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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE

FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS PROGRAMA DE PÓS-


GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS

ROTEIRO1 PARA LEITURA E FICHAMENTO DE TEXTOS2

Referência completa do texto Texto original “ Die Großstädte und das Geistesleben”, In: Simmel,
Georg, Gesamtaugabe. Frankfurt: M. Suhkam. 1995, pp 116 – 131. Tradução de Leopoldo Waizbort.

Informações sobre o autor(a) Georg Simmel (1858 – 1918), nasceu em Berlim, Alemanha, local aonde
viveu até quase o final da vida, dedicou-se ao estudo sobre a modernidade, interpreta-se que sua teoria do
moderno trata-se do enfrentamento ao mundo em que vivia (WAIZBORT, 2006)

Assunto /tema abordado Tema central abordado pelo autor é a modernidade, com atenção especial aos
impactos da economia monetária, da divisão do trabalho e sua repercussão na transformação do modo de
vida do homem.

Problema central discutido pelo autor. As repercussões da vida em sociedade altamente urbanizadas
é capaz de provocar nos indivíduos que vivem nas grandes cidades com atenção especial ao tema da
autonomia e individualidade nas grandes cidades

Objetivos do(a) autor(a) Trazer uma discussão acerca dos fenômenos modernos, no qual a cidade
grande é o cenário da reflexão Simmeliana, discutindo a repercussão da monetarização e da divisão do
trabalho social nas sociedades modernas, refletindo estas alterações causados por estes fenômenos no
cotidiano dos indivíduos, que agora estão submetidos a uma lógica completamente diferente das sociedades
pré-modernas, expostos a uma infinidade de estímulos nervosos.

Ideias e argumentos principais. Que a metrópole altera os fundamentos sensoriais da vida psíquica”,
postulando que os sujeitos assumam determinadas posturas mentais, para preservarem a vida nestas
sociedades. Tendo com principal consequência o distanciamento das relações afetivas, além do processo de
intelectualização, a reserve e atitude blasé

Categorias e conceitos usados pelo autor Intelectualização que se refere a uma busca de
consciência elevada uma predominância da inteligência nos indivíduos metropolitanos. A reserve que se
refere a busca pela autopreservação dos indivíduos metropolitanos. Atitude Blasé que é característica do
tipo metropolitano, e possui sua essência nas cidades grandes, onde a economia monetária

Hipóteses de trabalho do autor Que “a metrópole altera os fundamentos da sensoriais da vida


psíquica”. E que o indivíduo produzido pelas metrópoles por esta exposto a uma infinidade de estímulos
nervosos, que transformam os aspectos sensíveis da vida anímica, diametralmente oposto as condições
proporcionadas nas cidades pequenas e no campo.

Conclusões do autor: No estudo sobre os fenômenos da modernidade, Simmel identifica a cidade como
epicentro das transformações que o capitalismo e a modernidade proporcionam, compreendendo esta como o
campo propício para o desenvolvimento da economia monetária e da divisão do trabalho social. Construindo
uma reflexão, acerca do papel destes fenômenos em alterações mais profundas, no cotidiano dos indivíduos.
Diferentes das sociedades antigas, feudais ou pré-modernas, este indivíduo é bombardeado, por uma
infinidade de estímulos, por meio de imagens, sons, e a própria velocidade da vida, intensificada pelas
grandes cidades. É neste contexto que os indivíduos buscam incessantemente, o que Simmel categorizou
como o maior problema da vida moderna, a busca incessante em preservar sua autonomia, singularidade do
seu ser, em contraposição as hercúleas forças sociais, herança histórica e cultural, numa tentativa de
reconhecimento social e preservação das especificidades da sua personalidade.

Resumo do texto
O indivíduo moderno tem a pretensão de preservar sua autonomia e singularidades de sua existência, frente
a superioridade das grandes sociedades, das heranças histórica e cultural, da técnica da vida (disputa travada
entre o homem primitivo e a natureza pela sobrevivência). O século xviii é marcado pela defesa da liberdade
e emancipação humana frente a igreja, ao estado e demais instituições que impossibilitavam a conexão do
homem com sua natureza originalmente boa. O século xix além da liberdade clama pela singularidade humana
e dos feitos a partir da divisão do trabalho, ao passo que produz uma relação de interdependência dos
indivíduos uns com os outros e com o todo, colocando-se em oposição a resistência do sujeito a ser nivelado
e consumido em um mecanismo técnico-social. Neste contexto Simmel compreende as cidades como o espaço
onde, os produtos da vida especificamente moderna são indagados acerca de sua essência onde “o corpo da
cultura é indago acerca de sua alma”. A busca se dar por harmonizar os aspectos individuais e supra-
individuais da vida, no ajuste da personalidade, as potências que lhe são exteriores.
“O fundamento psicológico sobre o qual se eleva o tipo das individualidades da cidade grande é a
intensificação da vida nervosa, que resulta da mudança rápida e ininterrupta de impressões interiores e
exteriores” (SIMMEL, 1971)
É a capacidade humana em fazer distinções, entre o imediato ao que lhe sucede, que proporciona ao homem
a adaptação a vida nas grandes cidades. As impressões resistentes, a insignificância de suas diferenças, a
regularidade habitual, exige menos consciência que a rápida concentração de imagens em mudança, o
intervalo ríspido do interior daquilo que se compreende com um olhar, o caráter inesperado das impressões
que se impõem. As grandes cidades produzem exatamente estas condições psicológicas (os estímulos a cada
vez que o indivíduo vai à rua, a velocidade da vida econômica, social e profissional), proporcionando tais
condições nos aspectos sensíveis da “vida anímica”, no “quantum da consciência que ela nos exige, em
decorrência da nossa organização enquanto seres que operam distinções” (SIMMEL, 1976).
Condições diametralmente opostas, estão disponíveis nas cidades pequenas e no campo, uma vida menos
acelerada, mais com uma perspectiva “sensível-espiritual da vida”, possibilitando assim uma melhor
compreensão do aspecto intelectualista da “vida anímica” dos indivíduos da metrópole, em relação ao da
cidade pequena, fundamentada no ânimo e no aspecto sentimental. Enraizando-se no inconsciente da alma se
reproduzindo através da repetição ininterrupta.
Em contraposição, o lugar do entendimento é reservado as camadas superiores, conscientes e transparentes
da alma, é nela dentre as forças interiores do homem onde reside a capacidade de adaptação. “ela não
necessita, para acomodar-se com a mudança e oposição dos fenômenos das comoções e do revolver sem os
quais o ânimo mais conservador não saberia se conformar ao ritmo uniforme dos fenômenos.”
De maneira que os habitantes das grandes cidades, criam dispositivos de preservação contra a fluidez, e
desenraizamento, promovidos pelos aspectos externos que o ameaçam, reagindo com entendimento e razão,
potencializando a consciência e atividade racional, descolando-se de uma atividade sentimental, “distante das
áreas mais profundas da personalidade” (SIMMEL; 1976), tais dispositivos, visam a preservação da vida
interior em relação a ação da metrópole. Se para os homens primitivos a luta se dava em torno da luta com a
natureza em busca da sobrevivência, para o homem moderno esta disputa é travada entre o interior e exterior,
entre o sujeito e a coletividade propícia da consciência anímica
Para Simm, as grades cidades eram o espaço de desenvolvimento da economia monetária, visto que a
diversidade e a intensidade das trocas econômicas, tornam imprescindível um meio em comum de troca,
capaz e produzir o entendimento necessário, para as sociedades modernas, neste caso o dinheiro, justamente
pelo aspecto objetificar as relações, igualando homens e coisas. O homem moderno orientado pelo
entendimento, pela razão é distante e alheio ao que é necessariamente individual, para Simmel “do individual
originam-se relações e reações que não se deixam esgotar com o entendimento lógico, no ´principio
monetário”. A singularidade dos indivíduos, sua individualidade, não possui espaço, nas sociedade modernas.
O dinheiro reduz toda a singularidade, ao lugar comum da troca, que rebaixa todas as questões qualitativas,
a meramente uma questão quantitativa.
As relações e ânimos entre as pessoas, fundamentam-se em suas singularidades, as relações de entendimento
da vida moderna, se constroem em bases cartesianas, orientadas apenas por suas capacidades objetificadas.
As relações desenvolvidas, pelos habitantes das grandes cidades são fundadas numa economia monetária
“relações de entendimento” em contraposição as relações de maior proximidade, na qual as individualidades
não se preservam, criando matizes de ânimo. As grandes cidades, alimentam-se das relações de mercado,
pautadas na troca monetária, produzindo uma objetividade cruel, fundamentada na maximização de ganhos.
O ethos da modernidade é o espírito contábil, fundamentado numa razão cartesiana, que transborda os limites
da ciência natural e acessa a vida cotidiana, por meio da economia monetária, que reduz valores qualitativos
a valores quantitativos.

Considerações Pessoais . A sociologia de Simmel apresenta uma análise sobre os processos de


individualização e sociabilização, trazendo linhas mestras a cerca de uma metodologia sociológica . O
pensamento do autor desprende uma atenção específica e pioneira no que se refere ao tema da ciência da vida
moderna e das grandes cidades e como estes temas se amalgamam na construção de sua teoria sobre a
modernidade das sociedades industriais. " os problemas mais complexos da vida moderna decorrem da vontade
do indivíduo preservar a sua independência e individualidade, perante os poderes supremos da sociedade, o
peso da herança histórica, a tecnicidade e a cultura da vida contemporânea". As transformações que se dão nas
grandes cidades repercutem em múltiplas dimensões da vida social, principalmente no que se refere as formas
de sociabilidade e a dimensão da impessoalidade, caracterizadas pela reserva desenvolvidas pelos indivíduos
nas grandes metrópoles.

1
Roteiro elaborado pelas Profa. Íris Gomes e Andrija Almeida.
2
REFERÊNCIAS FURLAN,V.I. O estudo de textos teóricos. In: CARVALHO, M. C. de. (Org.). Construindo o Saber: metodologia
científica, fundamentos e técnicas. São Paulo: Papirus, 2009. p.119-128. GOLDENBERG, M.A arte de pesquisar: como fazer
pesquisa qualitativa em Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Record,2004.

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