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ESTA AGORA É A CASA DO TAL ROCK N'ROLL: ROCK E

ENSINO DE HISTÓRIA EM QUATRO ACORDES

Gustavo Silva de Moura1

Resumo:
Nesse breve ensaio em quatro acordes, temos como objetivo visualizar possibilidades
do uso do Rock nas aulas de História, mostrando essa nova perspectiva temática no
ensino. Usaremos comunicações de quatro eventos acadêmicos internacionais
ocorridos no Paraná, com o intuito de dar exemplos dos locais em que a temática Rock
e Ensino de História estão sendo debatidas.

Palavras-chave
Rock – Ensino de História – Abordagens educacionais

Abstract
In this short essay in four chords, our objective is see possibilities for the use of the
Rock in lessons of History, showing this new thematic perspective in teaching. We will
use communications four international academic events in Paraná, aiming at give
examples of places where Rock and History Teaching theme are being debated.

Keywords
Rock - History teaching - Educational Approaches

1Mestrando em História pela Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP. E-mail:


mouragustavo80@gmail.com
PRIMEIRO ACORDE: INTRODUÇÃO
A história vem se moldando durante as últimas décadas no Brasil,
na área da pesquisa, assim como, na área do ensino em todos os níveis,
estreitando as relações e mostrando a inevitável junção entre essas duas
categorias, tendo a figura do professor-pesquisador em acensão nas 2

discussões atuais. Portanto temos como exemplo dessa junção programas


de pós graduação que tem como publico professores das redes publicas de
ensino, no caso da História temos o ProfHistória.
Esses programas de incentivo a formação continuado faz com que
os professores troquem experiencias e reflitam sobre suas metodologias,
construindo e trocando conhecimento sobre à área Ensino de História,
sendo uma forma de levar novamente os professores há uma discussão de
suas práticas e metodologias na sala de aula e no âmbito escolar. Paulo
Freire nos chama atenção para o seguinte ponto: “a reflexão critica sobre a
prática se torna uma exigência da relação Teoria/Prática” (FREIRE, 2006. p.
22), nisso vemos a importância da reflexão sobre as práticas de ensino na
disciplina História.
Essas transformações fizeram com que fossem colocadas nas mãos
dos historiadores novas ferramentas, para o manejo de novas fontes, onde
a escola é um espaço de disputas, seja ela política, intelectual ou das
fontes históricas. (SILVA;FONSECA, 2010, p. 31). Nisso temos uma
aproximação maior com a realidade dos indivíduos que agora conseguem
enxergar a história com nitidez no seu cotidiano. Temas como música,
literatura, artes plásticas, dentre outros, se ampliaram em suas analises
nas ciências humanas.
Pegamos como exemplo para fundamentar nossa reflexão neste
trabalho as comunicações e conferencias apresentadas no I Simpósio
Eletrônico de Ensino de História, estando elas publicas em forma de livros
eletrônicos de livre acesso no site do evento, intitulados: Tecendo
Amanhãs e Sobre Amanhãs. Usaremos também os dois livros publicados 3

na segunda edição do mesmo evento, intitulados: Para um novo amanhã e


Por um outro amanhã.
Outro local que será empregado nossas analises é sobre os anais
do I e II Congresso internacional de Estudos Sobre Rock, mais
especificamente no GT Rock e Educação, focando nos trabalhos que tem
como foco a contribuição ao ensino de História.

SEGUNDO ACORDE: LIMITES E POSSIBILIDADES


A música teve analises de vários estudiosos das ciências humanas
conhecidos que se debruçaram mostrando a sua importância para
compreensão da sociedade em seu entorno, sendo alguns dos nomes
Nietzsche, Adorno, Bourdieu dentre outros, mas sempre se voltando para
a música clássica uma temática que recebia uma atenção que podemos
chamar de prioritária dos pesquisadores do campo, levando em
consideração a época em que viviam queremos deixar claro que
entendemos essas percepções sobre música clássica como importantes
quando analisamos Música, sociedade e cultura.
Segundo Marcos Napolitano, temos a grosso modo três campos de
analise da música Grosso modo, a abordagem acadêmica da música
divide-se em três grandes áreas: a Musicologia histórica, a
Etnomusicologia e um terceiro campo, que ele considera ainda confuso,
intitulado de "Estudos em música popular" , congregando Sociologia,
Antropologia e História, onde o mesmo considera que nós historiadores
chegamos atrasados em relação as outras áreas (NAPOLITANO, 2008. p.
254). 4

Isso tudo reflete diretamente no ensino, pois, essas novas


pesquisas começam a ser trabalhadas em âmbitos acadêmicos, formando
profissionais que estão envoltos nessas novas questões e que futuramente
estarão trilhando o caminho do ensino na maioria dos casos. Portanto
essas temáticas que foram trabalhadas anteriormente nas graduações em
história e instigaram o aluno, será levada aos níveis de ensino, sendo eles
fundamental e médio, mostrando a importância da inter-relação que
todos os níveis de ensino devem ter.
Atualmente estamos vivendo um período no Brasil onde o ensino
vive vários questionamentos em todas as suas estruturas, um desses
exemplos são as discussões sobre as bases curriculares nacionais, não
iremos nos aprofundar nesse assunto, mas isso nos traz a reflexão sobre a
importância do ensino de História, importante essa que queremos
enfatizar como primordial na formação de um cidadão reflexivo e critico
diante da sociedade capitalista em que vivemos, essa importância é
evidenciada quando nos períodos em que o Brasil viveu infelizmente
governos ditatoriais, a História figurou como um dos primeiros alvos das
adequações de ensino, sendo suprimida e eliminada.
Diante das conquistas populares a disciplina história conseguiu se
de certo modo se (re)estabelecer como uma das bases do ensino
brasileiro, assim como vários outros direitos, que continuam a serem
(re)conquistados diariamente. Isso nos traz ao objetivo desse texto, onde
queremos mostrar como as transformações da sociedade brasileira se
refletem no ensino de História no ensino fundamental e médio, estando
como protagonista o Rock, mostrando como o seu uso nas aulas pode ser 5

de grande importância quando abordado temáticas sejam elas nos


âmbitos globais, nacionais e locais, trazendo uma pluralidade.
Desde seu aparecimento o Rock vem participando de forma
relevante de vários fatos históricos, sendo colocado algumas vezes como
trilha sonora de uma geração, isso se dá pelas suas raízes, onde sua
preocupação central é dar voz a uma percepção social, geralmente de
alguém reprimido e perseguido socialmente, sendo a arma de resistência
de um grupo, isso fica evidente quando empregamos analises como a do
historiador estadunidense Paul Friedlander, chamada “Janela do Rock”,
onde a sociedade e sua recepção de publico são uma das bases desta
metodologia (2012, p. 425).
O uso do Rock pode ser uma grande arma para o educador, por ser
uma temática atual e que desperta uma grande atenção dos jovens, pode
ser usado para o principal objetivo do ensino de história que é mostrar as
relações da sociedade no tempo, nisso é indispensável as artes, sendo elas
presentes e atuantes. Essa temática: Rock e Ensino, vem sendo trabalhada
nos últimos anos, mostrando como metodologicamente podemos fazer
seus uso, temos exemplos na grande rede de professores que usaram do
Rock e foram bem sucedidos.
Temos como exemplo a reportagem publicada na revista de
História da Biblioteca Nacional, onde um professor de História de Santa
Catarina, fez shows em escolas e gravou um CD, usando o Rock para
ensinar vários temas de História. Temos também o icônico exemplo do
Professor Dewey Finn interpretado pelo Músico e Ator Jack Black no filme 6

Escola do Rock, onde se passando por Ned um professor passa a dar aulas
numa escola tradicional, mostrando a partir do filme uma música
considerada transgressora pela direção da escola, sendo que as aulas
realizadas fora dos olhos da direção da escola, sempre quando o diretor se
apresentava o professor maquiava sua abordagem, mas mesmo sem
formação especifica e somente com a paixão pelo rock os alunos
conseguiam assimilar os conteúdos programáticos.

TERCEIRO ACORDE: ROCK E ENSINO DE HISTÓRIA


Uma das formas de divulgação dos conhecimentos produzidos são
os eventos, sem eles simpósios, congressos, dentre outros, sendo uma
forma de juntar pesquisadores de varias localidades em prol de uma
temática comum, propondo assim novas concepções e visões sobre o
campo de pesquisa. Por essa razão iremos usar como exemplo nesse
trabalho dois eventos científicos, os dois coincidem sua realização no
estado do Paraná. São eles:
I Congresso Internacional de Estudos do Rock e II Congresso
Internacional de Estudos do Rock , as duas edições ocorrem na cidade de
Cascavel, a primeira entre os dias 25 e 27 de setembro de 2013 e a
segunda entre os dias 04 a 06 de Junho de 2015, realizado pela
Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Colegiado de
Pedagogia, Programa de Pós-graduação em Educação/Campus de Cascavel
e co-promoção da Facultad de Periodismo y Comunicación Social de La
Univesidad Nacional de La Plata – Argentina, usaremos os cadernos de
resumos publicados ao fim de cada evento. 7

Nesse tópico também usaremo os dois livros lançados no 1º


Simpósio Eletrônico Internacional de Ensino de História e os dois livros
lançados na segunda edição do mesmo evento, esse evento teve como
uma das suas particularidade a interação com os participantes por vias
online, isso fez com que houvesse no site do evento mais de 20.000 visitas,
quase 1000 perguntas e mais de 500 participantes, segundo estatísticas
da própria organização. Na segunda edição as dimensões foram maiores
levando em consideração o sucesso de sua primeira edição no ano de
2015.
O primeiro evento ocorreu entre os dias 11 a 15 de Maio de 2015
e o segundo entre os dias 7 e 11 de Março de 2016, sendo realizados pelo
LAPHIS - Laboratório de Aprendizagem Histórica da Universidade Estadual
do Paraná – UNESPAR, Campus União da Vitória.
Nas duas edições do Congresso Internacional de Estudos do Rock
houve o simpósio temático intitulado “Rock e Educação”, sua proposta era
de que houvessem pesquisas e experiências pedagógicas que discutam os
fenômenos educativos relacionados, direta e indiretamente, ao rock e ao
consumo e fruição deste; à utilização do rock como fonte e opção
metodológica no processo de ensino-aprendizagem; à análise de letras
que se detenham sobre a Educação; entre outros temas similares (2013;
2015).
Na primeira edição o Simpósio teve 21 trabalhos apresentados,
sendo que dentre as varias áreas que envolvem o processo educativo e
que tiveram destaque, o Ensino de História figurou diretamente em 5 8

trabalhos. Na Segunda edição foram 15 trabalhos, dentre eles 4 tiveram a


História no seu foco. Isso mostra que a preocupação com a interligação de
varias praticas culturais para o ensino da disciplina faz com que o Rock seja
importante ferramenta metodológica na educação na atualidade.
No 1º Simpósio Eletrônico Internacional de Ensino de História não
houve grupos temáticos específicos, mas uma temática central, condizente
com a temática do evento. Dentre as conferencias as artes foram
amplamente discutidas no processo de ensino/aprendizagem do professor
de História, tendo no cinema uma atenção maior. Entre as comunicações
temos um trabalho em que o Rock é usado para debater questões sobre
gênero, onde há escolha pela produção da roqueira brasileira Pitty para
empregar suas analises (ZALUSKI, 2015, P. 131-137). Na segunda edição
vemos que a música começa a conquistar um espaço maior, tendo quatro
trabalho voltados diretamente para esta temática, onde temos dois que
privilegiam o Rock, um sobre as possibilidade do Rock e do Ensino de
História e outro com o uso do Rock brasileiro das décadas de 1970 e 1980.
Mesmo que timidamente na primeira edição, na segunda já vemos
uma crescente, tendo temas relacionados com Rock figurando entre a
produção relacionada ao Ensino de História nesses eventos, esses
números pode ser atribuído a formato online, sendo um formato que só
vem a contribuir para interligar pesquisadores de todo o mundo.

QUARTO ACORDE: BREVE (IN)CONCLUSÃO


Vemos que há uma ampliação dos limites e possibilidade quando 9

levamos em consideração o uso do Rock no ensino de História, assim


como em qualquer disciplina, seja ela na área de humanas, exatas ou
ciências naturais, nesses dois eventos percebemos essa multiplicidade.
Nosso objetivo foi mostrar a partir deste trabalho como as relações do
Rock e Educação vem sendo abordada e suas vantagens diante da escola
atual, trazendo ao professor armas metodológicas, com uso de um tipo de
mídia de grande difusão, sendo ela uma mídia de massa.
Esperamos com isso mostrar para o professor que a empatia e
busca da aproximação de conteúdos que figura na realidade do aluno são
as melhores vias numa reformulação da educação no país, dando armas
para compreensão da realidade por parte desses alunos, diante da
sociedade capitalista atual. O Rock é uma arma social ainda hoje usada
diante de todas essas mazelas, trazendo em suas letras e melodias à
contextualização social em que está inserida, tentando assim trazer
reflexões para seus públicos, isso faz com que seu uso na aula seja
totalmente viável e recomendável.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BUENO, André; ESTACHESKI, Dulceli; CREMA, Everton. [organizadores]
Tecendo Amanhãs: o Ensino de História na Atualidade. Rio de
Janeiro/União da Vitória: Edição Especial Sobre Ontens, 2015.

_____. Pensando Amanhãs: Falando sobre o Ensino de História. Rio de


Janeiro/União da Vitória: Edição Especial Sobre Ontens, 2015.
10
_____. Para um novo amanhã: visões sobre aprendizagem histórica. Rio
de Janeiro/União da Vitória: Edição LAPHIS/Sobre Ontens, 2016

_____. Por um outro amanhã: apontamentos sobre aprendizagem


histórica. Rio de Janeiro/União da Vitória: Edição LAPHIS/Sobre Ontens,
2016.

CUNHA, Gabriela Nogueira. Rock 'n' Aula. In: Revista de História da


Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro, Ano 8, n. 96. Setembro de 2013. p. 10.
FIUZA, Alexandre; ATAIDE; Antonio Marcio; LACOWICZ, Stanis David
(COORDENAÇÃO). Caderno de resumos do II Congresso Internacional de
Estudos do Rock. UNIOESTE: Cascavel- PR: 2015.

FIUZA, Alexandre; ATAIDE; Antonio Marcio; LACOWICZ; VAILLÕES, Silvana


(COORDENAÇÃO). I Congresso Internacional de Estudos do Rock: caderno
de resumos, Cascavel, 25 a 27 de setembro de 2013. UNIOESTE: Cascavel-
PR: 2013.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. 33. Ed. São Paulo:Paz e Terra,


2006.

FRIEDLANDER, Paul. Rock and Roll: Uma história social. 7. Ed. Rio de
Janeiro: Record, 2012.

NAPOLITANO, Marcos. Fontes audiovisuais: A História depois do papel. In:


PINSKY, Carla Bassanezi (Org). Fontes Históricas. São Paulo: Contexto,
2005.
SILVA, Marcos Antônio da; FONSECA, Selva Guimarães. Ensino de História
hoje: errâncias, conquistas e perdas. In: Revista Brasileira de História. São
Paulo, v. 31, n. 60, p. 13-33 – 2010.

FILME:
Escola do Rock. Direção: Richard Linklater. Paramount Pictures, 2003. 1
DVD (109 min). Título original: School of Rock. 11

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