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LODOS ATIVADOS
Julho de 2017
IPH 02058: Tratamento de Água e Esgotos, Capítulo 15: Lodos Ativados Prof. Gino Gehling
15.1. INTRODUÇÃO
Aceptor de
elétrons
Crescimento Resíduos
Decaimento celulares
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IPH 02058: Tratamento de Água e Esgotos, Capítulo 15: Lodos Ativados Prof. Gino Gehling
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IPH 02058: Tratamento de Água e Esgotos, Capítulo 15: Lodos Ativados Prof. Gino Gehling
S
c) S = KS; a equação (2) fica igual a max max
2 S 2
1,60
max
1,40
1,20
1,00
0,80
max/2
0,60
0,40
0,20
0,00
0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500
Substrato (mg DBO/L)
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IPH 02058: Tratamento de Água e Esgotos, Capítulo 15: Lodos Ativados Prof. Gino Gehling
A taxa líquida de formação de sólidos é dada pela subtração da taxa de decaimento bacteriano
da taxa bruta de formação de sólidos (Equações 5 e 6)
dX V
XV k d XV (5)
dt L
dX V max S XV
k d XV (6)
dt L KS S
LA - 5
IPH 02058: Tratamento de Água e Esgotos, Capítulo 15: Lodos Ativados Prof. Gino Gehling
mg X formados 1 mg DBO utilizado
V
=
mg X V presentes dia mg X V formados mg X V pre sen te dia
mg substratoutilizado
Substituindo k na Equação (11)
dS k S XV
(12)
dt KS S
Tanque de aeração,
ou reator Decantador
Afluente =
Secundário
efluente DP Efluente
Q0, S0, X0
V, X, S Qe, S, Xe
Lodo recirculado
Excesso de lodo
QR, XR
Qexc, XR
Figura 4: Variáveis para balanço de massas no reator.
Tempo de residência hidráulica no reator -
V
(15)
Q0
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IPH 02058: Tratamento de Água e Esgotos, Capítulo 15: Lodos Ativados Prof. Gino Gehling
O termo referente à produção na Equação (17) é dado pelo produto entre o volume do reator e
a taxa líquida de formação de sólidos (Equação 8). Se considerarmos condições permanentes
ou estacionárias, o termo de acumulação na Equação (17) será igual a zero, uma vez que não
haverá variação na concentração de XV no reator ao longo do tempo. Para evitar muitos
subscritos, X passa a denotar concentração de SSV no tanque de aeração.
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IPH 02058: Tratamento de Água e Esgotos, Capítulo 15: Lodos Ativados Prof. Gino Gehling
O lado esquerdo da Equação (20) é o inverso do tempo de detenção celular; no lado direito,
substituindo max = Yk, a Equação (20) fica:
1 Y k S
kd (21)
c KS S
Manipulação algébrica da Equação (21) permite calcular o valor da concentração do substrato
(DBO) no efluente do reator como uma função do tempo de detenção celular e dos parâmetros
cinéticos Y, k, KS e kd.
K (1 kd c )
S S (22)
c (Y k kd ) 1
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IPH 02058: Tratamento de Água e Esgotos, Capítulo 15: Lodos Ativados Prof. Gino Gehling
O reciclo de sólidos permite obter uma menor concentração de S para um mesmo tempo de
detenção hidráulico; por outro lado, a concentração de sólidos no reator será maior do que no
sistema sem reciclo.
De onde saem os parâmetros cinéticos Y, k, KS e kd? Eles podem ser obtidos por ensaios de
laboratório. Para esgotos domésticos, usualmente, encontram-se dentro de uma faixa de
variação. A Tabela (2) apresenta os valores típicos de coeficientes cinéticos, concentrações de
sólidos e tempos de residência em lodos ativados com reator de mistura completa e fluxo em
pistão.
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IPH 02058: Tratamento de Água e Esgotos, Capítulo 15: Lodos Ativados Prof. Gino Gehling
PX Y (S0 S) Q k d X V (28)
Sendo:
PX = produção diária de SSV, [kg /dia]
Q = vazão afluente, [m3/dia]
Substituindo-se V/ = Q,
Y S0 S
PX Y (S0 S) Q k d C Q
1 k d C
k
PX Y (S0 S) Q 1 d C (30)
1 k d C
A manipulação algébrica da Equação (30) resulta em:
Y
PX ( S0 S ) Q (31)
1 kd c
Y
O termo corresponde ao coeficiente de produção celular observado, Yobs.
1 kd c
Y
Yobs (32)
1 kd c
Sólidos voláteis representam 70% a 80% dos sst. Portanto, a produção total de lodo será Px
dividido pela fração de SSV em relação aos SST.
P
PX,T X (33)
fX
Xv
fx (34)
XT
Sendo Xv e XT, respectivamente, concentração de SSV e SST.
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IPH 02058: Tratamento de Água e Esgotos, Capítulo 15: Lodos Ativados Prof. Gino Gehling
VX
Qe X e
VX c
c Qexc (35)
Qe X e Qexc X R XR
Em geral, pode-se assumir na Equação (35), que Qe Q ou Xe 0. Neste caso, a equação fica
VX
Qexc (36)
c X R
QRXR Vem do DS
QR X
r (38)
Q XR X
A quantidade de DBO equivalente a um mol de material celular é dada pela Equação (39)
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IPH 02058: Tratamento de Água e Esgotos, Capítulo 15: Lodos Ativados Prof. Gino Gehling
O valor de PX é calculado pela Equação (31). A massa de DBO utilizada por dia é:
Massa DBO/dia = Q(S0 – S) (41)
A Equação (40) fica:
Massa O2 req. por dia = Q(S0 – S) – 1,42PX (42)
Ar Cg
Interface gás - líquido
Líquido C = CS
Ar Cg
Interface gás - líquido
Líquido C < CS
O gás, neste caso, é o oxigênio - O2. A Equação (43) expressa a taxa de mudança de
concentração de oxigênio dissolvido no líquido.
dC
kL a (CS C ) (43)
dt
Sendo:
kLa = coeficiente global de transferência de oxigênio, [dia-1];
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IPH 02058: Tratamento de Água e Esgotos, Capítulo 15: Lodos Ativados Prof. Gino Gehling
Pela Equação (43), observa-se que tanto mais distante o sistema estiver do equilíbrio, maior
será a velocidade de transferência de oxigênio do ar para a água.
A integração da Equação (43) resulta:
C Ct t t
dC
(CS C ) t 0
K L a dt (44)
C C0
CS Ct k a t
e L (45)
CS C0
k at
(CS Ct ) ( CS C0 ) e L (46)
O coeficiente kLa na Equação (46) pode ser calculado através de regressão não-linear.
Alternativamente, a Equação (46) pode ser linearizada tomando-se o logaritmo natural de
ambos os lados:
ln (C s C t ) ln C s C 0 k L a t (48)
A Equação 48 é uma reta com intersecção no eixo das ordenadas em ln (Cs – Ct) e declividade
kLa.
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IPH 02058: Tratamento de Água e Esgotos, Capítulo 15: Lodos Ativados Prof. Gino Gehling
ln(Cs-Ct)
kL,a
t
Uma vez que se conheça a quantidade de oxigênio que deve ser fornecida no tanque de
aeração, precisa-se conhecer a capacidade de transferência de oxigênio do aerador, expressa
em termos de massa de O2 transferida por unidade de tempo. Este dado é fornecido pelo
fabricante do equipamento.
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IPH 02058: Tratamento de Água e Esgotos, Capítulo 15: Lodos Ativados Prof. Gino Gehling
Seja N a taxa de transferência de oxigênio de um aerador mecânico (Equação 49) (Obs.: von
Sperling usa a sigla TTO para expressar N).
N K L A C S C L (49)
Sendo: N = massa de oxigênio transferida por unidade de tempo, [M/T] (p.ex., kg O2/h);
KL = coeficiente de difusão do oxigênio no líquido, [L/T] (p. ex. m/h);
A = área interfacial, ou área de contato da superfície ar-liquido, [L2], (p.ex., m2);
CS = conc. de saturação do OD no líquido à temperatura T, [M/L3}, (p.ex., mg/L)
CL = concentração de oxigênio dissolvido no líquido, [M/L3}, (p.ex., mg/L)
A Equação (49) pode ser expressa em relação ao volume no qual a transferência de oxigênio
se processa (Equação 50).
N A
K L (CS C L ) (50)
V V
O valor de A é difícil de ser medido em termos práticos, assim, usa-se o termo:
A
a (51)
V
Sendo: a = área interfacial específica, área por unidade de volume, [L2/L3].
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IPH 02058: Tratamento de Água e Esgotos, Capítulo 15: Lodos Ativados Prof. Gino Gehling
Valores típicos de são 0,6 a 1,2 para aeradores mecânicos e 0,4 a 0,8 para ar difuso.
Os valores de variam entre 0,7 a 0,98, sendo o valor de 0,95 usualmente utilizado.
Correção para a concentração de oxigênio dissolvido no tanque de aeração
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IPH 02058: Tratamento de Água e Esgotos, Capítulo 15: Lodos Ativados Prof. Gino Gehling
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IPH 02058: Tratamento de Água e Esgotos, Capítulo 15: Lodos Ativados Prof. Gino Gehling
Exemplo
A eficiência de oxigenação de um aerador mecânico de superfície, obtido em um teste padrão,
é de 1,80 kg O2/kwh. Os coeficientes de correção e são, respectivamente, 0,90 e 0,95. A
concentração de oxigênio dissolvido a ser mantida no tanque de aeração é 1,5 mg/L [CL(esg)].
A temperatura no tanque é de 23C e o coeficiente é 1,024. O requerimento de oxigênio
para o tratamento dos esgotos é de 1950 kg O2/dia. Admita que a altitude seja zero.
Solução
As concentrações de saturação de oxigênio nas temperaturas de 20C e 23C são,
respectivamente, 9,2 mg/L e 8,7 mg/L.
H '
CS fH C'S 1 CS CS , para H = 0 m.
'
9459
Substituindo-se os valores na Equação (64),
N 0,90 1,024 ( 2320) [0,95 8,7 1,5]
0,71
No 9,2
As eficiências de oxigenação para o esgoto e para água limpa deverão ser iguais:
EO(esg) EO(água ) (66)
N No
(67)
P Po
Substituindo-se N = 1950 kg O2/dia e No/P = 1,80 kg O2/kwh na Equação (67), e resolvendo-
se para P, tem-se:
kg O 2 1 1dia
P 1950 45,1 kw
dia kg O 2 24 h
1,80
kw h
HP
P 45,1kw 1,3410 60,5 HP
kw
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IPH 02058: Tratamento de Água e Esgotos, Capítulo 15: Lodos Ativados Prof. Gino Gehling
A potência requerida para os sopradores de ar em sistema de ar difuso pode ser calculado pela
Equação (61) (Metcalf & Eddy, 2003; Jordão e Pessôa, 2011).
M R T0 p 0,283
P ar s 1 (67)
8,41 E pe
sendo: P = potência do compressor, kW;
Mar = massa de ar por unidade de tempo, kg/s
R = constante geral dos gases, 8,314 kJ/kmolK
T0 = temperatura absoluta na entrada do compressor, K
8,41 = constante, kg/kmol
E = eficiência do compressor, 0,70 a 0,80
Pe = pressão absoluta na entrada do compressor, atm
ps = pressão absoluta na saída do compressor, atm
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Von Sperling (1997) sugere o uso da Equação (69) para cálculo da potência requerida por
sopradores de ar.
Qg g di H
P (69)
sendo: P = potência do compressor [kw]
Qg = vazão do gás (ar) [m3/s]
= densidade do líquido [kg/m3]
g = aceleração da gravidade [m/s2]
di = profundidade de imersão dos difusores [m]
H = perda de carga no sistema de distribuição de ar [m]
= eficiência do motor e do soprador
Exemplo:
No exemplo anterior, calcular o número de difusores de bolhas finas requeridos para suprir a
vazão de ar para o sistema de lodos ativados. Considere que a eficiência de transferência de
oxigênio do difusor é 15% e a vazão de ar por difusor é 15 m3/h.
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15.10. NITRIFICAÇÃO
No caso do sistema de lodos ativados com nitrificação, deverão ser considerados os efeitos da
formação de biomassa adicional e requerimento de oxigênio.
Y So Se Q YN NOx Q
Px (71)
1 k d c 1 k dN c
sendo:
YN = coeficiente de produção celular das bactérias nitrificantes [g SSV / g N-NH4+ oxidado];
kdN = coeficiente de decaimento endógeno das bactérias nitrificantes [g SSV destruídos / g
SSV presentes dia];
NOX = concentração de amônia oxidada a nitrato (mg/L).
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IPH 02058: Tratamento de Água e Esgotos, Capítulo 15: Lodos Ativados Prof. Gino Gehling
NH 4 2 O 2 NO3 2 H H 2O (72)
Observa-se que há um consumo de 2 mols de oxigênio (64 g) para cada mol de nitrogênio na
forma de amônia oxidado a nitrato (14 g). Assim, o consumo de oxigênio na nitrificação é:
64 g O2 4,57 g O2
14 g N NH4 g N NH4
Quando considera-se que uma porção do nitrogênio na forma de amônia é usado para síntese
4,33 g O2
celular (e não é oxidado a nitrato), a quantidade de oxigênio é menor, .
g N NH4
Assim, a quantidade de oxigênio requerida é dada pela Equação (73).
Re q O 2 Q So Se 1,42 Px 4,33 Q NOx (73)
Para que ocorra a nitrificação, um maior tempo de detenção celular é necessário, de modo a
permitir o crescimento das bactérias autotróficas.
Lodo recirculado
Excesso de lodo
QR, XR
Qexc, XR
Dados (considerando vazão média de início de plano):
Q0 = 104 L/s
DBO5 afluente = S0 = 310 mg/L
SSV afluente =- X0 = 327 mg/L
A/M = 0,50 kgDBO5aplicada/kgSSVTA.d (NBR 12209/2011)
Θc = 10 dias (NBR 12209/2011)
X = 3000 mg/L (NBR 12209/2011)
kd = 0,05 d-1
Y = 0,45 mgXv/mgDBO
k = 3 mg DBO/mgXv.d
Ks = 25 mgDBO/L
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XR = 8000 mg/L
25mgDBO / L (1 0,05d 1 10 d )
S
10 d (0,45mgXv / mgDBO 3mgDBO / mgXv.d 0,05d 1 ) 1
S 3,125 mgDBO / L
V
0,31d
104 L / s * 86400 s / d *1m3 / 1000 L
V 2485 ,5m³
Razão de recirculação
QR X
r
Q0 XR X
X
r
XR X
3000 mgXv / L
r
8000 mgXv / L 3000 mgXv / L
r 0,60
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Vazão de recirculação
QR
r
Q0
QR
0,6
104 L / s
QR 62,4 L / s
Produção de lodo
Y
PX ( S0 S ) Q
1 kd c
0,45mgXv / mgDBO
PX (310 mgDBO / L 3,12 mgDBO / L) 104 L / s * 86400 s / d
1 0,05d 1 10 d
PX 827 ,25kg / d
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25mgDBO / L (1 0,05d 1 10 d )
S
10 d (0,45mgXv / mgDBO 3mgDBO / mgXv.d 0,05d 1 ) 1
S 3,125 mgDBO / L
V
0,31d
130 L / s * 86400 s / d *1m3 / 1000 L
V 3481,92m³
Razão de recirculação
QR X
r
Q0 XR X
X
r
XR X
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3000 mgXv / L
r
8000 mgXv / L 3000 mgXv / L
r 0,60
Vazão de recirculação
QR
r
Q0
QR
0,6
130 L / s
QR 78 L / s
Produção de lodo
Y
PX ( S0 S ) Q
1 kd c
0,45mgXv / mgDBO
PX (310 mgDBO / L 3,12 mgDBO / L) 130 L / s * 86400 s / d
1 0,05d 1 10 d
PX 1034 ,06kg / d
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
METCALF & EDDY, INC. Wastewater engineering: treatment and reuse. 4rd ed. New
York: McGraw-Hill, 2003. 1819 p.
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