Professional Documents
Culture Documents
A Lavoura DEZEMBRO/2011 3
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA · Fundada em 16 de janeiro de 1897 · Reconhecida de Utilidade Pública pela Lei nº 3.459 de 16/10/1918
Av. General Justo, 171 - 7º andar · Tel. (21) 3231-6350 · Fax: (21) 2240-4189 · Caixa Postal 1245 · CEP 20021-130 · Rio de Janeiro - Brasil e-mail:
sna@sna.agr.br · http://www.sna.agr.br
ESCOLA WENCESLÁO BELLO / FAGRAM · Av. Brasil, 9727 - Penha CEP: 21030-000 - Rio de Janeiro / RJ · Tel. (21) 3977-9979
4 DEZEMBRO/2011 A Lavoura
A Lavoura DEZEMBRO/2011 5
DANIELLE MEDEIROS
instituição assina acordo
com a Organização das
Cooperativas Brasileiras
6 DEZEMBRO/2011 A Lavoura
Joel Naegele (vice-presidente da SNA), Márcio Lopes de Freitas (presidente da OCB-Nacional), Antonio Alvarenga (pres. SNA),
Marcos Diaz (presidente da OCB-RJ), Cesário Ramalho (presidente da SRB), Renato Nobile (superintendente da OCB-Brasília) e
Jorge Barros (superintendente do Sescoop-RJ) comemoram a parceria SNA/OCB
A Lavoura DEZEMBRO/2011 7
DANIELLE MEDEIROS
veu, no dia 6 de outubro, a festa de lan-
çamento de sua nova publicação, Animal
Business Brasil.
Participaram do evento, no auditório da
SNA, mais de 80 pessoas, entre membros da
diretoria, lideranças empresariais, autoridades
e representantes do setor agropecuário.
Na ocasião, o presidente da Sociedade Na-
cional de Agricultura, Antonio Alvarenga, dis-
se que, apesar da notável liderança do Brasil
como maior exportador de carne bovina e de
frango do mundo, é preciso avançar mais em
termos de produtividade. “Nos últimos anos ti-
vemos grandes progressos nos setores de grãos
e cana de açúcar. Agora é preciso cuidar do au-
mento da produtividade de nossa pecuária”. Embaixador Flávio Perri, Antonio Alvarenga (presidente da SNA), Roberto Paulo Cézar de
Alvarenga ressaltou ainda a importância da Andrade, membro da Academia Nacional de Agricultura, e o ex-deputado Márcio Fortes
tecnologia para o desenvolvimento da pecuá-
DANIELLE MEDEIROS
8 DEZEMBRO/2011 A Lavoura
Zootecnia, Christianne Perali, lembrou a história da FAGRAM e chamou a atenção para os deveres a atitudes dos novos
profissionais. “Apesar de ser a última turma, a responsabilidade de cada um dos zootecnistas formados nesta data e nas
turmas anteriores está centrada na produção com ética e responsabilidade ambiental e social”. A professora recomendou
aos formados que se dediquem constantemente ao aprimoramento profissional e trabalhem com afinco para atingir seu
sucesso.
Os demais professores agradeceram ao período de convivência com os alunos e as experiências trocadas em sala de
aula, e manifestaram pesar pelo fim do curso.
Colaram grau, durante a cerimônia, os alunos Leonardo Gonçalves, Flávio Bindi, Amanda Arêa, Ildecir Sias, Ellen Simas,
Gustavo Mattozinhos da Rosa, Eruana Santos, Marcos Nalin, Marcos Provetti e Mário Tremura.
Estiveram presentes à mesa o professor Olavo David Filho, Christianne Perali, Antonio Alvarenga, Dione Firmino (paraninfa),
professor Markus Budjinsky e Marcos Aronovich.
A Lavoura DEZEMBRO/2011 9
10 DEZEMBRO/2011 A Lavoura
ESALQ/USP
transferência de renda
do agronegócio para
outros setores da
economia
O agronegócio brasileiro, nos últimos 15 anos, aumentou
sua produção e cresceu mais do que o PIB do País, permi-
tindo que se expandissem o consumo interno e a exportação de
seus produtos. Analisando esse contexto, uma pesquisa desen-
volvida no programa de Pós-graduação em Economia Aplicada,
da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ/USP),
observou o papel do agronegócio no processo de transferência
de renda para os demais setores da economia doméstica e tam- Setor pecuarista: queda de preços devido ao aumento da produção
bém para o mercado externo.
De autoria de Adriana Ferreira Silva e orientação do pro-
fessor Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros, do Departamento setor teve participação relevante nesta trajetória”, explica
de Economia, Administração e Sociologia (LES), o estudo Adriana.
intitulado “Transferências Interna e Externa de Renda do Agro- Setor pecuarista
negócio Brasileiro” apontou que a redução da concentração Segundo a pesquisadora, devido à queda de preços dos pro-
de renda e da pobreza no Brasil também teve suas raízes no dutos agropecuários, a sociedade absorveu, entre os anos de
agronegócio. “Ao assumir posição estratégica para o contro- 1995 a 2009, uma renda de R$ 837 bilhões do agronegócio, prin-
le da inflação e geração de divisas no comércio exterior, esse cipalmente do setor pecuarista, e dos segmento primário e in-
12 DEZEMBRO/2011 A Lavoura
EDUARDO PINHO
aumento da produção, gerado pela aquisição de novas tecnolo-
gias. Isso significa que a renda perdida pelo agronegócio não Milho BRS
afetou sua sustentação. Além disso, o fato da produção apre-
sentar crescimento nesse cenário é um indicador de que as
quedas de preço não representaram perda total da rentabilida-
Caatingueiro
de das novas tecnologias”, afirma.
Adriana expõe ainda outro motivo para a queda dos pre-
melhora a produção
ços no País: o avanço da tecnologia e o aumento da produ-
ção em escala internacional. “Aliados ao protecionismo dos
países mais desenvolvidos, eles geraram uma baixa dos pre-
no Semiárido
ços em grandes proporções. Ou seja, o desempenho do Bra-
sil não se deu de forma isolada, ele apenas ajustou seus cus-
tos ao movimento dos demais países”, explica. O trabalho
conclui que a redução dos preços reais dos produtos agrope-
cuários foi fator primordial na capacidade do poder aquisiti-
vo dos consumidores, em especial, para as famílias de baixa
renda - nas quais grande parcela da renda é despendida em
alimentos. Por outro lado, há que se garantir que os preços
pagos aos produtores remunerem seus esforços, para que
desestímulos à produção de alimentos não surjam e no futu-
ro ocasionem uma redução da oferta e consequente eleva-
ção dos preços.
Esta pesquisa de Adriana Ferreira Silva ganhou o Prêmio
Edson Potsch Magalhães de melhor tese em economia rural,
durante a realização do 49º Congresso da Sociedade Brasi-
leira de Economia, Administração e Sociologia Rural (SOBER),
realizado em julho.
ANA CAROLINA MIOTTO - ESALQ/USP BRS Caatingueiro: superprecoce
A Lavoura DEZEMBRO/2011 13
Vinhos, tradição
e modernidade
A NTONIO A LVARENGA
CRISTINA BARAN
CRISTINA BARAN
comercialização, incluindo toda a Châteauneuf-du-Pape recebe 100
complicada logística envolvida no pro- pontos.
cesso e o marketing dos produtos. O “Assemblage”
ambiente é bastante informal, mas Um dos principais segredos de um
tudo funciona perfeitamente. Aqui bom vinho é o “assemblage”, ou seja,
vale nosso ditado: “o olho do dono é o percentual de cada tipo de uva em
que engorda o gado”. Atento a tudo sua composição final. Esse “assem-
CRISTINA BARAN
A Lavoura DEZEMBRO/2011 17
16 DEZEMBRO/2011 A Lavoura
e forte, que chega a atingir 100 km/ zados 30% de mourvedre, 30% de
hora. Todos estes componentes – in- grenache, 10% de syrah, e 5% de
clusive as diferenças entre altas e muscardin, vaccarese e cinsault
baixas temperaturas – se combinam cada. O restante é composto de pe-
e se complementam pa-ra dar às vi- quenas quantidades de sete outras
nhas de Beaucastel excepcionais qua- variedades permitidas em Château-
lidades e originalidade neuf-du-Pape, que proporcionam uma
reconhecidas mundial- complexidade graciosa que fazem o
PERRIN ET FILS
mente. Château de Beaucastel ser um vinho
A propriedade cobre extraordinário.
um total de 130 hecta- O período de colheita é fundamen-
res, dos quais apenas tal, porque as uvas são colhidas e vi-
100 hectares são planta- nificadas separadamente, permitin-
dos com vinhas: 75% do-lhes expressar suas próprias per-
são dedicados à produ- sonalidades no produto final.
ção do Châteauneuf-du- A colheita e a classificação são
Pape – Chateau de Beau- manuais. As peles das uvas são aque-
castel, e 25% para produ- cidas rapidamente para 80°C e, em
ção do Côtes-du-Rhone seguida, resfriado a 20°C antes de le-
denominado Coudoulet var os cachos para cubas de
de Beaucastel. Os res- maceração onde ficam durante 12
tantes 30 hectares, são dias. O suco é, então, drenado.
utilizados na rotação de A partir do método de aquecimen-
culturas para preparar to flash, Beaucastel Rouge segue uma
Produção do vinho Château de Beaucastel: novos plantios de vinha, vinificação mais ou menos clássica. A
maturação, envelhecimento e guarda... porque, a cada ano, um maioria das variedades são fermen-
ou dois hectares de vi- tadas separadamente. O vinho jo-
nhas velhas são desati- vem, em seguida, amadurece em
Nature. Desde 1962, os vinhedos de vadas e uma área equivalente é barricas de carvalho por cerca de 12
Château de Beaucastel produzem replantada em terreno onde não hou- meses. As castas das uvas - vinifi-
vinhos orgânicos. ve produção dura*nte, pelo menos, cadas separadamente - são mistura-
Há vinhos produzidos a partir de dez anos. Desde 1962 o cultivo dos das após a fermentação e uma série
vinhas antigas, algumas com 90 vinhedos de Beaucastel é orgânico. de degustações. O vinho resultante é
anos. Em determinados anos, depen- Château de Beaucastel tinto então amadurecido por um ano em
dendo da característica da safra, são O vinho é resultado de 13 varie- grandes barricas de carvalho e depois
produzidos alguns vinhos especiais, dades de uvas. As videiras têm em engarrafado. Finalmente, o vinho é
como é o caso do “Hommage à média 50 anos e o rendimento é de, maturado em garrafas e guardado
Jacques Perrin”, que também já re- no máximo, 30 hectolitros por hecta- nas caves Beaucastel por mais um
cebeu a pontuação máxima do críti- re. Essa é uma vinha saudável e vi- ano antes de ser colocado à venda.
co Robert Parker. brante, devido a anos de cultivo Château de Beaucastel branco
A produção total das propriedades orgânico. Na produção do vinho tin- Os vinhos brancos do Château de
da família Perrin é de 10 milhões de to Château de Beaucastel, são utili- Beaucastel estão entre os melhores
garrafas por ano, sendo 500 mil gar-
rafas do Châteauneuf-du-Pape.
PERRIN ET FILS
Galets
No Château de Beaucastel, o mé-
todo de produção é tradicional: co-
lheita manual e sistemas artesanais
de prensagem, maturação, envelhe-
cimento, engarrafamento e guarda
em barris de carvalho.
O terreno em Beaucastel – entre
as cidades de Avignon e Orange - é
marcado pela presença de um gran-
de número de pedras arredondadas,
conhecido como “galets” Estes
“galets” retêm o calor do dia e aque-
cem as videiras durante a noite. O
clima tem um papel importante: bai-
xa precipitação, o vento Mistral, seco
PERRIN ET FILS
Engarrafamento do vinho rosé “La Vieille Ferme” (detalhe), da Perrin et Fils
BARAN
CRISTINA
FILS
ET
PERRIN
18 DEZEMBRO/2011 A Lavoura
Os vinhos franceses
A França é referência mundial na produção de vinhos. É
lá que se produz os mais famosos vinhos do mun-
do e a maior variedade de vinhos de alta qualidade.
A vinicultura existe na França há mais de 2.000
anos. A partir de 1905, o governo começou a controlar
e regulamentar a produção do vinho no país. Em 1935
foi criado o Institut National des Appellations d’Origine
(INAO), que fiscaliza toda a produção de vinhos na
França.
Cada região produtora tem sua própria regulamen-
CRISTINA BARAN
tação e classificações diversas. As principais regiões
produtoras são Bordeaux, Borgonha, Champagne,
Alsácia, Rhone e Loire.
São cerca de 110 mil vinhedos espalhados pelo país,
com os “terroirs” mais diversos, nas mãos de cerca
de 69 mil produtores/negociantes e cooperativas. Só
em Bordeaux, são mais de 7.000 châteaus e cerca de Vinhos produzidos na Provence, França, pela Perrin et Fils
13.000 vinhedos.
A legislação é rigorosa no controle da produção dos
vinhos, sendo os vinhos classificados conforme sua VDQS, vinho delimitado de qualidade superior
qualidade: Na teoria, um degrau antes de um vinho ou região
“Vin de Table”, ou vinho de mesa alcançar o nível AOC, ficando situado entre esta clas-
sificação e o “Vin de Pays”. Corresponde a aproxima-
São vinhos básicos, simples e mais baratos. É o damente 2% do total da produção.
vinho produzido pelas comunidades onde, mais ou me-
nos, se faz o que quer. Representam cerca de 17% do “Vin d’Appellation d’Origine Contrôlée” - AOC
vinho produzido na França e é, quase que totalmente, (Vinho de Denominação de Origem Controlada)
consumido localmente. A região de origem não é men- Nesta categoria estão os grandes vinhos franceses.
cionada no rótulo. As normas de produção são estabelecidas pelo Institut
“Vin de Pays” ou vinho regional National des Appellations d’Origine (INAO). A AOC pos-
sui regras rígidas de controle e fiscalização, determinando
São vinhos regionais em que as regras de produ- desde as uvas que podem, ou não, ser produzidas na re-
ção são menos rígidas do que nas AOC, especialmen- gião, procedimentos de controle do vinhedo, uvas que
te no que se refere às cepas de uvas que podem ser
podem ser usadas na elaboração dos vinhos, porcentuais
usadas. Existe uma maior liberdade e é aqui que os dos cortes, teores de álcool, etc. Daqui saem a grande
produtores deixam fluir sua criatividade e experimen- maioria dos grandes vinhos da França. São mais de 450
tação na busca de novos vinhos. Apesar de existir muito
diferentes AOC espalhadas por todas as regiões produ-
vinho de baixa qualidade, pode-se encontrar bons pro- toras, respondendo por cerca de 50% da produção nacio-
dutos com esta denominação. Correspondem a cerca nal. A denominação é estampada no rótulo e pode ser
de 30% da produção total.
usada sozinha, ou em conjunto com o nome da região.
A Lavoura DEZEMBRO/2011 19
Châteauneuf-du-Pape
produz vinhos de fama mundial
CRISTINA BARAN
20 DEZEMBRO/2011 A Lavoura
O
setor agropecuário é uma das molas propulsoras da
economia brasileira. Respondendo por quase 1/3 do
nosso PIB (Produto Interno Bruto), compete de igual
para igual com o setor automobilístico e, mais recentemente,
com os empreendimentos imobiliários. Somente nos primeiros
três meses de 2011, a agricultura foi responsável pelo aumen-
to de 1,3% do PIB, e o algodão foi uma das culturas que mais
contribuíram para esta ampliação.
A indústria nacional consome 1 milhão de toneladas/ano de
pluma, e nos primeiros 5 meses de 2011 as vendas estiveram
concentradas basicamente nesse mercado. A safra 2010/2011,
que já começou a ser colhida, deverá abastecer o mercado
externo, prevendo-se novos recordes de exportação, cujo vo-
lume de 2010 esteve próximo de meio milhão de toneladas.
Os números relativos à exportação fizeram com que o Bra-
sil ganhasse destaque entre os outros países que cultivam a
fibra, como China, Índia, Estados Unidos e Paquistão. E tam-
bém está impulsionando os produtores brasileiros no sentido Com melhoramento genético e maquinário adequado, a área
de fomentar a atuação comercial em Hong Kong e Cingapura, cultivada no Brasil aumentou 66% em 2011
que integram os Tigres Asiáticos. As expectativas são grandes
em relação a esses dois países, e os números a serem alcança-
dos giram em torno de 60 mil toneladas. É mais um grande passo setor industrial, como o desenvolvimento de maquinários agrí-
para os agricultores brasileiros, pois o horizonte continua pro- colas e novas tecnologias, os quais, se agregados corretamen-
missor, haja visto o crescimento de 66% da área plantada, re- te, contribuem para que o processo de colheita e industrializa-
sultando numa safra 74% maior do que a do ano passado, se- ção sejam aperfeiçoados, tanto para o grande, como para o
gundo dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e médio e para pequeno produtor do algodão.
Estatística (IBGE). Diante destes dois exemplos - esforços em pesquisa e
Esforços em pesquisas avanços da indústria - fica evidente como a fibra é impor-
Este espaço alcançado no cenário nacional e internacional tante para o cenário interno, pois faz com que corporações
corresponde a uma série de esforços em pesquisas. Vale res- de diversos setores participem do processo e comecem a se
saltar ações de entidades como a Embrapa Algodão, os desenvolver também. Evidentemente estas ações são tam-
Institutos Agronômicos de Campinas e do Paraná, o Instituto bém positivas para a geração empregos, seja no campo ou
Mato-Grossense do Algodão, a Fundação de Apoio a Pesquisa e na cidade.
Desenvolvimento do Oeste Baiano e a Fundação Goiás, Cabe-nos refletir como o avanço positivo da cultura algo-
entre outras, que colaboram para o aperfeiçoamento genético dão não se trata de uma ação isolada e que também
da fibra, do cultivo e do controle de pragas, assim como para a não traz frutos e méritos somente para o setor produtivo do
seleção de plantas mais resistentes a doenças. Todas estas ações algodão. Há o envolvimento de toda uma cadeia de empresas e,
se configuram como colaborações relevantes para o produtor portanto, eles são partilhados. E para o crescimento ininter-
de algodão, o qual passa a receber orientações e diretrizes que rupto é preciso que haja continuidade do fortalecimento
culminam na rentabilidade dos negócios. dessa cadeia, seja com pesquisas ou estudos, ou com a ge-
Além destes estímulos ou contribuições das pesquisas para ração de novos negócios, pois isto fará com que o Brasil te-
o progresso do setor, destacamos importantes avanços no nha destaque sempre.
A Lavoura DEZEMBRO/2011 21
DIVULGAÇÃO / SRB
22 DEZEMBRO/2011 A Lavoura
DIVULGAÇÃO / SRB
Entre os sucos, o de maçã, produ- A guerra de preços e o marketing
zido em larga escala na Polônia e na Chi- agressivo parecem ter contribuído para
na, é o principal concorrente da laran- a aceleração do “envelhecimento” do
ja. São os dois “sucos base” utilizados suco de laranja puro, concentrado ou
para misturas. Na lógica de mercado, o não, que vai sendo ultrapassado por uma
que estiver mais barato terá preferên- série impressionante de bebidas de
cia no mix. No momento, o suco de maçã baixíssimo teor de suco, embaladas em
vem acompanhando a alta da laranja. frascos coloridos, sem clareza a respei-
Aliás, nos últimos 5 anos, a alta de pre- to das características do conteúdo ou
ços das frutas em geral tem deixado os de sua origem e que atendem a um pú-
engarrafadores e supermercados sem blico sem muita condição de avaliação
muita referência de preço. Desta for- crítica sobre o que está bebendo como,
ma, os contratos de fornecimento fe- por exemplo, o kit lanche (pequenas em-
chados têm sido de curto prazo, um ano. balagens) vendido e promovido em su-
Do ponto de vista da distribuição, permercados ingleses.
os engarrafadores têm sofrido forte Como se negocia – O suco não é
pressão das grandes cadeias varejis- armazenado pela indústria nacional na
tas/supermercados que vendem cada Europa, apenas nas fábricas no Brasil,
vez mais produtos com marca própria segundo as conversas na ocasião. Há
em vez de comercializarem as marcas uma estocagem mínima e breve para
tradicionais que receberam anos e mi- distribuição aos engarrafadores.
lhões de investimentos em logística e Quando os preços estão altos,
marketing. Os produtos de marca pró- como no momento, US$ 2.700,00/ t, o
pria dos supermercados vendem-se em comprador adquire em contratos de
giro rápido a preços inferiores aos das curto prazo, “da mão para a boca”,
marcas dos engarrafadores. Com as com preços fixos, nunca renegociáveis.
margens caindo, os engarrafadores Quando há queda muito expressiva de
substituem seus produtos adaptando- preço, maior do que US$ 200,00/t,
os para não perder mercado. ocorre do comprador suspender a com-
O que se observa, na ponta do con- “O consumo de bebidas cresce, mas com a substituição pra de longo prazo, no que é, em geral,
sumo, portanto, são duas guerras: uma pelos energéticos e isotônicos, que vendem quase 17 atendido pela indústria que procura
bilhões de litros/ano”, ressalta Crocco
de preços e promoções em que o renegociar a entrega mais à frente.
engarrafador tem de reduzir constan- As grandes cadeias varejistas, por
temente suas margens para manter mercado e vendas de orgânicos ou produtos com apelo de sua vez, negociam volumes certos de entrega.
não inviabilizar seu próprio negócio; outra en- sustentabilidade. Não há identificação de ori- Se os preços estão altos elas reduzem ou suspen-
tre as bebidas mix, que levam cada vez mais gem. No máximo vê-se estampado um “suco tipo dem as compras, colocando outras bebidas nas
água e outras frutas na composição. Essas guer- Florida”, por exemplo. Neste quesito, muitos prateleiras. Os engarrafadores, por seu turno,
ras são alimentadas pelas barreiras psicológi- engarrafadores veem como positivo o apelo de estão obrigados a suspender, também, suas com-
cas de preço que imperam entre os consumido- origem brasileira como tática de marketing. pras, fazendo com que a indústria a estoque ou
res finais. Entre a infinidade de produtos que Para os intermediários europeus importa baixe preços. Os movimentos dos varejistas e
pretendem atender a este consumidor sensível que haja um bom relacionamento ao longo da dos engarrafadores são sentidos durante a sa-
ao preço estão muitos cuja composição apre- cadeia produtiva, mas os efeitos da concentra- fra no Brasil, principalmente quando eles pedem
senta até 2% de suco natural. ção sobre os produtores não são considerados um suco com característica especial como mai-
Os novos mercados – O consumo de suco por eles quando se mencionou o alto grau de con- or ou menor acidez.Ao negociar suas compras,
de laranja no Leste Europeu ainda é muito bai- centração de poder econômico das indústrias todos os engarrafadores dizem consultar os pre-
xo e vem sendo afetado pela crise econômica. produtoras de suco e seu impacto sobre os elos ços das quatro grandes indústrias, sem usar qual-
Na China o consumo é crescente, mas o que estão do lado de dentro da porteira. quer outra referência, alegando, ainda, que não
carro chefe na preferência do consumidor é o A visão dos engarrafadores europeus – há correlação entre os preços da Bolsa em Nova
“Pulpy”, com baixíssimo teor de suco embora A visita de produtores, considerada muito posi- York e o que se pratica na Europa, posto que a
com grande quantidade de polpa. Este produto tiva por todos, reforçou a noção de que a alta Bolsa carrega preços afetados por especuladores
é destaque da Coca Cola no país asiático, onde dos preços do suco nos últimos anos é estrutu- e grandes investidores, tais como fundos de pen-
foi lançado em 2005, e foi responsável por fa- ral. A notícia de que aqueles, nas propriedades são, que distorcem o mercado.
zer do Minute Maid Pulpy o terceiro braço de rurais, têm sofrido fortes pressões de custos, Por fim, a questão formulada com intenção
US$ 1 bilhão da companhia. Em todo caso, o não se configurou novidade para os de ajudar na elaboração do CONSECITRUS: os
baixo uso de suco na fórmula produz pouco im- engarrafadores que já há cinco anos sentem a engarrafadores estariam dispostos a criar um
pacto nas exportações brasileiras. No Japão, o pressão, não só da laranja, mas das frutas em índice em que, preservando a identidade das
consumo está estagnado há anos e já foi alcan- geral. Tal fato é atribuído a um conjunto de pro- partes, seriam abertos os valores negociados
çado pelos chineses (80 mil ton/ano). blemas cambiais, fitossanitários e climáticos. em suas compras de suco? A resposta foi nega-
As novas tendências mercadológicas – O consumidor não está disposto, contudo, tiva em face de limitações empresariais e legais
Os operadores do mercado parecem conserva- a pagar preços altos e tem um constante inte- para a divulgação destes dados, por causa do
dores e tradicionais no que diz respeito à influ- resse por novidades. O comprador tradicional risco de alterar de modo significativo o funcio-
ência das tendências e das grandes causas am- de suco FCOJ vem substituindo suas compras namento do mercado.
bientais e sociais sobre o consumo de suco de por NFC, experimentando, aos poucos, as mar- ***Fonte: Markestrat a partir de Tetra Pak e
laranja: fundamental é o preço! cas próprias dos varejistas, cujos preços são Euromonitor
Ninguém parece apostar no incremento das mais baixos e impõem margens de ganho meno-
A Lavoura DEZEMBRO/2011 23
SILVIA PALHARES/SRB
O presidente da SRB, Cesário Ramalho (esq) recebe o ministro da Agricultura
Mendes Ribeiro
24 DEZEMBRO/2011 A Lavoura
Um futuro sombrio
O notável sucesso do agronegócio brasileiro pode ser Bacia do Amazonas .............................. 88%
comprovado por ter sido capaz de suprir as necessidades Bacia do Tocantins ................................ 83%
alimentares decorrentes do acréscimo da população na- Bacia do Paraguai ................................ 68%
cional havido nos últimos 60 anos, da ordem de 140 mi- Bacia do Paraná .................................... 80%
lhões de pessoas, além de permitir ao País tornar-se atu- Bacia do Parnaíba ................................ 69%
almente um grande exportador de alimentos. Grãos e Bacia do S. Francisco ........................... 73%
carnes, juntamente com minérios, formam hoje a maior Outros rios da Região Sul .................... 95%
parte da base de nossa receita de exportação, a ser pro-
vavelmente reforçada dentro de algum tempo pelo petró- Embora se reconheça que o estudo é apenas uma pri-
leo do pré-sal. Grande parte da indústria brasileira, em meira abordagem do tema, constata-se que todas as baci-
especial a de manufaturados, tornou-se pouco ou não com- as pesquisadas evidenciam tendência para diminuição de
petitiva, prejudicada que foi pelas exportações agressivas fluxo, decorrente de redução das precipitações e do aumen-
dos países asiáticos, notadamente a China, nos quais o to da evapotranspiração, acentuada esta pela maior tem-
baixo custo da mão-de-obra os torna imbatíveis, peratura do planeta. Serão especialmente afetadas as ba-
vulnerabilidade essa à qual se acrescem a vigência de cias do Nordeste e do Centro-oeste, enquanto as do Sul
nossa legislação trabalhista e tributária complexa e ul- sofrerão menor alteração. No período seguinte, de 2041-
trapassada, a carência crônica de vias de transporte mo- 2100, as previsões ainda mais se agravam; na bacia do S.
dernas e eficientes, e todos os demais problemas do “cus- Francisco, por exemplo, no final do Século, o fluxo poderá
to Brasil”. reduzir-se para 43%, passando toda a região a ter clima
Assim, tudo leva a crer que, embora seja indesejável, semiárido. Assim, vale ponderar sobre as consequênci-
nossa receita de moedas estrangeiras continuará por lon- as para os cultivos irrigados ao longo do rio e para o
go tempo baseada na exportação de produtos primários, polêmico e caríssimo Projeto de Transposição, hoje em
com destaque naqueles derivados do labor nos campos. E andamento.
isto dependerá de forma crucial dos impactos das mudan- Claro está que as reduções de fluxo não serão rigida-
ças climáticas e de sua evolução. mente proporcionais a menores índices de precipitação
Os cenários futuros das alterações de clima já em cur- hídrica posto que, com o aumento de temperatura e, con-
so ainda são precários, mas mesmo assim precisam ser sequentemente, incremento da evapotranspiração, em al-
considerados com muito cuidado pelos agricultores e guns casos poderá haver diminuição de fluxo de alguns rios
pecuaristas, e o que já se pode prever justifica graves pre- mesmo sem haver redução de chuvas. Há também a reco-
ocupações. nhecer que as previsões se baseiam em modelos matemá-
Estudo elaborado em 2008 – e revisto em 2009 – por ticos e que estes são passíveis de alterações e de aperfei-
equipe da Fundação Brasileira para o Desenvolvimen- çoamento, afetando as previsões. Uma das recomendações
to Sustentável (FBDS), denominado Economia das do estudo é justamente que futuras versões sejam
Mudanças Climáticas no Brasil – Estimativas das efetuadas, mediante constante aperfeiçoamento desses
Ofertas de Recursos Hídricos no Brasil em Cenários modelos.
Futuros de Clima 2015-2100, com base em dados con- Contudo, mesmo com tantas incertezas, seria pruden-
tidos em 15 diferentes cenários, levou a conclusões te levar em conta que, em decorrência das mudanças cli-
merecedoras de considerações com profunda serieda- máticas, cuja realidade já não mais pode ser negada, há
de. Ele é longo e complicado, mas adiante menciona- clara tendência de agravamento das condições hídricas no
se parte de seus resultados e recomendações. Uma das País e, por óbvio, as atividades agrícolas deverão preparar-
mais significativas dessas conclusões diz respeito à se para uma provável redução da disponibilidade de água.
variação do fluxo das principais bacias hidrográficas Nesta oportunidade, lembre-se que, justamente quan-
do País, intimamente ligado às variações de precipi- do esse cenário sombrio se vislumbra, as alterações propos-
tações hídricas. tas no novo Código Florestal favorecem redução de flores-
Considerando como base de referência (100%) as tas, indispensáveis para a alimentação das bacias e dos
médias dos fluxos das diferentes bacias no período de aquíferos.
1961-1990, abaixo são indicados os respectivos futu-
ros valores percentuais previstos para o período 2011- Ibsen de Gusmão Câmara
2040: Presidente
A Lavoura DEZEMBRO/2011 25
26 DEZEMBRO/2011 A Lavoura
Marinho Motu Motiro Hiva (2010, Chile, 150.000 km2). Aumenta a quantidade de carbono na
Encontram-se propostas ou em planejamento: Reserva atmosfera
Marinha da Comunidade Britânica Comer Sudoeste (Pro-
No decorrer de 2010, o carbono atmosférico originado pe-
posta para 2011, Austrália, 322.000 km2), Área Marinha
las atividades humanas alcançou o nível recorde de 30,6 bilhões
Protegida das Ilhas Cook (1.000.000 km2) e Área Marinha
de toneladas, de acordo com estimativas divulgadas pela
Protegida em águas internacionais no Mar de Sargaços
Agência Internacional de Energia, em maio último. Esse to-
(? 5.000.000 km2).
tal é superior em 5% ao recorde anterior, estabelecido em
À vista desses exemplos, quando o Brasil, que se com-
2008. Em 2009, devido à crise econômica mundial, havia ocor-
prometeu internacionalmente a proteger 10% de suas águas
rido uma pequena queda .
jurisdicionais, vai envolver-se nesse esforço de proteger a vida
Verifica-se portanto que, apesar das repetidas advertências e
marinha?
conferências internacionais sobre aquecimento global, a economia
Fonte:Science 11-03-20 e MPA News
mundial continua desprezando-as e aumentando as emissões de
As florestas do mundo CO2, o mais importante gás do efeito estufa. A situação asseme-
lha-se à de um carro que, aproximando-se de um precipício, con-
Levantamento realizado pela FAO em 2010, abrangendo
tinuasse a acelerar o motor ao invés de usar os freios.
233 países , indicou que existem no mundo um pouco mais de
Outros dados podem ser obtidos no endereço eletrônico
quatro bilhões de hectares de florestas, representando cerca
go.nature.com/rtgd7f.
de 30% das terras do planeta, o que corresponde a aproxima-
damente 0,6 hectares por habitante humano. Rússia, Brasil, A importância dos insetos
Estados Unidos da América, Canadá e China possuem mais Segundo informação divulgada pelas Nações Unidas e
de metade da área total de florestas. publicada na edição de 18-03-2011 da revista Science, a con-
Embora 30% das terras do planeta seja uma extensão con- tribuição dos insetos para a produção anual de alimentos,
siderável, é necessário levar em conta que a FAO define como consequente de sua ação como polinizadores, corresponde a 153
floresta quaisquer terras abrangendo mais de meio hectare, bilhões de euros. O informe decorreu de um estudo em que se
dotadas de vegetação com altura superior a cinco metros e uma examinou o fenômeno de diminuição das abelhas em muitas
cobertura de copa superior a dez por cento, ou de árvores com regiões do mundo e suas conseqüências para a agricultura. Não
capacidade de atingir esta altura in situ. Assim, plantações foram indicados os parâmetros utilizados para chegar-se a tal
homogêneas de árvores para fins comerciais podem ser inclu- montante.
ídas na área total de florestas indicadas acima. Embora elas Essa notícia faz lembrar que as diferentes espécies de abe-
contribuam com a efetivação de alguns serviços ambientais lhas nativas sem ferrão, existentes nos nossos ambientes na-
prestados pelas florestas naturais, pouco significam em termos turais, estão em processo de acentuada redução em muitas
de preservação da diversidade biológica. regiões em virtude do desmatamento. Se outras razões não
Fonte: FAO, 2010. Global Forest Resources Assessment. Forestry Paper 163. houvesse, isto bastaria para justificar a preservação de áreas
com vegetação nativa próximas aos cultivos.
Pesca destrutiva
Segundo constatou um estudo patrocinado pela prestigio- Como se distribui a energia usada pelo
sa Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS, em homem
inglês), a pesca desordenada não apenas dizimou as popula- Em 2008, a energia total usada pelo homem para todos os
ções de várias espécies, tais como bacalhaus e atuns, mas tam- fins derivou de fontes muito díspares. A queima de combustí-
bém alterou drasticamente a constituição da biomassa nos veis fósseis correspondeu, em conjunto, a 85,1%, distribuídos
oceanos do mundo. da seguinte forma: petróleo – 34.6%, carvão - 28,4% e gás –
Uma equipe da Universidade da Colúmbia Britânica, do 22,1%. A energia nuclear contribuiu com apenas 2,0% e aque-
Canadá, analisou os modelos matemáticos de mais de 200 las ditas renováveis, com 12,9%. No entanto, se excluirmos
cadeias alimentares marinhas em torno do mundo, abrangendo destas o uso tradicional de biomassa (6,3%), as demais formas
o período de 1880 a 2007, avaliou a distribuição de biomassa de energia renovável ficariam com apenas 6,6% do total, as-
nesses ecossistemas e extrapolou os resultados para todos os sim repartidas: biomassa não tradicional – 3,9%,
oceanos. O resultado evidenciou dados alarmantes: a biomassa hidroeletricidade – 2,3%, energia eólica – 0,2%, energia solar
total de peixes predadores – como, dentre outros, os atuns - e geotérmica – cada uma com 0,1%, e energia oceânica –
despencou em mais de dois terços nos últimos cem anos, sen- 0,002%.
do que 40% somente desde a década dos anos 70, enquanto que Esses números mostram que os combustíveis fósseis – res-
a biomassa de suas presas, tais como sardinhas e afins, aumen- ponsáveis pela maior parte do efeito estufa - geraram mais de
tou globalmente cerca de 130%, a despeito de reduções regio- quatro quintos da energia total utilizada em 2008 e, assim,
nais. evidenciam a enorme dificuldade para serem substituídas, em
A conclusão é que hoje temos um oceano diferente, no qual curto prazo, as fontes produtoras do carbono atmosférico. No
o desequilíbrio nas cadeias alimentares não é saudável nem que pesem as ameaças do aquecimento global, em todos os
sustentável. Mesmo que novos procedimentos de pesca susten- cenários imaginados como viáveis os combustíveis fósseis con-
tável sejam adotados mundialmente – algo improvável – não tinuarão a ter um papel importante nas próximas décadas, a
poderemos prever quais serão as futuras condições de equilí- não ser que se reduza substancialmente o uso de energia, o que
brio a serem atingidas com a evolução dos ecossistemas hoje levaria nosso tipo de civilização ao colapso.
afetados. Qual, então, poderá ser a saída?
Fonte: Science, 25-02-2011 Fonte dos dados numéricos: Nature 12-05-2011
A Lavoura DEZEMBRO/2011 27
Geologistas debatem se devemos criar A Usina de Tapajara, prevista no PAC, dependia da alte-
uma nova época para marcar a atuação ração dos limites do P.N. Campos Amazônicos, e está prevista
humana no planeta para gerar 350 megawatts. O Parque perdeu 340 km2, mas foi
compensado por um aumento de 1.500 km2. O P.N. da Amazô-
O tempo geológico é dividido em eóns, eras, períodos e
nia e o P.N. Mapinguari perderam respectivamente 70 km2 e
épocas, separadas por fatos geológicos ou biológicos que as
280 km2, com a justificativa de que antes haviam recebido
distinguem e deixam marcas nos sedimentos. Desde 11.700
ampliações.
anos atrás, quando se convencionou o fim da última
Embora, no caso, as alterações de limites tenham sido
glaciação, vivemos na época denominada Holoceno. Contu-
compensadas com acréscimos, o precedente é perigoso
do, os profundos impactos causados pela atuação humana
porque o princípio de perpetuidade foi negligenciado. Se
sobre o planeta estão levando alguns geólogos a proporem
for reduzido o território já estabelecido, mesmo compen-
o início de uma nova época, que seria denominada
sando a perda com inclusão de outra área, o ecossistema
Antropoceno. Esta denominação, sugerida no ano 2000, ain-
sofrerá. Parques Nacionais podem receber acréscimos,
da não está formalmente aceita, mas já vem sendo usada
mas não devem estar trocando de lugar. Além disto, o
repetidamente.
desrespeito à inviolabilidade serve de exemplo para ou-
Alguns acham a idéia prematura, ou mesmo sem sen-
tros casos futuros, em que compensações sejam ignora-
tido, mas outros a defendem, uma vez que a presença hu-
das.
mana evidentemente está deixando marcas muito profun-
Lamentavelmente, o descaso flagrante com as unida-
das em todo o globo. A produção de alimentos, a urbaniza-
des de conservação e a falta de compreensão de sua enor-
ção e outras formas de utilização dos espaços já alteraram
me importância biológica vêm motivando disputas entre
mais de metade das terras não cobertas pelo gelo. A movi-
ambientalistas e ruralistas. Recentemente o deputado
mentação do solo e das rochas já ultrapassou em volume
federal Moreira Mendes (PPS-RO) propôs uma “grande
os efeitos das alterações naturais, tais como erosão e
campanha” para que novas unidades só sejam criadas
vulcanismo. Espera-se que no final deste século, devido às
com autorização do Congresso Nacional. Se for aceita a
maciças emissões de dióxido de carbono, a acidez devida
estapafúrdia proposta, com a “eficiência” conhecida do
ao CO2 tenha alterado em 0,3 a 0,4 pontos o pH da água
nosso Congresso, o Brasil não cumprirá os compromis-
do mar, afetando significativamente a composição dos se-
sos assumidos por ocasião da Conferência de Nagoya
dimentos oceânicos.
para ampliar suas áreas naturais protegidas, uma ten-
Seja como for, o estabelecimento de uma nova época
dência mundial em um mundo cada vez mais
vai depender de sua aceitação e oficialização pela Comis-
antropizado.
são Internacional de Estratigrafia, mas, de qualquer
forma, aceita ou não a ideia, é indiscutível que a passa-
gem do homem sobre a Terra, dure ela quanto durar,
deixará uma impressão indelével.
Perigoso precedente
Os Parques Nacionais são uma das mais rígidas cate-
gorias das áreas naturais protegidas, conhecidas oficial-
mente no Brasil como Unidades de Conservação. Sua ra-
SOBRAPA
zão de ser é proteger áreas onde o impacto humano seja o
Sociedade Brasileira de Proteção Ambiental
menor possível, de modo a permitir que nelas a natureza
siga seu curso, viabilizando a sobrevivência dos CONSELHO DIRETOR
ecossistemas em sua integridade. Para isto, é indispensá-
vel que seus limites sejam mantidos imutáveis. A criação PRESIDENTE
Ibsen de Gusmão Câmara
das Unidades de Conservação é prevista na Constituição
Federal, que determina em seu Artigo 225 a definição, em DIRETORES
todas as unidades da Federação, de “...espaços territoriais Maria Colares Felipe da Conceição
e seus componentes a serem especialmente protegidos, sen- Olympio Faissol Pinto
do a alteração e a supressão permitidas somente através de Cecília Beatriz Veiga Soares
lei...” . A verdadeira razão de ser das Unidades de Conser- Malena Barreto
Flávio Miragaia Perri
vação é constituírem bancos genéticos, onde a diversidade
Elton Leme Filho
da vida seja preservada em perpetuidade.
Em agosto de 2011, porém, a Presidente Dilma, por Me- CONSELHO FISCAL
dida Provisória, alterou a demarcação dos denominados Luiz Carlos dos Santos
Parques Nacionais da Amazônia, Campos Amazônicos e Ricardo Cravo Albin
Mapinguari, todos na Amazônia, e liberou a exploração mi-
neral no entorno de dois deles. Com a mudança, as SUPLENTES
Jonathas do Rego Monteiro
empreiteiras recebem autorização para estabelecer cantei-
Luiz Felipe Carvalho
ros de obras das usinas hidrelétricas de Tapajara, Santo Pedro Augusto Graña Drummond
Antônio e Jirau.
28 DEZEMBRO/2011 A Lavoura
A Produção Integrada de
Frutas irá atender à
sustentabilidade social
e à rentabilidade da
produção, tornando o
produtor mais competitivo
em um cenário de
economia globalizada
e mercados exigentes
em qualidade e segurança
do alimento
A Lavoura DEZEMBRO/2011 29
Ações previstas
• Elaboração e Harmonização das Normas - a elaboração das Normas PIUP e que
Esta etapa do projeto visa à elaboração e têm como principais características:
harmonização das Normas Técnicas da Produção In- • O manejo da cultura deve
tegrada de Uva para Processamento. Para este maximizar a entrada de luz no dossel
fim, pesquisadores da Embrapa Uva e Vinho e vegetativo, promover o desenvolvi-
Embrapa Semiárido elaboraram as referidas mento equilibrado das plantas, per-
Normas, as quais foram posteriormente mitir a produção de fruta de alta
apresentadas ao setor produtivo para sua qualidade e regular a produção de
discussão e harmonização. acordo com a capacidade das
As Normas Técnicas da Produção In- plantas;
tegrada de Uva para Processamento con- • Os agroquímicos somen-
templam 15 áreas temáticas, as quais te podem ser utilizados quan-
abrangem todas as etapas do sistema do indicados pelos resultados
de produção da uva e do seu processa- de análises, do monitoramento
mento. Cada área contém práticas obri- de pragas e moléstias ou quan-
gatórias, recomendadas, permitidas, do recomendados pelos técnicos
com restrição e proibidas. Sua impor- responsáveis, mas desde que este-
tância reside no fato de constituir-se jam registrados para a cultura no
em documento regulamentador espe- Mapa e que sejam respeitadas as do-
cífico para a cultura da uva para proces- ses de aplicação e os prazos de carência
samento, vindo a nortear todas as prá- constantes do rótulo do produto. Nas fo-
ticas adotadas dentro do sistema. Por- tos abaixo, é possível visualizar o moni-
tanto, o documento, além de dar as toramento de pragas e moléstias que é
diretrizes para a produção de ali- adotado nas parcelas da Produção In-
mentos seguros à saúde hu- tegrada de Uva para Processamento;
mana, conterá as leis que re- Colheita de uva da variedade Cabernet Sauvignon em parcela • Adoção de práticas que
gem a Produção Integrada de da Produção Integrada, na Vinícola Almadén, minimizam o impacto ambiental
Frutas no Brasil. Nele, as em Santana do Livramento, em 2011
e de critérios (relevo, clima, solo,
empresas certificadoras de- segurança ambiental e alimentar) desde a escolha da área
verão se basear para estabelecer a conformidade, ou não, das para plantio do vinhedo até o processamento da uva na vi-
práticas adotadas no vinhedo e na vinícola por aqueles que de- nícola, visando à redução dos riscos de contaminação quí-
sejarem receber o selo da PI. mica (resíduos de agrotóxicos, micotoxinas, nitratos e ou-
• Transferência de Tecnologia via Unidades de Valida- tros), física (restos de vidro, metais e partículas de solo)
ção - A experiência da Embrapa em projetos de produção e biológica (fungos, bactérias, dejetos e outros).
integrada tem demonstrado que a forma mais eficiente de Externalização do Sistema de Produção Integrada de Uva
transferir tecnologia aos produtores rurais é através da ins- para Processamento - Após a conclusão da etapa de elabora-
talação de unidades de validação, onde o produtor observa ção e validação das normas, o sistema será transmitido à ca-
e vivencia diariamente a aplicação do sistema. Nesse con- deia produtiva da uva e do vinho e à sociedade brasileira, atra-
texto, o viticultor adquire confiança e sente-se seguro para vés da realização de cursos de capacitação de técnicos, dias
adotá-lo na sua propriedade. Por outro lado, as unidades de de campo, seminários e distribuição dos manuais técnicos que
validação também servem para detectar e corrigir as possí- orientam e embasam a adoção do sistema, bem como por meio
veis falhas do sistema, as quais somente são detectadas da publicação de artigos na mídia.
quando o Sistema da Produção Integrada está sendo aplica- Duração do projeto e parceiros
do no campo. O projeto tem previsão de duração de três anos e meio:
No Sistema da Produção Integrada, prevalecem as normas teve início em meados de 2010 e término no final de 2013.
e critérios de manejo definidos na Instrução Normativa MAA Um importante conjunto de instituições, empresas pri-
20/2001 e Instrução Normativa MAA 11/2003, as quais norteiam vadas e cooperativas do setor vitivinícola aporta a este pro-
AMAR VELHO DA SILVEIRA/EMBRAPA UVA E VINHO
AMAR VELHO DA SILVEIRA/EMBRAPA UVA E VINHO
Monitoramento de pragas e doenças na PI: à esquerda, armadilha modelo do tipo McPhail, para captura dos adultos da mosca-das-
frutas do gênero Anastrepha; no centro, armadilha modelo Delta, para captura de adultos da traça-dos-cachos (Cryptoblabes gnidiella);
à direita, dano do besouro desfolhador (Maecolaspis aenea) nas bagas
32 DEZEMBRO/2011 A Lavoura
Embrapa inicia pesquisa do. O projeto vai aperfeiçoar a técnica de separação do caroço
sobre compostos bioativos em do bagaço e os processos de extração e refino do óleo da se-
mente da uva, garantindo seu aproveitamento. Os resíduos da
bagaço de uvas indústria vinícola e de sucos ganharão aproveitamento econômi-
co e para os produtores, mais opções de renda.
A Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro, RJ) ini-
ciou atividades de pesquisa que visam “extrair do bagaço
de uvas compostos bioativos, como o resveratrol e outras mo-
Fases
Na primeira fase, serão realizados estudos de extração de
léculas, que possam contribuir para saúde e desenvolver bebi- compostos com atividade biológica (bioativos) dos bagaços por
das lácteas e sucos de frutas com estes compostos funcionais meio de extração com solvente e enzimática, além de estu-
de interesse comercial e industrial”, explica a pesquisadora dos de extração de óleo das sementes presentes no bagaço.
Lourdes Maria Correa Cabral, líder do projeto extração e uso Pretende-se, no primeiro ano do projeto, aperfeiçoar o pro-
de substâncias de interesse comercial e industrial a partir de cesso de extração no que diz respeito à atividade antioxidan-
coprodutos gerados na produção de te em cada um dos extratos. Será verificado o nível de ativida-
vinhos e suco de uva. O projeto vai de antioxidante e o teor de antocianinas para saber qual é o
trabalhar com resíduos do proces- mais interessante do ponto de vista funcional.
samento de suco de uva, vinho tin-
Em uma segunda fase, as instituições parceiras vão realizar
to e vinho branco e também vai es-
estudos e testes com os extratos e desenvolver os produtos.
tudar a extração de óleo dos caro-
Participam do projeto pesquisadores da Embrapa Uva e Vinho
ços presentes no bagaço. O óleo da
(Bento Gonçalves, RS), Embrapa Caprinos e Ovinos (Sobral, CE)
semente de uva tem alto valor agre-
e quatro grupos de pesquisa da Universidade Federal do Rio
gado e é muito utilizado na indús-
de Janeiro – Escola de Química, Grupo de Bioquímica Médica,
tria de cosméticos, cada vez mais in-
Instituto de Microbiologia e Grupo Ciência de Alimentos. Além
teressada em utilizar ingredientes
da parceria de instituições de ensino e pesquisa, o projeto
naturais, mas ainda não é extraído
conta com a participação da Vinícola Aurora e da Tecnovin,
do resíduo da uva, sendo descarta-
empresas produtoras de vinhos e suco de uva com expressiva
O óleo do resíduo da uva participação no mercado, sediadas no Rio Grande do Sul.
ainda é descartado, mas pode JOÃO EUGÊNIO - EMBRAPA AGROINDÚSTRIA DE ALIMENTOS
ter aproveitamento econômico
A Lavoura DEZEMBRO/2011 33
34 OUTUBRO/2011 A Lavoura
IAC
ARQUIVO
aumenta produtividade
em 100%
ARQUIVO IAC
Ao proteger as folhas da incidência direta da chuva, a
cobertura diminui o ataque dos fungos e outras doenças
A
umento de 100% na produtivi- senvolvimento de doenças fúngicas”, uma cerca com três fios de arame) para
dade e redução de 70% na apli- diz José Luiz Hernandes, pesquisador do o cultivo da uva niagara rosada. Neste
cação de defensivos agrícolas. IAC, da Secretaria de Agricultura e Abas- método, as parreiras ficam um pouco
Esses são os resultados do uso do cul- tecimento do Estado de São Paulo. mais baixas e são distribuídas pelas ruas
tivo protegido em “Y” com cobertura Ainda segundo Hernandes, a cober- de maneira uniforme. Os ramos anuais
impermeável para plantio de videiras. tura impermeável funciona como um são conduzidos na vertical e precisam
A técnica, introduzida e adaptada pelo guarda-chuva sobre a videira e os fun- ser amarrados aos fios de arame para
Instituto Agronômico (IAC), de Campi- gos não têm como se instalar, já que não não serem derrubados ou quebrados
nas, para as condições do Estado de São há água livre sobre as plantas. “Em pelos ventos ou pelo peso da uva. “No
Paulo, poderá substituir, mesmo que ensaios que foram conduzidos sem ne- sistema em Y, os ramos ficam quase na
gradativamente, a condução em nhuma pulverização para controle de horizontal e deitam-se naturalmente
espaldeira a céu aberto para cultivo da antracnose, míldio, mancha-das-folhas sobre os arames. Com isso, reduz-se a
uva niagara rosada, sistema muito uti- e podridão, que são as principais doen- necessidade de amarrio para que eles
lizado pelos produtores paulistas. ças da uva niagara rosada, constatou- não caiam e ainda os desestimula a bro-
A nova técnica, resultante de traba- se a redução de 60% a 70% da ocorrên- tar – por não ficarem mais na horizon-
lho do IAC, melhora ainda a qualidade cia de enfermidades”, afirma o pesqui- tal – reduzindo também a necessidade
dos frutos, gera cachos de uva maiores sador do IAC. de desbrota das plantas, uma operação
e protege a plantação contra chuvas de Neste mesmo percentual é a queda que demanda muitas horas de trabalho
granizo e ataque de pássaros, que po- do uso de defensivos agrícolas. “Essa no vinhedo”, diz o pesquisador do IAC.
dem acabar com toda a produção ou pre- redução, além do retorno financeiro de- Na videira, no sistema usual, os
judicar seriamente a qualidade das uvas vido à baixa do uso de defensivos, eco- cachos ficam a uma altura entre 80 cen-
atingidas. O estudo é inédito no Estado nomia de mão-de-obra, combustível e tímetros a um metro do solo, enquanto
de São Paulo. diminuição do desgaste de equipamen- no “Y”, ficam entre 1,5 m e 1,8 m. De
Diminuição de pragas tos, gera ainda um retorno que, em ge- acordo com o pesquisador do IAC, a di-
A principal contribuição do cultivo ral, não é capitalizado, como a prote- ferença na altura das parreiras também
protegido está na diminuição da ocor- ção do meio ambiente e também um reflete na ocorrência de doenças.
rência das principais doenças da viticul- ganho humano, tanto para a saúde dos “Quanto mais próximo do chão, mais
tura. “O uso de cobertura de plástico ou aplicadores como dos consumidores fi- perto a planta fica da umidade e do
de outro material impermeável prote- nais”, explica Hernandes. calor refletido e, com isso, há maior
ge as folhas e cachos da incidência di- Normalmente, os produtores utili- incidência de doenças. Se a planta fica
reta da chuva e, consequentemente, zam o sistema de condução em mais alta e mais ventilada, esse índice
reduz as condições que favorecem o de- espaldeira a céu aberto (parecido com vai diminuir”, explica.
36 DEZEMBRO/2011 A Lavoura
Os cachos no sistema
ARQUIVO IAC
protegido são maiores,
mais atraentes para
o consumidor
A Lavoura DEZEMBRO/2011 37
O
senepol foi desenvolvido nos Estados Unidos e tem mais), doaram o sêmen de reprodutores, de materiais uti-
pelagem curta, cor avermelhada, resistente a lizados na sincronização das receptoras. Depois, fizeram
parasitoses, carne marmorizada, precocidade sexual parceria para a realização da maturação dos ovócitos e co-
e bom acabamento. A venda de sêmen tem crescido nos briram custos diversos, como o de transporte para a cole-
últimos anos, o que indica um resultado satisfatório obti- ta e de mão-de-obra especializada. Esta foi utilizada para
do pelos usuários. O senepol é uma raça adaptada ao ca- realizar trabalhos como de acasalamentos das doadoras,
lor, resistente às doenças tropicais, fértil, que apresenta inoculação dos embriões, diagnóstico de gestação e
Rebanho Senepol
bom acabamento de carcaça e carne de boa qualidade - sexagem
da fazendaembriões.
dos CMI “Coube à Embrapa disponibilizar
macia e suculenta, bem ao gosto do consumidor. as matrizes utilizadas como receptoras e executar o ma-
Formação do rebanho nejo dos animais durante o processo de implantação. Sem
Esta nova opção em trabalhos de melhoramento gené- dúvida, uma parceria digna dos resultados proporciona-
tico em rebanhos adaptados da Embrapa teve a colabora- dos”, declara Roberto Torres. O pesquisador informa tam-
ção de dois criadores da raça em Mato Grosso do Sul, os bém que foram implantados 121 embriões. Destes, resul-
pecuaristas Roberto Coelho, da fazenda San Francisco, e taram 31 prenhezes de machos e 22 de fêmeas. Estas pre-
de Ivo Reich, da fazenda CMI. “A colaboração desses cri- nhezes, explica Torres, são oriundas de 17 das 24 vacas
adores foi fundamental para a formação do rebanho puro coletadas e de 10 touros diferentes. “Se considerarmos
de origem importada (POI). Os animais serão utilizados em também os “avôs” maternos, temos um total de 19 touros
pesquisas da Embrapa e como unidade demonstrativa do diferentes o que ajudará o rápido estabelecimento do re-
programa de melhoramento da raça senepol”, informa o banho senepol da Embrapa”.
pesquisador Roberto Torres, supervisor dos trabalhos. Se- Os animais oriundos destas prenhezes se unirão àque-
gundo Torres, a Embrapa Gado de Corte já fez pesquisas les provenientes do cruzamento absorvente com o senepol
com a raça senepol, tendo sido utilizada em avaliações de que serão apresentados para registro. A expectativa da Em-
cruzamentos de raças taurinas adaptadas e um teste de brapa é estabelecer um rebanho de 100 matrizes puras da
touros em parceria com a associação americana de cria- raça senepol.
dores de senepol. O crescimento da raça no Brasil
Os pecuaristas que se dispuseram a colaborar com a Em- A raça senepol foi introduzida no Brasil em 1999 e hoje
brapa colocaram suas melhores matrizes para coleta de a estimativa é de que existam 15 mil animais registrados
ovócitos (células sexuais produzidas nos ovários dos ani- no país. O número de animais dessa raça tem crescido no
ARQUIVO EMBRAPA
LIMPA
genético da raça há dois anos, trabalho no qual são avali-
adas características de reprodução, desempenho e quali-
ÁGUA
dade de carne”, explica Menezes. Ainda segundo pesqui-
SENEPOL
sadores, um aspecto positivo é de que esses animais con-
seguem, com certa facilidade, montar nas vacas nelore e
assim fazer o cruzamento sem problema.
Espaço conquistado pela raça: vários fatores
O espaço na pecuária brasileira conquistado pela raça
está ligado a uma série de fatores, entre eles a fertilida-
de, adaptabilidade, eficiência reprodutiva, produtividade
e qualidade da carne, características necessárias para o
sucesso na pecuária moderna.
O cruzamento entre raças, quando bem elaborado, ofe-
rece aumento de rentabilidade para o produtor, isso por-
que os produtos cruzados normalmente superam os de ra-
ças puras.
A procura por animais adaptados tende a aumentar,
bem como o trabalho de cruzamento entre elas. A busca é
por animais mais produtivos, que produzam carne saboro- Tácita: vaca recordista em embriões
sa e de boa qualidade, além de outros atributos.
A pesquisa deverá comprovar as qualidades da raça por
meio de trabalhos científicos, indicando-a para o cruza-
mento industrial com zebuínos como o nelore e animais de
T ácita de quatro anos é o nome da vaca da raça senepol,
recordista mundial na produção de embriões. Enquanto as
outras vacas produzem em média de seis a dez embriões, Tá-
1/2 sangue britânicos e/ou continentais. Isso aproveita- cita produz de 60 a 100. Isso representa prolificidade em
ria a heterose maternal, produzindo 100% heterose nos pro- bovinocultura.
dutos com essas cruzas. Esse recorde é o resultado da explosão genética exclusi-
ELIANA CEZAR SILVEIRA – EMBRAPA GADO DE CORTE va presente no rebanho bovino senepol. De acordo com Jair
dos Santos, que trabalha há mais de cinco anos com a raça,
é visível a alta performance dos animais seja a pasto ou em
confinamento.
“O senepol tem características muito peculiares. Um dos
grandes exemplos disso é a vaca Tácita. Ela representa o
resultado do investimento que fazemos em agregar tecno-
logia de ponta com excelência em melhoramento genético,
seleção e produção. Não é a toa que ela produz dez vezes
mais embriões que vacas de outras raças”, relata o pecua-
rista.
A vaca super produtiva faz parte do rebanho da senepol
Água Limpa, onde há muitos outros animais campeões da
raça. O criatório disponibiliza para venda aspirações de
novilhas selecionadas criteriosamente e com classificação
máxima da fazenda. Além disso, a senepol Água Limpa ofe-
rece touros selecionados, criados a campo e aprovados em
testes levados ao extremo.
A raça
O senepol combina a tolerância ao calor e a resistência
aos insetos e enfermidades do gado n’dama com a
docilidade, qualidade da carne e alta produção leiteira do
gado red poll. O cruzamento dessas duas raças originou o
senepol. Longevidade, habilidade materna, fertilidade, dis-
posição, pelo zero, caráter mocho, rendimento da carcaça,
facilidade de manejo são outras características marcantes
da raça senepol.
A Lavoura DEZEMBRO/2011 39
E
PECUÁRIA
AGRICULTURA,
DE
ESTADO
DE
SECRETARIA
Tomate: previsto novo aumento da produção em 2012
P
rodutores de tomate de Minas Gerais produziram 441,8 ta da hortaliça neste ano para completar a safra estimada de
mil toneladas da hortaliça em 2011, volume 8,7% superior 4,2 mil toneladas e em seguida vai ocupar o espaço com milho
ao do ano passado, informa a Secretaria de Agricultura, Pe- ou soja.
cuária e Abastecimento com base em dados do IBGE. Boa parte Integrante de um grupo de cinco produtores que se de-
deles faz uma rotação da cultura com o milho e a soja, que es- dicavam exclusivamente ao cultivo de grãos no município,
tão em fase inicial de plantio. Para quem cultiva tomate, é tem- Nascimento enfatiza que o rodízio das lavouras é uma boa
po de avaliar o mercado, sobretudo o comportamento da de- alternativa. “Inclusive porque existe um limite para a utili-
manda, para programar o reinício do plantio da hortaliça em zação das áreas de tomate. Elas não devem atender ao
janeiro ou fevereiro. cultivo da hortaliça em safras seguidas”, informa. O produ-
Um novo aumento da produção de tomate poderá ocorrer tor diz que vem obtendo resultados satisfatórios com a pro-
em 2012, principalmente nas propriedades onde o cultivo da dução de tomate iniciada em 2010 e acrescenta que está
hortaliça segue alternado com a produção de grãos, o que pode animado com a possibilidade de aumento da receita para
resultar em equilíbrio na administração das contas da propri- compensar os investimentos em tecnologia, sobretudo irri-
edade. “Atualmente, a receita gerada pelas lavouras de to- gação e adubação.
mate em Minas Gerais é da ordem de R$ 7 mil por hectare”, “O clima da região é um dos fatores que ajudam na produção
informa Georgeton Silveira, coordenador estadual de de tomate”, observa o agricultor. Neste ano, segundo Nascimen-
Olericultura da Emater-MG, vinculada à Secretaria. to, o cultivo foi de 70 hectares. Para a próxima safra a programa-
Em Lagoa Formosa, na região do Alto Paranaíba, a produção ção é de uma área 50% maior. Ele estima que a produção vai alcan-
alternada é utilizada em grande escala. A safra de tomate do muni- çar 6,3 mil toneladas.
cípio, em 2011, alcançou 28 mil toneladas (40,7% da produção regi- Além de ser destinado ao atacado e varejo de diversas regiões
onal). Agora o milho e feijão podem ser cultivados até a definição de Minas Gerais, o tomate também reforça a participação de La-
de outros espaços para a hortaliça. goa Formosa no entreposto da CeasaMinas, localizado na Região
40 DEZEMBO/2011 A Lavoura
HORTALIÇAS
O tomate BRS Couto é também o
A tender um novo segmento do mercado que busca produtos
com sabores diferenciados. Essa é a meta da Embrapa Hor-
taliças com o BRS Couto, recentemente lançado pela empresa.
primeiro material lançado pela Embrapa
Hortaliças sob os termos da Lei de Ino-
EMBRAPA
vação (lei nº 10.973/04). De acordo com
O híbrido do segmento mini-italiano ou mini-saladete, pos- o chefe-adjunto de Transferência de
sui frutos alongados e peso variando entre 50g e 80g, um pou- Tecnologia, Warley Marcos Nascimen-
co mais graúdos que os segmentos cereja e cerejão. to, o material foi desenvolvido
De acordo com o pesquisador Leonardo Boiteux, o mate- numa cooperação técnica com a
rial vai atender um novo nicho de mercado, que busca por empresa de sementes Agrocinco,
produtos com características e sabores diferenciados. “O que detém a exclusividade de co-
segmento mini-italiano apresenta expansão de consumo nos mercialização do BRS Couto por um pe-
grandes centros urbanos como Rio de Janeiro, Belo Horizonte ríodo de cinco anos.
e São Paulo”, afirma. Ele explica que a produção de se-
Características mentes do híbrido será coordenada
Entre as características da nova cultivar, destaca-se a múl- pela Embrapa Transferência de Tec-
tipla resistência a doenças. Segundo o pesquisador, o material nologias, e as sementes do tomate
é um dos poucos híbridos deste segmento com tolerância a BRS Couto estarão disponíveis até o
geminivírus, um dos principais problemas da cultura do toma- final de dezembro de 2011 para os pro-
teiro no Brasil. “O BRS Couto é tolerante a algumas das princi- dutores brasileiros.
pais espécies de geminivírus ou begomovírus que infectam o MARCOS ESTEVES - EMBRAPA HORTALIÇAS
A Lavoura DEZEMBRO/2011 41
42 DEZEMBRO/2011 A Lavoura
Os pets hoje são mais do que animais de companhia. Tor- Arranhadores e Kit com Cama, Arranhador e Brinquedo
naram-se membros da família, recebendo todos os mi- Diversão garantida para gatos, os arranhadores foram
mos e regalias que merecem, afinal, a felicidade do pet confeccionados em MDF forrados com pelúcia. O kit con-
reflete e influencia na do dono. E com a chegada das fes- tendo cama, arranhador e brinquedo garantem conforto e
tas de fim de ano, os bichinhos de estimação são pre- diversão para gatos em qualquer lugar, já que o kit se trans-
sença garantida nas listas de presentes. Para os que nunca forma numa prática bolsa que pode ser levada para onde
pensaram nesta possibilidade, o mercado oferece produ- quiser. É importante que o gato tenha um local para arra-
tos variados que prometem agradar. Veja algumas dicas nhar pois com esse ato, além de se divertir, ele apara e afia
da Focinho Dourado para cães e gatos. suas unhas e marca o seu território.
Almofadas e Cobertores www.focinhodourado.com.br
Feitas de materiais como plush ou pelúcia, as almo-
FOCINHO DOURADO
Almofada de plush:
conforto e maciez
para cães
A Lavoura DEZEMBRO/2011 43
É tempo de pensar
na silagem
NOTÍCIAS
O plantio
DE
AGÊNCIA
H
á um costume entre os pro-
dutores que trabalham com
rebanhos de corte de forma
extensiva em não produzirem e guar-
é a forma mais eficiente e barata que
se conhece para garantir suprimento de
volumoso ao rebanho durante o perío-
do de entressafra. “É ideal para siste-
Carmelindo Tomielo, uma boa silagem
precisa ser complementada com a adi-
ção de inoculantes biológicos que são
“bons micro-organismos” que auxiliam
darem alimento para os períodos crí- mas de produção que buscam na fermentação da ensilagem. Uma
ticos do ano, onde a natureza não maximizar o uso da terra, do trabalho silagem sem adição de inoculantes de-
disponibiliza comida farta e de quali- e do tempo”, afirma a diretora técnica mora de 25 a 40 dias para chegar a um
dade para a manutenção do peso dos da Kera Nutrição Animal, Regina Flores. pH menor que 4,5; isto significa que,
animais. Desta maneira, o que geral- Segundo a diretora, o processo de neste período, também se desenvolve-
mente ocorre é o emagrecimento e conservação da forragem baseia-se na rão bactérias láticas, coliformes e
perda de tempo, pois quando a época redução do pH (aumento da acidez) gra- clostrídios. “Este processo faz perder o
de bons pastos retorna o rebanho tem ças à produção de ácido lático a partir valor nutritivo da silagem. Para inativar
que primeiro recuperar os quilos per- do açúcar. “A forragem se conserva estes micro-organismos, o inoculante
didos para depois começar a ganhar porque levamos para o silo toda a flo- deverá baixar o pH abaixo de 4,5 o mais
peso. ra microbiana que está aderida à for- rapidamente possível. Com altas concen-
Uma das formas de evitar este ragem na lavoura. Esta flora está com- trações de bactérias por grama de
“efeito sanfona” é fazer ensilagem, que posta por um universo muito grande, silagem, pode-se conseguir que a silagem
é um processo de conservação dos ali- mas os que podem influir na maior ou esteja ‘pronta’ em três dias”, avalia
mentos em locais hermeticamente fe- menor qualidade da silagem são os Tomielo.
chados, livres de oxigênio. Seu objeti- fungos, leveduras, bactérias láticas, Vantagens
vo é preservar ao máximo o valor nu- (que são as responsáveis pela conser- O custo de produção para silagem
tritivo original da forragem escolhida vação da silagem), clostrídios e varia muito, porque há diferenças na
para isto, seja ela cana, capim ou mi- coliformes”, explica Regina. escala, tipo de cultura a ser ensilada,
lho e sorgo (planta inteira). A ensilagem Para o consultor técnico da empresa, fertilidade do solo, etc. Mas, em geral,
44 DEZEMBRO/2011 A Lavoura
A Lavoura DEZEMBRO/2011 45
A
s cooperativas brasileiras registraram um novo recorde em Mercados
exportações. Nos primeiros dez meses de 2011, o setor A China se mantém como o principal mercado de destino dos
contabilizou crescimento de 34,6% em relação ao mesmo produtos cooperativistas. De janeiro a outubro, os chineses com-
período de 2010, alcançando US$ 4,4 bilhões em vendas ao exterior. praram US$ 661 milhões. O valor corresponde a 12,9% das expor-
Para o intervalo avaliado, esse foi o melhor resultado registrado des- tações do segmento. Os Emirados Árabes ocuparam a segunda
de 2005. Os dados fazem parte de um estudo elaborado pelo Minis- colocação, com US$ 497,2 milhões e 9,7%. Na sequência, estão
tério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O Estados Unidos (US$ 483,5 milhões; 9,4%), Alemanha (US$ 384,9
resultado positivo se repetiu no saldo da balança comercial do seg- milhões; 7,5%) Holanda (US$ 265,1 milhões; 5,2%) e Japão (US$
mento, que fechou em US$ 4,9 bilhões nos primeiros dez meses do 243,5 milhões; 4,7%).
ano, outro recorde, superando em 34,7% o de 2010, quando atingiu Estados exportadores
US$ 3,6 bilhões. Na relação dos estados exportadores, São Paulo, mais uma vez,
Para o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras registrou o maior valor, com US$ 1,7 bilhão, representando 33,4% dos
(OCB), Márcio Lopes de Freitas, os indicadores comprovam que o negócios do setor. O Paraná, por sua vez, fechou com US$ 1,6 bilhão
movimento cooperativista está respondendo às exigências de mer- e 33% do total. Na terceira colocação, está Minas Gerais (US$ 666,8
cado com produtos e serviços de qualidade. “O profissionalismo marca milhões; 13%), seguido do Rio Grande do Sul (US$ 331,4 milhões; 6,5%)
a gestão das cooperativas brasileiras e isso reflete nos resultados e Santa Catarina (US$ 248,9 milhões; 4,8%).
alcançados. Por isso, trabalhamos com um cenário positivo e a indi- Importações
cação é de que chegaremos a praticamente US$ 6 bilhões no final Também houve expansão de 33,8% nas compras externas
de 2011”, disse. efetuadas por cooperativas de janeiro a agosto deste ano, se com-
Produtos paradas ao mesmo período do ano passado, passando de US$ 165,6
No grupo de produtos exportados pelas cooperativas, conti- milhões para US$ 221,6 milhões. Sob a ótica das importações, a par-
nua em primeiro lugar o complexo sucroalcooleiro, com US$ 1,9 ticipação na pauta é 0,3%. Entre os principais produtos importados
bilhão, respondendo por 37,2% do total. Em seguida, aparece o pelas cooperativas nos primeiros oito meses de 2011, destacam-se
complexo soja, com US$ 1,1 bilhão e 22,4%. Café em grão fechou os seguintes: cloretos de potássio (com compras de US$ 39,5 mi-
o período com US$ 623,7 milhões, representando 12,1% das vendas. lhões, representando 17,8% do total importado pelas cooperati-
A carne de frango também está entre os principais itens, registran- vas); cevada cervejeira (US$ 23,8 milhões, 10,7%); malte não torra-
do US$ 461,2 milhões e correspondendo a 9%. Vale citar ainda o tri- do (US$ 17,7 milhões, 8,0%); e diidrogeno-ortofosfato de amônio (US$
go, com US$ 241,5 milhões e 4,7% das exportações. 17,2 milhões, 7,7%).
A permanência do complexo sucroalcooleiro na liderança pode GABRIELA AFONSO PRADO - OCB
46 DEZEMBRO/2011 A Lavoura
Embalagens de defensivos
utilizadas: 100% de devolução
A Lavoura DEZEMBRO/2011 47
COIMMA
A Coimma, tradicional fabricante de Balanças e Troncos
de Contenção para a pecuária, colocou no mercado o ‘Tron-
co Americano Supremo’.
Segundo o fabricante, o equipamento conta com novo
sistema push-lock, imobilização hybrid-wall e sistema de
travamento dos por tões e pode ser conjugado às diversas
linhas de balanças eletrônicas da empresa. O novo modelo
conta com avançado sistema de contenção, mensuração,
castração, acionamento por pistões e dispositivo salva-vi-
das como itens de série. Todos estes dispositivos facilita-
rão sobremaneira qualquer tipo de tratamento fitossanitário,
além de evitar estresses e lesões nos animais, explica a Tronco americano Supremo
Coimma.
• Mais informações sobre a Coimma podem ser obtidas no telefone 0800 11 2555 ou no site www.coimma.com.br.
dias dos pintinhos: a ração Préforte. suma uma dieta desbalanceada. Isto é possível porque o Unimix
De acordo com a Presence, diversos são os foi projetado para realizar uma perfeita mistura entre o volumo-
fatores que influenciam o desempenho das aves so e o concentrado.
em seus primeiros momentos de vida. Um dos O fabricante explica que o equipamento processa entre 500 a
principais influenciadores é o tempo decorrido 600 kg por mistura sendo ideal para produtores de leite, ovinos,
entre a eclosão e o início da ingestão de alimen- caprinos ou bovinos de corte que tenham rebanhos pequenos.
to e água, que reflete diretamente na dependên- Ele vem com um opcional: uma balança eletrônica que permite
cia que o pintinho terá das reservas contidas do pesar e dosar de forma independente os elementos que compõem
saco vitelino. A manutenção dos pintinhos em a dieta, o que o transforma num equipamento de precisão na hora
jejum por períodos prolongados após a eclosão de distribuir a comida no cocho.
determina menor habilidade para absorção de De acordo com a Casale, o Unimix é um produto que agrega valor
aminoácidos e outros nutrientes pelo intestino à produção, pois seu custo/benefício é bem significativo. No momen-
Préforte: para os
primeiros dias quando as aves passam a ser realimentadas. to em que a dieta é balanceada e o animal come aquilo que realmente
dos pintinhos Pintinhos em condição de subnutrição inicial de- necessita, o retorno em produção de leite e/ou carne é garantido, em
vido ao jejum prolongado e à inadequada dispo- consequência, o lucro também, esclarece o fabricante.
nibilidade de nutrientes no primeiro alimento têm perdas no potencial de
ganho de peso que jamais são recuperadas, quando comparados a pinti-
nhos que foram nutridos de forma adequada após a eclosão. Préforte
Presence chega ao mercado para suprir essa necessidade, utilizando o
que há de mais moderno e eficaz em nutrição pré-inicial, explica o fabri-
CASALE
cante.
Benefícios
Com o objetivo de maximizar a digestibilidade, a Préforte apresen-
ta formulação apurada e ingredientes funcionais que melhoram a efici-
ência alimentar, integridade intestinal e balanço hídrico. A Préforte ain-
da inova ao combater o estresse térmico recorrente nas regiões mais
quentes do país, por meio da inclusão de vitamina C protegida e espe-
cífico balanço eletrolítico para esta fase, esclarece a Presence. Misturador de ração Unimix
48 DEZEMBRO/2011 A Lavoura
GUSTAVO PANHOS
GUSTAVO PANHOS
O
agronegócio é a principal locomotiva da econo- Com a criação do Plano Nacional da Qualidade do Lei-
mia brasileira: próspero e rentável. O leite é um te (PNQL), em 1996, por meio do Ministério da Agricultu-
dos alimentos de maior importância para o ho- ra, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e com apoio de ór-
mem e o mercado leiteiro é um setor de grande impacto gãos de ensino e pesquisa, houve muitos debates e dis-
no agronegócio, com uma produção média estimada de cussões para implantar novos regulamentos técnicos e
30,6 bilhões de litros em 2010 (IBGE) e 32 bilhões para critérios para produção de leite. Este foi o ponto de par-
2011. Cerca de 90% dos produtores são considerados pe- tida de uma série de normativas e portarias que viria a
quenos e apenas 10% são médios e grandes, que geram culminar com a criação do Conselho Brasileiro de Quali-
aproximadamente 4,2 milhões de empregos diretos e 42 dade do Leite (CBQL) pela Instrução Normativa (IN) 37.
milhões indiretos. A exportação do alimento é de 455 mi- Instrução Normativa 51
lhões de litros e é um importante componente para o equi- Com a publicação da IN 51 definiu-se parâmetros técni-
líbrio da balança comercial brasileira. cos sobre a qualidade do leite (regulamentos técnicos de
A Lavoura DEZEMBRO/2011 49
produção, identidade e qualidade dos leites tipos A, B e C, nhecimento com clareza, não só sobre as mudanças,
do leite pasteurizado e do leite cru refrigerado e o regula- mas também o modo correto de se adaptar as exigên-
mento técnico da coleta de leite cru refrigerado e seu trans- cias da IN 51.
porte a granel). Cuidados contra a contaminação do leite
Antes da criação e publicação da IN 51 não existiam O produtor deve ter o conhecimento de que a quantidade
parâmetros para contagem de células somáticas e de con- de microorganismos presentes no leite varia de acordo com a
tagem bacteriana total para o leite C, somente ao leite A e contaminação inicial, o tempo e temperatura de armazena-
B. Da data de sua publicação até 1o de julho de 2005 para as mento, podendo variar em decorrência de processos inflama-
regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, o limite máximo era tórios do úbere ou de enfermidades no rebanho.
de 1 milhão de CCS e de CBT e para as regiões Nordeste e Para a obtenção da produção de leite com qualidade, higi-
Norte com a data de 1o de julho de 2007. Atualmente o teto enização no processo de obtenção, resfriamento do leite (4oC)
está em 750 mil células/ml para CCS e CBT. e controle da mastite são de fundamental importância. Na
Parâmetros prorrogados higienização destaca-se a limpeza das mãos dos ordenhado-
Os parâmetros atuais estão em vigor até 1o de dezem- res, dos equipamentos e do úbere da vaca com água potável.
bro de 2011 por motivo de prorrogação, já que deveriam O ordenhador deve estar com roupas limpas, ser organizado,
ter sido novamente modificados em 1o de julho de 2011, manter uma rotina e seguir processos de higienização.
onde passariam de 750.000 cél./ml para 400.00 cél./ml e Sala de ordenha
100.000 cél./ml de CCS e CBT, respectivamente. Veja o A sala de ordenha deve ser um local sem agitação, limpo
quadro comparativo: e fresco. Os equipamentos devem ser lavados com água
Atual Exigência Redução
morna de 70o a 7oC e detergente alcalino clorado na dosa-
IN 51 de: gem indicado pelo fabricante. Depois, é preciso passar de-
tergente ácido diluído em água a 45ºC. A sala de ordenha
CBT 750.000 100.000 86%
deve fornecer conforto térmico às vacas. Materiais como
(Contagem Bacteriana Total) cél./mL cél./mL
latões, caneca de fundo preto, papel toalha, frascos para
CCS 50.000 400.000 46% imersão dos tetos, escova para limpeza do material, deter-
(Contagem de Células 7cél./mL cél./mL
Somáticas)
gente, soluções desinfetantes, todos devem sempre estar
disponíveis para uso. Para desinfecção dos equipamentos,
Fonte: IN 51 (MAPA)
Outras informações estão disponíveis no site do MAPA (www.agricultura.gov.br)
materiais e até no pré e pós-dipping pode ser utilizada uma
solução à base de cloreto de alquil dimetil benzil amônio (de-
A CCS deve ser alcançada com o tempo, tentando sinfetante) + poliexietilenonilfenileter (tensoativo).
baixar cada vez mais as concentrações. Outro fator a Resfriamento do leite
ser corrigido é a assistência, capacitação técnica, di- Em relação ao resfriamento do leite, o tanque de resfri-
vulgação de informações de modo mais abrangente, amento deve ficar próximo ao local da ordenha e ser de fá-
que deve chegar a todos os produtores, oferecendo co- cil acesso para o veículo coletor. O local deve ser coberto,
GUSTAVO PANHOS
O exame CMT pode detectar
a mastite subclínica, sem
sintomas tão aparentes
50 DEZEMBRO/2011 A Lavoura
pavimentado, com energia elétrica e água de boa qualida- Ainda há muito a fazer até a adequação da IN 51. Como
de. Deve haver um bom isolante térmico a fim de evitar o o agronegócio brasileiro é persistente, apesar dos obstá-
aquecimento do leite. A instalação do tanque deve ser feita culos, a participação do mercado é crescente. Como van-
perfeitamente em nível para facilitar o escoamento do leite tagens brasileiras, temos terras abundantes, potencial de
e da água de lavagem aproveitando o desnível que já existe produção, climas favoráveis, imensa disponibilidade de
no fundo do tanque. A potência do resfriador deve ser sufi- água doce e energia renovável, capacidade empresarial,
ciente para permitir rápido abaixamento da temperatura do tudo isso faz do agronegócio um importante componente
leite sem que tenha alterações em sua qualidade. da balança comercial que permite ao Brasil comemorar o
Controle da mastite superávit primário.
A mastite bovina deve ser entendida como uma inflama-
SURGE
A Lavoura DEZEMBRO/2011 51
EMBRAPA AGROBIOLOGIA
de leite orgânico podem
fortalecer a cadeia
produtiva
Sem conter resíduos químicos de qualquer
espécie, o leite orgânico é mais saudável do que o
convencional, embora ambos possuam o mesmo
valor nutritivo. Contudo, o que seria uma opção
de consumo esbarra na baixa produção
brasileira, cerca de 0,01% do total
Substituição da ureia
O pesquisador explica que, para substituir a ureia, que
não é permitida no sistema orgânico por ser obtida a par-
tir do petróleo, utiliza-se adubação verde, com legumino-
sas fixadoras de nitrogênio, como é o caso do estilosantes
e do guandu. “Para aumentar a absorção de nutrientes pelas
52 DEZEMBRO/2011 A Lavoura
A Lavoura DEZEMBRO/2011 53
A
s Câmaras Setoriais e Temáticas se con- ral de Apoio às Câmaras Setoriais e Temáticas. For- da Cadeia em suas ações, tendo como
solidaram, ao longo dos últimos anos, mada por uma equipe de vários profissionais, a objetivos, prioridades e metas aquelas
como o principal foro de interlocução CGAC tem como principal função coordenar e elencadas nas Agendas Estratégicas.
do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste- apoiar os trabalhos das Câmaras. Nesse sentido, foi proposta a criação de
cimento com o setor produtivo. São ferramen- Agendas estratégicas uma Visão de Futuro e a indicação de Indi-
tas indispensáveis para a identificação de opor- Ao longo de 2010, as Câmaras Setoriais do cadores e Metas para 2015. A Visão de Fu-
tunidades ao desenvolvimento das cadeias pro- MAPA se dedicaram à construção das agendas es- turo corresponde à manchete que os se-
dutivas, definindo ações prioritárias de interes- tratégicas de seus diversos setores. O objetivo tores gostariam de ver estampadas nos ca-
se para o agronegócio brasileiro e seu relacio- foi estabelecer um plano de trabalho para cada dernos de Economia dos grandes jornais do
namento com os mercados internos e externos. cadeia representada por Câmara, para os pró- país. Os indicadores e metas permitirão ava-
Este elo entre governo e setor privado resulta ximos cinco anos (até 2015), além de facilitar e liar, com o passar do tempo, se as ações ado-
em um mecanismo democrático e transparente organizar a ação conjunta das Câmaras nos as- tadas tanto pelo Governo quanto pelo se-
de participação da sociedade na formulação de suntos de interesse comum e fortalecê-las como tor produtivo estão sendo efetivadas. Des-
políticas públicas. ferramentas de construção de Políticas Públicas sa forma, as Agendas Estratégicas atuam
As Câmaras Setoriais, ligadas à ideia de ca- e Privadas para o Agronegócio. como instrumentos para facilitar a celebra-
deias produtivas, e as Temáticas, que tratam de Para tanto, foi definida uma metodologia ção de compromissos mútuos entre Gover-
temas transversais, são constituídas por repre- única, a fim de que os assuntos transversais (que no e setor privado, pelo fortalecimento da
sentantes de entidades de caráter nacional: for- perpassam diversas cadeias) fossem claramen- Agropecuária brasileira.
necedores de insumos, produtores, trabalhado- te identificados e o conjunto das propostas pu- A participação da SNA
res, indústrias, exportadores, importadores, en- desse compor uma Agenda Estratégica do Agro- A Sociedade Nacional de Agricultu-
tidades de assistência técnica e extensão rural, negócio Nacional. ra - SNA tem atuado como membro efe-
instituições financeiras, supermercados e órgãos De acordo com a metodologia adotada, as tivo das Câmaras Temáticas, cujos temas
públicos ligados ao setor, entre eles, Ministério Agendas se estruturaram em torno de 11 gran- perpassam por todas as cadeias produ-
da Agricultura, Ministério de Desenvolvimento des temas: Estatísticas, Pesquisa e Desenvolvi- tivas. A participação ativa de sua dire-
Agrário (MDA), Ministério de Desenvolvimento In- mento, Inovação, Assistência Técnica
toria e do presidente Antonio Alvarenga,
dústria e Comércio Exterior (MDC), Ministério da (Capacitação, Difusão e Extensão), Defesa Agro-
pecuária, Marketing e Promoção, Gestão da Qua- nas Câmaras Temáticas de Infraestrutu-
Fazenda, Planejamento, da Integração, Relações
Internacionais, Ciência e Tecnologia, dos Trans- lidade, Governança da Cadeia, Crédito e Segu- ra e Logística do Agronegócio e de Se-
portes, EMBRAPA, SEBRAE, entre outros. ro, Comercialização, Relações Internacionais e guros do Agronegócio, tem fortalecido
As Câmaras Setoriais e Temáticas contribu- Legislação. a representatividade destes fóruns, con-
em com análises e informações que permitem a Para cada tema foram identificados, inici- ferindo maior peso de legitimidade nas
identificação de prioridades de atuação do Go- almente, itens de agenda e diretrizes, compon- decisões tomadas em plenário e enca-
verno, resultando em contribuições para os pla- do um documento inicial para discussão. Após a minhadas ao governo. Recentemente,
nos agrícolas e pecuários do Governo Federal e aprovação da Agenda, foram estabelecidos os a SNA foi convidada a participar como
busca de consenso para conflitos e negociações itens prioritários e, a partir daí, foram definidas membro efetivo da recém criada Câma-
internas e externas que promovam o desenvol- as Ações a Tomar, com seus respectivos respon- ra Temática de Crédito e Comercializa-
vimento, agregação de valor e aumento de com- sáveis e prazos de execução. ção do Agronegócio, cujos objetivos são
petitividade dos diversos setores do agronegó- As Agendas Estratégicas, assim, passaram a discutir e debater a melhor adequação
cio brasileiro, hoje responsável por 26,4% do PIB orientar a elaboração das pautas das reuniões, e modernização do crédito agrícola
nacional, por 36% das nossas exportações, e que de forma que cada Câmara pudesse acompanhar existente, tanto o público como o pri-
responde por 39% dos empregos gerados no mer- a evolução das questões elencadas. No que se vado, e criar inovações em mecanismos
cado interno. refere aos assuntos comuns, foi feito um traba- de comercialização.
Atualmente existem 34 Câmaras que repre- lho de consolidação dessas Agendas, para iden-
Aguinaldo José de Lima atua na Coordenação Geral de
sentam diferentes setores e temas do agrone- tificar quais as questões que afetariam as cadeias Apoio às Câmaras Setoriais e Temáticas (GCAC) do Minis-
gócio nacional: Açúcar e Álcool, Algodão e deri- produtivas. Esta fase foi fundamental na ela- tério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)
vados, Arroz, Aves e Suínos, Biodiesel, Borracha boração da Proposta do MAPA para o Pla-
Natural, Cacau, Cachaça, Caprinos e Ovinos, Car- no Plurianual 2011-2015, onde se buscou
ne Bovina, Citricultura, Culturas de Inverno, alinhar as prioridades do MAPA com aque-
Equideocultura, Feijão, Fibras Naturais, Flores las apontadas pelas Agendas.
e Plantas Ornamentais, Fruticultura, Hortaliças,
Leite e derivados, Mandioca e derivados, Mel e
Produtos Apícolas, Milho e Sorgo, Palma de Óleo,
Silvicultura, Soja, Tabaco, Viticultura, Vinhos e
derivados, Agricultura Orgânica, Agricultura Sus-
tentável e Irrigação, Crédito e Comercialização
do Agronegócio, Seguros do Agronegócio, Infra-
estrutura e Logística do Agronegócio, Insumos
54 DEZEMBRO/2011 A Lavoura m