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FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO VIEIRA DA CUNHA

CURSO TÉCNICO DE MECÂNICA

ISADORA SILVEIRA DA COSTA


MATHEUS BENDER

SISTEMA MECÂNICO DE TENSIONAMENTO PARA ESTEIRA HORIZONTAL PLANA

Orientador: Sandro Heleno Auler

Novo Hamburgo
2016
ISADORA SILVEIRA DA COSTA
MATHEUS BENDER

SISTEMA MECÂNICO DE TENSIONAMENTO PARA ESTEIRA HORIZONTAL PLANA

Projeto de Integração Disciplinar apresentado


ao Curso Técnico de Mecânica da Fundação
Escola Técnica Liberato Salzano Viera da
Cunha.

Orientador: Professor Sandro Heleno Auler

Novo Hamburgo, setembro de 2016.


FOLHA DE ASSINATURAS

ISADORA SILVEIRA DA COSTA


MATHEUS BENDER

SISTEMA MECÂNICO DE TENSIONAMENTO PARA ESTEIRA HORIZONTAL PLANA

FUNDAÇÃO ESCOLA TÉCNICA LIBERATO SALZANO VIEIRA DA CUNHA


CURSO TÉCNICO DE MECÂNICA

Novo Hamburgo, setembro de 2016.

_______________________________________

Isadora Silveira da Costa

_______________________________________

Matheus Bender

_______________________________________

Orientador: Sandro Heleno Auler


AGRADECIMENTOS

Dedicamos essa parte do relatório a todos aqueles que colaboraram para o


desenvolvimento de nosso projeto, nos apoiando, orientando e ajudando para que tudo
desse certo ao final da pesquisa. Agradecemos primeiramente ao nosso professor
orientador Sandro Heleno Auler, por ter acreditado, incentivado e participado ativamente
de todos os processos do projeto desde a ideia inicial até a conclusão do mesmo.
Sempre esteve disposto a responder dúvidas e a explicar o que fosse preciso.
Também não podemos deixar de agradecer a Carine Franco, prima da aluna Isadora
Silveira da Costa que trabalha em uma indústria de artefatos de borracha da região e
ajudou desde a formação da ideia do projeto e principalmente durante, colaborando com
informações, imagens, cedendo material para pesquisa e tirando muitas dúvidas.
O professor João Farias que foi de fundamental importância ajudando na parte do
dimensionamento e também emprestando material de suporte para os cálculos. Ao
nosso colega Igor Lucas de Léis que ofereceu ajuda sempre que necessário, a Tayná
Kieser que contribuiu cedendo material de pesquisa para o projeto e as mães Tânia
Luciana da Silveira e Rejane Catarina.
RESUMO

O projeto consiste em um estudo de caso que tem como objetivo o desenvolvimento de


um mecanismo capaz de tensionar uma esteira horizontal plana de modo seguro e
eficaz. O modo de tensionamento utilizado na esteira na qual se basearam os estudos é
manual e é feito através de um parafuso esticador que pode causar acidentes
envolvendo os técnicos de manutenção no momento da intervenção. Para resolver o
problema, foi decidido utilizar como solução o sistema mecânico e realizar o
tensionamento através de uma mola de tração de cada lado da esteira, fixada por dois
parafusos em uma chapa. Aplicando os conhecimentos das disciplinas de CAD e
resistência dos materiais, através de análises de tabelas e normas relacionadas as
molas de tração e aos parafusos, torna-se possível realizar os cálculos para o
dimensionamento e a projeção utilizando um software para desenhos em 3D. Com a
projeção da mola e as dimensões calculadas encontra-se o projeto concluído assim
como um método de tensionamento mais seguro já que, com a utilização da mola, não é
necessário um ajuste periódico.

Palavras-chave: Esteira. Tensionamento. Parafuso esticador. Mola. Dimensionamento.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Desenho esticador com parafuso................................................................... 12


Figura 2 - Molas de Compressão ................................................................................... 15
Figura 3 - Molas de tração cilíndrica e de tração cônica ................................................ 16
Figura 4 - Imagem ilustrativa de molas de tração........................................................... 16
Figura 5 - Mancal de ajuste do cilindro 1 ........................................................................ 19
Figura 6 - Mancal de ajuste do cilindro 2 ........................................................................ 20
Figura 7 - Mancal de ajuste do cilindro 3 ........................................................................ 20
Figura 8 - Mancal de ajuste do cilindro 4 ........................................................................ 21
Figura 9 - Mecanismo de transmissão de rotação da esteira ......................................... 21
Figura 10- Chapa de fixação da mola ............................................................................ 29
Figura 11 - Chapa de fixação para a chapa de fixação da mola .................................... 29
Figura 12 - Mola de tração ............................................................................................. 30
Figura 13 - Esboço chapa base...................................................................................... 32
Figura 14 - Esboço da chapa de fixação da mola .......................................................... 32
Figura 15 – Esboço do suporte para mola ..................................................................... 33
Figura 16 – Representação do conjunto com a mola ..................................................... 33
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Valores aproximados dos comprimentos da mola ......................................... 14


Tabela 2 - Tensão inicial para molas de tração .............................................................. 15
Tabela 3 - Valores obtidos da empresa .......................................................................... 22
Tabela 4 - Material Corda de Piano................................................................................ 23
Tabela 5 – Carga de prova para parafusos métricos com rosca normal (grossa) .......... 27
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 9
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................... 11
2. 1 História das correias transportadoras................................................................. 11
2. 2 Esteiras transportadoras ...................................................................................... 11
2. 3 Esticadores para tensionamento ......................................................................... 11
2. 4 Molas ...................................................................................................................... 12
2. 4.1 Molas Helicoidais de Compressão ....................................................................... 14
2. 4.2 Molas Helicoidais de Tração ................................................................................ 15
3 METODOLOGIA ......................................................................................................... 17
3.1 Procedimentos ....................................................................................................... 17
3.1.1 Sistema mecânico de tensionamento .................................................................... 17
3.1.2 Visita técnica ......................................................................................................... 18
3.1.3 Dados da empresa ................................................................................................ 19
3.2 Dimensionamento .................................................................................................. 22
3.2.1 Cálculos................................................................................................................. 22
3.2.2 Cálculo da mola a partir da carga máxima suportada pelo parafuso tensionador . 26
3.2.3 Cálculo da mola a partir da carga exercida sobre a esteira................................... 28
3.2.4 Cálculo do suporte a partir da carga exercida sobre a esteira .............................. 28
3.3 Projeção .................................................................................................................. 29
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................ 31
4.1 Resultados dos cálculos de dimensões da mola ................................................ 31
4.2 Resultados dos cálculos do suporte da mola ..................................................... 31
4.2 Considerações gerais ............................................................................................ 34
5 CONCLUSÃO ............................................................................................................. 35
6 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 36
9

1 INTRODUÇÃO

Muitos acidentes de trabalho ocorrem diariamente e em sua maioria acontecem por


descuido, falta de orientação e até falta de materiais de proteção, mas em outras vezes
também ocorrem por falta de uma opção viável e segura da forma como é exigido ou
efetuado esse trabalho. Segundo o Anuário brasileiro de proteção, no Rio Grande do Sul
o maior número de acidentes ocupacionais acontece na área da indústria da
transformação, seguida da área comércio.

O tensionador (também conhecido como extensor ou esticador) é regulado em


algumas esteiras atualmente de forma manual, o que facilita e contribui, pelo menos em
parte, para o aumento dos índices de acidentes ocupacionais devido ao contato direto e
manuseio (que varia conforme indivíduo que utiliza) com o dispositivo. A esteira tem
como característica principal a sua versatilidade em formato, podendo ter comprimento,
largura e altura diferentes, bem como ser plana ou curva, assim podendo atender
qualquer demanda no mercado.

Foi em função do entendimento de que a utilização desse mecanismo no


tensionamento de esteiras aumenta em parte os riscos para um acidente de trabalho
que surgiu a pergunta norteadora do projeto de pesquisa: Será possível projetar e
dimensionar uma forma de tensionamento capaz de substituir o extensor da esteira
plana horizontal? E que, além disso, funcione conforme solicitado e com segurança para
as empresas em que se julga necessário o seu uso. Nesse caso, o mecanismo de
tensionamento foi projetado especificamente para a esteira plana horizontal da empresa
de artefatos de borracha localizada na região do Vale dos Sinos. O nome da empresa
não poderá ser divulgado por questões de políticas internas.

O projeto desenvolvido pelo grupo atua na área de engenharia mecânica e é


caracterizado pela projeção e pelo dimensionamento de um mecanismo capaz de
tensionar esteiras horizontais planas através de um método seguro e de funcionamento
adequado. Após a realização da projeção e do dimensionamento, pretende-se dar
continuidade ao projeto no ano seguinte buscando a aplicação das dimensões em um
protótipo.
10

O seguinte relatório apresenta-se com o objetivo de evidenciar os processos, dados


e informações da pesquisa realizada pelos autores. O projeto é uma solicitação do
Curso Técnico de Mecânica aos alunos de terceiras e quartas séries da Fundação
Liberato através do Projeto de Integração Disciplinar (PID). O relatório está dividido em
seis capítulos que incluem a introdução, revisão bibliográfica e a metodologia completa
do projeto, assim como os resultados e discussões e a conclusão do mesmo.
11

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 História das correias transportadoras

As correias transportadoras possuem diversas aplicações, principalmente na


indústria de produção, em indústrias pesadas, armazéns e até aeroportos. São
classificadas em vários tipos de acordo com o tipo de trabalho a que é sujeita, assim
como as velocidades que são separadas em função da finalidade.
As primeiras correias transportadoras eram utilizadas desde o século XIX. Em 1892,
Thomas Robins iniciou diversas invenções que levaram ao desenvolvimento de uma
correia transportadora usada para carregar carvão, metal e outros produtos. Em 1901,
inicia a produção de esteiras transportadoras de aço. As correias modernas conseguem
ser mais duradouras, principalmente por serem construídas a partir de várias camadas
de diferentes materiais. (ENGIOBRA, 2013)

2.2 Esteiras transportadoras

As esteiras transportadoras são equipamentos que servem para facilitar o manuseio,


transporte e a movimentação de cargas, principalmente na indústria. A sua principal
utilidade é a de carga e descarga de materiais, facilitando e agilizando o trabalho nas
empresas onde cada vez mais se exige rapidez nos processos de fabricação. Em suma,
as esteiras transportadoras são a representação de uma economia de tempo dentro de
uma indústria. Assim como qualquer outro equipamento industrial, a esteira precisa que
seja feita a manutenção periódica e adequada. São separadas entre esteiras
transportadoras flexíveis e esteiras fixas. (KAUFMANN, 2014)

2.3 Esticadores para tensionamento

São os mecanismos utilizados com o objetivo de garantir o tensionamento adequado


para funcionamento de correias e esteiras, por exemplo. Eles podem ser de dois tipos:
automáticos, quando são feitos por contrapeso ou utilizando molas e manuais, quando
12

se utiliza parafuso extensor. O tensionamento que é realizado manualmente apresenta


riscos aos operadores. Abaixo um exemplo de esticador com parafuso:

Figura 1 - Desenho esticador com parafuso

Fonte: PROCEL (2009).

2. 4 Molas

Encontramos molas em todos os lugares, seja em simples mecanismos do dia-a-dia


como em projetos elaborados e complexos. A mola é um objeto flexível capaz de
armazenar e absorver energia de cargas aplicadas, assegurar pressão e é muito versátil
já que se adapta a qualquer necessidade de acordo com suas dimensões. Pelo fato de
que são produzidas em grandes quantidades, normalmente custam pouco. Budynas diz
que essa versatilidade também se aplica a grande variedade de materiais de mola que
está disponível no mercado, incluindo, por exemplo, os aços comuns de carbono,
aços-liga e aços resistentes a corrosão.
Faires (1996) diz que normalmente os aços mais utilizados para molas são de alto
teor de carbono (usualmente mais que 0,5%C). Quando necessário maior limite elástico,
recomenda-se trabalhar com os tratamentos térmicos a frio. Diversos materiais
não-ferrosos são utilizados na fabricação de molas, buscando atender suas
13

necessidades como por exemplo boa condutividade elétrica e alta resistência. Nem
sempre são feitas de materiais tão resistentes, em alguns casos também utiliza-se o
plástico na fabricação.
Em geral as molas são classificadas como: molas de fio de arame, molas
planas ou molas de formato especial, e há variações dentro dessas divisões.
Molas de fio incluem molas helicoidais de fio redondo e de fio quadrado, feitas
para resistir e defletir sob cargas de tração, compressão ou torção. Molas
planas incluem tipos em balanço e elípticas, molas de potência enroladas
como em motores ou tipo relógio e arruelas planas de mola, usualmente
chamadas de molas Belleville. (BUDYNAS 2011, P. 526)

Para conservar as propriedades elásticas, magnéticas, de resistência ao calor e à


corrosão usa-se material específico de acordo com a utilidade, ou utiliza-se de algum
revestimento de proteção. Quanto a utilidade, alguns aspectos como espaço que será
ocupado, peso e durabilidade e também as relações entre força aplicada e deformação,
como o amortecimento. Todas essas questões tornam o processo de cálculo da mola
algumas vezes complicado, já que são muitas variáveis e todas elas devem ser
consideradas. São processos de tentativas e aproximações de acordo com os dados
que são disponibilizados. Faires comenta também que as limitações de espaço
costumam estabelecer as maiores restrições em relação às dimensões de uma mola.
As molas possuem uma “altura de mola fechada” e um “comprimento de mola
quando livre”, o primeiro termo diz respeito ao comprimento total, quando a mola é
comprimida até que todas as espiras se toquem. Já o segundo é o comprimento quando
nenhuma carga está atuando sobre a mola, esses termos variam quando se trata de
mola de tração, ou seja, nesse caso o “comprimento de mola fechada” é quando
nenhuma carga esta atuando sobre ela e o “comprimento de mola livre” ocorre quando a
carga está atuando na mola. Na tabela abaixo encontram-se alguns valores
aproximados das duas dimensões que foram citadas anteriormente em que P= passo,
Ne= número de espiras ativas, Da= diâmetro do arame (na prática os valores sofrem
alterações em função do número de espiras).
14

Tabela 1 - Valores aproximados dos comprimentos da mola


Tipo da Comprimento Número Comprimento
Extremidade (Mola Livre) ou de Espiras (Mola Fechada) ou
comprimento livre altura
Em ponta PNe + Da Ne Da.Ne + Da
Em ponta PN.e Ne Da.Ne
esmerilhada
Em esquadro PN.e + 3.Da Ne + 2 Da.Ne + 3.Da
Em esquadro e PN.e + 2.Da Ne + 2 Da.Ne + 2.Da
esmerilhada
Fonte: adaptado de Elementos Orgânicos de Máquinas (1996).

2.4.1 Molas Helicoidais de Compressão

As molas helicoidais de compressão podem ser cilíndricas, cônicas, bicônicas,


convexas ou retangulares. Possuem funcionamento muito simples e quando aplicada
uma força de compressão, diminui o espaço entre as espiras e a mola vai ao seu menor
comprimento possível, voltando ao estado normal de repouso quando cessada a força.
São normalmente utilizadas em alicates, camas e amortecedores.
15

Figura 2 - Molas de Compressão

Fonte: AÇOMOLA [S. d.].

2.4.2 Molas Helicoidais de Tração

As molas de tração, segundo Faires são, em geral, enroladas com as espiras


tocando-se entre si enquanto sua tensão inicial (Ti) é criada pela força a aplicar na mola
quando as espiras estão a ponto de se separarem. Essa intensidade pode ser regulada
mas os valores encontram-se aproximados na tabela abaixo:

Tabela 2 - Tensão inicial para molas de tração


C 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 15

Ti psi 25000 22500 20000 18000 16250 14500 13000 11600 10400 9400 7000

Ti Kg/ 17,6 15,8 14,1 12,6 11,4 10,2 9,1 8,1 7,3 6,6 4,9
mm²

Fonte: Elementos Orgânicos de Máquinas (1996).

O ponto fraco das molas helicoidais de tração é, em geral, o ponto em que a espira
dobra-se para fazer a alça, o lugar pelo qual a mola é fixada, mas também é através dele
que torna-se possível tracionar a mola e atingir o nível de carga necessário. Apesar
16

disso, seu uso é requisitado em fábricas e indústrias que trabalham com materiais
pesados, principalmente pelo fato de terem um custo relativamente baixo e pela sua
grande resistência ao impacto. O movimento das molas de tração é parecido com o das
molas de compressão, sendo seu principal diferencial as extremidades especiais que
são necessárias para que a carga possa seja utilizada.
Normalmente são confeccionadas com ganchos nas extremidades com as formas
de aspirais encostadas, mas também encontra-se outro tipo de extremidade em forma
de vão entre as espiras em todo comprimento da mola.

Figura 3 - Molas de tração cilíndrica e de tração cônica

Fonte: CGR ELISMOL (2014)

Abaixo encontra-se a forma real da mola de tração:

Figura 4 - Imagem ilustrativa de molas de tração

Fonte: MOLAS FAUZI [S. D.]


17

3 METODOLOGIA

A metodologia utilizada neste projeto envolve pesquisas relacionadas ao método de


tensionamento mecânico da esteira horizontal plana na empresa, material bibliográfico
sobre molas com foco na mola helicoidal de tração e normas de segurança. São
pesquisas realizadas em sites da internet, artigos acadêmicos, livros relacionados ao
assunto, servidores que trabalham na empresa e inclusive por meio de fotos do local.
Também envolve material de cálculo para dimensionamento da mola de tração, assim
como sua projeção através de software de desenho técnico. A pesquisa foi realizada na
biblioteca e nos laboratórios de informática da Fundação Escola Técnica Liberato
Salzano Viera da Cunha.

3.1 Procedimentos

O seguinte trabalho tem como início pesquisas com relação ao mecanismo de


tensionamento de esteira assim como as fórmulas que tornam possível o seu respectivo
dimensionamento. Através de informações da empresa que fabrica produtos para
recapagem de pneus e compostos de borracha para indústrias sobre a esteira horizontal
plana também torna possível o cálculo de dimensionamento da mola de tração que é a
alternativa encontrada para o problema do projeto. Atualmente a esteira é composta por
2 pares de mancais e um rolo entre cada um deles, o processo de tensionamento é
realizado através de um parafuso M16 que é fixado em um dos pares de mancais,
enquanto o outro par é fixo por parafusos M12. Dando sequência foi realizada a projeção
no Inventor, software para desenhos em 3D.

3.1.1 Sistema mecânico de tensionamento

A primeira etapa da pesquisa foi a decisão de qual o sistema que seria utilizado
como resposta do problema. As opções definidas eram sistema mecânico, sistema
pneumático e sistema hidráulico. Como alternativa na utilização do sistema mecânico,
surgiu a partir de sugestões da banca na pré-apresentação do projeto, a ideia de
18

dimensionar uma mola que fosse capaz de suportar as cargas que hoje é suportada por
um parafuso M16 descartando as alternativas de sistema hidráulico ou pneumático.

3.1.2 Visita técnica

Foi decidido junto ao orientador Sandro Heleno Auler que para facilitar a
visualização do sistema de tensionamento da esteira o grupo de pesquisa deveria
realizar uma visita técnica até a empresa. Para isso, após conseguir o contato da
empresa, foi solicitado que o e-mail fosse escrito pelo orientador.
O professor orientador Sandro Heleno Auler escreveu o e-mail de solicitação da
visita que foi enviado para a empresa e segue abaixo:

Boa tarde!
Sou o professor Sandro Heleno Auler, da Fundação
Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha, de
Novo Hamburgo, e estou orientando um projeto de
pesquisa dos alunos Isadora Costa e Matheus que
estão cursando o 3° ano do curso, onde os mesmos
estão realizando uma pesquisa que visa facilitar e
garantir maior segurança nos sistemas de
tracionamento das esteiras mecânicas.
Gostaria de solicitar uma visita técnica para que nós 3
possamos conhecer e observar este processo, nos
equipamentos, facilitando assim a compreensão e o
dimensionamento dos componentes . O problema do
ajuste das esteiras nos foi trazido pela aluna Isadora
que possuí um familiar que é servidor da empresa e
que nos deu a idéia da pesquisa.
Agradeço desde já a atenção e me coloco à
disposição para maiores informações. Teríamos como
sugestão o turno da manhã para facilitar o nosso
deslocamento.
Atenciosamente,
Sandro Heleno Auler .
19

A resposta obtida pela supervisora de recursos humanos ao e-mail do professor


Sandro segue transcrita abaixo:

Bom dia Sandro, conversei com o Gerente responsável


pela área Industrial e Manutenção, porém, de acordo
com algumas políticas internas não conseguiremos
atender essa necessidade. Pedimos desculpas pelo
transtorno.

3.1.3 Dados da empresa

Visto que a visita técnica não foi realizada, a resposta do e-mail fez com que a
pesquisa tomasse outro rumo por conta da falta de dados concretos, a solução
encontrada foi basear-se através de fotos e de informações conseguidas da empresa
para realizar o dimensionamento e a projeção através de uma simulação. As fotos
seguem abaixo:

Figura 5 - Mancal de ajuste do cilindro 1

Fonte: servidora empresa (2016).


20

Figura 6 - Mancal de ajuste do cilindro 2

Fonte: servidora da empresa (2016).

Figura 7 - Mancal de ajuste do cilindro 3

Fonte: servidora da empresa (2016).


21

Figura 8 - Mancal de ajuste do cilindro 4

Fonte: servidora da empresa (2016).

Figura 9 - Mecanismo de transmissão de rotação da esteira

Fonte: servidora da empresa (2016).


22

Após receber e analisar as fotos, foi solicitado à servidora da empresa as dimensões


e os dados necessários para começar os cálculos do dimensionamento. Os valores
recebidos são respectivos a todos os mecanismos acoplados na esteira que permitem
seu tensionamento. Os dados estão representados na tabela:

Tabela 3 - Valores obtidos da empresa


Diâmetro do rolo (mm) 300
Diâmetro do eixo (mm) 38,1
Parafuso de fixação do mancal M12
Parafuso esticador M16
Distância entre rolos (m) 3
Distância entre mancais (mm) 700
Fonte: os autores (2016).

3.2 Dimensionamento

3.2.1 Cálculos

Com base nos cálculos, nos exemplos e no material bibliográfico de Antunes e Freire
(2000), foi montada uma tabela no Microsoft Excel em que é calculada a tensão
admissível e tensão máxima dependendo da força axial, o diâmetro externo da mola e o
material da mola que são pré-estabelecidos e em seguida comparou-se os resultados
obtidos com a tabela 4 e então se tornou possível determinar o tipo de serviço e o
diâmetro do fio. Como material resolveu-se utilizar aço o Corda de Piano ASTM-A-288
(SAE 1095) devido ao seu preço de mercado ser mais baixo do que concorrentes, o
diâmetro externo resultar em uma dimensão menor do que outros materiais, ser o mais
comumente encontrado no mercado e o único limite do aço, que é tolerância da sua
temperatura nunca ser menor que 15ºC ou maior que 120ºC, ser atendida no ambiente
da empresa.
23

Tabela 4 - Material Corda de Piano

Corda de Piano ASTM-A-228 (SAE 1095)


Diâmetro do Fio Serviço Mola Fechada
Mm Pesado Médio Leve Kgf/mm²
(kgf/mm²) (Kgf/mm²) (Kgf/mm²)
De ≤ 1 70 90 105 115
1< até ≤ 2 60 80 90 100
2< até ≤ 3 54 74 85 92
3< até ≤ 4 51 70 80 86
4< até ≤ 6 - - - -
6< até ≤ 7,50 - - - -
7,50< até ≤ 10 - - - -
Fonte: Elementos de Máquinas (2000).

Abaixo encontram-se as fórmulas necessárias para dimensionar a mola de tração:

Cálculo do diâmetro médio (Dm):


Dm=De-da

Dm - diâmetro médio da mola (mm)


De - diâmetro externo (mm)
da - diâmetro do arame (mm)

Cálculo da tensão atuante (τa):

τa - Tensão de cisalhamento/atuante (kgf/mm²)


KW - Fator de Wahl (adimensional)
F – Força axial na mola (kgf)
24

Cálculo do fator de Wahl (KW):

C – Índice de curvatura (adimensional)

Cálculo do índice de curvatura (C):

Cálculo do diâmetro do arame (da):

Cálculo da flecha (f):

f – Flecha (mm)
na – Número de espiras ativas (adimensional)
G- módulo de elasticidade transversal do material da mola (kgf/mm²)

Cálculo do comprimento máximo da mola (H):

Hmáx- comprimento máximo da mola (mm)


25

Cálculo força máximo com a mola fechada:

Cálculo da folga entre as espiras com a mola fechada (µo):

µo- Folga entre as espiras com a mola fechada

Cálculo do passo (p):

p- passo da mola (mm)

Comprimento de mola livre (H):

Comprimento de mola fechada (h):

Cálculo da flecha máxima (fmáx):

fmáx- Flecha máxima (mm)


H- Comprimento da mola livre (mm)
26

h- Comprimento da mola fechada (mm

Calculo da tensão máxima (τmáx):

τmáx- Tensão máxima atuante na mola (kgf/mm²)

Na sequencia encontra-se as fórmulas utilizadas para calcular as dimensões das


chapas de suporte de fixação da mola e do parafuso.

- Tensão de escoamento (N/mm²)


K- Coeficiente de segurança
F- Força (N)
A – Área da secção (mm²)
b – Base
h – Altura
d – Diâmetro

3.2.2 Cálculo da mola a partir da carga máxima suportada pelo parafuso tensionador

Para iniciar os cálculos baseando-se nos dados conseguidos, é estabelecido que a


força (tabelada) que o parafuso M16 é capaz de suportar seria utilizada como referência
para calcular as dimensões de uma mola de tração utilizada como esticadora
(tensionadora) que suportasse a mesma carga. A força encontrada para o parafuso M16,
seção resistente nominal de 157mm² e de tensão de escoamento 8.8, pode ser
encontrada na tabela 5, disponível logo abaixo:
27

Tabela 5 – Carga de prova para parafusos métricos com rosca normal (grossa)

Fonte: CISER (2008).

Ao aplicar a força de 91 KN na tabela do Microsoft Excel, adquirem-se as seguintes


especificações para a mola: serviço leve, o diâmetro externo resultante foi de 420
milímetros, o comprimento livre igual a 1396 milímetro, comprimento fechado
correspondente a 513 milímetros e diâmetro do fio equivalente a 1 milímetro e 2 ganchos
com ciclo completo de comprimento 298,664 milímetros.
As dimensões encontradas, apesar de corretas, são inviáveis para serem utilizadas
como base na projeção de uma mola. Na prática o diâmetro apresenta-se muito maior
que o esperado para a situação. Ao analisar esse problema, percebeu-se que ao utilizar
a carga que o parafuso é capaz de suportar, a força que está sendo calculada é a força
máxima do seu uso, e na prática a força a qual o parafuso esticador é submetido é
menor. Para isso, ao entrar em contato novamente com a servidora da empresa,
28

descobriu-se que a esteira serve para carregamento de uma manta que tem
comprimento de três metros e peso de cinquenta quilogramas, ou seja, é possível
carregar apenas uma manta por vez na esteira, logo o peso da manta que é
transportada é a carga aplicada no parafuso.

3.2.3 Cálculo da mola a partir da carga exercida sobre a esteira

Para solucionar esse problema, resolveu-se refazer os cálculos utilizando as


fórmulas que foram apresentadas anteriormente, mas agora utilizando como carga o
peso da manta que é transportada. Sendo assim, a carga que o parafuso é capaz de
suportar deixa de ser a base para os cálculos de dimensionamento.
Considerando a força exercida sobre a esteira igual a 50kgf, chegou-se a seguinte
especificação: serviço leve, diâmetro externo igual a 30 milímetros, comprimento de
mola livre equivalente a 99,535 milímetro, comprimento de mola fechada 33 milímetros e
diâmetro do fio correspondente a 4 milímetros e 2 ganchos de ciclo completo com
comprimentos de 21,6 milímetros.

3.2.4 Cálculo do suporte a partir da carga exercida sobre a esteira

Considerando a força aplicada sobre cada parafuso 12,5kgf e a tensão de


escoamento do parafuso de 8.8, chegamos ao resultado que o diâmetro do parafuso
equivale a 0,7 milímetros, porém o menor diâmetro possível tabelado é do parafuso DIN
931 parafuso cabeça sextavada rosca parcial M5x25 que foi a dimensão utilizada.
Considerando 25kgf como força aplicada para cada suporte de fixação da e o aço
utilizado ser o ABNT 1020L, chega-se ao valor de 24x7x0,5 milímetros para as
dimensões dos suportes de fixação da mola.
Considerando a força a ser aplicada para a chapa base de 50kgf, o aço a ser
utilizado ser o ABNT 1020L e a distância entre mancais de 700mm, encontra-se ao valor
de 700x70x12 milímetros para as dimensões da chapa base.
29

3.3 Projeção

Com as dimensões já estabelecidas, partiu-se para o próximo passo da pesquisa


que é a projeção da mola utilizando o software para desenhos em 3D, Autodesk Inventor
Professional. Abaixo se encontra a representação da mola de tração de diâmetro
externo 30 milímetros, mola fechada 33 milímetros e diâmetro do fio de quatro
milímetros (figura 12), assim como a chapa de fixação da mola (figura 10), uma chapa
700x70x12 milímetros (figura 11).

Figura 10- Chapa de fixação da mola

Fonte: os autores (2016).

Figura 11 - Chapa de fixação para a chapa de fixação da mola

Fonte: os autores (2016).


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Figura 12 - Mola de tração

Fonte: os autores (2016).


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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste item, estão relatados os resultados obtidos com os cálculos de


dimensionamento da mola assim como das projeções feitas no Autodesk Inventor
Professional.

4.1 Resultados dos cálculos de dimensões da mola

O dimensionamento resultou em duas mola de serviço leve, de material Aço Fio


de Piano ASTM-A-228 (SAE 1095) com diâmetro externo de 30 milímetros, diâmetro do
fio igual a 4, 10 espiras ativas, passo igual a 9,65 milímetros, comprimento livre igual a
99,54 milímetros, comprimento fechado de 33 milímetros e dois 2 ganchos de ciclo
completo com comprimentos de 21,6 milímetros.

4.2 Resultados dos cálculos do suporte da mola

Foram dimensionadas três partes essenciais para o suporte, sendo essas a chapa
de base, as chapas de fixação da mola e os parafusos. A chapa base é de aço ABNT
1020L 700x70x12 (figura 13), a chapa de fixação da mola possui 24x 0,5 x7 (figura 14) e
os parafusos são DIN 931 parafuso cabeça sextavada rosca parcial M5x25, calculados
de acordo com Raupp (2016). Pode conferir-se o esboço do conjunto de suporte para a
mola na figura 15. Já na figura 16 é possível visualizar o conjunto completo junto a mola
de tração.
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Figura 13 - Esboço chapa base

Fonte: os autores (2016).

Figura 14 - Esboço da chapa de fixação da mola

Fonte: os autores (2016).


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Figura 15 – Esboço do suporte para mola

Fonte: os autores (2016).

Figura 16 – Representação do conjunto com a mola

Fonte: os autores (2016).


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4.2 Considerações gerais

O tensionamento serve para manter o controle efetivo da velocidade de avanço da


esteira, ou seja, se a esteira não estiver bem tensionada, perde-se esse controle e isso
acarreta em um possível atrasado na produtividade da empresa nos casos em que a
velocidade da esteira diminui. Há casos em que, por falta do tensionamento adequado, a
velocidade aumenta. Se a velocidade for muito baixa, perde-se no quesito produtividade,
se for muito alta, perde-se no quesito qualidade.
Ao trocar o sistema de tensionamento que hoje em dia é feito através de um
parafuso esticador por uma mola de tração, ganha-se no ponto do ajuste periódico que,
no caso da mola, deixa de ser necessário. O que pode acontecer com a mola é a fadiga,
mas ao fadigar, por ser um sistema de fácil adaptação, basta trocar por uma nova mola,
sem que seja necessário a intervenção do operador que é essencial tratando-se do
parafuso. A partir do momento em que esse ajuste frequente deixa de ser uma
prioridade, diminuem também as chances de causar acidentes envolvendo os técnicos
de manutenção que entram em contato direto com o parafuso.
35

5 CONCLUSÃO

Concluiu-se a pesquisa com sucesso, dentro das limitações as quais o projeto foi
sujeito, principalmente por conta da dificuldade em encontrar material para referêncial
teórico, da visita técnica que foi negada pela empresa dificultando a etapa do
dimensionamento e da visualização. No entanto os resultados foram satisfatórios, já que
o objetivo foi atingido ao projetar e dimensionar um mecanismo capaz de tensionar a
esteira horizontal plana.
A partir das pesquisas e dos procedimentos realizados na Fundação Escola Técnica
Liberato Salzano Viera da Cunha, optou-se pela escolha do sistema mecânico dentre as
opções de sistema hidráulico e sistema pneumático. A partir disso foi possível definir que
o objeto de tensionamento seria uma mola de tração. Após realizar os cálculos de
dimensionamento e projetar a mola no software para desenho em 3D, encontrou-se a
mola de tração de diâmetro externo 30 milímetros, mola fechada 33 milímetros e
diâmetro do fio de quatro milímetros. É possível encontrar semelhantes no mercado e o
tamanho é adequado para o espaço o qual é proposto.
O conjunto de fixação da mola foi calculado e consiste em quatro parafusos M5 pela
norma DIN 931, uma chapa 700x70x12 milímetros, quatro porcas sextavadas M5 e oito
arruelas lisas de espessura dois milímetros. Ressaltando que os valores foram
arbitrados a partir das informações conseguidas da empresa, já que não foi possível
realizar a visita técnica, sendo assim o resultado apenas uma simulação para esse
estudo de caso. Além de o conjunto ser simples de estabilizar-se na esteira da empresa,
a grande vantagem é que por não precisar de ajuste periódico, os riscos aos quais o
operador ficava exposto no tensionamento feito através do parafuso esticador são,
nesse caso, inexistentes.
A próxima etapa do projeto consiste no cálculo de custos para o conjunto que foi
dimensionado, assim como uma nova tentativa de contato com a empresa para
possíveis testes concretos, aplicando as dimensões que foram calculadas em um
protótipo.
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6 REFERÊNCIAS

ANTUNES, Izildo; FREIRE, Marcos A.C. Elementos de máquinas. São Paulo: Érica,
1997. (Coleção Estude e Use Série Mecânica).

AÇOMOLA. Molas de compressão. (2013). Disponível em:


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BUDYNAS, Richard G. Elementos de máquinas de Shigley: projeto de engenharia


mecânica/ Richard G. Budynas, J. Keith Nisbett; tradução técnica João Batista de Aguiar,
José Manoel de Aguiar. 8 ed. Porto Alegre: AMGH, 2011.

CISER. Informações Técnicas. Disponível em:


<http://www.ciser.com.br/htcms/media/pdf/tabela-de-precos/br/informacoes_tecnicas.pdf
>. Acesso em 08 ago. 2016.

ELISMOL. Molas de tração. Disponível em:


<http://elismol.com.br/produto/molas-de-tracao/molas-de-tracao-2-2/>. Acesso em 28
ago. 2016.

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FAIRES, Vírgil Moring. Elementos Orgânicos de Máquinas. Rio de Janeiro: Ao Livro


Técnico S. A., ago. 1996.
37

FAUZI. Molas de tração. Disponível em: <http://www.molasfauzi.com.br/molas-tracao>.


Acesso em 29 ago. 2016.

KAUFMANN. Esteiras transportadoras. Disponível em:


<http://www.kaufmann.com.br/esterias-trasportadoras.html>. Acesso em 29 ago. 2016.

RAUPP, Ronaldo. Tração - Compressão - Cisalhamento. 6 ed. Novo Hamburgo:


Fundação Escola Ténica Liberato Salzano Viera da Cunha, 2016.

SANDRO. Visita técnica. sandro@liberato.com.br. Supervisora de RH. Solicitação de


visita. Mensagem recebida por email não identificado em 16 ago. 2016.

SHIGLEY, Joseph Edward. Elementos de máquinas. Rio de Janeiro: LTC - Livros


Técnicos e Científicos Editora S.A, 1984.

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