movimentos que estão
sendo planejados. A área do cérebro que inicia os movimentos voluntários, o córtex
motor, transmite a informação do córtex cerebral através dos núcleos da ponte para
a parte lateral dos lobos anterior e posterior do cerebelo.
II. O cerebelo compara esses movimentos planejados com a posição e os
movimentos reais do corpo. A informação sobre equilíbrio e posição da cabeça é
retransmitida dos receptores na orelha interna através dos núcleos vestibulares no
bulbo para o lobo floculonodular. A informação sobre os movimentos reais dos
membros, pescoço e tronco sai dos proprioceptores nos músculos, tendões e
articulações e sobe para a medula espinal, chegando ao verme do cerebelo e às partes
medianas dos lobos anterior e posterior.
III. O cerebelo envia instruções de volta ao córtex cerebral a respeito de como
resolver quaisquer diferenças entre os movimentos planejados e a posição real.
Utilizando a retroalimentação do cerebelo, o córtex motor do cérebro reajusta
continuamente os comandos motores que envia à medula espinal, fazendo o ajuste
fino dos movimentos para que sejam bem coordenados.
O cerebelo também está relacionado a algumas funções cognitivas mais elevadas.
Quando aprendemos uma nova habilidade motora, ele refina os movimentos para corrigir os
erros. Com a prática, a habilidade é dominada e pode ser realizada automaticamente — por
exemplo, andar de bicicleta, tocar um instrumento musical ou digitar em teclado de
computador. Essa retenção das habilidades motoras aprendidas chama-se memória motora.
O cerebelo também desempenha papel na linguagem, na resolução de problemas e no
planejamento das tarefas. Em geral, sua função cognitiva pode ser a de reconhecer, utilizar
e prever sequências de eventos que vivenciamos ou percebemos.

Pedúnculos cerebelares

Os pedúnculos cerebelares superior, médio e inferior são tratos espessos que conectam
o cerebelo ao tronco encefálico. Esses tratos de fibras transmitem a informação que entra e
sai do cerebelo.
• Os pedúnculos cerebelares superiores conectam o cerebelo ao mesencéfalo,
transmitindo instruções basicamente eferentes do cerebelo para o córtex cerebral.
• Os pedúnculos cerebelares médios conectam a ponte ao cerebelo e transmitem
informação eferente do córtex cerebral e dos núcleos da ponte para o cerebelo.
• Os pedúnculos cerebelares inferiores surgem no bulbo e transportam fibras
basicamente aferentes dos núcleos vestibulares (equilíbrio) e da medula espinal
(propriocepção) para o cerebelo.
Todas as fibras que entram e saem do cerebelo são ipsolaterais (ipso = iguais),
significando que elas vão e vêm do mesmo lado do corpo.

3) Anatomia macroscópica do tronco cerebral e suas funções.

Tronco encefálico

A mais caudal das quatro partes principais do encéfalo é o tronco encefálico. Da posição
caudal para a rostral, as três regiões do tronco encefálico são o bulbo, a ponte e o
mesencéfalo. Cada região tem aproximadamente 2,5 cm de comprimento e, juntas,
correspondem a apenas 25% da massa encefálica total. Situado na fossa do crânio posterior,
na parte basilar do osso occipital, o tronco encefálico tem quatro funções gerais:
I. Age como uma via de passagem para todos os tratos fibrosos que vão do cerebelo até
a medula espinal.
II. Participa ativamente da inervação da face e da cabeça; 10 a 12 pares de nervos
craniais conectam-se a ele.
III. Produz comportamentos rigidamente programados e automáticos, necessários para a
sobrevivência.
IV. Integra os reflexos auditivos e visuais.
O tronco encefálico tem o mesmo plano estrutural da medula espinal, com substância
branca externa circundando uma região interna de substância cinzenta. No entanto, os
núcleos de substância cinzenta também estão situados na substância branca do tronco
encefálico. As três regiões do tronco encefálico são discutidas tendo como referência as
funções gerais dessa parte do encéfalo.

Bulbo (medula oblonga)

O bulbo raquidiano cônico, ou simplesmente bulbo, é a parte mais caudal do tronco


encefálico. Ele é contínuo com a medula espinal ao nível do forame magno do crânio. Como
mencionado anteriormente, uma parte do quarto ventrículo situa-se na posição dorsal à
metade superior do bulbo.
Os tratos fibrosos de substância branca que conectam as regiões mais rostrais do
encéfalo com a medula espinal precisam passar pelo bulbo.
• Externamente, duas cristas longitudinais chamadas pirâmides ladeiam a linha média
anterior do bulbo. Essas cristas são formadas pelos tratos piramidais, grandes tratos
fibrosos que se originam em neurônios piramidais no cérebro e descem através do
tronco encefálico e da medula espinal, transmitindo impulsos motores voluntários
que saem da medula espinal. Na parte caudal do bulbo, 70%-90% dessas fibras
piramidais atravessam para o lado oposto do encéfalo em um ponto chamado
decussação das pirâmides (“um cruzamento em forma de X”). O resultado desse
cruzamento é que cada hemisfério cerebral controla os movimentos voluntários do
lado oposto do corpo.
• Imediatamente ao lado de cada pirâmide encontra-se a oliva. Essa dilatação contém
o núcleo olivar inferior, uma grande prega ondulada de substância cinzenta visível
no corte transversal. Esse núcleo encefálico é uma estação retransmissora das
informações sensitivos que seguem para o cerebelo, especialmente as informações
proprioceptivas que sobem da medula espinal. Outros núcleos (conhecidos no
conjunto como retransmissores) também processam e editam as informações antes
de passá-las adiante. Os pedúnculos cerebelares inferiores são tratos fibrosos que
conectam o bulbo ao cerebelo, dorsalmente.
• Internamente, dois outros núcleos retransmissores importantes estão situados na
parte caudal: o núcleo grácil e o núcleo cuneiforme. As fibras ascendentes
transmitem a sensibilidade geral discriminativa (tato, pressão, propriocepção
consciente) da pele e os proprioceptores se comunicam por sinapse nesses núcleos
bulbares ao longo do caminho até o cérebro.
Quatro pares de nervos cranianos se conectam com o bulbo (vestibulococlear,
glossofaríngeo, vago e hipoglosso). Os núcleos do encéfalo associados a esses nervos podem
ser núcleos sensitivos, que recebem informações do nervo craniano, ou núcleos motores, que
iniciam uma resposta motora transmitida no nervo craniano. Os núcleos sensitivos e motores
associados a esses nervos se situam perto do quarto ventrículo e podem ser visualizados em
um corte transversal do bulbo.
• O nervo vestibulococlear (nervo craniano VIII) emerge na junção do bulbo e da
ponte, sendo o nervo sensitivo da audição e do equilíbrio. Os núcleos vestibular e
coclear retransmitem informações sensitivas de cada um desses nervos para outras
regiões do encéfalo. Eles estão localizados na parte dorsolateral do bulbo.
• O nervo glossofaríngeo (nervo craniano IX) inerva parte da língua e da faringe. Os
núcleos do encéfalo associados ao nervo glossofaríngeo, que estão ilustrados, são o
núcleo ambíguo, que é um núcleo motor, e o núcleo do trato solitário, que é um
núcleo sensitivo.
• O nervo vago (nervo craniano X) inerva muitos órgãos viscerais no tórax e no
abdome. Existem três núcleos do encéfalo associados ao nervo vago: o núcleo motor
dorsal do vago, o núcleo do trato solitário e o núcleo ambíguo.
• O nervo hipoglosso (nervo craniano XII) inerva os músculos da língua. O núcleo do
hipoglosso, um núcleo motor, está situado dorsomedialmente, logo abaixo do quarto
ventrículo.
Seguindo pelo centro do tronco encefálico, há um agrupamento de pequenos núcleos que
constituem a formação reticular. Os núcleos da formação reticular compõem três colunas
em cada lado, que se estendem por todo o comprimento do tronco encefálico: os núcleos da
rafe adjacente à linha média, que são ladeados pelo grupo nuclear mediano e depois pelo
grupo nuclear lateral (coluna medial e coluna lateral). Os núcleos da formação reticular,
agrupados em volta dos núcleos motores dos nervos cranianos, funcionam na coordenação
dos reflexos e dos comportamentos autônomos relacionados a esses nervos. Os núcleos mais
importantes na formação reticular do bulbo implicados nas atividades viscerais são:
• O centro vasomotor, que regula a pressão arterial estimulando ou inibindo a
contração do músculo liso nas paredes dos vasos sanguíneos, o que constringe ou
dilata os vasos. A constrição das artérias por todo o corpo faz que a pressão arterial
suba, enquanto a dilatação reduz a pressão arterial e ajusta a força e a frequência dos
batimentos cardíacos.
• O centro respiratório, que controla o ritmo básico e a frequência da respiração.
• O centro do vômito, que controla o reflexo do vômito.

Ponte

A segunda região do tronco encefálico, a ponte, é uma saliência encravada entre o


mesencéfalo e o bulbo. Na face dorsal, ela é separada do cerebelo pelo quarto ventrículo.
Como seu nome sugere, a ponte liga o tronco encefálico ao cerebelo.
Os espessos tratos motores piramidais que descem do córtex cerebral passam pela ponte,
em direção anterior. Entremeados nas fibras desses tratos há muitos núcleos da ponte, que
são núcleos encefálicos retransmissores em uma via que conecta uma parte do córtex
cerebral com o cerebelo, ligada à coordenação dos movimentos voluntários. Os núcleos da
ponte enviam axônios para o cerebelo através dos espessos pedúnculos cerebelares médios.
Vários nervos cranianos conectam-se à ponte:
• O trigêmeo (nervo craniano V), que inerva a pele da face e os músculos da
mastigação.
• O abducente (nervo craniano VI), que inerva um músculo que move o olho.
• O facial (nervo craniano VII), que inerva os músculos da face, entre outras funções.
Os núcleos da formação reticular na ponte, visíveis no corte transversal, são anteriores
em relação aos núcleos dos nervos cranianos e funcionam no controle dos reflexos
autônomos.
Mesencéfalo

A mais rostral das três regiões do tronco encefálico, mesencéfalo, está situada entre o
diencéfalo e a ponte. A cavidade central do mesencéfalo é o aqueduto do mesencéfalo, que
divide o mesencéfalo em teto, posteriormente, e pedúnculos cerebrais, anteriormente.
Os tratos da substância branca e os núcleos retransmissores no mesencéfalo conectam
regiões do SNC.
• Os pedúnculos cerebrais, na face anterior, formam pilares verticais que parecem
segurar o cérebro; daí seu nome, que significa “pequenos pés do cérebro”. Esses
pedúnculos contêm tratos motores piramidais que descem do cérebro para a medula
espinal. A parte anterior de cada pedúnculo que contém esse trato é a base do
pedúnculo cerebral (“perna do cérebro”).
• Os pedúnculos cerebelares superiores, situados posteriormente, contêm tratos que
conectam o mesencéfalo ao cerebelo.
• Em corte transversal, são visíveis dois núcleos pigmentados mergulhados na
substância branca do mesencéfalo. A substância negra, cujos corpos celulares
neuronais contêm pigmento escuro de melanina, está situada profundamente aos
tratos piramidais no pedúnculo cerebral. Esse núcleo está unido funcionalmente à
substância cinzenta profunda do cérebro, os núcleos da base, e ao controle do
movimento voluntário. A degeneração dos neurônios na substância negra é a causa
do mal de Parkinson.
• O núcleo rubro, oval, está abaixo da substância negra. Seu matiz avermelhado deve-
se à rica vascularização e à presença de pigmento de ferro nos corpos celulares de
seus neurônios. Ele tem uma pequena função motora: ajuda a realizar movimentos
de flexão dos membros. O núcleo rubro está intimamente associado ao cerebelo.
Os corpos celulares dos neurônios motores que contribuem para dois nervos cranianos,
os núcleos oculomotor (nervo craniano III) e troclear (nervo craniano IV), estão situados na
parte anterior da substância cinzenta que circunda o aqueduto do mesencéfalo, uma área
chamada substância cinzenta central (periaquedutal). Esses nervos cranianos controlam
a maioria dos músculos que movem os olhos.
Os núcleos que atuam nos reflexos autônomos são visíveis em um corte transversal do
mesencéfalo. A substância cinzenta central tem duas funções um pouco relacionadas.
Primeira, ela está implicada na reação de “lutar ou fugir” (simpática), constituindo um meio
de ligação entre a parte do cérebro que percebe o medo e a via autônoma que produz as
reações psicológicas associadas a esse sentimento: aumento da frequência cardíaca, elevação
da pressão arterial, fuga frenética ou paralisação defensiva e supressão da dor quando a
pessoa se machuca. Segunda, a substância cinzenta central parece mediar a resposta à dor
visceral (por exemplo, náusea), durante a qual ela aumenta a frequência cardíaca e a pressão
arterial, produz suor frio e desestimula o movimento.
Os reflexos auditivos e visuais são integrados pelos núcleos cerebrais nos colículos
(corpos quadrigêmeos) que compõem o teto. Essas quatro protuberâncias na superfície
dorsal do mesencéfalo são denominadas colículos superior e inferior. Os dois colículos
superiores atuam nos reflexos visuais — por exemplo, quando os olhos acompanham
objetos em movimento mesmo se a pessoa não estiver olhando para eles conscientemente.
Os dois colículos inferiores, por outro lado, pertencem ao sistema auditivo. Entre outras
funções, eles agem nas respostas reflexas aos sons. Por exemplo, quando você se assusta
com um som alto, sua cabeça e seus olhos viram automaticamente para o som em razão da
função dos colículos inferiores.

4) Nervos espinhais e nervos cranianos, incluindo suas localizações.

Nervos espinhais

Trinta e um pares de nervos espinais, cada um contendo milhares de fibras nervosas, se


conectam à medula espinal. Esses nervos recebem seus nomes de acordo com sua saída na
coluna vertebral.
Existem:
• 8 pares de nervos cervicais (C1-C8);
• 12 pares de nervos torácicos (T1-T12);
• 5 pares de nervos lombares (L1-L5);
• 5 pares de nervos sacrais (S1-S5);
• 1 par de nervos coccígeos (designado Co).

Plexo cervical
• Aplicação clínica: Os soluços ocorrem quando o nervo frênico induz contrações
abruptas e rítmicas do diafragma. Essa resposta reflexa resulta frequentemente de
uma irritação sensitiva do diafragma ou estômago. A deglutição de alimentos
condimentados ou refrigerantes ácidos pode levar aos soluços através desse reflexo.
Estímulos dolorosos do diafragma, transmitidos nas fibras sensitivas somáticas do
nervo frênico, são percebidos como provenientes da pele situada na área do ombro,
que é inervada pelos mesmos segmentos espinais.

Plexo braquial

Se situa parcialmente no pescoço e parcialmente na axila, e origina quase todos os


nervos que se destinam ao membro superior. O plexo braquial algumas vezes pode ser
sentido no trígono cervical posterior, imediatamente superior à clavícula, na margem lateral
do músculo esternocleidomastóideo.
O plexo braquial é formado pela mistura dos ramos ventrais dos nervos cervicais C5-
C8 e a maior parte do ramo ventral de T1. Além disso, ele pode receber pequenas
contribuições de C4 ou T2.
Como o plexo braquial é muito complexo, alguns o consideram o pesadelo anatômico
dos alunos, ainda que sua organização reflita a organização funcional das estruturas que
inerva. Os componentes do plexo braquial, da posição medial para a lateral, são:
• Ramos ventrais: Os ramos ventrais dos segmentos espinais C5-T1 formam as
raízes1 do plexo braquial.
• Troncos: Os ramos ventrais se fundem e formam três troncos.
• Divisões: Cada tronco se divide em duas divisões: anterior e posterior.
• Fascículos: Essas seis divisões convergem e formam três fascículos.
Aplicações clínicas: As lesões no plexo braquial são comuns e podem ser graves. Essas
lesões resultam geralmente do estiramento do plexo, como pode acontecer durante uma
partida de futebol americano, quando um defensor puxa o braço de quem está carregando a
bola ou quando um golpe comprime um ombro e flexiona lateralmente a cabeça para longe
desse ombro. Quedas de cavalo ou de motocicleta ou transportar uma mochila pesada podem
resultar no estiramento excessivo ou no esmagamento do plexo braquial, podendo levar à
fraqueza ou até mesmo à paralisia do membro superior. As lesões temporárias a esse plexo
acabam cicatrizando; O trauma no nervo radial resulta em punho caído (mão em gota),
uma incapacidade de estender a mão no punho. Se a lesão ocorrer bem longe, na direção
superior, o músculo tríceps fica paralisado de modo que o antebraço não pode ser
efetivamente estendido. Muitas fraturas do úmero acompanham o sulco radial e lesam o
nervo radial nesse ponto. Esse nervo também pode ser esmagado na axila pelo uso
inadequado de uma muleta ou se uma pessoa adormecer com um braço sobre o encosto de
uma cadeira.

Nervos cranianos

Começando com 12 pares de nervos cranianos que se conectam ao encéfalo e passam


por vários forames no crânio. Esses nervos são numerados de I a XII em uma direção
craniocaudal. Os dois primeiros pares se conectam ao prosencéfalo e os demais ao tronco
encefálico. Exceto quanto ao nervo vago (X), que se estende para o abdome, os nervos
cranianos inervam apenas as estruturas da cabeça e pescoço.
Os 12 nervos cranianos e as origens de seus nomes são descritos resumidamente a
seguir:
I. Olfatório: Nervo sensitivo visceral especial, sentido do olfato.
Origem: Células receptoras olfatórias (neurônios bipolares) no epitélio olfatório da
cavidade nasal;
Via: passa pelos forames da lâmina cribriforme do osso etmoide e se comunicam por
sinapse com o bulbo olfatório. As fibras dos neurônios do bulbo olfatório se
estendem na direção posterior, por baixo do lobo frontal como trato olfatório.
Terminam no córtex olfatório primário do cérebro.
Aplicação clínica: A fratura do osso etmoide ou as lesões das fibras olfatórias podem
resultar em perda parcial ou total do olfato (anosmia).

II. Óptico: Nervo sensitivo somático especial, visão, que se desenvolve como um
crescimento do cérebro.
Origem: Retina do olho.
Via: Passa pelo canal óptico do osso esfenoide. Os dois nervos ópticos convergem e
formam o quiasma óptico, onde as fibras trocam parcialmente de lado e depois
continuam como tratos ópticos e se comunicam por sinapses no tálamo. As fibras
talâmicas se projetam e terminam no córtex visual primário no lobo occipital.
Aplicação clínica: Lesão no nervo óptico resulta em cegueira; uma lesão à via visual
distal ao quiasma óptico resulta em perdas visuais parciais; os defeitos visuais são
chamados de ambliopia.

III. Oculomotor: Inerva quatro músculos extrínsecos do olho que direcionam o bulbo
do olho: reto superior, reto medial, reto inferior e oblíquo inferior; inerva o
músculo levantador da pálpebra superior; fibras proprioceptoras aferentes
retornam dos músculos extrínsecos do olho; músculos constritores da íris
constringem a pupila; músculo ciliar controla o formato da lente.
Origem: Núcleos oculomotores na parte ventral do mesencéfalo.
Via: Passa pela fissura orbital superior e entra na órbita. As fibras parassimpáticas
do tronco encefálico se comunicam por sinapses com os neurônios pós-ganglionares
no gânglio ciliar, que inerva a íris e o músculo ciliar.
Aplicação clínica: Em caso de paralisia do nervo oculomotor, as ações dos dois
músculos extrínsecos do olho não inervados por esse nervo não sofrem oposição, o
olho não pode ser movido superior ou medialmente, e em repouso o olho vira
lateralmente (estrabismo externo). A pálpebra superior cai (ptose) e o indivíduo
apresenta visão dupla.
IV. Troclear: Inerva o músculo oblíquo superior. Esse músculo passa por uma polia
ligamentosa no teto da órbita, a tróclea. Fibras proprioceptivas aferentes retornam do
oblíquo superior.
Origem: Núcleos trocleares na parte dorsal do mesencéfalo.
Via: Contorna ventralmente o mesencéfalo; atravessa a fissura orbital superior e
entra na órbita.
Aplicação clínica: Lesão no nervo troclear esulta em visão dupla e menor
capacidade para girar o olho na direção inferolateral.
V. Trigêmeo: O nome trigêmeo significa “triplo”, referindo-se aos três grandes ramos
desse nervo. O nervo trigêmeo fornece inervação sensitiva geral para a face e
inervação motora para os músculos da mastigação.
Funções: V1 Sensibilidade somática geral da parte anterior do couro cabeludo e da
pele da fronte, pálpebra superior e nariz, mucosa da cavidade nasal, córnea e glândula
lacrimal; V2 Sensibilidade somática geral da pele da bochecha, lábio superior e
pálpebra inferior, mucosa da cavidade nasal, palato, dentes superiores; V3
Sensibilidade somática geral da pele do mento e da região temporal do couro
cabeludo, parte anterior da língua e dentes inferiores, inerva os músculos da
mastigação: temporal, masseter, pterigóideos, ventre anterior do digástrico. Fibras
proprioceptivas aferentes retornam desses músculos.
Origem: Receptores sensitivos na pele e na mucosa da face. Fibras motoras do
núcleo motor trigêmeo na ponte.
Via:

Os corpos celulares dos neurônios sensitivos de todas as três divisões estão situados
no grande gânglio trigêmeo. As fibras se estendem até os núcleos do trigêmeo na
ponte.
Aplicação clínica: Anestesia nas maxilas na mandíbula. Os dentistas retiram a
sensibilidade dessas regiões injetando anestésico local (como a novocaína) nos ramos
alveolares das divisões maxilar e mandibular do nervo trigêmeo, respectivamente.
Isso bloqueia as fibras transmissoras da dor dos dentes, e os tecidos circundantes
ficam entorpecidos.
VI. Abducente: Inervar o músculo reto lateral. Esse músculo abduz o olho. Fibras
proprioceptivas aferentes retornam do reto lateral.
Origem: Núcleo abducente na parte inferior da ponte.
Via: Passa pela fissura orbital superior e entra na órbita.
Aplicação clínica: Na paralisia do nervo abducente o olho não consegue se mover
lateralmente; em repouso, o bulbo do olho afetado vira medialmente (estrabismo
interno).
VII. Facial: Sensitivo visceral especial dos calículos gustatórios nos dois terços anteriores
da língua; Sensitivo somático geral de uma pequena parte da pele da orelha; Cinco
grandes ramos na face: temporal, zigomático, bucal, marginal da mandíbula e
cervical, para inervar os músculos faciais; Também inerva o ventre posterior do
digástrico; Fibras proprioceptivas aferentes retornam desses músculos; Inervar as
glândulas lacrimais, glândulas nasais e palatinas e glândulas salivares
submandibulares e sublinguais.
Origem: As fibras emergem da ponte, imediatamente laterais ao nervo abducente.
Via: As fibras entram no lobo temporal via meato acústico interno. O nervo corda
do tímpano ramifica e inerva as duas glândulas salivares e a língua. O ramo para os
músculos da face emerge do osso temporal através do forame estilomastóideo e segue
para a região lateral da face. Os corpos celulares dos neurônios sensitivos estão no
gânglio geniculado. Os corpos celulares dos neurônios parassimpáticos pós-
ganglionares estão nos gânglios pterigopalatinos e submandibulares, no nervo
trigêmeo.
Aplicação clínica: A paralisia de Bell, caracterizada pela paralisia dos músculos da
face no lado afetado e pela perda parcial da gustação, pode se desenvolver
rapidamente (muitas vezes da noite para o dia). É provocada pela infecção do herpes
simples (viral), que produz inflamação e inchaço do nervo facial. A pálpebra inferior
cai, o canto da boca afunda (tornando difícil comer ou falar normalmente) e o olho
lacrimeja constantemente, não podendo fechar completamente. A condição pode
desaparecer espontaneamente, sem tratamento.
VIII. Vestibulococlear: Nervo sensitivo da audição e do equilíbrio. Ramo vestibular:
sensitivo somático especial, equilíbrio; Ramo coclear: sensitivo somático especial,
audição; Pequeno componente motor ajusta a sensibilidade dos receptores sensitivos.
Origem: Receptores sensitivos na orelha interna para audição (dentro da cóclea) e
para o equilíbrio (dentro dos canais semicirculares e do vestíbulo).
Via: A partir da cavidade da orelha interna dentro do osso temporal, as fibras passam
através do meato acústico interno, fundem-se e formam o nervo vestibulococlear e
entram no tronco encefálico. Os corpos das células nervosas sensitivas para o ramo
vestibular estão situados nos gânglios vestibulares; para o ramo coclear, nos gânglios
espirais dentro da cóclea.
Aplicação clínica: As lesões no nervo coclear ou nos receptores cocleares resultam
em surdez central ou nervosa, enquanto o dano à divisão vestibular produz vertigem,
movimentos oculares rápidos e involuntários, perda de equilíbrio, náusea e vômito.
IX. Glossofaríngeo: Sensitivo visceral especial a partir dos calículos gustatórios no terço
posterior da língua; Sensitivo visceral geral a partir do terço posterior da língua,
mucosa faríngea, quimiorreceptores no corpo carótico (que monitoram o O2 e o CO2
no sangue e regulam a frequência e a profundidade respiratórias) e barorreceptores
do seio carótico (regulam a pressão arterial); Sensitivo somático geral de uma
pequena área de pele na orelha externa; Inervar um músculo faríngeo, estilofaríngeo,
que eleva a faringe durante a deglutição; Fibras proprioceptivas aferentes retornam
desse músculo; Inervar a glândula salivar parótida.
Origem: As fibras emergem do bulbo.
Via: As fibras passam pelo forame jugular e seguem para a faringe. Os corpos
celulares dos neurônios sensitivos estão situados nos gânglios superiores e inferiores.
Os corpos celulares dos neurônios parassimpáticos pós-ganglionares estão no
gânglio ótico no nervo trigêmeo.
Aplicação clínica: A lesão ou inflamação do nervo glossofaríngeo prejudica a
deglutição e a gustação no terço posterior da língua.
X. Vago: Esse nervo “vagueia” para além da cabeça, entrando no tórax e no abdome.
Sensitivo visceral geral das vísceras torácicas e abdominais, mucosa da laringe e
faringe, seios caróticos (barorreceptor para pressão arterial) e corpos carótico e
aórtico (quimiorreceptores para respiração). Sensitivo visceral especial dos calículos
gustatórios na epiglote. Sensitivo somático geral de uma pequena área de pele na
orelha externa. Inervar os músculos esqueléticos da faringe e da laringe envolvidos
na deglutição e na vocalização. As fibras proprioceptoras aferentes retornam dos
músculos da laringe e faringe. Inervar o coração, os pulmões e as vísceras abdominais
até o colo transverso. Regular a frequência cardíaca, a respiração e a atividade do
sistema digestório.
Origem: As fibras emergem do bulbo.
Via: As fibras saem do crânio através do forame jugular e descem pelo pescoço,
entrando no tórax e no abdome.
Aplicação clínica: A paralisia do nervo vago pode levar à rouquidão ou perda da
voz, dificuldade de deglutição e motilidade debilitada do sistema digestório. A
destruição total de ambos os nervos vagos é incompatível com a vida, pois esses
nervos parassimpáticos são cruciais na manutenção do estado normal da atividade
dos órgãos viscerais; sem sua influência, a atividade dos nervos simpáticos, que
mobilizam e aceleram os processos corporais vitais (e encerram a digestão), não
sofreria oposição.
XI. Acessório: Origina-se na região cervical da medula espinal, entra no crânio através
do forame magno e sai do crânio com o nervo vago. O nervo acessório leva a
inervação motora aos músculos trapézio e esternocleidomastóideo. Inervar os
músculos trapézio e esternocleidomastóideo que movem a cabeça e o pescoço. Fibras
proprioceptivas aferentes retornam desses músculos.
Origem: Formam-se a partir de filamentos radiculares ventrais que surgem em C1-
C5 na medula espinal. Há muito tempo considerado portador de uma raiz craniana e
uma raiz espinal, as radículas se revelaram parte integrante dos nervos vagos.
Via: Ao emergirem da medula espinal, as radículas espinais se fundem e formam o
nervo acessório, que passa para o crânio através do forame magno e depois sai do
crânio pelo forame jugular.
Aplicação clínica: A lesão na raiz espinal de um nervo acessório faz que a cabeça
vire para o lado da lesão em consequência da paralisia do músculo
esternocleidomastóideo; torna-se difícil sacudir o ombro (papel do músculo
trapézio).
XII. Hipoglosso: Ele segue abaixo da língua e inerva seus músculos. Inervar os músculos
intrínsecos e extrínsecos da língua. Ajudar nos movimentos da língua durante a
alimentação, deglutição e fala. Fibras proprioceptivas aferentes retornam desses
músculos.
Origem: Surgem de uma série de raízes na parte ventral do bulbo.
Via: Saem do crânio pelo canal do hipoglosso e seguem para a língua.
Aplicação clínica: Lesão do nervo hipoglosso provoca dificuldades na fala e
deglutição. Se ambos os nervos forem prejudicados, a pessoa não realiza a protrusão
da língua; se apenas um lado for afetado, a língua desvia (inclina) para o lado afetado.
Finalmente, o lado paralisado começa a atrofiar.
Os nervos cranianos contêm as fibras nervosas sensitivas e motoras que inervam a
cabeça. Os corpos celulares dos neurônios sensitivos estão situados nos órgãos receptores
(por exemplo, o nariz no olfato ou o olho na visão) ou dentro dos gânglios sensitivos
cranianos, que estão situados ao longo de alguns nervos cranianos (V, VII-X) imediatamente
fora do encéfalo. Os gânglios sensitivos cranianos são comparáveis diretamente aos gânglios
da raiz dorsal nos nervos espinais. Os corpos celulares da maioria dos neurônios motores
cranianos ocorrem nos núcleos dos nervos cranianos na substância cinzenta ventral do tronco
encefálico, assim como os corpos celulares dos neurônios motores espinais ocorrem na
substância cinzenta ventral da medula espinal.
Com base nos tipos de fibras que contêm, os 12 nervos cranianos podem ser classificados
em três grupos funcionais:
I. Nervos principalmente ou exclusivamente sensitivos (I, II, VIII), que contêm
fibras sensitivas especiais para olfato (I), visão (II) e audição e equilíbrio (VIII).
II. Nervos principalmente motores (III, IV, VI, XI, XII), que contêm fibras
motoras somáticas para os músculos esqueléticos do olho, pescoço e língua.
III. Nervos mistos (motores e sensitivos) (V, VII, IX, X). Esses nervos mistos
fornecem inervação sensitiva para a face (através das fibras sensitivas somáticas
gerais) e para a boca e vísceras (sensitivas viscerais gerais), incluindo os calículos
gustatórios para o sentido de paladar (sensitivo visceral especial). Esses nervos
também inervam os músculos do arco faríngeo (motores somáticos), como os
músculos da mastigação (V) e os músculos da expressão facial (VII).
Adicionalmente, quatro dos nervos cranianos (III, VII, IX, X) contêm fibras motoras
viscerais que regulam os músculos viscerais e glândulas por uma grande parte do corpo.
Essas fibras motoras pertencem à parte parassimpática da divisão autônoma do sistema
nervoso (SNA). O SNA inerva as estruturas corporais através de cadeias de dois neurônios
motores. Os corpos celulares dos segundos neurônios ocupam os gânglios motores
autônomos no SNP. A localização desses gânglios autônomos é descrita na via desses quatro
nervos.

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