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A ECONOMIA SOLIDÁRIA NO RIO GRANDE DO

SUL
Resultados do 2º Mapeamento
e cadeias produtivas solidárias no estado
Subsídio informativo resultado. Projeto em Parceria da Secretaria da Economia Solidária e
Apoio à Micro e Pequena Empresa (SESAMPE) / Departamento de Incentivo e Fomento à
Economia Solidária (DIFESOL) e Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS).

Projeto de ampliação do Mapeamento de empreendimentos de econômia solidária


no Rio Grande do Sul e estudo das cadeias produtivas solidárias no estado

Professora coordenadora: Marília Veronese

Coordenação de campo: Cláudio Ogando

Consultora Estatística: Patrícia Kuyven

Auxiliar administrativo: Leonardo Scavoni

Redação, editoração e gráficos: Cláudio Ogando

Para citação bibliográfica: SESAMPE-DIFESOL, 2013. A economia solidária no Rio Grande


do Sul. Resultados do 2º Mapeamento e cadeias produtivas solidárias no estado. Unisinos. São
Leopoldo.

Tiragem: 2.500 exemplares

Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS

1
Agradecimentos

Gostaríamos de agradecer, em primeiro lugar, à Nelsa Nespolo, pela idealização deste projeto e pela
dedicação à economia solidária, que nos inspira e motiva ainda mais. E também à Maribel, por todo o
apoio na Sesampe/Difesol.
Gostaríamos de agradecer à Profa. Vera Schmitz, que então à frente da incubadora Tecnosociais da
Unisinos, realizou a coordenação da primeira fase deste segundo mapeamento, não só no estado do Rio
Grande do Sul, mas em toda a Região Sul. Um trabalho levado em uma perspectiva de cooperação e rede,
juntamente com outras entidades de apoio que ajudaram na realização do mapeamento, a quem também
agradecemos.
Ao Prof. Luiz Inácio Gaiger, pelo apoio de sempre junto ao Grupo de Pesquisa em Economia Solidária e
Cooperativa da Unisinos.
Ao Valmor Schiochet, pela ajuda contínua em todo o trabalho relacionado ao SIES.

Saudações solidárias.

2
SUMÁRIO

A ECONOMIA SOLIDÁRIA NO RIO GRANDE DO SUL

RESULTADO DO 2º MAPEAMENTO DA ECONOMIA SOLIDÁRIA NO RIO GRANDE


DO SUL E ESTUDO DAS CADEIAS SOLIDÁRIAS

APRESENTAÇÃO
1 DADOS GERAIS DO RIO GRANDE DO SUL (RS)
2 ANÁLISE DO RS POR COREDES
3 ANÁLISE ENTRE BRASIL E RS
4 ANÁLISE ENTRE PRIMEIRO E SEGUNDO MAPEAMENTO NO RS
5 CADEIAS PRODUTIVAS RS
CONCLUSÕES

3
APRESENTAÇÃO

Esta cartilha é resultado de um projeto realizado em parceria entre a SESAMPE e a


UNISINOS, que objetivou realizar uma análise dos dados do Segundo Mapeamento Nacional da
Economia Solidária do estado do Rio Grande do Sul, oferecendo um retrato mais detalhado de seu
potencial e características socioeconômicas, por segmento de atuação e território de inserção. O
objetivo principal deste projeto foi mapear aproximadamente 300 Empreendimentos de
Economia Solidária (EES) nas regiões ainda descobertas pela pesquisa nacional do Mapeamento
no RS, que foi realizada em 2009/2010, complementando os 1700 EES já mapeados.
Visitar, entrevistar e avaliar o potencial de parte deles mostrou-se fundamental para dar
continuidade aos esforços de fomento das atividades associadas, especialmente quando no
âmbito do trabalho das cadeias produtivas desenvolvido pela SESAMPE. Da mesma forma,
analisar com precisão os resultados do RS – aquilatando o potencial dos EES gaúchos para
inclusão nas cadeias e suas necessidades mais prementes – fez-se necessário para a Secretaria ter
uma base segura de planejamento de suas ações.
Essas ações referem-se ao objetivo de fortalecer a Economia Solidária, enquanto estratégia
de desenvolvimento solidário e sustentável, includente e socialmente justo, através do
reconhecimento e fortalecimento das formas de organização associativa e autogestionária, do
apoio efetivo aos processos de produção, comercialização e consumo dos seus bens e serviços.
Além das ações de incentivo aos empreendimentos é importante incentivar as Cadeias
Solidárias. Com o importante apoio realizado aos empreendimentos que compõem os elos das
cadeias, poder-se á almejar substituir fornecedores de insumo que operem sob a lógica do capital
por fornecedores que operem sob a lógica da economia solidária. Estas iniciativas levam ao
protagonismo coletivo dos trabalhadores e trabalhadoras é ativado, minimizando os efeitos
deletérios das desigualdades sociais no que se refere ao acesso a trabalho e renda dignos.
As cadeias solidárias trabalhadas pela Secretaria no momento são as seguintes:
Frutas nativas, visando à produção de geleias, sucos, sorvetes, picolés e outros produtos
(região Norte, Nordeste, Litoral, Sul e Metropolitana de Porto Alegre);
Peixe, visando alimentação, escamas e pele para confecção de produtos (região
metropolitana de Porto Alegre, Litoral, Sul, fronteira Oeste);
Osso, que pode ser inserido em produtos de madeira, bem como acessórios para confecção,
bijuterias e utilitários (região metropolitana de Porto Alegre, Vale dos Sinos, Campanha,
Fronteira Oeste);
Pedras Preciosas, cuja produção será articulada com segmento de artesanato e confecção
(Fronteira Oeste, Metropolitana de Porto Alegre, Vale do Taquari);
Lã de ovelha (Fronteira Oeste, Campanha, Central, Metropolitana de Porto Alegre, Vale dos
Sinos, Serra gaúcha e também RJ, MG - UY e AR) e
Cadeia Solidária Binacional do PET – com equipamentos de três polos sendo implantados,
visando trabalhar com Alumínio, Vidro, Compostagem e Pneus (Regiões Metropolitana e Vale do
Sinos, Vale do Rio Pardo, Sul e avançando para um polo do Plástico Mole no Vale do Sinos.
Articula RS e MG e Uruguai).
A intenção da SESAMPE é atuar na promoção de um ambiente favorável ao
desenvolvimento da economia solidária, articulando os atores envolvidos, sejam gestores
4
públicos de todas as esferas, entidades de apoio e fomento, entidades de representação dos EES, a
sociedade civil como um todo, mobilizando mais recursos e otimizando o seu uso. Garantir os
mesmos direitos a todos os cidadãos é respeitar as diferenças, é ter clareza que é preciso ofertar
de forma diversa, de acordo com a sua condição ou necessidade, os instrumentos e políticas
públicas para que usufrua desta igualdade. Ou seja, visa-se às dimensões de sustentabilidade
econômica, social, política, cultural, ecológica e territorial para os atores sociais envolvidos nas
Cadeias e seu entorno.
Pretendemos, através desta cartilha, dar um panorama geral aos Empreendimentos
Econômicos Solidários e às Entidades de Apoio e Fomento à Economia Solidária da amplitude e
diversidade da economia solidária no RS.
Compreendemos que o resultado deste mapeamento oferece-nos uma base excelente de
dados quantitativos para elaborar um perfil diferenciado da economia solidária no RS e analisar
suas capacidades, potencialidades e seus limites, considerando principalmente os aspectos:
inclusão social pela via da geração de trabalho e melhoria da renda; constituição e afirmação de
novos valores e práticas autogestionárias, de participação democrática e de uma cultura da
solidariedade; potencial articulador na constituição de redes de comércio e consumo justos,
potencial organizativo na formulação de políticas alternativas de desenvolvimento com relações
de trabalho dignas e mais justas.
Para um melhor entendimento, dividimos a cartilha em cinco capítulos: no primeiro damos
um panorama geral da economia solidária no estado, com a base atualizada. No segundo capítulo
vemos com maior detalhe as diferentes regiões do RS, divididas de acordo com os COREDES
(Conselhos Regionais de Desenvolvimento). No terceiro capítulo mostramos um pouco do
panorama da economia solidária no Brasil e comparamos com as especificidades do RS. No
quarto capítulo comparamos o primeiro e o segundo mapeamento. E no quinto capítulo
analisamos as cadeias solidárias no estado.

Desejamos a todas e todos uma boa leitura!

5
1. DADOS GERAIS DO RIO GRANDE DO SUL

No segundo mapeamento de empreendimentos econômicos solidários (EES), no estado do


Rio Grande do Sul, foram mapeados 2005 EES no total, sendo 1698 na primeira fase do
mapeamento, em 2010 e mais 307 nesta segunda fase.
O Primeiro Mapeamento nacional ocorreu em 2005 e teve uma ampliação em 2007. No ano
de 2009/2010 a SENAES organizou um novo mapeamento nacional para revisitar os EES
mapeados e encontrar novos EES. Com isso tinha-se o objetivo de ver a permanência dos grupos
e o avanço da economia solidária nos últimos anos. Este foi o Segundo Mapeamento Nacional.
No Rio Grande do Sul (RS), o Segundo Mapeamento foi coordenado pela Unisinos, que
coordenou também o trabalho nos estados de Santa Catarina e Paraná. No Paraná o mapeamento
foi coordenado em parceria com a UFPR e em Santa Catarina pela FURB. No RS contou com a
parceria da Unijuí para a coordenação e com o apoio das seguintes entidades para a aplicação dos
questionários: Cooesperança, Cáritas, Feevale, Coopssol, UFRGS, FURG, UCPel, Guayí e Caeps.
No primeiro mapeamento foi aplicado o total de 2085 EES (1634 na primeira fase, em 2005
e, complementarmente, 451 em 2007). O segundo mapeamento tinha o objetivo de revisitar
todos os EES do primeiro mapeamento, ver a situação de funcionamento do grupo e a meta de
aumentar o número de visitados em 25%.
Os números das duas fases dos dois mapeamentos podem ser vistos na tabela abaixo.

Total de EES mapeados EES Mapeados


1ª fase (2005) 1634
1º Mapeamento 2085 2ª fase (2007) 451
1ª fase (2010) 1698
2º Mapeamento 2005 2ª fase (2013) 307

Estes são os números gerais do mapeamento no RS. Os números específicos dos resultados
do Segundo Mapeamento no RS podemos ver na tabela abaixo. Tinha-se uma base com 2085.
Destes, 447 foram confirmados que deixaram de existir, 151 deixaram de atender os critérios do
SIES, 38 foram cadastrados duas vezes na Base no Primeiro Mapeamento e 419 não foram
localizados por contatos telefônicos ou visitas. Sendo assim foram revisitados e aplicados 1030
questionários em empreendimentos existentes e 668 novos foram cadastrados, totalizando 1698
na primeira fase.
Nosso objetivo principal, a partir da segunda fase do segundo mapeamento, através do
projeto Sesampe, foi encontrar aqueles EES que não haviam sido encontrados na primeira fase.
Os que não são encontrados podem ser por vários os motivos. Pode ser pela mudança do
local, mudança da liderança, mudança da sede e principalmente a mudança dos contatos. Vários
fatores podem fazer perder este contato, até detalhes como o aumento do número de celulares no
período e a mudança de operadoras influi.
Nesta segunda fase, conseguimos encontrar 183 que não haviam sido localizados na
primeira fase e mapear 124 novos, fechando a Base em 2005 empreendimentos (1213
remapeados e 792 novos no geral). Podemos ver uma visão geral deste processo na tabela abaixo.

6
Total do Primeiro Mapeamento do RS 2085
EES confirmados que deixaram de existir 447
Existentes que deixaram de atender critérios SIES 151
Duplicados no SIES (eliminados da Base) 38
Existentes não localizados 419
Total que saiu da Base (do 1º map pra o 2º) 1055
Existentes encontrados e aplicados 1030
Novos EES aplicados 668
Total existentes aplicados (1ª fase) 1698
Total de EES existentes aplicados (2ª fase) 183
Totel de EES novos (nunca mapeados) 2ª fase 124
Total 2ª fase 307
Total geral (2º Mapeamento - 1ª e 2ª fase 2005

Como podemos ver muito empreendimentos foram excluídos da Base, por não existirem
mais, por não terem sido encontrados ou por terem sido mapeados, mas que não atendiam o
critério do SIES para ser considerado um empreendimento econômico solidário.
Para o SIES Empreendimento Econômico Solidário (EES) são organizações que possuem as
seguintes características:
• coletivas - serão consideradas as organizações suprafamiliares, singulares e complexas,
tais como: associações, cooperativas, empresas; autogestionárias, grupos de produção, clubes de
trocas, redes etc.;
• cujos participantes ou sócios(as) são trabalhadores(as) dos meios urbano e rural que
exercem coletivamente a gestão das atividades, assim como a alocação dos resultados;
• permanentes, incluindo os empreendimentos que estão em funcionamento e aqueles que
estão em processo de implantação, com o grupo de participantes constituído e as atividades
econômicas definidas;
• que disponham ou não de registro legal, prevalecendo a existência real e
•que realizam atividades econômicas de produção de bens, de prestação de serviços, de
fundos de crédito (cooperativas de crédito e os fundos rotativos populares), de comercialização
(compra, venda e troca de insumos, produtos e serviços) e de consumo solidário.
Os que não atendiam o critério poderiam ser aqueles EES realmente que deixaram de ser
empreendimentos de economia solidária (um grupo que se tornou apenas uma pessoa, uma
empresa que se formou de um grupo e passou a não ter mais as características de um EES) ou
aqueles que nunca foram EES e foram mapeados de maneira equivocada no primeiro
mapeamento.
Isto não implica erro no primeiro mapeamento, mas apenas que os critérios se tornaram
mais claros, mais difundidos, trabalhados e praticados pelos EES. Sobre aqueles que deixaram de
7
existir, são dificuldades naturais que todo empreendimento tem e outras pesquisas mostram que
o número de EES que fecharam as portas condiz com empreendimentos da economia tradicional
no Brasil como um todo.
Feita esta pequena introdução, vamos aos dados.

No total de 2005 EES mapeados no segundo mapeamento, são 268.994 sócios, sendo
85.120 mulheres (32%) e 183.867 homens (68%).
Como podemos ver no gráfico abaixo, as mulheres são maioria nos empreendimentos de
menor porte, nos empreendimentos entre 21 e 50 sócios há um equilíbrio e nos
empreendimentos acima de 50 sócios os sócios são maioria.
Apesar das mulheres serem mais atuantes e existir um maior número de empreendimentos
com maioria de mulheres, os homens são a maioria dos associados nos maiores
empreendimentos, como no caso das associações de agricultores.

% de sócios por porte do EES


80%
70%
60%
50%
40% Mulhere
30% s
20%
10%
0%
2 a 10 11 a 20 21 a 50 Acima de 50

A forma de organização destes empreendimentos reflete-se de acordo com o gráfico abaixo.


Um pouco mais da metade (52%) dos EES é de grupos informais, 30% de associações, 16% de
cooperativas e 2% sociedades mercantis, ou seja, empresas solidárias.

Forma de organização
2% Grupo Informal (52%)
16%
Associação (30%)
52%
30%
Cooperativa (16%)

Sociedade mercantil (2%)

8
A área de atuação deles é, em sua maioria (46%), empreendimentos urbanos, seguidos dos
exclusivamente rurais (38%) e daqueles EES mistos – rurais e urbanos (16%).

Área de atuação
Rurais e
urbanos
Urbanos
16%
46%

Rurais
38%

Perfil das sócias e sócios

Entre os empreendimentos mapeados, 72% disseram que a cor ou raça predominante no EES
é branca. Apenas 4% disse que a cor predominante é negra, 3% parda e que não se aplica ou não
há predominância 18%.

Não se aplica ou
não há
Cor ou raça
predominância
18%
ignorado
1%
indígena
1%

parda
3% branca
72%
amarela
1% preta
4%

Uma informação importante fornecida pelo mapeamento é se o empreendimento pertence a


alguma categoria social citada. Os resultados são possíveis ver no gráfico abaixo. As duas maiores
categorias declaradas são dos agricultores familiares (50% do total dos EES entrevistados) e dos
artesãos (22% do total). Apenas 6,5% disseram não pertencer à nenhuma categoria.

9
Categoria Social

Agricultores familiares (50%)

Artesãos (22%)

Artistas (1%)

Assentados da reforma agrária


(3%)
Catadores de material reciclável
(3,5%)
Técnicos, profissionais de nível
superior (1,5%)
Outros trabalhadores autônomos
/ por conta própria (8,5%)
Desempregados (desocupados)
(4%)
Não se aplica ou não há
predominância (6,5%)

Do total dos EES 16% responderam que entre os sócios há predominância de pessoas
beneficiárias de programas de transferência de renda ou benefícios da assistência social, sendo
que quase integralmente é o bolsa-família. 62% dos empreendimentos disseram ter acesso a
computador e 60% disseram ter acesso à Internet.

EES

Quando perguntado sobre o que motivou a criação do EES, sendo possível apontar mais de
um motivo, a maioria citou em primeiro lugar a obtenção de maiores ganhos em um
empreendimento associativo, sendo apontado por 55% dos empreendimentos. Em seguida o que
motivou a criação do EES foi uma fonte complementar de renda, apontado por 51% dos EES. Uma
alternativa ao desemprego foi citado por 35% e desenvolver uma atividade onde todos são donos
por 32,5% dos EES.

10
O que motivou a criação do EES
Obtenção de maiores ganhos em um… 55,5
Fonte complementar de renda 51
Um alternativa ao desemprego 35
Desenvolver uma atividade em que todos são donos 32,5
Outro 20
Desenvolvimento comunitário de capacidades e… 19,5
Motivação social, filantrópica ou religiosa 18
Alternativa organizativa e de qualificação 17
Possibilidade de atuação profissional em atividade… 13
Incentivo de política pública (governo) 12,5
Produção ou comercialização de produtos orgânicos… 11
Condição exigida para ter acesso a financiamento e… 7,5
Fortalecimento de grupo étnico 4,5
Organização econômica de beneficiários de políticas… 4,5
Recuperação de empresa privada que faliu ou em… 3

No gráfico abaixo vemos a curva com a frequência do ano de início do empreendimento.


Como podemos observar, entre os empreendimentos em atividade, grande parte deles surgiu na
década de 90, quando houve um grande avanço, culminando no ápice no período de 2002 e 2004.
É importante lembrar que o declínio da curva do gráfico não necessariamente mostra a
diminuição dos EES, mas a diminuição da criação de novos.

450
400
350
300
250
200
150
100
50
0
1986 1987-1989 1990-1992 1993-1995 1996-1998 1999-2001 2002-2004 2005-2007 2008-2010

As atividades principais dos empreendimentos entrevistados podemos ver conforme o


gráfico abaixo. A maioria dos empreendimentos dedica-se como atividade principal à produção e
comercialização de produtos (52%). Em segundo lugar os empreendimentos de comercialização
ou organização de comercialização (27%). Empreendimentos de consumo ou uso coletivo de
bens e serviços pelos sócios são 11%, seguidos dos de prestação de serviço ou trabalho a

11
terceiros (7%). Apenas 2% dos EES são de poupança, crédito ou finanças solidárias e 1% é de
troca de produtos ou serviços.

Atividade principal Troca de produtos ou serviços


(1%)
1% Produção ou produção e
2%
7% comercialização (52%)
11%
Comercialização ou organização
52% da comercialização (27%)
27% Prestação do serviço ou trabalho
a terceiros (7%)
Poupança, crédito ou finanças
solidárias (2%)
Consumo, uso coletivo de bens e
serviços pelos sócios (11%)

A tabela a seguir mostra as atividades realizadas coletivamente pelos EES, além das
atividades principais. 51,5 % dos EES disseram produzir coletivamente, 73,5% dos EES
declararam que comercializam coletivamente, 32% dos EES usam a infra-estrutura do EES
coletivamente e assim por diante, conforme a tabela.

Prestação Uso de
Produção Comercialização de Troca Poupança Consumo infra- Compra Clientes
serviços estrutura
sim 51,5 73,5 12,5 7 4 9,5 32 15,5 11
não 48,5 26,5 87,5 93 96 90,5 68 84,5 89

A tabela que segue mostra as principais atividades econômicas desenvolvidas pelos


empreendimentos do estado, segundo a divisão da CNAE (Classificação Nacional de Atividades
Econômicas). A ordem da tabela segue a ordem da CNAE que classifica os setores primários,
depois manufatura, comercialização até a prestação de serviços.
Destacam-se a criação de animais para alimentação (gado, porco, ovelha e frango), a
agricultura, a fabricação e o comércio de alimentos e bebidas e também a produção artesanal de
alimentos.

Nº de
Atividades dos Empreendimentos de EES do RS (segundo tabela CNAE) EES
Agricultura (inclui cultivo de alimento e plantação de mudas) 110
Criação animal para alimentação (inclui psiciultura e apicultura) 197
Fabricação de alimentos e bebidas 192
Confecção vestuário 88
Produção de artefatos diversos (industrial. Ex. embalagens, vidro, etc.) 44
Metalurgia (fabricação de peças metálicas) 20
12
Mineração 3
Produção e distribuição de energia 19
Serviços de obra 8
Comércio atacadista de produtos alimentícios em geral 144
Comércio varejista de produtos alimentícios em geral 120
Comércio varejista de produtos em geral (não inclui alimentação) 253
Serviços de transporte 12
Pontos de alimentação 5
Serviços de comunicação 12
Serviços financeiros 34
Serviços de agronomia 11
Serviços gerais 21
Serviços de educação 13
Serviços médicos 9
Produção cultural 13
Produção artesanal de alimentos 173
Artesanato 189
Coleta e reciclagem 109
Feiras solidárias 62
Centrais de comercialização 6
Redes de comercialiação 7
Clube de trocas 12
Cooperativa de consumo 9
Rede de consumidores 18
Banco comunitário 3
Organização para utilzação coletiva de infra-estrutura 43
Não responderam 46
Total 2005

A tabela abaixo mostra a importância da renda para os associados. De acordo com 51% dos
EES o rendimento obtido na atividade é uma complementação ao rendimento obtido em outra
atividade e de acordo com 42% dos empreendimentos é a fonte principal de renda. Esta média se
mantém nos EEs de comercialização e produção. Porém nos EES de serviços 62% deles
declararam ser esta a fonte principal de renda dos sócios.

13
Complementação
de rendimentos de Importância da renda para os sócios
aposentadorias ou
pensões outro
3% 2%
Complementação
de recursos
recebidos por A fonte principal da
doações ou renda dos sócios
programa 42%
2% Complementação
de rendimentos
recebidos em
outras atividades
51%

Ainda com relação à remuneração, um dado positivo. Quando perguntado se o


empreendimento está conseguindo remunerar os sócios que trabalham na produção ou
prestação de serviço, 84% dos empreendimentos declararam estar conseguindo remunerar os
sócios.
Perguntados os resultados do empreendimento no último ano, também um bom
desempenho. Do total de 2005 empreendimentos, 54% declarou estar conseguindo pagar as
despesas e ter sobras. 31% declararam estar conseguindo pagar as despesas e não ter nenhuma
sobra. Apenas 6% declararam não estar conseguindo pagar as despesas.

Não se aplica (para

Não deu para pagar


Resultados empreendimentos
que não visam esse
as despesas tipo
6% 9%

Pagar as despesas e Pagar as despesas e


não ter nenhuma ter uma
sobra sobra/excedente
31% 54%

A tabela abaixo mostra o resultado para várias atividades desenvolvidas pelo grupo.

O realizou
teve teve algum
empreendimento investimento forum de movimento ação
acesso a apoio ou
participa de no ultimo articulação? social? social?
credito? capacitação?
alguma rede? ano?
sim 26% 41% 18% 62% 45% 37% 39%
não 74% 59% 82% 38% 55% 63% 61%

14
Como podemos ver, segundo o mapeamento, apenas 26% dos empreendimentos
declararam fazer parte de alguma rede de produção e comercialização. 41% disseram ter feito
algum investimento no último ano. Apenas 18% tiveram acesso a crédito, enquanto 82%
declaram não terem acessado crédito, seja porque não precisaram, seja por questões
burocráticas. 62% dos empreendimentos teve algum tipo de apoio e capacitação. Os que
declararam fazer parte de algum movimento social ou sindical foram 37% e 39% declararam
fazer algum tipo de ação social.
Sobre a gestão democrática do EES podemos ver no gráfico abaixo, 33% dos EES
declararam fazer reuniões mensais. 16% realizam reuniões bimestrais ou trimestrais, 14%
semanais, 18% anuais e apenas 5% dos EES declararam não realizar assembleia geral.

Periodicidade da assembleia ou reunião dos socios


Não realiza
diariamente Anual ou mais de 1
assembléia geral
ano
Semanal ou 6% 5%
18%
quinzenal
14% Semestral
8%
Bimestral ou
trimestral
Mensal 16%
33%

Os principais desafios declarados pelos EES (podendo ser citado mais de um) foram: gerar
renda adequada para os sócios (para 69,5%), viabilizar o empreendimento (57%) e manter a
união do grupo (para 56,5% dos EES).

15
Principais desafios do EES
Gerar renda adequada aos sócios 69,5
Viabilizar economicamente o empreendimento 57
Manter a união do grupo/coletivo 56,5
Promover a articulação com outros EES e com o… 38
Efetivar a participação e a autogestão 36,5
Alcançar maior conscientização ambiental dos… 27,5
Outro 26,5
Alcançar a conscientização e a politização dos… 22,5
Garantir proteção social para os sócios 20

Mulheres

Neste mapeamento tivemos uma importante novidade que foi o Complemento Mulheres,
com perguntas específicas apenas para os empreendimentos que tivessem mulheres. Buscou-se
ver as condições das mulheres que trabalham na economia solidária, na forma de conciliar
também suas atividades familiares. Primeiramente, é importante dizer que apenas 21% dos EES
não tem mulheres. 79% dos empreendimentos tem ao menos uma mulher e responderam este
questionário.
Quando perguntadas, durante o período em que estão realizando as atividades no
empreendimento, para a maioria das mulheres do EES, quem fica responsável pelo cuidado com
os filhos menores as respostas foram conforme a tabela abaixo:

Com quem ficam os filhos ou dependentes %


Pessoas contratadas (babás, acompanhantes etc.) 1,7
Maridos/companheiros das mulheres do EES 5,7
Vizinhos(as), parentes ou amigos(as) 14,2
Creche / Pre -escola / Escola 21,1
Os(as) filhos(as) menores e/ou demais dependentes ficam sozi 2,6
Os(as) filhos(as) menores e/ou demais dependentes são levados
para o EES 7,9
Não se aplica / não há predominância 46,7

Como podemos ver, para a maioria não se aplica e entre as que se aplicam predominam
aquelas que deixam na creche, com vizinho. Quase 8% leva para o EES. Coincidentemente 8% dos
empreendimentos disseram ter espaço para deixar os filhos.

16
Com relação às atividades do lar, uma constatação: 93% dos empreendimentos declararam
que as mulheres são as responsáveis pelas tarefas do lar de cuidar da casa, lavar, cozinhar etc.
75% declarou serem as responsáveis por cuidar dos filhos, 67,5% responsáveis pelo
acompanhamento escolar e 68,5% responsável pelo abastecimento de água e alimento da casa
Com relação à renda obtida no EES, 41% disseram ser esta a menor parte da renda da
família, 23% declarou que compõe de forma igualitária com outros membros a renda da família,
em 16% dos casos é a maior parte da renda da família, para 9% é a única fonte de renda e para
11% não se aplica.
No EES 30% disseram que existem atividades que só as mulheres realizam. Com relação à
renda obtida no EES e sua importância no lar, esta distribuição se dá conforme o gráfico abaixo.

Não se aplica (o EES É a única fonte de


não visa renda ou Renda obtida no EES renda da família
outra situação 9%
similar
11% É a maior parte da
Compõe de forma renda da família
igualitária com 16%
outro(s) membro(s)
a renda
23% É a menor parte da
renda da família
41%

17
2. ANÁLISE DO RIO GRANDE DO SUL POR COREDES

Neste capítulo veremos os números do estado do Rio Grande do Sul por Coredes (Conselhos
Regionais de Desenvolvimento). Os Coredes foram instituídos em 1994 com o intuito de serem
espaços de construção de parcerias sociais e econômicas, em nível regional, através da
articulação política dos interesses locais e setoriais em torno de estratégias próprias e específicas
de desenvolvimento para as regiões do Rio Grande do Sul.
Abaixo, podemos ver no mapa do estado a distribuição dos empreendimentos por região
geográfica.

47
66 38
78
89
43
62 61
14
53
94
30
154
15
15 158 39
21
20
16 8
23 162
299
65

57
38

240

No gráfico abaixo podemos ver, proporcionalmente o número de empreendimentos por


Coredes.

18
As regiões com o maior número de empreendimentos mapeados são Metropolitano Delta
do Jacuí (299 EES, 15% do total), Região Sul (240), Vale do Rio do Sinos (162 EES), Central (158)
e Serra (154.)

Número de EES por Corede


Vale do Taquari 39
Vale do Rio Pardo 16
Vale do Rio dos Sinos 162
Vale do Jaguari 15
Vale do Caí 20
Sul 240
Serra 154
Rio da Várzea 43
Produção 61
Paranhana-Encosta da Serra 8
Norte 38
Noroeste Colonial 62
Nordeste 89
Missões 94
Metropolitano Delta do Jacuí 299
Médio Alto Uruguai 47
Litoral 57
Jacuí-Centro 23
Hortênsias 15
Fronteira Oeste 21
Fronteira Noroeste 78
Centro-Sul 65
Central 158
Celeiro 66
Campos de Cima da Serra 14
Campanha 38
Alto Jacuí 53
Alto da Serra do Botucaraí 30

19
Com relação a área de atuação destes empreendimentos, esta divisão se dá conforme a
tabela abaixo (os números estão em porcentagem). Entre as regiões com empreendimentos
rurais destaque para as regiões do Alto da Serra do Botucaraí, Celeiro e Médio Alto Uruguai,
especialmente, com mais de 70% dos EES localizados na área rural. Entre as regiões que se
destacam com o maior número de EES urbanos estão Metropolitano Delta do Jacuí, Vale do Rio
dos Sinos e Vale do Rio Pardo.

Área de atuação do
COREDE empreendimento
rural e
em % rural urbana urbana
Alto da Serra do Botucaraí 73 20 7 100
Alto Jacuí 50 24 26 100
Campanha 43 30 27 100
Campos de Cima da Serra 50 29 21 100
Celeiro 76 6 18 100
Central 30 61 9 100
Centro-Sul 37 33 30 100
Fronteira Noroeste 63 14 23 100
Fronteira Oeste 28 43 29 100
Hortênsias 7 29 64 100
Jacuí-Centro 57 29 14 100
Litoral 55 34 11 100
Médio Alto Uruguai 72 19 9 100
Metropolitano Delta do Jacuí 9 87 4 100
Missões 67 12 21 100
Nordeste 59 12 29 100
Noroeste Colonial 68 13 19 100
Norte 45 30 25 100
Paranhana-Encosta da Serra 25 50 25 100
Produção 27 60 13 100
Rio da Várzea 61 30 9 100
Serra 32 58 10 100
Sul 46 37 17 100
Vale do Caí 33 39 28 100
Vale do Jaguari 26 48 26 100
Vale do Rio dos Sinos 6 88 6 100
Vale do Rio Pardo 19 75 6 100
Vale do Taquari 30 60 10 100
Rio Grande do Sul 38 46 16 100

20
Na tabela a seguir vemos a distribuição do número de sócias e sócios por região. A região
Sul é a que apresenta mais sócios (44449 no total). Analisando a tabela acima de área de atuação
e a de número de sócios abaixo, vemos que as regiões que tem o maior número de sócios e sócias
são também aquelas que possuem muitos empreendimentos rurais, como Missões e Sul. Estes
empreendimentos costumam possuir mais sócios homens, o que faz elevar proporcionalmente o
número de homens nesta região. As regiões urbanas como Metropolitano e Vale dos Sinos apesar
de terem muitos empreendimentos, são empreendimentos com poucos sócios de um modo geral
e possuem mais sócias mulheres no total.

nº de
COREDE mulheres homens total
EES
1 Alto da Serra do Botucaraí 30 489 214 703
2 Alto Jacuí 53 932 1085 2017
3 Campanha 38 1482 2399 3881
4 Campos de Cima da Serra 14 122 614 736
5 Celeiro 66 1283 3738 5021
6 Central 158 3130 4315 7445
7 Centro-Sul 65 1722 4832 6553
8 Fronteira Noroeste 78 6448 30062 36510
9 Fronteira Oeste 21 248 140 388
10 Hortênsias 15 3339 10937 14276
11 Jacuí-Centro 23 1952 1806 3758
12 Litoral 57 1352 1476 2828
13 Médio Alto Uruguai 47 2560 2558 5118
Metropolitano Delta do
14 299 3050 1040 4099
Jacuí
15 Missões 94 2318 5091 7409
16 Nordeste 89 10802 27558 38360
17 Noroeste Colonial 62 1889 4052 5941
18 Norte 38 6684 12155 18839
Paranhana-Encosta da
19 8 48 62 98
Serra
20 Produção 61 1539 1363 2902
21 Rio da Várzea 43 8590 13051 21641
22 Serra 154 2337 4487 6824
23 Sul 240 13199 31250 44449
24 Vale do Caí 20 182 532 714
25 Vale do Jaguari 15 6221 13089 19321
26 Vale do Rio dos Sinos 162 1985 1401 3386
27 Vale do Rio Pardo 16 423 214 637
28 Vale do Taquari 39 794 4346 5140
Total RS 2005 85120 183867 268994
21
Abaixo podemos ver graficamente esta proporção entre homens e mulheres e a grande
diferença entre as regiões.

Vale do Taquari
Vale do Rio Pardo
Vale do Rio dos Sinos
Vale do Jaguari
Vale do Caí
Sul
Serra
Rio da Várzea
Produção
Paranhana-Encosta da Serra
Norte
Noroeste Colonial
Nordeste
Missões
mulheres
Metropolitano Delta do Jacuí
homens
Médio Alto Uruguai
Litoral
Jacuí-Centro
Hortênsias
Fronteira Oeste
Fronteira Noroeste
Centro-Sul
Central
Celeiro
Campos de Cima da Serra
Campanha
Alto Jacuí
Alto da Serra do Botucaraí

0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000

22
Com relação a forma de organização a tabela abaixo mostra em número de porcentagem. A
porcentagem de grupos informais no RS é de 51%. As regiões que possuem um número
consideravelmente maior de EES informais são: Campos de Cima da Serra (64%), Celeiro (62%),
Central (61%), Fronteira Oeste (71%) e Vale do Rio dos Sinos (63%).
A porcentagem geral de associação no estado do RS é de 30% do total de empreendimentos.
As regiões que se destacam com uma porcentagem bem maior de associações são: Alto da Serra
do Botucaraí (67%), Centro-Sul (45%), Litoral (63%), Médio Alto Uruguai (43%), Rio da Várzea
(44%), Vale do Caí (65%) e Vale do Jaguari (60%).
Com relação às cooperativas, a porcentagem geral no estado é de 17%. Com uma
porcentagem significativamente maior de cooperativas em relação à média geral estão as regiões
das Hortênsias (40%), Nordeste (40%), Norte (42%) e vale do Taquari (33%).

Forma de organização
Grupo Sociedade
em % Informal Associação Cooperativa mercantil Total
Alto da Serra do 27 67 3 3 100
Botucaraí
Alto Jacuí 53 41 6 0 100
Campanha 50 29 21 0 100
Campos de Cima da Serra 64 22 14 0 100
Celeiro 62 24 12 2 100
Central 61 28 8 3 100
Centro-Sul 25 45 29 1 100
Fronteira Noroeste 58 20 21 1 100
Fronteira Oeste 71 19 10 0 100
Hortênsias 13 47 40 0 100
Jacuí-Centro 48 31 17 4 100
Litoral 21 63 16 0 100
Médio Alto Uruguai 34 43 23 0 100
Metropolitano Delta do 71 19 8 2 100
Jacuí
Missões 59 22 19 0 100
Nordeste 22 37 40 1 100
Noroeste Colonial 53 23 24 0 100
Norte 31 24 42 3 100
Paranhana-Encosta da 50 25 12 13 100
Serra
Produção 51 26 16 7 100
Rio da Várzea 33 44 23 0 100
Serra 46 38 11 5 100

23
Sul 51 28 20 1 100
Vale do Caí 10 65 20 5 100
Vale do Jaguari 27 60 6 7 100
Vale do Rio dos Sinos 63 24 13 0 100
Vale do Rio Pardo 50 20 20 10 100
Vale do Taquari 34 33 33 0 100
Total RS 51 30 17 2 100

Sobre as atividades principais, na tabela abaixo podemos ver os números gerais por região
dos Coredes. Destacam-se na região do Alto Jacuí o número superior de EES de comercialização e
o grande número, proporcionalmente, de EES de consumo e uso coletivo de bens e serviços. O
que se repete na região Centro-Sul. Na região Central destaca-se o grande número de EES de
produção. Na região Noroeste destaca-se o alto número de empreendimentos de consumo e uso
de bens coletivos, o que é muito comum nos empreendimentos rurais. Na Fronteira Oeste
destaca-se quase a totalidade de empreendimentos de produção, assim como na Nordeste.

Dentre as atividades econômicas realizadas pelo empreendimento indique qual


a principal?
Prestação Consumo,
do uso
serviço coletivo
Troca de Comercialização ou Poupança, de bens e
produtos Produção ou ou organização trabalho crédito ou serviços
ou produção e da a finanças pelos
serviços comercialização comercialização terceiros solidárias sócios Total
Alto da Serra do 0 26 4 0 0 0 30
Botucaraí
Alto Jacuí 0 11 24 7 0 11 53
Campanha 0 21 9 1 0 7 38
Campos de Cima 0 9 5 0 0 0 14
da Serra
Celeiro 0 18 11 4 1 32 66
Central 0 107 41 7 2 1 158
Centro-Sul 0 14 27 7 4 13 65
Fronteira 0 18 17 11 1 31 78
Noroeste
Fronteira Oeste 0 20 1 0 0 0 21
Hortênsias 0 7 7 1 0 0 15
Jacuí-Centro 0 16 6 0 1 0 23
Litoral 0 21 21 3 0 12 57
Médio Alto 0 37 4 3 0 3 47
Uruguai
Metropolitano 2 178 94 21 0 4 299
Delta do Jacuí
24
Missões 0 20 32 5 1 36 94
Nordeste 1 75 9 3 1 0 89
Noroeste Colonial 0 7 32 5 1 17 62
Norte 0 17 11 1 8 1 38
Paranhana- 0 4 3 0 0 1 8
Encosta da Serra
Produção 0 45 8 4 3 1 61
Rio da Várzea 0 35 1 3 2 2 43
Serra 1 94 45 4 1 9 154
Sul 5 116 58 23 6 32 240
Vale do Caí 0 10 6 2 0 2 20
Vale do Jaguari 0 14 1 0 0 0 15
Vale do Rio dos 5 76 62 12 1 6 162
Sinos
Vale do Rio Pardo 0 11 4 1 0 0 16
Vale do Taquari 0 22 7 6 2 2 39
14 1043 542 133 34 221 2005

No último capítulo sobre as cadeias produtivas retomaremos de forma mais detalhada a


análise por Coredes, detendo-se mais à análise das atividades produtivas de cada região.

25
3. PRIMEIRO E SEGUNDO MAPEAMENTO

Neste capítulo iremos comparar um pouco os dados do Primeiro e do Segundo


Mapeamento, para vermos as principais diferenças entre a economia solidária no RS entre estes
dois períodos.
Com relação à forma de organização, no Primeiro Mapeamento eram 49% dos
empreendimentos informais, 26% associação, 18% cooperativas, 4% de sociedades mercantis e
1% de outra forma.
Neste mapeamento os números se mantiveram mais ou menos os mesmos, com um
pequeno aumento no número de associações e de grupos informais, uma pequena queda nas
cooperativas e de uma queda pela metade no numero de sociedades mercantis (empresas) de 4%
para 2%.

Forma de organização
Grupo Informal Associação Cooperativa Soc. Mercantil Total
1º Mapeamento 49 28 18 5 100
2º Mapeamento 52 30 16 2 100

Com relação ao sexo dos associados, no segundo mapeamento aumentou um pouco mais a
proporção de mulheres, em relação ao primeiro, mas ainda pode ser considerado um número
baixo, bem inferior ao que vemos no dia a dia da economia solidária do estado.

Sexo
Mulheres Homens
1º Mapeamento 30 70
2º Mapeamento 32 68

A porcentagem de EES rurais continuou o mesmo (38%) tendo aumentado o número de


EES urbanos e diminuído aqueles que se declaram rurais e urbanos.

Área de atuação
Rural Urbana Rural e urbana
1º Mapeamento 38 41 21
2º Mapeamento 38 46 16

Com relação ao período de início do EES, há uma consistência entre os dois Mapeamentos,
quanto a um pico de novos EES no período 2004-2008, e a um declínio posterior de formação de

26
novos EES. A comparação com o Primeiro Mapeamento indica antes um envelhecimento dos EES
(com 10 anos ou mais). O número de novos EES cai em todas as regiões nos últimos anos.
Com relação a forma de organização, vemos na tabela abaixo que o número de grupos
informais aumentou em 5% do total de EES, chegando a ser 52% de todos os empreendimentos
mapeados. Já o número de cooperativas caiu também em 5%. O número de associações subiu 1%
em relação ao primeiro mapeamento e o número de sociedade mercantis (empresas) diminuiu
em 1%.
Sobre o aumento do número de grupos informais é difícil apontar um motivo para este fato.
Porém sabemos que em alguns casos os empreendimentos se denominam e se organizam como
associações, mas não são formalizados. No segundo mapeamento foi preciso cadastrar o CNPJ, o
que fez com que as associações fossem, de fato, somente associações registradas. No caso das
cooperativas pode-se também apontar EES que saíram do mapeamento, sendo cooperativas que
ficavam no limite entre economia solidária e empresa e que neste mapeamento não foi
considerado mais economia solidária.

Forma de organização (%)


Grupo informal Associação Cooperativa Sociedade mercantil Total
1º Mapeamento 47 29 21 3 100
2º Mapeamento 52 30 16 2 100

No primeiro mapeamento os três principais motivos para a criação dos EES eram em
primeiro lugar uma alternativa ao desemprego e obter maiores ganhos em um empreendimento
associativo empatados, seguidos de uma fonte complementar de renda. Neste mapeamento, como
já vimos, em primeiro lugar foi a obtenção de maiores ganhos em um empreendimento
associativo, sendo apontado por 55% dos empreendimentos. Em seguida o que motivou a criação
do EES foi uma fonte complementar de renda, apontado por 51% dos EES. Uma alternativa ao
desemprego foi citado por 35% e desenvolver uma atividade onde todos são donos por 32,5%
dos EES.
Com relação ao resultado das atividades econômicas estes podem ser comparados na tabela
abaixo. Como podemos ver, de um modo geral os resultados melhoraram. Do total de
empreendimentos entrevistados, 54% hoje diz conseguir ter sobra das atividades econômicas,
um aumento de 8% em relação ao primeiro mapeamento. Aumentou também o número daqueles
que conseguem ao menos pagar despesas e diminuiu de 10 para 6% a porcentagem daqueles que
disseram que não deu para pagar as despesas. Diminuiu também o número de EES que disse que
esta pergunta não se aplica.

Resultados
Ter sobra Pagar as despesas Não deu pra pagar as despesas Não se aplica
1º Map 46 29 10 15
2º Map 54 31 6 9

27
4. BRASIL E RS

O Segundo Mapeamento Nacional realizado pela SENAES mapeou um total de 19708 EES.
A distribuição por estado se deu conforme gráfico abaixo. No primeiro mapeamento o Rio
Grande do Sul contava com 11% dos EES de todos Brasil. Neste mapeamento, se considerarmos
apenas a primeira fase, sem os 300 EES da ampliação, este valor é de 9%, porém continua ainda
sendo o estado com o maior número de empreendimentos mapeados.

núm de núm de
UF EES municípios
AC 341 20
AL 323 66
AM 378 21
AP 328 15
BA 1452 222
CE 1449 162
DF 246 17
ES 572 73
GO 843 118
MA 838 115
MG 1188 188
MS 294 34
MT 638 82
PA 1358 90
PB 416 97
PE 1503 162
PI 800 149
PR 832 154
RJ 301 33
RN 1158 132
RO 238 37
RR 80 14
RS 1696 281
SC 764 191
SE 101 38
SP 1167 201
TO 404 92
Total 19708 2804

A relação por estado entre o primeiro e o segundo mapeamento é possível ser visualizada
no gráfico abaixo. Alguns estados aumentou o número de EES mapeados, como foi o caso do Pará
28
e São Paulo. Isto não significa que houve um grande aumento do número de EES no estado, mas
que neste houve uma mobilização que conseguiu encontrá-los.
Porém, de um modo geral o número de EES caiu em toda as regiões. Além do RS, vemos eta
queda em Pernambuco, Bahia, Ceará entre outros. Além da queda acentuada do mapeamento no
Piauí e muito acentuada no estado do Rio de Janeiro.
2084

1854
1701

1611
1526
1505

1472
1453

1450

1359

1343
1236
1189

1168

1158

843

838

837
817
813

808

804
793

766
747
737

688

670
638

576
573

543
520

502

471
461
416

404

386
380

341

340
328

323

307

295

293
284

247

238
157

126
102

80
RS PE BA CE PA MG SP RN GO MA PR PI SC MT ES PB TO AM AC AP AL RJ MS DF RO SE RR

Total EES Map. I Total EES Map. II

Do total de EES mapeados 55% são rurais, 35% são urbanos e 10% são ambos. Se somarmos
os rurais e os mistos são 65% do total rural.
Com relação à área de atuação: há uma correlação coerente entre o rural (associação) e o
urbano (informal). Quanto às cooperativas, 46% estão no urbano (estrito), o que pode indicar
nova tendência, embora tênue em relação ao 1º mapeamento, quando as cooperativas urbanas
perfaziam 41%. Simultaneamente, há uma elevação delas no rural, de 27% para 34%. A queda é
registrada na categoria mista, de 31,5% para 19% O peso das formas de organização em cada
área de atuação, por outro lado, mantém-se no mesmo padrão.
A forma de organização dos EES é de 60% associação, 30,5% de grupos informais e 9,5% de
cooperativas. Como podemos ver o número de cooperativas é maior no RS, onde são 16% do
total. E o numero de informais também. Uma hipótese levantada é a de que as associações em
outros estados tem um fim social, como APAEs e associações comunitárias que foram mapeadas.
Comparativamente ao 1º Mapeamento, aumenta o percentual de associações, com queda no
informal e estabilização das cooperativas.
Com relação ao perfil social: do total de EES se declararam pardos: 45,5%, brancos: 21% e
negros: 8%.
Sobre aquele que se declararam de alguma comunidade tradicional foram 11% total, sendo
430 Comunidades quilombolas, 275 Povos indígenas, 267 Ribeirinhos, 234 População Negra, 224
Pescadores artesanais e 183 Extrativistas.
Do total de EES 10.899 (55,3%) declararam fazer parte de alguma categoria social. Sendo que
Artesãos foram 3.534 (17,9%); Assentados da Reforma Agrária: 1.033 (5,2%); Desempregados:
677 (3,4%); Catadores de Material Reciclado: 606 (3,1%).
Aposentados ou pensionistas são 1.354 (6,9%) EES; Pessoas com deficiência física ou mental:
236 (1,2%) e Pessoas com transtornos mentais: 140 (0,7%).

29
Dos EES mapeados 17.242 (87,5%) são de adultos; 862 (4,5%) de jovens e 784 (4%) de
idosos.

A relação com políticas públicas de redistribuição de renda e de assistência social: EES com
predominância de sócios beneficiários de programas de transferência de renda ou benefícios de
assistência social são 9.859 (50%) dos EES, sendo que a grande maioria de 9.257 (47%) são
beneficiários do Programa Bolsa Família. A distribuição regional dos EES com esta característica
é a seguinte: Nordeste: 72,3% / Norte: 54,6% / Centro-Oeste: 29,1% / Sudeste: 18,4% / Sul:
16,9%.

Pode-se dizer de um modo geral que a atividade econômica principal predominantemente é:


Norte e Centro-Oeste: produção (atividade predominante em todas as Regiões)
Sudeste e Sul: comercialização (muito baixa no Norte e Nordeste)
Nordeste: consumo e uso coletivo de bens e serviços (baixa no Norte e no Sul)
Prestação de serviços e Poupança – equilibradas entre as Regiões

Com relação as Classificações CNAES-ES, podemos ver as seguintes características regionais.


Indústria de Transformação (30,8%): mais elevada no SE e SU; baixa no NE
Agricultura, Pecuária, Pesca (27,2%): CO e NO; baixa no SE e SU
Comércio (17,4%): SU e SE; baixa no CO e NO
Outras atividades e serviços (13,5%): NE; muito baixa no SU e NO

A distribuição de homens e mulheres por região se dá conforme tabela abaixo:

Número
total de
sócios Número de Número de
(homens e mulheres homens
Região do país mulheres) sócias sócios
1 NO 279352 128252 151100
2 NE 533787 252286 281501
3 SE 119362 58868 60494
4 SU 379746 129315 250431
5 CO 111384 51537 59847
Total 1423631 620258 803373

30
5. CADEIAS PRODUTIVAS

Cadeia produtiva é o conjunto de etapas de todas as atividades, desde a produção até o


consumo, de um bem ou serviço. Isto inclui um processo que parte das matérias-primas, passa
pelo uso de máquinas e equipamentos, pela incorporação de produtos intermediários até o
produto final que é distribuído por uma vasta rede de comercialização. São esses elos que
formam, de maneira geral, uma cadeia produtiva. O estudo destas cadeias permite o
reconhecimento de oportunidades para o empreendimento dentro do mercado e de chances para
que consiga vender seu produto ou serviço.
As cadeias produtivas permitem aos empreendimentos o trabalho de cooperação em
conjunto entre aqueles do mesmo setor produtivo. As cadeias produtivas locais têm sua
existência voltada ao desenvolvimento e à rede local ou da região, vinculando atividades
produtivas de características comuns.
Na economia solidária estas cadeias são mais do que simplesmente produtivas. Assim como
um empreendimento solidário se difere de um empreendimento comum, uma cadeia solidária se
difere de uma cadeia produtiva comum.
As cadeias produtivas envolvem ao longo do processo (da produção ao consumo) a formação
de redes de cooperação, essenciais para a economia solidária. Podem-se reconhecer cadeias
produtivas locais ou regionais a partir de aspectos como: existência na região de atividades
produtivas com características comuns e existência de infraestrutura tecnológica significativa, ou
seja, centros de capacitação profissional, de pesquisa, etc. (ex. incubadoras).
Por outro lado, ao formar cadeias produtivas através de redes de cooperação entre
empreendimentos, estes agentes podem criar uma infraestrutura produtiva específica, na medida
em que incluem fornecedores de insumos específicos, serviços, componentes e máquinas em
comum, induzindo à competitividade no mercado, no sentido positivo. Ou seja, fortalecendo a
economia solidária como um todo. Esta atuação se estende também aos canais de distribuição e
consumidores.
Outra vantagem gerada pelas redes de cooperação são os canais de distribuição comuns. Os
canais de distribuição representam as diferentes maneiras pelas quais o produto é colocado à
disposição do consumidor.

O Departamento de Incentivo e Fomento à Economia Solidária é um departamento inserido


na Secretaria da Economia Solidária e Apoio a Micro e Pequena Empresa, do Governo do Estado
do RS, criado em 2011.
Uma cadeia produtiva é caracterizada pelas relações econômicas entre seus integrantes,
envolvendo todos os elos da cadeia de um determinado produto, desde a produção primária até o
consumidor final.
As cadeias solidárias de produção são a concretização de outro modelo de desenvolvimento
econômico e sustentável, que permite a redistribuição dos resultados obtidos entre os
trabalhadores(as) envolvidos(as).
As cadeias produtivas solidárias, cumprem o papel de democratizar a economia, rompendo
com as especificidades alienantes no modelo capitalista das cadeias produtivas.

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Cada elo, conhece todas as etapas e quem as executa, se relaciona de forma transparente e
solidária, no momento de fragilidade de algum dos elos, os outros procuram auxiliar, ao invés de
absorvê-lo como no modelo capitalista.
O objetivo da Sesampe/Difesol é fortalecer a Economia Solidária, enquanto estratégia de
desenvolvimento solidário e sustentável, includente e socialmente justo, através do
reconhecimento e fortalecimento das formas de organização associativa e autogestionária, do
apoio efetivo aos processos de produção, comercialização e consumo dos seus bens e serviços.
Para isso a utilizou como estratégia proporcionar o fortalecimento dos Empreendimentos
Econômicos Solidários, através do incentivo e fomento a constituição e adensamento das cadeias
produtivas solidárias.
Fez-se então uma divisão estratégica das cadeias produtivas principais dentro da economia
solidária no estado que mereciam atenção e um estudo mais detalhado. As cadeias são 1) PET e
reciclagem, 2) frutas nativas, 3) peixe, 4) osso, 5) lã da ovelha e 6) pedras preciosas.
Para avaliar estas cadeias com base nos dados do mapeamento, buscamos entre os insumos e
a produção e comercialização dos empreendimentos produtos que fazia parte da cadeia
estudada.

Cadeia Binacional do PET e reciclagem

Esta cadeia tem sido muito trabalhada, com equipamentos de três polos sendo implantados
(Regiões Metropolitana e Vale do Sinos, Vale do Rio Pardo, Sul) e avançando para um polo do
Plástico Mole no Vale do Sinos. Além disso tem articulação com o estado de Minas Gerais e
também com o Uruguai. Além do PET (garrafas PET), trabalha com alumínio, vidro, compostagem
e pneus.
No mapeamento foi possível detectar 119 EES dentro da cadeia do PET. Estes incluíam EES
de reciclagem, de artesanato com material reciclado e qualquer um que tivesse como insumo ou
produção os materiais trabalhados dentro desta cadeia.
A distribuição destes empreendimentos no estado, de um modo geral, se dá da seguinte
maneira:
Alto Jacuí: 1 EES de reciclagem;
Região Central: 10 EES, sendo 9 em Santa Maria. Seis são EES de coleta de material
reciclável, três de fabricação e comércio de suvenires, bijuterias e artesanatos.
Região Centro Sul: 7 EES. Sendo 6 de coleta e reciclagem e um de produção de artesanato.
Fronteira Noroeste: são 2 EES na região sendo um de reciclagem e um de produção.
Fronteira Oeste: 1 de produção
Jacuí Centro: 1 de reciclagem
Litoral: 2 de reciclagem
Médio Alto Uruguai: 1 de produção de material reciclado.
Metropolitano Delta do Jacuí: São 18 EES no total. Destes 14 são de reciclagem e 4 são de
produção de artesanato a partir de material reciclado.
Missões: 7 EES no total, sendo 6 de reciclagem e um de produção de aguardente.
Nordeste: 5 EES, sendo 4 de reciclagem e um de artesanato.
Noroeste Colonial: 2 reciclagens em Ijuí.
Serra: 18 EES. Sendo 17 de reciclagem e um de artesanato.

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Sul: 13 EES. 3 de artesanato. 1 de compotas de doce e conservas. 1 usina de compostagem e
9 reciclagens
Vale do Caí: 1 EES de artesanato
Vale do Jaguari: 2 EES 1 de reciclagem e 1 de artesanato
Vale do Rio dos Sinos: 20 EES, sendo 5 EES de artesanato e 15 EES de reciclagem.
Vale do Rio Pardo: 2 EES. 1 de reciclagem e 1 de artesanato.
Vale do Taquari: 2 EES de reciclagem

Cadeias das frutas

Buscou-se aqueles empreendimentos que 1) declarou como sendo sua atividade a produção
de frutas, compostas e geleias de fruta, comercialização de frutas, produção de vinho e sucos e
atividades relacionadas. 2) aqueles empreendimentos que declararam a produção ou
comercialização de frutas em geral, bem como frutas específicas como uva, maça, morango,
laranja, pêssego entre outras. Buscou-se analisar individualmente cada um dos 2005 EES. 3)
aqueles empreendimentos que disseram consumir como insumo frutas, como por exemplo para a
fabricação de sucos e geleias.
Na cadeia das frutas foram identificados 191 EES. A seguir segue algum detalhamento por
região:
Alto da Serra do Botucaraí: 2 EES. Comercialização
Alto Jacuí: 13 EES. Sendo que destes 8 ficam no município de 15 de novembro. São 5 EES de
comercialização e 8 de produção. Dos 8 de produção 7 são cultivo de frutas e 1 é de produção de
polpa de frutas.
Campanha: 4 EES, sendo um de produção de uva, um de laranja, um de comercialização e
uma feira.
Campos de Cima da Serra: 7 EES, destes 6 são de Ipê. 6 são de produção e comercialização e
1 de compotas e geleias.
Celeiro: 15 EES. Todos de produção, 14 na cidade de Derrubadas.
Central: 16 EES, sendo 11 de Santa Maria. São 4 de comercialização, 6 feiras solidárias, 4 de
cultivo e produção, 1 de suco e 1 de vinho.
Centro-Sul: 10 EES, sendo 6 de produção, 1 de polpa de fruta, 1 de vinho e 2 de
comercialização (feiras de agricultores)
Fronteira Noroeste: 5 EES, sendo 3 de produção e comercialização, 1 de suco 1 de vinho,
Fronteira Oeste: 2 EES, 1 de produção, 1 de comercialização
Hortensias: 6 EES, sendo 3 de produção e comercialização, 2 de conservas de frutas e 1 de
suco e polpa de frutas
Jacuí-Centro: 1 EES. Associação de fruticultores
Litoral: 13 EES, 8 de produção, 5 de comercialização, 4 em Três Cachoeiras (banana)
Médio Alto Uruguai: 9 EES, sendo 4 de comercialização, 1 de cultivo, 2 de produção de
compotas, 2 de suco de frutas
Metropolitano: 5 EES, 2 de cultivo, 1 de sorvete, 1 de suco, 1 de geléia
Missões: 2 EES, 1 associação de produtores e 1 associação de feirantes
Nordeste: 11 EES. 1 de cultivo de uva, 1 vinicola, 4 de produção, 3 de comercialização, 1 de
vinagre e suco, 1 de compotas e geleias
Noroeste Colonial: 3 EEs, 1 de suco de frutas, 1 de conservas, 1 cooperativa de fruticultores
Norte: 5 EES, 4 de produção e comercialização, 1 de comercialização
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Paranhana-Encosta da Serra: 1 de sucos e conservas
Produção: 5 EES, 1 de cultivo, 3 de produção de sucos e compotas, 1 feira solidária
Rio da Várzea: 5 EES, sendo um de produção de vinho, 2 de suco concentrado, 1 de
compotas e geleias, 1 feira solidária
Serra: 26 EES. 7 em Garibaldi, 4 em Flores da Cunha, 3 em Antonio Prado, Farroupilha, Nova
Bassano. No total são 8 de cultivo de frutas, 3 de comercialização de frutas, 9 de fabricação de
vinhos, 6 de fabricação de sucos, compotas e geleias.
Sul: 12 EES, sendo 5 produção, 4 comercialização, 3 sucos e compotas.
Vale do Caí: 8 EES, sendo de 4 produção, 2 de comercialização, 1 vinho e 1 de polpa e suco
de frutas.
Vale do Jaguari: 2 associações de produção e comercialização
Vale do Rio dos Sinos: 3 hortas comunitárias orgânicas que produzem sucos, polpas e
produtos.

Cadeia do Peixe

Na cadeia do Peixe são empreendimentos que trabalham com a pesca do peixe, a


comercialização o aproveitamento de outras partes do peixe, como escama e pele, para
artesanato, principalmente. Estes empreendimentos se localizam principalmente na região
metropolitana de Porto Alegre, no Litoral e na Região Sul.
De acordo com o mapeamento foram identificados 58 empreendimentos que fazem parte
da cadeia do peixe no estado. Deste total 34 são de grupos de pescadores, 16 de piscicultores, 7
de artesanato a partir do peixe e 1 de alimentação.
Do total de EES da cadeia do peixe 26 estão na região Sul, 7 no Litoral, 5 na região
Metropolitana e 8 na região Centro-Sul. Os demais se distribuem pelas outras regiões.

Cadeia do Osso

Na cadeia do osso são buscados aqueles empreendimentos que trabalham o osso


geralmente como artesanato, inserido em produtos de madeira, como acessórios para confecção,
bijouterias e utilitários. É articulada com o segmento de artesanato e confecção.
Foram encontrados no estado 30 grupos. Destacam-se as regiões Metropolitana, com o total
de 11 empreendimentos, a região Central com 5 EES e a região do Vale do Rio dos Sinos com 4
empreendimentos.

Cadeia da Lã

A cadeia da lã de ovelha engloba aqueles empreendimentos de criação de ovelha para a


comercialização de lã e os de artesanato, tecelagem e confecção com a lã. A produção deste setor,
de um modo geral, encontra-se principalmente na Fronteira Oeste, Campanha, Região Central,
Metropolitana e Serra. Além do Rio Grande do Sul, há elos da cadeia também para a
comercialização da lã com os estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, além dos países Uruguai e
Argentina.

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No mapeamento foram identificados 14 empreendimentos que declararam trabalhar com lã
e criação de ovelha, sendo que três são da Serra, dois da Fronteira Oeste e dois da Região Central.
Os outros se espalham pelas demais regiões do estado com um EES.

Cadeia das Pedras Preciosas

A cadeia de pedras preciosas é articulada junto ao segmento de artesanato e confecção. É


um setor que se desenvolve mais na Fronteira Oeste, Metropolitana de Porto Alegre, Vale do
Taquari e Produção.
Foram mapeados 32 EES de pedras preciosas. Destes, 11 estão na região Metropolitana, 5
na região do Vale do Rio dos Sinos, 5 na região Central, 3 na região da Serra e 3 na região Sul.

O mapa abaixo dá uma representação gráfica de onde se encontram e como estão


distribuídas as cadeias produtivas no nosso estado. Procurei localizar não todos os
empreendimentos mas apenas aqueles que merecem destaque dentro da cadeia em questão.
Se formos analisar por região das seis cadeias produtivas trabalhadas destacam-se com
cinco cadeias produtivas a região Central com 5 (todas menos a do Peixe), a região Metropolitana
(todas menos a das Frutas Nativas); com 4 cadeias as regiões Sul (todas menos Osso e Lã) e Serra
(todas menos Peixe e Osso) e com 3 as regiões Centro-Sul (Peixe, Frutas Nativas e Reciclagem) e
Vale do Rio dos Sinos (Reciclagem, Osso e Pedras Preciosas).

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Fonte: elaborado pelo autor

Legenda:

Cadeia do PET / Reciclagem


Cadeia da fruta nativa
Cadeia do Peixe
Cadeia do Osso
Cadeia da Lã
Cadeia das Pedras Preciosas

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CONCLUSÕES
Neste trabalho tentamos ter uma visão ampla e variada da economia solidária, como até
então não havia sido feita, devido ao ineditismo dos dados do Segundo Mapeamento,
recentemente disponibilizados. Além disso devido à inovação da abordagem do trabalho e
metodologia proposta e desenvolvida pela Sesampe / Difesol.
Primeiramente vimos o processo do mapeamento em si e como ele reflete não só a criação e
mobilização dos empreendimentos, mas também um amplo conceito e diversidade, muitas vezes
ambivalente. Neste conceito alguns empreendimentos desenvolvem um claro trabalho pautado
no solidarismo e na autogestão enquanto outros buscam conciliar estes conceitos com os desafios
encontrados no dia a dia, mas sempre buscando este objetivo final dos princípios da econômica
solidária. Vimos que o mapeamento passou por um processo de refinamento dos conceitos e da
inclusão de EES nesta segunda oportunidade, o que fez com que aqueles empreendimentos que
integram o mapeamento atual, sejam de fato empreendimentos que tendem mais a praticar este
conceito.
Tenta-se buscar em todo Brasil, cada vez mais, uma uniformização deste conceito, até mesmo
para uma valorização desta forma de organização produtiva enquanto política pública e
reconhecimento como um todo e de sua importância da vida de milhões de brasileiros.
Tendo em vista estes conceitos, primeiramente avaliamos os dados do RS. Pudemos perceber
as potencialidades e fragilidades dos empreendimentos e refletir sobre o que precisa ser
fortalecido. Pudemos ver o que melhorou com relação ao primeiro mapeamento e o fato de que
aqueles empreendimentos que hoje se mantem estão mais fortalecidos, tem mais confiança na
economia solidária e por isso mais força enquanto movimento. Apesar da queda no número de
EES é possível ver um avanço nos propósitos e na consistência dos empreendimentos.
Vimos que o RS não apresenta mais tão grande representatividade no Brasil (de 11 para 9%)
quanto no Primeiro Mapeamento, mas que os resultado são positivos, como o maior numero de
empreendimentos formalizados e o maior numero de empreendimentos com resultados
positivos.
Por fim analisamos as cadeias produtivas no estado. Vimos a força que possuem as cadeias de
reciclagem, fruto da política nacional de resíduos sólidos, sendo estes empreendimentos que
abraçam bem a ideia de produção coletiva e gestão solidária. Além disso, vimos o tamanho e a
potencialidade da cadeia produtiva de fruta. As associações de fruticultores organizando-se de
forma solidária são uma estratégia da agricultura familiar não só no Rio Grande do Sul, como em
todo o Brasil. Vimos que as formas de produção e comercialização são bem variadas e que
existem muitas oportunidades de desenvolvimento das cadeias produtivas em todo estado.
A certificação dos EES vem ao encontro desta qualificação e cada vez maior reconhecimento
da economia social e solidária dentro da economia brasileira como um todo e da vida destes
trabalhadores. Permitindo assim além da visibilidade e consolidação da economia solidária
reconhecer a forma jurídica de empreendimentos econômicos solidários. E, a partir disto, leis
como já existem em esferas estaduais e municipais de fornecimento de produtos e serviços pelos
empreendimentos a órgãos públicos, assim como ocorreu com a Política Nacional de Resíduos
Sólidos em relação à limpeza urbana.
É a tentativa de reconhecer e institucionalizar ainda mais a importância econômica e social
deste arranjo produtivo para a vida de uma grande parte da população do país. Sendo um meio
natural, integrado e espontâneo de atividade econômica destas pessoas e, além disso, muitas
vezes, fundamental também para a preservação da cultura de uma população, integrada ao meio
em que elas vivem.
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