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Rio de
Janeiro: Impressão Régia, 1810.
PREFAÇÃO (1810)
Razões da tradução: serviço útil para aprender a escrever e julgar obras poéticas –
[uma educação ético-estético-literária].
Serviço útil e proveitoso.
Alexander Pope, um dos poetas ingleses mais correctos;
Obra para os que desejão saber as regras e preceitos de escrever bem em verso;
Julgar com acerto composições poéticas;
Para que as pessoas pudessem facilmente apprender.
Dados bibliográficos:
Composto em 1709.
Pope tinha 20 anos de idade.
Impresso pela primeira vez sem o nome do autor.
O autor resolve distribuir vinte exemplares para diversos homens grandes, como
Lord Lansdowne e o Duque de Bukingham.
Queria ser conhecido e que seu livro fosse procurado.
Dados formais:
Composto inicialmente em prosa, segundo o preceito de Vida e a prática de
Racine (que a justificava pelo fato de conseguir ver de uma vista de olhos a
direção e a coherencia do Todo).
O Poema compõe-se de um só livro, dividido em três partes principais:
o 1) Contém as Regras para estudar a arte da Crítica;
o 2) Expõe as Causas dos juízos errados sobre as obras de engenho;
o 3) Trata da Moral do Crítico, ou das qualidades do coração, que deve
ter.
[Crítico como atividade, vocação (profissão?).]
SUMÁRIO
Do que contem este Ensaio,
Parte I.
INTRODUCÇÃO. He hum grande defeito tanto o julgar como o escrever mal, e qual
seja mais prejudicai ao publico, vers. 1.
O verdadeiro gosto raras vezes se acha, assim como o verdadeiro genio, vers. 9-18.
A maior parte dos homens nascem com algum gosto, sendo delle privados pela
falsa educação, vers. 19- 25.
Multidão de críticos, e as causas disso, vers. 26-46.
Devemos estudar o nosso próprio Gosto, e conhecer os seus Limites, vers. 46-61.
A Natureza a melhor guia do juizo, vers. 6-87.
Adiantada pela Arte, e pelas Regras, que são a Natureza reduzida a methodo, vers. 88.
Regras derivadas da pratica dos Antigos Poetas, vers. 88-110.
Por isso deve o Crítico necessariamente estudar os Antigos, particularmente Homero, e
Virgílio, vers. 120-138.
Das Licenças, e uso, que os Antigos dellas fazião, vers. 140-180.
Reverencia devida aos Antigos, e seu louvor, vers. 181, etc.
***
PARTE III
O crítico como um tipo de educador que ensina sem ensinar; que mostra a ignorância
alheia como se fosse esquecimento.
Não basta que o vosso conselho seja sempre verdadeiro : as verdades grosseiras offendem
mais que as mentiras artificiosas. Devemos ensinar os homens, sem mostrar que os
ensinamos; e propor-lhes o que ignorão, como se lhes tivesse esquecido. Sem boa
educação não he bem aceita a verdade : porque só ella pode fazer que o talento superior
se estime.
Não sejais mesquinho do vosso conselho por pretexto algum; porque o peor avarento he
o que não reparte as suas luzes. Por huma vil complacência não deveis trair o vosso
credito, nem sejais tão civil, que passeis por injusto. Não receeis excitar a cólera
dos sábios: os que merecem louvor, soffrem de melhor vontade a reprehensão. (p.111)