Professional Documents
Culture Documents
Adolf Hitler e Benito Mussolini em Florença, em 1938. António de Oliveira Salazar (chefe do
Governo português de 1932 a 1968)
A Grande Depressão, nos anos 30 do século XX, abalou a confiança no capitalismo e na democracia. Na
Itália e na Alemanha germinaram as experiências autoritárias paradigmáticas do fascismo.
Em Portugal, o autoritarismo concretizou-se no Estado Novo, implantado em 1933 e personificado pela
figura de Oliveira Salazar. Daí falar-se em regime ou ditadura salazarista.
Nas origens do Estado Novo(2)
O golpe de Estado de 28 de maio de 1926, promovido pelos militares, pôs termo à Primeira República
Portuguesa. A estabilidade ansiada só chegou, em 1928, quando o professor António de Oliveira Salazar
assumiu a pasta das Finanças.
Salazar conseguiu que o País apresentasse, pela primeira vez num período de 15 anos, saldo orçamental
positivo. Este sucesso conferiu-lhe prestígio e valeu-lhe, em 1932, a nomeação para chefe do Governo.
Estava criado o mito de Salazar “salvador da Pátria”, habilmente explorado pela propaganda do regime.
Nas origens do Estado Novo(3)
A
Entre 1930 e 1933, foram criadas as bases do novo regime político: fundação da
União Nacional, promulgação do Ato Colonial, publicação do Estatuto do
Trabalho Nacional e da nova Constituição, submetida a plebiscito nacional.
Seguiram-se as medidas político-legislativas que complementaram a
Constituição de 1933: reorganização da censura prévia, criação da Polícia de
Vigilância e Defesa do Estado (PVDE), legislação básica da organização
corporativa e criação do Secretariado de Propaganda Nacional (SPN).
As eleições legislativas de 1934 marcaram o início do funcionamento das novas
instituições.
Salazar, embora condenasse o carácter violento e pagão dos totalitarismos fascistas italiano e alemão, criou
estruturas político-institucionais decalcadas dos modelos fascistas, sobretudo do italiano.
O salazarismo distinguiu-se, entre os demais fascismos, pelo seu carácter profundamente conservador e
tradicionalista. Apoiou-se em valores e conceitos morais inquestionáveis: Deus, a Pátria, a Família, a Paz
Social, a Hierarquia, a Moralidade, a Austeridade.
Princípios do Estado Novo: conservadorismo e tradição (2)
Capa do Regulamento do
Concurso “A aldeia mais Cartaz da Campanha
portuguesa de Portugal” do Vinho promovida
promovido pelo SNP (1941). pela JNV.
O Estado Novo configurava “um Estado com uma doutrina totalitária”, visível nos princípios do nacionalismo corporativo, do Estado
forte, do intervencionismo económico-social e do imperialismo colonial. Os slogans “Estado Forte” e “Tudo pela Nação, nada contra a
Nação” espelham o carácter totalizante do regime.
A Constituição de 1933 atribuiu vastas competências ao Presidente do Conselho, limitando a Assembleia Nacional à discussão das
propostas de lei do Governo.
Síntese esquemática sobre a distribuição de poderes do Estado Novo.
O regime afirmou-se antiliberal, antidemocrático e antiparlamentar. Para Salazar, somente a valorização do poder executivo garantia
um Estado forte e autoritário.
Princípios do Estado Novo: autoritarismo
A apologia do corporativismo num dos cartazes de “A Lição de Salazar”. Síntese esquemática da organização corporativa do Estado Novo.
Atuação do Estado Novo: enquadramento das massas
As organizações criadas com o intuito de enquadrar as massas foram:
a União Nacional, que funcionou como partido único;
a Legião Portuguesa, organização miliciana destinada à população adulta,
doutrinada e treinada para repelir a “ameaça bolchevista”;
a Mocidade Portuguesa, organização miliciana destinada a ideologizar a
juventude, incutindo-lhe o patriotismo;
as corporações económicas, que reuniam organizações do patronato e dos
trabalhadores e se destinavam a impedir a luta de classes.
Outra preocupação do regime foi o controlo do ensino, através da adoção de “livros Emblema da União Nacional
únicos” oficiais e da prestação do juramento pelo corpo docente, à semelhança do
funcionalismo público.
A Mocidade Portuguesa está por todo a parte… até nos cadernos e caixas de lápis.
Atuação do Estado Novo: propaganda
Cartaz de 1938 dirigido às crianças, no qual se exalta a eficiente política Pagela com oração por Salazar, emitida pelo Bispo de Coimbra
de obras públicas do Estado Novo. (1937).
Chegada ao Tarrafal dos marinheiros da Revolta de 1936. Despacho da censura sobre uma
publicação literária (1943).
Como qualquer ditadura, o salazarismo rodeou-se de um aparelho repressivo que amparava e perpetuava a sua ação.
Assim, destacou-se a polícia política – Polícia de Vigilância e de Defesa do Estado (PVDE), designada de Polícia Internacional e
de Defesa do Estado (PIDE) após 1945. Prendeu, torturou e matou opositores ao regime, mormente militantes e
simpatizantes do Partido Comunista Português.
As prisões de Caxias e de Peniche e o campo de concentração do Tarrafal, em Cabo Verde, ficaram célebres pelas
arbitrariedades e maus-tratos infligidos aos detidos pela polícia política.
A censura prévia à imprensa, ao teatro, ao cinema, à rádio e, mais tarde, à televisão, abrangeu todos os assuntos políticos,
militares, morais e religiosos, assumindo, frequentemente, o carácter de uma ditadura intelectual.
O “lápis azul” da censura nada deixava “passar” que pusesse em causa o regime.
REFLITA E RESPONDA: