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ECOSSISTEMA

Com a evolução da ciência percebeu- • Segunda lei da termodinâmica prediz


se que as relações de alimentação ligam os que nehuma transformação é 100%,
organismos numa entidade funcional única, sempre ocorre uma perda, ou seja
que é a comunidade biológica (Charles quando um herbívoro consome plantas
Elton). ele não assimila 100% da energia
Mais tarde Tansley percebeu que o contida na planta.
ecossistema é uma unidade maior que Lindeman fez uma nova proposta, já
engloba a comunidade biológica e os fatores em 1942, para a estrutura do ecossistema.
abióticos (dependência entre fatores). Ele usou a noção de ecossistema como
Lotka foi um químico que percebeu o unidade fundamental e o conceito de Elton
ecossistema sob o ângulo da termodinâmica. da teia de alimentação, incluindo na base
nutrientes inorgânicos. Denominou por
• Primeira lei da termodinâmica - nada níveis tróficos os produtores, herbívoros e
se perde, nada se cria, tudo se carnívoros e também visualizou a pirâmide
transforma → a fotossíntese nas plantas de energia dentro do ecossistema,
promove a assimilação de dióxido de denominando de eficiência ecológica a razão
carbono em compostos orgânicos de da produção de um nível trófico em relação
carbono. em relação ao nível abaixo dele.

carnívoros
herbívoros
produtores

• Os nutrientes regulam a produção


• A partir de então o interessante era primária como o nitrogênio em oceanos
caracterizar a estrutura e funcionamento abertos, mas o fator limitante pode ser
dos sistemas. Uma grande vantagem é qualquer parâmetro como a água em
que a partir de então um sistema poderia desertos, onde os produtores dispõe em
ser descrito com números, sendo estes abundância de luz e minerais.
utilizados para comparação com outros • A energia vem da luz do sol, entra no
sistemas. Tornou-se possível medir ecossistema e sai como calor; os
reciclagem de matéria e o associado fluxo nutrientes, ao contrário, são reciclados e
de energia através do ecossistema; outras mantidos dentro do sistema.
medidas interessantes são as de
assimilação de energia e de eficiências PRODUÇÃO PRIMÁRIA
energéticas. • As plantas capturam a energia luminosa
• Odum retratou os ecossistemas como do sol e a transforma em química de
diagramas de fluxo de energia, sendo a ligação nos carboidratos.
caixa como biomassa (ou seu equivalente 6CO2 + 6H2O → C6H12O6 + 6O2
energético) e os caminhos representando C6H12O6 → glicose - para cada grama
os fluxos de energia. de C assimilado a planta ganha 39 KJ
• As relações de alimentação ligam os • A partir da glicose a planta elabora óleos,
diagramas de fluxo de energia numa teia celulose e combinando com nitrogênio,
alimentar. fósforo, enxofre e magnésio formam
• Medindo o fluxo de elementos temos proteínas, ácidos nucléicos e pigmentos.
medidas indiretas de fluxo de energia. O • A produção primária (primária por ser a
C p. ex. possui forte relação com o 1o posição na cadeia alimentar) pode ser
conteúdo energético devido a associação dividida em líquida e bruta.
via fotossíntese.
• A PPB se refere a energia total assimilada • PPB - PPL = respiração
pela fotossíntese. • Esta respiração se refere a quantidade
• A PPL se refere a energia acumulada na utilizada para manutenção e biossíntese.
biomassa incluindo os gastos com
crescimento e reprodução.

biossíntese - crescimento tecidual e


fotossíntese reprodução (PPL)
(produção bruta)
metabolismo respiratório( custo da
biossíntese e manutenção do tecido)

• A razão entre PPL e transpiração (PPL /


• A energia utilizada na respiração se torna transpiração) fornece um indicativo da
indisponível para os níveis tróficos eficiência de transpiração. Normalmente
superiores. é menor que 2 gramas de produção / 1 kg
• Por um lado a produção envolve de água transpirada. Se a quantidade de
biomassa e por outro se relaciona com água disponível reduz, a planta fecha o
CO2, O2, minerais e água. As medidas de estômato para não perder água, mas
variações de qualquer um destes conseqüentemente não consegue captar
componentes pode ser utilizada como CO2.
indicativo ou estimativa das taxas de PPB • A taxa de fotossíntese depende então da
e PPL. capacidade da planta em tolerar perda de
• As técnicas e metodologias para estimar água, e conseqüentemente cada espécie
as taxas de PPB e PPL irão depender do de planta irá apresentar um ponto de
ambiente ou hábitat da planta, forma de murchamento ou ponto de murcha
crescimento, da espécie objeto de estudo permanente.
e de fatores tais como quais partes da • Os fatores limitantes para a produção
planta interessam (parte aérea da soja ou podem ser os nutrientes ou um nutriente
tubérculos de determinada variedade de em especial.
cenoura ou beterraba). As unidades Na Baía de Shinnecock, o pico de
também irão variar em função da fitoplâncton apresentava forte correlação
metodologia utilizada, p. ex. grama de com as concentrações de fósforo (baseando-
carbono assimilado, peso seco produzido se somente na análise gráfica), mas
por folha ou no de folhas produzidas por experimentos de enriquecimento
folha. demonstraram que o real fator limitante era
• A eficiência fotossintética é a o nitrogênio. Os experimentos de
percentagem de energia na radiação enriquecimento foram feitos adicionando
incidente que é convertida em PPL. Nas NH3+ e PO43-.
condições em que água e nutrientes não
limitam severamente a produção vegetal,
a eficiência fotossintética varia entre 1 e
2%. O restante se converte em calor
irradiado ou conduzido ou dissipado por
evaporação da água da folha
(transpiração).

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METODOLOGIA PARA Desenvolvimento Ambiental de Volta
DETERMINAÇÃO DA PRODUÇÃO Grande da Companhia Energética de Minas
PRIMÁRIA Gerais ( CEMIG ), município de Conceição
das Alagoas/MG.
O método empregado baseia-se nas As amostras foram incubadas, em
diferenças das concentrações de oxigênio réplica, na superfície e na profundidade do
dissolvido em três frascos diferentes. Um disco de Secchi. As amostras de água para
frasco inicial, um frasco claro incubado por incuba foram coletadas com uma garrafa de
determinado período e outro frasco escuro Van Dorn e o oxigênio de cada amostra
incubado pelo mesmo intervalo nas mesmas determinado pelo método titulométrico de
condições. Foi utilizada a metodologia Winkler.
proposta por Winkler (1888) para RESULTADOS
determinação por titulação do oxigênio O valor obtido para o disco de Secchi
dissolvido (método iodométrico), de acordo foi de 96 cm, sendo então uma amostra
com Golterman e Clymo (1969). incubada na superfície e outra a
O cálculo da produção primária em aproximadamente um metro de
mg O2 / m3 / hora pode ser feito com base profundidade.
nos resultados das análises de oxigênio com Os resultados obtidos são
base nas seguintes fórmulas: apresentados abaixo. Aqui todos os valores
C1 = conc. inicial de O2 nas amostras estão em mg de O2/l em um intervalo de 05
C2 = conc. de O2 nos frascos escuros após o horas.
tempo experimental Para a produção primária na superfície,
C3 = conc. de O2 nos frascos transparentes foram obtidos os seguintes resultados:
após o experimento C1 = 4,56 = conc. inicial de O2 nas amostras
C1 - C2 = atividade respiratória por unidade C2 = 4,44 = conc. de O2 nos frascos escuros
de volume no intervalo de após o tempo experimental
tempo do experimento C3 = 8,75 = conc. de O2 nos frascos
C3 - C2 = atividade fotossintética bruta transparentes após o experimento
C3 - C1 = atividade fotossintética líquida C3 - C2 = 4,31 = atividade fotossintética
(C3 - C1) + (C1 -C2) = (C3 - C2) = bruta
atividade fotossintética bruta C3 - C1 = 4,19 = atividade fotossintética
Após estes cálculos, é necessário líquida
fazer a correção para m3/hora. (C3 - C1) + (C1 -C2) = 4,31 = atividade
Em síntese, o método se baseia que: fotossintética bruta
produção do fitoplâncton - respiração de C1 - C2 = 0,12 = atividade respiratória por
todos os organismos = produção aparente de unidade de volume no intervalo de tempo do
toda a comunidade experimento
Fatores climatológicos e hidrológicos A Tabela 01 apresenta os resultados
como energia radiante, precipitação total, de produção primária bruta e líquida e
penetração de luz e estrutura térmica da respiração na superfície do tanque e a um
coluna d’água interferem na produtividade metro de profundidade.
primária, sendo assim o tempo de incubação Os resultados indicam que as taxas
pode ser de apenas uma hora a até 24 horas. de produção primária foram relativamente
No presente trabalho optou-se por cinco elevadas e bem superiores nas camadas
horas como intervalo experimental, já que o superficiais.
tempo se apresentava um pouco nublado e
poderia comprometer a sensibilidade do
método em um período curto de exposição.
O material foi incubado as 09:00 horas e
retirado as 14:00 horas, de um tanque de
piscicultura da Estação de Pesquisa e

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Tabela 01. Produção primária bruta, líquida e respiração em duas profundidades de um tanque de
piscicultura.

Profundidade PPB PPL Respiração


(m) mg O2. M-3.hora-1 mg O2. m-3.hora-1 mg O2. m-3.hora-1
Superfície 862,31 838,49 23,82
1m 217,24 143,67 73,57
produção bruta e líquida respectivamente.
DISCUSSÃO Estes resultados foram obtidos com incubas
próximas da superfície, enquanto que
Henry (1986) trabalhando com amostras de um metro de profundidade
enriquecimento artificial da comunidade apresentaram taxas de PPB e PPL de 217,24
planctônica na represa de Barra Bonita, um e 143,67 mgO2.m-3.h-1, respectivamente.
ambiente que tem apresentado elevadas A produção primária líquida obtida a
taxas de eutrofização, obteve taxas de um metro de profundidade (143,67 mg O2.
produção primária bruta de até 600 mgO2.m- m-3.hora-1) representou 17,13 % da obtida na
3 -1
.h ,aproximadamente, indicando a elevada superfície (838,49 mg O2. m-3.hora-1). Estes
produção do ambiente. Excetuando-se este valores foram obtidos, provavelmente, em
tratamento, resultado de enriquecimento, as função da menor penetração de luz a um
médias de produção bruta estiveram metro de profundidade, que corresponde,
-3 -1
próximas a 200 mgO2.m .h . nas condições do estudo, a região de
Comparativamente a um tanque de desaparecimento do disco de Secchi, onde
piscicultura, as taxas obtidas no presente geralmente a incidência de luz corresponde a
trabalho podem ser consideradas elevadas, 15 - 20% de incidência na superfície.
-3 -1
na ordem de 860 e 840 mgO2.m .h para a

Padrões Globais Na Produção Primária


• Nos trópicos, a abundância de luz e elevados valores de temperatura media anual associados a
abundante precipitação favorecem a PP, sendo então observados os maiores valores do
planeta.
• Em sistemas temperados e árticos com temperaturas baixas e pouca luz observa-se baixos
valores de PP.
• Em dada latitude, quando luz e temperatura são constantes, os valores de precipitação
apresentam estreita correlação com a produção; mas se a água for escassa e se torna fator
limitante, então a produção será maior em climas frios.
• A produtividade dos ecossistemas de floresta, onde a eficiência de uso da água varia entre 0,9
e 1,8 g / kg, é insensível a variação na disponibilidade de água, já que em florestas ocorre um
excesso de 500 a 1.000 mm / ano.
• Normalmente o nutriente fósforo limita a produção na água doce e o nitrogênio é o fator
limitante nos ambientes marinhos.
CADEIA ALIMENTAR O papel de cada organismo confere
ao sistema uma estrutura trófica,
Os sistemas naturais são constituídos determinada pelas relações de alimentação,
por seres autotróficos e heterotróficos. Os quando a energia flui pelo sistema e os
autotróficos são aqueles que produzem seu nutrientes circulam, são reciclados.
próprio alimento e os organismos
heterotróficos são aqueles que não De toda energia incidente, 1 a 2% é
produzem seus alimentos. aproveitada; deste total 15 a 70% é utilizada

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para manutenção, tornando esta parcela não comparada a energia consumida pelos
disponível para os consumidores. herbívoros.
Os herbívoros e carnívoros gastam A importância relativa das cadeias
muito mais energia em manutenção e alimentares de base herbívora ou detritívora
somente 5 a 20% fica disponível para o varia em função da comunidade alvo, assim
próximo nível trófico. Essa transferência de em ecossistemas aquáticos os herbívoros
energia é denominada de eficiência predominam na comunidade planctônica e
ecológica ou eficiência da cadeia alimentar. os detritívoros predominam nas florestas, em
A produção primária se refere ao especial na serrapilheira.
primeiro nível trófico; enquanto que A taxa de fluxo de energia é uma
produção secundária é a produção (bruta ou medida que pode ser usada para caracterizar
líquida) em qualquer nível (que não e comparar comunidades diferentes; uma
primário). A produção secundária pode se árvore enorme mantém a energia retida por
referir então a herbívoros ou carnívoros. mais tempo que uma erva pequena, mesmo
Todo material que passa pelo tubo que a taxa de PPB e PPL sejam da mesma
digestivo dos animais, normalmente sofre ordem de grandeza.
alterações, mesmo que estas sejam somente Um aspecto importante é que quanto
físicas ou mecânicas. Algumas sementes maior o tempo de residência, maior o
necessitam de passar pelo tubo digestivo de armazenamento de energia.
animais para quebrar a dormência e assim Um lago
germinam. - volume = 10 litros
A eficiência de assimilação se refere - vazão = 1 litro/segundo, então
a percentagem entre o total ingerido e a - tempo de residência = 10 litros/1
parte realmente assimilada; assim este litro/s = 10 segundos.
parâmetro irá variar em função de
digestibilidade, eficiência de utilização e Fazendo uma analogia é só trocar o lago
especificidade; oscilando entre 15 e 90%. pelo sistema (ou ecossistema) e a água por
A eficiência da produção bruta é uma energia ou matéria.
razão entre produção e ingestão, ou seja
Eficiência da produção bruta = Exemplo: as florestas tropicais úmidas
produção / ingestão produzem 1.800g de matéria seca por ano
A eficiência da produção líquida é em um metro quadrado, e possuem biomassa
uma razão entre crescimento + reprodução e viva de 42.000 g/m2. Assim o tempo de
assimilação, ou seja residência da matéria neste sistema é de 23,3
Eficiência da produção líquida = anos; ou seja, serão necessários 23 anos para
crescimento + reprodução / assimilação toda a biomassa ser “trocada” ou reciclada.
A eficiência da produção líquida é Analogamente estima-se o tempo
mais baixa em animais cujos custos de médio de residência na serapilheira. Quanto
manutenção e atividade são maiores, mais quente e úmido for o ambiente, menor
especialmente em vertebrados de sangue será o tempo de residência e quanto mais
quente, com valores entre 1 e 5%; enquanto frio for o clima, maior será o tempo de
que para invertebrados menos ativos, a residência.
eficiência de produção líquida chega a 45%. Tendo como base ou unidade
Os herbívoros consomem plantas e fundamental matéria e energia, vários
eliminam dejetos ricos em matéria e energia. sistemas foram comparados, sendo que
Este material entra na cadeia de detritos. Os alguns padrões gerais foram observados,
detritívoros também consomem restos de sendo estes:
plantas e animais.  a eficiência de assimilação aumenta nos
Apesar da cadeia de detritos níveis tróficos mais altos,
consumir muita matéria, a energia  a eficiência de produção bruta e líquida
equivalente move-se lentamente quando diminui nos níveis mais altos, e

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 a eficiência ecológica permanece mais Usualmente, o ecossistema ganha ou
ou menos constante entre os níveis perde nutrientes lentamente, comparado a
tróficos em cerca de 10%. taxa com que os nutrientes circulam dentro
Devido a última observação, do ecossistema e com o montante que existe
sabemos que quanto mais alto um organismo no mesmo. O total que existe no ecossistema
está na cadeia trófica, menor será a pode estar dividido em compartimentos e a
quantidade de energia disponível para ele. maior parte está no compartimento
Comparativamente aos sistemas aquáticos, denominado reservatório. Reservatório é um
os sistemas terrestres são mais restritivos e recipiente ou compartimento onde se
normalmente não observamos mais que acumulam determinados elementos ou
quatro níveis tróficos; enquanto que em substâncias químicas. O ar atmosférico é o
ambientes aquáticos observamos 5 ou até 6 maior reservatório de nitrogênio.
níveis com o mesmo aproveitamento que o Na ciclagem dos elementos, as vezes
quarto nível em sistemas terrestres. Em observamos desequilíbrios, quando os
oceanos abertos observa-se que o mais alto elementos acumulam-se ou são removidos
nível trófico que uma população de do sistema.
consumidores pode se manter é o sétimo Por exemplo, durante os períodos de
nível. formação de carvão, a matéria orgânica
morta acumula-se em sedimentos de lagos,
OS CAMINHOS DOS ELEMENTOS NO pântanos (áreas alagadas) e mares rasos
ECOSSISTEMA onde as condições anaeróbicas desaceleram
sua decomposição pelos microrganismos.
A energia flui pelo ecossistema mas Em outros casos, devido a atividades
os nutrientes, ao contrário circulam antrópicas, ou não, pode-se observar retirada
continuamente entre os organismos e o meio substancial de elementos de seus respectivos
físico. A maioria desses nutrientes origina-se reservatórios, a erosão pode p. ex. “lavar”
nas rochas da crosta ou na atmosfera camadas de solo carregadas de nutrientes.
terrestre, entram no ecossistema, são Em uma mineração ou extração de
reutilizados várias vezes pelas plantas e compostos de seus respectivos reservatórios
animais antes de se perderem para também observamos desequilíbrios
sedimentos, águas correntes, lençóis de água significativos nos ecossistemas.
ou atmosfera. As transformações dos elementos
Em média uma molécula de dióxido podem ser assimilativas ou desassimilativas,
de carbono reside na atmosfera por cerca de p. ex. no ciclo do carbono a fotossíntese é
8 anos antes de ser reassimilada, embora as responsável pela incorporação do carbono
plantas possam reciclar o dióxido de na biomassa (dióxido de carbono →
carbono quase instantaneamente (p.ex. carboidratos). A respiração é um processo
dentro da copa fechada de uma floresta). desassimilativo, que através da oxidação
Cada elemento segue uma trajetória libera energia e converte o carbono orgânico
única, determinada por suas transformações em sua forma inorgânica disponível.
bioquímicas particulares. Plantas e animais Em algumas transformações, os
transformam elementos nos seus compostos processos são meramente físico-químicos.
para fornecer nutrientes que vão construir as Reações podem se desenvolver no ar, solo
estruturas e transportar energia para ou água. O intemperismo da rocha matriz
processos vitais; além disso, os processos (ou mãe) libera certos elementos, como
que transformam elementos de uma forma potássio, fósforo e silício para o
em outra devem equilibrar esses processos ecossistema. Outros processos, tais como a
que restauram a forma inicial. sedimentação do carbonato de cálcio nos
A longo prazo existe uma tendência oceanos para depósitos profundos, retira
de equilíbrio ou estado estacionário no qual elementos de circulação e os incorpora na
a importação de elementos crosta da Terra, onde podem permanecer
aproximadamente equilibra a exportação. presos por eras.
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A maioria das transformações de de animais podemos Ter em ambientes
energia está associada com a oxidação terrestres ou aquáticos várias formas de
bioquímica e a redução do carbono, agrupamento como herbívoros,
oxigênio, nitrogênio, fósforo e enxofre. Em fragmentadores, planctônicos, relacionados
cada caso, uma transformação liberadora de a níveis taxonômicos, etc.
energia (oxidação) se relaciona com uma A herbivoria, a predação e a
transformação consumidora de energia decomposição transportam o carbono entre
(redução). A transformação assimilativa do esses compartimentos.
carbono na fotossíntese é uma redução. A ciclagem ou circulação dos
Normalmente a oxidação libera mais nutrientes pode ocorrer com elevadas taxas
energia do que a redução consome, e o saldo de fluxo ou ciclagem entre alguns
escapa como calor, esta perda se relaciona compartimentos ou podem ser bastante
com a segunda lei da termodinâmica. lentos. A velocidade das transformações
pode estar associada com o compartimento;
MODELOS DE COMPARTIMENTO p. ex. a velocidade de ciclagem de
DO ECOSSISTEMA elementos de depósitos antigos como vassa
de foraminíferos ou turva somente irá
Os elementos se apresentam no ocorrer mediante lentos processos
ecossistema de várias formas diferentes, geológicos de elevação e erosão.
cada forma ocupando um compartimento. Poluição, eutrofização de corpos e
As transformações químicas ou bioquímicas cursos de água ou aquecimento global
são fluxos de elementos entre os “pode” se resultado de alteração de fluxo
compartimentos. entre compartimentos.
O carbono ocorre como dióxido de Com base nestas idéias e nestes
carbono na atmosfera e na água, como íons compartimentos observamos ciclos
carbonato e bicarbonato dissolvidos, como biogeoquímicos específicos para cada
carbonatos em sedimentos e ainda em todas elemento (essencial ou não). Devido a
as moléculas orgânicas. similaridade química elementos não
A fotossíntese transporta o carbono essenciais podem participar ou “entrar” em
do compartimento do dióxido de carbono ciclos biogeoquímicos específicos.
para aquele contendo formas orgânicas Ciclo biogeoquímico – seqüência de
(assimilação); a respiração o traz de volta processos através dos quais qualquer
(desassimilação). O compartimento de elemento químico é transferido
carbono orgânico tem muitos periodicamente entre componentes bióticos
subcompartimentos: animais, plantas, e abióticos.
microrganismos e detritos. Além desses
grandes compartimentos podemos ter vários
outros como na idéia de “conjunto”. Dentro

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Um triste recorde
Concentração de dióxido de carbono na atmosfera cresce em ritmo nunca antes observado

A quantidade de dióxido de carbono (CO2) presente na atmosfera está aumentando rapidamente,


segundo mostra uma equipe internacional de pesquisadores. Eles verificaram que a concentração de
CO2 atmosférico, que era de 280 partes por milhão (ppm) no começo da Revolução Industrial, alcançou
381 ppm em 2006 – o maior índice dos últimos 650 mil anos. Entre 2000 e 2006, o aumento dessa
concentração foi 35% acima do que se esperava e alcançou uma taxa nunca antes observada.

O crescimento acelerado da economia mundial, em especial em países como a


China, é um dos fatores por trás do aumento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera (fotos: Csiro).

O nível de emissões de carbono aumentou em média 1,93 ppm por ano entre 2000 e 2006.
Naquele ano, foram emitidas 9,9 bilhões de toneladas de carbono, ou 35% mais do que as emissões
medidas em 1990. Os dados foram publicados esta semana na revista PNAS pela equipe de Josep
Canadell, da Universidade de East Anglia, na Inglaterra.
Os resultados mostram que a atmosfera da Terra está acumulando dióxido de carbono mais
rapidamente do que se esperava, apesar dos esforços para a conscientização da população para o risco
das mudanças climáticas, contemplado com o Nobel da paz deste ano . Se a concentração atmosférica
de CO 2 continuar aumentando no ritmo atual, os impactos catastróficos do aquecimento global poderão
ser sentidos muito antes do que se previa.
O aumento do CO 2 atmosférico se deve em parte ao crescimento acelerado da economia
mundial e ao uso intensivo de combustíveis fósseis nos últimos anos. Mas os autores atribuem o
aumento a um outro fator. Segundo eles, florestas e oceanos, que funcionam como ralos ou sumidouros
de carbono, não conseguem mais absorver a poluição atmosférica produzida pela atividade humana de
forma eficiente.
“Descobrimos que a eficiência dos sumidouros naturais para capturar carbono está declinando”,
conta Canadell à CH On-line . “Há 50 anos, para cada tonelada de CO 2 emitida na atmosfera, os
sumidouros removiam 600 quilos. Hoje, somente 550 quilos são retirados e esse número continuará
diminuindo no futuro”, prevê.
A equipe de Canadell analisou a quantidade de dióxido de carbono emitido por combustíveis
fósseis e pela produção de cimento, que chega a representar cerca de 7% das emissões industriais de
carbono. O grupo levou em conta ainda a emissão e absorção de carbono pelos oceanos e
ecossistemas, além de analisar outros fatores que poderiam influenciar a aceleração de concentrações
do CO 2 atmosférico, como as mudanças no uso da terra e desmatamentos.

Balanço negativo
O índice de CO 2 na atmosfera reflete o balanço entre as emissões de carbono geradas pela
atividade humana e a dinâmica de emissão e absorção do carbono realizada pelos oceanos e
ecossistemas, processo que se auto-regulava antes do aumento das emissões feitas pelo homem. Hoje,
esse mecanismo não consegue mais absorver quantidades maiores de gás carbônico e é essa diferença
que determina a velocidade com que ocorrem mudanças no clima.
“As emissões não diminuem por causa do uso intenso de 8carbono em abastecimento
energético para a produção desenfreada de riquezas, principalmente pelo uso de carvão mineral, uma
das formas mais secas de produção de energia”, conta Canadell. “Em boa parte, a China, maior
economia do mundo, ainda faz uso extensivo de carvão para produzir riqueza”, polemiza o pesquisador.

Os autores atribuem às mudanças de correntes de ar nos oceanos do hemisfério Sul e


às secas o declínio da eficiência dos oceanos para capturar carbono da atmosfera.

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As causas da ineficiência dos ralos de carbono foram atribuídas às mudanças de correntes de ar
nos oceanos do hemisfério Sul e às secas, fenômenos resultantes do aquecimento global e do buraco na
camada de ozônio. “Não conhecemos todas as causas, mas sabemos que metade desse mau
funcionamento se dá por causa dos ventos que vêm do oeste que diminuem a capacidade de absorção
dos oceanos do hemisfério Sul”, arrisca Canadell.
A equipe deve agora analisar melhor as causas do declínio dos sumidouros de carbono
terrestres, como as florestas. “Sabemos que grandes secas em todo mundo, inclusive a que ocorreu na
Amazônia em 2005, diminuíram bastante a capacidade de absorção de carbono das florestas”, conta
Canadell. “Pretendemos investigar melhor como as secas e temperaturas elevadas causadas pelo
aquecimento global provocam efeitos significativos no poder terrestre de escoamento de carbono”.
Fabíola Bezerra - Ciência Hoje On-line = 22/10/2007

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