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A maior parte dos casos de intoxicações exógenas ocorre pela ingestão aguda de substâncias
únicas. Grande parte delas é de modo não intencional.
Os sinais vitais (FC, FR, pulso, temperatura) devem ser avaliados periodicamente. Deve-se
medir as taxas de glicemia capilar, saturação de oxigênio e o nível de consciência (escala
Glasgow). Todas as alterações oculares devem ser anotadas (midríase, miose, anisocoria,
nistagmo, etc.).
Glicemia
Hemograma
Creatinina e ureia
TGO e TGP
EAS
Sódio, potássio, cálcio, magnésio e fósforo
Gasometria
ECG
É importante realizar uma investigação detalhada com o paciente e a família a respeito de:
medicamentos ingeridos, hora e dia da ingestão, se foi acidental ou intencional.
Primeiramente o profissional deve reconhecer que se trata de uma intoxicação. Isto pode ser
almejado através de boa anamnese (paciente e familiares), além de exame físico. Após
estabelecido o diagnóstico sindrômico, estabelecer o diagnóstico etiológico, isto é, identificar o
tóxico, e com esta informação, avaliar o risco e a gravidade. Todas estas medidas devem ser
feitas com agilidade, a fim de permitir a precoce estabilização do paciente. Estabilizado, o
profissional deve auxiliar na diminuição da absorção do tóxico; exemplo: pacientes
contaminados por agrotóxicos organofosforados devem ter suas roupas retiradas e serem
levados para chuveiros. Outra medida a ser tomada é o aumento da eliminação do tóxico,
através de procedimentos como a lavagem gastrointestinal, administração de carvão ativado,
diurese forçada ou métodos dialíticos. Se houver antídoto compatível com o tóxico, este deve
ser administrado. Finalmente, ao liberar o paciente, deve-se prevenir a exposição, através da
educação ou avaliação da psiquiatria.
Se a intoxicação ocorreu através da pele, devem ser retiradas todas as roupas do paciente,
removidos todos os resíduos e ter a pele lavada copiosamente; se foi por via ocular, lavar os
olhos com soro fisiológico e solicitar avaliação imediata do oftalmologista.
Se houve contaminação por gases e fumos tóxicos, o doente deve ser removido do local e
prontamente administrado oxigênio. Observar sinais de edema das VAS que rapidamente pode
evoluir para obstrução total – entubação endotraqueal precoce. O edema pulmonar pode
ocorrer horas após a intoxicação, por isso, o paciente deve ser observado por pelo menos 6
horas.
Intoxicação gastrointestinal:
1- LAVAGEM GÁSTRICA
Com o paciente em decúbito lateral esquerdo, através de sonda, administrar pequenos
volumes de soro fisiológico (100-250mL). Depois disso, aguardar o retorno do
conteúdo gástrico. As lavagens devem ser continuadas até que haja retorno apenas de
SF. A lavagem gástrica deve ser realizada em ATÉ 1H DA INTOXICAÇÃO.
REGRAS BÁSICAS DA LAVAGEM GÁSTRICA:
Garantir via aérea segura ao paciente (deve estar consciente, alerta e com reflexo de
tosse);
Realizar em até 1h do tempo de ingestão;
Deve ser realizada apenas se a intoxicação for potencialmente letal.
Contraindicações: hidrocarbonetos (álcool, gasolina, diesel), cáusticos, risco de
perfuração e risco de sangramento (exemplo: paciente em pós-operatório de cirurgia
bariátrica).
2- CARVÃO ATIVADO
O carvão ativado torna-se ineficaz após duas horas da ingestão, razão pela qual deve
correr em no máximo duas horas. É melhor que a lavagem gástrica.
CARVÃO ATIVADO
Exemplo: paciente de 66kg. 66g de carvão ativado, diluído em 548ml de soro fisiológico.
3- IRRIGAÇÃO INTESTINAL
Administração pela sonda nasogástrica de solução de polietilenoglicol na taxa de 1,5 a
2L/hora. O objetivo é que a mesma solução administrada pela sonda seja recuperada
por via retal, e com isso haja uma limpeza mecânica do TGI.
É utilizado para indivíduos que ingeriram altas doses de ferro e metais pesados ou para
expelir pacotes ingeridos por pessoas para o tráfico de drogas.
1- DIURESE FORÇADA
Hiper-hidratação: SF (adultos), 1000mL a cada oito horas ou de seis em seis horas.
Pode-se aumentar o volume, até alcançar um débito urinário de 100 a 400mL/hora.
Os princípios tóxicos que tem sua excreção aumentada com hiper-hidratação são:
álcool, cálcio, potássio, isoniazida.
2- ALCALINIZAÇÃO DA URINA
Consiste em manter o pH urinário <7,5.
850ml de soro glicosado 5% + 150mL de bicarbonato de sódio 8,4%. Infundir 1L de
6/6h. Útil para intoxicações por fenobarbital (gardenal) e salicilatos (AAS).
3- MÉTODOS DIALÍTICOS
Hemodiálise clássica é o método mais utilizado e disponível. É utilizado em casos de
intoxicação grave ou que tenham potencial para tal, como pacientes que continuam a
piorar após suporte agressivo.
Pode ser causada por traumas craniocefálicos, opioides e sedativos. O flumazenil não faz mais
parte dos protocolos para pacientes em coma.
Pacientes com rebaixamento do nível de consciência e pupilas mióticas, com alta suspeita de
intoxicação por opioides: administrar naloxona, IV, IM ou SC, iniciando com 0,4 a 0,8mg IV
lentamente.
4- Emergências Hipertensivas:
No caso das urgências hipertensivas, o tratamento pode ser realizado com captopril VO, que
tem ação rápida (cerca de 30min a 1h).
1- ACETAMINOFENO (PARACETAMOL)
Quando ingerido em grandes doses (>140mg/kg de peso), pode levar a necrose hepática.
Quadro clínico: inicialmente pode levar a náuseas, vômito, palidez e sudorese; podendo
evoluir com necrose hepática (dor em hipocôndrio direito, hepatomegalia, distensa
abdominal, vômitos e insuficiência renal).
Os álcalis podem causar necrose por liquefação. Os ácidos causam necrose de coagulação.
As lesões causadas por álcalis têm maior chance de causar perfuração de estômago e
esôfago. O reparo das lesões pode levar de semanas a meses e pode levar a formação de
estenoses.
Tratamento: não realizar lavagem gástrica nem carvão ativado. Fazer hidratação vigorosa,
correção dos distúrbios eletrolíticos e uso de antieméticos/bloqueadores da bomba de
prótons ou de H2 (Ranitidina, Omeoprazol).
3- BENZODIAZEPÍNICOS
4- COCAÍNA E SIMPATICOMIMÉTICOS
Nas intoxicações leves os principais achados são vômitos, agitação e ansiedade. O paciente
pode manifestar taquicardia, hipertensão, sudorese e midríase.
5- INSETICIDAS ORGANOFOSFORADOS E
CARBAMATOS
Clínica:
Tratamento:
Toda as roupas do paciente devem ser retiradas e este deve ser submetido a exaustiva
lavagem para descontaminação.
Para intoxicação via oral, indica-se lavagem gástrica, seguida de carvão ativado.
6- MONÓXIDO DE CARBONO
Pista diagnóstica: intensa dispneia, com oximetria e PaO 2 normais e acidose metabólica
com aumento intenso de lactato.
7- OPIOIDES
Tratamento: lavagem gástrica na primeira hora, seguida de carvão ativado (há redução da
motilidade gastrointestinal, então o carvão ativado pode ser administrado até >2h).
Pacientes com hipotermia devem ser aquecidos e ter volemia reposta.
O antídoto é o naloxone, em dose inicial de 1 a 4mg. Pode ser administrado por via
intratraqueal, EV ou IM.