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SÃO PAULO
MAIO/2015
Nos termos da #interdição
SÃO PAULO
MAY/ 2015
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Nos termos da #interdição
SUMÁRIO
DADOS INICIAIS / P. 4
RESUMO / P. 4
ABSTRACT / P. 7
PALAVRA / P. 18
PALAVRAS EM REDE / P. 48
ARQUIVO / P. 53
REDE / P. 71
SENTIDO DA INTERLIGAÇÃO / P. 73
POSSIBILIDADE DA TOTALIDADE / P. 81
II - DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS / P. 90
V - BIBLIOGRAFIA / P. 247
VI – ANEXOS / P. 257
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DADOS INICIAIS
RESUMO
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ABSTRACT
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Processo de número 08/56709-0, com vigência de 01 de setembro de 2009 a 31 de agosto de 2013. A partir de 2002
três grandes projetos de pesquisa ligados ao AMS passaram a ser desenvolvidos. O primeiro foi A Censura em Cena
– O Arquivo Miroel Silveira, cujos objetivos eram a organização e análise dos processos e a criação de uma base de
dados informatizada, realizando um processo de catalogação e análise de seu acervo. O segundo é A Cena Paulista,
que estudou a produção cultural paulista do período abarcado pelo Arquivo, seu dinamismo e profusão cultural e
intelectual.
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A tese intitulada “Coincidências da Censura – figuras de linguagem e subentendidos nas peças teatrais do Arquivo
Miroel Silveira” foi apoiada pela Fapesp (processo 07/51070-8) e defendida na Escola de Comunicações e Artes da
USP (Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação) em junho de 2011, recebendo menção de distinção
e louvor.
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A Escola de Comunicações e Artes da USP guarda um arquivo que contabiliza 6.137 processos de censura ao teatro
no Estado de São Paulo entre 1920 e 1968. Trata-se dos documentos da censura prévia ao teatro, solicitações de
companhias, ofícios e pareceres dos censores e da burocracia da censura arquivados pela Divisão de Diversões
Públicas (DDP) da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. Esse material, de inegável valor
histórico, contém a organização das emissões de liberações e vetos da censura às produções teatrais do Estado. Para
saber mais sobre o histórico das pesquisas, sobre o Arquivo Miroel Silveira e a atuação do Observatório da
Comunicação, Liberdade de Expressão e Censura, acessar: www.usp.br/obcom.
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arcabouço de especialidade em relação ao tema que devem beneficiar tanto a candidata quanto o
grupo.
Naquele momento tratava-se de escrutinar o material rico das peças teatrais.
Agora propõe-se conceber a circulação dos mesmos conteúdos censurados, permitindo
que sejam associados intertextualmente na tessitura com material contemporâneo
disponível nas redes. Assim, neste momento, propõe-se um trabalho que promova uma
perspectiva sobre as dinâmicas de restrição hoje através da observação da circulação de termos
considerados polêmicos e/ou que tenham seu uso de alguma forma restringido. Trata-se, assim,
de uma pesquisa:
Situado numa perspectiva teórica mais geral das pesquisas alinhadas com o eixo
temático em que nos inserimos, o ímpeto por estudar a circulação de termos outrora
censurados “Dedica-se à recuperação, como interdiscurso, de outras formações, às vezes
momentâneas, que atingem os discursos, atravessando-os e modificando-os, conforme
as relações de poder se desenham em um momento” (GOMES, 2008: 16).
Buscaremos reconhecer e recuperar, desta forma, articulações discursivas que
indiquem um efeito relevante da alteração dos desenhos nas relações de poder. Assim,
apontamos como hipótese primordial de nosso trabalho a possibilidade de que a palavra
possa engendrar tais relações de poder instauradas não em qualquer campo, mas
discursivamente.
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TERMO-CHAVE TERMO-CHAVE
DISTANCIAMENTO DISCURSIVO LÁ/ONTEM AQUI /AGORA/HOJE
NÍVEL (CONCEITO)
Nosso intento é fazer uma passagem teórica dos termos caros aos estudos na área
de ciências de linguagem e fazê-los conversar com aqueles conceitos que estão sendo
correntemente utilizados para a descrição dos fenômenos na área de tecnologia da
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Podemos dizer aqui também, como ponto de discórdia, de polifonia de vozes, que impulsiona a
geração de textos ou ainda, atendo-nos à ideia de articulação de sentido e recuperando palavras de
Jacques Lacan, point de capiton ou ponto de estofo.
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O material a que referenciamos como trechos censurados não existe organizado separadamente, mas
no interior de cada peça a partir das marcas feitas pelo censor. Há um sistema de busca pelo qual
podemos pedir uma listagem do campo catalogado como “palavras censuradas”, em que se pode ler um
trecho após o outro – e dessa forma um passo mais distante da unidade das peças teatrais. Porém,
entendemos que tanto o formato como registro numa base de dados, sem conexão entre si, como a
listagem impressa não satisfazem a possibilidade de aproximação que efetivamente existe entre os
excertos de texto, mantendo-se lineares.
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Temos, assim, uma base para o estudo das redes que está ainda na cultura
escrita. O signo é confundido com a dimensão da palavra. A palavra funciona como
unidade de sentido privilegiada para o estabelecimento de conexões. Podemos partir
desde a obra dos linguistas mais estabelecidos, como Saussure, Benveniste, Chomsky,
que nos ajudam a pensar mais a dimensão do signo do que da palavra. Na busca desse
signo, dessa unidade mínima na rede continuamos nos voltando para a palavra.
Quando falamos das mídias digitais pensamos o nível do código/ matemática,
linguagem binária (1), o da inscrição literária, noção de texto (2), aquela das páginas em
relação, como unidades de um banco de dados, noção de arquivo (3) e a relação
horizontal da rede, noção de rede (4). Esta subdivisão nós estamos fazendo, como
proposta para podermos trabalhar.
A palavra na rede é a base para a criação de links dentro de uma mesma página e
apontando para fora dela (Existe um dicionário próprio de domínios que tentam
organizar verticalmente a rede). A palavra é uma forma de organização horizontal.
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PALAVRA MARCADA
Bem sei que é muito abstrato separar, como acabo de fazer, os rituais
da palavra, as sociedades do discurso, os grupos doutrinários e as
apropriações sociais. A maior parte do tempo, eles se ligam uns aos
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cada uma delas. A marcação inicial não havia sido nossa, mas sim a possibilidade de
relação através da interpretação no âmbito da pesquisa. Uma costura horizontal entre os
processos de censura começou a ser estabelecida para além da ordenação numérica
disponível como entrada inicial ao Arquivo. Está aí a origem do trajeto que iremos
propor, passando da palavra, à sua relação em arquivo, às possibilidades de conexão de
termos em rede.
Não há exatamente um manual que regulasse a exclusão de palavras e que assim
orientasse o trabalho de censores. No entanto, reconhecemos uma lógica nos cortes que
remete a limites na cultura, desenhando as impossibilidades e até mesmo tabus
especialmente nos campos cultural, social, moral, político e artístico.
Tanto o referido trabalho de doutorado, quanto a presente pesquisa de pós-
doutorado estão ligadas às pesquisas desenvolvidas no eixo dedicado à pesquisa sobre
palavras proibidas desenvolvido pela pesquisadora Profa. Dra. Mayra Rodrigues
Gomes, supervisora deste trabalho, dentro do Observatório de Comunicação, Liberdade
de Expressão e Censura da Universidade de São Paulo.
Nosso primeiro passo para o trajeto nomeado é retornar então à base das
palavras marcadas pelos censores. Corremos sempre o risco de sermos acusados de
descontextualização de termos ao justapormos aqueles recortados de uma peça e outro.
Assumimos, de outro modo, que este é o risco de nossa pesquisa mesma. E acreditamos
na possibilidade de reconexão entre eles no terreno do visível.
Os termos censurados foram uma vez ocultados, já que não puderam ter a
circulação pretendida na época de sua desejada publicação ou encenação. Mas não o
consideramos ocultos no sentido de que a marca do censor os recoloca numa outra
cadeia para a circulação, aquela dos termos que foram marcados. Eles entram, assim, na
verdade, numa ordem de visibilidade e circulação. Consideramos que ela seja de uma
entrada perversa, mas ainda assim evidenciada, acesa por tangenciar algum limite
estabelecido em padrões vigentes. Quando estivermos então traçando um paralelo entre
os termos encontrados nas peças teatrais e aqueles circulantes nas redes sociais, é de
um ambiente de visibilidade que estaremos tratando.
Existem algumas categorias estabelecidas após as análises no referido trabalho
de doutorado que pretendemos reavivar como uma possibilidade de entrada na coleção
dos termos censurados nas peças teatrais. Nossa pretensão é refinar e dar densidade a
estas categorias inicialmente separadas. Acreditamos que elas dão conta de traços
centrais nos discursos sobre a falta.
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Ordem da provação: trata da falta relacionada aos mistérios, tudo aquilo que é associado
ao divino, ao lendário, à suspensão da expectativa.
Ordem do tabu e do sexo: trata daquilo que está presente na vida cotidiana, mas faz
parte dos dilemas de privacidade. Estes termos são limítrofes e apontam para os limites
do que não poderia ser dito.
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maior intento é relacionar a seleção de palavras censuradas nas peças teatrais com
aquelas em circulação nas redes sociais.
Devemos então especificar melhor o percurso realizado na direção dos termos
censurados apresentando variados exemplos para cada categoria determinada. Não será
possível analisar cada peça teatral em particular, mas privilegiar a conexão entre os
termos de uma peça a outra.
A palavra “amante” foi uma daquelas individualmente mais censuradas nas
peças teatrais colecionadas. A busca por este termo na base de dados do Arquivo Miroel
Silveira nos retorna 84 registros de diferentes peças em que tal palavra estava em
circulação. Na maioria dos casos apenas ela era cortada do contexto da frase. Isso
significa que o que estava sendo excluída era a referência à condição de amante. O
mesmo não acontece com a palavra adultério, por exemplo, cuja busca na mesma base
de dados retorna 7 ocorrências de peças. Podemos supor poeticamente que a relação
entre a existência de um amor que seja polígamo é socialmente perturbadora e capaz de
acender o desejo pelo corte. A palavra é tanto usada para expressar o amor por alguém
que se tem ao lado como parceiro, mas também como referência à infidelidade.
Separamos algumas das frases em que frases com a palavra amante foram
excluídas das peças teatrais.
“amante da minha mulher vai à minha casa as quatro horas” (DDP0025 O homem que
perdeu a vergonha)
Vemos um deslocamento da palavra amante nas marcações feitas nas redes
sociais em relação àquela encontrada nas peças teatrais. Enquanto nas peças ela se
refere à mulher infiel e indica um gesto sobre a manifestação do desejo feminino. Nas
redes sociais ele está atrelado à manifestação de uma parceria (#amante, #parceira), ou
ao escancaramento de uma verdade que seria da vida privada, o fato de que uma mulher
tem um amante.
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Deste modo, há separação ente uma sociedade que pensa o casamento por
interesse, por dinheiro, por status, por arranjo familiar e social em oposição a uma
sociedade que valoriza a escolha amorosa e a reforça como opção válida e libertadora.
lerda @maaribacelar4 h
Quase acabamos com o relacionamento do casal e do amante #sefudeuotario #amante
#perdeuamulher
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- Referências depreciativas à figura feminina: Entre as mais comuns dela estão, “puta”,
“putinha”, “puta que o pariu”, “cafetona”, “fêmea”, “gostosa”, “leviana” (DDP0216),
“confiadas/ as confiadas é que se perdem na ingreja” (DDP0235)
- Referência escatológicas: A maior parte delas está relacionada aos excrementos que
saem do corpo humano. “Merda”, “bosta”, “caga”, “mijo”;
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- Referências ao ato sexual: “dar para ele”, “manda sua mulher lá em casa”, “descer o
pau”, “leva o ferro”, “trepar”, “fazer troca troca”, “trocar o óleo”, “mandar brasa”;
- Referências a partes do corpo humano: neste quesito estão arrolados os órgãos sexuais
masculino e feminino e suas várias denominações, além de orifícios do corpo em geral.
“caralho”, “pau”, “cu”, “pescoço em francês”, “mandioca”, “pistão”, “rolha”, “pinto”,
“entortar a caneta”, “viciar a pena”, “Ponta Grossa”, “banana”, “ovos”, linguiça”,
“rabo”, “espeto”, “pincel”;
- Palavras de baixo calão: Palavras cujo uso é identificado como pertencendo a uma
linguagem menos nobre: “ir a merda”, “porra”;
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Reconhecemos, ainda, que tais temas podem ser entendidos como questões
colocadas hoje sobre os conteúdos marcados de ontem. Embora nossa resposta para isso
seja positiva, acreditamos que a passagem de um tempo a outro será feita justamente
pelo deslocamento dos sentidos e das formas das palavras estudadas. Tal tempo é lógico
e sua passagem depende de um evento-enunciação, como estamos procurando.
Apresentamos, junto com este trabalho, uma catalogação dos trechos censurados
nas peças teatrais do Arquivo Miroel Silveira. No total de mais de 6.137 processos que
ele abriga, cerca de 1.300 deles foram parcialmente liberados pelo Departamento de
Censura do estado. Nesta categoria, há ainda mais uma subdivisão, que é justamente a
que nos interessa: aquela das peças parcialmente liberadas com trechos de textos
cortados. Elas são cerca de 400 peças.
Nossa catalogação das peças segue a ordem numérica herdada do departamento
citado e tem base na recuperação das peças feitas pela equipe do Arquivo Miroel
Silveira durante os anos de trabalho desde o início do primeiro projeto individual
assumido pela profa. Maria Cristina Castilho Costa. Especificamente a relação das
palavras censuradas como conjunto é de nossa autoria, justamente o traçado procurado
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tanto para a pesquisa de doutorado já concluída, como para a presente pesquisa de pós-
doutorado.
Consideramos que este tenha sido o primeiro passo para relacionar os termos
entre si a partir da relação possível entre eles. No Arquivo Miroel Silveira a organização
a que as peças respondem dupla, aquela do processo de censura e a da produção artística
que é a própria peça teatral. No primeiro caso o material é entendido como processo
administrativo e tem seu resultado nas chaves da aprovação, reprovação ou liberação
com restrições. Os documentos necessários que acompanham cada processo legitimam
essa organização. No segundo, caso que é a tomada da produção artística, as peças são
categorizadas principalmente segundo título dado e autoria.
Há um momento de cruzamento entre essa dupla entrada dos materiais do
Arquivo Miroel Silveira, que é justamente a anotação no certificado de censura sobre
cortes feitos na peça teatral. Este é o texto, que em nossa análise, representa a
particularidade do referido Arquivo e permite a abertura para um outro texto. Tal texto
se realiza na escritura da censura, na marcação sobre as palavras censuradas.
Não defenderemos que exista uma escrita unívoca da censura no sentido do que
deve ser censurado. Nem tampouco entendemos que o texto da censura seja oculto.
Defendemos sim que há uma lógica na determinação dos cortes, que ancoramos em
outros lugares discursivos: aquele de um tempo cultural, político e econômico.
Dessa forma é que propomos a reorganização dos materiais de arquivo estudados
para compor para eles uma nova ordenação. Entendemos que seu desenho seja dado
autoralmente, em relação a um percurso de pesquisa que estamos propondo. Seremos
guiados pela aproximação linguística e histórica que pode ser feita entre os termos. E
então, num terceiro, passo reconectar tais palavras estabelecendo uma rede entre elas,
combinando-as com os conteúdos que circulam hoje nas redes sociais.
Devemos justificar ainda o fato de que percorreremos um amplo período
histórico, concentrado no período do arquivo (1920 a 1960) e a relação que pode ser
estabelecida com a atualidade. Justificaremos, mais uma vez, a possibilidade deste salto
em favor do deslocamento que estamos perseguindo em relação ás palavras censuradas.
Podemos pontuar que a questão da desonra é uma que permeia muitos dos
cortes, sendo relativa a um homem ou mulher desonrados. Na peça O Misterioso Roubo
do Colar, de Harris e Chic Chic (DDP0015), foi excluída a frase “o noivo estava
desonrado”.
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popularização, por sua vez, nos interessa pela possibilidade de circulação ampliada
desse mesmo código. Pensamos, por exemplo, nas frases construídas de forma sintética
na mídia social Twitter.
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que acionam tal esfera. Não atribuímos, dessa forma, a condição de tabu aos termos
analisamos. Mas podemos sim dizer que elas são dotadas de uma descarga de sentido
que faz sentir o imaginário dessa esfera do tabu. Toca em sua magia, jogando o leitor
num ambiente quase imponderável e indizível. Ao mesmo tempo retribui e reconstitui
sua viagem ao limite da realidade com a materialidade de uma palavra. Tal palavra o
agarra no simbólico e faz arrastar pela circulação social de tais termos.
O estudo dos tabus se desenvolve no campo da sociologia e da antropologia,
especialmente. Na possibilidade de conexão interdisciplinar com os estudos linguísticos
reconectamos a esfera do tabu com sua manifestação enunciativa. “Assim, o tabu
lingüístico nada mais é do que modalidade do tabu em geral, ou é um prolongamento
dos demais tabus. Se uma pessoa, coisa ou ato é interditado, o nome ou a palavra que se
lhes refere, é-o igualmente” (MANSUR, 1956, p.11).
Podemos aproximar, com D. Garrioch, a relação do insulto com o tabu. Alguns
insultos são considerados tabus dependendo das circunstâncias em que emergem,
enquanto outros são melhor aceitos. De todos modo, defendemos a energia linguística
que carregam de serem, por si só, uma marca na enunciação. Mais do que acrescentar
um sentido, eles agregam um valor, por exemplo, de agressividade à enunciação. Nesse
sentido acreditamos que trabalham dos termos tabu.
“Se as palavras escolhidas estão estreitamente relacionadas às condições
políticas, sociais e econômicas, e se a maneira como são usadas – sua função social –
reflete similarmente as formas de organização social, então não existe algo como um
insulto universal. De um lugar para o outro, e em séculos diferentes, as mudanças nas
condições e na organização social conduzirão a transformações no vocabulário e no uso
dos insultos, bem como em seu significado total” (GARRIOCH, 1997, p. 139).
As palavras estão marcadas socialmente e a configuração do insulto, dessa
forma, varia. A perspectiva adotada por D. Garrioch é a partir da sociolinguística,
valorizando a contextualização dos termos num dado tempo e lugar, no caso específico
na Paris do século XVIII. Nossa tentativa, de outro modo, é a de realizar a conexão
entre os termos de forma a recompor seu laço em termos da mudança na sua forma e
num certo campo que recobrem, mais do que a atenção dada às suas situações de uso
exatamente.
Nos trechos censurados do Arquivo Miroel Silveira temos duas categorias de
marcação, que consideramos associadas à insígnia do tabu. Num momento, a palavra
excluída do texto da peça teatral é ela mesma considerada um tabu social. Enquanto, em
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outro momento, uma palavra que normalmente não seria considerada tabu é marcada
pelo censor e, assim, acaba por agregar o sentido da marcação indesejável.
Citamos, como exemplo, o processo DDP5987, referente à peça A canção da
rua, de autoria de Manoel da Nóbrega. Foram recortadas as seguintes palavras e trechos:
“tomar atrás; de pau duro; de pau grande; ela ficava segurando o pinto; e quando o pinto
é limpo ela inté beija o pinto; ocê fica beijando os pinto e dispois vem bejá eu; vê o
pinto cresce na mão dela; E o meu leite é bão; Se eu não vivo o cabo de engate, rápido,
era um desastre na certa. Mas o diabo é que eu quase que arrebento o túnel; eu vou
experimentá o seu rabo; (Entra, ajeitando o suspensório); maionese que caiu no lençol;
mexendo nele que ele endurece; Encosta a rôsca, que ele endurece; está custando a
subir; subiu ou não subiu; É ela me tocar com os dedos e eu gritar de dor; e não se
levanto mesmo; Quer um conselho? Se êle te pedir prá tu descascá a banana dêle, num
aceita. Se ele te pedir pra tu dar uma dentadinha na banana dele, num tópa. Num tópa
que é espeto”.
Nesse trecho fica bem marcado o caráter direto da relação dos termos utilizados
com o órgão sexual masculino e nas referências ao ânus. Em alguns momentos, o texto
da peça teatral se encaminha para uma relação figurada, mas ainda assim, a
consideramos muito presa ao referente, como no caso da relação entre o órgão sexual
masculino e a fruta “banana” e ao objeto “espeto”.
Um exemplo de peça em que a marcação é valorizada a partir do corte
promovido pelo censor é o processo DDP2319, referente à peça teatral Marcada pelo
destino, autoria de Rogério Lima Câmara. Nela, censurou-se: “Os homens condenam a
prostituição e são eles que alimentam a mesma, são os únicos culpados de existir tanta
perdição pelo mundo afora; O peito bem saliente, como se ocultasse um casal de
pombos prontos para voar; Santa”.
Há maior sutileza na realização deste corte, que visualiza a situação de homens
que com sua atitude incentivariam a prostituição. A prostituição, por sua vez, está
associada à perdição do mundo. Tal relação do comportamento masculino não é
desejável em associação com a imagem de homens de bem, de boa índole.
Uma terceira nuance de procedimento de interdição pode ainda acontecer a partir
destas duas primeiras. Uma imagem censurada que está encontrada na relação entre um
termo e uma figura em que ele se torna linguisticamente polêmico. Foi nesse sentido
que separamos termos que teriam um corte seco (forma que reduz a polissemia dos
termos, aumentando sua energia linguística e reforçando seu aspecto denotativo) e, por
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outro lado, termos censurados que apresentam a forma de figuras de linguagem, com
abertura polissêmica.
Estes tabuísmos, especialmente aqueles com os quais entramos em contato nas
peças teatrais do Arquivo Miroel Silveira, advém do jogo de palavras e da estreita
relação com o vocabulário humorístico circulante. Recuperamos, com Saliba:
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interfere e altera a cadeia de sentido até então organizada. E, em seguida, cria efeitos no
nível da enunciação. Tais termos podem ser considerados provocativos, por forçarem a
cadeia de sentido para si, realizando uma curvatura topográfica a seu favor.
A figura do eufemismo aplica-se de maneira interessante quando pensamos em
tabuísmos linguísticos como a maneira de contornar e dar contorno ao discurso do tabu.
Ao mesmo tempo em que o enunciado eufemizado desvia do conteúdo tabu, reduzindo
a energia de afronta na enunciação, lhe dá contorno, evidenciando exatamente onde o
tema tabu se localiza em relação ao que estamos chamando de topografia de sentidos.
Eufemismos são muitas vezes entendidos como o inverso na relação direta com
os termos tabu. De outra maneira, pretendemos que sejam processo concomitantes,
aquele de acionar o tabu e eufemizar sua aparição no enunciado.
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“#sex”, como temos recuperado nas redes sociais, para fugir do apagamento das
publicações marcadas por este teor.
Nosso objetivo aqui não é buscar maneiras de categorizar conteúdos na rede,
mas de outro modo, fazer ver a exposição de conteúdos que provocariam uma vontade
de indicação e sua circulação nas redes sociais. A marcação dá a ideia do que é ou
deveria ser barrado, interdito de alguma forma. Entendemos, para defender essa
hipótese, que as redes sociais têm se estabelecido como um lugar de fala
descomprometida com o crivo de certos tabus sobre a palavra.
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resultado que, apesar de organizado a partir de termos, com base numa linguagem
alfabética, produzem resultados estéticos, visuais e sonoros. Isso quando se satisfazem
ao nível da forma. Ainda no nível dos códigos de programação, temos uma relação mais
conotada entre palavra e o comando que ela materializa. A determinação de termos
operacionais se distancia da utilização das palavras tomadas na sua possibilidade de
figurativização.
Esse debate se coloca presente quando tratamos das redes digitais, que estão
assentadas sobre um binarismo a partir de termos de nosso arcabouço alfabético. Sua
indexação é fundamental para que haja o mesmo efeito na produção dos objetos
programados. Consideramos, assim, que o trabalho sobre esse nível não nos interessa
tanto. Interessa-nos apenas no momento em que há um salto de termo conotado e
direcionado a conteúdos ao momento em que podemos ser tomados como palavras
denotadas e dispersivas em relação aos processos indexatórios. Observamos ainda
assim, que esse mesmo processo de distensão não para de gerar novas linguagens de
programação criadas a partir de novas apropriações dos termos técnicos de base.
Podemos dizer isso exemplificando especialmente com as linguagens nascidas a partir
da base da linguagem HTML.
Hoje o desafio é em relação ao volume de informações e sua catalogação na
rede. Saem na frente os motores de busca. A primeira sensação diante deles é de uma
enormidade de informações. A mesma abertura de comunicação foi assumida para o
contato social, apropriada em cima da palavra. Por um lado temos a comunicação
instantânea entre os pares e, de outro, a comunicação de um para o mundo. Esta última
sim pode ser marcada pela palavra.
A possibilidade de catalogar conteúdos fornece a abertura para um outro
percurso narrativo. Essa conexão pode ainda ser horizontal, no sentido da marcação de
palavras que conectam um ou mais textos. Estamos falando de outro tipo de narrativa,
diferente daquela dos sites, baseada na criação de níveis? Neste momento abrimos para
um percurso nas redes sociais, baseado inclusive na sensação de pertencimento pelo uso
de uma hashtag conhecida.
A relação na linguagem é aquela da marcação com um nome para a imediata
circulação e controle. No nível das redes esse processo acontece de forma muito mais
constante, estamos na baliza entre uma dinâmica de pertencimento que era característica
da linguagem oral e que se reverte para o suporte baseado nas materialidades da palavra
escrita, do áudio e do vídeo.
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A questão da marcação sobre palavra nos parece importante pois ela atribui
sentido e destaca um termo. Essa marcação, ao mesmo tempo em que o coloca em
evidência, faz com que circule. Provoca identificação e a inserção em outros textos.
Qual será a palavra ou o traço determinado para que se reconheça um texto, uma
produção? Ao mesmo tempo que a marca hashtag trabalha no nível da indexação, é
também característica da variação autoral.
A circulação de uma palavra marcada depende de sua repetição. Ao mesmo
tempo, a cada vez que é retomada, gera um sentido diferente. Essa máxima toma escalas
desproporcionais quando pensamos nos níveis de repetição e distensão possível na rede.
Dessa forma, ao mesmo tempo que entendemos a marcação com hashtag como uma
forma de indexação dos conteúdos publicados na rede, só podemos considerá-la como
um movimento indexatório. Dizemos isso para explicitar que ela não chega a organizar
um vocabulário comum e autoral para o relacionamento entre os materiais publicados.
Estamos nos valendo de uma extrapolação ao entender a web como um grande
banco de dados e o símbolo hashtag como sua possibilidade de indexação. Pois, de fato,
como dizer de uma base de dados em que não houve um pedido expresso para sua
compilação e de um processo de marcação que podemos denominar como não
orientado? No entanto, defendemos que é essa exatamente a verdade de nosso trabalho:
o desafio de uma base de dados feita coletivamente e sem uma pergunta autoral
expressa e um processo de indexação que não estabelece a priori as regras para a criação
de seus termos.
Durante o processo de pesquisa, tentamos coletivamente uma possibilidade
classificatória que fugisse da recuperação de dados mais tradicional apropriada a
originais das peças teatrais e sua documentação. O simples fato da heterogeneidade do
material representava um desafio, bem como a existência das marcas da censura. Tal
fato não podia ser ignorado na descrição e apropriação das informações relevantes dos
materiais de qual se partia. Um campo teórico, relacionado aos estudos de comunicação,
mas também de estudos teatrais e de literatura se abriu para a produção de termos que se
mostraram como verdadeiras e diferenciadas chaves interpretativas para o material.
Interessa-nos apontar que a mera tentativa de elencar tais termos como possibilidade
classificatória para os materiais vindos da censura revela o lugar de indistinção em que
ele está colocado. Não se trata de título, autoria, local de encenação, mas de um
evidente jogo de palavras, na maioria dos casos dúbio, figurativo, cômico e que se
presta ao escape. Como indexar tal material que informa de maneira aberta sobre:
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Jogo de palavras – eu pertenço ao partido que tem por partido tirar partido de todos
os partidos.
Folhetim – gênero literário e dramático cheio de peripécias cujo enredo muitas vezes é
contado através de fofocas e conversas entre mulheres. Possui desfechos grandiosos.
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Herói – protagonista dos romances nos quais aparece como defensor de princípios
tidos como absolutos.
Vilão – anti-herói que representa uma ameaça ao bem e às intenções do herói. Típico
do melodrama.
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não na disposição autoral de cada censor, mas na conjunção discursiva a partir da qual
tais trechos formavam um conjunto.
Retomamos esse processo para dizer que consideramos a marcação censória
como um nível de indexação e visibilidade sobre tais trechos. E, da mesma maneira,
uma dinâmica de visibilidade se estabelece a partir da marcação com o símbolo hashtag.
Estando longe das disposições autorais e mergulhados nas conexões em rede o que
temos a perseguir são as nuances de repetição e diferença entre termos.
A partir dessa perspectiva, podemos dizer que os termos interditos circulam com
uma força de repetição e de retomada. Podemos dizer que não estão presente numa
forma única nos dicionários de indexação ou na lista de hashtags populares, ao mesmo
tempo que marcam a aparição de todas elas. Há uma dinâmica de emergência de novas
formas das palavras indexadas que fazem circular o conteúdo tabu como trending topic
ao invés de manter-se como uma publicação isolada. Tal processo cria alterações
dinâmicas dos indexadores e um fluxo de alteração constante tanto de sua forma
significante, quanto de significado. Isso aproxima seu processo de manutenção muito
próximo com aqueles da tradição oral. E, nestes casos, a uma valorização mais da
memória do que a formalização da grafia do termo indexador.
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Nos termos da #interdição
Palavra em rede
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Nos termos da #interdição
estrutura, pensá-la da maneira que ela serve de inspiração para o imaginário sobre as
redes. Entendemos que a ideia do acentrado e do fugidio está presente na lógica de um
deslocamento que a estrutura já contempla.
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Nos termos da #interdição
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Nos termos da #interdição
A revolução do texto eletrônico será, ela também, uma revolução da leitura. Ler
num monitor não é o mesmo que ler num códice. Se é verdade que abre
possibilidades novas e imensas, a representação eletrônica dos textos modifica
totalmente a condição destes: à materialidade do livro, ela substitui a
imaterialidade de textos sem lugar próprio; às relações de contigüidade
estabelecidas no objeto impresso, ela opõe a livre composição de fragmentos
indefinidamente manipuláveis; à apreensão imediata da totalidade da obra,
viabilizada pelo objeto que a contém, ela faz suceder a navegação de muito
longo curso, por arquipélagos textuais sem beira nem limites (CHARTIER,
1998, p. 190).
Pensar um texto liberado é aceitar pegar a rota de um link e não voltar mais. No
limite, a totalidade desse texto é da ordem do intertexto e sua coerência e coesão
comporta oposições de ideias.
“Pluralizar, a rigor, não consistem em aumentar o número de cânones, ou em
defender um deles contra o outro – mas em constatar que a decisiva pluralidade está em
tornar crítica a própria identidade (...)” (RIBEIRO, 1997, p. 11). Há, nessa concepção
apontada por Renato Janine Ribeiro, uma maneira atualizada de se pensar a crítica, não
apenas assumindo o olhar exterior sobre o que se diz, mas aceitando paradoxos lógicos
na linguagem. A pluralização das correntes e ideologias dominantes ou não podem ser
acompanhadas pelo que se faz com as palavras: se elas são constrangidas ou
explicitadas, proibidas ou reiteradas.
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Nos termos da #interdição
O ARQUIVO
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As peças respeitam uma ordenação atribuída pelos órgãos estatais responsáveis pelo serviço de
censura nas diversas épocas, composta pela sigla da Divisão de Diversão Pública (DDP) e o número da
peça correspondente. A consulta aos processos pode ser realizada na base de dados disponibilizada no
site do Núcleo de Pesquisa em Comunicação e Censura,
http://npcc.vitis.uspnet.usp.br/?q=ams/timeline/listagem.
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Nos termos da #interdição
Trata-se antes, e ao contrário, do que faz com que tantas coisas ditas por
tantos homens, há tantos milênios, não tenham surgido apenas segundo as
leis do pensamento, ou apenas segundo o jogo das circunstâncias, que não
sejam simplesmente a sinalização, no nível das performances verbais, do que
se pôde desenrolar na ordem do espírito ou na ordem das coisas; mas que
tenham aparecido graças a todo um jogo de relações que caracterizam
particularmente o nível discursivo (...) (FOUCAULT, 2008, p. 146).
Mas o arquivo é, também, o que faz com que todas as coisas ditas não se
acumulem indefinidamente em uma massa amorfa, não se inscrevam,
tampouco, em uma linearidade sem ruptura e não desapareçam ao simples
acaso de acidentes externos, mas que se agrupem em figuras distintas, se
componham umas com as outras segundo relações múltiplas, se mantenham
ou se esfumem segundo regularidades específicas (FOUCAULT, 2008, p.
147).
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Nos termos da #interdição
situação de arquivo, damos lugar a um tipo de material cujo registro nos importa como
constituição social atual.
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Nos termos da #interdição
Trata-se antes, e ao contrário, do que faz com que tantas coisas ditas por
tantos homens, há tantos milênios, não tenham surgido apenas segundo as
leis do pensamento, ou apenas segundo o jogo das circunstâncias, que não
sejam simplesmente a sinalização, no nível das performances verbais, do que
se pôde desenrolar na ordem do espírito ou na ordem das coisas; mas que
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Nos termos da #interdição
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Nos termos da #interdição
(...) essas noções caracterizam o texto como uma unidade de sentido que
apresenta redundâncias, reiterações e repetições. Infere-se, daí, a
possibildiade de condensar o texto, suprimindo as redundâncias, sem que se
descaracterize sua informação central (ROMÃO, 2008, p.57).
Se a vinculação entre uma sequencia de dados não precisa mais ser mantida
segundo uma lógica na qual se pode fiar, as possibilidades de construção de outras
sequencias se ampliam. Consideramos que uma lógica tem sua possibilidade de
organização na cultura. Ela é a base para o entendimento dos aspectos discursivos e
narrativos. Dessa forma, a aproximação com o maquínico e a abertura para o
entendimento de outras lógicas possíveis está influenciando também novas visões de
mundo (imaginário) e novas perspectivas na organização de dados (simbólico) e na
maneira de construção do relato (narrativa).
Em relação ao nível dos discursos a possibilidade da não linearidade rende no
sentido de uma pulverização do controle sobre o dito. Por um lado, queremos dizer que
o ato de dizer está em poder de mais e diferentes falantes e atores na cultura. Ao mesmo
tempo o controle sobre ele se faz igualmente a partir de cada uma dessas pontas. Como
temos reforçado, nesse momento, essa pulverização identificada por muitos autores
como parte da própria dinâmica de organização do poder, hoje ela encontra maior
exposição e possibilidade de ação por parte de atores, identificados como usuários.
Hoje, a nova imagem para se tratar dos arquivos é aquela de uma possibilidade
de recombinação infinita. Se pensamos nos termos da linguagem, temos que considerar
uma finitude para tais possibilidades, que está balizada na cultura. Assim, a noção de
não linearidade flerta com a ideia do infinito, do indistinto e do ilógico.
Entendemos, dessa forma, que o não linear pode nos servir como um operador
lógico para realizarmos nosso trabalho de pesquisa, supondo que seu limite esteja na
produção de sentido e na ordenação consentida socialmente.
Se seguimos em nosso encaminhamento de ideias, os efeitos da não linearidade
representam a promessa da possibilidade de um relato que só se organiza quando
acionado para um usuário e que se erige às suas vistas e morre depois que cessa o olhar.
Qual seria então sua contrapartida lógica? Esta pergunta é da mesma ordem de
escrutinar quais os limites para a produção de sentido: isso se dando também no nível
dos discursos e no nível dos relatos.
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Nos termos da #interdição
também que esses sentidos são consentidos. Há um consenso sobre os significados que
se pode atribuir aos termos, de modo que eles recortam um campo reconhecido.
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Nos termos da #interdição
dados, pretende que seu trabalho seja aberto e moldado conforme a pergunta de um
usuário. Assim, terá de supor usuários possíveis e caminhos viáveis. Autor e usuário
encontram-se, dessa forma, no que determinado conjunto de dados suscita. Estamos,
uma vez mais, no ambiente determinado da cultura.
Os caminhos são individualizados na medida em que o usuário pode formular
perguntas. Ao mesmo tempo, duas perguntas são limitadas pelas possibilidades
contempladas sobre o conjunto de dados. Neste ponto, dois trabalhos já foram
realizados, a coleção de dados e a determinação de um outro conjunto: aquele das
perguntas que tais dados podem levantar.
A ideia de uma estrutura determinada pode desaparecer num primeiro nível, em
que se alcança a liberdade para recombinar dados e libertá-los de uma conjunção mais
conhecida e usual. Mas, de outro modo, há um retorno da estrutura na proposição das
perguntas. Podemos apontar essa estruturação como sendo da ordem nos pressupostos.
E por isso questionamos, de maneira a verificar na experimentação da produção textual,
quais os limites para a possibilidade de alteração constante de tais perguntas.
Quando entendemos a coleção de dados processada na ordem do maquínico não
podemos deixar de considerar a pujança das quantidades e da velocidade de
processamento. Não pretendemos situar essa possibilidade numérica na ordem do
imaginário estabelecido sobre as mídias digitais, em que a quantidade das perguntas
seria da ordem do incontrolável. Há lógicas que colaboram para a imaginação do não
linear e para criarmos outras formas de organização de dados a partir da abertura para
possibilidades combinatórias em quantidade.
Podemos assumir que o conjunto das perguntas feitas aos dados ainda é uma
operação dada pelo humano. A mudança está na partilha da condição de autor de tais
perguntas com outros usuários. É interessante, ainda, trabalhar sobre a lógica da
formulação da pergunta. Isso nos emerge a partir da preocupação com o suporte e baseia
tanto a própria coleção de dados, como também a formulação da própria pergunta. A
lógica utilizada devolve para os usuários feitos autores sobre o nível formal no qual eles
devem atuar. A organização do todo da interface fica sendo, assim, em muitos casos,
responsabilidade dividida com tais atores. Lembramos dos programas de código aberto
como forma de espalhamento, reedição e até sobrevivência de programas e interfaces:
uma sobrevivência baseada na mutação.
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Devemos recuperar a trajetória teórica proposta para nosso trabalho, que prevê
um salto de complexidade a partir da unidade da palavra, para sua organização em
arquivo e, então, atingindo uma organização em rede. Relacionamos inicialmente, ao
tratar do conceito de arquivo, a possibilidade de que ele fosse descompromissado com a
linearidade. Entendemos que este era o primeiro passo para vincular os materiais
arquivados com um termos indexador específico (que seria da ordem da palavra) para
então que, a partir da relação destes termos entre si, pudesse haver uma relação entre os
materiais arquivados.
Nessa perspectiva, o que estamos dizendo é que a palavra indexadora precede
logicamente a materialidade dos elementos arquivados. A relação entre eles é, como
temos suportado em nossa pesquisa, dada na linguagem. Portanto, ela é uma relação
sígnica, relacional e que devolve aos objetos em arquivo uma determinação sobre sua
natureza.
É importante realizarmos esta marcação pois o entendimento de que esse
processo de organização e de ordenação dos objetos em arquivos se dá através da
palavra autoriza a recomposição destes mesmos elementos em outra ordem
classificatória. Imprimir uma nova ordem significa mexer com a unidade deste mesmo
arquivo e trabalhar sobre as possibilidades de sua recomposição nos meios digitais, que
é o que buscamos aqui.
O presente item poderia ser denominado, então, da palavra ao arquivo e de volta
à palavra. É no nível dela que resolveremos a heterogeneidade dos materiais arquivados
e poderemos propor que uma de suas características físicas seja ressaltada em
detrimento de outras possíveis marcações. Como trabalhamos anteriormente, devemos
assumir o trabalho de ordem autoral quando se faz este investimento. Um exemplo que
encontramos na área de arquivística nos ajuda a ilustrar o percurso que propomos.
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A REDE
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“Tel est le travail de la lecture : à partir d'une linéarité ou d'une platitude initiale, cet acte de déchirer, de froisser,
de tordre, de recoudre le texte pour ouvrir un milieu vivant ou puisse se déployer le sens. L'espace du sens ne
préexiste pas à la lecture. C'est en le parcourant, en le cartographiant que nous le fabriquons, que nous l'actualisons.”
(LÉVY, 1996)
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Sentido da interligação
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Nesse sentido, portanto, uma obra de arte, forma acabada e fechada em sua
perfeição de organismo perfeitamente calibrado, é também aberta, isto é,
passível de mil interpretações diferentes, sem que isso redunde em alteração
de sua irreproduzível singularidade. Cada fruição é, assim, uma interpretação
e uma execução, pois em cada fruição a obra revive dentro de uma
perspectiva original (ECO, 1991, p.40).
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experiências específicas de leitura, existentes antes da expansão dos meios digitais e que
interferiram na forma da produção artística. Acreditamos que as inovações no âmbito da
literatura, do teatro e do audiovisual permitiu a sedimentação do digital como efeito de
sentido.
Uma destas experiências nos é muito próxima por fazer parte do material do
Arquivo Miroel Silveira. Trata-se da experiência do teatro de revista, que chama a
atenção dos pesquisadores envolvidos com o referido arquivo por sua forma menos
tradicional de lidar com os principais aspectos da produção teatral:
- a relação de integridade do texto teatral, desabonada em favor da fragmentação
em sketches
- a presença de uma figura que podemos entender como de cunho narrador
(pensando com W. Bejnamin) para a articulação da obra teatral. Ao mesmo tempo tal
figura é também personagem dentro do espetáculo teatral. Pode ser entendido como
estando dentro e fora de tal obra: dentro dela em favor de sua condução e coesão, fora
dela na identificação pretendida desta figura com o público;
- Descompromisso com uma unidade do texto teatral que seja temática. Tal
coesão é deixada para o ambiente de assuntos e temas comuns entre autor e público. São
textos escritos no presente dessa relação, com assuntos do momento, presentificando
também a própria relação com o público. De alguma forma, ele também participa
autoralmente dessa construção.
Por constituição de gênero, sua estruturação é recortada em quadros que se
interligam através de temáticas, bordões, personagens e até mesmo palavras-chave.
Gostamos de tomar tal gênero teatral como um modelo para a desconstrução: no seu
recorte, na sua desistência de uma narrativa novelesca com trama linear e
melodramaticamente definida.
Temos a relação com a palavra que nos conduz de cena a cena. Há um texto que
percorre os quadros e estabelece um outro texto que vai sobre o texto de cada quadro em
particular. Ele se instala metalinguisticamente e vem associado a um ou dos
personagens específicos, o compérè e a comérè.
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Década de 50: 56
Década de 60: 35
Mais de uma data: 16
Sem data: 10
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no teatro o gesto marca a palavra maldita, enquanto nas redes osciais essa atribuição é
feita na indexação por hashtag. No teatro havia o recurso de amenizar a ênfase de
algumas palavras para que, no ensaio geral, não fossem estripadas pelo censor. Se elas
não chamassem sua atenção, sua circulação não era interrompida. Nas redes, uma a o
desejo de conexão a partir das palavras usada estimula a marcação. Em contrapartida,
ela pode ter uma circulação que tenha efeitos desejáveis ou não, a partir do ponto de
vista autoral do usuário. Para a interligação em rede esta tentativa de manipulação sobre
os efeitos da produção não se aplica. A pretensão da marcação das palavras pode ligar-
se com o ambiente de desenho desconhecido da rede.
Assim dizemos que escrita das palavras é diferenciada na rede. As palavras
colocadas depois do símbolo # são somadas para mostrarem que estão em sua cadeia de
compartilhamento. Esse exercício de condensação já era conhecido anteriormente, em
outro uso. Há a instrução para que o nome de arquivos seja dado de forma simples,
sintética, direta, sem caracteres especiais e com palavras somadas. Ela parte de uma
interligação que é dado com o termo imediatamente seguinte, mas atinge o desenho
dispersivo da rede. Tal desenho é, de certa forma, insondável e só se ilumina no
momento da doação da interligação mesma.
Possibilidade da totalidade
Uma das pretensões com a internet seria ter um grande arquivo de tudo, com
todas as coisas interligadas (como numa grande IoT, Internet of Things) com uma
capacidade infinita de memória. Podemos dizer que ela é efetivamente um arquivo,
nesse sentido de uma unidade pretendida? Há essa necessidade de que ela se transforme
no arquivo dos arquivos? E qual a costura inscrita nesses dados? Qual seria a unidade de
dados quando se pensa nos arquivos digitais e, saltando da organização dos arquivos
para um ambiente de rede? Como eles se dividem? Como se dá o sequenciamento de
seus componentes? Todas essas questões nos são suscitadas pelas possibilidades ainda
mais abrangentes de um imaginário da totalidade associado ao completo recobrimento
do mundo e de suas interligações, como dizíamos, pela organização em rede.
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Nos termos da #interdição
A metáfora da rede nos permite pensar especialmente duas esferas que são caras
ao pensamento tecnológico hoje. Tendo sido abertas as possibilidades de que cada
usuário se comunique com o todo interligado da rede há uma vontade em direção ao
fluxo fluído entre um ponto na rede e sua totalidade. Quando centramos este argumento
na perspectiva das coleções de dados e na memória maquínica dos mesmos há uma
pretensão à totalidade desta recuperação e deste acesso. Quando, por outro lado,
pensamos nas teorias filiadas às ciências sociais, podemos problematizar as relações
entre o local (ponto na rede) e o global (o acesso a sua totalidade).
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Nos termos da #interdição
observando uma maior abertura para o trabalho do usuário. No entanto, ainda que
pensemos no ambiente da rede, a visão construída será pela construção do percurso de
cada usuário. A ideia da totalidade da rede, por sua vez, só será apreendida na projeção
deste caminhar particular.
Para nosso exercício essas anotações são importantes. Em primeiro lugar,
precisamos dar um salto de complexificação para sairmos da relação horizontal entre os
trechos censurados e construirmos uma ligação mais aproximada da imagem da rede.
Tal visão passa por algumas questões que devem ser formuladas no nível da pesquisa e
que vão balizar a formação de rede que pretendemos construir. Temos que, então, ceder
à ideia de que tal totalidade só pode existir a partir de formulações sempre restritivas
que podemos articular. O que perguntamos ao nosso corpus é sempre parte da resposta
que obtemos. E, em nosso caso especialmente, do desenho das interligações propostas.
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Nos termos da #interdição
digitais. Não estão ali representados exclusivamente ou outros atores institucionais, mas
especialmente por outros usuários.
Podemos dizer que uma instância institucionalizada que se presta à vigília e ao
retorno em nome da rede está representada pelos perfis pessoais. Existe uma maior
proximidade entre um e outro perfil, par a par representados como nós na rede. Tal
proximidade podemos dizer que é de ordem lógica, pois temos que pensar também
novas territorialidades em rede em que esses perfis se encontram e convivem. O que
ressaltamos é que, nessa esfera, eles estão em relação de igualdade de valor. O que
desponta deles é sua produção na forma de publicação.
E, ainda, o que pode ser valorizado a partir de cada um deles é a potencialização
de sua publicação individual para um nível coletivo. Isso só acontece a partir da
replicação do conteúdo publicado a partir de outros perfis. Ou seja, entendemos que a
dinâmica específica das redes sociais se movimenta a partir da institucionalização e
abertura para os perfis singulares de usuários.
Assumimos que o estabelecimento de tais relações é da ordem de uma
construção narrativa. Os conteúdos publicados e que tais perfis tentam imprimir à orde
de circulação contam de uma narrativa que é tanto particular e individualizada, quanto
tende ao publico. Podemos dizer que as publicações que analisamos compartilham uma
tendência ao público na maneira em que são formadas, em sua expectativa de
enunciação. Tal expectativa é, assim, determinante da forma de sua construção. Mas sua
visibilidade efetiva é um acontecimento poético no âmbito da rede.
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Nos termos da #interdição
Assim, entendemos que a maior parte das publicações nas redes sociais está
fadada à inanição e ao isolamento em perfis pessoais ou a alcance limitado de expansão
na rede. O espectro que se desenha a partir do evento de uma publicação é o
espalhamento de um fluxo luminosos que, através de sua circulação atinge um certo
número de usuários e desenha um circuito próprio. Cada impulso realizado a partir de
uma publicação devolve um desenho de rede diferenciado.
Podemos dizer, nesse sentido, que não há uma rede total. Como temos
defendido, ela se apresenta a partir de cada impulso publicador e criador.
Acrescentamos essa nuance à metáfora da rede: ela só existe a partir dessa iluminação
inicial. Ela não procura dar conta da totalidade, mas cada uma de suas publicações se da
sob o signo da possibilidade de atingir tal totalidade.
Observamos que no estabelecimento do conjunto de publicações advindo das
redes sociais, cada uma delas não era quantitativamente representativa. Sua circulação
ou replicação era limitada e os perfis de que advinham eram anônimos. Na sequencia de
nosso trabalho, poderemos abordar essas publicações como dados relevantes para o
presente trabalho. Adiantamos o que nos interessa para debater a relação das redes com
a ideia da totaldiade: tais publicações são tanto anônimas quanto respondem ao domínio
público. Ainda que vindas de usuários particulares, dão conta de articulações coletivas.
A observação dos nós e das imbricações presentes nas peças teatrais, por sua
vez, pode ser considerada mais de caráter identificado e autoral. E no entanto sua
totalidade com a rede só se completa no entendimento e no reforço da piada proposta
com o público. Está, assim disponível segundo um movimento de rebatimento para a
noção de totalidade, que é com o que está dado na cultura.
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Nos termos da #interdição
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Nos termos da #interdição
Defendemos, assim, que a noção de rede nos permite uma abertura especial para
a concretização das relações mesmas que pretendemos. A conexão entre termos
interditos não poderia se dar segundo um quadro prévio baseado nas categorias segundo
as quais estava organizado nosso arquivo de partida: catalogação numérica, titulação ou
conteúdo das peças teatrais, temática das peças teatrais, década ou ano de escrita do
texto teatral, autoria do texto teatral.
O fato do recorte horizontal inicialmente promovido pelo censor nos atira para
uma relação que nos aprece de profundidade entre as peças que sofreram tal corte.
Dessa forma, um corte passa a significar um recorte que nos indica um outro texto a
partir do qual ler a marcação feita sobre a peça. Inicialmente dissemos que este
movimento de recuperar o sentido do corte nos atira para uma leitura em profundidade.
No entanto, estamos aqui recorrendo à noção da rede para manter duas dinâmicas que
nos são caras: a de superficialidade da conexão sígnica e a possibilidade de reconexão
entre os termos.
Na perspeciva de B. Latour,
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Nos termos da #interdição
Dessa forma, tanto no nível individual quanto no nível coletivo existe essa noção
de instabilidade em favor das aberturas da rede. Podemos tratar, de outro modo, de uma
indistinção que está sendo pleiteada no limite entre essas duas esferas. O que nos
interessa nesse ponto é o fato de que as publicações que analisamos dizem respeito a
articulações da vida privada. Isso tanto nas manifestações extirpadas das peças teatrais,
quanto nas publicações recuperadas nas redes sociais.
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Nos termos da #interdição
Ao menos podemos dizer, ainda que não pertençam ao ambiente privado (pois
não estão mais nele), tentam representá-lo. Os temas são próprios de tal ambiente:
tratam de sexo, de preconceito, da vida íntima, de escatologias. Tratam pouco dos temas
que seriam próprios da discussão na vida pública: a política, as decisões coletivas.
Devemos considerar que também esets temas atravessam as duas esferas e tronam tais
representações abertas e maleáveis. A partir do mesmo tema cruzam casos particulares,
humanizados e que dizem respeito ao coletivo. E como representações são instáveis.
Cabe, ainda, reforçar que tal estabilidade está também ligada com a tomada dos
corpos nos ambientes interligados em rede. As representações, privadas ou públicas,
dizem respeito à entrada dos corpos nessa esfera. A fixação dos nós da rede em perfis de
usuários diz respeito também a tomada representadas de seus corpos. Dessa forma, tais
corpos são duplamente tomados: representados como nós na rede e como tema das
publicações que dizem respeito a tais nós. A temática das publicações que analisamos
tratam da relação do corpo sexualizado, do corpo imoralizado, do corpo escatologizado.
A grande ruptura que faz advir o conceito de rede à virada do século XVIII
para o século XIX é a sua ‘saída’ do corpo. A rede não é mais apenas
observada sobre ou dentro do corpo humano, ela pode ser construída.
Distinguida do corpo natural, ela se torna um artefato, uma técnica
autônoma. A rede está fora do corpo. O corpo será até mesmo tomado pela
rede técnica enquanto se desloca nas suas malhas, no seu território
(MURSO, 2004, p.20).
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Nos termos da #interdição
Muita gente estaria inclinada a dizer que não era a máquina, mas o que se fez
com ela, que constitui de fato o seu significado ou mensagem. Em termos da
mudança que a máquina introduziu em nossas relações com outros e conosco
mesmos, pouco importava que ela produzisse flocos de milho ou Cadillacs.
A reestruturação da associação e do trabalho humanos foi moldada pela
técnica de fragmentação, que constitui a essência da tecnologia da máquina.
O oposto é que constitui a essência da tecnologia da automação. Ela é
integral e descentralizadora, em profundidade, assim como a máquina era
fragmentária, centralizadora e superficial na estruturação das relações
humanas (MCLUHAN, s/d).
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Nos termos da #interdição
Todos os itens aqui elencados nos ajudam a entender como se constrói uma
dinâmica de expectativa, surpresa e frustração apoiadas nas narrativas em suporte
digital. Entendemos que sempre se estabelece uma relação na leitura, entre o eu está e o
que não está. Pensa-se quantos passos devem ser dados para chegar à informação
desejada. Podemos, assim, pensar o virtual como o processo de realização na
linguagem. Reforçamos a potencialidade humana de criação de narrativas a partir da
combinação de dados e de sua apropriação poética a partir da regulação da expectativa e
da criação de uma comunicação com o usuário a partir deste ponto.
No entanto, existe uma predisposição imaginária aderida aos meios digitais de
que ele possa suprir uma vontade de totalidade. A expectativa máxima associada a estes
meios é de que, ainda que fragmentária a realidade que me é apresentada link após link,
num ponto da história ele me rende a totalidade. Existe uma ansiedade instaurada em
relação à possibilidade da coleção de dados e das buscas destes mesmos dados feita por
sites compiladores que atende a ordem da potencialidade maquínica. O fato de que é
possível tal coleção cria imaginariamente o efeito de sua existência no presente. Então,
entendemos, neste sentido, que as mídias digitais respondem a um signo de totalidade
que não está guardado em relação a um futuro compilador, mas tem efeitos no presente,
como expectativa em relação às narrativas digitais.
Dessa forma é que podemos usar o termo virtual para expressar a comunicação
mediada pela máquina.
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Nos termos da #interdição
- A rolagem
- O clique
- A possibilidade de edição contínua, no movimento de refazer, reeditar
- A reedição no movimento de compartilhamento
- A importância dos quadrantes da tela, também a do computador
- A relação de objeto com o aparelho, o apego pessoal aos gadgets
- Podemos falar também de quais dos suportes digitais, cd, formatos de arquivo
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Nos termos da #interdição
elementos num ambiente luminosos. O sentido que nos guia nessa composição narrativa
será, então, da dimensão do olhar. Esta perspectiva nos assola a ponto de formularmos a
pergunta sobre a permanência da literatura como conhecemos.
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Nos termos da #interdição
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Nos termos da #interdição
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Nos termos da #interdição
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Todos os sites da Gawker Media, FriendFeed (desde 2009), Google+, Instagram, Orkut[8], Pinterest, Sina Weibo,
Tout, Tumblr, Twitter (desde 2009), VK, YouTube (entre 2009–2011), Kickstarter (desde 2012), Fetchnotes (desde
2012)
10
Referimo-nos a sites como Hashtag.org, Hashtag.com e Hashable.com
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Nos termos da #interdição
encontram uma amplitude maior de sentido e um escopo maior para a análise, como é o
caso das palavras “merda” e “amante”. Dessa forma, pretendemos observar a circulação
de termos menos datados temporalmente e que permitam a análise da pluralidade de
suas construções ao longo do tempo.
Como resultado, visamos à elaboração de um tipo de dicionário de termos, em
que várias das palavras estarão contempladas num mesmo verbete, aproximadas por
similaridade com destino a identificar continuidades e deslocamentos com base numa
perspectiva discursiva e poética das mesmas. Tal dicionário não se refere à explicação
de uma só definição de cada uma, mas especialmente à possibilidade de uso das mesmas
num sistema interligado e em que literalmente não existem a não ser em relação.
Como extensão de uma organização terminológica, nossa análise pretende
contemplar uma classificação preliminar desenvolvida para tratar das formas de
interdição, como se segue: privação (referências à fome, à pobreza, à ignorância),
mistério (falta relacionada à presença de uma entidade divina, soluções mágicas e
misteriosas), sexualidade (relacionado aos conflitos de intimidade, da vida privada e
familiar), a figura do outro (relacionada aos deslocamentos entre fronteiras, ao contato
com estrangeiros e ao contato em geral com o diferente).
Atualmente há recursos para visualizar a combinatória de dados disponíveis em
formato de texto ou número e na mais diversificadas formas possíveis de gráficos,
tabelas e esquemas comparativos. Achamos interessante, especificamente para o projeto
#Nos termos da interdição, a plataforma Many Eyes (http://hint.fm/ - - Link para o site
do projeto Many Eyes), um site desenvolvido em colaboração entre Fernanda Viégas e
Martin Wattenberg, por possibilitar o trabalho com material textual. malem de mostrar
as palavras mais recorrentes baseada em variações estatísticas, permite chegar ao nível
de detalhe das frases onde as mesmas palavras apareceram. Acreditamos que isso será
relevante, tendo transcritas todas as palavras censuradas das peças do AMS para
extrairmos informações comparativas entre os termos e fazer a comparação desejada
com recorrências nas redes sociais hoje em relação aos termos mais frequentes.
A partir do levantamento de palavras censuradas encontradas nas peças teatrais
do Arquivo Miroel Silveira geramos visualizações de dados em quatro formatos
diferentes. A visualização de dados é um recurso que tem se popularizado e está
acessível gratuitamente. Os dados não precisam ser numéricos, mas há a possibilidade
de se comparar palavras, textos e frases. No caso do nosso material isso se torna
interessante e rende cruzamentos estatísticos que informam o trabalho com as palavras.
100
Nos termos da #interdição
Para a preparação dos dados foi necessário compilar todos os trecho extraídos
das peças teatrais com censura sobre palavras. Houve, ainda, uma fase de preparação da
amostragem. As palavras tiveram que ser limpas de caracteres especiais, como til,
cedilha, e acentos.
Num primeiro formato de visualização, no estilo nuvem de palavras, as palavras
em tamanho maior representam aquelas que se repetem mais vezes nos textos. Podemos
observar que algumas palavras de uso comum se repetem. Outras repetições são de
nosso interesse, como a das palavras “homem”, “mulher” e “senhor”.
http://www-958.ibm.com/software/analytics/manyeyes/visualizations/palavras-
censuradas-word-cloud
101
Nos termos da #interdição
http://www-958.ibm.com/software/analytics/manyeyes/visualizations/palavras-
censuradas-no-teatro-paul
http://www-958.ibm.com/software/analytics/manyeyes/visualizations/palavras-
censuradas-phrase-net
102
Nos termos da #interdição
http://www-958.ibm.com/software/analytics/manyeyes/visualizations/palavras-
censuradas-word-net
103
Nos termos da #interdição
homem (53 ocorrências), especialmente com referências ao homem que ama ou, ainda,
ao homem que não é mole, tem alguma habilidade;
velho (38 ocorrências), especialmente relacionado à condição sexual, de aparência e ao
fato de ter dinheiro ou não.
Selecionamos as palavras com mais de 20 ocorrências, o que consideramos uma
recorrência significativa. Não relacionamos aqui as palavras que consideramos como
sendo de ligação ou necessárias para a construção das frases. As palavras selecionadas
ainda tem eco hoje, não caíram em desuso. A compilação que realizamos foi importante
para visualizarmos as palavras mais relevantes dos trechos censurados nas peças
teatrais.
Observamos que as palavras mais recorrentes são relacionadas à figura do
homem ou da mulher, na suas condições de puta, velho, filho. Também destacam-se as
referências ao órgão sexual do homem, em duas variações numericamente mais
relevantes. Mas há outras anotações para referir-se a ele também, especialmente na
referência a frutas.
Para construir relações entre as palavras censuradas nas peças teatrais e aquelas
disponíveis nas redes sociais hoje, pretendemos postar trechos selecionados das
primeiras em postagens marcadas com conteúdos marcados com hashtags já disponíveis
nas redes Facebook e Twitter. Faremos isso nas contas de Facebook e Twitter criadas
especialmente para a pesquisa. O sentido das relações criadas ficam por conta da própria
pesquisa. Mas devemos justificá-las pela relação na ordem sintagmática ou
paradigmática.
Criamos, assim uma conta nas redes sociais mencionadas para a circulação dos
trechos censurados.
104
Nos termos da #interdição
105
Nos termos da #interdição
106
Nos termos da #interdição
para a reorganização de nosso arquivo de maneira não linear (2), em conjunto ainda
com os resultados obtido através da análise dos dados iniciais a partir dos mecanismos
de visualização de dados (3). Voltamos ao corpus para nossa proposta poético-
metodológica de sua reconfiguração.
A partir desses esquemas de dados acumulados, voltamos ao corpus de nossa
pesquisa, olhando especificamente os trechos censurados nas peças teatrais que
continham figuras de linguagem. Tal levantamento, que anunciamos que se iniciou
durante nosso trabalho de doutorado, ganha agora corpo e quantidade na recuperação de
tais figuras e em sua categorização. Tal recuperação foi importante para o exercício de
religamento em rede destes mesmos termos a que nos propusemos.
A recuperação de palavras censuradas que apresentamos a seguir compreende a
seleção dos trechos recortados das peças teatrais e que continham figuras de linguagem.
Realizamos ainda uma marcação, pertencente ao interior da presente pesquisa,
apontando a figura de linguagem que iríamos privilegiar. Tal privilégio relacinou-se
com uma análise semântica dos trechos e na possibilidade que qualitativamente
movimentassem a pergunta de nossa pesquisa em relação à manutenção ou
deslocamento de seus usos no tempo presente, na circulação nas redes sociais.
Em seguida realizamos o levantamento a partir dos mesmos termos
qualitativamente selecionados, pesquisando-os nas redes sociais a partir da indexação
com hashtag. Procuramos manter a mesma forma e grafia utilizadas no original das
peças teatrais. Quando era de nosso conehcimento a variação linguística da palavra, mas
com a manutenção de significados similares ou derivados, assumimos também a forma
desviada dos termos.
O fato de termos privilegiado figuras de linguagem nos permite um recorte mais
abrangente em relação aos sentidos associados aos dois conjuntos, aquele de partida
(termos censurados nas peças teatrais) e aquele de chegada (termos recuperados nas
redes sociais). A recuperação dos termos nas redes não poderia ser realizada de forma
aleatória em relação ao sentido das palavras de partida. Cada uma delas mostrou-se
usada, nas redes sociais, em suas diversas e variadas acepções possíveis. Para a
realização do presente trabalho mantivemos a recuepração estrita aos sentidos
identificados como já estando presente nos termos de origem a partir da leitura e
interpretação dos mesmos. No momento da recuperação dos mesmo termos nas redes
sociais, através da leitura exaustiva de publicações que marcavam as mesmas palavras
coletamos aquelas que mais se aproximavam da colocação original dos termos.
107
Nos termos da #interdição
Trechos censurados nas peças teatrais do Arquivo Miroel Silveira contendo figuras
de linguagem
DEPILAÇÃO
“transparente, que nos deixe quase nuas, mostrando o nosso delta irresistívelmente
depilado; membro em riste; cuja superioridade se define toda num pênis eriçado;
fornicar; apontando para a evidência de sua condição; mais de pé; ela trata meu membro
como se ele fosse de ferro; a que não seja o meu; estava me escondendo ai nessa
magnífica ereção”.
URUBU
Só urubú podia ter trazido isto (mostra a criança que é um negrinho)
108
Nos termos da #interdição
ESQUENTAR
“Fez ela pegar o esquentamento de outra; Porra; Mineteiro; Só abrir a perna e faturas;
Ficou em cima de mim mais de duas horas”
BURACO-FECHADURA
Lavou até o olho do Cury; Mi em cima de Sí sem Dó; Então lá ia eu já com o dedo na
buzina; Tentar levantar o que estava caído; Vamos é logo alí no 83; Eu sou é bicha;
Aquele que todos procuram, que é mais castigado, enfim, aquele que é usado várias
vezes por dia e à noite também o buraco da fechadura; É assim a vida, sempre um
buraco, que a vida dura, é assim na morte, sempre um buraco de sepultura. Mas viver
sem chave na fechadura é o que dest-aco. Tira, bota, tira. Como padece o meu buraco;
Qual delas; Só pensa em metida; O rei tem uma favorita. Tão criança e tão feinha que
até faz ficar bonita a cornuda da rainha. A favorita é magrinha, é capenga e amalucada.
Pela frente é bem lisinha. Por trás, ela não tem nada. Levou-a o rei para o leito.
ALEIJADO
E quis com ela sonhar Mas reclamou contra-feito; cadê coisa para apertar? Ela nada
disse ao rei. Ele explodiu de repente. Minha filha já nem sei. Tás de costas, ou tás de
frente; Tu precisas fazer mais anjos; Tu precisas se virar mais; Fugido e mal pago;
Afrescalhado; Poeta pobre. Eu me sintoenvergonhado quando as muletas seguro. É
chato ser aleijado. Sempre com a mão no pau duro; Filho de luta; Abunda; Ela trina; Ela
trina, ele diz; Bolinadas reisis; Chifres majestosos; Para iniciar uma dança mais íntima;
O marquês queria bancar o empata folga; Ele conseguiu entrar? Já estava dentro. O
marques?? Não, o rei; Só um caráter assim pode seduzir uma mulher Sei por
experiência própria.
CARÁTER FRESCO
Mulher não gosta de homem que tem caráter fresco, sorto, mole; Não quis mais nada.
Deitou-se e não havia jeito de levantar mais; O que o rei merece eu vou dizer agora ele
merece que vos lhes passei a sífilis; Tenho-a agora consegui pegá-la fui de bordel em
bordel, de prostituta em prostituta mas acabei triunfando. Tenho uma sífilis novinha em
folha. E vou passá-la em voz. Como deve acontecer entre bons esposos;
109
Nos termos da #interdição
CHIFRES
Tenho culpa de ser corno; Eu tenho chifres; Tenho é sífilis; Ides ver daqui a pouco
quando eu vos presentear com a sífilis para que a transmitais ao rei; Resistência aos
chifres; Preso, corno e ainda por cima sifilítico; Já tinha um taco; Eu era neném, andava
nú, meteram um alfinete no meu pé; Te metendo o pau; Pau na blusa dela;
URINA E FEZES
Urinolina, Mijardélia e Merdalésia;
METER O PAU
Sempre de pau na mão; Só mesmo metendo o pau; Todo mundo se embolando pelo
chão; Café society, gente bem doce na vida, qualquer esposa com qualquer marido sae.
O tempo passa, vem o efeito da bebida. Um novo baby sem saber quem é seu pai; Café
society, gente vip circulando. Podre de chic no ambiente verry car.
TREPAR
Em meio ao bar, sobre as mesas vão trepando. Café society gente bem só quer trepar;
Eu fiquei milionário com o que ganhei atrás; Naquelas tardes fagueiras, à sombra das
bananeiras, fazia fila lá atrás; E de bruços me deitava. Vinha um colega, trepava; Porque
é que bicha nasci. Nasci! Si tivesse eu bonecas; Assim como vocês querem ser bonecas,
eu também faço questão que me respeitem como mulher-macho, sim senhor;
ESTAR DURO
E agora, o que é que eu vou fazer? O meu enxoval tá pronto. Paguei um dinheirão por
este vestido e os convidados estão todos lá. O caminho está aberto será que arranjo
outro noivo que queira aproveitar esse caminho aberto? Porque eu fui na conversa
daquele monstro tarado? Eu devia ter resistido. Aliás, resisti o quanto pude, mas quando
ele mostrou que estava sem dinheiro para casar, que estava duro aí parei de resistir e
entrei pelo cano e quecano; Lembranças que te dei? O que disseste? Dar pra mulher? É
só o que faltava; O príncipe bem sabe que me deu. E eu até estranhei, mas é verdade.
Qual o mal em me dar o que era seu. Na mais doce e terna intimidade; Fala baixo
mulher, não te dei nada. Nunca dei pra mulher isso eu garanto.
SER ESPADA
110
Nos termos da #interdição
Mulher não é completa, falta a espada. E logo a espada que eu desejo tanto; Mas na
guerra também cavam trincheiras que ocultam tanto o forte quanto o fraco. Se o homem
tem espadas altaneiras. A mulher é trincheira. É o seu buraco; Bela resposta, Ofélia,
francamente. Mas também minha réplica eu encaixo. Minha trincheira é diferente. O
meu buraco émais embaixo; O mesmo mandando você tomar; Ótimo, vai comer na sua
que eu vou tomar na minha
TROCA-TROCA
Nunca fez troca troca. Mentiroso! Se nunca fez, faz agora. cada um chora por onde
sente saudade
TROCAR O ÓLEO
Nem trocando o óleo ; no buraco; Se a linha é fina vai bem, mas se a linha é grossa vai
mal.Custa pra entrar. Cu tem que forçar o buraco. Preciso mais jeito. Passar a ponta na
língua alisar torcer quando está bem torcido, manda brasa ; feia de cara mas boa de bu
nita cara a senhora tem; senhora tá segurando no pinto;
CHUMBO GROSSO
Quem não leva roquete leva o pinto; o chumbo esquenta e fica mole derrete tudo
JOGAR BURACO
Eu pensei que fosse um convite; eu dava tudo ver o pau comer dentro de mim; Quando
o pau comia, ela estava sempre de costas; Que é que tem que o pau coma, entre os
homens?; E que é que vai nas coxinhas?; e peluda no buraco; de tanto batê no buraco a
cabeça começou a ficar inchada; O meu baralho quanto mais buraco pega, mais forte ele
fica
111
Nos termos da #interdição
casa se ela engravidar eu cobro menos! ; É quando há atrazo nela; há homem pra todos;
não me dar bola é só ligar pra ela;
SER BONECA
Sou boneca, minha filha. E boneca perfumosa, viu; comida de soldado; cretinão;
Homem, sou. Infelizmente, mas sou; Deixa crescer, boba. Quanto mais, melhor; adoro
os homens de cabeça grande! ; vai pegar no pincel dele; vou descer o pau nela
LEVAR FERRO
Só pra num levá o ferro!; Lógo ele me foi dizendo você quer na frente ou atraz?; atraz
acho que vou trocar o óleo; a caneta do chefe; isso! viu como ela sabe? Ela me viu
tapando sem querer, quase tapei ela também !
METER ROLHA
Ela meteu a cara no pistão da tapadeira e quasi meti a rolha nela! por pouco ela não
estava tapadinha; Perdão, querida! Esqueci de tirar o Pinto; Acho bom não tirar, porque
eu me retiro do recinto; Já tirei; Como é que eu não vi;
MANDIOCA/XUXU
Mas a muié que me chama a toda hóra de boboca, ela prefere, nem que seja uma boa
mandioca. Sai de casa, danadinho pra xuxú. Vejam só o que eu ganhei Foi um pé no
ouvido
hotel; ficaria toda nua; Eu sou de Ponta Grossa e a minha mulher de Curralinho não
dáva certo; Como não prova? Ela desceu pela escada e eu não ouvi barulho algum se ela
fosse atravessada, eu ia ouvir blá-blá-blá, é ou não é; trepar;
BANANA/MAÇÃ
as mulheres adoram uma boa banana, e o homem que não tem banana não é homem,
morou; Vamos tirar isso a limpo! (exibe maçã). Cavalheiro, veja bem: sou a maça. Sou
ou não sou a mais gostosa? Olhe só: redondinha, rosada sinta o perfume. Não gostaria
de me comer? Gostaria? Viram? Não disse? Ele gosta. WA: O senhor não gosta de
chupar? Tome experimente pode chupar é uva mesmo Isso muito bém viram? não disse
que ele chupava? Banana: agora é a minha vez (exibe a banana). Por favor olhe bem
essa banana! Roliça, de bom tamanho enche a boca de quemgosta O senhor gosta de
112
Nos termos da #interdição
banana? Não? É estranho: conheço uns rapazinhos que passam os dias atráz de uma
banana Ah! Peguei! Mentiroso! Dizendo não gostava de banana, hein? Olhem só! Tá
com a maior banana no bolso! E que banana! Ganhei! Primeira eu; toda mulher gosta de
uma boa linguiça e o homem que não tem linguiça não é homem; dois ovos; Vamos
tirar isso a limpo. Cavalheiro: olhe bem prá mim sou redondinho, vermelhinho.
FAZER SAFADEZA
Eu disse a você meu filho, que você podia fazer safadeza com todos os meninos da rua,
menos com suas irmãs, suas primas, e as filhas do Doutor Machado1o. Vé porque vão
com as filhas do doutor Machado?2o. Porque ele me empresta dinheiro e não cobro
juros; elas existem para sustentar esse azêdo exército de virgens; Dom Pedro I era um
sem-vergonha muito grande, muito mal visto pelo povo do Brasil, aproveitador danado.
MATAS DE ANGOLA
Como ia ser chutado com monarquia e tudo, ficou como Imperador do Brasil,
entregando-o aos interesses, português, que por sua vez já eram entregues aos interesses
inglêses; Ião matando os negrosque querem liberdade em Angola. Angola! Ô Saudade
que negô sente dos séculos quando era livre nas matas de Angola, longe e sem saber
dessa civilização;
CANETA
113
Nos termos da #interdição
Ai, não vai dar jeito vai entortar a minha caneta se não entorta, pelo menos vicia a pena.
Em todo caso vamos lá (assina). Pronto! ; vai doar, que não é vida; de todo o jeito,
ENGATE/ TÚNEL
tomar atrás; de pau duro; de pau grande; ela ficava segurando o pinto; e quando o pinto
é limpo ela inté beija o pinto; ocê fica beijando os pinto e dispois vem bejá eu; vê o
pinto cresce na mão dela; E o meu leite é bão; Se eu não vivo o cabo de engate, rápido,
era um desastre na certa. Mas o diabo é que eu quase que arrebento o túnel; eu vou
experimentá o seu rabo; (Entra, ajeitando o suspensório);
MAIONESE/ROSCA/ESPETO/BANANA
maionese que caiu no lençol; mexendo nele que ele endurece; Encosta a rôsca, queele
endurece; está custando a subir; subiu ou não subiu; É ela me tocar com os dedos e eu
gritar de dor; e não se levanto mesmo; Quer um conselho? Se êle te pedir prá tu
descascá a banana dêle, num aceita. Se ele te pedir pra tu dar uma dentadinha na banana
dele, num tópa. Num tópa que é espeto. Espere, espere, a senhora precisa levar o pau. o
remédio é ir na mão mesmo; ele dá uma voltinha pela rua Aurora. ficou dando as
coxinhas pro vovô
COBRA E MINHOCA
Nunca mais ele me deixou mexer em cobras. Fiquei 12 anos com ele. Durante todo esse
tempo, eu só lidava com uma minhoquinha. uma minhoquinha anêmica que era uma
luta pra levantar a cabecinha; O que eu gostaria era que o exército segurasse em mim. Já
pensou? Mais de 200 mil Homens! Fico atéarrepiadinho!; Rabada com polenta e língua
fresca. É a minha especialidade. Quer experimentar?; Língua fresca só de de veado não.
E não é qualquer rabada de porco que eu topo, ouviu?; bafo quente de homem no
cangote da gente. Eu sentia vontade de brincar de trenzinho com ele; Me manda! ME
manda! Mas me manda logo! Linguiça guardada é uma delícia!; Segundo me consta, tu
vai encontra uma que nãoé linguiça. É mortadela; A Tocha atrás; e com muito suco
114
Nos termos da #interdição
FRESCURA
engatar a; da primeira; aguentar; engata; della; da senhora; cargo; Vou saltar ahi no
jardim que está fazendo muito calor. Esse lugar aqui está muito quente, eu vou precisar
um fresco
DAR UM JEITO
Marie: (tem que reconhecer que é verdade. Ela ri baixo) -Oh, Turk, Turk: Diga se não é
verdade? Marie: Quem sabe? Turk: que tal hoje à noite, gostosa? Não vai sentir falta de
mim? Marie: Turk, você está treinando. Turk: E que tem isso? O dardo eu atiro na
mesma distância a qualquer momento, filhinha. Vamos, néga, nós antes já temos dado
um jeito0, não temos? Maire: Não sei se dá. Turk: Por que?; (Principiam agora uma
brincadeira mais forte, ele acariciando-a como se ela fosse um urso domesticado. Ela
dizendo: chega Turk, assim machuca. Ela lhe dá um tapa de brincadeira. Depois ambos
riem da própria simulação. Lola entra devargazinho pela porta de traz, na ponta dos pés,
atravessa a cozinha às escuras, e fica junto à porta de onde pode vê-las. No seu rosto há
um sorriso calmo e feliz. Acompanha cada movimento que eles fazem, alerta) -E agora,
senhorita Buelcholton, qual é sua opinião sobre a pressão psicodinâmica da vida na era
tômica? -(brincando) -Turk, não deboche; na cama; fazer amorzinho; na cama de Marie;
aqui de seu bordel
DEFLORAR
Deflorou; Na cama das prostitutas; Há mulheres casadas que fazem o possível para
atrapalhar o serviço das honestas prostitutas; Barriga; Grávida; O importante é
convencer a justiça de que se trata de homicídio não premeditado; E então, se não casar
depressa, acaba perdendo a honra e tornando-se para sempre uma bem uma da nossa
freguesia; Esposas; Fizer a besteira de se casar; Deshonra; Mas, afinal, mulher, o que foi
que ela fez; O que foi que ela fez? Casou-se; Inconsciente! Semvergonha! Casou-se;
Casou-se; (COM DESPREZO) Casar!
PERDER-SE
Então você pensa que sua mãe e eu teríamos vivido tanto tempo em boa harmonia se
fôssemos casados; Você está perdida ou não; O que é que o sr entende por perdida;
Perdida quer dizer casada; Mas da primeira vez que uma mulher cai, não deveria fazê-lo
de graça, porque essa é a maior oportunidade que ela tem de fazer fortuna. Depois o
115
Nos termos da #interdição
caso é diferente: é só ter cuidado para não ser descoberta, e pode fazer o que bem
entende; Casar; Honesta; De homem; Nós só queremos justiça. Somos pela justa divisão
das coisas do mundo ;
GOZAR A VIDA
Então todo homem não tem o direito de gozar a vida; (nesta passagem estavam escritos
dois ques portando, não foi erro de digitação -pelo menos não meu! Hehhehe); Somos o
que que tiramos da humanidade o que está sobrando. O mundo está cheio de pão duros e
eu detestopão-durismo! Êles guardam aquilo que não sabem aproveitar, só para impedir
que os outros aproveitem ;
RASGAR COLCHÕES
O pão duro, sim, é que está roubando a humanidade; Claro! O dinheiro foi feito para se
gastar e não para guardar em colchão; Tem toda a razão! Então, vamos distripar os
colchões que estão gordos demais! Coragem, turma; Com um homem; Esta noite;
GANHAR COBRES
Desde que o nosso primeiro fornecedor de meninos se aposentou, tenho feito o possível
para ganhar uns cobres ajudando as damas da prisão a arranjar uma gravidez legal! A
fim de adiar o julgamento .; (APONTA PARA A BARRIGA DE LUCY);
ACABAR NA FORCA
assim poderá fazer tudo o que eu fiz -roubar, matar, gozar a vida sem se incomodar com
a Lei e sem Ter que acabar assim, na fôrca; general; você está louco, meu filho! Na
realidade, o que se passa é o seguinte: os sujeitos como Mac Heath acabam mal, a não
ser que tenham pistolões; é verdade
GALINHA
116
Nos termos da #interdição
TER PISTOLÃO
dá certo negócio; Indo; engasgada; não ter um com pinto no meio; um de cada lado;
gostam de; levem um bom bocado; Na praça Pariz; Na praça Tirandentes; público; tem
que ter muito pistolão ou vestir saia; penacho; datilógrafas; Não é um efeminado; entra
semi-desnuda; fiquei dois dias sem poder sentar; me sentou na cadeira;
ABRIR O CANAL
Levei uma hora abrindo o canal; Não! No meio! (Olhando na boca) Precisamos fazer
uma extração para poder meter o pivot; Bolero de Ravel; Bolero; Veio uma senhora e
sentou-se em cima da fogueira de São João; Góis Monteiro; Eu sei que o Catete é duro
de habitar, é um circo onde todos querem se arrumar,
DONO DO CIRCO
mas o circo tem um dono seu retrato vou pregar (sobe prega o retrato no cenário e sai);
bicheiro; bicho
SER CENSURADO
Foi censurado todo um programa de auditório de perguntas e respostas em que se ganha
o prêmio em dinheiro, são 4 perguntas simples que são uma moleza para o candidato,
porém a última era qual foi a primeira palavra que Eva disse a Adão quando viu a cobra
enrolada na árvore, a resposta foi, que a questão tá dura
SER VENDIDO
Jupiter: Isso é obra do Americano; Marte: Não fale mal do Americano. Ele é meu maior
aliado; Saturno: Marte está vendido aos EUA; Todos: sim, sim! Está vendido;
Comandante: Sim. Estive com S José fazendo tempos para as estrelas da Coréia do
Norte; Café: Por que? Há falta de tempo; Comandante: Efeito dos Bombardeios
Americanos ouve-se forte ruído de ventania;
PEDERASTA
Eu quero Buraco; Pois eu continuo gostando do Buraco; Daqui ha dois anos, a frase
muda: nada nos une, tudo nos separa; O senhor é pediatra; Sou. Mas ativo
117
Nos termos da #interdição
JUSTIÇA CEGA
Falermo -em tempo de guerra, nada mais facil do que acobertar com o interesse de
qualquer causa o crime que se praticar; homens chamam a civilização; Francisco -A
justiça me vingará, diz o senhor, e porventura nos vinga ella quando, fechando os olhos
e abrindo as mãos, julga innocente o criminoso vinga-nos acaso, quando, mesmo de
mãos fechadas e olhos abertos, por falta de provas abafadas pelo forte, que opprime o
fraco, absolve a quem nos informa A justiça O Como ha de ella chegar a um pobre
cego, se é tão cega como elle Venderam-na pra ferir com igualdade, ou para as escuras
descarregar o golpe guiada pela mão forte contra o fraco, quem me garante aferição dos
pesos collocados na balança, cujo fiel pende mais para o lado que luz
PORCO/ SUJEIRA
De noite eu tinha que ouvir tudo o que meu pai e minha mãe faziam. Ele grunhia como
um porco em cima dela para mostrar sua paixão.E eu pensava comigo mesma como é
sujo fazer amor e como é sujo ser mexicano e ter que dormir todos num só quarto, num
chão imundo, cheirando mal porque não havia nem bacia
LIMPEZA
sem vergonha; é o meu amante; dando o meu corpo; Já pensaste que vai deitar-se todas
as noites na minha cama; Por isto te entregaste a mim tão generosamente esta
noite?lúbrica perante um corpo qualquer; eu me sentiria muito mais limpo e tranqüilo
neste momento se tivesse ido a um bordel; repugnância;
AMANTE/ADULTÉRIO
esse filho de uma; um amante; para que eu possa mostrar ao mundo, essa filha que quiz
roubar o amante da mãe e não hesitou em querer que me enforcassem, só para se vingar;
no amante; onde se encontrou com o seu amante; o seu amante, sim não minta; pelo seu
amante; adultera; nua; sem vergonha; como se te visse nua através dos vestidos e o teu
desejo não era menor do que o dele; Deseja-me, deseja-me ao ponto de querer matar
quem ousasse roubar-me a ti! Quero entregar-me a ti; Entreguei-me a ele Ele me
possuiu Foi o meu amante
118
Nos termos da #interdição
A minha força toda está na língua; É que tu apesar da tua idade, não sabes o que é o
mundo; não sabes o que é a vida das pobres empregadas; nunca o fôstes; Não o sabes,
também que aquela que não cede, nunca poderá ser nada, se cruza no seu caminho um
superior que a deseja e ela o repele; Não acredites que eu não resisti; não suponhas que
eu não lutei; Houve um momento porém, em que eu pus na balança a minha honra e o
meu lar; O meu pobre lar no qual havia um avozinho cego e uma irmãzinha pequena
que necessitava viver e educar-se; e então, não mis vacilei; cedi; Depois a culpa não era
toda dele; Havia muitas jovens que o procurava; que se lhe ofereciam com descaro; por
costume; prolongadamente
EM NOME DE ALLAH
Ensino a você comer a Pomba-Rola; Deixo somente para você a cidade Santa e Adis-
abeba, para o seu povo; O resto, você sabe como é a escrita fica tudo para a Itália;
Confere; Não confere; Recuso em nome de Allah; Levanta os braços para cima
curvando o corpo; Eu lhe ofereço como princípio de paz, o retrato de Menelick; Tenha a
palavra o camarada Ravioli; Levantando a mão para saudar os presidentes; Meu
grandissíssimo sei-lá-si-é; Escute o que eu vou lhe dizer (vide-processo)
PEITO SALIENTE
Os homens condenam a prostituição e são eles que alimentam a mesma, são os únicos
culpados de existir tanta perdição pelo mundo afora; O peito bem saliente, como se
ocultasse um casal de pombos prontos para voar; Santa
METER O PAU
Como eles me metiam o pau! Metiam, sim! E eu bem que gostava! eu queria era
movimento; Ando com uns enjôos. Vontade de chupar limão; Foi seu marido quem fez;
Palavra de honra que não sei; Até que enfim dei uma dentro; E você continua a ser
119
Nos termos da #interdição
senhorita no duro. O senhor acha que vai ficar com o buraco aberto; Só não
conseguiram, de mim, baixar as calças; um deputado
ABORTO
Usa calças; na ponta; Levanta o lençol; Ela dizia, levanta o lençol Lucio e ele respondia,
segura na ponta JuJu; E você com a vela na mão; Peron; Não, a outra; Que outra; Um
aborto
traído; cosinha, cosinha no duro; Uma mudança depois de beijar um jovem inocente e
puro. Qual é a frase costumeira; Dás me 10 cruzeiros, coração; Se não me engano você
andou dando muitos beijos por ai a 10 cruzeiros
COMPRAR O AMOR
O senhor acha que isto é viver? escravas eternas do amor vendendo o corpo a uns para
comprar o amor de outro! Não! eu eu não posso; Afasta-se de mim! Eu já não lhe
pertenço! Como? Então vai dizer-me que vive com esse velho? Ele tem-me tratado
como filha, e depois não é velho Tem apenas quarenta anos. Ah! Como sou idiota! (Dá
uma gargalhada) Compreendo tudo agora!Eu já devia ter percebido antes, querida, que
Gustavo é rico e você em boas azaa para voar com a gaita dele.Canalha! Como se atreve
120
Nos termos da #interdição
a tanto!..Saia imediatamente desta casa. -Um momento querida. Gustavo não gostaria de
conhecer o ex-amante da formosa Jurema! Tu não ousarias!Como não, pela mulher que
amo ousaria tudo!; A mulher que ama! Por acaso alguma vez você soube o que é amar?
UM LAR
Tirando uma adolescente do lar para um mundo de promessas e depois obrigar a
desgraçada a frequentar os ambientes mais desgraçados e viciados para deixá-la mais
tarde na sargeta da rua.Como? Que quer você dizer com isso?Quero dizer que Gustavo
encontrou-me na sargeta, à porta de sua casa! Faminto, doente e maltrapilha! sem
interesse algum, a não ser o da sua bondade, tratou-me e aqui estou enfim, liberta do
rude abandono por que passei e que só um canalha e covarde como você poderia
fazer!(Tentando persuadí-la) Mas querida! Eu não sabia que você ia sofrer com a minha
ausência! (Acalmando-se) nem uma carta, nem um aviso sequer eu tive então. E quanto
à partida, não pude avisá-la porque foi inesperada E Gustavo? o que disse você a ele?
Sobre mim? Sim, sobre você;
VIR DO INTERIOR
Menti-lhe que vim do interior, iludida pelas cidades grandes. Que aqui gastara todo o
meu dinheiro, sem no entanto conseguir trabalho. Não tendo para onde ir, nem onde
ficar, aconselhada por um suposto senhor que me demonstrara todos os requintes de
bondade inexperiente como era fui por ele seduzida e em seguida lançada para fora de
um auto em estado semi -inconsciente, onde mais tarde era encontrada e socorrida por
Gustavo. Ele acreditou na minha história e agora sinto-me bastante feliz. Jamais deverá
saber da verdade! Bem Se é assim, concedo-lhe a liberdade. Gustavo é meu amigo e eu
não gostaria de vê-lo decepcionado!Porém, quero que acredite Jurema, se fiz com que
você sofresse não foi por minha vontade! Eu a amo muito e hei de amá-la eternamente!
ENTREGAR-SE
121
Nos termos da #interdição
mais de uma vez no mesmo dia; e acabou por se entregar a um touro; todas as noites
vens ao meu leito, tiras a roupa , e estamos juntos; o pastor acaba por compreender e
dali a pouco, amam-se em pleno campo, mais unidos que um homem e uma mulher; e
deixou que acontecesse esta coisa repugnante-permitiu que esse homem reduzisse você
e a Pia, a duas jumentas numa cocheira! Consentiu em renunciar à sua condição de ser
humano! E se amanhã fosse a minha vez você também permitiria! Que eu também! Eu
também está ouvindo? Todas as três, um pequeno rebanho; ou teriam andado mal sua
mãe e sua tia? Elas também podem errar; prostituta; entrega-se a ele; subi ao leito da;
talvez eu esteja grávida; eu também estive grávida de você, e sentia enjôos
FARRA
Boite; Pinto; dirigindo-se a um espectador; a outro cavalheiro; aos demais; um
qualquer; militar; a um cavalheiro; numa farra; várias farras; a outro; aos demais; a ele;
a outro; a gente, só as crianças; satisfaz a qualquer um; Para as meninas; O Dr já esta lá
dentro com sua senhora; Sozinho com a minha mulher? Mas, não é perigo; Enfim ela
gritou, mas parou. (fuma)
BOTAR OVO
Porque as mulheres botam ovo; Não deixe o médico sozinho com minha mulher; Não se
assuste. O médico está acostumado a atender mais de vinte senhoras por dia; É, mas eu
só tenho uma; Éhomem! É homem; o moço largue o meu dedo; camera social; mulheres
perdidas; sem pudor; Desastre da Central; Primeiro ator: O negócio hoje parece que vai
render! Já assaltei um bonde, um ônibus e uma carrocinha de abacaxi. (entra o segundo
ator).
PEGAR NO BATENTE
Segundo ator: Olá, Sansão! Tá passeando? Primeiro ator: Passeando o que Siô. Tô no
trabalho. Segundo ator: No trabalho? Essa não, eu nunca vi você no batente. Primeiro
ator: Trabalho que eu digo é Afano. Tô aliviando os que passam por aqui.
MANJAR
Manjô? Segundo ator: Não manjei nada até agora, tô em pleno jejum. A única coisa que
comi até este momento, foi meio pedaço de abacaxi numa carrocinha -vide processo;
Segundo ator: Foi você? Bonito papel eim? E eu fiquei sem comer nada até agora.
122
Nos termos da #interdição
Primeiro ator: Não faz mal. Tu vai me ajudar no trabalho e nós dividimos o lucro.
Segundo ator: Quem, eu? Sê é besta, eu não dou prá issonão. Eu sou honesto -vide
processo;
SER CORINTIANO
TÁ! Lá vai um coritiano entrar no roubo (sae); Já na coxia; dando a entender; note-se
que o sutien que o ator traz é da mesma cor que a atriz tem e que lhe foi entregue por
outra pessoa na coxia; calcinha da mesma cor que a atriz usava; olha o resto, mostra a
calça;
BRINCAR
Ele já está na base do VAE QUEÉ MOLE senhores, conhecem aquela brincadeira do
por cima e por baixo? Nãoconhecem? É uma brincadeira muito simples, engraçada e
muito fácil de aprender.Eu vou explicar. É uma questão de completar a frase que eu
disse. (Para uma pessoa da platéia). O senhor aí. Quer aprender? Quer? Então preste
atenção: O senhor diz para mim. Eu entrei numa Boate. Eu completo. Por cima, aí o
senhor diz. -vide processo; Que tal, certo? Então vamos continuar, canta; E nu artístico
giratório
ROUBAR/ENGANAR
Eu, quando roubei a primeira vez, tremia como uma criança. Depois acostumei; da
Warner; de Cecil B de Mille; mata-se por fome, por fome apenas; do silencioso; Gary
Cooper; boca quente a dela; queimava; Sou mexicano; Francis também; Holywood;
engar; de preto; Todas as mulheres enganam os maridos; Comprei um veneno qualquer
na farmacia; Nem sempre ela deixava que a beijasse; Foi preciso roubar para comer;
pelas costas
RÉPTEIS
meretriz no cabaré imperial; o rico leva tudo do pobre; ninguém tem liberdade. Aqui é
como lá fora; mitório; A humanidade inteira são como reptis venenosos
VER ESTRELAS
123
Nos termos da #interdição
saco; que quando eu nasci, ela viu estrelas; pra cima de; apalpada; Loló; bolinado;
cobra; não; o que é seu está guaradado; só tenho dois; ultimo a saber; as mamas da
Bonifacia; mamas; 24;
PEGAR NA MERCADORIA
num momento irrefletido; pega na mercadoria; usada; pedaço; não se podia ver nada;
maridinho; esposa; se casa com; cama
serás a seringa destas prenhas; prenha; pergunta se o doente fez amiga; nesta casa não
há ourinol; ad cagarronem
MISÉRIA
despi-la; cidadão: misserável deveria ser aqueles que aproveitam da miséria dos
humildes para enriquecer. Misserável é o senhor que cumulou a sua fortuna com o
esforço dos pequeninos, daqueles que arriscavam a vida pendurados nos andaimes, dos
que descem ás minas e que depois ficam cegos com o brilho do ouro que circula no seu
bolso, dos famintos que, de sol a sol, apunhalam as árvores das rodas dos grandes
pakards, dos que morrem intoxicados pelas tintas que ornamentam as paredes do
boudoirs, do que recolhem o lixo que sobra da fartura de todos os arranha-céus, dos que
cintilam, dos que se sujam com o carvão das fornalhas para mover esses palácios
iluminados que vencem a distância dos oceanos; ALBERTO-Quer dizer, então que os
homens de dinheiro devem tudo aos homens sem nada; CIDADÃO-(convicto) Tudo!
sem nós os capitalistas morreriam de fome
INOCÊNCIA
Foi por isso que veio aqui? Porque pensou que ela estava grávida; Não. O máximo que
eu tenho feito é pedir a algumas senhoras das minhas relações que viviam em pecado
comigo; Então por que fez essa pergunta; Você sabe. Há uma teoria de que as mocinhas
ingênuas são transviadas ou seduzidas por homens maduros depravados. Mas isso é
verdade. Por cada uma dessas garotas. Somente os homens maduros tem um respeito
instintivo pela inocência.
124
Nos termos da #interdição
#URUBU
Gabriel Ferreira @GabrielF_SLZ 4 de set de 2012
#Urubu Branco: O #Racismo explicito - Portal Geledés
http://www.geledes.org.br/racismo-preconceito/racismo-no-brasil/15415-urubu-branco-
o-racismo-explicito … via @geledes
#DEPILAÇÃO
BRUNO ZANTEBERG @Brunodineves 8 de jun de 2013
125
Nos termos da #interdição
#ESQUENTAMENTO
mahrcio santoz @mahrciosantoz 7 de jan de 2014
FORTE CANDIDATO AO CONCURSO
CAMISETA MOLHADA !!!!
TA MALUKO
#CALORIDAO #ESQUENTAMENTO
126
Nos termos da #interdição
@PalommaAlves aaa tipo só nao te chamo pra morar com nos (eu e seu primo) porque
na hora assim de #ESQUENTAMENTO tipo que atrapalha ne amiga
#BURACO/FECHADURA
Antônio Martini r. @advmartiniRS 12 de out Ivoti, Rio Grande do Sul
#fechadura #chave #maçaneta #porta #brazil #rs @ Buraco Do Diabo
http://instagram.com/p/uEhFsdqBpD/
#ALEIJADO
Bárbara Milato @barbaramilato 21 de set
Você me ensina o que é amar ❤ #LoveU #Mozi #SemPerna #Aleijado
http://instagram.com/p/tORq1_lf-X/
#CARÁTER FRESCO
alternativa para #fresco homossexual
Mylla @Mylla_Andradee 13 de dez de 2011
#Frechado: conversador, chato
#Fresco: Homossexual masculino
#Frinfa: ânus, reto.
#Frôxo: Medroso
#CHIFRES
' bipolar � :3 @raqueljuness 30 de abr
'se quiser eu chego na sua cr e da sua irmã e falo tudo q tenho q fl ,ms tenho dorzinha d
vcs BJ ���
#Chifre ..so p quem sabe ..kk
#RODADA��
128
Nos termos da #interdição
#URINA/FEZES
Mc ineh @mc_vineh 27 de jun de 2011
@mcjoota VOCE COMEU #MERDA E BEBEU #URINA MLK (y)
#METER O PAU
pega minha pilka @lara_brunam 10 de jul de 2011
tem gente que adora #meteropau em pessoas que nem conhece, e depois ficar se fazendo
de santa !
#TREPAR
Informe R O @InformeRJO 11 de abr de 2014
RT @meltarise Não tem casa mais tem 10 filhos, tenho um só e custa caro #trepar
todos querem, trabalhar que e bom nada.
#ESTAR DURO
rafinha cs @Rafinha_cs 13 de mar de 2014
E hj ainda são 13! Cade dinheiro? #liso #duro #nocash
http://instagram.com/p/lfOGgeEIoF/
#SER ESPADA
toshi @toshii_ 24 de jun de 2012
@caiquerdrigues q isso broder somos #espada #hetero
#TROCA-TROCA
Guilherme ✌ @santoss_guii 15 de abr
Meu boy magia e a amiga �� #trocatroca #terceirão
https://instagram.com/p/1f0M4JqvJh/
130
Nos termos da #interdição
#TROCAR O ÓLEO
Flávio Toledo @flaviotoledoo 21 de dez de 2010
@natyylisboa Se eu soubesse q ía rolar conversa de #trocaroleo nem teria ido, saí de lá
com meus ouvidos poluídos. #soupuro
#CHUMBO GROSSO
InezFrank /Ed Física @Prof_InezFrank 20 de mai
Tbm adorei !!! Vou comprar, usar e presentear. É #Guerra , #esquerda maldita !! Se
prepara q vem #ChumboGrosso !! @ihamma
#JOGAR BURACO
Lucas S. Costa @LuCostaOficial 2 de jan Camaçari, Bahia
Noite de buraquinho! #baralho #LV #LouisVuitton #buraco #jogo #amigos @
Guarajuba Salvador Bahia http://instagram.com/p/xVLX0Nq9mJ/
131
Nos termos da #interdição
#SER BONECA
132
Nos termos da #interdição
se o @EduardoSurita é #gay eu não sei! mais que ele parece uma #boneca, ele parece :$
' KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK #parei
#LEVAR FERRO
Edu Cesar @papodebola 26 de out de 2013
@JuarezRoth Queres dizer com isso que, quando avisaram a esses que iriam "passar",
faltou completar que iriam "passar roupa"? #LevarFerro
#METER ROLHA
igor oliveira @igor_olii24 21 de set de 2012
dexa um balde de camisinha la igor, vo rasga cabaço de paaaaaaaaa. sexo dentro da
festinha,
#MANDIOCA/XUXU
Pâmella @pamellapriss 7 de ago de 2013
#Partiu #sonhar #Amar #pensar #sexo #Prazer #chocolate #Doce #açucar #Cana #Caldo
#Mandioca #Pênis Parti#Beijuus (: :-*
133
Nos termos da #interdição
@hannysaika @carolinaamed a hanny com falta de sexo ? O.O aonde ? isso aii da mais
que #xuxú SAHUAHUSAHUSAHUHSAUHSA
#BANANA/MAÇÃ
HotlineMexico @HotlineMexico 9 de jul de 2013
para practicar sexo oral #banana #breakfast #foodporn #sexy #food
http://seenive.com/v/965720378003636224 … #vine vía @seenive
#FAZER SAFADEZA
● v ivei @Raveloliveirah 5 hHá 5 horas
O que temos pra hoje a noite? #Manaus #Amazonas #Safadeza Tô afinzao! marrapax!
134
Nos termos da #interdição
Bom dia pessoinhas.. Tirando um sarro de leve aqui no metrô lotado..kkkkkk #safadeza
����
Safadeza +18 ♛ Minhas Safadezas ♛ Rei das Safadezas Safadeza no Snap +18
Safadeza Mode ON 50 Tons de Safadeza
#MATAS DE ANGOLA
Notícias de Angola @noticias_angola 28 de abr
Seguidores de Kalupeteka encontrados em matas sem as mínimas condições: Mussende
- Cento e ... http://bit.ly/1EhkuYY #sociedade #angola
#CANETA
135
Nos termos da #interdição
#ENGATE/ TÚNEL
Carolina Castro @CarolinaKhalif1 28 de abr
Podes ate ter carinha de anjo, mas tens um corpo do diabo :$
#engate
#MAIONESE/ROSCA/ESPETO/BANANA
Antonio osé Soares @AtorAmador 6 de set de 2012
VIROU TELE SEXO AGORA DISCK #ESPETO (@McEspeto live on
http://twitcam.livestream.com/by3rn )
136
Nos termos da #interdição
#COBRA/ MINHOCA
Rindo a Sério @jorge0702 29 de ago
ADAO E EVA NO PARAISO SEXUAL.
http://www.youtube.com/watch?v=7Dx8uCLP tA …
#paraiso #adaoeeva #sexo #rindoaserio #cobra #pepeka #transa #mulherespeladas
#FRESCURA
Rodrigo Genari @R10genari 22 de nov
@Estadao virou gay por falta de uma bela surra q nao levou dos pais qdo eram criança
isso sim pra aprender a agir como homem #frescura KCT
137
Nos termos da #interdição
#DAR UM JEITO
Manda. @AmandaTch 19 de fev de 2011
impossivél esquecer tão rápido aquele que um dia você sentiu amor verdadeiro, mas
como fortes para caramba e a fila ajuda.. #dajeito
#DEFLORAR
Danilo Brito @Danilo_Passos 1 de jan de 2011
E aeeee galeraaa, um ano cabacinho na frente de vocês... vamos caprichar, hein?
#deflorar
Em Guam: Há homens em Guam cujo emprego em tempo integral é viajar pelo país e
deflorar virgens, que os pagam pelo privilégio de ter sexo pela primeira vez. Isso porque
pelas leis de Guam, é proibido virgens se casarem.
http://fposts.com/fbpost/451836741536694_739211032799262
#PERDER-SE
th x @thaistando 6 de set de 2011
Se hoje é dia do sexo, em casa que eu não vô ficar ! vô sair pra fazer a #perdida por ai
#sacalma
138
Nos termos da #interdição
@luaninha48 e eu não falei isso =X no meu caso nem que tenha 30 anos vo poder sai e
se falar de sexo pra minha mãe haha to #perdida #exagero
#GOZAR A VIDA
Aline castelo branco @brancoaline 31 de jul
Feliz dia do orgasmo! #instasexo #amoresexo #gozaravida #sentirprazer
#educacaosexual #sexualidade http://instagram.com/p/rHRp-GEb8m/
#RASGAR COLCHÕES
§Ë¢U®¡T @Info_Page_World 31 de ago
#BANQUEIRO deixar #dinheiro debaixo do #colchão, sem investir?E logo o
#presidente do maior banco da #AméricaLatina ? http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-
setti/politica-cia/voces-acham-normal-alguem-comprar-um-imovel-com-dinheiro-vivo-
e-guardar-grandes-somas-em-casa-e-se-este-alguem-for-o-presidente-de-um-banco-e-
se-for-o-presidente-do-maior-banco-do-pais-pois-be/ …
#FILHO NA BARRIGA
★ Fé in Deeus ' @Guuuui_silva 19 de dez de 2011
Eita Mulher de #Barriga esse Bagulho e doido ,Da cascudo Da cascudo Da Cascudo Da
cascudo no filho dos outro ♫♪
@samara_gidalmai O melhor falar que você alem de ter o rei na #barriga e no #s2 e ser
filho do #Rei e ser a cara do #papai #Eusouumreizinho
#GANHAR COBRES
Frank Ostentação @fvernon 16 de mar de 2013
#e #eu #não #sêsse #o #que #parecesse #assim #tão #pobre #sem #um #nó #de #cobre
RT @daniegge: #ai #se #eu #pudesse #e #meu #dinheiro #desse
#ACABAR NA FORCA
Rafael Moia Filho @rafamfilho 21 de abr
Que nesta data, Dia de Tiradentes, possamos ao menos em pensamento (Que é livre)
#Enforcar a todos os corruptos do Brasil em rito sumário...
#GALINHA
a Moreenaa, @regianecanjica 29 de abr
140
Nos termos da #interdição
#TER PISTOLÃO
Deja Araujo TrezeFC @mdejanea 25 de jan de 2013
@karina_araujopb Não é emprego, já dei o que tinha de dar. Mas vou procurar um, hoje
em dia tudo só funciona à base de #pistolão
#ABRIR O CANAL
Debhora Cristtina @Debhora_Pereira 8 de abr de 2011
@GustavooMelo vai ser dia 7 de maio quem me falo foi o @Gabbriel_Silva parece
que o #Canal vai abrir , vaamoo siiim hehe
#DONO DO CIRCO
immycori F. @JimmycoriF 19 de set de 2011
Convivi tanto que acabei iludindo tb, agora so resta se torna #donodocirco e pedir
minhas sinceras #desculpas.
141
Nos termos da #interdição
Quando um homem tenta fazer uma mulher de #PALHAÇA, esquece que ela tem poder
de torna-lo #DONOdoCIRCO
#SER CENSURADO
Só 1 @allucinogenesis 30 de abr
Meu comentário também foi #censurado http://fb.me/196Y1usDR
#SER VENDIDO
Frô do izzle @kaportela 4 de fev de 2011
Hj eu to totalmente Rock 'n Roll.. exatamente o estilo que o Nick Carter nunca deveria
ter
#PEDERASTA
zabelly @jaurewishs 15 de abr de 2013
'' Desde pequeno gay '' '' @micaelborges sempre engraçadinho! #pederasta! Kkkkkkk ''
http://instagram.com/p/RDNvmxPDvZ/
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
142
Nos termos da #interdição
#JUSTIÇA CEGA
silvaneyrubens @silvaneyrubens 29 de abr Macapá, Amapá
Ta vendo como o roubo compensa! Vc roubar milhões e depois volta ao trabalho como
se nada tivesse acontecido #JustiçaCega #BrasildosCorrupto
#PORCO/ SUJEIRA
Eduardo Porto @EduardoPorto01 7 de out
Parabéns @LuisTibe, ganhou como o candidato mais sujo de Minas Gerais. De leste a
oeste, norte a sul. #Porco!
#AMANTE/ ADULTÉRIO
Fernando Peniche @FePeniche_ 7 de jul de 2013
QUANDO FALA DE #SEXO, #PORNOGRAFIA, #MASTURBAÇÃO,
#ADULTÉRIO, #FICAR... NÃO ESTOU FALANDO SÓ PARA OS HOMENS, MAS
TAMBÉM PARA AS #MULHERES!
143
Nos termos da #interdição
#PENTE FINO
Tmir @Tmir_lima 14 de mar de 2012
Vou passa o #PenteFino no meu twitter!
Só Sigo quem me Seguir Dvolta...
[Vou Começar Em 5 Min...]
144
Nos termos da #interdição
#PEITO SALIENTE
hanna @pipernojenta 13 de out de 2012
@pfvrlucax @liveformars @boyligandragon MEUS PEITO É TIPO KATY PERRY
BEIJO PRA VCS U-Ú #linda #gostosa #saliente #eplagiadora
#METER O PAU
pega minha pilka @lara_brunam 10 de jul de 2011
tem gente que adora #meteropau em pessoas que nem conhece, e depois ficar se fazendo
de santa !
#ABORTO
oão Eduardo @EduArtes 27 de abr
#Aborto é assassinato!
Todo direito de qualquer pessoa é restringido pelos direitos de outras pessoas, o
direito... http://fb.me/6yeJjHL6z
145
Nos termos da #interdição
#COMPRAR O AMOR
Thiago Rebelo @thiagocasttro 11 de jun de 2012
Comprei uma jóia da H.Stern coisa simples, um colar de R$ 4.500, mas não tenho quem
presentear!! Quem quer? #comproamor hauahua q triste =(
#UM LAR
FAGNER PINHEIRO @fagner_madonna 4 hHá 4 horas
Quero chegar no meu #lar, comer #pão, ir ao #supermercado e depois #dormir até
cansar
É tão bom amara e ser amado. Coisas que fazem todo sentido.
#boanoite #amor #amar #lar #familia… https://instagram.com/p/2Hq0jPp0Iv/
#VIR DO INTERIOR
gabi fedato @gabi_fedato 9 de jan São Paulo, Brasil
bem tosca mesmo tirando foto na Paulista as 4h da manhã �� #fimderolê #turista
#vimdointerior @… http://instagram.com/p/xoZkezMo4c/
#ENTREGAR-SE
☆ Ní ☆ @Ni_Avellar 3 de abr
- Porque o nosso futuro depende de nossas ações no presente !
#SePermitir #SeEntregar #DarOPrimeiroPasso... http://fb.me/6tILeclTL
147
Nos termos da #interdição
#FARRA
Douglas Philippe @PhilippeVega 2 de mai Oliveira, Minas Gerais
Uns na #TomorrowlandBrasil...
Outros se arrumando para ou já na #farra...
E eu aqui nessa p rra… https://instagram.com/p/2Mnlt-tnAy/
#BOTAR OVO
Zoio @Victoribeiro10 26 de jan de 2013
Que time ele torce mesmo ? #galinhada #serieC#sofridas #cacareja #botaovo
http://instagr.am/p/U9HHfmuQh7/
#PEGAR NO BATENTE
Rosabelle @rosabelleregia 21 de fev Pindamonhangaba, São Paulo
148
Nos termos da #interdição
#MANJAR
Alors on Danse @Phaeozim 17 hHá 17 horas
@JohnVFFC essa so quem #manja #manja
#BRINCAR
♫★♪♥♫★♪ Edmarcy ❥❥❥ @Edmarcy 13 de set de 2013
...hahaha!!!Então pra quê #INVENTA _ñ sabe #BRINCAR:DDD #Homem é #preso em
#briga após #sexo a 3 = ) ao ver #namorada ' #continuar' #semele
#ROUBAR/ ENGANAR
Guilherme @GuilhermeAnjos 10 de jun de 2013 North Westside, FL
o #amor é quando #começamos por nos #enganar a nós #próprios e acabamos por
enganar a outra pessoa ..… http://instagram.com/p/aYksT1I2MR/
149
Nos termos da #interdição
#RÉPTEIS
Bruno Correia @brunao_correia 2 de nov de 2013 Canoas, Rio Grande do Sul
Ela sobe, ela desce, ela tem um corpo 'mole' #dormideira #snake #repteis #biologia
#s2s2 @ Estação… http://instagram.com/p/gOv1j8A3Q /
#VER ESTRELAS
MILANI FOT GRAFO @ricardomilani 14 de dez de 2012
É isso que dá misturar bebidas, kkkk #insonia #verestrelas #whisky #cachaca #brasil
http://instagr.am/p/TP8gjWwTm7/
#PEGAR NA MERCADORIA
Halli Miller @hallimiller 8 de abr de 2013 João Pessoa, Paraíba
Que bela #Mercadoria foi essa no #CQC??? Não gostei heim....
150
Nos termos da #interdição
#MISÉRIA
Ento @emersous 30 de abr Unaí, Minas Gerais
Eu quero um short Ellus pra levar pra praia mas quem disse que eu tenho coragem de
dar $200 em uma peça apenas? #miserável
#INOCÊNCIA
Hernan Olivares @HernanOlvrs 13 de jul
Nunca de ouvidos a ninguém ,exceto a sua criança interior ...#vida #inocência #pureza
#veracidade #fotografia #...
151
Nos termos da #interdição
152
Nos termos da #interdição
Conclusões parciais
153
Nos termos da #interdição
O autor destaca a interatividade como uma das principais características para que
tais produções sejam alvo da atenção de sistemas de vigilância e classificação. O
movimento de colocar-se na posição daquele que executa a ação faz emergir dilemas
morais. E o debate se faz em torno da diferenciação entre as formas de entretenimento
que distanciam o usuário do relato contato e aquelas que procuram criar uma sensação
explicitada de identificação. Do ponto de vista de muitos dos estudos na área de
linguagem, poderíamos matizar essa questão a partir da diferenciação entre fantasia,
imaginação e a ordem alinhada com a realidade. Destacamos, então, o movimento de
identificação como um dos motores para que a atenção regulatória seja acionada, nos
temas em que esse movimento de soma identificatório é considerado indesejável.
Neste momento, destacar essa informação nos convém para apontar que a
mesma abertura para a interatividade desperta a ação autoral nas mídias digitais em
geral. Entendemos por esse movimento de interatividade a ação de colocar-se como
autor de um conteúdo ao qual se adere imaginariamente. No caso das redes sociais que
comentamos, os mecanismos de publicação e compartilhamento permitem tal nível de
vinculação aos conteúdos em circulação.
Entendemos, ainda, que haja um esforço de concentrar-se nas produções
imagéticas e sua potencial influência no público De alguma forma, em virtude de
questões que podemos estudar sob os desígnios dos estudos de imagens, há uma
assunção teórica de que a imagem exerceria o movimento identificatório mencionado
com maior intensidade por dois motivos que refutamos: (1) uma atribuição de
imediatismo à comunicação feita figurativamente, em contraponto à textual e (2) em
decorrência, uma certa atribuição de maior manipulação e controle sobre o receptor.
154
Nos termos da #interdição
155
Nos termos da #interdição
estrutura do uso das mídias digitais, do que da avaliação de seu conteúdo como estamos
recuperando. Há uma preocupação com as instâncias de poder dentro da operação do
negócio destas mídias, empresas, produtores de conteúdos e usuários. A decisão sobre
quais conteúdos barrar ou incentivar parece obsoleta neste ponto. Ela está relegada à
atuação do usuário e autorizada nele. Ao mesmo tempo, há um outro tipo de vigilância
realizada de usuário a usuário que se manifesta de maneira contundente.
156
Nos termos da #interdição
Tendo iniciado com a questão da autoria nas mídias digitais, neste momento
reforçaremos a análise de que tais mídias apresentam seus conteúdos de forma
fragmentária. O importante nesse processo de divisão é a abertura gerada para que se
construa um caminho, que pode ser diferente para cada usuário, a cada passo, a cada
clique. Nesse sentido, podemos considerar a produção de conteúdos como ramificada,
rizomática e ao mesmo tempo interligada em níveis. Muitas vezes é possível determinar
um ponto de partida, ou um nível mais geral onde se concentram as aberturas de
caminho (uma página inicial), outras vezes o cerne da unidade de sentido é uma
tentativa de aprender com os interesses do usuário. Isso nos leva, fechando o clico,
novamente à questão da autoria. E ela se mistura com o binarismo dos códigos de
programação para que se escrutine, cada vez melhor, os interesses daquele que clica.
Podemos discutir sobre as possibilidades de livre expressão nas mídias digitais a
partir desta perspectiva que vimos trabalhando, de um enfoque na atuação individual do
usuário. Sua conexão social está identificada na formação de grupos e nas trocas a partir
da aproximação de perfis individuais. Estes que podem se associam a outros grupos,
também fragmentariamente, dentro da mesma rede. A valorização de uma potência
individual, que seria parte da atribuição de um imaginário de liberdade de expressão na
rede, se contrasta com o isolamento nessa mesma particularidade. Devemos considerar
o sentido de viralização como a possibilidade de um corte verdadeiramente de sentido
social a perpassar a rede. E, assim, o exercício de atribuição de valor, que o que estamos
chamando de sedução, de movimento comunicador pode ocorrer ali.
157
Nos termos da #interdição
158
Nos termos da #interdição
Acreditamos que seja interessante ancorar diversos dos debates que estão sendo
feitos sobre o uso dos novos meios e suas práticas comunicacionais no arcabouço
conceitual dos estudos de linguagem. As relações estabelecidas especialmente com os
conceitos de signo, de discurso, de texto, de arquivo e de autoria situam as dinâmicas
em rede num campo que privilegia seu caráter logicamente interligado. Elencamos as
principais noções que acreditamos poderem ser estudadas, revisitadas para uma reescrita
de nosso entendimento sobre os meios digitais:
- O estatuto da palavra: vale observar como existe uma marcação sobre a palavra na
constituição das conexões na web e como fazer a passagem para a ideia de signo.
Podemos trabalhar as consequências disso no olhar sobre a produção para os meios
digitais.
159
Nos termos da #interdição
- Linear e não linear: há formas narrativas consagradas e que oferecem uma conhecida
estruturação lógica. Discutir de que maneira as mídias digitais oferecem a possibilidade
de desmontar essa sequencia, oferecendo outra configuração lógica. Discutimos o sonho
de algo que seja caótico ou não linear.
- Rede: a resposta á questão da vontade pelo disperso e não linear vem na forma da rede.
Debater as várias aberturas deste conceito, que não é unificado e pensar como ele pode
descolar do que se entendia como estrutura ou cadeia sígnica.
- Unidade de sentido: Com isso fazemos a pergunta final, quais são as categorias que
oferecem unidade de sentido e como elas são transportadas para os ambientes digitais?
Desse modo, podemos situar a questão da novidade anunciada para estes meios
com base em modelos discursivamente reconhecíveis. A fundamentação teórica e o
debate informado sobre os novos meios é importante hoje diante de seu uso extensivo e
ampla incorporação nas dinâmicas de interação social. Uma questão se destaca ainda,
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Nos termos da #interdição
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Nos termos da #interdição
relacionando-as a partir de seus trechos censurados. Pensamos uma ligação entre eles
que se assentou pela autoria do ato de censura, pela unidade da produção teatral
nacional e pela esfera social em que tais textos estavam envolvidos durante todo o
período que o Arquivo Miroel Silveira recorre. O que pretendemos agora é fechar a
aproximação narrativa. E por isso é importante a produção textual final e na forma de
uma interface digital.
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ATIVIDADES REALIZADAS
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I. Produção bibliográfica
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Nos termos da #interdição
Resumo
O artigo analisa articulações discursivas em torno da questão da invisibilidade social,
notadamente em documentários brasileiros recentes (Elena, Cidade cinza, Olhe pra
mim de novo), exibidos em circuito comercial e que, privilegiando uma abordagem
referencial e de cunho realista, apresentam certos atores sociais como pertencentes a
essa condição. O empenho realista interessa-nos por operar um movimento de
afirmação dos sujeitos representados, aprovando-os como se eles fossem, no âmbito
do filme e no âmbito da vida, exatamente como mostrados nos filmes. Este tem sido
um desafio teórico para os estudos fílmicos desde o estabelecimento da noção de uma
sintaxe do visível. Ainda que exista uma barreira lógica para a representação de
sujeitos em situação de invisibilidade, isso de nenhum modo tem impedido que ela
seja tematizada frequentemente pelo discurso cinematográfico. Tampouco tem
impossibilitado que certas políticas da representação operem como marcas sobre
determinados sujeitos, supostamente periféricos, atuando como estandartes de
identidades minoritárias nos modos de tornarem-se visíveis em cena.
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Nos termos da #interdição
I.4 - Linguistic taboos and the circulation of controversial content on social media
networks
LIMBERTO, Andrea. “Linguistic taboos and the circulation of controversial content on
social media networks”. In: GOMES, M. R. Comunicação e Controle. Intercom, 2013.
The present work intends a debate within the field of language practices nurtured
by the idea of the existence of taboo over words (FOUCAULT, 1996). We identify the
restrictions over discourses in the specific ways it presents itself in social media
networks, which is mostly characterized by the possibility of free expression. We base
ourselves in the idea that it is not possible to have a media environment free from
constriction to the exercise of language.
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Nos termos da #interdição
Resumo
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Nos termos da #interdição
O novo livro do pesquisador José Luiz Aidar Prado nos coloca cruamente diante da
problemática do chamado, direcionado aos sujeitos, a integrar discursos em circulação,
em que se acomodam também especificamente circulações discursivas com a finalidade
de fazer consumir. Entramos com o corpo e com o psiquismo, movidos numa única
pulsão que os atravessa. Se a ação incitada é aquela de consumir, incorporar, integrar,
deglutir, devorar, ela se dirige àquele que se identifica através desse processamento.
Resumo:
Pretendemos nos acercar da noção de imaginário como a esfera por excelência em que
pode haver liberação do gozo, sendo o primeiro conceito-chave assumido. Defendemos
que tal liberação refere-se a um circuito sobre o qual incide uma interdição, este sendo o
segundo conceito central. A interdição possibilita ao mesmo tempo o momento da
liberação e, em seguida, aquele de deslocamento. Este tema, acreditamos, é fundante da
dinâmica comunicacional uma vez que ela é dada através do encontro possibilitado no
imaginário e pelas dissonâncias geradas nesse campo também, que produzem conteúdos
a comunicar, a interditar e deslocar. Exemplificamos com duas obras teatrais constantes
do Arquivo Miroel Silveira que passaram por censura durante a década de 60, ambas de
autoria de Molière, O doente imaginário (Le malade imaginaire) e Sganarelo ou o
traído imaginário (Sganarelle ou le Cocu imaginaire).
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organizada pela coordenadora do OBCOM, Cristina Costa, conta ainda com prefácio de
José Marques de Melo.
11
This article is based on a keynote speech held at Radio e-volution conference, Braga, Portugal in September 16,
2011. The author wishes to acknowledge Montse Bonet (Universitat Autònoma de Barcelona) and Ulrich Heinze
(University of East Anglia) for their collegial assistance in collecting the international audience data for this work.
12
Marko Ala-Fossi (D.Soc.Sc.) is University lecturer in Radio and Adjunct professor in Journalism and Mass
Communication at the University of Tampere, Finland. He is also a member of a pan-European research team on
digital radio (DRACE). Email: marko.ala-fossi@uta.fi
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Nos termos da #interdição
The evolution of radio is highly dependent not only on the national cultural contexts but also
on the overall social, political and economic development of the societies. In addition, it
happens in interplay with all the other forms of media and this is why there is no universal or
separate evolution of radio. The growing importance of the Internet and increasing popularity
of mobile broadband together with the ongoing economic and demographic changes on a
global scale continue to have a polarized effect: in the Western world, broadcast radio may
have already had its all-time high, while in Asia and Africa, broadcast radio has still a huge
potential for growth.
Keywords: radio, broadcasting, evolution, audience, media.
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Nos termos da #interdição
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II.3 – 1984: Freedom and censorship in the media - Where are we now?
A conference to be hosted at the Centre for Research in Media and Cultural Studies at
the University of Sunderland’s London campus on the 23rd and 24th of April 2014.
Worries over effects of media content and technologies are never far from the headlines.
When anxieties centre on protecting children and the fortification of the social fabric,
regulation often seems like the first resort. The year 2014 will see the thirtieth
anniversary of the 1984 Video Recordings Act (VRA): this event offers the opportunity
to reflect on how and why concerns about individual media technologies and particular
media genres become so important that campaigners and politicians can claim that ‘the
very soul of the nation’ is at stake. Using the RA as a starting point, this conference
aims to critically examine the key issues in politics and campaigning which shape calls
for censorship. If new technologies always spark old anxieties around ‘effects’ and
propensities to cause ‘harm’, what might we learn from extant legislation and their
implementation? As we settle into the internet age and media on demand, policing
national media borders seems ever more futile, yet the clamour for legislation to protect
children and society shows no signs of abating.
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Nos termos da #interdição
We invite submissions that explore issues relating to censorship which may be specific
to the history, implementation and legacies of the Video Recordings Act but we also
welcome papers which examine media regulation/censorship in their broader cultural
contexts, which are national and international in focus and which draw connections
between contemporaneous issues and their historical antecedents.
Suggested topics:
Censorship
Evolving practices and technologies of media classification and/or censorship
‘Problematic’ media cultures
Regulation of representations of sex, gender and sexualities
Digital and online censorship
Oppositional voices
Protecting and questioning national borders
Campaigns and campaigners
Activism/activists and the political arena
International narratives of censorship
British regulation in a global context
National and international regulation/censorship
Documentary and avant-garde
Controversies around computer games
History of contemporary film censorship/classification
Audiences and the social experiences of censorship
Censorship and the creation of communities of dissent
Regulations and government policy
Trabalho apresentado:
Linguistic taboos and the circulation of controversial content on social media networks
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Nos termos da #interdição
The present work is intended to debate within the field of language practices
nurtured by the idea of the existence of taboo over words (FOUCAULT, 1996). We
identify the restrictions over discourses in the specific ways it presents itself in social
media networks, which is mostly characterized by the possibility of free expression. We
base ourselves in the idea that it is not possible to have a media environment free from
constriction to the exercise of language.
Starting from such theoretical background and based on a discursive perspective
of culture we understand that social media network interfaces cannot escape such
relationships of ordering and conformity. Our objective here in the present work is to
draw which those procedures would be when it comes to the social media, focusing on
the seeming paradox of thinking restricted circulation of enunciations and the language
practice within a media recognized by the emblem of freedom of expression and
communication democratization.
We are not able to state that the resulting enunciation is a form devious from the
original for not admitting the precise existence of such original. Just like in a
metaphoric process, the resulting metaphor cannot be a replacement of an original term,
but is inscribed in the enunciation as a new term as a juxtaposition of two other.
The action of replacement is done, therefore, in face of a term considered to be
improper (in contrast to a proper term applied) instead of the necessity of fidelity to the
original. The birth of an enunciation depends on a process involving: a dynamic of
exposure (1) whose contents point to meanings present in the language (2) according to
a proper way (3).
In that sense we make explicit a certain perspective on the new media. There is
an expectation in relation to the mediatic spaces of publishing online, that they can be
free from the constraint over what is said, being a democratic outcome par excellence.
Nevertheless, the new media indicate a pulverization of the image of the authors and, at
once, of the interfaces for publishing. And it has been true to a certain extent that may
be felt as total as for the quantity or the type of contents published as much as it can be
regulated and socially watched.
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Nos termos da #interdição
Trabalho apresentado:
Redes sociales, autoría anónima y silenciamiento colectivo
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Nos termos da #interdição
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Nos termos da #interdição
e grupos de pesquisa desta região geográfica. Com este tema geral, o congresso divide-
se em 22 grupos temáticos, que acolherão propostas de trabalho nas diferentes áreas de
investigação em ciências da comunicação (ver Chamada para Apresentação de
Trabalhos).
De 13 a 16 de abril de 2014, a Universidade do Minho em Braga (Portugal)
acolherá este encontro na expectativa de contribuir para o desenvolvimento científico e
para o reconhecimento da vocação intercultural da comunicação. O Centro de Estudos
de Comunicação e Sociedade, que organiza o II Congresso Mundial de Comunicação
Ibero-americana, saúda as diferentes comunidades desta região e convida os
investigadores a participar no debate proposto por esta iniciativa.
Trabalho apresentado:
Representações da invisibilidade e a indiferença visível em discursos audiovisuais
Propomos uma análise das possibilidades de articulação no discurso
cinematográfico em torno da questão da invisibilidade. Este tem sido um desafio teórico
para os estudos fílmicos desde o estabelecimento, por contraponto, da noção de uma
sintaxe do visível (C. Metz; J. Aumont). Assumimos que exista uma barreira lógica para
a representação de sujeitos em situação de invisibilidade, o que de nenhum modo tem
impedido que ela seja tematizada frequentemente em filmes. Ou ainda, que opere como
uma marca sobre determinados sujeitos em cena, periféricos, atuando como estandartes
de identidades minoritárias nos modos de tornarem-se visíveis.
Ao mesmo tempo, não podemos deixar de marcar a aparição poética destes
mesmos sujeitos como estando em uma posição política – e dizemos, com B. Nicholls,
que se trata também de uma imagem ideológica –, ambas associadas numa forma de
representar. Entendemos, ainda, acompanhando o pensamento de J. Rancière, que a
criação na linguagem implica um engajamento poético e uma representação política.
Observamos, num aparente paradoxo, que identidades consideradas minoritárias
têm tido espaço para a construção de seus modos de representação em discursos
audiovisuais (notadamente em filmes baseados em fatos reais que tematizam a periferia,
o crime, a violência, a homossexualidade, o racismo, as questões de gênero etc.)
assumindo, desse modo, um espaço de visibilidade. Independentemente, identificamos a
invisibilidade como uma dimensão fundamental na maneira como os processos de
representação se apropriam desses sujeitos.
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Nos termos da #interdição
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Nos termos da #interdição
Mais uma vez, estamos reunidos, agora nesta aparentemente distante Amazônia,
a partir de Manaus, mas uma Amazônia que, com a mobilidade dos professores,
estudantes e responsáveis pelas diferentes universidades que nos acolhem, em especial,
a Universidade Federal do Amazonas, ficou muito próxima, enorme – pelos corações
abertos e os abraços entusiasmados – e toda a nossa vontade imensa de bem fazer o que
fazemos.
Aliás, nosso tema deste ano é muito especial: Comunicação em tempo de redes
sociais: afetos, emoções, subjetividades. A Intercom, mais uma vez, se coloca voltada
para a contemporaneidade. Mas nossa reflexão não quer valorizar apenas os avanços e
as virtualidades tecnológicas. Pelo contrário, queremos chamar a atenção para o fato de
que elas nada valem, se não estiverem caracterizadas pelos afetos, pelas emoções e
pelas subjetividades. Quando escolhemos esse tema, nem imaginávamos todas as
extraordinárias emoções que as redes sociais nos propiciariam com as imensas
mobilizações populares a que assistimos/de que participamos neste ano. Mas isso
mostra, de qualquer modo, a sensibilidade para “sentir o que está no ar” da gente da
Intercom.
É num tema que se constitui em um enorme guarda-chuva (ou seria guarda-sol,
já que estamos na Amazônia), para acolhermos a todos, com suas reflexões e
ponderações. Afora isso, claro, nossos pré-congressos. A felicidade de receber, mais
uma vez, nossos colegas africanos. A expectativa de um colóquio internacional com a
Alemanha e outro organizado desde o Canadá. Mas, sobretudo, o entusiasmo com o
Expocom, com o Intercom Jr. e a confiança nos trabalhos dos nossos GPs temáticos.
Tenho certeza que vai ser um congresso para deixar história. Para os nossos irmãos da
Amazônia, mas também para todo o Brasil. A Intercom vem insistindo em apostar e
confiar na gente da região Norte. Começamos a colher (os melhores) frutos desta
insistência.
Trabalho apresentado:
Indicado na Rede como #proibidoparamenores: Diretrizes da Classificação Indicativa e
Conteúdo Circulante nas Redes Sociais
Resumo: Pretendemos realizar uma análise da circulação dos temas sobre os quais
primordialmente se estrutura o sistema oficial de classificação indicativa, especialmente
a referência a sexo e violência, e contrastar com a circulação dos mesmos nas redes
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Nos termos da #interdição
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Nos termos da #interdição
Andrea Limberto
Pós-doutoranda da Escola de
Comunicações e Artes da USP UFMT – CAMPUS ARAGUAIA
www.usp.br/obcom
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Nos termos da #interdição
TEMA CENTRAL
Comunicação, Cultura e Mídias Sociais
DATAS E LOCAIS
29 de março a 02 de abril de 2015
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Nos termos da #interdição
Avenida Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443 - Cidade Universitária – São Paulo, SP –
Brasil
Hotel Quality Faria Lima
Rua Diogo Moreira, 247 - Pinheiros, São Paulo - SP, - Brasil
OBJETIVOS
Debater, partilhar e disseminar o conhecimento gerado na região a partir das Divisões
Temáticas IBERCOM.
Criar mecanismos de cooperação intra-regional, fomentando a formação de grupos de
pesquisa e de projetos internacionais no espaço ibero-americano.
Promover o pensamento comunicacional na região ibero-americana, a fortalecer a
integração das pesquisas ibero-americanas e, ao mesmo tempo, projetá-las no cenário
internacional.
Trabalho apresentado:
Possibilidades narrativas nas mídias digitais
Resumo: As mídias digitais têm desafiado alguns dos conceitos fundantes da construção
narrativa, especialmente como o oferecimento de uma unidade de sentido e a evidência
de um ponto de partida e de chegada claros. No presente trabalho procuraremos estudar
como alguns termos com reconhecida recorrência nas redes, marcados como trending
topics (TT, tópicos tendência ou, ainda, em tradução livre, assuntos do momento) e
indexados sob a égide da hashtag podem construir um percurso narrativo através da sua
repetição e, ao mesmo tempo, um movimento de diferenciação em cada inscrição. Desse
modo, pretendemos situar a questão da novidade anunciada para estes meios com base
em modelos narrativamente e discursivamente reconhecíveis.
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Nos termos da #interdição
IAMCR'S 2015 conference will be held July 12-16 2015 in Montreal, Canada. Hosted
by the Faculté de communication at the Université du Québec à Montréal, IAMCR 2015
will be the first IAMCR conference in North America. The conference theme is:
Hegemony or Resistance? On the Ambiguous Power of Communication.
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Nos termos da #interdição
The present work results from the postdoctoral research #In terms of the
interdict, funded by São Paulo Research Foundation (FAPESP), and developed within
the Observatory on Communication, Freedom of Expression and Censorship of the
University of São Paulo (OBCOM/ECA-USP).
We investigate the circulation of words that are considered linguistic taboos
pursuing their presence in current social media postings which support the use of
hashtags as a keyword indexical parameter. Our intent is to echo the terms censored in
the playwrights submitted to the Public Entertainment Division of the State of São
Paulo, Brazil, between 1930 and 1960, to which we have exclusive access trough the
Miroel Silveira Files. Our research will be nurtured from the data collection of censored
text excerpts present in the partially released playwrights of such archive and the
trajectory of building an interface to both visualize the data and present it publically.
Our hypothesis is that social media network interfaces cannot escape such
relationships of ordering and conformity. Our objective is then to draw which those
procedures would be when it comes to the social media, focusing on the seeming
paradox of thinking restricted circulation of enunciations and the language practice
within a media marked by the emblem of freedom of expression and communication
democratization.
We primarily focus on the recurring words from yesterday present in the social
media today. Afterwards, as second step of the research, we observe the permanence or
shift in the meaning such terms carry(ied). We understand them within a discourse
driven theoretical perspective, performing an analysis that is at one time etymologic,
linguistic, historic and digital.
Such theoretical articulation is to help us develop a study on the formal level of
the word, then articulate the notion of archive and of network according to the following
intended theoretical trajectory: 1- the concept of signifier network, as ways to portray
meaning connections that can enclose the same words in different time periods bonded
through a connection point of the network; 2 - to recover the debate on the possibilities
of constituting an archive according a given unity, approaching what offers cohesion to
it; 3- to associate the structuring of archives and its current availability to reorganization
based on a communicational network taking into consideration digital technologies and
media. In a more general perspective, our work is to argument on the relevance of
studying local productions in relation to global perspectives, the necessity of unveiling
196
Nos termos da #interdição
social crucial content and considering the possibilities of the work in digital media in
challenging the role of memory.
UNICAMP - Campinas, SP
Estão abertas as inscrições para o XIX Encontro da SOCINE, que será realizado na
Universidade de Campinas (Unicamp) - Campinas, SP. O tema do Encontro será
Cinemas em Redes.
Trabalho submetido:
Formas do entretenimento na constituição de realities musicais
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Nos termos da #interdição
Resumo:
Relacionamos os variados formatos de programas televisivos dedicados à
performance artística a modelos consagrados dentro do gênero do entretenimento.
Apresentamos, assim, uma proposta classificatória que pretende referenciar a maneira
como a arte, tomada como objeto nestes programas, é apresentada. Concentramo-nos
em observar as heranças da audição artística, da entrevista profissional e do teatro
pretendendo relacionar tais modelos a três programas: Idol, The X Factor, The Voice.
Resumo expandido:
Podemos relacionar os variados formatos de programas televisivos dedicados à
performance artística, que se concentram hoje principalmente na experiência do canto, a
modelos consagrados dentro do gênero do entretenimento. Apresentamos neste trabalho,
assim, uma proposta classificatória que pretende também referenciar a maneira como a
arte, tomada como objeto nestes programas, é apresentada. Trata-se de um estudo sobre
uma produção audiovisual específica, mas que entendemos representar o desafio
colocado pela circulação massiva da produção artística, passando do ideal de sua
valorização como alta cultura à sua fragmentação em diversos formatos revividos de
forma híbrida na concretude da performance oferecida.
Concentramo-nos, assim, em observar as heranças da audição artística, da
entrevista profissional e do teatro pretendendo relacionar tais modelos respectivamente
a três programas, realities de canto exemplares, televisionados atualmente: Idol, The X
Factor, The Voice (considerando as versões nacionais e estrangeiras destes formatos).
Nossa perspectiva é primariamente discursiva, enquanto identifica os elementos dos
programas que ecoam suas vinculações a tradições imagéticas históricas para a
apresentação da arte. Lidamos, dessa forma, não com seu fazer, mas com as maneiras
elegidas para seu oferecimento público.
Recorremos a um reconstituído cultural funcionando como fundamento para a
sustentação de cada um dos modelos apontados. O primeiro deles, a audição artística,
remonta à forma de avaliação sobre a performance que valoriza o julgamento sobre a
habilidade e o virtuosismo da execução. Baseia-se na exibição do talento para um grupo
de especialistas tendo em vista a integrar grupos seletos (orquestras, ballets, etc.), sendo
executada em ambientes preparados e dedicados (salões, teatros, museus, etc). Recebe
historicamente os ecos de um ambiente nobre e dos especializados circuitos de arte. Este
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Nos termos da #interdição
imaginário está na base dos programas de exibição artística em geral, mas mostram-se
reforçados especialmente na primeira fase do formato Idol. Na sua apresentação
televisiva, fica aparentemente de fora o dado de que a performance é filmada, a
expectativa é pelo não existir da câmera.
O segundo modelo que reconhecemos é o da entrevista de emprego. Ele revela já
a sombra da presença de uma indústria cultural, da arte como uma carreira, da ascensão
da atividade do show business e o interesse pela circulação nele. Isso contemplado, o
olhar se volta para os aspectos da vendagem de discos, da assinatura de contratos, do
visual do candidato direcionado para que seja um ídolo popular. Esse modelo se
encontra mais nas últimas temporadas de Idol e em The X Factor.
O terceiro modelo tenta fazer um retorno histórico à performance artística e ao
virtuosismo, mas estabelece o acontecimento no palco. Ele é performático e montado.
Assume a demanda pelo show e ao mesmo tenta manter-se fiel a uma tradição artística,
neste momento já híbrida – indicada, por exemplo, como pureza da voz. O staging para
a câmera ganha relevância e a presença da gravação como elemento constitutivo é
marcada. Esta tentativa é feita pelo The Voice, tratando-se do modelo que mais assume
o fato da transmissão e joga com a disposição de palco que é herdeira do teatro.
Consideramos, finalmente, como forma de extensão do argumento, alguns
seriados e programas televisivos que contemplam a audição de talentos, tendo em vista
que, também em novas produções sobrevivem as referências apontadas, como é o caso
de Mozart e de The Glee Project. Pontuamos que existe, na base destes programas, o
desejo do encontro entre a alta e a baixa cultura, entre descoberta do verdadeiro talento
e seu compartilhamento público, entre a verdadeira Arte e a produção massiva. É
relevante, ainda, retomar este trabalho entre as tentativas de estabelecer consensos sobre
o ambiente da cultura em face de novos processos de midiatização e de difusão.
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Ementa
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Seções Temáticas
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Palavras-chave
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21 e 22 de maio de 2015
Auditório Lupe Cotrim
ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES
UNIVERIDADE DE SÃO PAULO
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Objetivos
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Nos termos da #interdição
Faz-se necessária, na academia, uma abordagem sobre o estudo das imagens nas
mídias que seja metodologicamente desafiadora e potencialmente crítica. MidiAto, em
seu II Simpósio linguagem e práticas midiáticas assume, assim, o debate por uma crítica
do visível, com a intenção de levantar problemáticas e desenvolver articulações teóricas
renovadas para tratar criticamente o tema. É justamente a possibilidade de teorizar sobre
o discurso das mídias – e não apenas analisá-lo ou descrevê-lo – que caracteriza o que,
num primeiro momento, estamos estabelecendo como uma definição de crítica
midiática.
Consideramos que a realização de um trabalho crítico depende de um repertório
compartilhado e da referência a cânones de uma determinada área. E acreditamos que
pode haver o reconhecimento de uma vocação da academia para este tipo de
perspectiva. Há caminhos teóricos mais tradicionais de crítica na área da filosofia, da
arte, do cinema e algo para o jornalismo como prática profissional, como no caso das
análises da cobertura jornalística. Recorreremos, assim, a interesses vindos de tradições
críticas diversas para assentar nossos trabalhos, pretendendo desembocar na
aplicabilidade deste conceito para a área da comunicação.
Três questões principais se colocam, a primeira delas sendo justamente, o que é
que se pode chamar de crítica de mídia (discussão do conceito)?. A segunda pergunta é
onde ela se encontra, quem a realiza? E a terceira pergunta, seria delimitar objetos
específicos sobre o qual nos debruçaremos a partir da perspectiva teórico-metodológica
fundamentada.
Foram norteados alguns pontos que são preocupações da crítica e que
direcionaram a tomada sobre os objetos selecionados:
1. A questão da audiência e do público.
2. A questão de especialistas e produtores autorizados a fazer a crítica.
3. A análise da produção crítica em si, como um campo disciplinar.
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Entender como a palavra tem sua importância renovada nos sistemas de indexação
atuais e nas dinâmicas de marcação na rede. Retomar como o estatuto da palavra pode
ser retomado através do percurso dos estudos sobre discurso. Ela é um ponto nodal na
construção da frase e, ao mesmo tempo, a estruturação discursiva se descola dela, para
além e para aquém. As reflexões sobre linguagem vão ajudar a entender o processo de
inscrição na linguagem e o segundo nível de inscrição nas redes. As palavras tem sido
privilegiadas como ponto de linkagem e conexão intertextual. Discutir a presença de
vídeos, fotografias e sua relação com a indexação pela palavra ou independência dessa
fixação.
Nesta aula, introduzir o que entendemos por linguagem e qual a perspectiva que
podemos adotar sobre a entrada na ordem simbólica, e da escrita, da inscrição.
Também separar e unir as possibilidades de escrita fora e dentro das mídias digitais.
Interação com os alunos: pedir que falem sobre seus projetos de pesquisa
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Nos termos da #interdição
Um dos processos mais recorrentes para entender a dinâmica das mídias digitais é a
variação (através da diferença) e a repetição (como recorrência dos mesmos termos).
Elencamos processos de indexação como formas de ao mesmo tempo diferir e agrupar
tais termos. Este processo está identificado com um processo conceitualmente descrito
como exercício de diferença e repetição na linguagem. A expansão dos pontos na rede
gerou maneiras no sentido contrário, de tentativa de uma interconexão entre os termos,
como a marcação por hashtag. A indexação é um processo já conhecido, especialmente
na área acadêmica, com a marcação por palavras-chave e historicamente instaurado por
tentativas de organização e controle, como os índex de temos católicos na inquisição.
Mais uma dinâmica na linguagem podemos recuperar: de que a inscrição implica um
agrupamento, uma marcação e um controle.
Interação com os alunos: pedir que tragam um exemplo a partir de seus corpus
A partir da recorrência de alguns termos observamos que eles tem uma característica
especial, pela repetição de sua forma e de uma variação de sua forma. Ou ainda, pela
referência implícita em relação a outro termo omitido na rede. As pesquisas que
trabalham com mídias digitais tentam trabalhar sobre a recuperação de dados
quantitativos ou qualitativos e essa dinâmica acaba por interferir nos resultados. Há
ainda muito o que ser seguindo para o estabelecimento de metodologias de pesquisa em
mídias digitais. Cada trabalho tem de se construir sobre as dificuldades de dispersão e
falta de prioridade na rede. A marca dos tabuísmos é muitas vezes o caminho a seguir
na perseguição da malha discursiva. Introduzir uma outra dinâmica da linguagem e dos
processos de interdição que é a aparição e o ocultamento, a visibilidade e o apagamento
como parte da mesma publicação ou ato de enunciação. A internet é marcada pela
imagem de uma visibilidade e transparência.
Interação com os alunos: Pedir que os alunos tragam e explicitem o que imaginam como
metodologia de suas pesquisas para que possamos conversar em grupo.
A internet já foi chamada de um grande arquivo de dados. Mais uma volta da escrita
teremos feito para acumular conhecimento não de forma memorizada, mas gravada
(Podemos fazer o percurso do engravamento das inscrições rupestres, à escrita, aos
disquetes, à nuvem). para Desenvolver sobre a ideia foucaultiana de que a unidade de
um arquivo é construída discursivamente. E que, dessa forma, a possibilidade
recombinatória existe e ela é influenciada especialmente pela passagem do tempo e
pelas mudanças de sentido acumuladas. Da mesma forma como vimos, o efeito de um
movimento de repetição e diferença pode gerar a reorganização de arquivos. Sua
disposição física é um massa material que essas mudanças precisam manejar. Seus
dejetos são ruínas de uma organização, reincorporados numa outra lógica de sentido ou
218
Nos termos da #interdição
incorporados numa lógica de descarte e lixo. A pergunta que nos colocamos é quais
seriam esses resquícios materiais, ruínas, quando se trata das mídias digitais. E se sua
constituição material diferenciada reverte em maior possibilidade de recombinação de
seus elementos, como facilitador para a construção de um arquivo não-linear.
Interação com os alunos: pedir exemplos de casos de controle sobre o discurso nas
mídias digitais
Interação com os alunos: pedir exemplos de arquivos que sejam uma iniciativa de
apresentação de dados com lógica diferenciada
219
Nos termos da #interdição
A organização de dados na forma de rede nos faz propor uma investigação sobre este
conceito. Podemos aproximar sua forma de conexão com aquela da cadeia sígnica, em
ambas o ponto de conexão não é feito por uma lógica linear (sequencia numérica), mas
pela aproximação através do sentido ou da forma. Ambas remetem, ainda, a um
conjunto de elementos com o qual cada termo se relaciona remotamente que encontra
sua unidade na cultura. A explicitação da ligação na rede vidência a atualização destes
mesmos conjuntos e uma forma de interconexão ou intertextualidade. Nesse sentido, as
não privilegiamos a ideia de que exista uma profundidade nas conexões, mas ao
contrário, que os termos se encontram dispostos na mesmo nível e regidos pela mesma
forma linguística. A diferenciação entre eles pode nos levar ao conceito de valor.
220
Nos termos da #interdição
Podemos considerar que a autoria seja um parâmetro de unidade nas mídias digitais. Há
um embasamento teórico que permite afirmar a autoria como categoria de coesão nos
discursos. Podemos apropriar esta ideia para as mídias digitais e, ao mesmo tempo,
entender como tal categoria exerce essa função de uma forma diferenciada. No presente
módulo entramos no âmbito mais da forma de construção dos relatos nas mídias
digitais. E a autoria exerce um papel importante na imaginação de um usuário suposto
que irá percorrer os caminhos programados. Consideramos ainda que a forma de
exercício da autoria se coaduna com a característica de fragmentação das unidades de
texto nessas mídias. Trataremos do processo de pulverização da autoria, da posse do
usuário no lugar de autor e da participação do autor como atuante. Neste último
parâmetro entendemos que o autor deve agir publicando, comentando, escolhendo
opções, clicando.
Tendo iniciado com a questão da autoria nas mídias digitais, neste momento
reforçaremos a análise de que tais mídias apresentam seus conteúdos de forma
fragmentária. O importante nesse processo de divisão é a abertura gerada para que se
221
Nos termos da #interdição
construa um caminho, que pode ser diferente para cada usuário, a cada passo, a cada
clique. Nesse sentido, podemos considerar a produção de conteúdos como ramificada,
rizomática e ao mesmo tempo interligada em níveis. Muitas vezes é possível determinar
um ponto de partida, ou um nível mais geral onde se concentram as aberturas de
caminho (uma página inicial), outras vezes o cerne da unidade de sentido é uma
tentativa de aprender com os interesses do usuário. Isso nos leva, fechando o clico,
novamente à questão da autoria. E ela se mistura com o binarismo dos códigos de
programação para que se escrutine, cada vez melhor, os interesses daquele que clica.
Podemos discutir sobre as possibilidades de livre expressão nas mídias digitais a partir
desta perspectiva que vimos trabalhando, de um enfoque na atuação individual do
usuário. Sua conexão social está identificada na formação de grupos e nas trocas a partir
da aproximação de perfis individuais. Estes que podem se associam a outros grupos,
também fragmentariamente, dentro da mesma rede. A valorização de uma potência
individual, que seria parte da atribuição de um imaginário de liberdade de expressão na
rede, se contrasta com o isolamento nessa mesma particularidade. Devemos considerar
o sentido de viralização como a possibilidade de um corte verdadeiramente de sentido
social a perpassar a rede. E , assim, o exercício de atribuição de valor, que o que
estamos chamando de sedução, de movimento comunicador pode ocorrer ali.
222
Nos termos da #interdição
223
Nos termos da #interdição
com equipe qualificada para o alcance de seu sucesso. No Curso EaD “Censura e
Liberdade de Expressão em Debate” será possível o contato com docentes do Brasil e
Portugal, bem como o intercâmbio cultural e acadêmico entre alunos destes países.
Organizado através modelo híbrido, terá parte presencial com videoconferência e parte à
distância através das ferramentas hangout/youtube e EdModo.
O curso contou com 14 videoconferências presenciais realizadas nas salas de
aula da USP e da Universidade Nova de Lisboa, sendo 07 Fóruns Temáticos ao vivo,
com duração de duas horas, e os outros 07 Fóruns de Debates Monitorados, também
com duração de duas horas. Além de 07 Fóruns de Debates Virtuais online, do tipo
assíncronos, em que os participantes do curso apresentaram suas dúvidas para serem
esclarecidas pelos monitores de cada temática e os trabalhos desenvolvidos para cada
módulo. Toda a dinâmica do curso será explicada no Fórum de Abertura do Curso, e os
estudantes contarão com uma rede de suporte para dúvidas técnicas e temáticas. Os
horários foram formulados com o objetivo de conciliar os fusos horários do Brasil e
Portugal.
O curso foi gratuito e destinado a pesquisadores e estudantes já graduados. As
aulas temáticas organizaram-se por meio de leituras fundamentais, explanação dos
pesquisadores e debate com os estudantes. Sua carga horária totalizou 43 horas, e houve
emissão de certificado de conclusão do curso.
225
Nos termos da #interdição
visibilidade necessária para que, a cada processo de avaliação pela comissão de área da
Capes (sistema Qualis de qualificação de revistas acadêmicas), fosse possível avançar
na classificação, chegando em 2012 à categoria de revista Qualis B1 em sua área de
atuação (Ciências Sociais Aplicadas I).
226
Nos termos da #interdição
13
PETLEY, Julian. Censoring the word. Londres: British Library, 2007.
227
Nos termos da #interdição
228
Nos termos da #interdição
229
Nos termos da #interdição
em forma de arquivo virtual, mas não tinham, ainda, uma plataforma para serem
disponibilizadas e abordadas em subsequentes pesquisas.
Observando, então, a possível abrangência da análise deste tipo de material, a maior
parte da pesquisa a partir de abril de 2012 foi dedicada à busca e à elaboração de um
sistema de catalogação de material midiático relacionado à censura. Como proposta de
organização, surgiu a ideia de criar uma hemeroteca 14 vinculada ao NPCC, como uma
ferramenta aberta ao público em geral que pudesse ser acessada a partir do site do
núcleo.
Tal acervo englobaria não apenas material jornalístico, como também textos de
opinião – artigos, postagens de blogs, comentários, etc. -, de modo a mapear tanto a
repercussão mundial de acontecimentos que podem remeter à censura, quanto o
posicionamento do público a que se dirigem tais notícias.
A Hemeroteca Digital Miroel Silveira, foi, enfim, iniciada no começo de abril de 2012,
e lançada no site do NPCC no dia 24 de maio de 2012, quando possuía cerca de 250
arquivos sobre censura, publicados pela mídia a partir do ano de 2006. Em nova
contagem, em meados de janeiro de 2013, o acervo já contava com mais de 1000
arquivos catalogados, além de cerca de 500 a serem incluídos no site.
14 Uma hemeroteca é uma coleção de publicações periódicas - fadadas à perda e ao esquecimento quando não há
iniciativa para conservá-los.
230
Nos termos da #interdição
231
Nos termos da #interdição
232
Nos termos da #interdição
Além de ser bastante prático – já que automatiza o trabalho que antes era manual
e bastante restrito -, o sistema de alertas impossibilita a repetição no armazenamento de
matérias. Combinou-se entre o grupo, afinal, que bastaria que nenhum bolsista buscasse
notícias em um e-mail assinalado como já lido por outrem.
O mesmo sistema continua sendo utilizado no atual OBCOM. Entretanto, com
diferentes palavras-chave e com vínculos em outros e-mails. Com o crescente interesse
em investigar a mídia que se reporta também em inglês e espanhol, o OBCOM assumiu
a necessidade de criar três e-mails distintos para cada um dos idiomas abrangidos, a fim
de evitar uma quantidade inviável de material a ser trabalhado no mesmo endereço.
Passou-se a utilizar, portanto, os endereços obcomportugues@gmail.com,
obcomenglish@gmail.com e obcom.espanhol@gmail.com.
Quanto às palavras-chave cadastradas, é preciso ressaltar que houve e continua a haver
muitas mudanças. Na tabela 1, é possível verificar as palavras-chave já utilizadas/ainda
em uso para o obcomportugues@gmail.com, e que embasam as demais buscas em
outras línguas.
Exemplo de
Palavra- Justificativa Problematiza
conteúdo recebido Estado atual
chave inicial ção
(títulos)
Recebe-se
“A ustiça de Descobrir uma
Limeira (SP) material quantidade
proibiu o advogado relevante ínfima de Em
Acesso Cássius Haddad, de principalmente à matérias que questionament
31 anos, de acessar questão da efetivamente o
redes sociais na interdição em se relacionam
internet. “15 meios virtuais com o tema
da censura.
15
Disponível em: http://g1.globo.com/sp/piracicaba-regiao/noticia/2013/04/justica-proibe-advogado-de-limeira-
que-criticou-mp-de-acessar-internet.html
233
Nos termos da #interdição
“Censura derrota
Palavra-chave
Falha de São Paulo
Censura básica e --- Permanece
abrindo precedente
essencial
perigoso”16
Busca por
material que
embase a
“Classificação
pesquisa a
Classificaçã indicativa e os
respeito da --- Permanece
o indicativa direitos das
classificação
crianças”17
indicativa como
uma forma de
censura
Procura por Recebe-se
notícias que uma
“O direito de
discutam a quantidade
imagem do
questão do ínfima de Em
Direito de empregado e o uso
público/privado matérias que questionament
imagem de uniforme com
de imagens e efetivamente o
logomarcas
suas se relacionam
comerciais”18
repercussões com o tema
censórias da censura.
“Tribunal
reconhece
Liberdade Associação de Palavra-chave
de Pedófilos sob básica e --- Permanece
expressão argumento de essencial
‘liberdade de
expressão’” 19
Materiais
Busca por
referentes ao
“Microsoft muda notícias que
tema da
política de discutam
censura não
Política de privacidade e principalmente a
são Retirada
privacidade reacende polêmica questão da
encontrados
de coleta de liberdade de
com esta
dados”20 expressão na
palavra-
internet
chave
"Meu desfile foi Expressão
Politicamen capturado pelo muitas vezes
--- Permanece
te correto 'politicamente vinculada à
correto’, afirma interdição de
16
Disponível em: http://pt.globalvoicesonline.org/2013/03/18/censura-derrota-falha-de-sao-paulo-abrindo-
precedente-perigoso/
17
Disponível em: http://www.douradosagora.com.br/brasil-mundo/classificacao-indicativa-e-os-direitos-das-
criancas
18
Disponível em: http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/7828/O-direito-de-imagem-do-empregado-e-o-uso-
de-uniforme-com-logomarcas-comerciais?cta_src=home
19
Disponível em: http://noticias.gospelprime.com.br/tribunal-reconhece-associacao-de-pedofilos/
20
Disponível em: http://www.tiinside.com.br/22/10/2012/microsoft-muda-politica-de-privacidade-e-reacende-
polemica-de-coleta-de-dados/ti/307081/news.aspx
234
Nos termos da #interdição
21
Disponível em: http://revistamarieclaire.globo.com/Moda/noticia/2013/03/meu-desfile-foi-capturado-pelo-
politicamente-correto-diz-ronaldo-fraga.html
22
Disponível em: http://www.boainformacao.com.br/2013/01/atrasado-brasil-prepara-lei-de-protecao-a-
privacidade/
23
Disponível em: http://www.abola.pt/mundos/ver.aspx?id=394210
235
Nos termos da #interdição
Dia 22/01/2013
Palavras-chave E-mails recebidos Notícias Recebidas Notícias Relevantes
Acesso 3 50 2
Censura 2 4 3
Classificação Indicativa 1 10 3
Direito de Imagem 1 10 0
Liberdade de expressão 2 11 8
Política de Privacidade 1 10 0
Privacidade 1 14 1
Sigilo 2 30 0
Total 13 139 17
Tabela 2 – contabilização de notícias recebidas e selecionadas no dia 22/01/2013
236
Nos termos da #interdição
Mais tarde notou-se, entretanto, que era gasto muito tempo no preenchimento de
tais fichas, e que elas não seriam necessárias no caso de se implementar um sistema com
os mesmos campos catalográficos.
A etapa da formatação foi, portanto, simplificada. Um padrão foi adotado para o
corpo do texto (fonte Times New Roman, tamanho 12, texto justificado) e a catalogação
deixou de ser feita no próprio arquivo .doc para ser diretamente enviada pelo sistema no
site. A fim de instruir o trabalho dos bolsistas, foi elaborado um primeiro Manual da
Hemeroteca Miroel Silveira, com estas e outras informações práticas (ver ANEXO II).
Mais tarde também foi incluída no próprio arquivo uma ficha mínima, colocada antes
do corpo da matéria, com informações sobre data, autor, fonte e URL das notícias
recolhidas. Esta nova formatação também foi incorporada a um manual de instruções.
Mais tarde, estes dados foram transferidos para o site do NPCC e a catalogação
passou a ser feita diretamente em seu sistema (ver figura 5).
238
Nos termos da #interdição
239
Nos termos da #interdição
que supostamente tinham sua importância -, tiveram de ser retirados devido a algum
tipo de impedimento. A tabela 3 inclui todos os campos já pensados, sua descrição,
justificativa de uso, problematização e estado atual.
240
Nos termos da #interdição
no caso de o
site que
disponibilizada
a matéria ser
desativado.
Endereço
eletrônico de Permite o
URL onde foi acesso à fonte --- Permanece
retirado o da matéria.
material
País no qual o Nem todos os
Essencial para
País de origem material foi sites especificam Permanece
a catalogação.
gerado. seu país.
Português,
Essencial para
Idioma Inglês ou --- Permanece
catalogação
Espanhol
Sem grande
relevância, além
de não incluir
Português
outras variantes
brasileiro ou Especificação
Língua da língua Sem uso
português de linguística
portuguesa, como
Portugal
o português
angolano ou
moçambicano.
Data de
Data de Essencial para
publicação da --- Permanece
veiculação catalogação
matéria
Essencial para
Campo catalogação e
implementado para definir
Data de acesso --- Permanece
diretamente quando a
pelo sistema página esteve
visualizável.
Artigo,
comentário, Essencial para
É necessário
entrevista, catalogação e
definir melhor a
imagem, nota para permitir
Categoria metodologia de Permanece
oficial, nota, refinamento no
classificação do
notícia, sistema de
material.
reportagem, busca.
vídeo, outro.
No momento, o
foco do acervo
Meio por onde
recai sobre o
a matéria Essencial para
material
Veículo circulou, como caracterização Questionado
vinculado apenas
internet, do acervo
nos meios
revista, jornal.
virtuais,
inutilizando a
241
Nos termos da #interdição
caracterização
É necessário
definir se deve se
considerar como
fonte o site do
Site do qual foi
Essencial para qual o texto foi
Fonte retirada a Permanece
catalogação extraído, mesmo
matéria
se o material for
uma replicação
de uma fonte
primeira.
Nome do autor Essencial para
Autor --- Permanece
da matéria catalogação
Muitas notícias
Motivo pelo
não apresentavam
qual a censura
Etapa para um único fato ou
em questão
mapeamento um objeto claro
ocorreu:
Critério da dos principais que permitisse
classificação Retirado
censura critérios essa
indicativa,
utilizados pela classificação. Tal
econômico,
censura atual. campo pode ser
moral, político,
substituído por
religioso.
tags.
Alvo da
censura em
questão: Artes Muitas notícias
plásticas, não apresentavam
Etapa para
cinema, um único fato ou
mapeamento
fotografia, um objeto claro
dos principais
Objeto da imprensa, que permitisse
temas Retirado
censura internet, livro, essa
veiculados na
música, classificação. Tal
mídia acerca
personalidade, campo pode ser
da censura.
publicidade, substituído por
rádio, rede tags.
social, revista,
teatro, televisão
Grande parte do
material não
Posicionamento
apresentava um
do autor da Etapa para
posicionamento
notícia em mapeamento
definido, o que
Posicionamento relação ao da opinião Retirado
implicava na
noticiado: a pública acerca
utilização de um
favor, contra, da censura
olhar muito
nulo.
subjetivo por
parte do bolsista.
Tabela 3 - resumo da catalogação das matérias
242
Nos termos da #interdição
243
Nos termos da #interdição
palavras censuradas, o dos discursos das telenovelas e o dos diários virtuais no meio
digital, como espaço que se abre para expressões narrativas da atualidade.
244
Nos termos da #interdição
245
Nos termos da #interdição
VIII.2 - Pareceres
246
Nos termos da #interdição
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Nos termos da #interdição
256
Nos termos da #interdição
ANEXOS
257
Nos termos da #interdição
LISTAGEM DE ANEXOS
258
Nos termos da #interdição
Andrea Limberto26
24
Partes do presente texto já foram publicadas como divulgação de resultado de pesquisa em artigos científicos e relatórios de pesquisa.
25
Professora Titular do Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicações e Artes (ECA), da Universidade de São Paulo (USP).
mayragomes@usp.br
26
Pós-doutoranda da Escola de Comunicações e Artes (ECA), da Universidade de São Paulo (USP), com a pesquisa #Nos termos da interdição: uma
rede significante de palavras proibidas. andrealimberto@gmail.com
259
Nos termos da #interdição
Conduzi, entre 2005 e 2008, extensa pesquisa, realizada no ambiente do Projeto Temático A
cena paulista - um estudo da produção cultural de São Paulo de 1930 a 1970 a partir do
Arquivo Miroel Silveira da ECA/USP, com apoio da FAPESP e coordenação da Profª. Drª. Maria
Cristina Castilho Costa, sob o eixo por mim desenvolvido que se voltava para a observação e
contabilização das palavras que foram censuradas em peças teatrais, acompanhadas da
interpretação dos dados obtidos.
Os resultados da pesquisa, que procurou detectar os assuntos mais visados pela censura, assim
como os pressupostos e subentendidos ao ato do censor, procedimentos que implicaram
contextualização sócio/histórica e leitura a partir da análise de discurso voltada para as
implicitações, foram publicados em 2008 com o livro Palavras proibidas. Pressuposto e
subentendidos na censura teatral.
O Projeto Temático se estende ao presente momento, agora ao final de sua segunda etapa
ainda com apoio da FAPESP, sob a rubrica Comunicação e Censura – análise teórica e
documental de processos censórios a partir do Arquivo Miroel Silveira da Biblioteca da
ECA/USP. Nele permaneci como pesquisadora principal, ao lado da coordenadora, em eixo de
pesquisa por mim supervisionado, em que me dediquei à captação e leitura das matérias
jornalísticas que incidiram sobre a censura a peças teatrais, com especial atenção para as
matérias que desenvolveram comentários sobre as palavras nelas censuradas, viés que se
cruza com os resultados da primeira etapa de pesquisa sobre as palavras proibidas.
Paralelamente, investigamos e procuramos captar as manifestações do próprio jornalismo em
prol da liberdade de expressão como um todo e, em particular, em defesa da liberdade
artística, nos casos polêmicos em que peças teatrais foram impugnadas ao longo das últimas
décadas que fazem parte de nosso universo/base de exploração, a saber, os processos
censórios e a produção dramatúrgica constante no Arquivo Miroel Silveira.
As peças de teatro a partir das quais estudos passados e atuais se desenvolvem fazem parte do
Arquivo Miroel Silveira, um acervo, localizado na Biblioteca da Escola de Comunicações e Artes
da Universidade de São Paulo, composto por mais de 6.000 processos de censura teatral,
emitidos pelos departamentos censórios do Estado de São Paulo, de 1925 a 1968. Com a
ditadura militar instalada em 1964, a partir de 1968 a censura prévia as apresentações teatrais
foi centralizada, passando para a alçada federal.
Ainda que o estudo das palavras censuradas tenha tido como objeto a censura exercida
somente no Estado de São Paulo, é preciso que se lembre da proeminência cultural que o
260
Nos termos da #interdição
Estado de São Paulo ocupou, junto ao Estado do Rio de Janeiro, ao longo das décadas do
Arquivo. Assim sendo, a censura efetuada em outros estados da União seguia, até como um
modelo, aquela já ditada pelos dois primeiros, muitas vezes repetindo-a ou simplesmente
copiando os pareceres. As de São Paulo, muitas vezes, seguiam a censura previamente
estabelecida no Rio de Janeiro. Desta forma, os processos censórios estudados podem ser
tomados como representativos do que valia para todo o país.
Enunciando dados mais precisos, o Arquivo compreende 6.147 processos, com 47 peças
vetadas e 4.774 peças liberadas. Há um total de 1326 peças parcialmente liberadas. Nessa
categoria estão incluídas as que tiveram restrições etárias, assim como as que tiveram
restrições de locais e horários de exibição.
As peças parcialmente liberadas, com cortes de palavras, totalizam 436. Este é o universo
sobre o qual incidiu nossa primeira etapa de pesquisa e sobre o qual imprimimos alguns
procedimentos metodológicos para efeito de viabilização do estudo.
Para ordenação das palavras censuradas, adotamos um princípio classificatório baseado em
temas a que as palavras censuradas remetem. Tal princípio se baseia em estudos anteriores ao
nosso e também nas diretrizes que conduziam o trabalho dos censores, assim como nas leis
que lhe davam respaldo.
Considerava-se, por exemplo, que a censura tinha a finalidade de “garantir a paz, a ordem e a
segurança pública (...), de evitar manifestações que provoquem ódio de classe (...), de não
permitir cenas (...) ofensivas às instituições nacionais e estrangeiras (...), de evitar
manifestações (...) que contenham ultraje a qualquer credo religioso (...)” (BARRETO FILHO,
1941: 49).
A partir destes apontamentos, estabeleceram-se quatro campos temáticos de incidência da
censura, que constituem perspectivas de catalogação de ocorrências de cortes, a saber,
censura de ordem moral, censura de ordem política, censura de ordem religiosa, censura de
ordem social.
Com a contagem de cada proibição, chegou-se a resultados que apontam a categoria moral
como foco privilegiado da preocupação censória, pois, com 348 ocorrências, ela compreende
52% dos cortes. A categoria política compreende 23% dos cortes e as categorias de ordem
social e religiosa abarcam, respectivamente, 18% e 7% dos cortes.
Ao total de 348 cortes da categoria moral, correspondem alguns assuntos que foram
privilegiados. Dentre eles, destacam-se os assuntos relacionados ao ato sexual que totalizam
70 ocorrências e, portanto, 20% dos cortes no campo moral e 12% do total de cortes
estudados.
261
Nos termos da #interdição
Em relação a esse dado, notemos que até nos anos 60, quando movimentos pela liberdade
sexual alcançam seu pico de expressão, o censor José Pereira, Diretor da Divisão de Diversões
Públicas da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, justifica a censura moral,
em caso relacionado a peça teatral, com os dizeres:
Ao longo das pesquisas até o presente momento constatamos que, em tempos de tensão e de
distensão política, mesmo em tempos “modernos”, a censura moral não se furtou a um
comparecimento maciço e constante. Diante da pergunta sobre sua insistente prevalência,
tentamos responder em termos de seu caráter político, enquanto formação de indivíduos
funcionais, em artigo sob o título “A dimensão política da censura moral”, publicado pela
Revista Verso e Reverso em 2010.
Com as investigações da segunda etapa de pesquisa, relacionada à continuidade do Projeto
Temático, pudemos ver que a censura moral, com a prevalência que detém, sempre esteve
alinhada, recebendo correspondente respaldo, com a opinião pública. Este é o caso, por
exemplo, dos abaixo-assinados que encontramos junto aos processos censórios das peças de
Nelson Rodrigues, todos pedindo uma ação firme por parte da censura, visando coibir a
apresentação de suas peças.
A julgar por esse caráter, somos levados a supor que a censura moral deve manter-se, para
além de nosso foco no passado, com certa prevalência até em nossos dias. Claro que a moral
de nossos dias é diversa daquela dos anos que correspondem aos dos processos no acervo do
Arquivo Miroel Silveira. Claro que os discursos circulantes que a amarram são outros, hoje sob
o guarda-chuva dos Direitos Humanos e do Estatuto da Criança e do Adolescente.
É de nossos dias um constante embate entre Estado e opinião pública em torno da
regulamentação dos meios de comunicação, com a ameaça de criação de órgãos de censura
aos moldes de tempos passados. A questão dos limites da censura entre medida de
administração do bem comum, ou da vida em comunidade, e medida de controle político tem
sido objeto de amplo debate e, também, de amplo confronto de argumentações. No meio
262
Nos termos da #interdição
Em nossos estudos temos partido da ideia de que toda forma de vigilância deve receber
atenção, pois em questão de segundos ela pode converter-se em censura e interferir em todas
as práticas sociais. Até mesmo o esporte pode sofrer constrições, como temos testemunhado
ao longo da história e em tempos recentes de torcidas organizadas. Assim, é com o escopo de
compreender as formas de vigilância e seu potencial censório que voltamos nosso olhar para a
classificação indicativa.
A classificação indicativa, processo de categorização das obras audiovisuais conduzido pela
Secretaria Nacional de Justiça, aponta faixas etárias a que obras audiovisuais, jogos eletrônicos
e de interpretação (RPG) devem ser destinadas. Correlatamente, aponta horários de exibição
adequados a cada faixa etária. A classificação está contemplada pela Constituição Federal de
1988, justamente aquela que encerra com a censura prévia no Brasil.
Em 1990, algo se definiu com relação a ela através da Portaria 773 que atribuiu à União, com
base nos artigos 21, inciso XVI, e 220, parágrafo 3º, inciso I, da Constituição e com base no
artigo 254 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o exercício da classificação
indicativa de diversões públicas e programas de rádio e televisão.
Tal exercício estabeleceu as seguintes orientações: livres são as obras que podem ser
transmitidas em qualquer horário, não recomendadas para menores de 12 anos são as obras a
serem transmitidas após as 20h, não recomendadas para menores de 14 anos são as obras a
263
Nos termos da #interdição
serem transmitidas após as 21h e não recomendadas para menores de 18 anos são as obras a
serem transmitidas somente após as 23h. Essa portaria determinou a publicação das
classificações no Diário Oficial da União, dispensou de classificação os programas ao vivo de
televisão e determinou a apresentação da classificação nas fitas de vídeo comercializadas, nos
estabelecimentos de exibição pública e antes e durante a transmissão de rádio e TV.
Em 2000, a Portaria 796, incluiu nova categoria: obra não recomendada para menores
de 16 anos a ser transmitida após as 22h e a supervisão de DVDs. Incluiu, também, a
classificação de trailers e a obrigatoriedade de indicação da classificação em todo material de
divulgação das obras. Os programas considerados de indução ao sexo, tais como “telessexo”,
foram circunscritos à exibição de madrugada, entre 0h e 5h. Quanto aos programas ao vivo,
destacamos os artigos de referência:
264
Nos termos da #interdição
265
Nos termos da #interdição
um enredo, mas aquele que está como pano de fundo no desenrolar deste. Assim, nessa etapa
examina-se a presença de discriminação racial e de gênero, da defesa dos direitos da criança,
do adolescente, do idoso, da liberdade de expressão, dos valores éticos, enfim, de um ideário
suposto. A terceira etapa é aquela em que se reúnem as observações das duas primeiras e se
insere a obra nas faixas etárias, como postas na Portaria 1220. O resultado da análise é
comunicado em vinte dias úteis e publicado no Diário Oficial da União; o requerente sempre
pode solicitar reavaliação da classificação.
Tanto nas palavras do Manual e do Guia quanto em entrevistas com autoridades responsáveis,
fica manifesto o caráter pedagógico da classificação, assim como a realização de consulta
pública para sua implementação e o nível de adesão da opinião pública que lhe dá respaldo.
No conjunto, esses são argumentos centrais dos discursos que procuram diferenciá-la das
características que configuram a natureza da censura.
Compreendemos, como é aludido por Sérgio Mattos (2005), que após tantos anos de censura
prévia durante os períodos ditatoriais no Brasil olhemos com desconfiança toda e qualquer
supervisão advinda de órgão estatal. Daí a necessidade de distinguir a classificação e apontá-la
como processo também consolidado mundo afora.
Mas será que se trata, nos argumentos reiterados, somente dessa questão?
Examinemos, sob esse viés, alguns pontos notáveis. Acompanhando esses argumentos,
encontra-se a notação, no Guia Prático, sobre a autoclassificação, processo com o qual as
próprias emissoras televisivas apresentam a classificação pretendida para um programa sem
apresentá-lo, previamente, ao Ministério da Justiça. A autoclassificação dispensa, assim, o
exame prévio, uma das características da censura.
No entanto, o programa será submetido a um monitoramento durante 60 dias para confirmar,
ou não, a classificação pretendida. E diante da pergunta sobre as consequências de
inadequações das autoclassificações, o Guia Prático responde, na página 10, que:
266
Nos termos da #interdição
Ocorre que, entre monitoramento e represália, insinuam-se cortes e vetos. Contudo, essa não
é a única dimensão em que a classificação indicativa mostra uma face censória, pois ela
influencia os espaços de comunicação, altera contratos de comunicação, determina as
desejáveis interpelações dos receptores, pelo que parece uma simples indicação de faixa
etária. Nessa indicação há muitas coordenadas em jogo e, a título de alusão a tais
coordenadas, citamos as palavras de Aguinaldo Silva, no programa Roda Viva, a propósito de
sua experiência recente com a condução de telenovelas:
267
Nos termos da #interdição
ameaças que não são pressão da emissora. Na verdade a gente tem uma
forma de censura, continua existindo uma forma de censura que é esse
negócio de classificação da faixa etária (RODA VIVA, 12/03/2012).
268
Nos termos da #interdição
atuação dos mesmos como usuários. A figura do usuário indistinto será interessante para nós
como forma de pensar a dificuldade de limitação de um público que carrega a marca da
indistinção e da pulverização.
Nesse sentido, reforçamos a iniciativa de atualizar os materiais que são objeto de classificação.
E ela pode acompanhar as produções que têm um foco produtor mais claro. Isso organiza a
possibilidade de estabelecimento e manutenção do cumprimento de regras. De outro modo,
os recentes processos legais que se aplicam aos meios digitais, especificamente envolvendo
empresas atuantes na internet, confrontam-se com o desafio de fazer frente à regulação
empresarial e, muitas vezes, com a dificuldade de identificação da fonte produtora de
conteúdo, como mencionávamos.
Faz-se, então, um investimento em acompanhar a indústria do entretenimento em suas
produções que possam envolver principalmente referências sexuais ou de violência.
O autor destaca a interatividade como uma das principais características para que tais
produções sejam alvo da atenção de sistemas de vigilância e classificação. O movimento de
colocar-se na posição daquele que executa a ação faz emergir dilemas morais. E o debate se
faz em torno da diferenciação entre as formas de entretenimento que distanciam o usuário do
relato contato e aquelas que procuram criar uma sensação explicitada de identificação. Do
ponto de vista de muitos dos estudos na área de linguagem, poderíamos matizar essa questão
a partir da diferenciação entre fantasia, imaginação e a ordem alinhada com a realidade.
Destacamos, então, o movimento de identificação como um dos motores para que a atenção
regulatória seja acionada, nos temas em que esse movimento de soma identificatório é
considerado indesejável.
Neste momento, destacar essa informação nos convém para apontar que a mesma
abertura para a interatividade desperta a ação autoral nas mídias digitais em geral.
269
Nos termos da #interdição
270
Nos termos da #interdição
De outra maneira, mencionamos que o processo de classificação tem um tempo para ser
executado, diferente da postura geralmente de ação posterior à publicação em relação às
mídias digitais. Mais do que tentar acompanhar a totalidade das produções veiculadas, a
internet propicia o acompanhamento dos rastros daquelas que são replicadas. Uma publicação
que ecoa polemicamente entra num circuito de visibilidade e ao mesmo tempo de regulação.
Fazemos evidenciar a relação entre processos de interdição com aqueles de atestada
visibilidade.
Não podemos deixar de citar o debate atual sobre a aprovação de um marco
regulatório para a internet. Observamos que ela se estabelece mais num plano da estrutura do
uso das mídias digitais, do que da avaliação de seu conteúdo como estamos recuperando. Há
uma preocupação com as instâncias de poder dentro da operação do negócio destas mídias,
empresas, produtores de conteúdos e usuários. A decisão sobre quais conteúdos barrar ou
incentivar parece obsoleta neste ponto. Ela está relegada à atuação do usuário e autorizada
nele. Ao mesmo tempo, há outro tipo de vigilância realizada de usuário a usuário que se
manifesta de maneira contundente.
Fizemos um traçado considerando desde o material textual de teatro sob o crivo da censura, o
audiovisual avaliado no sistema de classificação indicativa e a replicação de conteúdos na
internet. Acreditamos que o histórico de nossas pesquisas revela, independente das formas de
vigilância, uma preocupação constante com o rompimento de limites morais e o ímpeto de
proteção sobre aqueles considerados dignos dessa necessidade, geralmente mulheres e
crianças. Se inicialmente tínhamos palavras censuradas, excluídas do textos, em seguida temos
a limitação da exibição de cenas e, de alguma forma contínua, o bloqueio de páginas de
usuários e das imagens que publicam.
Como efeito, pensando na posição do sujeito-leitor inserido como nó da mesma rede, mais do
que uma perspectiva sobre a rede que pensa sociologicamente a inclusão dos sujeitos, visamos
a um recorte que os saiba ao mesmo tempo individualmente e coletivamente na estruturação
271
Nos termos da #interdição
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FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. São Paulo, Loyola, 1996.
272
Nos termos da #interdição
273
Nos termos da #interdição
274
Nos termos da #interdição
cultural
consumo cultural
cultural consumption
São Paulo27
de São Paulo28
27
Doutora em Ciências da Comunicação pela ECA-USP. Professora no Departamento
de Jornalismo e Editoração e no Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos
Audiovisuais dessa mesma Escola, realizou pesquisa de pós-doutorado (2013-14) no King’s
College Brazil Institute (Londres/Inglaterra). É pesquisadora do MidiAto – Grupo de Estudos de
Linguagem: Práticas Midiáticas e autora de Margens da comunicação: discurso e mídias (São
Paulo, Annablume, 2009), além de diversos artigos publicados em livros e revistas acadêmicas.
E-mail: rolima@usp.br.
28
Doutora em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da
Universidade de São Paulo (2011), onde atualmente é pós-doutoranda (bolsista Fapesp)
estudando processos de interdição discursiva nos mídia. Mestre pela mesma Escola (2006)
com a dissertação O traçado da luz: um estudo da sintaxe em reportagens televisivas. É
pesquisadora do MidiAto – Grupo de Estudos de Linguagem: Práticas Midiáticas. E-mail:
andrealimberto@gmail.com.
275
Nos termos da #interdição
Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443 – Cidade Universitária – CEP 05508-
276
Nos termos da #interdição
(Elena, Cidade cinza, Olhe pra mim de novo), exibidos em circuito comercial e
da vida, exatamente como mostrada nos filmes. Este tem sido um desafio
sintaxe do visível. Ainda que exista uma barreira lógica para a representação
visíveis em cena.
277
Nos termos da #interdição
Esto es un desafío teórico para los estudios de cine desde que se articuló la
(Elena, Cidade cinza, Olhe pra mim de novo). Those were in the commercial
some social actors that fit the invisibility condition. We are interested in the
subjects involved. The narrative is build as if the facts were in life and in the
movies just like shown on screen. Such has been a theoretical challenge for film
studies since the establishment of the notion of syntax of the visible. Even if we
situation of invisibility, that has not prevented them from being present in
278
Nos termos da #interdição
social. Este tem sido um desafio teórico para os estudos fílmicos desde o
METZ, 1972; AUMONT, 1995). Assumimos que exista uma barreira lógica para
ainda, que opere como uma marca sobre determinados sujeitos em cena,
de tornarem-se visíveis.
com Nichols (1991), que se trata também de uma imagem ideológica –, ambas
279
Nos termos da #interdição
múltiplas formas. Novos atores sociais entram em cena para compor, de modo
280
Nos termos da #interdição
presentes. Em sua definição mais geral, ou seja, filmes que retratam o mundo
realidade. A relação com a realidade estabelece, ainda, outro pacto, qual seja,
contem histórias verdadeiras sobre o “mundo real”, tal expectativa pertence, ela
281
Nos termos da #interdição
nossa).
que possam defini-lo enquanto tal, apenas escolhas que dizem respeito a como
282
Nos termos da #interdição
normalização social:
283
Nos termos da #interdição
tradução nossa).
284
Nos termos da #interdição
por outro vemos surgirem, cada vez mais, imagens que se conformam à ordem
capaz de fielmente “representar o que, e somente o que, poderia ter visto de um ponto
objetividade nos relatos e da fidelidade aos fatos. Entre eles, destacamos produções
1995), Cópia fiel (Abbas Kiarostami, 2010) e Isto não é um filme (Mojtaba Mirtahmasb
& Jafar Panahi, 2010); e os documentários brasileiros Jogo de cena (2007), Moscou
(2009) e As canções (2011), últimos filmes realizados por Eduardo Coutinho 29. Ainda
29
Para informações e críticas dos filmes, ver site www.adorocinema.com.br. Acesso em
11/02/2012.
285
Nos termos da #interdição
testes para seu próximo filme. Makhmalbaf filma os testes e, ao ser interpelado sobre
quando teriam início as filmagens com os escolhidos, responde que o filme havia
acabado de ser realizado. Na ficção Cópia fiel (no original, cópia autenticada),
Kiarostami indaga, durante todo o filme, o que seria autêntico e veraz em contraponto
àquilo tomado como artificial e falso ao apresentar um roteiro em espiral que polemiza
diretor Panahi quem nos oferece, em Isto não é um filme, uma síntese dos dois filmes
domiciliar (que perdurou por dois meses e só foi encerrada após greve de fome do
as fronteiras entre reprodução e fabulação. Os filmes podem ser vistos como uma
interpretação. Moscou, por sua vez, retrata os bastidores do grupo de teatro mineiro
286
Nos termos da #interdição
Galpão, ensaiando em um teatro vazio a peça “As três irmãs”, de Tchekhov, jamais
apresentada ao público.
cada um dos entrevistados deve contar (e cantar) a história de uma música que tenha
marcado sua vida. Mais uma vez o cenário é um teatro, mas o ponto de fuga situa-se
nos fundos do palco, entre cortinas, lugar por onde entram e saem os personagens.
exemplo dos filmes anteriores, essas imagens nos alertam, reiteradamente, para a
discursos que se pretendem referenciais, tais filmes reafirmam seu pacto ficcional com
Nos interstícios de uma realidade oculta que quer se fazer ver e uma
visibilidade englobante que tudo quer mostrar, vemos desfilar imagens mais ou menos
reais, mais ou menos verdadeiras, mas sempre engajadas na tensão entre visibilidade
e invisibilidade dos sujeitos nelas representados, como nos filmes tratados a seguir.
sujeitos marcados por modos de vida diversos e, muitas vezes, por ocuparem
287
Nos termos da #interdição
apresentados.
filmados. Sob essas premissas, trataremos a seguir dos filmes Elena (Petra
288
Nos termos da #interdição
enfoques buscados, tem como desafio ocupar o lugar de escuta do outro, mais
do que tornar audível sua própria voz. Ao contrário de atuar como personagem,
cotidiano as pessoas são tão naturais quanto artificiais. Que processo a pessoa
levou para atingir o seu natural? É a criação da mentira verdadeira. É óbvio que
289
Nos termos da #interdição
concentrado daquilo que eu acho que é o melhor que ela possa ter
entre um “eu” e um “outro” que intercambiam lugares para que cada um possa
presença física se faz sentir a cada passo, demarcando de modo mais incisivo
290
Nos termos da #interdição
ocupam-se menos da busca pela verdade das pessoas e dos fatos retratados,
suas narrativas a partir das informações e histórias de vida colhidas por meio
posteriori, em outro tempo e lugar que não os da própria ação. Como afirma
Coutinho:
291
Nos termos da #interdição
captado, do mesmo modo que, num embate com uma dimensão imponderável,
dialogam com um espaço do não dito que, como apontamos, faz-se presente
cenas que pretendemos analisar não precisam ser obscuras para que ocorra
sobretudo, por lidar justamente com a falta de Elena, que será presentificada,
implicação autoral de Petra Costa, a diretora, e sua ausência, para deixar que a
memória da irmã fale. Além disso, Elena segue uma carreira artística que é
292
Nos termos da #interdição
Mas devemos apontar que, para além das anotações que podemos fazer
âmbito daquilo que nos é apresentado como imagem, um corpo que ser torna
Elena pode ser novamente vivida, ainda que mediada pela fluidez da água,
amadores.
Elena viaja para Nova York com o mesmo sonho da mãe: ser atriz de
caseiros. Também deixa Petra, sua irmã de 7 anos. Duas décadas mais tarde,
Petra também se torna atriz e embarca para Nova York em busca de Elena.
qualquer momento, Petra espera encontrar Elena andando pelas ruas. Aos
293
Nos termos da #interdição
Cenas de Elena
294
Nos termos da #interdição
OsGêmeos, Nunca e Nina, na cidade de São Paulo (SP), e que são tornados
295
Nos termos da #interdição
monta, assim sobre uma disputa institucionalizada a respeito das cores que
uniformização acinzentada.
concreto, como uma marca visível nas paredes construídas. A relação com a
invisibilidade, nesse caso, faz-se com o cinza que ele encobre, cor original de
muros cinzas, de algo que antes estava ali e foi recoberto. Vemos os grafites à
medida que vão sendo feitos: a justaposição de cenas os faz contrastar com o
cinza que recobre a cidade e para o qual havia retornado. Dessa forma, a
296
Nos termos da #interdição
por assepsia sobre a qual está instaurado um desejo de cidade e, por outro, a
aplicado a toda escrita fílmica, oferecer um quadro que represente a visão geral
referência explícita à cidade de São Paulo em sua forte presença. Nem por isso
297
Nos termos da #interdição
lugar de ver ao mesmo tempo em que torna invisível o que não está captado no
que seria uma tomada mais ampla. Outros quadros que se seguem procurarão
personagens. O efeito que se tem é o endosso àquele que fala, pelo que
para pessoas que estão tanto à margem socialmente (com sua atividade
muro grafitado. O espaço do muro cinza combinado com o asfalto, que não
espaço de arte. Cidade cinza mostra a atividade do grafite como uma iniciativa
como uma espécie de “filme de estrada” e dirigido por Kiko Goifman e Claudia
298
Nos termos da #interdição
esposa. Uma fala da personagem interpreta o ato de tirar a roupa como se este
filmado em cortes.
pela falta declarada do órgão sexual masculino. Ao mesmo tempo em que ele
Silvyio pede que outros ponham a mão em seu corpo para que possam
verificar a ausência daquilo que todos pensavam que ele teria entre as pernas.
entre o visível e o invisível, na equação “eu pensava que você era um homem
299
Nos termos da #interdição
de uma estrada liberada para a circulação, mas sem outros veículos circulando.
cidade em que ele se encontra, com sua companheira. Ele de pernas abertas,
roupa vestida para ocultar; ela de pernas cruzadas, decote para mostrar.
si e de sua presença no mundo, dita para “incomodar”. Ela fala à noite, sob
sombras, e sua atuação marca ainda o que podemos reconhecer como uma
apresentação dos espaços e das condições pelas quais a sexualidade pode ser
300
Nos termos da #interdição
estradas daquilo que estaria dentro, voltado para a intimidade, e daquilo que
identificada como artística e política passa pelos mesmos canais midiáticos que
301
Nos termos da #interdição
De todo modo, não podemos assumir que, com isso, tal dimensão
que há um limiar desafiador sobre o qual eles trabalham. E o fazem sob uma
outro que ele aborda por meio do olhar, assegurado pela mediação da tela. Ao
para dentro da cena. Ele é colocado, assim, no que podemos chamar de uma
separando.
veracidade dos fatos que estão sendo retratados e uma forma de engajamento
302
Nos termos da #interdição
participação.
seu reinado, pois sob a máscara da indignação, ela oferecia ao olhar dos
pela via do abjeto. Se uma imagem é entendida como tolerável, ela tem sua
303
Nos termos da #interdição
304
Nos termos da #interdição
está vendo, e o pensamento não sabe o que deve fazer com aquilo”
tomada sobre um objeto fugidio à constituição cênica, que por isso mesmo nem
pode oferecer-se por completo, nem a própria cena pode sobreviver sem
305
Nos termos da #interdição
realizador dos filmes mas também ao público, que se soma àqueles que
faz elevando traços de uma diferença. Não anotamos aqui se tal diferença é
de interesse para ser visto. Há sempre, dessa forma, um olhar que marca o
de sua invisibilidade. Novos atores sociais são postos em cena de modo mais
representação usuais.
desse outro numa cena em que tal invisibilidade vem à tona, muitas vezes
306
Nos termos da #interdição
se a missão de fazer ver o que estava obscurecido ou que não pode ser
políticas.
interferida pela associação com outros objetos em cena, que concorrem para
de inteireza, como numa cena em que um personagem não está presente, mas
307
Nos termos da #interdição
em outro, esforçando-se por nos fazer ‘ver’ o que ele viu, por nos fazer ver o
que ele nos disse” (RANCIÈRE, 2012, p. 92). Nessas duas perspectivas,
visibilidade.
Referências
2004.
julho-dezembro de 2013.
308
Nos termos da #interdição
GEERTZ, Clifford. Obras e vidas. O antropólogo como autor. 2ª. ed. Rio
309
Nos termos da #interdição
ROUCH, Jean. “The camera and the man”. In: HOCKINGS, P. Principles
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98.
MOURÃO, Maria Dora; LABAKI, Amir. (orgs.). O cinema do real. São Paulo:
Terra, 1984.
310
Nos termos da #interdição
Introdução
Estudamos a forma como o gênero musical manifesta-se na produção
audiovisual nacional, discutindo, por um lado, o que se pode entender por tal gênero,
suas heranças, cristalizações e deslocamentos quando reconhecemos
contemporaneamente um reforço visual do momento da performance relacionada à
música. E apontamos sua forma híbrida com outros formatos33. Por outro lado,
observamos como podemos definir, de alguma forma, um caráter nacional dessas
produções visto que o modelo da reincidência é um modelo que se apresenta
globalmente. Identificamos referências plurais coagulando localmente o que se entende
como traços de modelos genéricos.
Tomamos como hipótese central a possibilidade de definição do que é o gênero
musical hoje através de um processo que reconhecemos como de dupla
autorreferencialidade em relação ao elemento musical: num primeiro nível trata-se do
reforço da performance de um dom pessoal que aponta pela primeira vez para o ato
ritual de demonstração do dom e, num segundo nível, da reduplicação dos efeitos de sua
dádiva através do registro midiático, que aponta pela segunda vez para o mesmo ritual
de demonstração34. Desenvolveremos essa ideia dedicando-nos a estudar produções
31
Trabalho apresentado no âmbito do Seminário Temático Os gêneros no cinema brasileiro e latino-
americano: práticas, transformações, remixagens e tendências, parte da programação do XV Encontro
da Socine (Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual), realizado entre os dias 20 e 23 de
setembro de 2011, no Rio de Janeiro .
32
andrealimberto@gmail.com
33
O gênero musical identificado em produções engendradas entre meios (o cinema e a televisão), entre
tradições (os musicais hollywoodianos, o teatro e a trilha musical) e entre formatos (os reality shows, as
técnicas de transmissão ao vivo e os videoclipes) e mesmo combinado com outros gêneros (o romance,
melodrama e a comédia especialmente).
34
Baseamo-nos para adotar a conceituação de “dádiva” e “dom” em como foram desenvolvidos na área
da sociologia e da antropologia, como referenciados especialmente nas obras de Marcel Mauss e de
Claude Lèvi-Strauss.
311
Nos termos da #interdição
35
Podemos dizer que a tradição dos shows de talentos, destinado à apresentação de habilidades em
geral (como o emblemático show de Talentos, do SBT) dá vez a reality shows concentrados na
demonstração de talentos específicos, por exmeplo para o canto (American Idol, Ídolos, The X Factor,
Fama), para a dança (So You think tou can dance, Se ela dança, eu danço) e para a luta, com o recente
The Ultimate Fighter).
36
O filme traz referências diretas às músicas de Tom Jobim, Newton Mendonça, Pixinginha na trilha
sonora como "Desafinado", "Carinhoso", "Insensatez", "Copacabana", "Meditação", executadas dentro
da trama narrativa. Inclui também referência, com a personagem de Selton Mello, com uma câmera na
mão, ao Cinema Novo.
312
Nos termos da #interdição
formato Pop Idol britânico (primeira temporada em 2001) e depois American Idol nos
Estados Unidos (primeira temporada em 2002) e hoje encontra-se em sua décima
primeira temporada. O programa foi veiculado no Brasil durante duas temporadas pela
rede de televisão SBT (2006 e 2007) e, na seqüência, por três temporadas pela Rede
Record (2008 a 2010), gozando, em todos os casos, de suficientes índices de audiência
para manter suas reedições37.
37
A produção nacional sofre, em comparação com o sucesso de público das versões originais, com
índices de audiência medianos e com a tentativa de perpetrar os vencedores saídos do show no
mercado fonográfico nacional.
313
Nos termos da #interdição
38
Se possível incluir referência na definição do gênero
39
Citamos como exemplo a presença de flashmobs,
40
Uma heroicização primaria que pode ser atribuída a quem tem o dom e suas funções
314
Nos termos da #interdição
41
Não separamos tais narrativas genericamente, mas segundo um outro recorte, o da importância que
elas destinam à apresentação de um dom de seus personagens. Nesse sentido, qualquer dos gêneros
pode resultar numa narrativa performática do dom se houver distensão do momento em que o herói
demonstra sua habilidade (e com ela vence o desafio proposto).
315
Nos termos da #interdição
carta marca corporal42. Mas para pensar a questão do cantar, a tomada corporal do dom
não é necessariamente sexualizada na sociedade em que estudamos. Além disso,
permite uma abertura suficiente para que seja dúbia sua presença como dado biológico
dado desde o princípio. Essa é a mesma abertura que nos faz discutir a questão da
possibilidade de um talento ser treinado. Mais ainda, nos aguça a percepção para que
acontece a tomada social desse corpo em direção ao dom. Muitos relatam, por exemplo,
o ato de cantar na linhagem da possessão. “Um gestual violento, uma voz rouca, o dom
para poesia ou para a oratória são comumente entendidos como atributos dos magos”
(MAUSS, 2005: 34. Tradução nossa)
Deveremos fazer uma diferenciação entre o conceito de dom e a designação que
os programas televisivos receberam como show de talentos. O dom implica em um dado
que envolve a magia e o ritual de sua presença num ser humano. E também uma magia e
ritual de sua exposição. O talento, por sua vez, entra numa lógica baseada por princípio
na dúvida se ele existe ou não nesse mesmo ser humano. Podemos dizer que os
programas do gênero musical oscilam entre oferecer um reconhecimento ritualístico
para o dom, sua performance e buscar aferir o talento (como é o caso específico dos
reality shows).
Podemos dizer assim que parte do insucesso dos candidatos a ídolos se explica
pela classificação como talento daquilo que performatizam. Ele não está pronto e a cena
se diferencia daquele artista consagrado pela presença do dom. Outro aspecto da mesma
questão é a de até ser possível duvidar da presença do dom, por uma postura cética em
relação ao ritual em que ele se apresenta. Mas não se pode duvidar do sentido presente
na estrutura da performance desse dom, que atesta sua validade, mesmo que para
aqueles que estejam fora de seu imaginário não se processe a legitimação. “The
minimum of display which each magical act involves is display of its effect” (MAUSS,
2005, p. 75).
Devemos lembrar que o valor do dom, além de produzir um retorno
confirmador, circula. Ele não é fixo e reconhecido da mesma forma em todas as
instâncias. A partir disso a dinâmica de reconhecimento, as formas de sua classificação
e seu atestado são variadas. Isso gera formatos de narrativas diferenciados, como
veremos.
42
por exemplo, na capacidade das mulheres gerarem um filho na medida em que
possuem os órgãos necessários para isso.
316
Nos termos da #interdição
Os Desafinados
A narrativa se organiza em torno da dedicação das personagens à música.
Quando a história se inicia já temos certeza da habilidade deles dentro do contexto da
trama, mas não o reconhecimento como profissional. Seu dom está para ser provado
317
Nos termos da #interdição
318
Nos termos da #interdição
43
O ator Rodrigo Santoro não fez parte da banda, em compensação teve aulas de piano como forma de
preparo para o personagem. Nos comentários de usuários do site IMDb
(http://www.imdb.com/title/tt0456122/reviews) encontramos que as mãos de aranha do ator nunca
poderiam pertencer a um pianista. Entendemos que esse dito, como recusa popular a atestar o dom,
reforça por um lado a ideia de que o dom implica uma marca corporal e, mais, que seu atestado
midiático hoje cobra o estatuto veridictório baseado num certo realismo mais do que a fantasia possível.
Sendo que o fantástico seria situado em outra perspectiva crítica. Vale ressaltar que a atriz Cláudia
Abreu contou com a dublagem de voz para os momentos de canto, feita pela cantora Branca Lima.
319
Nos termos da #interdição
As tomadas aqui são feitas com mais cortes, mostrando ora o protagonista
masculino, ora a protagonista feminina e seus seguidores. A circularidade que
observamos, nesse caso, está no tour que as personagens performatizam enquanto
cantam.
Ídolos
No programa Ídolos, especialmente nas temporadas veiculadas pela Rede
Record, identificamos uma concentração no momento em que se dá a descoberta ou não
de um possível dom. A narrativa geralmente começa com uma apresentação da
personagem, candidato a ídolo, em seguida sua entrada na sala de audição e então o
momento mais distendido (geralmente com menos cortes e em que a narrativa é
articulada pela música).
O cenário do programa é aquele que mais propicia a visualização do
posicionamento de centralidade em relação a quem irá manifestar o dom. Em
contraponto ao círculo temos o alinhamento de uma bancada de jurados. Eles
incorporam a posição de quem irá atestar e legitimar o dom.
No caso do exemplo selecionado, a audição de Fernando Barros, destacamos
como elemento local o sotaque do candidato e a escolha do repertório, o fato de cantar
uma música da banda Jota Quest. É incluído um efeito visual ao entorno do candidato
no momento em que de olhos fechados se prepara para cantar. Esse é o momento da
magia, o exato instante em que aguardamos sua manifestação. No caso, ela é frustrada,
pois a espera é ainda retardada e o momento de sua satisfação não é completa.
320
Nos termos da #interdição
321
Nos termos da #interdição
44
É interessante a observação dos perfis de candidatos a ídolos, o que trazem da valorização de sua
cultura local e como se apresentam indicando elementos de aceitação mais globalizada.
322
Nos termos da #interdição
de ingresso num certo star system (estrelato). “Sugeri que a maior parte dos gêneros
hollywoodianos começam como um adensado semântico e só alcançam o status de
gênero quando elementos semânticos característicos compõem-se numa sintaxe estável”
(ALTMAN, 1987, p. 117. Tradução nossa.)
Instaura-se nas instâncias da narrativa e fora dela um embate entre o sucesso e a
perpetuação de um padrão clássico do gênero musical, muito calcado nas produções
hollywoodianas, e seu desvirtuamento, ou podemos dizer simplesmente encontro, com
novas formas de transbordar a música na produção audiovisual. Propomos, assim, uma
atenção especial à narrativa do dom como organizadora da encenação. Refazendo e
sobrepondo os mesmos dois percursos que propusemos, temos em princípio a relação
humana entre dom e dádiva e, depois, o indivíduo situado na ordem do reconhecimento
que se realiza na situação encenada de sua legitimação.
Assim entendemos o atestado midiático do dom: o indivíduo situado na ordem
do reconhecimento que se realiza na situação encenada de sua legitimação. A presença
mágica visualizada nas personagens ou candidatos a ídolos. Hoje o que temos não é o
simples reconhecimento do dom como canto inserido na narrativa fílmica, reduplicando
para a própria narrativa, intensificando-a, mas reduplica para a fruição da história das
próprias personagens artistas ou pretensos artistas, sua individualidade, a possibilidade
de ter um talento igual ao da personagem, identificar-se. Isso marca uma hibridização
do gênero.
A música, mais do que fazer parte da estrutura da narrativa tona-se também seu
alvo. A música se apresenta como pontuação dramática desde a tradição do teatro
musicado, das óperas ao cinema dos musicais. O coro nos cantos das peças gregas, a
música valida um “choro”, um chamado, que caracteriza personagens.
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1987.
CARRASCO, Claudiney. Trilha musical: música e articulação fílmica. 1993.
Dissertação (Mestrado) – Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo,
São Paulo.
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Nos termos da #interdição
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MACHADO, Arlindo. A televisão levada a sério. São Paulo: Senac, 2001
BLANCHARD, Gerard. Images de la musique de cinema - Paris Edilig - 1983
324
Nos termos da #interdição
Andrea Limberto45
The present work intends a debate within the field of language practices nurtured
by the idea of the existence of taboo over words (FOUCAULT, 1996). We identify the
restrictions over discourses in the specific ways it presents itself in social media
networks, which is mostly characterized by the possibility of free expression. We base
ourselves in the idea that it is not possible to have a media environment free from
constriction to the exercise of language.
The central foucaultian argument in The discouse of language when referring to
language procedures of exclusion, first repeats the movement of entering the language
trough cut and selection – establishing a symbolic order – and the author points out the
fact that the effects of such procedures are relevant and evident.
45
Doctor in communication and postdoctoral researcher at the School of Communication and Arts, University of São
Paulo, Brazil (Fapesp fellowship).
325
Nos termos da #interdição
the seeming paradox of thinking restricted circulation of enunciations and the language
practice within a media marked by the emblem of freedom of expression and
communication democratization.
Our hypothesis, which is also suitable for pointing out a way to unfold such
paradox, is that the dynamics related to the shadowing of contents can never be total.
They always have a visible aspect. Regarding the dynamics of presuppositions and
implications, conceptualized by O. Ducrot (1972, 1987) such visible aspect is related to
the rhetoric element. Otherwise, in terms of a Freudian theory of psychological drive,
such aspect is represented by language slip.
The publicized form of the word establishes a sense relationship with the
possible content destined to be and which are taken from the realm of meaning. We
cannot say that the resulting enunciation is a form devious from the original for not
admitting the precise existence of such original. Just like in a metaphoric process, the
resulting metaphor cannot be a replacement of an original term, but is inscribed in the
enunciation as a new term as a juxtaposition of two other.
326
Nos termos da #interdição
We reinforce, then, the idea of a train of thought which is able to identify clarity
and exposure in contents posted on the web. The same authors, from different
perspectives on the network society, are able to ponder on the limits for those
possibilities of embracing controversial content and differences (LÉVY, 1999;
LANDOW, 1992; CASTELLS, 1999).
Thus, the debate on the possibilities of control of the same contents online is
present. In face of a media that could be considered of an invasive exposure, where
would the duplicities in meaning and the shadowing of discourses be? So we establish
our central matter: how are the circuits of interdiction conformed in the new media,
specifically in social media networks?
News reports constantly bring cases of government curtailment over content
posted online, being more evidently emphasized now the performance of the Chinese
government and the manifestations for freedom of expression in Turkey. At the same
time there is the possibility of blocking content trough the establishing of passwords.
And so the work of spying is done by breaking the digital barriers proposed in the code.
Such diverse scenarios show us something regarding interdiction and content online.
Our hypothesis is that every published content is related to the possibility of exposure
and that the restriction of access that may be imposed is still somehow related to the
obliterated original content. At the same time, because they are propositions in the
language and respect a specific communicative code they are able to retrace the way to
other layers of the same contents.
In other words, once the contents are directly published from the authors to
interfaces with global visualization potential, the possibility of practicing coercion
procedures is due to the individual authors and not as part of the language dynamics
itself. So we argue that any posted content reveals a devious articulation in language.
We do not have access to the original post, which we cannot retrace within some
327
Nos termos da #interdição
idealization of the author and nor on the initial spot making the begging of the chain of
content repetitions and sharing.
On the way to researching on process of explicitation and implicitation on the
web, Landow proposes a difference between the written text, in which one can articulate
an implicit articulation and the text on the web, in which the articulation can be explicit.
Such explicitation of the possibility of linkage has been considered one of the
main characteristics of the hypertext. And the fact that the link is emphasized and can be
taken as a central aspect in the presentation of the text production enables the
connection of a variety of texts at the same spot on the network. At the same time, we
point out that it is the same mechanism of connection that starts the layering of contents
and enables the distension of the presentation.
No doubt that these empty pages, this endless movement of the doors that
open to other doors, crossroads that get to other crossroads, may be
understood as a characteristic quite usual to the WWW and it is also the
explanation to a feeling of frustration and anxiety common to navigators. We
are living in the global network what we had known a lot from other
experiences: the experience of the node (LEÃO, 1999: 29. Our translation).
That is how we notice that the new media are a field ever connected to the issue
of freedom of expression, of democratization of access to contents and of possibility of
publishing by anyone freely. Extending such ambition, we could say that a relationship
is established as if there was access, equally, to all kinds of content, without the
prospect of repression, accessed individually and privately, in environments offering a
meeting with the truth.
But with the same power we can say that such space is also marked, as a result
of the very same possibilities inscribed in it, the shattering of information, the disbelief
328
Nos termos da #interdição
329
Nos termos da #interdição
46
Object of our current postdoctoral research entitled “In terms of the #interdict: signifier network
among forbidden words”, funded by São Paulo Research Foundation (Fapesp) and developed at the
School of Communication and Arts of the University of São Paulo.
330
Nos termos da #interdição
enunciation. The hidden term cannot be considered as being the interdicted term itself.
We do not have logical access to the original term if not by relationship to the term
used. That is why we argue that the web is a superficial and interconnected network in
which one term is meaningfully related to the other. We add that the second term in
relation does not solve the equation for the interdict, it merely drags on another term
inscribed in language.
We can also state otherwise, that certain terms more strongly carry the sign of
interdiction. Such mark interferes in the sense of guiding its emergence and circulation
on the web.
As a title of example we can refer to the circulation of the word “lover” (in
portuguese: “amante”) in two different types of resources: in theater plays undergoing
censorship and in posts found in social networks, especially Facebook and Twitter. The
word “lover” was recognized in many of the research work made by the Observatory for
Communication, Freedom of Expression and Censorship 47 as being one of the
numerically most censored term during the period involving the Miroel Silveira Files 48.
What was implied in such term and was cut most of the times was the reference to a
woman in the condition of “lover”, stressing the feminine gender. She would “give
herself to another man” (DDP0064, Sangue de cigano/ gipsy blood) or “two lover has
his wife” (DDP0223 Bonifácio entra prá liga/ Bonifacio joins the team). e observe,
however, that the posts made in the social networks show individual woman naming
their “lovers”. From Caroline Bezerra: “Loving my favorite cuckold <33 Now in my
twitter, but see i met him first and got him first 2Bjs #Lover” 49 and from Gaaby
Camargo, “still think its pretty to be a #lover – ! facebook.com/photo.php?fbid.... poor
#sheila :/”50.
47
See A escritura do censor: um estudo da interdição em peças teatrais (The writing of the censor: a
study of interdiction in theater playwrights), by Mayra Rodrigues Gomes; Heranças intelectuais – O
Arquivo Miroel Silveira (Intelectual heritage – The Miroel Silveira Files), by Maria Cristina Castilho Costa;
Arquivo Miroel Silveira: uma leitura dos processos de censura prévia ao teatro sob o prisma do
gerenciamento de informações (The Miroel Silveira Files: an approach to censorship processes according
to information management theories, by Maria Aparecida Laet.
48
The Miroel Silveira Files is an archive of theater playwrights undergoing censorship in the state of São
Paulo, Brazil since the 20’s until the 60’s. It gathers the original playwrights and paper work including the
prescription of cuts over texts.
49
“Amando meu Chifrudo favorito <33 Agora no meu twitter , só que é assim conheci primeiro e catei
primeiro 2Bjs #Amante”
50
“ainda acha bonito ser #amante – ! facebook.com/photo.php?fbid.... coitada da #sheila
:/”
331
Nos termos da #interdição
We identify, on the first case, the interdiction of the word by action of a censor
and, on the second, the content circulation identified with the signature of the author.
There was between both cases a shift in the meaning of the word considered: at first
there is the interdiction of the condition of a woman who is a lover for someone or who
has a lover; on the other, valorization of a sexually active woman searching for
satisfaction.
On the surface of the network marks and signs what we see is linguistic taboos
emerging from prohibitions socially controversial.
“That is exactly why it is bound to the changes in general, but also to the
non-linguistic causes for changes which stop lexicology from being
established on the basis of complete autonomy, amongst other effects: the
emergence of new natural or cultural objects in the realm of designation, the
trust put in emblematic beliefs, the reinforcement or dissolution of linguistic
taboos, the political and cultural domination by a linguistic community,
social group or cultural environment. All of these causes make language
subsumed to the social forces which efficiency point to the non-systematic
nature of the system, at least in the dimension of word semantics chosen by
our authors” (RICOEUR, 2005: 197/198. Our translation).
Network environment is certainly the emergence of contents but it not free from
discursive constraint, as we argue. At his point we intend to observe the circulation of
interdicted content exposed in the form of linguistic taboos. Within the network
environment a specific kind of linguist taboo is revealed on the limit of public and
private realms, between the interconnection of the network and the authorial
publication: the one which morally informs the subjects.
In such process there is the revelation of socially constrained labeled terms.
Indexation ends up reinforcing the taboo nature (a dynamic recognized by many social
scientists). It also allows an intermediary enjoyment from the fact of its emission,
circulation and public empowerment. This last stage of the circulation of taboo content
is what we consider to be the most specific of digital media, such is the incensement in
the means for content circulation contributing to a public release of certain expressions
related to situational taboos (transiting from public to private realms).
332
Nos termos da #interdição
We mostly refer to the extension of pleasure that one can get from the perverted
procedure of interdiction. “The pleasure exhaling from the constraining power as it
retains the pleasure juts revealed” (FOUCAULT, 1999: 45. Our translation).
Once again Foucault was not referring to the new media, but we have reason to
believe that the process of discourse dissemination is included in the framework we
describe. That is verifiable in two ways: the discourse over which an act of interdiction
is performed manages to follow a path of his own and at the same time its circulation is
spread out. In that sense we take Foucault’s words.
Still dragging such quotation out of its context as to ponder on the possibility of
circulation in new media, such discourse dissemination happens in specific ways we
intend to point out:
(1) In writing: the publications in social networks are done in writing and that
means having to dialogue with textual tradition formats as much as with
being inscribed and recorded, besides the possibility of reproduction of the
same contents. The circulation of interdicted contents on the web is made in
the dialogue with a textual tradition that adds new orthographic and semantic
ways to insertion (the appropriation of symbols such as #, @, the
abbreviation of expressions and the presence of foreign words). In regard to
the inscribed word, a specific time and memory is evoked. At last, the social
network offer engines of replication making such procedure one of the most
relevant characteristics in the usage of its resources. That implies the written
reproduction of contents in a constant and shattered way.
(2) Authorship: the publication in social media networks is organized as to focus
a webpage, and individual or institutional author (in the name of an
enterprise or organization). In both cases we observe that the author sign
333
Nos termos da #interdição
The characteristics that we describe applied to the text structure on the web and
in social media networks specifically allow us to say that interdiction in such spaces is
found in the repetition of such diffusion and spreading of content. The same
characteristics have previously been pointed out by many renowned authors in the study
of the digital media, such as P. Lévy, G. Landow, M. Castells. Nevertheless, we are to
recover them especially to analyze the interdiction condition in an environment of
pretense freedom of expression. So we argue that interdicted content is not hidden but
otherwise intertwined in the tissue that enables network spreading. We understand that
in regard to:
(1) Writing: the increase in the number of texts does not eliminate the
possibility of interdiction. Despite what is published we trace back the
relationship to find the term that was actually announced, that was
considered relevant and worth publishing. That is observed even if these
criteria of relevance are part of the authorial guidelines. Thus meaning that it
is a relevant and remarkable fact in the private-public narrative.
(2) Authorship works as a content legitimacy realm. Procedures of
interdiction range from content selection in the space destined to a person or
institution.
(3) Text reconstruction includes procedures of cuts and replacement.
334
Nos termos da #interdição
(4) The layered structure of texts does not work for hiding contents
possibly due to interdiction, but rather there is a dynamic of suspense and
revelation of contents basing the possibility of making sense.
Our goal with the present research is then to identify how procedures of
interdiction, more than help hide contents, establish the very dynamic of publication and
circulation of contents itself in networks. The tendency of imagining the internet
divided into two realms, one visible and accessible and the other, hidden and restricted
find resistance in the organization of the the media procedures for publication. Even if
we are able to recognize that there are restricted access contents, those protected by
passwords and online security systems, they are not the interdicted content we are
referring to. Interdiction in social media network, as we understand it, is related ot the
deviated publishing of contents. They are kept publically accessible, but are conformed
for publication and suited for circulation.
Even if companies and governmental organizations may establish keywords for
controlling the material published and searches made on the web, we are interested in
following the circulation of those contents that escape those limits. In a perveted way
they arise on the web. We use as example the obstruction that could be poded to the
circulation of the word “sex” and the option for the use of the form “seks”. According to
information from the website hashtag.com, on a given Friday, “#seks” was appointed as
one of the top increasing indexations. We argue that the path to follow interdicted
content on the web is that of searching for their deviated forms. The make reference
another unsaid form and most surely interdicted. The word then carries the sign of
interdiction, but the realm of its possible meanings has to accept a signifier variation.
The deviated form of the word is the able to find a way to circulation. But it also
performs what we recognize as a detour, the signifier transformed form of the word has
to find its linguistic affiliation in order to circulate. If its is indexed with hashtag it tires
to enter a path which is the same of exposure, of visibility and then, again, of the
possibility of interdiction itself.
We then establish a direct relationship between the path to interdiction and that
of visibility when regarding terms entering circulation as taboo. So it is not an specific
word we should be focusing on tracking to find procedures of interdiction, but the
processes of variation of indexed words as they inform us on the take over the contents
appointed.
335
Nos termos da #interdição
336
Nos termos da #interdição
337
Nos termos da #interdição
entering lists for the most trended topics. We also look at the circulation of individual
posts and those less evidenced made from the repetition of elements intertextually in the
form of referential links.
References
CASTELLS, M. A Sociedade em Rede. A Era da Informação: Economia, Sociedade e
Cultura. Volume I. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
DUCROT, O. Dizer e não dizer: princípios de semântica linguística. São Paulo: Cultrix,
1977. Trad. Carlos Vogt, Rodolfo Ilari, Rosa Attié Figueira (Orig.) Dire et ne pas dire.
Hermann, 1972.
DUCROT, O. O dizer e o dito. Campinas. Ed. Pontes, 1987.
FREUD, S. O mal-estar na civilização. Rio de Janeiro: Editora Imago, 1997.
FOUCAULT, M. A ordem do discurso. São Paulo: Loyola, 1996. 3ª Ed.
_____________. História da sexualidade. Vol 1. A vontade de saber. Rio de Janeiro,
Graal: 1999.
LANDOW, G. Hipertexto 3.0. La teoría crítica y los nuevos medios en una época de
globalización. Barcelona: Paidós, 2006.
LEÃO, L. O labirinto da hipermídia: arquitetura e navegação no ciberespaço. São
Paulo: Iluminuras, 1999.
LÉVY, P. Cibercultura. Trad. Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Ed. 34, 1999. Coleção
Trans. 1ª. Ed.
LOPES, E. Metáfora: da retórica à semiótica. São Paulo: Atual, 1986. Série
Documentos. 1ª.Ed.
RICOEUR, Paul. A metáfora viva. São Paulo: Loyola, 2005. 2ª.Ed.
338
Nos termos da #interdição
339
Nos termos da #interdição
morte. E aceitando, por outro lado, que ela ainda possa ter sua circulação e recorrência
quando se trata de clamar por um processo de mudança radical e extensa socialmente.
Mas distante das tentativas de nomear produções artísticas e sua vinculação
política, entendemos que independentemente disso elas têm de vingar como arte. E é
nesse sentido que pretendemos ampliar a atribuição do qualitativo revolucionário à
qualidade da produção artística de se colocar de forma limítrofe aos valores e
convenções sociais. Há diversas correntes de pensamento que identificam tal potencial
da arte, das quais destacamos inicialmente a linhagem a partir da obra de Herbert
Marcuse.
“Nos dias atuais, a discussão das relações das artes com a revolução está fora
de circulação, pelo menos nos parâmetros consolidados pelo debate estético
marxista do século XX. Ela perdeu a novidade porque, de um lado,
“revolução” é palavra e ato que fugiram da agenda cotidiana de discussões e
preocupações; de outro, já não se espera da arte a tarefa messiânica de mudar
o mundo (não diretamente, ao menos)” (BOLOGNESI, 2012: 26).
Não teremos condições de discutir se a arte deve ou não destinar-se a uma leitura
específica, unívoca e vinculada a uma atuação política. Mas, de outra forma,
gostaríamos de fazer pensar se em sua abertura há sempre uma virulência
revolucionária.
O ímpeto revolucionário e contestador que vem sempre acompanhando a própria
definição do trabalho artístico e do que se entende pelo papel do artista, - ou ao menos
segue o forte imaginário associado a eles, - encontra suas fronteiras nas limitações e
restrições especialmente sociais, políticas e de opinião. Pretendemos então debater e
340
Nos termos da #interdição
A arte é a produção humana que sempre esteve mais próxima de ser relacionada
com a busca por liberdade a partir do rompimento de limites sociais. Como então levar
tal feito a cabo quando se pensa o movimento de censura, se de acordo nosso
entendimento sobre o fazer da arte ela pode reprimir justamente o incômodo provocado
pela arte?
Trata-se de um incômodo ou de um atravessamento revolucionário? Numa
balança paradoxal, o desígnio artístico pode vir num segundo tempo da limitação social,
depois que o produto da arte está liberado, divulgado. Devemos dizer que a
possibilidade de revolução mesma está posta num tipo de sociedade que pensa a
possibilidade de eleição, de representantes e ideias sobre o que circula. Enquanto que,
ao contrário, a possibilidade de censura visa sua manutenção e controle.
Nos processos de censura prévia do Arquivo Miroel Silveira, os quais
informaram as pesquisas que possibilitaram a posterior fundação do Observatório da
Comunicação, Liberdade de Expressão e Censura, revelam sim a imposição das
determinações estatais sobre as peças teatrais a serem encenadas no estado de São Paulo
e revelam, da mesma forma, uma resistência às determinações, com mecanismos de
burla. Mas entendemos que uma das facetas mais ricas a serem observadas em tal
arquivo é a negociação e disputa em cima dos processos de produção artística. Eles
eram tanto o campo de batalha em que a produção artística poderia assumir uma forma e
que a ação política poderia ser concebida.
Quando dizemos censura estamos pensando inicialmente com esse termo numa
censura formal, institucionalizada, prévia e assumida pelo Estado. Mas sem descartar a
ideia de que, ainda que não haja formalização expressa, a ação de toda forma de
controle se compõe pareada à apresentação de toda produção artística. E entendemos,
341
Nos termos da #interdição
nessa perspectiva, que cada obra de arte é um campo de embate com as concepções
normais. Nossa preocupação sempre é que haja o espaço para que essa disputa ocorra.
Polemizamos sobre a restrição à arte hoje, por exemplo, envolvida com as
instituições estatais e privadas que promovem seu financiamento. Longe de terem
diretrizes uniformes, estabelecem restrições ao que pode ser exibido ao público. Isso
alcança desde o preço para a pintura da fachada de um prédio numa grande cidade como
São Paulo, à ocupação do palco dos teatros mais tradicionais, aos espaços públicos com
intervenções artísticas à morte de um artista pela disputa sobre os direitos de circulação
de sua produção.
Os novos meios, como a internet, também colocam desafios a essa questão ainda
não totalmente sondados. Em que âmbitos ainda poderia se falar de revolução, ou
estamos em tempos de acordos sobre as restrições a serem impostas ao fazer artístico.
Em que âmbito ainda a arte está para nos chocar em nossos limites, mostrando-se
politicamente incorreta?
É dessa forma que pretendemos aqui designar como censura não apenas o ato
restritivo sobre a produção artística, mas também o efeito coagulativo de tensões que se
revela no terreno minado onde ocorrem as disputas artístico-políticas. Assim temos os
campos não mais separados mas como nomes que se referem ao mesmo embate social
sobre um determinada perspectiva de mundo, um recorte ideológico que agrega pessoas,
territórios, leis, formas de expressão e a pessoa ideal de seus autores.
Questionamos, assim, nesse sentido que num tempo em que a marcação sobre
esses espaços de efervescência dos debates é, no mínimo, mais pulverizada, como
determinar duas frentes de observação: como identificar os âmbitos de restrição à arte e
como garantir sua abertura revolucionária?
Pensamos na abertura teórica possível para constituir um campo de pensamento
ao mesmo tempo herdeiro de campos como o político, o cultural, mas que agora entenda
que a produção artística dá conta, mais do que cruzá-los, ser todos eles ao mesmo
tempo. Recorremos à retomada feita, por exemplo, por Jacques Rancière sobre a relação
entre política e cultura.
342
Nos termos da #interdição
343
Nos termos da #interdição
debate político e podemos dizer mais ainda, o debate político e social se faz na obra de
arte.
O imitador não é mais o ser duplo ao qual é preciso opor a polis onde cada
um só faz uma coisa. A arte das imitações pode inscrever suas hierarquias e
exclusões próprias na grande divisão entre artes liberais e artes mecânicas
(RANCIÉRE, 2009: 65).
Referências Bibliográficas
COSTA, Cristina. A Censura em cena. São Paulo: Edusp, Fapesp, Imprensa Oficial,
2006
RANCIÈRE, J. A partilha do sensível. Trad. Mônica Costa Netto. São Paulo: Ed. 34,
2009.
BRETON, A. & TROTSKI, L. “Manifesto: por uma arte revolucionária livre” [1938].
In: H. B. Chipp. Teorias da Arte Moderna. São Paulo: Martins Fontes, 1999, pp.
490-493.
344
Nos termos da #interdição
Andrea Limberto51
Universidad de São Paulo
Abstract: The present work offers some of the results gathered by the postdoctoral
research investigation funded by São Paulo Research Foundation (Fapesp) and ongoing
at the School of Communication and Arts of the University of São Paulo. The general
focus of the mentioned research is on interdiction and digital media, but what we are
specifically approaching here is the category of authorship as a force of cohesion to the
postings on the web. At the same time they provide us with an experience of collective
silencing. Two separated poles are established, the attempt of producing novelty and the
51
Doctora en Ciencias de la Comunicación por la Escuela de Comunicación y Artes de la Universidad de São Paulo.
Desarrolla el proyecto de investigación postdoctoral intitulada: # En términos de la interdicción, que analiza la
circulación de términos tabú en las redes sociales. Miembro del grupo Observatorio de Comunicación, Libertad de
expresión y Censura (OBCOM/ECA-USP). andrealimberto@gmail.com.
345
Nos termos da #interdição
52
Fernando Van de Wyngard, La ultima (es)cena – Ortopedia del destino (La Paz, Plural editores: 2011).
53
UNESCO. Tendencias mundiales en libertad de expresión y desarrollo de los medios (2014), 84.
346
Nos termos da #interdição
347
Nos termos da #interdição
54
Lucia Leão, O Labirinto da hipermídia - arquitetura e navegação no ciberespaço (São Paulo: Iluminuras, 1999).
348
Nos termos da #interdição
de una red que combine los sentidos de los términos censurados. En este caso, la
referida red dependerá de la organización de datos en sistemas como lo de many eyes,
que permiten la recombinación de los datos incluíos.
Con dicho planteamiento, ambicionamos reproducir y seguir los sentidos que
fueron censurados en las redes sociales. Especialmente observamos Facebook y Twitter.
La discusión teórica que realizamos pasa por 3 grandes claves conceptuales, que
corresponden también a 3 fases de la investigación del postdoctorado: la palabra, el
archivo y la red.
349
Nos termos da #interdição
En esta perspectiva, lo que se revela como una marca diferencial para los
procesos de interdicción en la red, junto a los términos tabú, es la posibilidad de
entenderlos bajo la perspectiva autoral. Lo que prometemos tratar es la
individualización de autoría en la red y su contrapunto como pérdida de la palabra
colectiva. Y para ello, estamos considerando a que todos los usuarios de la red se
hayan convertidos en autores.
En efecto, hemos observado que, la repetición de los contenidos siempre ocurre
bajo a un perfil individual y además, se notó que en las redes sociales los textos son
marcados por la autoría, al mismo tiempo que se reproducen constantemente las
publicaciones. Sin embargo, se aprecia que, una de las características del trabajo
autoral, que es la búsqueda por originalidad, está minimizada en este caso en favor del
compartir la misma información. Si en los textos de teatro teníamos un autor
censurado, hoy día tenemos la marcación de un texto para circular en la red.
Las redes sociales permiten que cualquier usuario pueda publicar,
permitiéndoles posts en cantidad y que los textos sean más cortos. En este escenario,
Foucault, reconoce que “el comentário limitaba el acaso del discurso en favor del juego
de una identidad que tendría la forma da repetición de lo mismo. Por otro lado, el
principio del autor limita este mismo acaso por el juego de una identidad que tiene la
forma de la individualidad y del yo”55.
Podemos decir, entonces, que los procesos de publicación y circulación de
contenidos en la red se ven marcado por una doble característica, se relacionan con la
producción de comentarios y también hacen referencia a la perspectiva autoral. Dicha,
55
Michel Foucault, El orden del discurso (Tusquets Editores, Buenos Aires, 1992), 29.
350
Nos termos da #interdição
acción, es muy importante como forma de seguir los contenidos interdictos, una vez que
bajo la perspectiva autoral, su fuerza discursiva y polémica se atribuye al autor.
Mientras que se lo entendemos como comentarios, su fuerza y coerción se disipa. El
autor fija su marca y el comentario circula, y lo que vemos actualmente es la
circulación bajo perfiles de marca autoral. Creo que este sea el suevo desafío para que
se entienda la naturaleza de la circulación de contenidos en las redes.
351
Nos termos da #interdição
56
Laura Scarano, La voz diseminada: hacia una teoría del sujeto en la poesía española (Buenos Aires: Biblos,
1994), 19.
57
Gemma San Cornelio (coord.), Exploraciones creativas: práticas artísticas y culturales de los nuevos medios
(Barcelona, Editorial UOC: 2010), 105.
352
Nos termos da #interdição
58
Michel Foucault, El orden del discurso (Tusquets Editores, Buenos Aires, 1992), 16.
59
Michel Foucault, El orden del discurso (Tusquets Editores, Buenos Aires, 1992), 16.
353
Nos termos da #interdição
nombre propio verificable, el del autor empírico, que se hace cargo de la voz enunciante
a la vez que se aporta y explota la biografía real del autor”60.
Nos encontramos, una vez más, en el argumento límite de nuestro trabajo, entre
la individualidad que demanda la autoría y de la repetición de contenidos, la primera
relacionada tradicionalmente a la crítica literaria y a la filosofía; la segunda, al ritmo de
los comentarios y de la superposición de textos. Este movimiento emerge en los medios
digitales y adquiere colores menos definidos. “El comentario limitaba al azar del
discurso por medio del juego de una identidad que tendría la forma de la repetidora y de
lo mismo. El principio del autor limita ese mismo azar por el juego de una identidad que
tiene la forma de la individualidad y del yo”61.
Los trabajos que hemos recuperado sobre la cuestión de la autoría muy
propiamente enfocan la posibilidad de un texto resultado de autoría colectiva o todavía
por medio de la desautorización de la función de autor. En el primer caso, entendemos
que la función-autor, como nos propone Foucault, valoriza la idea de que la autoría se
constituye discursivamente, al tiempo en que recubre la idea del autor como genio
creativo.
Miramos lo que escapa a esta separación dual: la perspectiva del control que
ciertamente se presenta. Volveremos a ella más adelante. La marca autoral se revela en
la acción de clicar, organizar, excluir. Como nos releva las estrategias de control por
parte del usuario. “¿En qué se diferencia del bloqueo? Un usuario en «mute» podrá ver
el contenido que tú publiques, hacer favorito tu contenido, responder o hacer «retuits» a
tus mensajes, sólo que tú no lo verás. El usuario «silenciado» no sabrá que le has hecho
«mute», indican desde Twitter, y añaden que la acción se puede revertir”62.
60
Laura Scarano, La voz diseminada: hacia una teoría del sujeto en la poesía española (Buenos Aires: Biblos,
1994), 19.
61
Michel Foucault, El orden del discurso (Tusquets Editores, Buenos Aires, 1992), 18.
62
ABC Tecnología. 15 de mayo de 2014. “Twitter permite ‘silenciar’ a los usuarios como alternativa al ‘bloqueo’”.
354
Nos termos da #interdição
más rapidez y a la vez de repetir lo mismo contenido bajo diferentes perfiles nos hace
pensar diferentemente la cuestión de la autoría y también del texto colectivo.
Una vez más la promesa de los medios digitales es de participación más efectiva
en la vida social.
63
Laura Elizabeth Contreras, “Las posibilidades de participación política mediante las
tics: Visibilidad en un nuevo espacio público ¿Ingenuidades o certezas?” en Bianchi, Marta Pilar y Sandoval, Luis
Ricardo (eds.), Jornadas Patagónicas de estudios sociales sobre Internet y tecnologías de la comunicación (Comodoro
Rivadavia, Universidad Nacional de la Patagonia San Juan Bosco, 2011), 281.
355
Nos termos da #interdição
64
Rocío Rueda Ortiz, “Cibercultura: metáforas, prácticas sociales y colectivos en red”. Nomadas (Bogotá) 28 (enero
a junio de 2014).
356
Nos termos da #interdição
autoral con el mismo material. Así que la dinámica del lenguaje hablado se acerca del
texto escrito y de la idea de la construcción de un texto común colectivo. Aspectos de la
dinámica de la oralidad se repiten en la grafía de las redes sociales, su velocidad de
intercambio y difusión y especialmente por la presencia de elementos necesariamente
populares de la cultura.
Silenciamiento en la red
La manera como se utilizan las redes de ordenadores, especialmente la gran
popularidad de las medias sociales, favorecen tanto la circulación de la marca autoral,
cuanto su oscurecimiento en privilegio de los contenidos circulantes. El aspecto de la
marca autoral la hemos comentado anteriormente. Así que, en las próximas líneas nos
dedicamos a los contenidos interdictos.
Para ello obsérvese que, una perspectiva más habitual es entender que la
interdicción en la red ocurre por dos acciones: una seria el hecho de borrar el mensaje
o texto y la otra la dificultad de acceso a los datos. “En cada oficina hay ciento de
personas como ellos. Por sus manos pasan documentos secretos, algunos de los cuales
necesitan salir a la lus. El pequeño Libro Rojo del activista en la Red es un manual para
proteger sus comunicaciones, cifrar sus correos, borrar sus búsquedas y dispersas las
células de datos que generan sus tarjetas de red”65.
Defendemos aún otra perspectiva que es del imaginario inmersito de la red.
Ponerse en juicio las esferas de la actuación pública y privada. En cuanto una
publicación se enflaquece de su marca autoral, las consecuencias del dicho igualmente
se dispersan. Por lo tanto, no tenemos sedimentada la medida de la autorización y de la
responsabilidad de estos mensajes. Hoy día la publicación de contenidos en la red se ha
convertido tanto en un problema de lenguaje, como lo planteamos tratar, cuanto de
aspiración jurídica, política y social.
Un ambiente que permite la publicación por parte de todos, se pierde en la
cuestión del privilegio del autor y de los procesos de indexación. Consideramos que la
autoría es una categoría de valor discursivo y tendría, de este modo, un rol privilegiado.
Los procesos de indexación, por su vez, rescatan el privilegio del contenido y de la
conexión anónima hacia el flujo de informaciones. El equilibrio entre estos dos puntos
de sustentación de la dinámica comunicacional se diferencian frente a la red por los
65
Marta Peirano, El pequeño libre rojo del activista en la red (Barcelona: Roca editorial, 2015).
357
Nos termos da #interdição
Bibliografia
ABC Tecnología. 15 de mayo de 2014. “Twitter permite ‘silenciar’ a los usuarios como
alternativa al ‘bloqueo’”.
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(Porto Alegre, Sulina, 2002).
David Crystal, Language and the Internet (Cambridge: Cambridge University Press,
2001).
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T.A. Queiroz, 1983).
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Giorgio Agamben, Estâncias: a palavra e o fantasma na cultura ocidental (Belo
Horizonte: UFMG, 2007), 240-250.
66
Rubén Dittus, “La opinión pública y los imaginarios sociales: hacia una redefinición de la espiral del silencio”.
Athenea Digital 7 (primavera 2005), 61-76.
358
Nos termos da #interdição
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Nos termos da #interdição
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Nos termos da #interdição
Resenha do livro:
PRADO, J. L. A. Convocações biopolíticas dos dispositivos comunicacionais. São
Paulo: EDUC/FAPESP, 2013.
O novo livro do pesquisador José Luiz Aidar Prado nos coloca cruamente diante da
problemática do chamado, direcionado aos sujeitos, a integrar discursos em circulação,
em que se acomodam também especificamente circulações discursivas com finalidade
fazer consumir. Entramos com o corpo e o psiquismo, movidos numa única pulsão que
os atravessa. Se a ação incitada é aquela de consumir, incorporar, integrar, deglutir,
devorar, ela se dirige àquele que se identifica através desse processamento. E num
movimento de recobrimento, na medida em que este sujeito atende à convocação, ele
igualmente identifica-se e consome de si. Visto então que o processo se completa em
consumir-se, incorporar-se, integrar-se, deglutir-se, devorar-se.
Observando tais processos de convocação nos discursos midiáticos, o autor faz um
brilhante trabalho utilizando como estopim especialmente pesquisa de base realizada
sobre revistas semanais, inclusive com dados que haviam sido levantados nos trabalhos
anunciados no próprio livro e intitulados A invenção do Mesmo e do Outro na mídia
semanal (PRADO, 2008) e Regimes de visibilidade em revistas (PRADO, 2011),
realizadas no âmbito do grupo Um dia, sete dias – Grupo de pesquisas em mídia
361
Nos termos da #interdição
impressa67. São abordadas, entre outras, as revistas Veja, IstoÉ, Carta Capital, Época,
além do destaque para revistas segmentadas por gênero como Men's Health, Nova,
Claudia e Marie Claire. A mídia semanal é observada como rico lastro para uma
argumentação sobre discursos circulantes. A análise se amplia e aplica à verificação de
discursos comunicacionais, envolvendo, assim, jornais, publicidades, vídeos, entre
outros exemplos que incrustam a obra.
Estão em questão os discursos comunicacionais como espaço privilegiado para que se
remonte uma arena de batalha, de disputa no poder simbólico. Ela remonta a um espaço
público na medida em que o entendimento das convocações que anunciávamos deve ser
comum e socialmente inteligível. Para além disso, chamamos de batalha o processo
argumentativo e coercitivo de que o exposto tenha efeito de engajamento.
Chegamos à perspectiva trazida desde o título do livro, que é a de uma determinação
política. As convocações midiáticas relacionam-se à apropriação dos corpos e à
presunção de sua animação e energização na disposição política. Os discursos
midiáticos trazem diretrizes para o comportamento dos corpos e o que se decide sobre
eles é estratégico, no sentido de que a política é entendida espraiadamente em todos os
níveis microfísicos de poder.
Poderia enganar-se aquele que parasse nesse primeiro nível mais superficial de leitura
do livro, pressupondo exclusivamente e prioritariamente um controle dos media sobre
os sujeitos, passivos no atendimento às convocações. No entanto, o que se revela é um
procedimento ativo de identificação que implica a doação e o envolvimento perpassado
na pulsão biológica. Por isso dizíamos, há um recorte dos corpos em doação política da
própria carne para circulação. Ainda assim, devemos ter em mente que essa é uma
descrição do próprio processo de representação, indistinta da possibilidade de ser. Ser, e
circular, só seria possível na linguagem.
A partir disso podemos dizer que o livro todo é um enorme gancho que fisga o leitor
pelo estômago fazendo acompanhar os movimentos das convocações comunicacionais.
Quisemos dizer pelo estômago para passar a sensação de que dos raciocínios descritos
não se pode ver de fora, como leitor, como sujeito. A linguagem utilizada no livro passa
da abordagem teórica aos exemplos e de volta à teoria de maneira a repetir o cerco
identitário dos sujeitos. Se o leitor não se apercebe através da recuperação feita de
teorias do discurso, da psicanálise, da antropologia, da comunicação, deve então
67
http://www4.pucsp.br/~umdiasetedias/
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Nos termos da #interdição
certamente se ver com os exemplos que retomam questões de gênero, raça, sexualidade
principalmente.
O que está privilegiado na forma com que o livro está escrito é a ação de fazer perceber
as implicações na carne do pulsar das convocações descritas. Assim é possível situar a
“fodona” de Nova, em seu imaginado infinito poder sedutor, alinhada à descrição aos
tipos de discurso apontados por J. Lacan e a recuperação de elementos das teorias
representacionais. Da mesma forma, a fantasia “na lama e na cama, longe da roubada”
com a ascensão de discursos hegemônicos. E, ainda, coaduna o a mais do gozo com um
“improved tigrão”.
O livro é bem escrito e tem uma leitura fluída, ao mesmo tempo em que apresenta níveis
de profundidade que podem ser acessados na medida em que o leitor conhece a
remetência a densas teorias citadas literalmente ou não. Conceitos complexos são
incorporados no texto de maneira direta, indicam saídas e apontam caminhos para os
leitores que não os percorreram antes. Pode ser assim uma obra densa e ao mesmo
tempo reta. Assim também podemos considerar que seja uma obra rica e original
especialmente no quesito da costura proposta entre autores.
O autor não se retrai em trabalhar com os conceitos e se apropria deles de maneira rica,
ao mesmo tempo complexa e direta, sofisticada e escancarada, pontuando o que pode
especificamente recuperar. "Se alguma ênfase deve ser dada à Semiótica não é de sua
pretensão de ser a ciência das ciências e das artes, mas a de uma disciplina que estude os
novos regimes textuais de visibilidade e de interação que regem as sociedades atuais"
(PRADO, 2013, p.103)
No livro encontra-se favorecida a relação entre conceitos que tentaram organizar na área
dos estudos de linguagem e da psicanálise a representação sobre o eu e a circulação
discursiva. São acionados, assim, autores como J. Lacan, G. Deleuze, J. Derrida, P.
Charaudeau, E. Laclau e C. Mouffe, J. Rancière. Mas é na perspectiva de pensar o
funcionamento da linguagem como dispositivo de controle, informada especialmente
pela obra de M. Foucault, L. Althusser e G. Agamben, é que são marcadas as referidas
representação do eu e circulação discursiva. E o apontamento que consideramos mais
relevante é a ideia de que o dispositivo comunicacional implica um e outro numa
equação de dois termos, que os aciona a ambos imaginariamente numa amarração, num
nó. A ideia de controle é viva neste ponto, animada pelos discursos voltados a fazer agir
e emergindo das modalizações.
363
Nos termos da #interdição
A sequencia dos capítulos da obra é tão surpreendente quanto bem alinhavada. Ela se
abre colocado em questão diretamente a relação entre visibilidade e convocação. Está na
base do chamado à convocação o desejo por uma circulação visível, há um desejo por
visibilidade enquanto se é tomado por uma convocação. Surgem efeitos de quando se
atende a essas convocações e eles aparecem nos termos de imperativos como consuma,
atualize, troque. Assim, o autor pôde apresentar gradações entre convocações
hegemônicas e não hegemônicas.
No segundo capítulo, o autor aborda, tendo aberto a questão da visibilidade de
um outro não hegemônico, uma situação que chamou de um Outro invisível, um Mesmo
visível. Entende-se que o processo de invisibilidade está relacionado à politização da
vida e à marginalização de sujeito em relação ao desenho social. Reforça-se, neste
sentido, que a vida dos sujeitos está em questão como uma vinculação política, atrelada
a preceitos de organização particulares e de inserção dos corpos.
Como terceiro capítulo a obra, desenha-se o campo de batalha onde as disputas
políticas por visibilidade são travadas: os dispositivos midiáticos em sua plenitude de
articulação, estratégias de representação e enquadramento do mundo. É neste sentido
que a inserção política dos corpos mostra seu engajamento, que é de natureza
discursiva. Há também um caráter deste engajamento que não deve ser desconsiderado,
que é sua atuação como dispositivo. Isto significa entender que as convocações de que
trata o livro estão relacionadas a procedimentos discursivos e dizer de uma vez só do
político, do cotrole e do engajamento dos sujeitos no discurso, tratando-se de um
conceito caro na articulação do livro.
A partir de uma outra perspectiva implicada no olhar sobre os discursos, aquela de uma
topologia, o autor apresenta a ideia de um mapa. Anuncia, no quarto capítulo, o mapa da
mina-vidaclipe: do pequeno truque à profanação. Tendo situado anteriormente os
discursos hegemônicos em relação aos sujeitos, a condição de invisibilidade do outro,
mais o terreno de batalha dos discursos midiáticos, o autor vai tratar da possibilidade de
profanação. Trata-se de desafiar o capitalismo como religião e o valor abstrato das
produções e produtos.
Dita de uma outra forma, esse mapa proposto só é possível por conta de uma
performatividade dos media, uma modalização relacionada ao fazer através da
argumentação no discurso. O autor recorre especialmente a P. Ricoeur e J. Austin para
pensar o conceito de performance dos media conforme o processo argumentativo de
todo o dizer.
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Nos termos da #interdição
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Nos termos da #interdição
Referências
PRADO, J. L. A. A invenção do Mesmo e do Outro na mídia semanal. DVD. São Paulo:
PUC-SP (Um dia sete dias – Grupo de pesquisas em mídia impressa), 2008.
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Nos termos da #interdição
INTERDIÇÕES IMAGINÁRIAS 68
Andrea Limberto69
1. Introdução
Estás louco, meu irmão...Por nada deste mundo gostaria que os outros o vissem fazendo o que
fazes. Apalpa-te um pouco. Domina-te. Não te entregues assim à imaginação. (Molière, O
Doente Imaginário, p.41)
68
Trabalho apresentado ao Grupo de Trabalho Imagem e Imaginários Midiáticos do XXI Encontro da
Compós, na Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, de 12 a 15 de junho de 2012.
69
Doutora pela Escola de Comunicações e Artes da USP (2011) com a tese Coincidências da Censura –
figuras de linguagem e subentendidos nas peças teatrais do Arquivo Miroel Silveira, mestre pela mesma
Escola (2006) estudando a sintaxe da imagem em movimento com O traçado da luz. É integrante de
MidiATO – Grupo de Estudos de Linguagem: Práticas Midiáticas e do Núcleo de Pesquisa em
Comunicação e Censura da USP (NPCC/ECA-USP). e-mail: andrealimberto@gmail.com.
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Nos termos da #interdição
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Nos termos da #interdição
2. Formações imaginárias
Podemos dizer que os estudos sobre o imaginário já estabelecem um campo próprio
como categoria associada às pesquisas na área da cultura, das ciências sociais, mas também
dos estudos da linguagem, da comunicação e das artes. Tem sido uma palavra constantemente
utilizada para referir-se a uma marca, uma característica de um grupo ou de um tipo de
produção. Existe uma certa vaguidão em sua conceituação, próprio da indeterminação do que
ele seja. É uma palavra que pode ser tomada tanto pelo senso comum, como conceitualmente.
Mas a abertura a que nos referimos se dá mais no campo conceitual, sua noção um tanto
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Nos termos da #interdição
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Nos termos da #interdição
Nesse sentido identificamos duas linhas principais que acabam por determinar
terrenos teóricos férteis para definir imaginário, aquela instaurada por Durand e Bachelard e
aquela lacaniana. Entendemos que ambas reconhecem a concretude das formações
imaginárias na produção cultural humana, sendo que a última reforça essa perspectiva
amarrando-a a uma tríade constitutiva (real-simbólico-imaginário).
Especificamente para pensar a dinâmica comunicacional nos parece rico pensar o
imaginário na fundação da possibilidade de troca. De alguma forma, podemos dizer que ele é
sempre coletivo, na medida em que diz respeito ao social. A ideia de imaginário só concebe o
que é coletivo, na maneira de dialogar com o conhecimento que depende do reconhecimento
daquele mesmo conteúdo pelo outro.
Além de o considerarmos coletivo – e por isso mesmo – imputamos-lhe a condição de
construção, sustentação do laço social e objetivação do mesmo, ainda que possa ser sempre
em suspensão. Entendemos imaginário na perspectiva que os estudos de discurso nos
oferecem, pensado como uma esfera essencial da construção de mundo e das trocas
comunicacionais. Reforçamos a ideia de que o imaginário é a via de intelecção dos conteúdos
enquadrados em sua lógica. Conteúdos que, de outra forma, estariam dispersos e exclusos da
possibilidade de reconhecimento.
Também a noção de imaginário ganha sua especificidade na Análise de
Discurso. Acabamos de dizer que não existe relação direta entre a
linguagem e o mundo. A relação não é direta mas funciona como se fosse,
por causa do imaginário (...) Dito de outra forma, se se tira a história, a
palavra vira imagem pura. Essa relação com a história mostra a eficácia do
imaginário, capaz de determinar transformações nas relações sociais e de
constituir práticas. Mas, em seu funcionamento ideológico, as palavras se
apresentam com sua transparência que poderíamos atravessar para atingir
seus "conteúdos" (ORLANDI, 1994, p.57)
Pensamos a aceitação do imaginário como dado de realidade, operante, ou seja, como
parte atuante nas práticas comunicacionais. Tratar da seara do imaginário sem exatamente
associá-lo a um empenho metodológico (tratar, por exemplo, do imaginário de um grupo
específico) coloca-nos num campo teoricamente instável. O termo é largamente utilizado, no
entanto pouco conceitualmente contrastado. Com linhas vinculadas ao pensamento
psicanalítico podemos entender o imaginário mais como uma esfera que se complementa
numa tríade com o simbólico e o Real. Nesse sentido, o imaginário ganha uma dimensão mais
estendida de presença em todo e qualquer tipo de enunciado, estando imbricado em sua
própria constituição. E também passando da esfera coletiva à individual com uma nuance
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Nos termos da #interdição
específica, a coletiva apresentada nos próprios enunciados e a individual nos termos de uma
fantasia.
Defendemos que na troca das porções imaginárias está a própria possibilidade de
comunicar. E todo o trabalho de dialogar está em negociar os imaginários em jogo entre os
interlocutores. Não vamos dizer que o imaginário que se acertam é o de um ou de outro
interlocutor particularmente, pois entendemos que não estejam presos à constituição
individual. Os imaginários que se acertam são aqueles responsáveis pelo desenho das
possibilidades lógicas da existência das fantasias. Ou seja, podemos estender o pensamento
dizendo que se trata de compilar quais as matrizes dos sonhos.
E como dissemos, fantasias inclusive são originadas num processo de corte e de
interdição. O que propomos, então, pensando ser um ponto mais além é a relação do trabalho
do imaginário com aquele da interdição, da repressão e, finalmente, da censura.
Entendemos ainda que o imaginário esteja associado à memória ou à identidade de
algo. O que pensamos aqui é sua constituição presente e mutante, no qual ele é trabalhado no
momento da palavra em ato, da constituição do enunciado e atualiza a história da identidade
que o permite reconhecer nesse ponto exato da história, atualizado e ao mesmo tempo
reconhecível na interação.
Outra concepção é a de pensarmos o imaginário na associação da recorrência de um
referente ou um significante, como, por exemplo, pensar o imaginário feminino. No entanto,
observaremos preferencialmente aqui as cominações híbridas que a concepção de imaginário
permite, aquela do escrutínio das imagens possíveis de serem formadas e o enquadramento
em que são compreendidas.
O imaginário como o estamos tomando é um operador lógico na construção dos
enunciados e também garante a coesão discursiva. Dessa forma defendemos que ele possa ir
da palavra ao nível de interpretação de texto fazendo a costura de um sentido. Ele se
manifesta ainda que haja a tentativa de ser objetivado.
Devemos considerar ainda a identificação do imaginário com um âmbito dito não
racional. E será necessário religar essas duas concepções, do que seja o racional e o irracional
para entender a ação de concreta de interdição. Assim, não trabalhamos com o imaginário
sendo uniforme, unívoco num texto. Um texto rico em sentidos pode apontar para diversas
imagens que se fazem ecoar através de suas palavras. É nesse sentido que entendemos que a
interdição age sobre tais sentidos, tentando corrigir aqueles indesejáveis, socialmente
censuráveis.
Tratando especificamente agora do âmbito do que seja a interdição, a entendemos
numa perspectiva discursiva em que ela se faz indispensável para a estruturação dos
372
Nos termos da #interdição
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Nos termos da #interdição
Localização: DDP3585
Autor: Molière
Título: O Doente Imaginário - Molière; tradução de João Ernesto Coelho Neto
Gênero(s): Comédia
Atos / Quadros: 3
Dados sobre o Processo
Interpretes: Grupo Teatral Politécnico
Henrique Bertelli
Pequeno Teatro Popular
Associação Brasileira A Hebraica de São Paulo
Censura: Livre
Notas: Esta peça participou, por meio da Cia Pequeno Teatro Popular, do II Festival
Profissional de Santos, no período de 14 a 30 de julho de 1961; ver DDP5438,
sob o ID5993
Data Cert. Censura: 10/09/1953
16/09/1960
11/08/1961
18/03/1965
Notas da Censura: Livre
Em O Doente Imaginário, Argan, um pai que se julga muito doente, pretende casar sua
filha Angélica com um médico para que tenha os cuidados necessários sempre e sem tantos
custos. Ele é casado pela segunda vez com Beline, que tem interesse em seu dinheiro e o
aconselha a enviar a filha a um convento. Angélica está apaixonada por Cleanto, com quem
quer casar-se por vontade e tenta convencer seu pai disso. Toinette, a empregada da casa, que
se envolve em toda a trama, e Beraldo, irmão de Argan, armam para ajudar a moça casadoira e
mostrar a realidade das relações para o pretenso doente.
Neste primeiro caso, a indicação da censura para a peça foi livre, sem restrição de
idade e sem cortes de palavras, nos vários certificados de censura liberados. Vale dizer que a
cada montagem da peça era necessário novo processo censório.
A peça é uma das comédias mais famosas do autor, tendo adaptações em diversas
línguas pelo mundo, inclusive me português na tradução de Maria José de Carvalho e, em
outros anos, de João Ernesto Coelho Neto, que foi censor em processos de censura teatral
entre 1958 e 1968. Podemos dizer que esta peça tinha um aval institucional para ser traduzida,
endosso por pertencer ao cânone teatral. O resultado de sua interdição é esperado que seja
livre em todos os anos em que houve requisição.
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Nos termos da #interdição
O que está em discussão nesse trecho, um tema recorrente em toda a trama da peça
selecionada, é a dependência de Argan em relação às indicações médicas. A personagem se
atém aos procedimentos e rotinas prescritos de uma maneira que o autor faz parecer mágica,
quase miraculosa para cuidar-se e continuar vivo. É na estruturação dessa personagem de
maneira caricata, em se tratando de uma comédia, que vemos o exagero da aderência a um
imaginário. Essa mesma colagem à crença é responsável por manter vivo aquele que a ela
cumpre seus préstimos.
70
Os trechos transcritos respeitam a grafia original.
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Nos termos da #interdição
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Nos termos da #interdição
Tratando nos termos da interdição, podemos dizer que o acesso de Argan a um dos
elementos que compunham o imaginário de seus cuidados médicos é interditado. Ele não se
trata mais com seu antigo médico. Mas a cena imaginária está, de alguma forma, tão bem
armada que a substituição da figura do médico pela empregada não o impede de ver o que
realmente importa para si: que seus cuidados continuam e então ele pode se apaziguar.
Entendemos o imaginário, dessa forma, no limiar entre a possibilidade de ver e a
cegueira, entre a opacidade e a transparência – como poderíamos retomar nos estudos sobre
o cinema desenvolvidos por Ismail Xavier. Ainda que se tratasse de analisar um produto
audiovisual, essa dualidade permaneceria. E devemos lembrar sempre que, em relação ao
teatro, trata-se também de uma arte do dar a ver. Em que as situações encenadas pretendem
mostrar um dado concreto. Assim que na execução da peça teatral Argan vê sua empregada-
médico, fica intrigado com essa figura que lhe é familiar mas não acredita em seus olhos, mas
sim num olho talvez mais lúcido que enxerga e vê o imaginário.
Localização: DDP2994
Autor: Molière pseud
Título: O traído imaginário - Molière; tradução de Moysés Leiner
Gênero(s) do Espetáculo: Teatro amador
Gênero(s): Comédia
Personagem(s): 8
Atos / Quadros: 1
Dados sobre o Processo
Documentos: O processo contém: 1 autorização diária da SBAT, de 14 de junho de 1950; 1
requerimento de Moysés Leiner, diretor da seção de teatro do Grêmio
Politécnico, de 30 de junho de 1950; 1 certificado de censura ao
requerimento acima, de 6 de junho de 1950; 1 cópia carbono da peça
Interpretes: Grêmio Politécnico da Escola Normal Caetano de Campos
Censura: Peça liberada, observado os cortes das folhas números 5 e 9
Órgão de Censura: Secretaria de Estado dos Negócios da Segurança Pública Departamento de
Investigações Divisão de Diversões Públicas
Data Cert. Censura: 06/07/1950
Notas da Censura: Peça liberada, observado os cortes das folhas números 5 e 9
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Nos termos da #interdição
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Nos termos da #interdição
implicitar que se trata do desejo sexual e não de uma declaração de amor. O acréscimo de um
amante funcionaria para o sexo, além daquele relacionamento sexual com o marido.
Tratando do âmbito do imaginário, então, observamos que há uma certa dicotomia
instaurada que apresenta o imaginário sobre o amor e sobre o sexo. Outro imaginário se cruza
para adensar o trecho em questão, aquele das possibilidades da mulher e das diferentes
possibilidades do homem. A mulher pode assumir a imagem de insatisfeita, enquanto o
homem a de provedor de amor. Em outro momento, na mesma peça, a mulher ama e o
homem imagina que ela se casa por interesse.
Podemos dizer que nesta peça de Molière o entendimento do imaginário sobre o que
homens e mulheres procuram movimenta a ação e é fruto dos encontros e desencontros. Mais
uma vez, a figura da empregada, que nesse caso não é nomeada, mas identificada apenas
como “A Creada de Célia” tem um papel fundamental para a interdição de um circuito familiar
e de descompassos entre imagens. Ela trabalha na trama, com conhecimento e escuta das
falas das personagens todas, para identificar os possíveis acertos e casar imaginários.
Gostaríamos de apontar, com este trecho, muitas vezes a falta de univocidade que
também é característica das formações imaginárias. A cada enunciado a adesão se dá a uma
argumentação baseada num complexo de imaginários possíveis e reconhecíveis. De modo que
as imagens da mulher e seus desejos presentes na peça são acertos que o público deve
identificar, compactuando ou não. Nesse sentido é que se encontra a abertura do censor para
rasurar exatamente o ponto em que o apetite feminino não está de acordo com o imaginário
desejável para as damas de sociedade das décadas de 50 e 60 no Brasil, quando a peça foi
encenada. Muito embora a ideia de que haja traição e relacionamentos extra-conjugais esteja
dada no fundamento e em toda a trama da mesma peça.
Cena XII
Sganarello e um parenta da mulher
O parente – Sob este ponto de vista eu aprovo o procedimento de um
marido. Mas também acho que foi um pouco precipitado. Em tudo que vos
ouvi dizer ontem contra ela, não encontrei nada que prove que ela é uma
criminosa. Este é um caso delicado e uma vergonha assim, não se deve
imputar sem se estar bem certo do que diz.
71
Sganarello – De modo que é preciso tocar com o dedo na coisa? (O traído
imaginário, p. 9)
Neste segundo trecho que separamos temos uma pista para dizer de que imaginário o
censor está tentando livrar as damas, é aquele que indica o contato com o corpo. Poderíamos
71
As frases em negrito e itálico indicam o trecho vetado
379
Nos termos da #interdição
aqui, então, tratar de um corpo de que todos reconhecem a existência, tomado como dado
concreto, mas sobre o qual infalivelmente recai uma interdição imaginária. A explicitação de
tal uso interdito do corpo coloca-se no limiar da obscenidade.
A frase censurada que se nos apresenta tem duplo sentido, poderia ser entendida
simplesmente como “é preciso ver para crer”. No entanto, seguindo as pistas indicativas de
uma alusão ao desejo sexual feminino, podemos entender que se trata de um ímpeto em
atestar no corpo o imaginário. E notemos, ainda que a doença de Argan, na peça anterior,
trata-se também de uma relação com o corpo que é (re)velada pelo imaginário. Da mesma
forma aqui, a confirmação da traição se dá onde no corpo? Onde se resolve esse imaginário?
Ou dizendo de outra forma, onde ele se interdita para que não vá ad infinitum produzindo
seus restos? É “na coisa”.
Podemos dizer, de maneira genérica, que ambas as peças tratam da condição do
imaginário como algo próximo ao falso, algo que não se tem, mas se imagina ter. Temos duas
entradas, dessa forma, para trabalhar as peças com relação à questão do imaginário. Por um
lado ela nos traz uma concepção que abriria para discurtir sobre a validade do mesmo, da
aferição da verdade ou da falsidade do que se diz. E essa idéia modula o enredo das duas
comédias em questão.
Um segundo aspecto, que nos interessa mais de perto, é a questão das peças terem
passado pela censura e voltarem com resultado desse julgamento. O Doente imaginário teve
classificação livre, enquanto O traído imaginário teve trechos cortados. As comédias
tradicionalmente lidam com uma linguagem mais popularesca e que incitaria mais ao veto,
especialmente moral.
O tema da mulher que tem um apetite sexual julgado maior do que o normal na fala da
personagem não se enquadra bem com o imaginário pretendido para ela pelo censor. Ele
assim tentar reter a implicitação de comportamento sexual considerado indesejável. É vetado
também a referência um pouco mais explícita ao contato entre corpos, mas ao mesmo tempo
velada no uso do termo genérico “coisa”.
Temos assim uma segunda forma de pensar como essas peças teatrais acessam a
questão do imaginário, que é estabelecer a cada diálogo a continuidade de uma imagem
responsável pela coesão e coerência do texto teatral. A interdição está presente, dessa forma,
como olhar sobre o que o imaginário incita.
As duas peças observadas são comédias e isso normalmente caracteriza uma trama
com desencontros, mal-entendidos, trocas. Esse ambiente de pretensa confusão faz casar a
mensagem certeira do autor sobre o que se imagina, que o que movimenta a trama é
realmente o falsa imaginação, mas o concreto imaginário.
380
Nos termos da #interdição
4. Conclusões
“(...) não é tanto brincar, é mais acomodar-se as suas fantasias. Tudo isto é entre nós. Podemos
assim, cada um representar um personagem e nos divertirmos uns aos outros. Estamos na
época do Carnaval e agora tudo é permitido. Vamos preparar tudo depressa.” (O Doente
Imaginário, Moliére, cena XXII)
381
Nos termos da #interdição
Em determinados momentos há rupturas nas imagens bem criadas que nos movem e
através delas não vislumbramos a constituição do que são feitas, mas uma rearticulação
positivada, luminosa e agregadora. A capacidade sintética do imaginário disputa com o corte
que a interdição procede. O interdito do censor tenta barrar alguns trechos e palavras, com
isso iluminando os ecos de alguns imaginários reconhecidos. Não é da força dessa interdição
que tratamos. Da maneira como defendemos o imaginário se ramifica e aparece pulverizado
nos textos, nas falas, nos enunciados em geral.
A interdição de que queremos tratar é aquela que mostra e faz frente ao imaginário
como sua derrocada esperada mesmo a partir de sua vitória e estabelecimento. Ambos
imaginário e interdito dizem da situação das relações de poder. Assim retomamos nossas
peças exemplares para dizer que textos extemporâneos podem encarnar imaginários
diferentes e a interdição pode reaparecer em concomitância com outros limites e contornos.
Referências
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Nos termos da #interdição
ORLANDI, Eni Puccinelli. Discurso, imaginário social e conhecimento. Em Aberto, Brasília, ano 14, n. 61,
jan./mar.1994.
SAMI-ALI. Pensar o somático: imaginário e patologia. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1995.
383
Nos termos da #interdição
RESUMO
A presente proposta de pós-doutoramento, realizada junto à Escola de
Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), é desenvolvida sob o
eixo temático de pesquisa Liberdade de Expressão: Manifestações no Jornalismo,
responsabilidade da Profª Drª Mayra Rodrigues Gomes, vinculando-se ao projeto temático
apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) Comunicação
e Censura – análise teórica e documental de processos censórios a partir do Arquivo Miroel
Silveira da Biblioteca da ECA/USP, coordenado pela Profª Drª Maria Cristina Castilho Costa.
Propomos a análise da circulação de palavras consideradas tabuísmos
linguísticos tomando como base sua presença em publicações (posts) nas redes sociais
que adotam o sistema de marcação indexical através da eleição de palavras-chave no
sistema de hashtag. O recorte dos termos a serem observados tem como objetivo
repercutir os ecos daqueles que foram censurados nas peças teatrais submetidas, entre as
décadas de 30 e 60, ao Departamento de Diversões Públicas do Estado de São Paulo, às
quais temos acesso através do material armazenado no acervo de peças teatrais do
Arquivo Miroel Silveira (AMS).
O trabalho toma como base o levantamento já realizado dos trechos com
restrição textual constantes nas peças parcialmente liberadas do referido Arquivo,
produto da pesquisa de doutorado Coincidências da Censura – Figuras de linguagem e
subentendidos nas obras teatrais do AMS voltada para a busca de implícitos e figuras de
linguagem apresentada à Escola de Comunicações e Artes da USP.
Assim, observamos, num primeiro nível, a recorrência dos termos de outrora nas
redes sociais hoje e, num segundo nível, a manutenção ou deslocamento dos sentidos
que eles enredam/enredavam. Entendemo-los dentro de uma perspectiva discursiva,
realizando uma análise que se suporta também sobre uma perspectiva etimológica,
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ABSTRACT
The present postdoctoral proposal is to be developed at the School of
Communication and Arts of the University of São Paulo (ECA-USP). It is specifically
related to the research stream Freedom of Expression: Manifestations in Journalism,
responsibility of Prof. Dr. Mayra Rodrigues Gomes and also part of the major FAPESP
Thematic Research Project, Communication and Censorship - theoretical and
documental analysis of censorship processes present in the Miroel Silveira Files of the
library of the School of Communication and Arts of the University of São Paulo, under
coordination of Prof. Dr. Maria Cristina Castilho Costa.
We shall perform an analysis of the circulation of words that are considered
linguistic taboos pursuing their presence in current social media postings which support
the use of hashtags as a keyword indexical parameter. Our intent is to echo the terms
censored on the playwrights submitted to the Public Entertainment Division of the State
of São Paulo (Departamento de Diversões Públicas) between 1930 and 1960, to which
we have access trough the Miroel Silveira Files.
Our research will be nurtured from the data collection of censored text excerpts
present in the partially released playwrights of such Archive, which was one the results
of the doctoral research presented to the School of Communication and Arts of USP,
Coincidences of Censorship - Figures of speech and implications in the AMS
playwrights, then focused on the search for implications and figures of speech. We will
primarily observe the recurring words from yesterday in the social media today.
Afterwards, as second step of the research we are to observe the permanence or shift in
the meaning such terms carry(ied).
We understand them within a discourse driven theoretical perspective,
performing an analysis that is at one time etymologic, linguistic, historic and social. As
we study the censored words of yesterday and check for the legitimacy of their
circulation today, we intend to draw the limits of their condition as taboo, given the
formal articulation in which they are presented.
So, as our theoretical breaking point we assume words as a complex notion, in
its formal relationship with others in a signifier network, representing the result of a
power battle in the relationship with the identity of what it defines (M. Foucault) and
the possibility of being connected amongst each other (definition of hypertext in P.
Lévy). Such theoretical articulation is to help us develop a study on the formal level of
the word, then articulate the notion of archive and of network according to the following
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REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS
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WERNECK, Maria Helena BRILHANTE, Maria Joao (org.). Texto e imagem – estudos de
teatro. Sao Paulo: 7 letras, 2009.
391
Nos termos da #interdição
Panel proposal
Panel short description: We are faced with a new social reality in which the controlling
bodies that characterized the practices of power during the twentieth century and
especially during the Cold War have been extinguished and replaced by new
mechanisms of information control. Such transformation in the processes of performing
acts of censorship is the focus of the researches by the Observatory for Communication,
Freedom of Expression and Censorship of the University of São Paulo, Brazil
(OBCOM-USP). However, we are able to identify one element that remains active and
is still important for both artistic production and State action: the role of public opinion
as a form of intervention in interdiction processes.
Abstract: The movie Neighboring sounds (Brazil, 2012), by director Kleber Mendonça
Filho, has accomplished great success in its country of origin and abroad. It blends well
the drama and the suspense while narrating the story of an informal surveillance team
working in a fancy neighborhood of a big Brazilian city. As time goes by, such
surveillance team gets acquainted with the people in the neighborhood and becomes part
of everybody’s daily life. Each person, nevertheless, is due to balance his or her
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Nos termos da #interdição
individual goals with that new form of surveillance, investigation, control and power,
which is informal and private. By the end of the movie we are to realize that no form of
surveillance is harmless or simply professional. Neighboring sounds is a metaphor for
the way we can understand censorship today – globalized and hybrid – but also a very
efficient form of control, in which negotiations and interests are concealed. To unveil
such processes is the ultimate goal of the Observatory for Communication, Freedom of
Expression and Censorship.
There is a growing interest in the subject freedom of expression and censorship.
During the 2000s few were those who wanted to debate censorship – understood as
agonizing in the called democratic countries – today, the matter of recognizing the
means of control and prohibition over freedom of expression are the order of the day.
Communicators, journalists, social scientists, philosophers, amongst others, huddled
over interdiction processes to analyze their motivations, characteristics, strategies and
justifications. The ethical, political and philosophical question around freedom of
expression have become increasingly a subject on the agenda.
Another evident shift in this discussion is related to the role of the State.
Previous protagonist in the processes of banning the freedom of expression, the State
has become an adjunct of this discussion that involves now public institutions (such as
the Judiciary) and private institutions, individuals, ethical and political decisions.
Moreover, the media are enormously involved, whether as defenders or as peculiar form
of monopoly of large agencies and corporations that, because of this, make it difficult
the full development of rights to free expression.
Bibliographical references
COSTA, Cristina. Censura em cena. São Paulo: EDUSP/Imprensa Oficial/FAPESP,
2006.
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Modernidade. Porto (Portugal) – Edições Afrontamento,2002.
FOUCAULT, Michel – As palavras e as coisas – São Paulo: Martins Fontes, 2007.
393
Nos termos da #interdição
Paper 2 – Why do dictatorial regimes have censorship and how its procedures
survive democratic revolutions?
Presenter: Prof. Dr. Ana Cabrera, professor at the Faculty of Human and Social
Sciences of the New University of Lisbon (UNL), member of the Research Centre for
Media and Journalism (CIMJ) working over censorship and procedures for information
control against the theatre and the cinema, before, during and after the Portuguese New
State. anamcabrera@hotmail.com.
Abstract: The increasing interest on the study of censorship during the last decades
deserves a two sided justification. On one hand, there is the collapse of dictatorship
regimes in Spain, Portugal and Greece in the mid 70’s, followed by the breakdown of
the soviet bloc and the downfall of the Apartheid regime in South Africa in the
beginning of the 90’s. That has unleashed the opening of documents and information
once hidden, under censorship, and strongly encouraging new initiatives of
investigation. On the other hand, a new approach to the study of censorship, greatly
inspired on the works of Michel Foucault and of Pierre Bourdieu, has given rise to
important conceptual shifts, changing our previous notions on the subject.
Nevertheless, the fact that censorship, as a recognized field of study, has become
more popular amongst outstanding researchers can also be explained by a more complex
perception and by the development of current debates in democratic societies related to
political correctness, hate speeches, pornography, feminisms, the Cannon and also
freedom of expression and new ways to frame it: Allan and Burridge (2006), Cornell
(2000), Braun (2004) and Assmann (1987) are only some of the works we can refer to
in such regards.
Our intention is to present a perspective on what was Salazar and Caetano
censorship in Portugal considering the theatre field and then analyze the circumstances
for the transition for democracy. The hypothesis we have been working on and which
we intend to take further is that a censorship regime ends with the establishment of
democracy, but the revolution does not perform overnight changes in behaviors, fears
and private habits of self restraint and self censorship. Fernand Braudel states that
mentalities and their history are related to a long term concept in which are settled the
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framework of thought and sensitivity, and thus mentality itself. So they change very
slowly and most certainly resist, silently, almost insensibly, a democratic revolution.
Presenter: Prof. Dr. Mayra Rodrigues Gomes - PhD Full Professor of the Journalism
and Publishing Department, School of Communications and Arts, University of São
Paulo, has developed researches for her Master and PhD degrees in the area of
communication with a focus in philosophy of language. She has worked, since 2005,
with censorship issues. Since 2011 the researches have been dedicated to media rating
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Nos termos da #interdição
in Brazil, mostly trying to observe its strategies, to compare its practices with old ones,
to detect underlying discourses in its arguments and decisions. mayragomes@usp.br.
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Bibliographical references
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the months, mainly due to the intensification of the debate on Iran's nuclear program,
economic retaliation from the U.S. and European countries and the threat of Israel of
invading the territory of Iran by attacking their laboratories. Moreover, the reports
coming from the Middle East deal with the restriction of the right to information and
artistic expression. However, a simple comparison between freedom of speech
supposedly found in Western countries and the interdiction practice of symbolic
production in Iran does not account for the complexity of the censorial phenomenon in
this country.
The most recurrent image of Iran in recent media is the resistance to
westernization at all costs. Little is disclosed about its ancient history, its past history of
conflicts, failed attempts to align to Western standards, much less about the cultural
movement in major urban centers.
Bibliographical references
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The present work is intended to debate within the field of language practices
nurtured by the idea of the existence of taboo over words (FOUCAULT, 1996). We
identify the restrictions over discourses in the specific ways it presents itself in social
media networks, which is mostly characterized by the possibility of free expression. We
base ourselves in the idea that it is not possible to have a media environment free from
constriction to the exercise of language.
Starting from such theoretical background and based on a discursive perspective
of culture we understand that social media network interfaces cannot escape such
relationships of ordering and conformity. Our objective here in the present work is to
draw which those procedures would be when it comes to the social media, focusing on
the seeming paradox of thinking restricted circulation of enunciations and the language
practice within a media recognized by the emblem of freedom of expression and
communication democratization.
We are not able to state that the resulting enunciation is a form devious from the
original for not admitting the precise existence of such original. Just like in a
metaphoric process, the resulting metaphor cannot be a replacement of an original term,
but is inscribed in the enunciation as a new term as a juxtaposition of two other.
The action of replacement is done, therefore, in face of a term considered to be
improper (in contrast to a proper term applied) instead of the necessity of fidelity to the
original. The birth of an enunciation depends on a process involving: a dynamic of
exposure (1) whose contents point to meanings present in the language (2) according to
a proper way (3).
In that sense we make explicit a certain perspective on the new media. There is
an expectation in relation to the mediatic spaces of publishing online, that they can be
free from the constraint over what is said, being a democratic outcome par excellence.
Nevertheless, the new media indicate a pulverization of the image of the authors and, at
once, of the interfaces for publishing. And it has been true to a certain extent that may
be felt as total as for the quantity or the type of contents published as much as it can be
regulated and socially watched.
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Nos termos da #interdição
DUCROT, O. Dizer e não dizer: princípios de semântica linguística. São Paulo: Cultrix,
1977. Trad. Carlos Vogt, Rodolfo Ilari, Rosa Attié Figueira (Orig.) Dire et ne pas dire.
Hermann, 1972.
FOUCAULT, M. A ordem do discurso. São Paulo: Loyola, 1996. 3ª Ed.
LANDOW, G. Hipertexto 3.0. La teoría crítica y los nuevos medios en una época de
globalización. Barcelona: Paidós, 2006.
LEÃO, L. O labirinto da hipermídia: arquitetura e navegação no ciberespaço. São
Paulo: Iluminuras, 1999.
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Artigo completo
Representações da invisibilidade e a indiferença visível em discursos
audiovisuais
72
Doutora em Ciências da Comunicação pela ECA-USP. Professora no Departamento de Jornalismo e Editoração e no
Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais dessa mesma Escola, realizou pesquisa de pós -
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rolima@usp.br
Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo/Brasil
Andrea Limberto73
andrealimberto@gmail.com
Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo/Brasil (bolsista
Fapesp)
doutorado (2013-14) no King’s College Brazil Institute (Londres/Inglaterra). É pesquisadora do MidiAto – Grupo de
Estudos de Linguagem: Práticas Midiáticas e autora de Margens da comunicação: discurso e mídias (São Paulo,
Annablume, 2009), além de diversos artigos publicados em livros e revistas acadêmicas.
73
Doutora em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (2011),
onde atualmente é pós-doutoranda (bolsista Fapesp) estudando processos de interdição discursiva nos mídia. Mestre
pela mesma Escola (2006) com a dissertação O traçado da luz: um estudo da sintaxe em reportagens televisivas. É
pesquisadora do MidiAto – Grupo de Estudos de Linguagem: Práticas Midiáticas.
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Galpão, ensaiando em um teatro vazio a peça “As três irmãs”, de Tchekhov, jamais
apresentada ao público.
Finalmente, As canções desenvolve uma premissa aparentemente simples:
cada um dos entrevistados deve contar (e cantar) a história de uma música que tenha
marcado sua vida. Mais uma vez o cenário é um teatro, mas o ponto de fuga situa-se
nos fundos do palco, entre cortinas, lugar por onde entram e saem os personagens.
Ao contrário de dicotomizar suas narrativas, tais documentários se movimentam nas
imbricações entre referencialidade/ficcionalidade, realidade/fantasia, fato/relato. A
exemplo dos filmes anteriores, essas imagens nos alertam, reiteradamente, para a
precariedade na apreensão ou representação fidedigna da realidade, ressaltando a
impossibilidade de objetivação dos relatos e a pregnância do processo tradutório que
se impõe a qualquer discurso sempre que os artifícios da narrativa são acionados.
Respondendo de modo contundente à tentativa de domesticação percebida em tantos
relatos que se pretendem referenciais, tais filmes reafirmam seu pacto ficcional com os
espectadores, como se dissessem, paradoxalmente, isto é apenas um filme.
Ver o outro
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Invisibilidades visíveis
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Referências
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Bakhtin, Mikhail (1987). A cultura popular na Idade Média e no
Renascimento. São Paulo: Hucitec.
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Andrea LIMBERTO76
Universidade de São Paulo, São Paulo, SP
RESUMO
Pretendemos realizar uma análise da circulação dos temas sobre os quais primordialmente se
estrutura o sistema oficial de classificação indicativa, especialmente a referência a sexo e
violência, e contrastar com a circulação dos mesmos nas redes sociais. Trabalhamos o caso
específico da indicação #proibidoparamenores no site de interação social Twitter, usada para
marcar publicações polêmicas no sentido discursivo. Observaremos os termos que fazem eco
ao que tem sido indicado para maiores de idade nas produções que tradicionalmente recebem
a indicação de classificação. Numa perspectiva discursiva, observaremos como esses temas são
tratados na rede em sua estruturação formal rizomática e associada a um perfil de usuário.
Com isso pretendemos chegar a polarizar a questão da possibilidade de indicação ou
interdição de conteúdos nas redes sociais por dois vieses: por um lado, a prerrogativa da
visibilidade dos conteúdos nos novos meios e sua tentativa de fazer ver o que em outras
instâncias há impedimento e, ao mesmo tempo, a presença reiterada e compartilhada de
polêmica e debate público sobre os temas indicados para maiores.
O presente artigo pretende abordar o tema da publicação de conteúdos nas redes sociais –
concentrando-se no caso específico do site Twitter (https://twitter.com) – que supostamente
não seriam indicados como livres pelas atuais diretrizes da classificação indicativa do
Ministério da Justiça nacional, notadamente conteúdos relacionados a sexo e/ou violência.
75
Trabalho apresentado no GP Comunicação, Mídias e Liberdade de Expressão, XIII Encontro dos Grupos de
Pesquisas em Comunicação, evento componente do XXXVI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação.
76
Pós-doutoranda na Escola de Comunicações e Artes da USP trabalhando junto ao Observatório de Comunicação,
Liberdade de Expressão e Censura com bolsa Fapesp no projeto Nos termos da #interdição: uma rede significante de
palavras proibidas. E-mail: andrealeite@usp.br
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Nos termos da #interdição
Tomamos como base para nos informarmos sobre as diretrizes gerais para a classificação
indicativa o site oficial do Ministério da Justiça, disponível em
<http://portal.mj.gov.br/classificacao>). Num primeiro nível de observação, as redes sociais, e
a internet em geral, têm mecanismos de controle baseados na restrição dos conteúdos após
sua publicação ou baseados na utilização de programas que bloqueiam o acesso a conteúdos
por parte de determinados perfis de usuários. Não há organizado, assim, para ela, um sistema
que classifique seus conteúdos previamente à difusão dos mesmos.
No presente artigo não entraremos no mérito da defesa ou recusa da publicação dos
conteúdos, mas pretendemos assumir uma perspectiva que estude a forma de apresentação e
circulação de conteúdos polêmicos e proibitivos na rede. Para apontarmos precisamente quais
seriam tais conteúdos, assumimos as publicações em que os próprios usuários indexaram a
menção à proibição. Dessa forma, igualmente não julgamos se os conteúdos deveriam ser
indicados ou proibidos, mas nos concentramos na forma com que eles são marcados pela
polêmica e pela proibição. E, ainda, do mesmo modo não tomamos a proibição indicada pelo
usuário como definidora do conteúdo marcado, mas analisamos a confluência para o sentido
como um acontecimento linguístico a partir do momento da indexação.
A questão formal aponta, assim, para uma necessidade de estudo sobre a dinâmica do
meio indicando especialmente os processos de publicação (1), associação (linkagem) (2) e
replicação (3). Propomos essa tríade como forma de ordenar o processo de produção e
circulação textual nas redes sociais. Damos destaque para o estabelecimento de links como
possibilidade de associar referências na internet e de erigir o hipertexto. “Estes nós estão
materializados nos textos como links, o elemento essencial do hipertexto e fundamental na
constituição de uma linguagem digital” (MIELNICZUK & DALMASO, 2012: p.239).
A estrutura em níveis possibilitada pelo processo de associação depende inversamente
de um movimento de indexação, feito em sites através de menus de navegação e, em alguns
sites de interação social, através do uso de hashtag (# cerquilha). Em relação aos conteúdos
indexados por usuários como proibitivos selecionamos aquela que intertextualmente guarda
referência ao processo de classificação indicativa, “proibido para menores”. Embora leia-se na
frase indicativa utilizada pelo Ministério de Justiça “não recomendado para” e que esta não
tenha valor de uma proibição legal, o peso de um interdito vem a tona nas redes sociais.
O tabu sobre determinado enunciado, como recuperaremos adiante com M. Foucault,
não está inscrito exclusivamente nos termos usados para descrevê-lo, por exemplo, dizer dele
que é “proibido” ou “recomendado”, mas situa-se numa esfera discursiva do proibitivo. E ela
faz reverberar a polêmica nas palavras ou cenas classificadas.
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Nos termos da #interdição
Assim, a frase canonizada tem sido usada por usuários para indicar conteúdo que
imaginam marcado dessa forma. Entendemos que esse seja um movimento que implica um
duplo sentido, já que identifica o tipo de conteúdo como proibitivo de alguma forma e ao
mesmo tempo o publica redundando sua relevância com o ato mesmo da proibição. Nas redes
sociais a inscrição da proibição visa informar o leitor e atrai-lo para a leitura mais do que
informá-lo e protegê-lo. Cabe apontar, ainda, que o leitor imaginado nos dois casos é o adulto
responsável e cioso por direito em contraste com a criança em formação e não ciente.
É através desse mecanismo perverso, já que desvia ao mesmo tempo repõe o
conteúdo polêmico, que procuraremos identificar quais sentidos estão sendo articulados a
partir da dinâmica de leitura na rede. Poderemos identificar assim, genericamente, se os
mesmos tipos de conteúdo, segundo as rubricas utilizadas para a classificação indicativa de
produções audiovisuais, aparecem e são marcados na rede de acordo com essa forma de
indexação de conteúdos.
Pretendemos, com isso, observar a circulação de conteúdos que provavelmente seriam
mote para a classificação e debater sua apropriação pelos novos meios. Em relação à internet,
tal verificação poderia ser apontada como inócua, já que não há uma estrutura prévia que
categorize para o usuário o tipo de conteúdo com o qual ele terá contato. Esse debate passa
pela conceituação da mídia internet e a definição de seu público.
No primeiro caso, pretendemos tratar do fato de que a classificação indicativa não é
possível nos mesmos moldes pois o tempo de experiência da mídia audiovisual é diferente
daquele da internet. Enquanto num existe um suspense para a vinda das cenas, que são
sempre subsequentes uma à outra e até o momento da aparição em tela são opacas à visão,
na internet estamos tratando de um pacto de leitura, em que de alguma forma tudo está dado
de uma só vez a partir do momento do acesso.
Uma das principais diretrizes da classificação indicativa é uma preocupação com a
infância. Na rede, o público infantil poderia, na prática, ser bloqueado sempre no momento do
acesso. Mas uma vez passada essa barreira, a acessibilidade aos conteúdos estaria aberta,
tendo em vista o que articulamos sobre a dinâmica do meio.
Nosso objetivo aqui não é buscar maneiras de categorizar conteúdos na rede, mas de
outro modo, fazer ver a exposição de conteúdos que provocariam uma vontade de indicação e
sua circulação nas redes sociais. A marcação dá a ideia do que é ou deveria ser barrado,
interdito de alguma forma. Entendemos, para defender essa hipótese, que as redes sociais têm
se estabelecido como um lugar de fala descomprometida com o crivo de certos tabus sobre a
palavra.
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Destacamos nessa cartografia o caráter de atualidade lógica dos termos, sendo que a
comunicação é realizada ao mesmo tempo segundo uma repetição histórica e uma
presentificação que empenha o termo dito. Nesse sentido, é palpável uma virtualidade do
sentido atualizado já que ele pertence ao momento da ativação da ação da leitura.
(...) reconstituir, a partir do que dizem estes documentos - às vezes com meias-
palavras -, o passado de onde emanam e que se dilui, agora, bem distante deles;
o documento sempre era tratado como a linguagem de uma voz agora reduzida
ao silêncio: seu rastro frágil mas, por sorte, decifrável” (FOUCAULT, 2008:
p.7).
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Nos termos da #interdição
conformadora da dinâmica social. Entretanto, dizer de um tabu sobre as palavras não implica
relacionar os termos interditados em si, já que não há acesso ao que seria sua forma original.
Deparamo-nos, então, nos discursos com uma forma de termos sobre os quais apostamos uma
confluência polêmica. São termos que, em primeiro lugar, nasceram para a ordem da
linguagem e, em segundo lugar, são ambíguos o suficiente para levantar polêmica sobre sua
colocação: no sentido de onde e como são ditos.
É nesse sentido que temos acesso a tabuísmos linguísticos que circulam pelas redes
sociais. Tais termos desenham caminhos de revelação e ocultamento através de camadas de
links. Defendemos, assim, que a estrutura rizomática com que se apresentam conteúdos na
web se coaduna com níveis possíveis de explicitação do dito.
Os links dão abertura ambígua em relação ao conteúdo para o qual apontam. E o fato
de que nem todo conteúdo é desejavelmente apresentado na primeira página corrobora a
construção de uma dinâmica de produção de sentido com momentos de apresentação de
conteúdos e de seu ocultamento que por sua vez redireciona para nova exposição de um
conteúdo inesperado. “(...) a leitura dos conteúdos nos meios digitais foi transformada pela
lógica dispersiva e descentralizada do hipertexto. Os nós e as conexões desenvolvidas pelo
hipertexto agregam à escrita digital processos de navegação associativos e rizomáticos”
(MIELNICZUK & DALMASO, 2012: p.239).
Pretendemos teoricamente interligar a possibilidade de interdição de conteúdos como
processo de conformação de enunciados e o que consideramos ser o crescimento exponencial
da circulação destes mesmos enunciados a partir da possibilidade de interligação nas redes e,
especialmente, de replicação nas redes sociais. Para defender tal argumento não nos impede o
processo de desvio que tais enunciados mostram durante o circuito de circulação justamente
por acreditarmos que a condição polêmica se mantém como marca formal de sua apropriação.
As redes sociais têm entre suas funções a de serem articuladoras de referência de
forma que uma publicação nunca se basta em si, mas aponta (tendo incluído um link
diretamente ou não) para imagens, vídeos e outros textos. Resulta disto que a análise é um
421
Nos termos da #interdição
desafio de percorrer caminhos digressivos até que se componha o sentido da geralmente curta
– e restrita a 140 caracteres, se estivermos tratando do Twitter - publicação inicial. Dessa
forma consideramos uma publicação em rede social como um texto intertextual, ao mesmo
tempo limitado e desdobrado, limitado em seu primeiro nível de apresentação e desdobrado
nas camadas de texto que referencia e que abrem outras publicações superficiais neste
sentido.
Pretendemos que a temporalidade da rede não permite a indicação da classificação
etária antes do momento do acesso ao conteúdo. Ao menos as páginas de entrada e a
postagens de primeiro nível nas redes sociais chegam ao leitor sem aviso, sendo que não há
uma tela específica que possa obscurecer para aqueles que não desejam ter acesso. É verdade
que há programas que bloqueiam o acesso a determinados sites a partir da organização de
uma configuração específica.
#proibidoparamenores
Recuperamos uma relação de posts que consideramos significativos das dinâmicas que
procurarmos articular. A listagem procura ser exemplar, baseando-se no mecanismo de busca
do Google recuperando dados indexados no site de interação social Twitter. A seleção dos
posts para compor a análise feita a seguir deu-se qualitativamente.
A decisão de mapear as publicações marcadas com a hashtag em questão.
Numericamente ela não é uma marcação popular, tendo gerado uma listagem de 58
ocorrências no período de novembro de 2008 a junho de 2013, quando a última versão dela foi
gerada. No entanto, consideramos que seja significativa por usar exatamente as palavras que
também marcam o sistema de classificação indicativa nacional.
Os temas relacionados nos posts fazem menção genericamente à relação sexual, à
exposição do corpo masculino ou feminino, referência a músicas com letra chamativa (chamou
a atenção de quem escreve o post), a conversa privada entre amigos, à própria indicação para
o horário televisivo e ainda o jogo com algo tão horroroso que deveria ser barrado (por
exemplo, a feiura de alguém).
Selecionamos algumas publicações que consideramos relevantes para discutir a esfera
em que se situam os conteúdos pretensamente proibitivos. Lembrando que essa indicação não
foi realizada oficialmente, mas por deliberação de usuários das redes sociais.
Há postagens que fazem referência explícita a conteúdo relacionado ao sexo e indicam
a proibição para menores, como em “RT @ChanStudios: Desenhos eróticos pra quem curte
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Nos termos da #interdição
77
A grafia das publicações foi mantida como no original.
423
Nos termos da #interdição
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Nos termos da #interdição
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Nos termos da #interdição
Consideramos, assim, que esta seja a segunda forma de articulação de interdição presente na
dinâmica comunicacional das redes sociais.
Os conteúdos marcados por hashtag se relacionam, por um lado, com o ato de marcar
e, por outro, com a identificação do conteúdo. Ao marcar, cria-se uma rede entre os termos
marcados da mesma forma. Tal indexação relaciona-se a um conceito sobre o que está dito e,
dessa forma, dizemos que ela identifica o conteúdo no nível de seu significado. Em relação ao
arcabouço significativo da proibição, podemos dizer que o sinal da marcação feita nas redes
sociais é invertido quando comparado àquele da classificação indicativa. No primeiro caso o
conteúdo é marcado justamente para que seja visto na equação “Se você é maior de idade,
veja isto”.
Podemos acrescentar ainda que esse momento da visão inclui também uma
visualização imaginada e fantasiada do proibitivo. Já no caso da classificação indicativa a
indicação visa isolar e proteger tal visão, na equação “se você é menor de idade, não veja isto”.
E nesse caso podemos discutir o caráter de fantasia inerente a toda vez que se aciona uma
marca. Reforçamos que os caminhos discursivos do mesmo conteúdo são ativados com ela.
Ainda uma outra diferença entre o que visa a classificação indicativa e o que se tem
como circulação de conteúdos nas redes sociais é o que podemos chamar de um isolamento
do produto. A classificação incide sobre um produto definido e comercializável a partir de um
sistema definido de rubricas por faixas etárias. De outro modo, a marcação nas redes sociais
implica variedade significante na rubrica utilizada e combinação de referências a partir de
materiais diversos (arquivo de imagem, vídeo e áudio) no momento da publicação. A
problemática de aproximar o trabalho de classificação indicativa à publicação de conteúdos na
internet justifica-se, assim, pela disparidade da conceituação que envolve ambos os processos
de marcação sobre produções culturais. Num caso, a indicação de restrição ao acesso e,
noutro, uma pretensa ideia de abertura associada aos novos meios.
Achamos, de todo modo, o exercício relevante justamente por ambos os processos
poderem ser entendidos como processos de autoria sobre conteúdo socialmente polêmico,
embora tenhamos claro que a destinação de ambos os processos diferem. No primeiro caso
trata-se principalmente de um chamado à curiosidade do leitor, enquanto que no segundo
pretende-se um alerta com relação ao conteúdo direcionado a um leitor desavisado.
Entendemos, também, por outro lado, que tanto a marcação das publicações como o
trabalho da classificação indicativa acabam por indexar conteúdos que por serem marcados
426
Nos termos da #interdição
são ditos a fugir da norma aceitável para certos ambientes e situações. O caráter dessa fuga à
normalidade vai variar em cada caso específico, de acordo com o desenho discursivo associado
a temas tabus. Não temos a pretensão, com a restrita seleção realizada para este artigo de
fechar um campo sobre os possíveis temas a serem indicados como proibidos para maiores.
E entendemos também que isso não seria possível justamente pela composição
específica de cada publicação – elas são tão variadas quanto as disputas por hegemonias.
Concluímos, assim, que cada publicação nos apresenta o desenho de mundo dessas
hegemonias e coloca em ação o conflito entre elas. Temos sim, dessa forma, o objetivo de
realizar uma amostra de como ocorre este processo e a gama temática envolvida. Ainda,
pretendemos apontar como as articulações apresentadas se assemelham aos temas indicados
para maiores de idade e como dialogam com o processo de classificação indicativa.
Podemos sugerir finalmente que a indicação da classificação serve mais ao aguçar da
curiosidade adulta sobre a produção cultural sendo classificada do que à preservação de
possíveis espectadores infantes. Dizemos isso ao menos com base no mecanismo de utilização
da chave comunicativa utilizada pelo mecanismo oficial de classificação, entendendo que,
como discurso, ela precisa de uma forma midiática, uma repetição de seus elementos e uma
apropriação pelo público.
Devemos recuperar ainda a ideia de que o sistema de classificação indicativa tem sido
apropriado em sua linguagem comunicativa para significar a marca da interdição a conteúdos.
Os novos meios colocam problemáticas às dinâmicas sociais de controle e interdição. Mais do
que dizer que o sistema de classificação indicativa exerce um processo de controle, ele de todo
modo tenta escrutinar conteúdos e tenta controlar sua indicação, ainda que não restrinja sua
circulação. Entendemos que não seria o objetivo oficial repetir o sistema de classificação
aplicado aos meios audiovisuais à internet. Mas definitivamente a articulação dos conteúdos
em rede impossibilita uma ação de marcação linear e direcionada.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, J.C. Chat na Web: um estudo de gênero hipertextual. In: CAVALCANTE, M. M.; BRITO,
M. A.; MIRANDA, T. P. (Orgs.). Teses & dissertações: Grupo Protexto. V. 1. Fortaleza: Protexto;
UFC, 2005a [2003].[Cd-Rom].
427
Nos termos da #interdição
COSTA, Maria Cristina Castilho. Censura em cena: o teatro e a censura no Brasil, a partir do
Arquivo Miroel Silveira. São Paulo: Edusp & Imprensa Oficial, 2006.
CRYSTAL, D. Language and the Internet. Cambridge: Cambridge University Press, 2001.
FOUCAULT, Michel. História da sexualidade. Vol. I: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Edições
Graal, 1997.
LIPOVETSKY, Gilles. O crepúsculo do dever: a ética indolor dos novos tempos democráticos.
Lisboa: Dom Quixote, 1994.
428
Nos termos da #interdição
MONTEIRO, J. L. As palavras proibidas. Revista de Letras, v. 11, n. 12, p. 11-23, Jul./Dez. 1986.
XAVIER, A. C.; SANTOS, C. F. E-fórum na Internet: um gênero digital. In: ARAÚJO, J. C.; BIASI-
RODRIGUES, B. (Orgs.). Interação na Internet: novas formas de usar a linguagem. Rio de
Janeiro: Lucerna, 2005. p. 30-38.
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Nos termos da #interdição
O GP foi aberto com fala introdutória da professora Maria Cristina Castilho Costa sobre a
trajetória de pesquisa que deram origem ao grupo. Tratou do Arquivo Miroel Silveira, da
passagem entre projetos temáticos de pesquisa até chegar à necessidade de estudar a censura
na atualidade. “A censura vira tema de anedota” (Incluir trechos de texto do grupo sobre essa
trajetória). Comentou como a censura é hoje, pulverizada, difusa. Defendeu a proposta política
de se estufar esse tema. Temos a intenção de fazer o debate sobre censura e não fazer esse
tema virar pó.
Comentou a crise da universidade pública em são Paulo, que afetou a vinda de pessoas ao
grupo. O GP é tanto uma proposta científica quanto política.
Renato Rovai
A mídia livre, a blogosfera progressista e a democratização da comunicação no Brasil em
Creative Commons
Orienatndo de Sérgio Amadei
Perguntar o que é a mídia livre e como conectar isso com a criação de um novo espaço
público.
Pensar copyright e direitos de autor. Opção pela livre reprodução na blogosfera para que ela
crescesse.
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Nos termos da #interdição
Lilia
O controle do que dizemos visto pelas políticas do Google
Controle e vigilância na web. Temos a sensação de liberdade e de que não estamos sendo
vigiados.
E a sensação da vigília constante?
Um sistema de classificação que devolve o que clicamos. Um espelho que nos devolve a
sabedoria das massas,
Há um bombardeio Google. A manipulação e a compra de anúncio no buscador do Google.
Lógica da conexão de pessoas a partir do armazenamento de cookies.
Cidadãos e as redes. A circulação de pessoas como cidadãos.
Perguntar a ela se o controle não é por princípio um recurso na linguagem.
Pensar no valor de circulação das palavras como valor que pode ser manipulado
Projeto “Save the internet”, para a neutralidade das ações na rede, e não controle das pessoas
na rede.
Procura por uma inclusão ética do digital
Perguntar: o processo político e da forma da rede, da utilização da ferramenta.
Roberto Teixeira
Apropriação da rede social Facebook nas manifestações de Vitória – ES em 2013
431
Nos termos da #interdição
Mostra foto de Vitória, terceira ponte, que liga Vitória a Vila Velha – Ponte Interditada. Há a luz
dos celulares aparentes na multidão.
O lugar das redes sociais seriam o quinto poder. Perguntar quanto poder haveria.
Cristina Costa
Perguntas:
Papel dos blogs na esfera pública. Se ainda tem força política.
O poder do Google é também de natureza política, social (e não só de negócios)
Mistura entre publicidade #vemprarua” da Fiat com o que foi usado como marca dos protestos
A circulação cultural e política na rede em contrapartida do valor econômico.
Formas de censura na Internet eliminam o contexto e o teatro de revista e as imagens em
plavras.
Questões: o que há por trás de tantos termos como: mídia livre, censura e democratização
Pensar que tipo de blog posso criar, se literário e/ou que alimente as pesquisas.
Pensar a questão da visibilidade ou não das pautas.
Criação de muro e construção de muros virtuais
432
Nos termos da #interdição
433
Nos termos da #interdição
Veruska.
O corpo como mídia e como texto
Existe a coleta de dados através de aparelhos. Há o contato com o outro e a busca de canais de
comunicação. Há a importância de situar um terceiro em relação a um saber (de como
funcionam os aparelhos). Pode-se fazer a leitura dos pacientes, dos corpos.
A vinculação do paciente através do nome. A proposta de humanização e a proposta política
de estar no mundo.
Qual a divisão entre saúde e doença. O que é um nome e um lesionar.
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Nos termos da #interdição
Perguntas
Será que é possível um mundo sem normatização, livre.
Caso a resposta seja negativa, quais serão as instâncias de regulação.
O politicamente correto e a ampliação do espaço público e de visibilidade. A regulação fica
disseminada.
Assembleia do GP
Representatividade de um campo de pesquisa entre instituições e em níveis de formação
diferentes.
435
Nos termos da #interdição
Nota biográfica
Pós-doutoranda na Escola de Comunicações e Artes da USP trabalhando junto ao
Observatório de Comunicação, Liberdade de Expressão e Censura (www.usp.br/obcom)
com bolsa Fapesp no projeto Nos termos da #interdição: uma rede significante de
palavras proibidas. Doutora em Ciências da Comunicação pela mesma Escola com a
tese Coincidências da Censura: figuras de linguagem e subentendidos nas obras
teatrais do Arquivo Miroel Silveira (2011). É também membro de MidiATO, grupo de
estudos de linguagem: práticas midiáticas. E-mail: andrealeite@usp.br.
436
Nos termos da #interdição
Andrea Limberto79
Abstract: The development of the digital media has challenged some o the
founding notions of narrative studies, especially that of the clear
acknowledgment of a textual unity and well defined start and end points. At
the present article we intend to investigate some of the terms posted on social
media which show recurrence, marked as trending topics (TT), indexed with
the hashtag symbol. We analyze how they can build a narrative trajectory
trough the process of both repetition and difference found in each inscription.
That way, we intend to ponder on the novelty expectation existing over the
digital media based on previously narrative and discursive identifiable
models.
As mídias digitais têm desafiado alguns dos conceitos fundantes da construção narrativa,
especialmente como o oferecimento de uma unidade de sentido e a evidência de um ponto de
partida e de chegada claros. Indicamos esses dois parâmetros como centrais para marcar a
diferença entre as produções narrativas para as mídias digitais em relação às produções
78
Texto apresentado na divisão temática Discursos e estéticas da comunicação do XIV Congresso
Internacional da Associação Ibero-Americana de Comunicação (Assibercom), realizado entre 29 de
março e 02 de abril de 2015.
79
Pós-doutoranda da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP),
estudando a interdição a obras artísticas e sua relação com as mídias digitais com bolsa Fapesp. É
doutora (2011) e mestre (2006) pela mesma instituição. E-mail: andrealimberto@gmail.com.
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Nos termos da #interdição
ligadas à palavra escrita, especialmente como o livro e o jornalismo impresso. Acreditamos que
os caminhos para a produção narrativa na rede estão ainda está sendo experimentados e,
dessa forma, tem deslocado algumas das possibilidades de leitura escrita. Referenciamos
especialmente os trabalhos na área de arte digital como desafiadores das experimentações na
ordem da linguagem.
Não diremos que a narrativa nas mídias digitais rompem com preceitos postulados por uma
teoria narrativa e com cânones da narrativa clássica, mas que diante de novos suportes,
abrem-se as possibilidades de escrita. Tais preceitos que anunciamos como constantes numa
teoria da narrativa vêm sendo modificados e de alguma forma volatilizados em função de
obras mais abertas e dadas à articulação com outros textos na cultura, ainda que com a
manutenção do suporte escrito. O esgarçamento dos limites para a produção textual se revela
no nível da aproximação entre discursos: o referencial e o ficcional, o jornalístico e o literário,
um texto considerado fechado e a pretensão da realização de uma obra verdadeiramente
aberta.
Dessa forma, quando pensamos o digital, temos que situá-lo como uma abertura narrativa de
segunda ordem. Num primeiro nível está a aceitação e a circulação de narrativas que deslocam
discursos dos limites da produção textual e também da categoria de autoria. Num segundo
nível está o encontro dessa abertura com um suporte digital, cujas especificidades
potencializam certos caminhos que a produção textual já vinha trilhando. Implicamos aqui a
soma intertextual entre publicações através do estabelecimento de hiperlinks e, ainda, a
pulverização da autoria com a possibilidade de publicação multiplicada através de perfis
pessoais.
Neste ambiente, referenciado já por um grupo de importantes trabalhos que associam as
questões da linguagem textual com o crescimento da produção das redes, se estabelece um
novo parâmetro de produção narrativa. Este sim, ainda para ser estudado, acompanhado e
experimentado. Entendemos, por exemplo, que há um tipo de construção narrativa que
privilegia a hierarquia para a apresentação de informações. Trata-se do espaço
institucionalizado e bem desenhado dos websites ou páginas na internet. Ressaltamos, de
outro modo, a crescente presença da ligação que se estabelece nas redes sociais. Acreditamos
que ali exista uma das vocações da rede, que é o do fluxo entre suas extremidades
comunicantes. E, ainda que as regras do jogo para a publicação das falas esteja dada
alheiamente à essas extremidades da rede, elas agitam horizontalmente conteúdos.
Não devemos desconsiderar o tema da ordem do discurso instaurada em cada uma das
plataformas disponíveis para a comunicação social nas redes. Ao contrário, elas são
reveladoras de monopólios e interdições sobre a fala. No entanto, são os mesmos espaços que
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Nos termos da #interdição
439
Nos termos da #interdição
440
Nos termos da #interdição
bancos de dados têm como arcabouço comum. Não mais a memória, mas a justaposição
criativa.
Num processo paralelo, ainda, a partir de um certo momento em que os estudos de narrativa
encontram-se com aqueles de semiótica, temos o desenvolvimento de categorias ligadas
especialmente aos percursos modais. A narrativa aparece descolada da referencialidade, mas
os dados inclusos servem à ações de fazer fazer. A potência narrativa residiria no
desdobramento da interação entre sujeitos em situação de que um exerce influência
argumentativa sobre outro. Levamos em consideração o desenrolar narrativo que se descola
das ações heroicas e suas conquistas, para a possibilidade de uma ação psicológica e
contextualmente centrada nas figuras humanas em conflito. Está instalado, então, um jogo de
expectativa entre o que se diz e os desdobramentos do dito nas ações narrativas
subsequentes. “When a reader is reading a novel or an essay, the words create a rhythm of
expectations. One word alludes to something earlier in the text or looks ahead to something to
come” (Bolter, 1999, p.99).
Destacamos tal ponto de reflexão pois pretendemos atribuir às narrativas nas mídias
digitais um caráter de centramento na disposição autoral e na ação de interação sujeito a
sujeito, com valorização das cooptações modais.
Dessa forma, devemos admitir que os estudos de narrativa têm incorporado uma
instabilidade em relação á construção narrativa, tanto nos estudos acadêmicos, quanto na
experimentação artística com textos. Tal abertura podemos dizer que, de certa forma,
favorece os processos fixados com as mídias digitais, como retroalimentam a produção
narrativa em papel como desafio de suprir os efeitos dessa proximidade. O texto impresso
investe na abertura possível para a criação imagética e para a incorporação da
descontinuidade. Tais características, mais do que exclusivas de uma produção digital, podem
ser consideradas como novos parâmetros para o assentamento de uma produção literária que
procura, nessa proximidade, inovação. Assim, estes parâmetros tem sido incorporados nas
produções literárias mais recentes, mas que também, não necessariamente, trabalham com o
suporte digital.
Um dos pontos de instabilidade que emerge é o do desenho dos limites de uma unidade
textual. Está em questão o que determina a própria unidade narrativa, o que se entende por
texto e seus limites, além da determinação de seu ponto de partida e chegada. Conforme o
referencial da presença de um ambiente narrativo e de um leitor que devolvem ao autor
interativamente, estimula-se a inoperância da autorização de um caminho de leitura e
interpretação únicos. “Um texto que se transmite em um fluxo de dados contínuo e que
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Nos termos da #interdição
demanda pensar um contexto de leitura líquida que não responde ao desenho retangular da
janela do monitor nem ao enquadramento da página” (Beiguelman, 2005, p.18).
Dessa maneira, devemos problematizar qual a tomada de unidade que é possível
quando olharmos para os registros na web. Se pensamos no nível da página, e não do código,
temos o entendimento do todo em que se baseia a estrutura do site. Mas não podemos
reproduzir este modelo como o único modelo na estruturação narrativa na web. As
plataformas que se baseiam na pluralidade de páginas a serem preenchidas por usuários,
garantem que os nós em suas redes se apresentam a partir do perfil. O que nos interessa mais
nesse modelo é a ligação que pode ser estabelecida entre estes perfis através da relação de
linkagem e compartilhamento. O acionamento de uma palavra acende ao mesmo tempo sua
indexação em relação ao todo do texto e à ligação com os demais textos que relaciona, numa
dinâmica intertextual e dialógica.
Entendemos que o conceito de intertextualidade guia a correlação entre conteúdos
nas redes. Encontramos diversas variações conceituais para mencionar essa que é uma das
principais características da produção digital: a possibilidade de fragmentação e recombinação
entre as partes. Em relação especificamente à produção textual, reconhecemos uma primeira
transformação a partir da associação entre termos
na medida em que páginas puderam ser relacionadas umas às outras, estimulando a ideia do
conhecimento rizomático e da disposição dos conteúdos em níveis. No entanto, consideramos
ainda uma segunda transformação quando o processo de ligação pôde ser feito através de
indexadores dentro das redes sociais. A partir da marcação de uma palavra ocorre a ligação
entre todas as publicações que foram notificadas sob a mesma rubrica. Reforçamos que esta é
uma forma de ligação horizontalizada, que dá abertura para a construção ainda mais
destituída da organização hierarquizada. A possibilidade de recuperação se dá pela utilização
de mecanismos de buscas através de algoritmos próprios. A perseguição da sequencia de uma
palavra marcada com alguma modalidade de etiqueta (tag) se dá de maneira dispersiva.
Nesse sentido, o que está sendo valorizado é a correlação de um termo dentro de um texto.
Ele é tanto pertencente ao texto que seria chamado de texto de origem, quanto ao seu texto
de chegada. Participa da construção de sentido em ambos e, ainda, contribui para a formação
de um texto em comum que inclui o termo marcado na ordem da cultura. Entendemos, assim,
que a possibilidade da marcação de uma palavra está dada antes de sua transformação em
link. Este processo aciona um dos seus sentidos.
Não se pode determinar, na verdade, qual o começo ou o fim dessa história e qual será o
percurso certeiro do usuário. Parte do percurso narrativo está delegado ao trajeto feito por ele
442
Nos termos da #interdição
em sua navegação, num mar de sentidos marcados, embora as possibilidades para tal
navegação não sejam infinitas.
“A revolução do texto eletrônico será, ela também, uma revolução da leitura.
Ler num monitor não é o mesmo que ler num códice. Se é verdade que abre
possibilidades novas e imensas, a representação eletrônica dos textos modifica
totalmente a condição destes: à materialidade do livro, ela substitui a
imaterialidade de textos sem lugar próprio; às relações de contigüidade
estabelecidas no objeto impresso, ela opõe a livre composição de fragmentos
indefinidamente manipuláveis; à apreensão imediata da totalidade da obra,
viabilizada pelo objeto que a contém, ela faz suceder a navegação de muito
longo curso, por arquipélagos textuais sem beira nem limites” (CHARTIER,
1998, p. 190).
O que nos interessa, então, é aquela narrativa que só pode estar desenhada na coleção de
dados de cada usuário. Se ele é identificado com um perfil, podemos rastreá-lo em sua
movimentação pela rede. Não mais um percurso doado, mas guiado pelo interesse.
Comentamos, paralelamente, que o circuito realizado por cada usuário se transforma em
verdadeira coleção de dados, como dissemos e pode circular como um arquivo exclusivo, com
unidade própria.
O que nos interessa aqui é chamar também de percurso narrativo à possibilidade
apresentada no cruzamento dos vários textos por motivo da marcação de uma palavra ou
expressão específica em comum. Estamos considerando que cada publicação seja uma
unidade textual separada. Isto em si já merece ser debatido dentro da noção de unidade de
texto, no sentido da vontade de determinar qual seria a unidade de texto maior que abarca
todas as publicações. Não consideramos que cada uma das plataformas para as redes sociais
seja a resposta para tal unidade. Sua publicação extrapola a publicação interna dentro de cada
interface e integra listagens produzidas por mecanismos de busca. Defendemos, assim, uma
que cada uma das interfaces criadas tem a pretensão de manter o princípio de abertura e
circulação de seus conteúdos.
No passo seguinte, ao procurarmos observar o circuito feito por cada termo marcado,
entendemos que um fio condutor narrativo costura as diversas publicações. Não podemos
dizer que cada publicação responda a partes de um todo como no caso de um livro e seus
capítulos. Ao mesmo tempo somos obrigados a reconhecer a unidade promovida pelo ato da
indexação horizontal de alguns de seus termos.
“Probably the most important use of colour in a well-designed Web site is to
identify the hypertext links – the jumps that users can make if they want to
443
Nos termos da #interdição
move from one page or site to another. The hypertext link is the most
fundamental structural property of the Web, without which the medium would
not exist” (CRYSTAL, 2004, p. 202).
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Nos termos da #interdição
Dessa forma, podemos dizer que nem todas as hashtags logram ficar em evidência, ligadas a
um assunto que tem circulação pública. Há um outro nível de comunicação, ainda dependente
de outros meios, inclusive não digitais, que reforçam o termo exato com o qual se deve
indexar determinado texto. Há também a segurança de publicações indexadas com hashtags
mais certeiras, porque popularizadas e já de circulação reconhecida. É crescente o número de
páginas que apresenta opções de hashtags já estabelecidas para que se acerte no uso. O
acerto tem em vista a circulação.
Há um comentário que deve ser feito em relação à maleabilidade que encontramos para
estabelecer um indexador do tipo hashtag. Como dizíamos, o estabelecimento de um
marcador é algo da dimensão pública, depende de um sentido disponível e de um movimento
de repetição. Há uma constante batalha por parte dos produtores de conteúdos para a rede
em tentar deter a autoria de tais palavras enquanto elas são bem sucedidas na circulação.
Podemos dizer, assim, que a marcação sobre palavras resulta em um processo dinâmico que
aponta para dois tipos de produção que, até então, tínhamos em âmbitos separados. A
primeira delas é o estabelecimento do tópico de uma conversa, como entendido nos processos
de estudo da linguagem oral. Neste caso, reforça-se a maleabilidade que comentávamos.
Reforça-se, ainda, o pacto estabelecido na dinâmica microscópica da comunicação entre dois
interlocutores.
Por outro lado, está incluso na atividade da marcação sobre palavra o processo de indexação e
de coleção de termos. Neste caso, a vontade seria de fixidez e estabelecimento de parâmetros
para a organização dos enunciados.
“Many, many solutions to the naming problem have been attempted and
successfully deployed in different circumstances. At one end of the scale, it
would be in fact possible using a huge network of hash tables around the
world, to keep a hash index of all randomly generated unique names. The
problem with this idea is that there would have to be one single funding model
and one homogeneous quality of service for all names” (Berners-Lee, 1996,
online).
Assim, entendemos a possibilidade de marcar palavras em uma publicação como um ato
perdido entre a tradição oral e aquela do acúmulo de conhecimento, da atividade vulgar e da
atividade enciclopédica. Temos, por um lado, a criação sobre as hashtags, sua variação nos
níveis do significante e do significado. Incluindo aí a possibilidade de marcar palavras em
ambientes que não são destinados à indexação: como mensagens de e-mails, postagens em
interfaces que não utilizam esse símbolo para recuperação de conteúdos, por exemplo.
445
Nos termos da #interdição
Por outro lado, temos a instrução sobre hashtags que potencializam publicações, temos
listagens de hashtags populares e sites dedicados ao escrutínio dos tópicos mais relevantes do
momento. Ainda, temos a possibilidades de fazer buscas e análises a partir de mecanismos de
coleta (data mining) que resultem em conjuntos de dados de interesse sobre esses termos
marcados e indexados. Existem também a forma correta de grafar certas hashtags já
canonizadas.
Para nosso exercício, tomaremos como exemplo o caso de duas hashtags que, cada uma a seu
tempo, se tornaram visíveis e ganharam circulação: #selfie e #paudeselfie. A primeira se refere
à tradição da publicação de retratos, enquanto à segunda, ao objeto de que dá suporte para a
produção de tais retratos. Ambas são interessantes experiências de como a marcação por
hashtag pode estabelecer uma relação intertextual entre publicações e que geram uma
narrativa nessa conexão horizontal. Podemos dizer que elas geram não uma, mas diversos
percursos narrativos.
No caso das selfies, o primeiro percurso narrativo diz respeito à marcação de um tipo de
retrato: tomada de rosto, tirada por uma pessoa que participa da foto e entorno relevante.
Observamos mais um percurso narrativo que é a da experiência de desconectar a relação entre
a palavra que indexa a foto e sua imagem. Devemos levar em consideração que as publicações
na rede envolvem esses a materialidade da palavra escrita e da imagem, no caso das
publicações sobre selfies.
Em 29 de maio de 2014, a seção vida digital da Revista Veja, aponta a variação desta hashtag
para #shelfie, baseada na palavra shelf (estante), em inglês. Ela serviria para marcar, mais do
que rostos, o estilo de vida das pessoas. “As imagens compartilhadas com a marcação são
cuidadosamente produzidas exibindo livros, obras de arte, itens de decoração e revistas
fashion”80, diz a repostagem. Já em novembro do ano de 2013, a palavra “selfie” havia sido
incorporada ao dicionário Oxford da língua inglesa, baseando-se na recorrência de sua
manifestação.
O site Social Times relaciona algumas variações para essa hashtag, dentro da mesma
concepção do retrato. A variação nesse caso é na forma da escrita e do termo a ser indexado.
Mas mantém-se seu conjunto possível de significados:
#selfie: singular, versão sintética do termo
#selfies: versão plural
#selfiesaturday, #selfiesunday: marcação temporal dos retratos tirados em dia de descanso
80
Depois do #selfie, #shelfies se espalham pelo Instagram. Vida Digital. Revista VEJA. 29 mai. 2014.
Disponível em: http://veja.abril.com.br/noticia/vida-digital/depois-do-selfie-shelfies-se-espalham-pelo-
instagram/.
446
Nos termos da #interdição
81
Metade dos comentários sobre "pau de selife" na internet são piadas. Correio Braziliense. 22 jan.
2015. Disponível em:
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/tecnologia/2015/01/22/interna_tecnologia,467689/
metade.shtml
447
Nos termos da #interdição
82
Quase metade dos posts sobre 'pau de selfie' nas redes sociais é piada ou meme. Canaltech. 23 jan.
2015. Disponível em: http://canaltech.com.br/noticia/comportamento/Quase-metade-dos-posts-sobre-
pau-de-selfie-nas-redes-sociais-e-piada-ou-meme/#ixzz3VA4EyQqI
.
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Novas formas de lidar com os suportes dão abertura para um espaço em que o senso comum
pode ser codificado e recodificado. Se os termos que buscamos são os da narrativa, podemos
observar a fragmentação de conteúdos e a recomposição de expectativas de leitura,
considerando um autor que espera selecionar caminhos e jogar com o aro autoral de sua
publicação. Aproximam-se as pontas da escrita e da leitura num só processo lúdico de
narração do conteúdo comum. “Essas mutações comandam, inevitável e imperativamente,
novas maneiras de ler, novas relações com o escrito, novas técnicas intelectuais” (CHARTIER,
1998, p. 190).
REFERÊNCIAS
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The present work results from the postdoctoral research #In terms of the
interdict, funded by São Paulo Research Foundation (FAPESP), and developed within
the Observatory on Communication, Freedom of Expression and Censorship of the
University of São Paulo (OBCOM/ECA-USP).
We investigate the circulation of words that are considered linguistic taboos
pursuing their presence in current social media postings which support the use of
hashtags as a keyword indexical parameter. Our intent is to echo the terms censored in
the playwrights submitted to the Public Entertainment Division of the State of São
Paulo, Brazil, between 1930 and 1960, to which we have exclusive access trough the
Miroel Silveira Files. Our research will be nurtured from the data collection of censored
text excerpts present in the partially released playwrights of such archive and the
trajectory of building an interface to both visualize the data and present it publically.
Our hypothesis is that social media network interfaces cannot escape such
relationships of ordering and conformity. Our objective is then to draw which those
procedures would be when it comes to the social media, focusing on the seeming
paradox of thinking restricted circulation of enunciations and the language practice
within a media marked by the emblem of freedom of expression and communication
democratization.
We primarily focus on the recurring words from yesterday present in the social
media today. Afterwards, as second step of the research, we observe the permanence or
shift in the meaning such terms carry(ied). We understand them within a discourse
driven theoretical perspective, performing an analysis that is at one time etymologic,
linguistic, historic and digital.
Such theoretical articulation is to help us develop a study on the formal level of
the word, then articulate the notion of archive and of network according to the following
intended theoretical trajectory: 1- the concept of signifier network, as ways to portray
meaning connections that can enclose the same words in different time periods bonded
through a connection point of the network; 2 - to recover the debate on the possibilities
of constituting an archive according a given unity, approaching what offers cohesion to
it; 3- to associate the structuring of archives and its current availability to reorganization
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Resumo:
Relacionamos os variados formatos de programas televisivos dedicados à
performance artística a modelos consagrados dentro do gênero do entretenimento.
Apresentamos, assim, uma proposta classificatória que pretende referenciar a maneira
como a arte, tomada como objeto nestes programas, é apresentada. Concentramo-nos
em observar as heranças da audição artística, da entrevista profissional e do teatro
pretendendo relacionar tais modelos a três programas: Idol, The X Factor, The Voice.
Resumo expandido:
Podemos relacionar os variados formatos de programas televisivos dedicados à
performance artística, que se concentram hoje principalmente na experiência do canto, a
modelos consagrados dentro do gênero do entretenimento. Apresentamos neste trabalho,
assim, uma proposta classificatória que pretende também referenciar a maneira como a
arte, tomada como objeto nestes programas, é apresentada. Trata-se de um estudo sobre
uma produção audiovisual específica, mas que entendemos representar o desafio
colocado pela circulação massiva da produção artística, passando do ideal de sua
valorização como alta cultura à sua fragmentação em diversos formatos revividos de
forma híbrida na concretude da performance oferecida.
Concentramo-nos, assim, em observar as heranças da audição artística, da
entrevista profissional e do teatro pretendendo relacionar tais modelos respectivamente
a três programas, realities de canto exemplares, televisionados atualmente: Idol, The X
Factor, The Voice (considerando as versões nacionais e estrangeiras destes formatos).
Nossa perspectiva é primariamente discursiva, enquanto identifica os elementos dos
programas que ecoam suas vinculações a tradições imagéticas históricas para a
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apresentação da arte. Lidamos, dessa forma, não com seu fazer, mas com as maneiras
elegidas para seu oferecimento público.
Recorremos a um reconstituído cultural funcionando como fundamento para a
sustentação de cada um dos modelos apontados. O primeiro deles, a audição artística,
remonta à forma de avaliação sobre a performance que valoriza o julgamento sobre a
habilidade e o virtuosismo da execução. Baseia-se na exibição do talento para um grupo
de especialistas tendo em vista a integrar grupos seletos (orquestras, ballets, etc.), sendo
executada em ambientes preparados e dedicados (salões, teatros, museus, etc). Recebe
historicamente os ecos de um ambiente nobre e dos especializados circuitos de arte. Este
imaginário está na base dos programas de exibição artística em geral, mas mostram-se
reforçados especialmente na primeira fase do formato Idol. Na sua apresentação
televisiva, fica aparentemente de fora o dado de que a performance é filmada, a
expectativa é pelo não existir da câmera.
O segundo modelo que reconhecemos é o da entrevista de emprego. Ele revela já
a sombra da presença de uma indústria cultural, da arte como uma carreira, da ascensão
da atividade do show business e o interesse pela circulação nele. Isso contemplado, o
olhar se volta para os aspectos da vendagem de discos, da assinatura de contratos, do
visual do candidato direcionado para que seja um ídolo popular. Esse modelo se
encontra mais nas últimas temporadas de Idol e em The X Factor.
O terceiro modelo tenta fazer um retorno histórico à performance artística e ao
virtuosismo, mas estabelece o acontecimento no palco. Ele é performático e montado.
Assume a demanda pelo show e ao mesmo tenta manter-se fiel a uma tradição artística,
neste momento já híbrida – indicada, por exemplo, como pureza da voz. O staging para
a câmera ganha relevância e a presença da gravação como elemento constitutivo é
marcada. Esta tentativa é feita pelo The Voice, tratando-se do modelo que mais assume
o fato da transmissão e joga com a disposição de palco que é herdeira do teatro.
Consideramos, finalmente, como forma de extensão do argumento, alguns
seriados e programas televisivos que contemplam a audição de talentos, tendo em vista
que, também em novas produções sobrevivem as referências apontadas, como é o caso
de Mozart e de The Glee Project. Pontuamos que existe, na base destes programas, o
desejo do encontro entre a alta e a baixa cultura, entre descoberta do verdadeiro talento
e seu compartilhamento público, entre a verdadeira Arte e a produção massiva. É
relevante, ainda, retomar este trabalho entre as tentativas de estabelecer consensos sobre
o ambiente da cultura em face de novos processos de midiatização e de difusão.
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Bibliografia:
GANS, Herbert J. Cultura popular alta cultura – uma análise e avaliação do gosto. São Paulo: Edições
Sesc, 2014.
BOURDIEU, P. A distinção: crítica social do julgamento. São Paulo: Edusp; Porto Alegre: Zouk, 2007.
BURKE, Peter. Testemunha ocular – história e imagem. São Paulo: Edusc, 2004.
MOURÃO, Maria Dora; LABAKI, Amir (orgs.). O cinema do real. São Paulo: Cosac Naify,
2005.
JOST, François, La Télévision du Quotidien – entre réalité et fiction, Bruxelles, Éditions De Boek
Université, 2003 [2001]
CALVERT, Clay,Voyeur Nation – media, privacy and peering in modern culture, Oxford, Westview
Press,2000
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Resumo
Como pesquisadoras do Obcom, temos estudado processos de censura, observado a
proibição de palavras e sopesado o potencial restritivo da classificação indicativa de
produtos culturais. Em nossas ponderações sobre seu status, temos trabalhado com o
entendimento de que ela, assim como muitos outros processos, faz parte de um quadro
que visa trazer o respeito aos direitos, sobretudo da criança e do adolescente, prover
condições de saudável, harmônica/produtiva, formação social e imprimir equilíbrio às
relações humanas. Enfim, trata-se de mais um dispositivo disciplinar a regular uma
comunidade, segundo critérios relevantes para um entorno temporal e um contorno
espacial.
Ocorre que toda regulação se faz através de restrições, de cerceamentos vários, em
particular de proibições que atingem as palavras em suas formações discursivas. O
movimento de contenção acompanha o da civilização e se realiza tanto por meio de
aparatos institucionalizados quanto pelos que brotam espontânea e extemporaneamente
numa cultura.
Como membros do Obcom guardamos nossa atenção para a linha divisória em que, de
mecanismos para melhor gerir e gerenciar as coisas públicas, os processos restritivos
assumem o tom opressivo e persecutório com que as censuras se tecem. Consideramos
que, nesse último caso, o mecanismo tornou-se instrumento do controle que nem mais
atende aos interesses de uma comunidade como um todo, simplesmente porque passa a
atender a interesses particulares ou privados.
Mas, atendendo ou não a tais interesses, no limite, uma intervenção para ter sucesso
deve moldar os corpos de modo a conformá-los aos interesses visados, deve ser, na
verdade, o instrumento de construção dos corpos porque neles encarnados. Claro que o
limite da contenção é justamente a delimitação do corpo.
Não raro, temos a oportunidade de presenciar efeitos que apontam para esse modo de
inflexão da regra no corpo. Neste artigo, a partir da recente polêmica em torno do beijo
lésbico na novela “Babilônia”, e de matéria jornalística que condensa as diversas
contestações, encetamos o rastreamento de efeitos que se configuram como o estágio
máximo, e insuspeitado, do refinamento disciplinar.
A MATÉRIA EM QUESTÃO
Folha de S. Paulo, 6 de abril de 2015. Ilustrada, E4, Outro Canal, por Keila Jimenez
“Globo irá cortar cenas de prostituição em ‘Babilônia’”.
A globo iniciou o que acredita ser o processo de salvação da novela das 21 horas,
“Babilônia”. A trama, que estreou coroada por duas vilãs, um casal gay de octogenárias
e prostituição, terá ajustes. Cenas inteiras estão sendo reeditadas e cortadas.
O folhetim, que estreou dia 16, com média de 33 pontos, está marcando médias
na casa dos 23,5 pontos, índice mais baixo da história do horário. Cada ponto equivale a
67 mil domicílios na Grande SP.
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De olho nisso, a Globo vai mudar a trama de Alice (Sophie Charlotte). A jovem
que seria uma prostituta agenciada pelo namorado, Murilo (Bruno Gagliasso), ganhará
outro rumo. Várias de suas cenas serão cortadas e regravadas. Segundo um dos autores,
Ricardo Linhares, a mudnaça veio para evitar problemas com a classificação indicativa.
À Folha, no dia 27, ele havia dito que apesar dos protestos, não mudaria a trama.
A Folha apurou que outras modificações virão. Há diretores da rede defendendo
a diminuição do destaque das duas megeras da história, Beatriz (Glória Pires) e Inês
(Adriana Esteves) e dos gestos de carinho entre o casal de lésbicas Teresa (Fernanda
Montenegro) e Estela (Nathalia Timberg).
A Globo afirma que a novela é “uma obra aberta”.
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Objetivos:
A disciplina tem por objetivo apresentar importantes questões teóricas para o estudo das
chamadas mídias digitais, consideradas dentro do âmbito conceitual dos estudos de
linguagem, preocupando-se tematicamente de seus mecanismos de interdição constituintes.
Pretendemos uma abordagem que analise as práticas midiáticas advindas de seu
desenvolvimento e a originalidade de sua articulação narrativa. Assim, consideramos
relevante como problemas chave para entender a dinâmica do meio, voltar ao estatuto da
palavra (apresentação da base teórica das ciências da linguagem), à noção de arquivo
(associado ao debate em relação à memória e à produção e sentido) e ainda, à formação de
rede. Ao longo do curso, apresentaremos conceitos que permitem olhar a forma da produção
textual e a condição relacional que se estabelece entre termos. Nosso objetivo é articular
sobre como as mídias digitais apresentam também novas formas de práticas midiáticas e a
inserção das mesmas no discurso corrente sobre o fazer comunicacional. Acreditamos que
exista nelas um embate neles entre dois imaginários: a possibilidade ilimitada de acesso à
informação, de um lado, e o exercício de práticas de interdição, de outro. A anunciada
perspectiva teórica tem sido muito incipientemente acionada para estudar as questões
trazidas pela grande amplitude do uso das mídias digitais e da inovação tecnológica. Assim,
o curso tem um caráter de oferecer abertura teórica diante de um tema atual e que tem
alterado as dinâmicas das produções midiáticas, e, ao mesmo tempo, extrair um debate
profícuo através de atividades práticas envolvendo a análise de diferentes materiais.
Justificativa:
Acreditamos que seja interessante ancorar diversos dos debates que estão sendo feitos
sobre o uso das mídias digitais e suas práticas comunicacionais no arcabouço conceitual dos
estudos de linguagem. As relações estabelecidas especialmente com os conceitos de signo,
de discurso, de texto, de arquivo e de autoria situam as dinâmicas em rede num campo que
privilegia seu caráter logicamente interligado. Desse modo, podemos situar a questão da
novidade anunciada para estes meios com base em modelos discursivamente reconhecíveis.
A fundamentação teórica e o debate informado sobre mídias digitais é importante hoje diante
de seu uso extensivo e ampla incorporação nas dinâmicas de interação social. Uma questão
se destaca ainda, em relação à possibilidade de interposições e interdição em oposição a um
movimento de maior conexão e encontro. O presente curso tem fundamentação num
percurso já estabelecido no nível da graduação e da pós-graduação, sob a designação de
ciências da linguagem e que compreende as diversas teorias do signo que resultaram em
correspondentes abordagens teóricas. Estas se desdobram em diferenciados modelos
configurados como análise de texto, de narrativa, de discurso.
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13. Entrega de trabalho final: até fim de julho, em anexo, por email encaminhado às professoras
para os endereços: mayragomes@usp.br, andrealeite@usp.br.
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
BIBILIOGRAFIA AUXILIAR
ALLAN, Keith & BURRIDGE, Kate. Forbidden Words: Taboo and Censorship of Language. New
York: Cambridge University Press, 2006.
AGAMBEN, Giorgio. Estâncias: a palavra e o fantasma na cultura ocidental. Trad. S.
Assmann. Belo Horizonte: UFMG, 2007, p.240-250.
AUSTIN, J. L. How to do things with words. Oxford University Press, 1962.
AUTHIER-REVUZ, Jacqueline. Palavras incertas. As não coincidências do dizer. Trad.:
BARROS, Diana Luz Pessoa e FIORIN, Jose Luiz (Org.). Dialogismo, polifonia e
intertextualidade. Sao Paulo: Edusp, 1994.
BARTHES, R. Elementos de semiologia. São Paulo, Cultrix, 1989.
________. “Introduction à l'analyse structurale des récits”. In Communications 8, Paris,
Seuil, 1966.
________. Novos ensaios críticos. O grau zero da escritura. São Paulo, Cultrix, 1974.
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Este Curso terá 14 videoconferências presenciais realizadas nas salas de aula da USP e
da Universidade Nova de Lisboa, sendo 07 Fóruns Temáticos ao vivo, com duração de
duas horas, e os outros 07 Fóruns de Debates Monitorados, também com duração de
duas horas. Além de 07 Fóruns de Debates Virtuais online, do tipo assíncronos, em que
os participantes do curso poderão apresentar suas dúvidas para serem esclarecidas pelos
monitores de cada temática e os trabalhos que deverão desenvolver para cada módulo.
Inscrições
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Cronograma de atividades:
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