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Cláudio Eduardo de Castro

Parte II
SUMÁRIO

PARTE 2

Aula 2 - Geomorfologia ........................................................................................... 31


2.1 Geomorfologia ............................................................................................................................... 31
2.1.1 Formas do Relevo .............................................................................................................. 32
2.1.2 A Geomorfologia brasileira ......................................................................................................... 33
2.1.2.1 Os Planaltos ...................................................................................................................... 35
2.1.2.2 Depressões ........................................................................................................................ 38
2.1.2.3 Planícies .............................................................................................................................. 39
2.3 Escalas e Geomorfologia ............................................................................................................ 43
2.3.1 Representação geomorfológica em escala pequena ................................................... 43
2.3.2 Representações geomorfológicas em escalas médias a grandes............................. 44
Referências ............................................................................................................................................. 47

Aula 3 - Pedologia e climatologia ........................................................................... 49


3.1 Pedologia ........................................................................................................................................ 49
3.1.1 Material necessário para a coleta de amostras ........................................................ 53
3.2 Climatologia .................................................................................................................................... 55
3.2.1 Classificação climática de Köppen......................................................... 61
3.2.1.1 Classificação de Köppen para o Brasil............................................ 62
Referências ........................................................................................................................................... 65
Aula 2 - Geomorfologia

Objetivos
• Entender a geomorfologia e seu papel no conhecimento dos proces-
sos formadores do relevo;

• Entender os processos geomorfológicos que se relacionam aos pro-


cessos sociais;

• Conhecer a macro geomorfologia (relevo) brasileiro e a evolução das


classiicações desde o inal da Segunda Guerra;

• Compreender as escalas de estudos geomorfológicos como fator de


apreensão dos fenômenos naturais e antrópicos.

2.1 Geomorfologia

Para falarmos do relevo brasileiro é necessário lembrarmos que estamos


tratando de um ramo da Geograia que estuda as formas encontradas na crosta
GEOMORFOLOGIA
terrestre. Esse ramo da Geograia é a geomorfologia - que quer dizer formas
Conjunto das diferenças
da terra - ela estuda como o relevo se formou ao longo do tempo geológico, de nível da superfície da
crosta terrestre resultantes
de mudanças que podem
que novos podem surgir segundo: a geologia, a pedologia, a hidrologia, o durar milhões de anos.

clima, enim, todos os fatores que atuam na formação das formas da Terra. A
geomorfologia é o resultado da atuação dos agentes internos (vulcanismo,
tectonismo e abalos sísmicos) e externos (temperatura, chuva, ventos, águas
correntes, geleiras e seres vivos). Ao falarmos de relevo, estamos então falando
de geomorfologia.

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Os estudos de relevo têm origem há muito tempo, desde que os primeiros
relatos sobre as paisagens foram feitos por desenhos, ainda, na época em que
a escrita não havia sido inventada. Mas depois da segunda Guerra Mundial
esses estudos mereceram maior sistematização e seus conceitos
começaram a ganhar maior exatidão. Por isso, as primeiras classificações
dos relevos dos países eram um pouco diferentes das que estudamos
atualmente. Isso não quer dizer que a paisagem geomorfológica mudou,
mas sim alguns detalhes que passaram a ser mais definidos
conceitualmente.

1.1 Formas do Relevo


Abaixo podemos ver no Quadro 1 o esquema explicativo, as forças que
atuam para formar o relevo.

Quadro 1- Esquema de força que originam os relevos


Fonte : do autor

Os principais tipos de relevo são: os planaltos, as planícies, as depressões e as


montanhas.

Os planaltos são elevações constituídas, indistintamente, por


rochas sedimentares ou cristalinas, nos quais predominam a erosão, ou
seja, sofrem maior desgaste e destruição pelos agentes físicos e químicos.
Podem ser de diferentes graus de inclinação, como: as cadeias
montanhosas, íngremes ou muito planos, como nas chapadas.

32 Aula 2 - Geomorfologia
As planícies são terrenos de superfície plana, formados por rochas
sedimentares. Encontradas nas mais diversas altitudes e ocupam pouco mais
de um terço da superfície terrestre e em geral acompanham as margens de
grandes rios, lagos e oceanos. Por facilitarem o cultivo e o transporte lúvio-
marinho e terrestre, são as áreas mais densamente povoadas do planeta.

Depressões são áreas localizadas em altitudes inferiores aos relevos. São


identiicadas facilmente, pois há dois planaltos mais altos em lados opostos.
Elas podem ser relativas, quando sua altitude é maior que o nível geral dos
mares, ou absolutas, quando abaixo do nível do mar.

Montanhas são os relevos mais recentes do planeta, resultantes do encontro


entre placas tectônicas, vulcanismos e movimentos de placas. Quando sua
gênese se dá por vulcões, apresentam-se isoladas, se por movimentos de
placas, apresentam em sucessão, daí serem denominadas cordilheiras ou
cadeias montanhosas.

Figura 14- A Classiicação Geomorfológica Brasileira


Fonte : Baseado em Ross(1990)

2.1.2 A Geomorfologia brasileira

Na escala do território nacional, o Brasil foi dividido em grandes unidades


Sobre a geomorfologia
geomorfológicas, conforme o conhecimento da época que foram elaboradas. brasileira acessar:

A primeira foi a de Aroldo de Azevedo, com oito unidades, foi elaborada http://www.estudaweb.hpg.
ig.com.br/meio_ambiente/
relevo/relevo_brasileiro.htm
antes da II Guerra e foi substituída pela de Aziz Ab´Saber, em 1958, na qual

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vemos mais duas unidades. Com o avanço da tecnologia, o país realizou
uma cobertura por imagens de radar de grande parte do território nacional,
possibilitando aprofundar-se os conhecimentos geomorfológicos.

Figura 15- Classiicação geomorfológica brasileira de Arldo Azevedo


Fonte : http://www.hts-et.com.br/oemar/6_relevo_brasileiro.htm

Figura 16 - Classificação geomorfológica brasileira de Aziz AB’Saber


Fonte : http://www.icharionline.com/geograia/relevo.htm

34 Aula 2 - Geomorfologia
Este conhecimento possibilitou a Jurandir Ross classiicar a geomorfologia
brasileira com maior exatidão, diferenciando vinte e oito unidades. Podemos
comprara as classiicações nos mapas a seguir.

A classiicação expressa no mapa de Jurandir Ross destaca os planaltos,


planícies e depressões.

Figura 17 - Classiicação geomorfológica brasileira de Jurandir Ross


Fonte : Ross, 1990

2.1.2.1 Os Planaltos

1) Planalto da Amazônia Oriental – formado por terrenos de uma bacia


sedimentar localizado na porção leste da região, numa estreita faixa que
acompanha o rio Amazonas. Suas altitudes atingem cerca de 400 m na
porção norte e 300 m na porção sul.

2) Planaltos e Chapadas da Bacia do Parnaíba – formados também por


terrenos de uma bacia sedimentar, estendendo-se do centro do Brasil
(GO-TO), até as proximidades do litoral norte, entre Pará e Piauí, sendo
cortados de norte a sul, pelas águas do rio Parnaíba. Aí encontramos
predominância de formas tabulares, as chapadas.

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Figura 18- Morros residuais do planalto Figura 19 - Emas se alimentando em campo
sedimentar de soja colhida sobre relevo de Chapada
Fonte : do autor Fonte : do autor

3) Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná – constituídos por terrenos


sedimentares e por depósitos de rocha de origem vulcânica (basalto e
diabásio) da era mesozoica. Localizam-se na porção sul (meridional) do
país, acompanhando os cursos dos afluentes do rio Paraná, atingindo
altitudes em torno de 1.000 m.

4) Planalto e Chapada dos Parecis - na porção centro-ocidental do país, indo


do Mato Grosso até Rondônia há o domínio de terrenos sedimentares,
com altitudes de cerca de 800 m, exercendo a função de divisor de águas
das bacias dos rios Amazonas e Paraguai (norte da bacia do Paraná).

5) Planaltos Residuais Norte-Amazônicos – região entremeada por terrenos


sedimentares e cristalinos, na porção mais norte (setentrional do país),
definindo em alguns pontos as fronteiras brasileiras e em outros, com
altas altitudes, como o Pico da Neblina (3014 m), na divisa do estado de
Roraima com a Venezuela.

Uma das formações


geológicas mais antigas do
mundo, o monte Roraima
é uma grande meseta
contornada por escarpas
abruptas e em parte sem
vegetação, na divisa do
Brasil com a Guiana.

Figura 20- Monte Roraima


Fonte : Enciclopédia Microsoft® Encarta® 2001. © 1993-2000 Microsoft Corporation

6) Planaltos Residuais Sul-Amazônicos - região também entremeada por


terrenos sedimentares e cristalinos, na larga faixa de terras ao sul do

36 Aula 2 - Geomorfologia
Rio Amazonas, desde a porção sul (meridional) do Pará até Rondônia. O
destaque é a presença de algumas formações em que são encontradas
jazidas minerais de grande porte, como a serra dos Carajás, no Pará.

7) Planaltos e Serras do Atlântico Leste e Sudeste - localizados na porção


oriental do país e, formados por terrenos predominantemente cristalinos,
com a presença de superfícies bastante acidentadas, com sucessivas
escarpas de planaltos, denominadas por Aziz Ab´Saber de "domínio
dos mares de morros". Há a presença de altitudes elevadas, como as
serras do Mar e da Mantiqueira. Na porção mais interior como em Minas
Gerais, encontramos uma importante área rica em minério, na serra do
Espinhaço, na região denominada Quadrilátero Ferrífero.

Figura 21- Serra do Mar na porção sul do Estado de São Paulo


Fonte : do autor

8) Planaltos Serras de Goiás-Minas - de formação antiga, predominantemente


cristalinos, estendendo-se do sul de Tocantins até Minas Gerais,
caracterizados por formas muito acidentadas, como a serra da
Canastra, onde estão as nascentes do rio São Francisco,
apresentando bastante formas tabulares, como as chapadas.

9) Serras e Residuais do Alto Paraguai – região de rochas cristalinas e


sedimentares antigas, que se concentram ao norte e ao sul da grande
planície do Pantanal, no oeste brasileiro. Destaque para a serra da
Bodoquena, na qual as altitudes alcançam cerca de 800m.

10) Planalto da Borborema – formado por rochas pré cambrianas e


sedimentares antigas na porção oriental no nordeste brasileiro, como um
núcleo cristalino isolado, atingindo altitudes em torno de 1.000m.

11) Planalto Sul-rio-grandense – predomínio de rochas de diversas origens


geológicas, com predomínio de material pré cambriano. Localiza-se na

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extremidade sul (meridional) do Brasil, no Rio Grande do Sul, conhecidos
como famosas "coxilhas", que são superfícies convexas, caracterizadas por
colinas suavemente onduladas, com altitudes inferiores a 450m.

2.1.2.2 Depressões

12) Depressão da Amazônia Ocidental – trata-se grande área sedimentar


no oeste da Amazônia, com altitudes em torno de 200 m, de superfície
Sobre classiicação do
relevo brasileiro: aplainada, atravessada ao centro pelas águas do rio Amazonas.
http://
professormarcianodantas.
blogspot.com.br/2011/09/ 13) Depressão Marginal Norte Amazônia - localizada na porção norte da
as-estruturas-e-as-formas-
do-relevo.html Amazônia, entre o planalto da Amazônia oriental e os planaltos residuais
/relevo_brasileiro.htm
norte amazônicos, com altitudes que variam entre 200 e 300 m e rochas
antigas.

14) Depressão Marginal Sul Amazônia - com terrenos predominantemente


sedimentares e altitudes, variando entre 100 e 400 m, localizada na porção
meridional da Amazônia.

15) Depressão do Araguaia – terrenos sedimentares que acompanham quase


todo o vale do rio Araguaia e altitudes entre 200 e 350 m.

16) Depressão Cuiabana – de terrenos sedimentares entre 150 e


400m, encaixa-se entre os planaltos da bacia do Paraná, dos Parecis e
do alto Paraguai.

17) Depressão do Alto Paraguai-Guaporé - predomínio das rochas


sedimentares, localiza-se entre os rios Jauru e Guaporé, no estado de
Mato Grosso.

18) Depressão do Miranda - atravessada pelo rio Miranda, localiza-se no MS,


no Pantanal sul. Predominas as rochas cristalinas pré-cambrianas, em
altitudes extremamente baixas, entre 100 e 150 m.

19) Depressão Sertaneja e do São Francisco - estende-se do sul de Minas


Gerais, ao litoral do nordestino passando pelo estados do RN e do Ceará
e acompanhando o rio São Francisco. Compõe-se de variadas formas e
estruturas geológicas, com existência de inúmeras chapadas e tabuleiros.

38 Aula 2 - Geomorfologia
Figura 22 -Depressão Sertaneja – Carnaúba dos Dantas-RN
Fonte:<http://professormarcianodantas.blogspot.com.br/2011/09/as-
estruturas-e-as-formas-do-relevo.html>

20) Depressão do Tocantins – nas margens do rio Tocantins, em grande parte


sobre terrenos cristalinos. As maiores altitudes variam de 200 e 500 m.

21) Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do Paraná - tem predomínio


de rochas sedimentares das eras Paleozoica e Mesozoica entre as terras
dos planaltos da bacia do Paraná e do Atlântico leste e sudeste. Suas
altitudes oscilam entre 600 e 700 m.

22) Depressão Periféricas sul-rio-grandense – compõem-se por


rochas sedimentares alinhadas com os rios Jacuí e Ibicuí, no Rio
Grande do Sul. Tem baixas altitudes em torno de 200 m.

2.1.2.3 Planícies

23) Planície do Rio Amazonas – antes de conhecermos melhor a região era


considerada uma das maiores planícies do mundo, hoje divide-se em
planaltos, depressões e planície. Ela é considerada apenas no aspecto
dos processos erosivo e deposicional (sedimentação), o que se restringe
a apenas 5% das terras amazônicas às margens dos rios. O restante, antes
considerado planície, é de outras formas de relevo.

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24) Planície do Rio Araguaia – faixa estreita de terras em sentido norte-sul do
médio do rio Araguaia, em terras dos estados de Goiás e Tocantins. Aqui
está a ilha do Bananal que, com uma área de cerca de 20.000 km2 , é a
maior ilha fluvial do planeta.

25) Planície e Pantanal do Rio Guaporé - faixa estreita de terras baixas, que
se alonga pelas fronteiras ocidentais do país, penetrando a noroeste, no
território boliviano, tendo seu eixo marcado pelas águas do rio Guaporé.

26) Planície e Pantanal Mato-grossense - é de formação


extremamente recente, do período quaternário da era Cenozoica,
com altitudes em torno de 100 m acima do nível do mar. Todo ano,
durante o verão, as águas drenadas para o rio Paraguai não
conseguem ser escoadas e alagam grandes áreas, daí o nome
"pantanal".

Figura 23 -Imagem aérea do Pantanal Mato-grossense


Fonte:<http://www.msnoticias.com.br/?p=ler&id=104455>

27) Planície da Lagoa dos Patos e Mirim – na parte sudeste do RS e nordeste


do Uruguai. Ela é de formação dominantemente marinha e lacustres, com
mínima participação da deposição de origem luvial.

28) Planícies e Tabuleiros Litorâneos - são porções do litoral brasileiro quase


sempre muito pequenas. Geralmente localizam se na foz de pequenos rios
que deságuam no mar. No litoral norte são mais largas e muito pequenas
no sudeste. E em trechos do litoral nordestino, essas pequenas planícies
apresentam-se intercaladas com áreas de maior elevação as barreiras-,
também de origem sedimentar.

40 Aula 2 - Geomorfologia
PONTOS MAIS ALTOS DO BRASIL
Pico Serra Altitude (mts)
da Neblina Imeri (AM) 3.014
31 de Março Imeri (AM) 2.992
da Bandeira do Caparaó ( ES /MG) 2.890
Roraima Pacaraima (RR) 2.875
Cruzeiro do Caparaó (ES) 2.861

O trabalho de Jurandir Ross apresenta cortes do relevo brasileiro, um


deles é o do Nordeste, no sentido Oeste-Leste, no qual observamos os
diferentes segmentos da geomorfologia.

Figura 24 - Corte geomorfológico do Brasil na região Nordeste, no sentido Oeste-Leste


Fonte: Baseado em Ross, (1990)

Podemos observar também a geomorfologia regional nos cortes da


região Sudeste com parte da Centro-Oeste e Norte brasileiras.

Figura 25 -Corte geomorfológico do Brasil na região Sudeste, no sentido Oeste-Leste


Fonte: Baseado em Ross, (1990)

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Figura 26 -Corte geomorfológico do Brasil na região Norte, no sentido Norte-Sul
Fonte: Baseado em Ross, (1990)

RESUMINDO
CARACTERÍSTICAS GERAIS DA GEOMORFOLOGIA BRASILEIRA
É muito antigo e Variedade de formas, tais Não apresenta
bastante erodido como serras e montanhas dobramentos modernos
antigas, planaltos, planícies,
(Montanhas-Cordilheiras)
depressões relativas,
chapadas, cuestas.
Planaltos (58,5% ) Apresenta modestas planícies (41%)
altitudes, uma vez que
93% do território brasileiro
possui altitudes inferiores a
900 metros
Fonte: http://www.hts-net.com.br/oemar/6_relevo_brasileiro.htm

As características gerais da geomorfologia brasileira são:

• É muito antigo e bastante erodido;

• Apresenta boa variedade de formas, tais como serras e monta-


nhas antigas, planaltos, planícies, depressões relativas, chapa-
das, cuestas etc.

• Não apresenta dobramentos modernos ( cordilheiras recentes );

• Apresenta modestas altitudes, uma vez que 93% do território


brasileiro possui altitudes inferiores a 900 metros;

• Apresenta predomínio de planaltos (58,5%) e planícies (41%).

42 Aula 2 - Geomorfologia
2.3 Escalas e Geomorfologia

Usaremos a Cartograia Geomorfológica para apresentarmos diferenças


entre as escalas em nossos trabalhos. Esta cartograia permite-nos
representar a gênese das formas do relevo e suas relações com a estrutura e
processos, bem como com a própria dinâmica dos processos, considerando
suas particularidades. Para Jurandir Ross (1996) ao se elaborar uma carta
geomorfológica devemos fornecer elementos de descrição do relevo,
identiicar a natureza geomorfológica de todos os elementos do terreno e
datar as formas.

A identiicação e a classiicação das formas do relevo, necessariamente


implicam considerar a gênese, a idade ou ainda os processos morfogenéticos
(formo=forma, gênese=nascimento, surgimento, formação) atuantes. A
questão da escala de tratamento ou de representação se constitui na premissa
básica para o grau de detalhamento ou de generalização da informação.
Casseti (2005) demonstrou essa variação escalar em seu trabalho sobre
geomorfologia, que apresentamos a seguir.

2.3.1 Representação geomorfológica em escala pequena

O mapa geomorfológico do Brasil de Jurandir Ross visto no início deste


módulo representa um mapa geomorfológico em escala pequena. Nele
podemos identiicar áreas as grandes unidades geomorfológicas do país, sem
mais detalhes. Se observarmos em nossos territórios poderemos notar que
algumas formações que conhecemos, como chapadas, morros sucessivos,
sedimentação luvial (de rios) não são apresentadas, somente cores para cada
unidade. Esses detalhes só podem ser apresentados na descrição da unidade,
como se viu anteriormente para os Planaltos, Planícies e Depressões brasieliras.

O próximo exemplo demonstra como uma escala nos possibilita apresentar


tudo isso.

Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 43


2.3.2 Representações geomorfológicas em escalas médias a
grandes

Neste exemplo para representação geomorfológica em escala


média, apresentamos uma parte da carta feita a partir das folhas DSG do
IBGE, da área do município no entorno de Jundiaí e Atibaia-SP.

Siglas: Pa – Planícies
Aluviais; Col - Colinas;
CMc – Colinas e Morrotes
de Cimeira; CMt – Colinas
e Morrotes; MMt – Morros
e Morrotes, Mr = Morros.
Mta = Morros com Topos
Agudos.

Figura 27 -Geomorfologia da área de Jundiaí-AtibaiaSP.


Escala: 1:150.000 Fonte: Carneiro; Souza , (2003)

O mapa compreende uma área que nos permite apenas representar as grandes
feições, ou táxons, do relevo, constituído por duas zonas geomorfológicas:
Serrania de São Roque e Planalto de Jundiaí, pertencentes à província do
Planalto Atlântico. A região sofreu soerguimento na transição para o Terciário,
sendo aplanaidas na área conhecida como Serra do Japi, cujas altitudes mais
altas chegam aos 1.250 metros. Predominam relevos de colinas e morros
baixos com topos convexos, conhecidos como morrotes.

Em uma escala ainda maior, podemos apresentar a geomorfologia de uma


cidade, como se vê para a cidade de Álvares Machado/SP.

Esta área se encontra na Bacia Sedimentar do Paraná e na morfoescultura do


Planalto Ocidental Paulista, mais precisamente no Planalto Centro Ocidental,
constituída principalmente de colinas amplas e baixas, com altimetria entre
300 e 600 metros e declividade média predominante entre 10 e 20%. É
dominada por topos suavemente ondulados, representados pela cor marrom,
vertentes côncavo-convexas, a grande parte da área em amarelo e planícies
de várzeas, em amarelo claro em ina faixa ao longo do curso dos rios.

44 Aula 2 - Geomorfologia
Notamos que, apesar de uniformidade dos relevos da área, eles podem ser
mostrados com mais exatidão nesta escala, o que a caracteriza como de
grande precisão, e de grande escala.

Figura 28 - Mapa geomorfológico da cidade de


Álvares Machado
Fonte: Vinha, (2013)

Atividade de aprendizagem

1. Escreva uma deinição para geomorfologia e explique as suas principais


formas: planalto, planície e depressão.

2. A área Central do Brasil teve subdivisões de seus planaltos na evolução


das classiicações de relevo de Aroldo de Azevedo, Aziz A’b Saber e de
Jurandir Ross. Analise as alterações e comente.

3. Enumere as características do relevo brasileiro.

4. As escalas servem para que possamos representar os fenômenos,


processos, relações e inúmeros fatores do espaço geográico. Em
geomorfologia as escalas são fundamentais para podermos representar
os relevos. Nos estudos de instalação de uma indústria de tratamento
de couro bovino, de abrangência municipal, qual deve ser a escala
geomorfológica? Justiique os motivos de sua escolha.

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5. Para a elaboração de um Estudo de Impacto Ambiental de uma usina
Hidroelétrica no rio Tocantins, na divisa dos estados de Tocantins e
Maranhão, a escala de estudos dos impactos nos dois estados e a de cada
município com terras inundadas utilizadas, foram, respectivamente?
Argumente sua resposta.

Resumo

Nesta aula, estudamos a geomorfologia ciência, que busca conhecer


a evolução dos relevos sobre a superfície terrestre. Definimos as três
categorias geomorfológicas maiores, o planalto, a planície e a depressão,
que definem o relevo dos lugares em qualquer escala. Delineamos as evolução
da classificação das várias unidades do relevo brasileiro, descrevendo-
os rapidamente. Apresentamos os cortes em perfil das unidades de relevo
brasileiro, com suas categorias.

Como é fundamental entendermos a dimensão da geomorfologia segundo


os agentes formadores, estudamos a escala em geomorfologia. Para isso
utilizamos de exemplos e exercícios focados na prática de controle ambiental,
na qual os estudos de uma ação humana deve ser dimensionado segundo a
escala do fenômeno.

46 Aula 2 - Geomorfologia
Referências

BUNGE, Mário. Filosoia da Física. Lisboa: Edições 70, 1984.

CARNEIRO, C. Dal R, ; SOUZA J. J. de. Mapeamento geomorfológico em


escala de semidetalhe da região de Jundiaí-Atibaia. Revista Brasileira de
Geomorfologia, Ano 4, nº 2, 2003.

GUERRA, A. T. Dicionário geológico - geomorfológico. 8. ed. Rio de Janeiro:


IBGE,1993.

ROSS, J. L. S. Geomorfologia: ambiente e planejamento. São Paulo : Contexto,


1990.

_______ Geograia do Brasil. São Paulo: Edusp,1996.

VINHA, T. M. Mapeamento Geomorfológico da área urbana e adjacências


da cidade de Álvares Machado-SP. Disponível em: <http://docs.fct.unesp.br/
semanas/geograia/>. Acesso em: jan. .

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Aula 3 - Pedologia e climatologia

Objetivos
• Entender a evolução pedológica;

• Compreender os ciclos de formação do solo;

• Desenvolver a habilidade de identiicar os horizontes pedológicos e a


partir deles, o tempo de formação;

• Compreender as técnicas de coleta de amostras de solo, identiican-


do os instrumentos necessários para tais procedimentos;

• Conhecer os conceitos fundamentais de climatologia;

• Entender os ciclos da circulação troposférica e a formação das zonas


de pressão;

• Compreender a classiicação dos climas brasileiros.

3.1 Pedologia

A Pedologia é uma ciência de estudo e classiicação dos solos existentes na


Terra. Ela trata do solo como um corpo natural tridimensional, caracterizando-o
sua estrutura, cor, consistência, mineralogia e profundidade , em uma sucessão
vertical em camada (horizontes) paralelas em relação à superfície do terreno.

O solo é, então, o objeto de estudo pedológico, portanto vamos agora


entender como se dá sua gênese (formação), suas relações com outros
fatores importantes para o ser humano e alguns de seus ciclos para a vida.

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A formação do solo depende do material de origem, da rocha ou dos
sedimentos dos quais ele se formou; do clima, mais ou menos quente, árido;
do relevo, inclinação, localização na paisagem geomorfológica; os agentes
físicos e químicos, que intemperam (que destroem a rocha original) e do
tempo em que ele está sendo formado.

A rocha de origem (material originário) é imtemperizada pela ação dos


agentes físicos, químicos e biológico, formando os solos pelo processo
chamado de pedogenético (pedo=solo, genético=origem). Alguns solos são
formados a partir de materiais transportados de outros locais e depositados
em determinadas áreas. Este processo pedogenético é comum em
ambientes tropicais, como a maior parte do Brasil. Dependendo dos minerais
que constituem a rocha original, será constituído o solo em qualidades de
granulometria (o tamanho das partículas que o constituem), de nutrientes
minerais e de variedade química.

Uma tendência comum à granulometria, que também é chamada de textura,


é que solos originados em rochas magmáticas, como o basalto e o granito,
são mais argilosos (partículas inas), já os originados de rochas areníticas,
tendem a ser mais arenosos (partículas maiores, denominadas grosseiras).

A desagregação da rocha que forma o solo é resultado também dos climas


que podem facilitar os processos físico-químico-biológico. Os elementos do
clima, cuja atuação sobre a pedogênese é mais direta, são a radiação solar
(calor), precipitação pluvial (água) e pressão atmosférica (vento). Eles agem
de acordo com adescrição a seguir:

• o calor inlui diretamente nas atividades das reações químicas e processos


biológicos que ocorrem no peril do solo;

• a água promove a reação de hidrólise (ataque de íons H+ à estrutura


de minerais, com consequente colapso e destruição dos minerais), onde
ocorre a hidratação do solo;

• a água excedente atua no desenvolvimento do peril do solo conforme


a sua quantidade: regiões onde a quantidade de água excedente é
grande, geralmente apresentam solos mais profundos, pois a velocidade
dos processos pedogenéticos é mais acentuada;

50 Aula 3 - Pedologia e climatologia


• o vento causa a erosão eólica e o ressecamento da superfície do solo,
transporta os sedimentos e deposita os em montes e dunas que, depois
de consolidados, (ixados) dão origem aos solos.

Figura 1 - Evolução da formação de um solo

A formação do solo inicia-se


a partir da rocha original
que pelos processos
de formação vai-se
desagregando e formando
os peris (camadas).

Fonte: Confeccionado com base em EMBRAPA, 2006

O clima relaciona-se diretamente com o tipo de vegetação local, que pode


ter grandes variações botânicas. Quanto maior for a biomassa (quantidade
de vida vegetal produzida pela vegetação existente sobre o solo), mais há A biomassa (massa
biológica) é a quantidade de
desagregação da rocha de origem, pois há mais água que penetra na rocha, matéria orgânica produzida
numa determinada área de
mais desagregação física pela erosão, química pela oxidação e biológica pelos um terreno.
Atualmente, a biomassa
micro-organismos. pode ser uma boa opção
energética, pois é renovável
e gera baixas quantidades
O relevo tem sua inluência na formação dos solos, pois se mais plano, de poluentes. Numa usina
de álcool, por exemplo,
possibilita maior iniltração da água, acelerando os processos de formação os resíduos de cana-de-
açúcar (bagaço) podem
que acabamos de comentar e também não carregam muitos sedimentos ser utilizados para produzir
biomassa e energia.
(erosão), pois escorrem pouco pela superfície. Nos relevos mais inclinados, o A utilização da energia da
biomassa é de fundamental
escorrimento é maior e a iniltração menor, aumentando a erosão e diminuindo importância no
desenvolvimento de novas
a iniltração, causando uma formação mais lenta, ao mesmo tempo em que alternativas energéticas.
Sua matéria-prima já é
retira a parte supericial do solo. empregada na fabricação
de vários biocombustíveis,
como, por exemplo, o
Na relação do relevo com o clima, podemos dizer que em climas tropicais mais bio-óleo, BTL, biodiesel,
biogás, etc.
úmidos, os relevos planos possuem solos mais profundos, pois sua formação Fonte: http://www.
brasilescola.com/geograia/
é mais rápida e são pouco erodidos, pois quanto mais inclinado for o relevo, biomassa.htm
menor será a profundidade dos solos (rasos) e a erosão será intensa. Em

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climas mais áridos (de pouca chuva), os solos são mais preservados em suas
características originais, ou seja, guardam mais os minerais e a granulometria
da rocha original, pois os processos físico-químico-biológicos proporcionados
pela água ocorrem pouco como, é o caso dos solos do semiárido brasileiro.

Os micro-organismos são os vegetais e os animais de dimensões microscópicas,

Figura 2 - Formação dos solos

A formação do solo é que


proporciona a diferenciação
de seus horizontes. O
primeiro horizonte a se
formar é o ‘A’, depois os
outros, desta forma, solos
com diferenciação de
todos os horizontes são de
formação antiga.

Fonte : confeccionado com base em: GUERRA, 1993

eles desempenham papel importante na diferenciação dos horizontes do solo,


pois a microlora (algas, fungos e bactérias, principalmente) e a microfauna
(especialmente os protozoários e nematóides) decompõem os restos vegetais
e animais e, em consequência, liberam o húmus, uma mistura complexa de
substâncias amorfas coloidais. São esses nutrientes que alimentam o ciclo
inicial da cadeia alimentar e as próprias plantas que ofereceram o material
para decomposição.

Os solos recebem atenção diferenciada segundo as áreas de conhecimento.

Figura 3 - Ciclo de nutrientes no solo

Fonte : Confeccionado com base em: EMBRAPA, 2006

52 Aula 3 - Pedologia e climatologia


Para a agricultura, há maior interesse na porção supericial, na qual as plantas
se desenvolvem, mas importando, também: a iniltração, a granulometria
e sua idade, por isso utilizam de toda a pedologia em suas análises. Para a
engenharia, o comportamento físico do solo é mais importante, por isso
utilizam mais da a mecânica dos solos, ou seja, a sua granulometria. Na
geologia os solos são observados segundo a rocha de origem, resultando
numa classiicação genética.

Figura 4 - Peril de solo tropical


Na igura podemos observar
um solo formado com os
horizontes diferenciados.
Podemos observar que os
agentes formadores do solo
agem segundo os fatores
relacionados. Desta forma a
área circundada em branco,
na qual há uma iniltração
maior da água das chuvas,
carrega maior quantidade
de nutrientes do horizonte
‘A’ para os horizontes mais
profundos. Isso ocorre pela
ação mecânica (processo
físico) das raízes (processo
biológico) que abriram o
caminho para a iniltração
da água da chuva (clima)
que carrega os nutrientes
(gerados pelos micro-
organismo).
Fonte : do autor

3.1.1 Material necessário para a Coleta de Amostras

Para a coleta adequada das amostras de solo em qualquer área de


conhecimento, comumente utilizam-se trados. Eles podem ser do tipo:

• holandês - adequado para amostragem de até 80 cm de profundidade


e tem bom desempenho em qualquer tipo de solo, embora exija grande
esforço físico;

• de rosca - mais usado em solos arenosos e úmidos;

• concha (ou caneco) - ideal para solos secos e compactados;

• calador - ideal para solos de textura média e úmido;

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• pá de corte - mais simples e disponível para o agricultor. Para tradagens
mais profundas são utilizados equipamentos helicoidais mecanizados,
que usam um motor.

Estas tradagens têm característica de perfuração e são realizadas para


conhecer a mecânica dos solos para construção civil ou conhecimentos mais
detalhados dos horizontes profundos do solo.

Figura 5 - Trados

Fonte : TROEH e THOMPSON, 2007

Além dos instrumentos citados, são necessários, ainda, para a coleta,


recipientes limpos, lápis, sacos plásticos e etiquetas. A seguir, apresentarmos
um modelo de etiqueta.
Quadro 1 – Exemplo de etiqueta

Propriedade _________________________________________________
Proprietário __________________________________________________
Município ___________________________________________________
Identiicação _________________________________________________
Cobertura do solo _____________________________________________
Data da coleta ________________________________________________
Profunididade dos horizontes ‘A’. ____________ ‘B’ ______________
Cor dos horizontes ‘A’. _____________ ‘B’ _______________
Materiais presentes (raízes, cascalhos, nódulos minerais, restos animais etc)
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
Fonte : do Autor

54 Aula 3 - Pedologia e climatologia


3.2 Climatologia

A Climatologia é uma ciência cujos objetos de estudo são as manifestações


climáticas que podem atribuir diferentes qualidades, a qual convencionou-se
chamar de clima. É necessário então buscarmos as deinições necessárias à Visitar o sítio do Cptec:
http://www.cptec.inpe.br/
sua construção conceitual. Pesquisar nos tópicos:
Tempo, e acessar abaixo do
mapa, ver para os próximos
Primeiramente, o objeto principal da climatologia, o clima, se deine por ser a 6 dias Clima; acessar a
previsão para sua região e
síntese dos estados de tempo de um dado local (uma sucessão de vários anos), depois para sua cidade.
Clima, acessar infoclimas,
nas várias escalas de observação. Ele é deinido por meio da estatística, que se depois boletins.

utiliza de valores médios, valores extremos, probabilidades de ocorrência ou Assistir ao ilme sobre
aumento da temperatura
de excedência. em Uberlândia, “Estudo
Climatologia”: http://
www.youtube.com/
watch?v=RIbO-SZRTCE
O tempo, que ao ser entendido e discriminado para os espaços, considera
que num dado instante (um dia, um momento do dia ou um período do dia)
há uma situação para o conjunto de elementos atmosféricos: temperatura do
ar, vento à superfície, pressão atmosférica, nebulosidade, humidade relativa
do ar. É o que estamos acostumados a ouvir nos vários veículos de informação
como previsão do tempo, que é sempre descrita pelas condições dos elementos
que compõem o clima naquele dia.

Ao clima interessam a duração, a permanência e a repetição de fenômenos,


também a frequência e os desvios, pois podem inferir-se sua evolução futura.
Ele comporta-se como um sistema complexo composto pela atmosfera, a
hidrosfera, a criosfera, a litosfera e a biosfera. O sistema climático varia segundo
as relações desses subsistemas, portanto, a alteração de um deles inicia
processos em cadeia. Podemos exempliicar com a alteração das correntes
marítimas, a alterção dos padrões térmicos e pluviométricos, o aquecimento
do planeta. O sistema, quando alterado, tende sempre ao equilíbrio, em mais
ou menos tempo.

O clima também possui escala de análise, que são padronizadas.

Quadro2 – Relação da Escala e suas dimensões temporais e fenomenológicas


ESCAlA DIMENSÃO TEMPO FENÔMENO
Planetária (muito > 10.000 Km Meses / Semanas Anticiclones
pequena) Subtropicais

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Sinóptica 500Km a 5.000 Semana / Dias Depressões
(pequena) Km
Mosoescala 1Km a 500Km Horas / Dias Tornados
(méida)
Microescala < 1 Km Minutos Nuvem
(grande)
Fonte : TEIXEIRA, 2000

Os fenômenos climáticos ocorrem na Troposfera, camada mais baixa da


atmosfera, cuja temperatura diminui com a altitude. Essa diminuição ocorre
porque a radiação solar, ao passar pelo ar, não o aquece, para que isso ocorra, a
superfície terrestre se aquece e depois aquece o ar. Nas altitudes maiores, pela
força de gravidade, há menor quantidade de ar para ser aquecido e menor
absorção da radiação solar. Por isso, quanto mais próximos da superfície do mar,
há tendência de maior calor. Observe a igura que mostra o comportamento
da temperatura na atmosfera.

Figura 7 - Camadas da atmosfera terrestre

Fonte : Construído com base em AYOADE, 1996

Além dessa capacidade da atmosfera, existe um fator que causa a diferenciação


das zonas climáticas. Como o aquecimento do ar depende da radiação solar, o
ângulo de incidência que a luz do sol tem sobre a Terra vai deinir que exista:
maior absorção quando o ângulo for mais direto, perto de 90º, e menor ao
passo que a inclinação aumenta. Essa característica quanto à absorção da

56 Aula 3 - Pedologia e climatologia


radiação solar e o consequente aquecimento do ar, cria faixas de temperatura,
denominadas de faixa equatorial, tropical, Sub-tropical (Temperada) e polar.

Figura 6 - Absorção de radiação solar e fauxas climáticas

Fonte : Construído com base em AYOADE, 1996

As diferenças que acabamos de ver são responsáveis pela circulação


atmosférica. O ar das áreas mais frias circula para as mais quentes e o que
proporciona isso são as zonas de pressão. Na faixa equatorial, mais quente, o
ar é mais dilatado, e sobe para o topo da Troposfera, nesta área do planeta as
zonas são de baixa pressão (pode ser entendida como pressão que o ar exerce
sobre a superfície).

Nas faixas tropicais, o ar menos aquecido se desloca para a faixa equatorial,


criando as correntes de vento alíseos (massas de ar), por serem mais frias que
as zonas de pressão equatoriais, estas zonas são de baixa pressão.

Ocorre que as faixas mais extremas do planeta, as polares, muito mais frias que
as tropicais, são zonas de pressão extremamente altas (há maior quantidade
de ar por metro quadrado, portanto mais pressão) e acabam por deslocarem
os ventos alíseos em direção às zonas de baixa pressão tropicais.

Estes deslocamentos ocorrem na superfície da crostra terrestre, em


contrapartida, o ar que se desloca de uma zona de pressão à outra deve ser
ocupado por outro ar, senão criaria-se uma área com pouquíssimo ar. Assim
ao mesmo tempo que os ventos se deslocam na superfície, pelos ventos
denominados alíseos, no topo da Troposfera os ventos têm sentio contrário,
contra-alíseos.

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Figura 8 - Célula de circulação em atmosférica e circulação em um
planeta sem rotação

Fonte : Construído com base em AYOADE, 1996

Figura 9 – circulação atmosférica e zonas de pressão

Este modelo de circulação


de três células é uma
idealização, pois na
realidade os ventos não
são estacionários, e as
regiões de altas/baixas
pressões não são contínuas,
implicando variações
importantes, como a
circulação atmosférica com
a longitude e a latitude, a
quantidade de terras nos
hemisférios e as altitudes.

Fonte : Construído com base em: AYOADE, 1996

Estes modelos que acabamos de observar na igura 9 são para um planea


ideal, ocorre que há ainda uma força muito importante, a de Coriolis. Ela é
o resultado da rotação do planeta. Como a atmosfera é um gás que não está
ixado na crosta, ele tende a ‘torcer’ para trás, ou seja, o planeta gira no sentido
leste a uma velocidade e o gás em outra, menor. Isso cria uma tendência para
oeste dos ventos.

A igura apresenta a movimentação das correntes de vento da Terra,


incorporando a terceia força, a de rotação do planeta (força de Coriolis). Os
ventos se leslocam das zonas anti-cilonais de alta pressão para as ciclonais, de
baixa pressão; a força Coriolis, causa a existência dos ventos alísios de nordeste
no Hemisfério Norte e dos alísios de sudeste no Hemisfério Sul.

58 Aula 3 - Pedologia e climatologia


Figura 10 – Circulação atmosférica considerando a força de Coriolis e
zonas de ciclone e anti-ciclone
Zonas de baixa pressão
formam Ciclones

Zonas de alta pressão


formam Anti-Ciclones

Fonte : Construído com base em: AYOADE, 1996

A circulção atmosférica ocorre então pelo deslocamento de massas de ar, e elas


podem ser polares, tropicais e equatorias. Dependendo de onde se originam,
no continente ou nos mares, elas recebem sua denominação. Esses fatores
determinam se elas são quentes ou frias. Classiicando as massas de ar que
atuam sobre o Brasil, vamos observar a igura a seguir que mostra também a
circulão das massas de ar e suas denominações.

Podemos notar que a circulação atmosférica em nosso país depende das massas
de ar que vêm do Atlântico, no polo sul (mPa), porém há uma coniguração
entre as zonas de pressão Equatorial Continental (mEc) e Tropical Atlântica
(mTa) que durante o verão do hemisfério sul cria uma troca de umidade entre
a zona de pressão Equatorial Atlãntica (mEa) e a continental, que por sua vez,
se remete à Tropical Atlântica. Esse fenômeno é conhecido como Zona de
Convergência do Atlântico Sul (ZCIT). Esse fenômeno causa muitas chuvas na
região central do Brasil, nos biomas Cerrado e na região Sudeste.

Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 59


Figura 11 – Massas de ar sobre o Brasil e zonas de pressão

mPa – zona de pressão


polar Atlântica/massa de
ar pola Atlântica; mTa -
zona de pressão tropical
AtlÂntica/massa de ar
Tropical atlântica; mTc -
zona de pressão Tropical
continental/massa de ar
Tropoical continental; mEc
- zona de pressão Equatorial
continental/massa de ar
Continental equatorial;
zEa – zona de pressão
Equatorial atlântica/massa
de ar Equatorial atlântica.

Fonte : http//:www.geopalavra.wordpress.com/

Figura 12 – ZCIT

A Zona de Convergência
Inter-Tropical do Hemisfério
Sul cria uma área contínua
de troca de ventos entre a
Amazômnia e o AtlÂntico
sul, abaixo do Trópico da
Capricórni, durante o verão

Fonte : Climatempo http://sindeaux.webnode.pt/news/zona%20de%20


converg%sul/converg%sul/

Essa coniguração de circulação atmosférica, somada a outros fatores como a


latitude, a distância do oceano, a altitude, a geologia e a geomorfologia dos
lugares concorrem para o estabelecimento dos climas nas diferetes escalas que
são classiicadas segundo diferentes autores. Trataremos aqui da classiicação
de Köppen, que utiliza de três níveis de letras para especiicar como o clima se
comporta ao longo do ano.

60 Aula 3 - Pedologia e climatologia


3.2.1 Classiicação climática de Köppen

Nessa classiicação dos tipos climáticos criada por Köppen, são considerados
os valores médios anuais, distribuidos nas médias mês-a-mês, a sazonalidade,
a temperatura do ar e a preciptação. Ela é estruturada em 5 grandes grupos,
observar a seguir:

A Megatérmico-Tropical: Quente o ano todo – alta precipitação anual;


B Árido: seco (preciptação anual menor que 500 mm/ano);
C Temperado Quente-Mesotérmico: verão-inverno deinidos;
D Temperado frio (Continental) – Microtérmico: inverno mais frio;
E Polar/Glacial/Alta Montanha: frio todo o ano.

As letras que classiicam o clima em suas generalidades são seguidas por


outras, estas segundas letras podem ser maiúsculas ou minúsculas. Nestes
casos elas diferenciam o regime de chuvas (pluviométrico) durante o período
de uma ano, segundo o comportamento médio das regiões. Elas podem ser
especiicadas como se vê no quadro a seguir.

GRuPO (S) DRESCRIÇÃO Código


A Clima de Monção – Pluviosidade > 1.500mm no m
mês mais seco < 60mm
Úmido com chuvas distribuídas por todos os meses f
Chuvas no verão w
Chuvas no inverno s
A-B-C
Chuvas de Verão-outono w’
Chuvas de Inverno-outono s’
Climas de Estepes – Pluviosidade entre 380 e S
760mm
B Clima desértico - Pluviosidade < 250mm W
Temperatura no mês mais quente entre 0 e 10°C T
E Temperatura no mês mais quente < 0°C F
Precipitação abundante – inverno ameno M

Há, ainda, uma terceira letra, minúscula, somente para os grupos B, C e D. Ela
especiica a temperatura do mês mais quente.

GRuPO (S) DRESCRIÇÃO Temperatura Código


B Desertou ou semideserto quente (T > 18°C) h
Desertou ou semideserto frio (T < 18°C) k

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Média no mês mais quente > ou = 25°C a
Média do mês mais quente < 22°C b
Média nos 4 meses mais quentes > 10°C
C-D Média do mês mais quente < 22°C
Média nos 4 meses mais quentes > 10°C c
Média do mês mais frio > -38°C
D Média do mês mais frio > -38°C d

3.2.1.1 Classiicação de Köppen para o Brasil

Há inúmeras classiicações que podem ser utilizadas para regionalizar o


território em escalas nacionais e continentais. Para o nosso país o IBGE possui
uma diferença as regiões climáticas considerando a classiicação de Köppen.
Primeiramente, há uma divisão por zonas climáticas, que equivale à primeira

Figura 13 – climas do Brasil segundo IBGE

Fonte : IBGE, 2002

letra da do sistema de classiicação.

Para as diferenças dentro das zonas climáticas, que ocorrem por situações
quanto à altitude, distância do mar, proximidade com grandes corpos d´água,
precipitações por frentes, e outras causas, colocam-se as letras especíicas,
como se vê no mapa abaixo.

62 Aula 3 - Pedologia e climatologia


Podemos perceber que as zonas climáticas Equatorial e Tropical do Brasil
Central apresentam áreas com mesma qualiicação climática. O que ocorre
também com as zonas do Brasil Central, Temperado, Tropical Equatorial.
Ocorre que as pequenas variações de temperatura, precipitação, quantidade
de meses secos e úmido os agrega em uma categoria climática igual.

É importante entendermos as peculiaridades climáticas para passarmos à vida


que se estabelece sobre o espaço geográico, que depende grandemente
da umidade e da temperatura para se fazer mais ou menos diversiicada e
assumindo características própria a cada situação.

Figura 14 – Climas do Brasil segundo classiicação de Köppen

Fonte : IBGE, 2002

Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 63


Atividade de aprendizagem

1. A formação pedológica depende de fatores com a rocha original, o


clima, o relevo e outros. Relacione a formação de um solo em ambiente
tropical, com índices de chuva (pluviométricos) alto e relevo plano.

2. Os horizontes pedológicos são mais ou menos presentes segundo sua


evolução e seus fatores. Descreva a pedogênese, o clima e o relevo de
um solo que possui todos os horizontes e o ‘A’ possui bastante matéria
orgânica.

3. Os ventos circulam segundo a existência das zonas de pressão. Explique


que zonas de pressão existem e em que direção o ar se movimenta.

4. Quais as zonas de pressão existentes na América que interferem no


clima brasileiro.

5. O que é a ZCIT do Atlântico Sul?

6. A classiicação climática de Köppen especiica por letras os climas


a partir de sua classiicação por zonas climáticas. Para o Brasil, o
IBGE realizou o mapeamento em escala nacional, dos climas nessa
classiicação. Escolha três climas dessa classiicação, uma de cada zona
climática, e descreva-os.

7. Qual o motivo de os ventos tenderem a se direcionarem para sudoeste


no hemisfério norte e para noroeste, no hemisfério sul?

Resumo

Nesta aula estudamos o solo, sua evolução e seus ciclos de formação. Buscamos
desenvolver as habilidades dos alunos em identiicar os solos, seus horizontes
e os estágios evolutivos.

64 Aula 3 - Pedologia e climatologia


Para o entendimentos da evolução e do estágios pedológico de uma
determinada área, especíicamos as técnicas de coleta de amostras de solo,
identiicando os instrumentos necessários para tais procedimentos, com
vistas à compreensão do solo.

A formação dos solos vincula-se grandemente ao clima e aos paleoclimas,


portanto estudamos neste ponto os conceitos fundantes da climatologia e os
fatores climáticos. Os estudos visaram o entendimento dos ciclos de circulação
atmosférica da troposfera e a formação das zonas de pressão, que resultam na
característica de cada clima do planeta. Tendo apreendido esses conteúdos,
pudemos entender as classiicações dos climas, dando ênfase à de Köppen, a
mais completa e utilizada mundialmente.

Referências

AYOADE, J. O. Introdução à Climatologia dos Trópicos. São Paulo: Difel, 1996.

EMBRAPA. Sistema brasileiro de classiicação de solos (Org). José Franscisco


Bezerra Mendonça. Brasília: Embrapa, 2006.

GUERRA, A. T.. Dicionário geológico- geomorfológico. 8. ed. Rio de Janeiro:


IBGE,1993.

IBGE. Climas Brasileiros. Rio de Janeiro: IBGE/ Diretoria de Geociências,


Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais, 2002.

______ Atlas do Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2004.

TEIXEIRA, W.et al. Decifrando a Terra. São Paulo: Oicina de textos, 2000.

TEREZO, C. F. Novo Dicionário de Geograia. São Paulo: LivroPronto, 2007.

TROEH, F. R.; THOMPSON, L. M.Solos e fertilidades dos solos. São Paulo:


Andrei, 2007.

Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 65

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