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Enredo
Narrador
Na introdução do livro, o narrador apresenta-se em 1º pessoa
(homodiegético), falando sobre a história de sua família. Camilo Castelo Branco
(1997, p.19): “Domingos Botelho devia ter uma vocação qualquer, e tinha: era
excelente flautista; foi a primeira flauta do seu tempo; e ao tocar flauta se
sustentou dois anos em Coimbra.” No decorrer do livro percebe-se que o
narrador passa a se apresentar em 3º pessoa (heterodiegético) onde se
caracteriza como narrador onisciente por descrever o que se passa nas mentes
e corações dos personagens. Camilo Castelo Branco (1991, p.59): “Encheu-se
o coração de Tereza de amargura e nojo daquelas duas horas de vida
conventual (...)”
O narrador estando em 1º pessoa, busca um suporte para a verdade
confirmando o que está sendo relatado. Já o narrador em 3º pessoa vai
concretizar a veracidade citando datas, costumes da época, as circunstâncias
por qual vivem os personagens etc. Este acaba passando a intervir, criticar,
expor os seus pontos de vista etc. Como se pode observar neste trecho:
Camilo Castelo Branco (1997, p.27):
Tempo
O tempo da narrativa é predominantemente cronológica e linear. O
amor entre Simão e Tereza se desenvolve em um período de sete anos. Os
acontecimentos privilegiam a ação ao invés da descrição. Existem ainda
descrições sobre horas, dias, meses e anos. Camilo Castelo Branco (1997,
p.78): “Às onze horas da noite, ergueu-se o acadêmico e escutou o movimento
interior da casa: não ouviu o mais ligeiro ruído, a não ser o rangido da égua na
manjedoura.”
O tempo psicológico da trama também é bastante explorado quando
descreve os sentimentos dos personagens, descrevendo questões referentes
ao sofrimento, as inquietações, a angústia etc. Camilo Castelo Branco. (1991,
p120):
Espaço
A história se passa em Portugal no século XIX. A história começa na
cidade provinciana de Viseu. Isso revela que o provincianismo português da
época estava ligado à tradição convencional e exigências sociais em
detrimento do individualismo.
Uma parte da narrativa também se passa em Coimbra, quando mostra
o período que Simão passa lá estudando e se comunicando com Teresa.
Camilo Castelo Branco (1991, p.65): “Se Teresa fugisse, com que recursos
proveria à subsistência de ambos? Ora, Simão Botelho saíra de Coimbra com a
sua mesada (...)” A obra também se passa na cidade do Porto, foi nesse
cenário que ocorreu o desfecho trágico dos personagens. Camilo Castelo
Branco (1997, p.133) “A febre aumentava. Os sintomas da morte eram visíveis
aos olhos do capitão, que tinha sobeja experiência de ver morrerem centenares
de condenados (...)”