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GRUPO I
PARTE A
Cena VIII
Manuel (Passeia agitado de um lado para outro da cena, com as mãos cruzadas detrás das
costas; e parando de repente) – Há de saber-se no mundo que ainda há um português em
Portugal.
Madalena Que tens tu, dize, que tens tu?
5 Manuel Tenho que não hei de sofrer esta afronta... e que é preciso sair desta casa, senhora.
Madalena Pois sairemos, sim: eu nunca me opus ao teu querer, nunca soube que coisa era ter
outra vontade diferente da tua; estou pronta a obedecer-te sempre, cegamente, em tudo.
Mas, oh! esposo da minha alma... para aquela casa não, não me leves para aquela casa!
(Deitando-lhe os braços ao pescoço)
10 Manuel Ora tu não eras costumada a ter caprichos! Não temos outra para onde ir: e a estas
horas, neste aperto... Mudaremos depois, se quiseres... mas não lhe vejo remédio agora. […]
Madalena Mas é que tu não sabes... eu não sou melindrosa1 nem de invenções: em tudo o
mais sou mulher, e muito mulher, querido; nisso não... Mas tu não sabes a violência, o
constrangimento2 de alma, o terror com que eu penso em ter de entrar naquela casa. Parece-me
15 que é voltar ao poder dele, que é tirar-me dos teus braços, que o vou encontrar ali... – Oh!
Perdoa, perdoa-me, não me sai esta ideia da cabeça... – que vou achar ali a sombra
despeitosa3 de D. João, que me está ameaçando com uma espada de dois gumes4... que a
atravessa no meio de nós, entre mim e ti e a nossa filha, que nos vai separar para sempre... –
Que queres? bem sei que é loucura; mas a ideia de tornar a morar ali, de viver ali contigo e
20 com Maria, não posso com ela. Sei de certo que vou ser infeliz, que vou morrer naquela casa
funesta, que não estou ali três dias, três horas sem que todas as calamidades do mundo
venham sobre nós. – Meu esposo, Manuel, marido da minha alma, pelo nosso amor to peço,
pela nossa filha... vamos seja para onde for, para a cabana de algum pobre pescador desses
contornos5, mas para ali não, oh! não!
25 Manuel Em verdade, nunca te vi assim; nunca pensei que tivesses a fraqueza de acreditar em
agouros. Não há senão um temor justo, Madalena, é o temor de Deus; não há espetros6 que
nos possam aparecer senão os das más ações que fazemos. Que tens tu na consciência que
tos faça temer? O teu coração e as tuas mãos estão puras: para os que andam diante de
Deus, a terra não tem sustos, nem o inferno pavores que se lhes atrevam. Rezaremos por
30 alma de D. João de Portugal nessa devota capela que é parte da sua casa; e não hajas medo
Notas
1melindrosa: frágil, sensível; 2constrangimento: sofrimento; 3despeitosa: desgostosa, ressentida; 4espada de dois
gumes: que fere quem atinge mas também quem a utiliza; 5contornos: arredores; 6espetros: fantasmas; 7santa
batalha: a batalha de Alcácer Quibir.
1. Insira o excerto na estrutura interna da obra, referindo o conteúdo das cenas que
antecedem e que sucedem este momento.
4. Explique o sentido das frases “Há de saber-se no mundo que ainda há um português em
Portugal.” (ll. 2-3) e “vou dar uma lição aos nossos tiranos que lhes há de lembrar, vou dar
um exemplo a este povo que o há de alumiar…” (ll. 37-38), proferidas por Manuel de
Sousa Coutinho.
PARTE B
2. Com a afirmação “num quadro de tensões entre a legalidade e a ilegalidade.” (l. 9) realça-se:
(A) a insegurança vivida no festival de Fronteira.
(B) a ilegalidade deste tipo de festivais.
(C) a existência de muita vigilância policial nestes eventos.
(D) a permissividade de comportamentos inerente a este tipo de eventos.
5. Na frase “Quando soube da morte do DJ e produtor sueco Tim Bergling, de 28 anos, […]
estava a ver na RTP1 uma reportagem […]” (ll. 1-3), o elemento sublinhado configura um
mecanismo de coesão
(A) lexical por substituição.
(B) gramatical frásica.
(C) gramatical interfrásica.
(D) gramatical referencial.
7. O elemento sublinhado em “embora […] constituísse por inteiro a antítese do festival que
se realizou em Fronteira.” (ll. 12-13) é
(A) uma conjunção subordinativa condicional.
(B) uma conjunção subordinativa completiva.
(C) um pronome pessoal.
(D) um pronome indefinido.
8. Identifique o tempo e o modo em que se encontra a forma verbal “havia realizado” (l. 4).
9. Classifique a oração subordinada presente no segmento “Dir-se-ia que Avicii foi durante
anos a imagem resplandecente do sucesso, do profissionalismo, da exigência.” (ll. 14-15).
10. Indique a função sintática desempenhada pelo pronome sublinhado em “É-nos mais fácil
demonizar acontecimentos” (l. 42).
Grupo III
Faça uma apreciação crítica, entre 150 a 200 palavras, da imagem apresentada, atendendo aos
seguintes aspetos:
descrição sucinta da imagem;
postura;
relação da imagem com o herói de Frei Luís de Sousa e de Os Lusíadas;
comentário valorativo.
https://tvcinemaemusica.wordpress.com/2010/09/28/mias-um-candidato-a-direcao-do-novo-filme-do-superman/
COTAÇÕES
GRUPO A B
I 1 2 3 4
20 20 20 20 30 110
II 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 50
III Item único 40
Total 200
Grupo I
Parte A
1. O excerto diz respeito a uma das cenas finais do ato I da obra, depois de Manuel de Sousa
Coutinho regressar de Lisboa e saber que os governadores do reino pretendem refugiar-se
em sua casa para fugirem à peste que grassa na cidade. Numa atitude patriótica, Manuel de
Sousa Coutinho recusa-se a recebê-los, razão pela qual irá, de seguida, atear fogo ao seu
palácio.
2. Madalena está angustiada, apavorada com a ideia de regressar à casa onde vivia quando
era casada com D. João de Portugal. Parece-lhe que tal facto irá afetar irremediavelmente a
sua vida e a dos seus, pressentindo a desgraça, como se fosse encontrar ali o fantasma do
primeiro marido. Revela-se, assim, uma mulher frágil e supersticiosa.
5. Na obra Os Lusíadas, Camões propõe-se cantar os feitos ilustres do povo português, dos
seus reis, e de todos aqueles que cometeram grandes obras e que merecem, por isso, ser
lembrados.
Concretizando o que se propôs fazer, o Poeta narra os perigos que os portugueses
corajosamente enfrentaram na viagem marítima à Índia, de que o episódio do Adamastor é
ilustrativo. Para além disso, na sequência do agradecimento de Vasco da Gama a Deus pela
proteção recebida aquando da Tempestade, Camões reflete sobre o verdadeiro valor da
glória e as formas de a conquistar: com esforço, sofrimento e perseverança, incentivando a
realização de ações que engrandeçam a Pátria.
Para concluir, no episódio da Ilha dos Amores, narra o relacionamento dos marinheiros
com as ninfas, elevando-os, deste modo, a semi-deuses – forma de reconhecimento do seu
mérito e de recompensa pelo modo como se superaram a si próprios ao enfrentarem as
adversidades.
(150 palavras)
Grupo II