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Linguagem obscena e contravenção em Trópico de Câncer, de Henry Miller

Wendel Alves de SOUSA (G/UFG)


Orientador: Rogério SANTANA dos Santos (D/UFG)

A utilização de uma linguagem que se esquive dos padrões de aceitação cultural baseados na
tradicionalidade e moralidade frequentemente encontra resistência no âmbito literário e
taxações como pornografismo e vulgaridade não são raras. Henry Valentine Miller (1891-1980)
não é exceção neste tocante: o romance que marca sua estreia no mercado literário, Trópico de
Câncer foi publicado em 34 e enfrentou censura na América do Norte, além da alcunha de obra
pornográfica. A reação não é inteiramente gratuita, no entanto, uma vez que o romance
apresenta linguagem e seleção de temas literários transgressores aos valores
supramencionados, confrontando e produzindo desconforto a uma América do Norte puritana
e ainda desnorteada pelos reflexos do Big Crash, em 29. O presente trabalho pretende, contudo,
discutir as estruturas em que Miller se utiliza dessa linguagem, a postura em relação às
discussões de liberdade ficcional, a formulação de uma realidade pautada na diegese como
reflexo do caos interior humano, não dependente literalmente da realidade, mas de uma
coerência discursiva, a contestação de uma estrutura social padronizada socialmente, além da
perda de identidade e o consequente isolamento decorrentes de um projeto de identificação
nacional já em decadência, da transfiguração da relação individuo-espaço. Superando o
desconforto inicial experienciado, busca-se, neste estudo, compreender como os processos de
mecanização e individuação do ser humano são vistos através da convergência a uma
perspectiva mordaz e crua de conceituação e reflexão sobre a sociedade, a arte e o homem.

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