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25/03/2019 Universo Pop: "Le Livre D'Image": Em filme-ensaio excepcional, experimental e questionador, Godard denuncia os idiotas sanguinários…

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Universo Pop
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"Le Livre D'Image": Em filme-ensaio excepcional, experimental e questionador, Godard
denuncia os idiotas sanguinários e criminosos que governam o mundo! VIAJANDO PELO UNIVERSO POP!
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"Le Livre D'Image": Em filme-ensaio excepcional, experimental e questionador, Godard Pop e fiquem livres para comentar
denuncia os idiotas sanguinários e criminosos que governam o mundo! - Marcos Doniseti! as nossas postagens.

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"Le Livre D'Image": O novo filme de Godard é um 'Filme-Ensaio' e no qual ele reflete sobre as guerras e a trágica Há 5 anos
situação mundial. Apesar disso, o Gênio da 'Nouvelle Vague' transmite uma mensagem de esperança ao final.
convergência cinefila
OS DOIS MUNDOS DE
"Le Livre D'Image" - Godard fez um 'Filme Ensaio' inovador e politizado! CHARLY - 1968
Há 16 horas

Assisti a duas sessões consecutivas do filme 'Imagem e Palavra', do genial Jean-Luc Godard, neste Guia do Cinéfilo
final de semana. Isso mesmo... Assisti ao filme duas vezes seguidas (no Espaço Itaú de Cinema, na Oráculo Alcoólico
Rua Augusta), no Sábado, nas sessões de 18h10 e 20h00, aproveitando que sou cliente do banco e,
assim, tenho direito à meia-entrada (R$ 19,00 o ingresso). Palavras de Cinema
Vídeo: 1984
Há 16 horas
Aliás, o título original ("Le Livre D'Image") bem parece bem mais adequado para o que é esse belo
Segundo Plano
filme de Godard. Assisti ao filme duas vezes, no entanto, não apenas pelo preço do ingresso, mas Éloge de l’amour (2001)
porque os filmes de Godard exigem muito do público, como já comentei aqui no grupo em outro texto. Há um ano
Se alguém deseja começar a entender os filmes do genial cineasta franco-suíço, então é necessário
assistir aos mesmos várias vezes.
POSTAGENS POPULARES

E afirmo que assistir 'Imagem e Palavra' duas vezes ainda é pouco. Esse é o tipo de filme que precisa Filme de Mauro
ser visto com cuidado e muitas vezes, pois há muitos detalhes que passam desapercebidos quando Bolognini:
assistimos ao mesmo apenas uma ou duas vezes. E rever a este belo filme outras vezes é o que irei "Assassinato de um
Inocente" mostra os
fazer quando o mesmo for lançado em DVD aqui no Brasil. Espero que esse lançamento não demore. conflitos sociais e de
gerações na Itália dos anos
O título original do filme "Le Livre D'Image" significa 'O Livro Ilustrado' e é exatamente isso que é este 1960/70! - Marcos Doniseti!
novo e excelente 'Filme-Ensaio' do revolucionário cineasta franco-suíço, que também possui
'Verão Violento'
elementos de documentários. Neste belo filme, Godard mostra que ainda não parou de experimentar
mostra a beleza, a
com a linguagem cinematográfica e faz isso com as imagens e sons que estão presentes nesta sua desilusão amorosa e
nova e brilhante produção. a melancolia da obra
de Valerio Zurlini! -
Marcos Doniseti!
Na verdade, Godard, ao realizar 'Imagem e Palavra', escreveu um livro, mas adaptando o mesmo para a
linguagem cinematográfica, é claro. No entanto, o mesmo é um 'livro Ilustrado', ou seja, no qual as
'The X-Files' - Afinal,
imagens são o mais importante, embora as experimentações com os sons também estejam muito o que é preciso saber
presentes. para poder
compreender a série?
- Marcos Doniseti!
Assim, 'Le Livre D'Image', para demonstrar o seu nítido caráter literário, é dividido em várias partes, ou
seja, em capítulos. Este recurso também foi usado por Godard em outros filmes, como foi o caso do

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"Notre Musique" ('Nossa Música'; 2004), no qual tivemos uma divisão em três partes (Inferno,
'O Silêncio dos
Purgatório, Paraíso). Outros' é um
documentário
essencial sobre os
crimes da Ditadura
Franquista na Espanha!

"Le Livre D'Image":


Em filme-ensaio
excepcional,
experimental e
questionador, Godard
denuncia os idiotas sanguinários e
criminosos que governam o
mundo!

‘Ladrões de Bicicleta’
– Vittorio De Sica
mostra, de forma bela
e poética, a miséria
da Itália do Pós-
Guerra em um clássico do Neo-
"Le Livre D'Image" ('O Livro Ilustrado'; 2018) é um excelente 'Filme Ensaio' de Godard, que faz uma série de Realismo! – Marcos Doniseti!
inteligentes reflexões sobre a sangrenta história dos séculos XX e XXI. No filme, Godard (inspirado pelo Cubismo e
por Brecht) faz uma colagem de vídeos, filmes, fotos, sons, músicas e textos de uma textura aparentemente caótica,
'Fringe' - Série é
mas que possui, sim, lógica, coerência e sentido.
encerrada na TV com
um final épico e
perfeito! - por Marcos
Aliás, é justamente pelo fato de que a imagem é o mais importante que, em vários momentos do filme, Doniseti!
o som quase desaparece (ou some totalmente) e não temos a legendagem daquilo que está sendo
falado. E antes do filme começar lemos um aviso no qual ficamos sabendo que foi o próprio Godard Costa-Gavras:
que pediu para que nem tudo fosse legendado. E o seu pedido foi atendido, é claro. 'Sessão Especial de
Justiça': Quando a
Justiça deixa de ser
Inclusive, na segunda sessão (que quase lotou a sala, que tem 88 lugares... na primeira sessão, das cega e as convicções
18h10, tinha cerca de 45) a que assisti algumas pessoas riram quando viram este aviso, como se tornam-se mais importantes do
que as provas! - Marcos Doniseti!
estivessem pensando 'Só o Godard, mesmo...'. Diminuir o volume, não usar da legendagem... Estes
são recursos usados por Godard para que o público fique concentrado nas Imagens e não nas falas
Fringe – Os mistérios
ou mesmo nos sons. da 4a. Temporada! -
Parte 3 - por Marcos
Desta maneira, os sons no filme também são usados de forma experimental por Godard. Em algumas Doniseti!
cenas o som some quase que por completo, em outras ouvimos sons em apenas um lado do cinema,
em outros momentos temos várias falas simultâneas e sobrepostas e em outros o volume aumenta de 'Fringe' - Comentando
intensidade rapidamente. o episódio
'Unearthed' (2X11) -
Marcos Doniseti!
Assim, além da complexa riqueza visual que vemos neste belo e lúcido "Le Livre D'Image", este novo
filme de Godard também se caracteriza como uma inovadora e muito rica experiência sonora.

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Cena de "Le Livre D'Image", filme no qual Godard faz uma série de experimentos sonoros e visuais, mostrando que
o caráter inquieto, inovador, ousado e criativo de sua obra não foi abandonado, mesmo aos 88 anos de idade.

Entendo que ao promover todas estas experiências e inovações o genial e inquieto Godard, além de
expandir a linguagem cinematográfica, também deseja que o público se preocupe em assistir ao
filme, priorizando as imagens, deixando sons ou qualquer elemento do filme em segundo plano, Seguir
evitando que os mesmos possam distrair o público. Logo, fica claro que Godard deseja que o público
concentre a sua atenção nas imagens.
ARQUIVO DO BLOG

▼ 2019 (9)
Afinal, trata-se de um 'livro ilustrado' ao que estamos assistindo.
▼ Março (4)
"Le Livre D'Image", de fato, é uma interminável, mas coerente, colagem que se utiliza de centenas das "Le Livre D'Image": Em filme-
ensaio excepcional, e...
mais variadas fontes (literárias, cinematográficas, pictóricas...) e que mostra o quanto o século XX foi
violento e destrutivo, com suas guerras brutais. E é justamente por isso que vemos cenas da Primeira Godard: Relação de Longas-
Metragens do Gênio da
e da Segunda Guerra Mundial, de vítimas do Nazismo, de Hitler, bem como de outros conflitos que
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ocorreram naquele século violentíssimo, que foi o mais sanguinário da história. No...
Jean-Luc Godard: Sugestões
E o que Godard demonstra é que toda essa violência e brutalidade, agora, tem continuidade no século para melhor
XX. compreender...
'O Silêncio dos Outros' é um
Em "Le Livre D'Image" o grande Godard se utiliza de cenas de inúmeros filmes, vídeos e documentário essencia...
documentários para montar esse sangrento painel do horror que tivemos nestes dois últimos séculos, ► Fevereiro (1)
que foram, disparados, os mais brutais e sangrentos da história da humanidade. Então, essa obra
► Janeiro (4)
também é rica e complexa no aspecto visual, como habitualmente acontece em todos os seus filmes.
► 2018 (49)
► 2017 (34)
► 2016 (64)
► 2015 (30)
► 2014 (5)
► 2013 (83)
► 2012 (126)
► 2011 (88)

QUEM SOU EU
Marcos Doniseti
Professor de
História de Ensino
'Godard, Truffaut e a Nouvelle Vague' é um excelente documentário sobre a história do mais revolucionário Fundamental e Médio.
movimento cinematográfico da história e da relação entre os seus dois principais representantes. É altamente
recomendável para quem ainda não sabe muito a respeito da trajetória de Godard. Visualizar meu perfil completo

Assim, no início de 'Imagem e Palavra' vemos uma sequência de cenas violentas, de inúmeras guerras,
e no momento seguinte Godard usa de uma cena de outro filme na qual a personagem grita 'Por Favor!
'quatro vezes, como que implorando para que esse derramamento de sangue irracional, ilógico, sem
sentido e interminável tenha um fim.

E logo depois temos uma sequência na qual vemos que as guerras tiveram continuidade (Segunda
Guerra Mundial; Nazismo) e um personagem de outro filme grita 'Que Horror!' quatro vezes. Logo,
Godard demonstra a sua incredulidade pelo fato de que, mesmo depois de tanto sangue derramado,
essa violência não tenha cessado.

Assim, o apelo pelo fim das guerras, que muitas vezes foi feito ao longo da história, foi totalmente em
vão. Elas continuam nos dias atuais. Godard não apenas mostra cenas de guerras atuais, como
também procura analisar os motivos que as levam a acontecer, identificando nos interesses
geopolíticos das potências imperialistas a razão primordial para as mesmas, o que é confirmado pela
história dos últimos séculos.

Além disso, porque um nação Imperialista como são os EUA invadem e destroem nações como Síria,
Líbia e Iraque? Godard responde: Petróleo. Estes são países que ou possuem muito petróleo (Líbia e
Iraque) ou que são pontos de passagem para se fazer o transporte do produto (Síria).

Jean Seberg e Jean-Paul Belmondo em Cena do clássico 'Acossado' (1960), no qual o personagem dele (Michel) fala
diretamente com o espectador e no qual Patricia (personagem de Seberg) olha diretamente para a câmera na cena
final. Tais recursos também eram usados por Brecht em sua obra teatral.

Além disso, porque um nação Imperialista como são os EUA invadem e destroem nações como Síria,
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25/03/2019 Universo Pop: "Le Livre D'Image": Em filme-ensaio excepcional, experimental e questionador, Godard denuncia os idiotas sanguinários…
Líbia e Iraque? Godard responde: Petróleo. Estes são países que ou possuem muito petróleo (Líbia e
Iraque) ou que são pontos de passagem para se fazer o transporte do produto (Síria), sem o qual a
economia do Ocidente deixaria de funcionar.

Afinal, o petróleo é o sangue do organismo do Capitalismo Globalizado. E Godard mostra que se


derrama muito sangue (humano) para que o fornecimento do sangue da economia capitalista global
não seja interrompido.

Na longa lista de filmes dos quais Godard extrai imagens para fazer essa vasta colagem em "Le Livre
D'Image" temos alguns que são dele mesmo, incluindo 'Le Petit Soldat' (1960), "Les Carabiniers"
(1963), "Alphaville" (1965), "WeekEnd" (1967), "Tout Va Bien" (1972), "Helas Pour Moi" (1993), "Notre
Musique" (2004) e ''Adieu a Langage" (2014).

E também inúmeros outros filmes, dos mais variados cineastas, são usados para fazer essa genial
colagem, incluindo "Um Cão Andaluz" (Luis Buñuel, 1929), "Notorious" (A. Hitchcock; 1946), "Paisà"
(R. Rossellini; 1946), 'Le Plaisir' (Max Ophuls; 1952), "La Strada" (1954), "Assim é a Aurora" (Luis
Buñuel, 1956) e "Uccellacci e Uccellini" (Pier P. Pasolini, 1966), só para citar alguns.

Cena do clássico filme "Le Plaisir" (Max Ophuls, 1952) que Godard usou em "Le Livre D'Image". Nesta cena, um
homem idoso dança animadamente até cair, enquanto teve energia. A cena pode ser interpretada como uma
alegoria do próprio Godard que, mesmo aos 88 anos de idade, continua realizando filmes ousados, experimentais e
inovadores, como é o caso deste belo 'Imagem e Palavra', mostrando que sua energia criativa ainda não se esgotou,
mas que pode estar próxima do final, infelizmente. Seria esta uma maneira de Godard dizer que este é o seu último
filme?

Aliás, o material utilizado por Godard é muito vasto em "Le Livre D'Imagem" e isso demonstra o
quanto o cineasta fez uma pesquisa detalhada e minuciosa para montar o seu filme, sendo que esse
trabalho deve ter demorado bastante tempo para ser finalizado, com certeza. Logo, mais do que
filmado, este filme foi montado, pois bem poucas cenas foram filmadas pelo próprio Godard para criar
"Le Livre D'Image".

Entre as cenas que foram filmadas por Godard estão a das sequências que mostram a vida em um
país fictício ('Dofa') e cuja história (parte ficcional e parte documentário) foi baseada em um livro
('Ambição no Deserto') de um escritor egípcio e árabe, que foi Albert Cossery. Cossery viveu muitos na
França e escrevia em francês, sendo que se tornou amigo de consagrados escritores franceses, como
Albert Camus, Jean Genet e Boris Vian.

Bem, é verdade que sou muito suspeito para comentar filmes do Godard, que é meu cineasta
preferido, mas o fato é que "Imagem e Palavra"/"O Livro Ilustrado" é um filme excelente, sendo
superior ao "Adeus a Linguagem" (2014). Entendo que este novo filme de Godard está no mesmo nível
do ótimo 'Notre Musique' (2004).

Aliás, é bom ressaltar que Godard usou, neste novo "Filme-Ensaio', várias cenas que já haviam sido
utilizadas em sua monumental "História do Cinema", que começou a ser realizada em 1989, com dois
episódios, e que foi concluída dez anos depois, em 1999, com mais seis episódios.

E fica claro que existe uma clara ligação entre essa série sobre a história do Cinema que foi realizada
por Godard e os longas-metragens semificcionais que ele produziu posteriormente, que foram "Éloge
de L'Amour" (2001), 'Notre Musique' (2004), 'Film Socialism' (2010), 'Adieu a Langage' (2014) e "Le
Livre D'Image" (2018).

E neste novo filme nós também temos cenas que foram extraídas de "Notre Musique" (2004),
principalmente aquelas que são relacionadas com a guerra. E Godard também fez uso de partes da
trilha sonora de "Notre Musique" em "Le Livre D'Image", o que comprova a forte conexão temática
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existe entre os dois filmes.

Cena de 'Notre Musique' (2004), ótimo filme de Godard no qual temos algumas cenas que ele reaproveitou em 'Le
Livre D'Image', (2018). Estes dois excelentes filmes tratam de alguns temas semelhantes, principalmente as
guerras e a violência dos séculos XX e XXI, embora quatorze anos os separem. Essa é uma maneira de Godard
mostrar que a humanidade não mudou e continua tão brutal e violenta quanto no sanguinário século anterior.

Mas, se no belo 'Notre Musique' (2004) Godard também mostrava a violência e brutalidade em que a
humanidade mergulhou nos séculos XX e XXI, agora os assuntos tratados foram diferentes. 'Notre
Musique' procura refletir sobre os conflitos entre Israel e os Palestinos e as guerras que envolveram
os países e povos que integravam a então Iugoslávia (Bósnia, Sérvia, Croácia, Eslovênia) sendo que
grande parte do mesmo foi filmado em Sarajevo.

Enquanto isso, 'Le Livre D'Image' (2018) foca na questão do Oriente Médio, região riquíssima em
petróleo e que por isso mesmo atrai a cobiça dos grandes impérios mundiais desde que as
gigantescas reservas do produto foram descobertas na região, a partir das últimas décadas do final do
século XIX.

Assim, entendo que não seria nenhum absurdo colocar o belíssimo "Éloge de L'Amour" como o ponto
de partida de uma espécie de 'Pentalogia Humanista' e que é completada por 'Notre Musique' (2004),
'Film Socialism' (2010), 'Adieu a Langage' (2014) e 'Le Livre D'Image' (2018).

Logo, estes cinco filmes são, essencialmente, o que podemos chamar de 'Filmes-Ensaio', de teor
altamente reflexivo e com conteúdos filosóficos, nos quais Godard comenta sobre a situação atual da
Humanidade, contendo inúmeras reflexões a respeito da história violenta e brutal dos séculos XX e
XXI.

Em todos estes filmes Godard estabelece claramente uma conexão entre o passado e o presente,
procurando recuperar e valorizar a memória histórica, o que foi, também, o tema principal do
belíssimo "Éloge de L'Amour" (2001).

Nestes cinco filmes Godard deplora a brutalidade e a violência que fez milhões de vítimas nestes dois
últimos séculos e procura analisar o estado atual do planeta, apontando para os principais conflitos e
problemas globais: guerras, mudanças climáticas, violência, desigualdades sociais crescentes,
imperialismo cultural, entre outros temas altamente relevantes.

Cena de 'Adeus a Linguagem' (2014) mostra que a obra de Godard foi muito influenciada pela Pintura. A técnica da
colagem, que ele usa em muitos dos seus filmes, incluindo este "Le Livre D'Image" (2018), é criação dos pintores
ligados ao Cubismo.

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E o cineasta franco-suíço também lamenta a incapacidade do Cinema de influenciar os


acontecimentos, para que um mundo melhor seja construído, ao mesmo tempo em que reflete sobre a
natureza deste Cinema, dizendo que mostrar a violência do mundo por meio de imagens também é um
ato de violência.

Aliás, basta ver qualquer imagem ou fotografia de pessoas mortas em guerras, com seus corpos
estraçalhados e, muitas vezes, com pedaços dos mesmos espalhados pela superfície, para se constar
que Godard está absolutamente correto em sua observação.

Assim, "Le Livre D'Image" é um típico filme de Godard, ou seja, ele tem uma narrativa hiper
fragmentada, é bastante reflexivo e possui um tom filosófico, promovendo também um
questionamento da própria atividade cinematográfica, além de fazer inúmeras experiências sonoras e
visuais.

E este novo e belo filme de Godard ainda conta com um infindável número de citações e referências
(literárias, cinematográficas, pictóricas, videográficas...), possuindo também um caráter bastante
politizado, características que estão presentes em grande parte, desde o início, da sua vasta e genial
obra.

Porém, essa fragmentação aparentemente caótica (que é fortemente inspirada nas concepções
teatrais do dramaturgo alemão Bertolt Brecht) não significa que não existe uma conexão entre tudo o
que vimos no filme. Portanto, o caráter caótico da obra, neste filme de Godard, é apenas aparente.

Cena de seu clássico "Alphaville" (1965), que Godard usou em "Le Livre D'Image", mas que apareceu muito
rapidamente e de forma desbotada. Obs: Esta é a cena original, do filme de 1965.

Segundo a estudiosa Nádia Borges Lima, Bertolt Brecht, em sua obra teatral, procurava promover uma
"quebra da continuidade teatral da peça a favor de uma sucessão de quadros que concomitantemente
se opõem e dialogam".

Ela diz que Brecht conseguia isso por meio do uso de vários efeitos, tais como: ruptura do efeito de
suspense; passagem da prosa ao verso; falas sussurradas ao mesmo tempo em que uma cena
acontece; atores que deixam seus personagens para se dirigirem diretamente ao público (quem não se
lembra de Jean-Paul Belmondo fazendo isso logo no começo de 'Acossado'?).

Então, se analisarmos os filmes de Godard, iremos constatar que ele usa de muitos destes recursos
em sua obra, inclusive neste "Le Livre D'Image". Logo, a influência de Brecht sobre a obra de Godard
é antiga e bastante significativa.

Obs1: Estas informações sobre a obra de Brecht foram retiradas do texto "Brecht e a sua contribuição
para o pensamento do escritor francês Roland Barthes", de autoria de Nádia Borges Lima.

Então, pode-se afirmar que existe, sim, uma ligação entre as cenas, diálogos, frases, vídeos, sons e
músicas que Godard usa em seus filmes, formando um todo lógico e coerente, embora sob uma
aparência caótica.

Jean-Luc Godard completou 88 anos em 03/12/2018 e, mesmo assim, continua experimentando com a linguagem

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25/03/2019 Universo Pop: "Le Livre D'Image": Em filme-ensaio excepcional, experimental e questionador, Godard denuncia os idiotas sanguinários…
do Cinema. Ele também é o único, entre os principais cineastas do mundo, que denuncia os crimes dos governantes
imperialistas, que destroem nações com suas guerras criminosas, e aos quais classifica como sendo 'idiotas
sanguinários' e canalhas que promovem uma 'fraude universal'.

Mas esse é o estilo de Godard e quem não está acostumado ou não aprecia o mesmo terá muitas
dificuldades para assistir ao filme. Quando alguém decide assistir a um filme de Godard, tal pessoa
deve se preparar para isso. E se não estiver disposta a se preparar, então que fique longe da obra de
Godard, que não é para todos, embora eu pense que o cineasta franco-suíço faça filmes para atingir
um público amplo, é claro.

A questão é que ele não faz concessões para conseguir atingir esse objetivo. Infelizmente, grande
parte do público não está acostumado com esse gênero de filme (Filme Ensaio) e, em função disso,
não se interessa em ver os filmes de Godard e quando o faz, assiste apenas uma vez e já sai dizendo
que 'o filme é chato'. Porém, tais pessoas não fazem qualquer esforço para tentar entender os filmes
de Godard.

Obs2: Escrevi e publiquei um texto, aqui no blog, que trata exatamente disso, ou seja, sobre o que é
necessário fazer para se assistir e entender um filme de Godard (ver link abaixo).

Alguém imagina, por exemplo, ver em um filme de Spielberg ou de Tarantino as afirmações feitas por
Godard neste "Le Livre D'Image" e nas quais ele denuncia os crimes das grandes potências
imperialistas, que promovem inúmeras guerras pelo mundo afora, destruindo nações inteiras e
transformando as vidas de milhões de pessoas em um inferno?

Claro que não. Porém, no caso de Godard é exatamente isso que acontece.

Godard coloca o dedo na ferida e aponta os responsáveis pela destruição de povos e nações, que
são os governantes das nações mais poderosas, as potências imperialistas (vide a destruição que a
OTAN promoveu na Líbia, Síria e Iraque). E quando vemos a bandeira dos EUA e as cores da
Alemanha, da França, Itália e Grã-Bretanha neste filme fica claro a quais potências Godard está se
referindo.

"Guernica", quadro cubista de Picasso, tem uma aparência fragmentária e, aparentemente, caótica. Muitos
poderiam não ver lógica, coerência ou sentido nesta obra. Mas entendo que tais pessoas estão equivocadas. E o
mesmo pode ser dito a respeito dos filmes mais recentes de Godard, que possuem uma aparência caótica e
fragmentária, mas que possuem, sim, lógica, sentido e coerência.

O filme de Godard é, essencialmente, um verdadeiro manifesto antiguerra e o mesmo também


condena fortemente a islamofobia que passou assolar a Europa nos últimos anos.

Assim, embora os temas do filme sejam universais e digam respeito à uma realidade que é global
(desejo de paz, solidariedade humana, as mudanças climáticas, desigualdades sociais) entendo que
'Imagem e Palavra' me pareceu ser um filme essencialmente direcionado para o público europeu.

Godard, o Ocidente e a voz que é negada aos árabes e muçulmanos!

Godard mostra que os árabes e os muçulmanos estão sendo, cada vez mais, perseguidos e
discriminados no Velho Mundo e que isso é feito sem que eles sejam ouvidos. A voz deles é silenciada
pelo Ocidente, o que Godard não apenas denuncia neste filme, como também mostra como é possível
agir de outra maneira, radicalmente diferente, permitindo que eles se expressem.

Inclusive, em vários momentos do filme nós vemos um intertítulo (temos vários no filme) no qual se lê
"Sous Les Yeux de d'Occident" ('Sob os olhos do Ocidente').

O interessante é que por meio do uso desta frase, além de Godard denunciar o fato de que o Ocidente
não permite que os árabes e muçulmanos se expressem, ao empregar a mesma o genial cineasta

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25/03/2019 Universo Pop: "Le Livre D'Image": Em filme-ensaio excepcional, experimental e questionador, Godard denuncia os idiotas sanguinários…
franco-suíço também faz referências a um livro de Joseph Conrad (de título semelhante) e a um filme
de Marc Allégret (de 1936) e que foi baseado na obra do escritor britânico-polonês (Conrad nasceu na
Polônia, mas depois adotou a nacionalidade britânica).

Cena de 'Imagem e Palavra' que mostra o celuloide sendo manipulado por mãos humanas. E Godard diz, no início
do filme, que as mãos é que dão origem ao pensamento. Logo, se as mãos manipulam o celuloide, então as imagens
são frutos do pensamento humano. Assim, Godard mostra que as imagens podem ser usadas com inúmeras
finalidades, inclusive políticas. E o uso da tecnologia digital está presente nesta obra fantástica de Godard.

Assim, não é à toa que a 'islamofobia' está sendo utilizada politicamente por grupos de Extrema-
Direita em inúmeros países da Europa e que, ao agirem desta maneira, eles estão conseguindo
crescer política e eleitoralmente em países importantes da Europa (Alemanha, França, Itália, Espanha,
Grã-Bretanha, Hungria, Polônia, entre outros).

Godard também tocou no ponto central quando comenta a respeito do mundo árabe e muçulmano,
pois ele mostra, em seu filme, que no Ocidente fala-se muito sobre os árabes e muçulmanos, bem
como a respeito das guerras que assolam o Oriente Médio e do Terrorismo que é praticado por alguns
grupos de extremistas islâmicos, mas ele mostra que, no Ocidente, nunca se dá voz para que os
árabes e muçulmanos possam se expressar.

Logo, Godard deixa claro que é apenas a voz do Ocidente que é ouvida e que os árabes e muçulmanos
são silenciados. E assim a história que é contada para o mundo contém apenas uma versão dos
acontecimentos, a do Ocidente, que se apresenta como sendo um força civilizadora e democrática,
embora as grandes potências ocidentais estejam sempre apoiando e dando sustentação às mais
terríveis ditaduras pelo mundo afora, inclusive no próprio Oriente Médio, o que é o caso da Arábia
Saudita, por exemplo.

Desta forma, a desinformação, o preconceito, o ódio e a intolerância contra os árabes e muçulmanos


se disseminam pelo mundo inteiro. Afinal, os muçulmanos são mostrados pela Mídia ocidental como
se todos eles fossem seguidores da Al-Qaeda, Boko Haram e do 'Estado Islâmico' e tivessem um
pôster de Bin Laden em suas residências, o que é uma mentira gigantesca.

O capítulo 4 de "Le Livre D'Image" é intitulado 'O Espírito das Leis', o que é uma referência à obra de Montesquieu,
publicada em 1748 e que serviu de base para o sistema político liberal implantado no Ocidente nos dois séculos
subsequentes. Porém, em "Imagem e Palavra" Godard mostra que as leis são impostas por aqueles que detém o
maior poderio militar e que controlam a narrativa histórica, ou seja, por aqueles que tem voz.

Na verdade, são bem poucos os muçulmanos que apoiam o Terrorismo promovido por estes grupos
extremistas. E os terríveis atentados terroristas que ocorreram em duas mesquistas na Nova Zelândia,
há poucos dias (15/03/2019), no qual morreram 50 ,muçulmanos, são o resultado direto dessa
islamofobia que está se espalhando pelo mundo inteiro.

Aliás, quando vi Godard comentando (em 'Imagem e Palavra') sobre a maneira como os árabes e
muçulmanos são retratados pelo Ocidente naquele exato momento eu já pensei no que havia ocorrido
na Nova Zelândia. Logo, a realidade do mundo atual insiste em mostrar que Godard acertou em cheio
na análise que faz neste ótimo "Le Livre D'Image".

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25/03/2019 Universo Pop: "Le Livre D'Image": Em filme-ensaio excepcional, experimental e questionador, Godard denuncia os idiotas sanguinários…
E quando também vi, no mesmo "Le Livre D'Image" uma cena na qual um estudante de escola
secundária desfere vários tiros dentro da unidade escolar, atingindo várias pessoas, é claro que o
'Massacre de Suzano' também veio imediatamente à minha mente. Portanto, Godard mostra, de forma
lúcida e correta, o quanto a violência está se disseminando por todo o planeta e atingindo a grupos
bem específicos, pois ela possui um nítido caráter político, étnico, classista e religioso.

Além disso, a Mídia esconde das pessoas o fato de que muitos destes grupos de extremistas
islâmicos que temos pelo mundo foram, em muitos momentos, financiados, treinados e armados pelas
potências ocidentais.

Cena do filme 'Imagem e Palavra' que mostra integrantes do 'Estado Islâmico' jogando pessoas ao mar. No filme,
Godard desenvolve uma reflexão a respeito da atual e caótica situação política do Oriente Médio. E muitas imagens
do filme foram trabalhadas e modificadas digitalmente por Godard.

Na parte final do filme, vemos que Godard reflete e faz corretas e pertinentes observações e
comentários sobre a situação política do Oriente Médio.

E para fazer isso ele faz uso de um romance intitulado "Une ambition dans le désert" ('Ambição no
Deserto', que foi lançado no Brasil em 2008), que é de autoria de um escritor egípcio chamado Albert
Cossery.

Godard usa do livro de Cossery para comentar e refletir sobre o contexto histórico e político dessa
violenta região que é o chamado Oriente Médio, cujas relações com a Europa já tem milhares de anos
e que sempre foram marcadas por inúmeros conflitos e incompreensões (vide as 'Cruzadas', por
exemplo).

No livro de Cossery e no filme de Godard, temos o governante (Ben Kadem) de um país fictício
('Dofa') que passa a se preocupar pelo fato de que inúmeros atentados terroristas começaram a
acontecer em sua nação, mesmo com o território desta não possuindo petróleo.

Inclusive, pelo que li da sinopse do livro de Cossery, pode-se afirmar que Godard foi bastante fiel ao
conteúdo da obra desse escritor egípcio, árabe e muçulmano, o que faz com que essa parte de
'Imagem e Palavra' tenha um tom de documentário e não de ficção.

E deve-se também ressaltar que ao usar do livro do egípcio Cossery para construir essa parte do seu
filme, Godard se utilizou do "Le Livre D'Image" para dar a palavra aos árabes e muçulmanos, que
puderam expressar, assim, o que pensam a respeito da situação em que vivem. Esse trecho do filme
reflete a visão de Cossery sobre os acontecimentos no Oriente Médio.

Capa do livro 'Ambição no Deserto', de autoria do escritor egípcio Albert Cossery e no qual Godard se baseou para

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25/03/2019 Universo Pop: "Le Livre D'Image": Em filme-ensaio excepcional, experimental e questionador, Godard denuncia os idiotas sanguinários…
comentar a situação atual do Oriente Médio.

Portanto, ao mesmo tempo em que Godard critica o Ocidente pelo fato de que este nega aos árabes e
muçulmanos a chance de se expressarem, de mostrarem quem eles são, ele usou seu filme para
permitir que a voz deles se fizesse presente e pudesse ser ouvida.

A partir disso, Godard mostra o quanto essa violência que se espalha pelo Oriente Médio e pelos
países muçulmanos tem raízes no intervencionismo dos países imperialistas do Ocidente nestas
regiões.

Portanto, "Le Livre D'Image" pode ser considerado, perfeitamente, uma mistura de ficção e
documentário, o que Godard sempre defendeu. Sua obra foi bastante influenciada por dois excelentes
documentaristas, ambos ligados à 'Nouvelle Vague', que foram Jean Rouch e Chris Marker. Inclusive,
Godard também chegou a dizer que "Todos os grandes filmes de ficção tendem ao documentário,
como todos os grandes documentários tendem à ficção".

Logo, compreende-se claramente o motivo de que principalmente a segunda parte deste filme se
parecer com um documentário.
Assim, sabe-se perfeitamente que os EUA, por exemplo, foram os responsáveis por fornecer
armamentos modernos aos chamados 'Mujahedin' afegãos que lutavam contra os soviéticos no
Afeganistão, que foi a primeiro guerra contemporânea no qual milhares de extremistas islâmicos, que
eram originários de dezenas de países, participaram e estabeleceram conexões que, até hoje, são
usadas para promover atentados e guerras em inúmeros países.

Desta maneira, foi nesse momento histórico, que contou com a fundamental participação dos EUA,
que se formou o 'Taleban' e que surgiram os primeiros indícios do que viria a ser a futura 'Al-Qaeda',
liderada por Bin Laden, um milionário saudita que se aliou ao EUA e que ajudou estes extremistas
islâmicos durante a guerra contra os soviéticos (1978-1989).

Cena de 'Paisà' (Roberto Rossellini; 1946), um clássico do Neorrealismo italiano, na qual soldados nazi-fascistas
jogam guerrilheiros da Resistência italiana no mar. A semelhança com a cena seguinte, na qual terroristas do
'Estado Islâmico' fazem a mesma coisa é evidente. Assim, Godard mostra que a natureza da violência não se alterou
ao longo do tempo.

E o então presidente dos EUA (Ronald Reagan) chamava esses extremistas islâmicos que lutavam
contra os soviéticos no Afeganistão de 'Combatentes da Liberdade'. A ironia é que, atualmente, os
mesmos EUA lutam contra esses 'Combatentes da Liberdade' (no Afeganistão) que, na década de
1980, foram financiados, treinados e armados pelos próprios EUA.

Mas agora os EUA os classificam de 'Terroristas' e não mais de 'Combatentes da Liberdade', pois eles
se transformaram em seus inimigos. É como Godard diz, de certa maneira, neste belo filme: Quem tem
voz, conta a história que mais lhe convém.

Neste aspecto, Godard faz analogias históricas corretas e muito interessantes em 'Le Livre D'Imagem',
o que acontece, por exemplo, quando ele mostra uma cena de 'Paisà' (1946), clássico do Neorrealismo
italiano que foi dirigido por Roberto Rossellini (um dos diretores que Godard mais admira) e no qual
soldados nazi-fascistas jogam guerrilheiros da Resistência italiana (os 'Partigiani') no mar.

E logo depois nós vemos uma cena (de uma reportagem de TV feita em 2016), que foi modificada
digitalmente por Godard, e na qual os terroristas do 'Estado Islâmico' fazem o mesmo, atirando na
nuca de várias pessoas e jogando os seus corpos no mar. Praticamente 75 anos separam esses dois
momentos históricos, mas o perspicaz Godard mostra que há muito em comum entre eles.

Portanto, em função de tudo o que vimos durante 84 minutos de duração, o filme de Godard tinha tudo

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para ter um final triste, melancólico e marcado por total desespero. Inclusive, nos momentos finais do
filme, ele cita uma frase de Elias Canetti que aponta para isso, algo como 'não somos tristes o
suficiente para que este mundo seja melhor'.

No final do filme, Godard mostra a imensa lista de filmes, vídeos, imagens, textos e músicas que usou para criar
esse belo "Le Livre D'Image", no qual demonstra a sua inquietação com a situação atual do planeta, cujo meio
ambiente está sendo devastado.

É como se Godard estivesse perguntando 'o quanto o mundo ainda terá que piorar para que as
pessoas tomem a iniciativa de tentar melhorar o mesmo?'.

No entanto, Godard termina o filme dizendo que se o passado é imutável, então as esperanças
também são imutáveis e que precisamos recuperar as mesmas esperanças que tínhamos quando
éramos jovens.

O gênio Jean-Luc Godard está com 88 anos de idade e, mesmo assim, depois de tantos anos tentando
mudar um mundo que é profundamente injusto, violento e cruel, ainda não desistiu de lutar para
transformar a realidade, mostrando que possui muita energia, embora, no final do filme, ouçamos ele
tossindo e tendo dificuldades para falar.

Aliás, isso também aconteceu quando ele concedeu uma entrevista para jornalistas no Festival de
Cannes e que foi feita pelo celular. Percebe-se que Godard estava com uma aparência envelhecida e
tossindo bastante. Espero que ele ainda permaneça por muitos anos entre nós, pois o mundo precisa
de cineastas que tem coragem suficiente para afirmar que somos governador por idiotas sanguinários
e por criminosos que promovem uma fraude universal.

E se este belo "Le Livre D'Imagem" ('Imagem e Palavra') foi o derradeiro e último filme de Godard,
então pode-se concluir que ele fechou a sua fantástica e gloriosa carreira com chave de ouro, ou
melhor, com uma Palma de Ouro.

Obs3: "Le Livre D'Image" recebeu uma Palma de Ouro Especial no Festival de Cannes de 2018. E foi
mais do que merecido.

Muito obrigado por tudo, Gênio!

Jean-Luc Godard: Sua vasta, genial, influente e diversificada obra abrange mais de 140 trabalhos, entre curtas e
longas-metragens, documentários, trabalhos para a TV e segmentos para outros filmes.

Links:

Godard e a Literatura:

https://oglobo.globo.com/cultura/livros/os-cruzamentos-entre-os-filmes-de-jean-luc-godard-a-
literatura-18573287

Atentados contra mesquitas matam 49 na Nova Zelândia:

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25/03/2019 Universo Pop: "Le Livre D'Image": Em filme-ensaio excepcional, experimental e questionador, Godard denuncia os idiotas sanguinários…
https://brasil.elpais.com/brasil/2019/03/15/internacional/1552616642_719105.html

Massacre em escola de Suzano:

https://brasil.elpais.com/brasil/2019/03/15/politica/1552684730_810514.html

Texto de Inácio Araújo sobre 'Notre Musique' (2004):

https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2801200512.htm

Godard mostra e questiona a violência do Mundo:

https://www.comunidadeculturaearte.com/le-livre-dimage-godard-questiona-e-mostra-nos-a-violencia-
do-mundo/

Jean-Luc Godard e a colagem:

https://cinemaeuropeu.blogspot.com/2012/02/jean-luc-godard-e-colagem.html

A obra de Pablo Picasso e a sua influência sobre o Cinema:

https://www.conexaoparis.com.br/2015/10/21/relato-de-uma-exposicao-picasso-em-paris/

Trailer do Filme (legendado em português):

Imagem e Palavra - Trailer H…


H…

Segundo Trailer do Filme (legendas em Inglês):

THE IMAGE BOOK Trailer (20…


(20…

Postado por Marcos Doniseti às 16:33

Marcadores: cinema europeu, cinema francês, Godard, Jean-Luc Godard, Le Livre D'Image, Nouvelle Vague, O Livro
Ilustrado

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