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BNDES reserva
R$ 2 bilhões para
socorrer
empresa com
dívida
01/06/2004 00:00
Brasília – A Comissão de Educação do
Senado tornou público nesta terça-feira (1º)
o ofício do presidente do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social), Carlos Lessa, que detalha as linhas
gerais do que o banco estatal está disposto
a negociar para socorrer financeiramente as
grandes empresas de comunicação social do
país.
No documento, datado de 12 de maio, a
intenção de criar uma linha de crédito
especial indireto (com a participação de um
terceiro agente financeiro) para
reestruturação das dívidas de curto prazo
do setor é confirmada. “O que ora proponho
é que sejam destinados recursos no valor
de até R$ 2 bilhões para atender à indústria
de comunicações como um todo”, coloca
Lessa. A cota máxima a ser destinada a
cada empresa (ou grupo) é de 25% desse
valor, ou seja, até R$ 500 milhões. Na
prática, portanto, o banco está criando uma
linha que pode ser esgotada apenas por
quatro grupo econômico.
Os encargos para o pagamento desse
financiamento especial seriam de Taxa de
Juros de Longo Prazo (TJLP), além de
remuneração do BNDES – nunca superior a
5% – e do que será negociado com a
instituição financeira credenciada que fará a
operação. Para pagar o empréstimos, as
empresas terão até 60 meses, 5 anos, com
carência de 12 meses e pagamentos
mensais.
O presidente do banco ressaltou a
importância de o banco não operar
diretamente com as empresas. “Nesse caso,
levando-se em consideração a conveniência
de que as empresas da indústria de
comunicações tenham independência dos
órgãos de governo, considero mais
adequada a participação do BNDES nesse
tipo de operação apenas de forma indireta,
através de agente financeiros”, escreveu no
ofício.
Presidente da Comissão de Educação, o
senador Osmar Dias (PDT-PR) mantém
posição contrária ao programa especial de
refinanciamento apenas para as empresas
de comunicação social. “A mídia é
estratégica como outros setpres também
são estratégicos para o país. Não quero que
haja privilégios por parte de um banco que
tem o “S” no seu nome”, sustenta,
referindo-se ao “social”. À Agencia Carta
Maior, o senador declarou que a
recomendação sobre o ofício que será
encaminhada ao BNDES pode ser definida
até em votação dentro da comissão.
Dias diz estar surpreso com a posição
defendida, por exemplo, pelo senador Hélio
Costa (PMDB-MG), que já se pronunicou
sobre a proposta do BNDES. “É muito
pouco”, manifestou-se Costa. “Quero
provocar o debate, mas a maioria da
comissão é que decidirá sobre a
recomendação”, afirma Dias.
Além da linha para renegociar dívidas, o
BNDES anunciou uma verba de R$ 500
milhões para financiar a aquisição de papel
imprensa de origem nacional. As condições
de prazo e os encargos são as mesmas que
a da linha de rolagem das dívidas.
Atualmente, o banco já mantém duas
opções de empréstimo para investimentos
aos grupos de mídia: através do cartão
BNDES, é oferecido um crédito de até R$ 50
mil para pequenas empresas; e o Programa
de Financiamentos e Empreendimentos
(Finem), para projetos de implantação,
expansão, modernização ou relocalização de
empresas, incluída a compra de maquinário
novo de imprensa fabricados no Brasil, e até
capital de giro associado (também indireto).
Na proposta conjunta que iniciou as
negociações para o socorro governamental
às grandes empresas do setor levada há
alguns meses pela Associação Nacional de
Emissoras de Rádio e TV (Abert), pela
Associação Nacional de Editoras de Revista
(Aner) e pela Associação Nacional de Jornais
(ANJ) ao BNDES, o pedido sugerido de
refinanciamento na forma direta era de R$ 5
bilhões, com cotas máximas de 33,3% para
cada empresa, para amortização em 12
anos. (leia também: Socorro à mídia, de R$
4 bilhões, permitirá pagamento de dívidas
(agencia.asp?
coluna=reportagens&id=1533)).
Na ocasião, redes como SBT, Record, Rede
TV!, se manifestaram contra a criação desta
linha de crédito especial para a rolagem de
dívidas, e tem mantido a defesa de que o
dinheiro do banco seja utilizado
exclusivamente para novos investimentos. A
possibilidade de utilizar recursos do BNDES
para pagar dívida atende principalmente os
interesses da Rede Globo, cujas dívidas
chegam à R$ 6 bilhões.
O BNDES decidiu consultar a Comissão de
Educação do Senado porque o tema é
considerado delicado pelo governo. A dívida
do setor de mídia é estimada em pelo
menos R$ 10 bilhões. Em 24 de março, o
vice-presidente do banco, Darc Costa, já
havia participado de um debate na comissão
para discutir o assunto.
Leia mais:
> BNDES “devolve” ações da Net à Globo
por crédito de R$ 307 mi
(http://agenciacartamaior.uol.com.br/agencia.asp?
id=1866&cd_editoria=006&coluna=reportagens)
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