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[...]A se observar o que diz Carlos Ervedosa (1974, p. 21), Maia Ferreira “é um
dos casos típicos da assimilação cultural que se registrava nos primórdios do
século XIX”. Talvez por isso possa ser considerado, como querem alguns
críticos, antecessor dos precursores
O protesto anticolonial tomou uma feição muito mais direta com a publicação
da revista Cultura em 1957[...]Para além da contestação contra o colonialismo,
desenvolve-se, progressivamente, uma temática que tem a ver com a
evocação e a invocação da “mãe-pátria”, da “terra grande” da África. Quase
todos esses poetas tratam dos temas da identidade, da fraternidade, da terra
angolana como pátria de todos – negros, brancos e mestiços. De grande
importância é também o tópico da alienação, sobretudo a que respeita ao
estado de espírito do branco nascido e criado em Angola. Muita
da poesia revela-se também de caráter intimista, como é o caso de poemas de
Mário Antônio
A partir dos anos 80 surge uma nova geração de escritores, cujo ecletismo é
característica mais marcante[...]as vozes que despontam no cenário literário
africano na contemporaneidade consolidam uma luta travada nos primórdios
das guerras pela descolonização nos países africanos de língua portuguesa.
Desvincular a língua portuguesa da tradição europeia foi o primeiro passo dado
por autores que ansiavam encontrar a palavra precisa, transgressora e
fundadora de um novo lirismo com marcas próprias. Os escritores dessa nova
poética inserem em suas poesias aspectos característicos dos falares do povo
A língua portuguesa distanciada da matriz, “aclimatada” em solo africano, sofre
a distensão necessária para viabilizar a escrita poética em vários sentidos.
Esse mecanismo propicia os desvios que consolidam a produção de uma
literatura que transgrede os modelos europeus para se afirmar intensamente
africana
Inocência Mata (2001, p. 63) afirma, com relação à literatura angolana, que a
construção literária da nação se fez particularmente através da poesia, que
assumiu a “coletivização da voz”. Esse aspecto está presente, sobretudo, na
produção poética do pré-independência, que cantou a construção de uma
África livre e exibiu ao mundo as mazelas depressão colonialista. Essa
vertente, muito forte na poesia, não esteve, no entanto, afastada da ficção, que,
ainda no século XIX (parei aqui)
Falta ....................
Moçambique
Mia Couto transfere todo o seu potencial poético para a ficção. O moçambicano
Antônio Emílio Leite Couto, ou Mia Couto, é um dos escritores mais conhecidos
da África e da língua portuguesa. É autor de vários livros de narrativas curtas
(contos e crônicas) [...]
Nas narrativas de Mia Couto chama a atenção o motivo comum que atravessa
sua escrita: a profunda crise econômica e cultural que acompanha o quotidiano
da sociedade moçambicana, durante e depois da guerra civil, ou seja, após a
independência nacional. Suas obras problematizam a instabilidade na qual está
mergulhado o povo moçambicano, a corrupção em todos os níveis do poder, as
injustiças como consequência de um racismo étnico, a subserviência perante o
estrangeiro, a perplexidade face às rápidas mudanças sociais, O desrespeito
pelos valores tradicionais, a despersonalização, a miséria. [...]
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