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Resenha da obra: STOTT, John. O perfil do pregador.

São Paulo: Editora Sepal,


1989. 166p.

Roney Ricardo Cozzer1

20 de Setembro de 2016.

A obra aqui resenhada é de autoria do conhecido teólogo anglicano, John Robert


Walmsley Stott, britânico, já falecido, que se tornou muito conhecido no Brasil por
diversas obras de sua autoria.
O livro O perfil do pregador está estruturado em cinco capítulos, nos quais o autor
versa sobre as características distintivas de um ministério genuinamente
vocacionado por Deus. Estes capítulos são, na verdade, a descrição destas cinco
características que o autor, John Stott, identifica nas Escrituras e que devem ser
encontradas no pregador do Evangelho. Assim, Stott identifica o pregador como: 1)
um despenseiro, 2) um arauto, 3) uma testemunha, 4) um pai e 5) um servo.
No primeiro capítulo, onde o pregador é identificado como um despenseiro, Stott
realça o valor e a necessidade da pregação expositiva. Em suas próprias palavras,

a pregação expositiva é uma disciplina das mais árduas. Talvez por isso
seja tão rara. Só irá realizá-la quem estiver preparado para seguir o
exemplo dos apóstolos, dizendo: "Não é razoável que nós abandonemos a
Palavra de Deus para servir às mesas... Nós nos consagraremos à oração e
ao ministério da Palavra" (At 6.2,4). É impossível pregar sistematicamente a
Palavra sem estudar sistematicamente a Palavra (pp. 37,8).

No capítulo dois, o pregador é comparado ao arauto. Se a primeira metáfora -


despenseiro - era oriunda do contexto familiar, onde o despenseiro é responsável
por alimentar a família, a metáfora do arauto surge do contexto político. Ele é o
responsável diante de uma autoridade para transmitir fielmente sua mensagem ao
povo. A mensagem do arauto é "uma proclamação de arauto, de mensageiro oficial,
aberta, à luz do dia, ao som da trombeta, atual e atualizada, endereçada a todos
porque vinda do rei em pessoa" (p. 42).

1
Mestrando em teologia pela FABAPAR (Faculdades Batista do Paraná).
O pregador, em seu perfil, é também uma testemunha (como descrito no terceiro
capítulo do livro). Essa metáfora, por sua vez, vem do contexto jurídico. Cristo está
sendo "julgado" pelo mundo. Nós, cristãos, somos suas testemunhas aqui. Nessa
comparação, somos levados ao tribunal. Somos convocados a testemunhar em
favor de Cristo diante do mundo, que vê Jesus de formas diversas. Este mesmo
mundo que o acusa, conforme afirma Stott (p. 79).
O pregador é também um "pai", como se pode ler no capítulo quatro da obra. Há um
relacionamento íntimo entre ele e a congregação, entre ele e seus ouvintes. Existe
comunhão fraternal e preocupação sincera com as pessoas que o ouvem. A
metáfora do pai aplicada ao pregador funciona também como uma espécie de ponto
de equilíbrio, de modo que o pregador não seja "apenas um arauto, que prega como
se estivesse "gritando dos eirados", um intermediário entre o Rei e um povo que ele
não conhece, e que não o conhece também" (p. 106).
Por fim, no quinto e último capítulo, o pregador é visto como "servo". Stott toma 1
Coríntios 3.5 como base para esta metáfora, onde Paulo se apresenta como servo
por meio de quem os coríntios vieram ao conhecimento do evangelho de Cristo.
Neste capítulo, Stott confronta a tendência da Igreja no sentido de se aproximar da
pregação e do pregador com a motivação errada. Ele afirma categoricamente que
"sermões não existem para serem "apreciados". Seu propósito é dar algum tipo de
proveito aos ouvintes, não prazer. Sermões não são criações artísticas para serem
criticamente avaliados em seus aspectos formais. São "ferramentas", e não obras de
arte" (p. 135).

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