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Voltando ao WhatsApp, é importante lembrar que o aplicativo nasceu com um propósito diferente
que outros serviços de mensagens, como o Facebook Messenger e Skype. O WhatsApp parte do
pressuposto de que ele vai ser usado em um único aparelho e, por esse motivo, não precisa
armazenar as mensagens transmitidas em sua rede para sincronizar as conversas entre diferentes
dispositivos.
Quando você usa o Facebook Messenger, por exemplo, pode iniciar uma conversa no computador, ir
para o celular, no tablet, ir para outro celular, e por aí vai - a conversa estará sincronizada, porque o
Facebook retransmite essas mensagens. No WhatsApp, não é tão simples. Se você desligar o
celular principal onde o WhatsApp foi instalado, nenhum outro dispositivo conectado pelo WhatsApp
Web receberá mensagens, porque o servidor do WhatsApp envia as mensagens uma única vez e
depois (pelo que se sabe) as descarta. Além disso, se você ativar o WhatsApp com o mesmo
número em outro aparelho celular, a instalação anterior deixa de funcionar.
Isso não quer dizer que o WhatsApp não possa armazenar essas mensagens, mas ele não precisa.
Além disso, antes de pertencer ao Facebook, o WhatsApp não tinha utilidade alguma para esses
dados. No papel, o "modelo de negócios" do WhatsApp se sustentaria com a cobrança de uma
assinatura periódica. Utilizar as informações dos usuários de modo comercial - como o Facebook,
atual dono, faz - não era parte do plano.
Parece, então, que o Facebook teria motivo para mudar isso. Mas, ao contrário, com a adoção da
criptografia ponto-a-ponto, o WhatsApp de fato perde a capacidade de ler ou armazenar quaisquer
mensagens em um formato legível. Isso porque, com a criptografia ponto-a-ponto, o remetente
embaralha a mensagem de tal maneira que só o destinatário pode decifrá-la. O WhatsApp é só um
burro de carga levando a mensagem de um lado para outro, sem ter ideia do que está transmitindo.
Essa pergunta permanece sem resposta clara nos tribunais, mas, enquanto se discute, tecnologias
de criptografia se proliferam: o iPhone usa, o Android usa, o Windows Phone 10 vai usar, o Windows
para empresas usa (por meio do Bitlocker) e quem não está contente com essas ofertas pode ainda
se valer de uma variedade programas de terceiros com essa finalidade.
Exemplo: quando a Polícia Federal, com a cooperação do FBI, não conseguiu acessar os dados do
banqueiro Daniel Dantas na operação Satiagraha deflagrada em 2008, soube-se que Dantas usou o
programa TrueCrypt. O TrueCrypt não mais existe, mas ele tem sucessores que, como ele, são
gratuitos.
Curiosamente, porém, o WhatsApp facilita a migração de um telefone para outro por meio de uma
sincronização com o Google Drive. Isso quer dizer que, embora o WhatsApp não tenha as
conversas, é possível que o Google as tenha.