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PERGUNTAS SOBRE “O JARDIM DOS ORIXÁS”, DE RAMATÍS

P- Os artificiais e formas-pensamento são a mesma coisa?


R- Conforme Ramatis explicou, os artificiais são seres artificialmente criados
a partir do fluxo de pensamento e de sentimentos do indivíduo, com certas
porções de ectoplasma, e, por isso, têm uma vida factícia maior e mais
duradoura; podem agir com certa autonomia, mas sem raciocínio e vontade;
são como robôs teleguiados. Após descarregarem seu teor vibratório na
vítima, se desagregam. As formas-pensamento são como nuvens de
mosquitos: são atraídas pelo teor vibratório semelhante, e podem se dissolver
rapidamente, a não ser que encontrem um foco que os alimente, quando então
se fortalecem e fixam, até se cristalizarem, formando seres (artificiais), idéias
e ambientes conforme a criação do indivíduo, sendo daninhas pela tenacidade
com que se fixam.
P- Basta um mau pensamento para se cair no domínio do mal?
R- Se assim fosse, quem estaria livre desse domínio? Como somos humanos,
comprazemo-nos, muitas vezes, em erros e falhas que, repetidos
continuamente, isso sim, vão criando “brechas” e enfraquecendo o Corpo
Astral, sendo que, pela similitude vibratória, entramos em sintonia com
entidades mais baixas, em conúbio antifraterno, ou sob seu domínio.

P- Como o domínio das Trevas transforma esses Espíritos endividados em


sequazes?
R- Muitas vezes, tendo estudado sobejamente a parte psíquica de suas
vítimas, aproveitam os que têm mais “qualidades” a serem aproveitadas, ou
seja, os mais frios, indiferentes ou cruéis; não penses que não há os que se
comprazem em fazer o mal. A criatura empedernida, que fez e aconteceu sem
remorsos, vai para o Umbral com referências valiosas aos chefes das hordas
umbralinas, que buscam subordinados “de confiança”, embora vivam de
sobreaviso nesse sentido, porque “entre bandidos não há fidelidade”; então os
aliciam e treinam, aproveitando para dar-lhes honras, gozos, e amparando-os
na vingança, ódio e perseguição dos desafetos. Mas isso dura por certo tempo;
a intervenção do Alto se fará aos primeiros sinais de tédio, e mediante orações
dos que o amam. Quando estiver pronto, será resgatado, pois é um irmão
necessitado que buscou e escolheu o caminho equivocado. Mais tarde, quando
reformado, transformar-se-á em valioso elemento de resgate dos infelizes,
trabalhando junto dos tarefeiros da Luz.

P- Lendo Ramatís, podemos ver certa parecença com as descrições de outro


autor, (Robson Pinheiro, em “Legião”) em que vemos Corpos Etéricos
roubados e presos em câmaras, no Umbral Inferior. Certo?
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R- Certíssimo. Não é à toa que estão surgindo obras psicografadas pelos


médiuns mais receptivos, descrevendo cruamente (mas não em todos os
detalhes) o que ocorre no Umbral, mesmo porque o encarnado não suportaria.
Seria muito útil que os espíritas em geral tivessem disso conhecimento, pois
tão-só a doutrinação não modifica o obsessor pertinaz, sendo que nós outros,
deste lado, temos que levá-los para locais onde devem ser tratados e
expurgados dos males. Na Apometria (e, diga-se de passagem, também na
Umbanda), os médiuns participam mais ativamente do trabalho. De fato, o
Plano Astral não é o Limbo incorpóreo, mas tão concreto como o mundo
encarnado, sendo que o pensamento, pela maior plasticidade, cria mais
facilmente, e o ectoplasma é matéria-prima desejada e procurada pelas
facções do mal, para criar seres teleguiados e objetos de imantação, extraindo,
sem pudor, de recém desencarnados, nos cemitérios, essas energias vitais, e
dilapidando o encarnado indefeso, deixando-o totalmente inerme e fraco.
Nós também utilizamos a energia ectoplásmica, que é oriunda do Duplo, mas
mediante permissão superior e em quantidade ínfima, que não prejudique o
irmão que a cede, recebendo ele, em contrapartida, quotas de energias mais
sutilizadas e sãs, que vocês denominam de Energia Espiritual.
P- Se o Duplo Etérico de um encarnado inferior é útil às Trevas, como seria
com o Duplo de um indivíduo evangelizado?
R- Um indivíduo evangelizado emite um fluxo de energias mais sutis e
elevadas, incompatíveis com as dos Espíritos inferiores, traduzindo-se numa
luminosidade, que expressa justamente as qualidades superiores de que se faz
portador. Isso afugenta as criaturas da Sombra, que fogem espavoridas diante
da Luz, sendo essa proteção obtida por merecimento de tarefa e evolução em
que se coloca. Portanto, jamais conseguiriam roubar qualquer quantidade das
energias do indivíduo moralizado, que não seria adequada, inclusive, para
seus fins infelizes.
P- Podemos comparar o Duplo a uma veste plástica flexível, que pode
envolver e emitir energia?
R- Sim, pois o Duplo acompanha a forma humana, não se afastando do Físico,
e expandindo-se aproximadamente de 15 a 20 centímetros do mesmo. Isso
porque nele estão as forças vitais, captadas do Cosmo pelos chacras, e
transformados conforme a necessidade, para os diversos setores do corpo, e
para as diferentes finalidades. O Duplo , porém, não é somente energia física,
mas energia vital. No efeito Kirlian, a Aura que vedes é física, do elemento
físico propriamente, que também tem núcleos energéticos, que se expandem;
é a quota de energia vital armazenada, obtida a partir do Duplo.
As energias desse Duplo é que mantêm a vitalidade no indivíduo, decrescendo
nos doentes e idosos, e abundantes em certos indivíduos que sabeis ter grande
vitalidade ou força física, mas ela provém da natureza física e animal,
embora, de certa forma, se ligue também aos corpos sutis.
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Quanto aos objetos, a Aura que vedes na máquina Kirlian é a emanação


proveniente da vibração atômica, não havendo, certamente, vitalidade ou
Espírito nos mesmos. A proximidade de uma criatura, encarnada ou
desencarnada, pode vitalizar o objeto, pois o pensamento o envolve, formando
um núcleo atômico ativado e formando um halo característico, conforme o
poder desse pensamento fixado no objeto, por exemplo, se for de estimação. É
o que ocorre com certas jóias famosas.
P- Por que os elementais podem ser envolvidos e presos no Duplo? O que
acontece com eles?
R- O Duplo não é, grosso modo, compatível com a delicada tessitura desses
irmãos, sendo pesado e desagradável. Como são criaturas inermes, podem ser
facilmente capturadas por ardilosos Espíritos cheios de malícia, que os
“vestem” com esse traje inadequado, para dar aparência e certa vitalidade à
imagem que eles constroem; constrangem-nos a se ligar a um encarnado
doente, como se fosse um parasita, e em seus esforços para escapar,
inadvertidamente fazem diminuir a cota de energia deste; imaginai que eles
devem, também, sentir-se mal, ameaçados da própria sobrevivência, porque
muitos podem ser destruídos dessa forma, já que são delicados e pequenos.
P- Seria o Artificial como a carapaça de um robô, e os Espíritos acoplados, o
que lhe dão vida?
R- Justamente. O Artificial tem mais longa duração, e essa “vida” é falsa,
factícia, tal como a de um robô, que se move e age conforme os circuitos que
lhe dão autonomia. E, como um robô, o Artificial é programado para esta ou
aquela ação. Estar ligado a um encarnado pode alimentar-lhe o tempo de vida,
tanto mais quanto esteja, por assim dizer, absorvendo e se impregnando das
energias vitais, o que não sucede com alguém evangelizado, pois o nível de
energia lhes é incompatível: daria um “curto-circuito”!
P- Locais específicos na Terra têm, na contraparte astral, locais semelhantes?
R- Muitos locais na Terra têm, superpostos e se combinando, acoplados,
locais semelhantes, mas é o local espiritual a origem do local terrestre. Assim,
onde há fulcros do sexo, criam-se boates, prostíbulos e casas de tolerância; em
locais de tortura e sofrimento, há presídios e lugares onde há sempre algo
violento; onde se juntam os viciados em bebidas ou drogas, surgem os bares,
“inferninhos”, etc. Um alimenta o outro, numa simbiose doentia.
Há locais de que ouviste falar, onde ocorrem acidentes sempre; onde há
assassinatos, e assim por diante. São locais impregnados dessas energias
deletérias, exsudadas por encarnados e desencarnados em sofrimento.
Em contrapartida, há também locais onde o indivíduo se sente bem: o hospital
espiritual pode formar uma casa de saúde, um hospital para ajudar aos
doentes; nos locais de oração e recolhimento, podem-se formar igrejas,
centros ou casas de oração e de trabalho em prol do próximo.
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Não deveis esquecer que o pensamento alimenta esses fulcros vibratórios, e


que o homem encarnado sintoniza com este ou aquele, conforme seu nível de
adiantamento. Não cabe a nós impedir-vos: vós é que deveis formar a
egrégora adequada, adaptando-a ao ambiente que desejais, pois a ligação do
Mundo Astral com o Mundo Encarnado está cada vez mais estreita.
P- É melhor o chamamento à responsabilidade através de apelos doutrinários
ou pela dor, com exemplos dolorosos?
R- É evidente que é melhor o aprendizado pelo amor, pelo trabalho, pelo
estudo e pelos esforços sinceros de auto-aperfeiçoamento. Somente quando
estes falham, ou quando o indivíduo não está interessado é que se utilizam os
estímulos pela dor. Ademais, num planeta de provas e expiações, há também
muito a corrigir, resgatar e sofrer, pela própria imperfeição humana.
P- Basta ter bons sentimentos para se livrar do poder de um Artificial e das
Trevas?
R- De maneira alguma. Somente ter bom coração, mas não atuar no bem, é
como terdes bons instrumentos que ficam enferrujando ociosos. O bem não
deve ficar parado; urge cultivá-lo no canteiro das aspirações, das boas ações e
dos bons pensamentos. Além disso, orar e vigiar, pois não sois ainda
suficientemente perfeitos para vos tornardes invulneráveis aos ataques
trevosos.
P- Uma pessoa evangelizada conseguiria proteção por si mesma, por mérito,
sem o amparo dos bons Espíritos?
R- O bem atrai o bem. O indivíduo evangelizado pode ter qualidades
incríveis, e por isso faria jus à proteção e amparo da Espiritualidade Superior;
mas, quando encarnado, ainda que médium, não conhece todas as armadilhas
das Trevas, portanto é imprescindível tal proteção, que lhe é mérito
inconfundível.
P- André Luiz descreve na “tempestade magnética”, após a remoção de uma
colônia para um local menos atingido, a “implosão”. De que Ramatis fala?
R- As tempestades magnéticas no Plano Espiritual ou mesmo na Crosta são as
mesmas tempestades que vedes na Terra, às vezes com violência inaudita;
raios e trovões ionizam a atmosfera e queimam os miasmas deletérios, que
vos sufocariam, se não houvesse esse recurso.
Os elementais movimentam e ativam tais tempestades, para que haja uma
higienização maior. Os raios provindos, por sua vez, das armas dos Espíritos
guardiães, feitos de um elemento cuja descarga fere a tessitura astral com uma
sensação incômoda, assustam os indivíduos cruéis e rebeldes, que ignoram o
alcance delas, mas sabem que podem prejudicá-los; não que possam fazê-lo,
mas porque ativam as sensações negativas, provindas justamente do interior
desalinhado. E, sim, são semelhantes entre si, mas não totalmente iguais.
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P- É preciso um estímulo específico qualquer para desencadear o processo de


rememoração, ou eco da experiência traumática do passado?
R- Quando tendes uma situação conflitante nas malhas da memória pregressa,
ela repousa como uma fera ferida: aparentemente inerme, mas presente ainda.
Determinados estímulos, em forma de lembranças, palavras ou ações
cometidas, podem acionar o gatilho das mesmas, despertando a idéia
negativa, e ativando as lembranças das situações daí decorrentes. Tanto pode
ser um estímulo qualquer, até que inócuo, como um especial, ligado a ele, o
que explicaria certas tendências, como desejo de suicídio, síndrome do
pânico, etc. A memória é um imenso repositório; não se sabe o que se pode
obter, mergulhando nela...
P- Quer dizer que novas sinapses, adquiridas no presente, também podem
criar novos traumas?
R- É evidente que tudo que o indivíduo faz, ou sofre, pode criar novos
condicionamentos, sendo a resposta automatizada, ou cristalizada, dentro de
si. Uma criança continuamente maltratada pelo pai pode desenvolver em sua
psique não só o temor mórbido à brutalidade, como adquirir uma resposta
altamente inadequada, ou seja, tornar-se, mais tarde, um indivíduo grosseiro e
brutal. Muitas vezes tais respostas deletérias nada mais são do que um grito de
socorro; mas é preciso ver que depende da psique; muitos sofrem também
maus tratos, e nem por isso se tornam maus: Chico Xavier foi muito
maltratado pela madrasta, mas seu altruísmo e bondade permitiram que orasse
por ela e a ajudasse.
P- Se a Apometria é um passo a mais para o homem, por que tanta dificuldade
em ser aceita nos grupos espíritas?
R- É preciso ver que muitos espíritas são egressos de hostes vindas do
Catolicismo ferrenho, e trazem ainda muitos preconceitos “embutidos”.
Também levam, ao pé da letra, as recomendações de Kardec a respeito do
simbolismo, etc. É claro que também somos contra amuletos e objetos
pretensamente mágicos; mas a mentalização que usamos, e a técnica em si,
têm razão de ser, existindo, como já explicamos, apenas ponto de referência
para a mente, que, nos níveis mais inferiores, não consegue criar a não ser a
partir da forma.
Outra coisa é sobre os magos negros: não é, desculpem-me os irmãos
kardecistas, uma única doutrinação o suficiente para modificar o indivíduo
que se apegou ao mal; é verdade que, já encaminhados, estão mais
enfraquecidos e mais propensos à mudança; mas, na Apometria, os irmãos
índios, caboclos e preto-velhos neutralizam-lhes as forças (através da inversão
da metade dos “spins”), para que possam ser efetivamente ajudados, sem feri-
los ou prejudicá-los, como imaginam os espíritas.
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São encaminhados ao hospital espiritual, em condições melhores, tendo


começado a se reconciliar com o próprio passado e, após o tratamento, aptos
para ajudar nas hostes do Bem.
P- O médium, na Apometria, deixa de ser passivo e começa a trabalhar de
forma mais ativa. É por isso que a mediunidade parece mais ostensiva?
R- A mediunidade é instrumento que pode ser utilizado com firmeza e
competência, e não é preciso, nem desejável, que os médiuns fiquem
passivos, enquanto “do lado de cá” fazemos tudo. Ao contrário: é preciso
conhecer e trabalhar em níveis diferentes, a fim de também fortalecer-se e
aperfeiçoar-se. Como, geralmente, as pessoas com graves problemas têm
também obsessores de longa data, a Apometria funciona como uma
desobsessão. O médium medroso e inseguro não deve trabalhar, porque ele
também pode ser atingido, mas, pelo teor do trabalho, parece-vos mais intensa
a fenomenologia, porque trabalhais no nível das sensações, tornando-vos
antenas vivas sintonizadas no Plano do Espírito e, com um desdobramento
maior do Corpo Espiritual, podeis trabalhar com mais segurança. Por isso, a
Apometria deu-se bem na Umbanda, que já pratica esse tipo de tarefa
comumente. O espírita, por sua vez, utiliza mais o Corpo Mental, e nem
sempre é treinado em desdobrar-se; a maioria, por sinal, mal consegue
locomover-se longe do próprio Corpo Físico, durante as horas de sono.
P- A ajuda do médium é preciosa para o trabalho no Umbral e o refazimento
dos atendidos?
R- Evidentemente que sim. Na Apometria, o médium desdobrado não vai ao
Umbral (teor vibratório incompatível, sem dizer dos perigos que iria
enfrentar); mas pode ir, se apto, e sempre acompanhado, a determinados
locais da Crosta, que chamamos Furnas, onde se amontoam infelizes e
perdidos. O ectoplasma exarado pelo Duplo Etérico é precioso para o
refazimento dos doentes e estropiados. Quando lúcido o suficiente, também
trabalha ativamente, inclusive plasmando, para si mesmo, imagens do
subconsciente, formando egrégoras para melhor convencer e encaminhar,
sempre orientado pelos guias. Se não houvesse médiuns, a Terra seria um
tremedal de lodo e um inferno de dores, pois não seria possível encaminhar
com tanta presteza os inúmeros sofredores e revoltados que aí pululam.
P- Quer dizer que o que o médium enxerga é um símbolo, um referencial para
o ato que deve ser feito?
R- Determinados níveis de vibração, em que estagiam certos Espíritos e a
grande massa de encarnados, não permitem o ato criativo ou a ação, sem o
correspondente simbólico material. Vedes isso aí na Terra: o coração
simboliza amor, afeto, paixão; as asas do anjo, representadas nos templos,
para mostrar o grau de elevação desses Espíritos, e assim vai.
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Não é de admirar que mentalizemos imagens como pirâmides, por exemplo,


que na verdade são campos energéticos que sustentam, e, em alguns casos,
coíbem os Espíritos. Mesmo as imagens relacionadas às personalidades
pretéritas dos consulentes na Apometria, muitas vezes são representadas de
forma simbólica, como uma corda para significar prisão, enforcamento e até
impossibilidade de algo. Trabalhamos muito com símbolos; e sois vós quem
deveis decodificá-los, a fim de entender o que significam; isso, porque a
linguagem humana é insuficiente para explicar o que há nos diferentes planos
vibratórios. São meras representações ideoplásticas de nossa mente e da
egrégora coletiva.
P- Quer dizer que os Exus são a força-tarefa que permite a restrição e o
saneamento no mundo espiritual, impedindo pioras e caos na Terra?
R- Considerai os ex-réprobos. Estão arrependidos e prontos a retomar o
caminho para a evolução, como soldados valiosos nos grupos espirituais.
Como foram egressos do Umbral e das Furnas Astrais, conhecem os
meandros, desvios, etc. Utilizam a figura, geralmente de militar, ou mesmo a
de chefes tiranos, como “veste provisória”, caminhando em bandos,
resgatando muitos infelizes; orientando grupos de socorristas para os locais
onde devam ir, sem temer travar batalhas, embora em último caso. Por isso
fazem jus à ajuda do Alto, resgatando dessa forma o passado, e constroem
edificações para o futuro, muito melhores e mais dignas. A representação de
Exu como demônio é também um desvio, cabendo aos ignorantes o medo
desses Espíritos; na realidade, os que são “exus” perigosos, são “quiumbas”,
Espíritos das Trevas que dizem sê-lo, criando medo e cizânia; o verdadeiro
Exu pode, às vezes, ser ríspido, mas nunca desleal.
P- No Espiritismo, também há médiuns magistas (feiticeiros do passado)?
R- Acredita: todos nós, ao menos uma vez, mergulhamos na magia; fomos
sacerdotes egípcios; hierofantes na Atlântida; sacerdotisas em Roma; pitonisas
na Grécia; magos caldeus... e por aí vai. A força da evolução atrai
irresistivelmente a criatura para tentar entender e dominar as forças do
Universo, até mesmo as telúricas. O homem pré-histórico rendia culto ao sol,
aos raios e qualquer fenômeno natural; os alquimistas buscavam, pela
transmutação, a Pedra Filosofal, sede de todo conhecimento; o ocultista
buscou, em rituais esotéricos, a ligação com o Alto, ou mesmo com as forças
trevosas. Por que admirai-vos que sejamos herdeiros de tal passado? O
próprio Kardec foi um mago druida, em encarnação anterior; e não foi ele o
insigne Codificador do Espiritismo?
P- Achamos necessários que os encarnados espíritas e apométricos em geral
saibam dos roubos dos Duplos dos encarnados, para os fins de magia negra,
conforme diz Ramatís, e Robson Pinheiro em “Legião”. Por que ainda não há
conhecimento disso na literatura espírita?
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R- Hoje há um conhecimento mais profundo, porque a humanidade está mais


preparada e apta para saber disso. André Luiz passa bastantes noções, embora
não detalhes, sobre o uso das energias dos encarnados pelos desencarnados. É
preciso ver que a melhor garantia de defesa contra as Trevas é a moralização
do indivíduo, e o trabalho efetivo no Bem, a fim de coibir os abusos; a
higienização mental também é necessária, afugentando as nuvens de miasmas
que podem vir a se somar aos pensamentos desencontrados. A disciplina
mental, o progresso moral e o trabalho no Bem são as grandes linhas de
defesa contra as Trevas e suas ações.
P- O transe na Umbanda é mais perfeito que no Espiritismo?
R- Não é mais perfeito: é diferente no teor vibratório. Por necessidade de
trabalho, a passividade é maior, sendo que os médiuns têm um desdobramento
mais completo. Cada qual trabalha no que lhe compete e a Divina Providência
a tudo dispõe, conforme as possibilidades de cada um, sem preferências ou
distinções.
P- Ramatis fala de uma entidade que será mulher e reencarnará no Brasil, que
será importante para o Budismo. Há mais entidades elevadas, preparando-se
para reencarnar no Brasil?
R- Em toda a parte, em todos os países, sempre há e haverá indivíduos mais
ou menos elevados, que auxiliem a multidão nos mais diversos campos da
sociedade. Uns são e serão cientistas; médicos; artistas; políticos;
economistas, e aí vai. Assim como, certamente, há também os que nascem
com o propósito de perturbar. Porém, gradativamente, a humanidade irá se
depurando. Por enquanto, o mal é necessário, para corrigir o próprio mal.
Como distinguir o mal do bem, se não se sofrer seus efeitos?
P- Pelo que compreendo, Ramatis explica que, conforme se evolui, o Espírito
vai sutilizando também os sentimentos e o êxtase com a Divindade substituirá
o gozo carnal. Certo?
R- Conforme se evolui, o indivíduo irá perdendo a massa mais pesada do
Astral, que é o corpo dos sentimentos e emoções, mas que ainda tende para o
personalismo. Adentra o Mental, permanecendo mais livremente, e acaba por
conseguir estagiar no Mental Superior, sede da criação e das idéias, ainda
inacessível para a criatura humana, nesse estágio da humanidade.
O êxtase só será possível quando não mais for necessário possuir os corpos
inferiores, dominando a tríade superior, com o Átmico e o Búdico quando, aí
sim, ele se conscientizará de Ser, para integrar-se com a Divindade Suprema.
P- É chocante imaginar que haja sexo na Espiritualidade...
R- Há muita incompreensão entre vós, quando supondes que, ao desencarnar,
o indivíduo se coloque acima dos desejos terrenos, cessando abruptamente a
ânsia de gozo carnal. Principalmente nos que, quando encarnados, cevavam-
se nas sensações de sexo, esse desejo continua, pois é do Espírito.
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E a mente traduz essa ânsia pela vontade, assim como também sucede com os
que se entregam à bebida, à droga, à gula. Somente a disciplina mental e o
firme desejo de mudar é que impedem a queda abrupta no Vale do Sexo, pois
o indivíduo normal, na sociedade, também não sai por aí dando vazão a seus
instintos: há o policiamento das sanções legais e da própria consciência.
Porém, no Umbral, muitos são para ali levados, para servirem de repasto a
entidades viciosas, principalmente as chamadas “mulheres públicas”,
sexólatras, homens sensuais e toda criatura entregue ao gozo sem moderação.
O sexo não é algo pecaminoso e errado, como podeis imaginar: é o portal de
entrada para a vida encarnada, meio de redenção para o Espírito. O sexo
praticado entre casais que permutam, na verdade, trocas energéticas que não
podeis ainda compreender, é algo que merece respeito e compreensão. Não
podeis supor que os casais, ao se reencontrarem no Plano Espiritual, passem a
ter conúbios uns com os outros, mesmo havendo respeito e carinho. Seria
demais embaraçoso; há, sim, senso de fraternidade traduzido em sensações
amorosas, mais parecidas com a de amizade. Quanto às sensações mais cruas
do sexo e o ato em si, inclusive com perversões inimagináveis, esses
pertencem ao Umbral Inferior, nos bolsões chamados Vale do Sexo e outros
semelhantes, em grande número atualmente, por infelicidade da própria
criatura invigilante...
Felizmente, o encarnado, ainda que médium, não conhece esses locais: é algo
chocante e doloroso, não só pelos atos fesceninos, mas pelas deformidades
que atingem às entidades infelizes, cujos órgãos sexuais ficam desalinhados e
em total desacordo com tudo que se pode conhecer, merecendo, por isso,
piedade e não ironia ou crítica.
P- A busca pela espiritualidade através de técnicas é válida?
R- É ilusão se achais que técnicas, tão somente, assim como cursos pagos
regiamente, são suficientes para vos candidatardes à melhora íntima. É
preciso mais do que isso: a necessidade provém do íntimo e se traduz pela
vontade firme, apesar dos obstáculos e dificuldades, e tanto mais meritória
quanto maiores são eles. Ademais, o respeito e o carinho ao próximo também
rendem pontos preciosos para se auferir adiantamento ou maior iluminação
interior.
P- Evoluir significa mudar o foco de consciência para que este vibre sempre
em diapasão superior?
R- O resultado da evolução, efetivamente, é a mudança do foco consciencial,
que alcança patamar superior e nele se mantém, ascendendo sempre. Isso não
se faz de uma só vez, nem sem percalços. A criatura erra e acerta, e cada vez
errará menos, até que automatize e vivencie o correto, sendo então que terá
aprendido e galgado mais um degrau evolutivo. De certa forma, sim, a
definição está correta, embora o resultado seja lento e gradativo, mas sempre
se vencerão obstáculos e galgarão degraus, pois a evolução é infinita.
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P- Cabe ao homem encarnado a “culpa” da existência e vitalidade desses


locais trevosos e seus habitantes?
R- Seria simplista atribuir ao homem encarnado tal culpa, quando o próprio
estado psicofísico do globo se presta a isso. Como planeta de provas e
expiações, os habitantes da Terra são, no mais das vezes, criaturas muito
primitivas ou em aperfeiçoamento; enquanto não aprenderem a disciplina
mental e a força moral, para se higienizarem no íntimo, haverá, tanto para
encarnados como para desencarnados, esses locais trevosos, frutos de
egrégoras coletivas multimilenares, que se alimentam, continuamente, de
sentimentos e pensamentos desalinhados, torpes, infelizes. Até que o próprio
ser se modifique, serão eles possíveis, embora também seja aí que se debitem
os venenos e miasmas mentais que possuem, antes de se envenenarem. O sapo
e o jacaré precisam do pântano, assim como o beija-flor do jardim florido.
Cada qual vive no ambiente que lhe é afim, até que se evangelize e faça jus a
melhores parâmetros e paisagens.

P- É possível a permissão de certos espíritos abnegados para resgate e auxílio


no Umbral, por parte dos chefes das Sombras?
R- Muitos desses irmãos das Trevas são extremamente inteligentes; não
penses que ignoram a ação do Cordeiro e do Bem; não a desejam para si;
sabem que, no fundo, não conseguem vitórias expressivas, nem têm a
hegemonia. Então, a contragosto, algumas vezes permitem que grupos
socorristas venham e levem um ou outro; temem a Luz e se encolerizam com
a temeridade desses soldados abnegados, que sempre acabam por fazer mais e
melhor. Orações a favor dessas criaturas também os movem a ceder um
pouco; mas quando contrariados se irritam, perdem o tino e agem como
touros furiosos em loja de louças: atacam sem pensar, porque não desejam
perder sua posição, embora saibam que um dia tudo isso terminará para eles,
pois terão que voltar à carne.
P- Diz Pai Quirino que o indivíduo, mesmo desencarnado, pode evoluir.
Certo?
R- Certíssimo! A morte é apenas transição de Plano; é uma etapa vencida, e
não há sentido em se mover aqui e ali sem propósito.
Embora detentores do livre arbítrio, sempre há um momento em que o
Espírito deve evoluir. Trabalhar, estudar e aprender, tal como na Terra, é uma
necessidade, pois ficar estagnado, marcando passo, é tão prejudicial, que atrai
irresistivelmente para a encarnação os Espíritos ociosos e apáticos (pelo teor
vibratório e força de atração telúrica).
P- Interessante a forma como os Exus despistaram o rastro do médium no
retorno ao Corpo Físico: pedras graníticas incandescentes, formadas pelo
próprio ectoplasma. Há outras formas de despiste?
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R- Na eventualidade de um encarnado desdobrado no sono vier auxiliar-nos


no resgate, efetuado na Crosta, o cordão fluídico que o liga ao Corpo Físico é
um sinal magnético, fácil de detectar, deixando um rastro, como aí há o cheiro
corporal, que os cães farejadores perseguem; uma forma de confundir os
grupos das Sombras é formar essas pedras incandescentes, que emitem
também sinais como o do próprio cordão fluídico, evitando, assim, o
rastreamento do Corpo Físico. Caso contrário, o pobre encarnado seria
perseguido sem tréguas. Há, de fato, outras formas de despiste, mas, por
motivos óbvios, não estamos autorizados a divulgá-las.
P- Conforme diz Ramatis, antes de fazer jus à harmonia espiritual, devemos
aprender a servir nos antros trevosos...
R- Como bem sabes, o espírita deve exercitar o amor, a fraternidade e a
caridade. São importantes bases de defesa perante qualquer ameaça do
inimigo que age nas Sombras. Aprender a servir forma, antes de tudo, o bom
cristão. Não importa onde, mas que se comece, ao menos na família e nos
grupos mais chegados; a caridade também se treina e se aprende; aos poucos,
torna-se parte de nós mesmos e continuaremos servindo, indiferentemente, em
qualquer lugar e a qualquer criatura, até mesmo nas Trevas, pois lá se
concentra o maior percentual de dores e sofrimentos humanos.
P- Ramatis também diz que cursos e simpósios podem até ajudar, mas os
esforços para evoluir cabem ao próprio homem.
R- É evidente que o estudo, os esforços de aprendizado têm seu mérito, mas,
por si só, não formam um cristão. Jesus não observava sempre, aos fariseus e
doutores do Templo, esclarecendo-os quanto às leis divinas? Porventura eram
eles ignorantes? O que devemos fazer, além de aprender e estudar, é vivenciar
as lições dadas; a teoria sem a prática de nada vale. Podemos ser grandes
expositores e oradores; palestristas exímios; dirigentes capazes; médiuns
portentosos; mas, sem espírito de humildade e serviço, não faremos a
verdadeira caridade, e seremos como bolhas de sabão, que explodem no ar:
belas, mas vazias por dentro.
P- A tristeza que podemos sentir, tanto diante de belezas que sabemos não ser
eternas, como as dores que nos chocam, são naturais?
R- Tristezas, decepções e outros sentimentos fazem parte do acervo
emocional do homem, quando ainda regido por arroubos e emoções. O que
não é natural é perseverar nele, por grande tempo, desgastando a mente,
depauperando o corpo e atraindo a si a negatividade, porque denota
inconformação, personalismo egoísta, e falta de discernimento, o que não é
bom. Temos momentos agradáveis e tristes; deixemo-los passar naturalmente,
e evitemos alimentar essas dores, que são, muitas vezes, dívidas a serem
pagas do pretérito culposo. Temos que transmutar as nossas emoções
inferiores em sentimentos de perdão, compreensão, caridade e amor.
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P- Mesmo quando seguros e com bastante prática de desdobramento, os


encarnados são acompanhados pelos guias e mentores?
R- Sim, mesmo porque, na carne, não tendes a autonomia que temos,
desenfeixados dela. Não tendes a visão completa, nem noção dos perigos que
podem vos assaltar e que repercutirão no Corpo Físico indefeso. Portanto,
quer no desdobramento apométrico, no trabalho mediúnico ou no trabalho
feito durante o sono, sois ajudados e orientados; tal não acontece, porém, no
desdobramento ordinário à noite, quando buscais ambientes afins, nem
sempre recomendáveis ou bons; aí a busca é vossa e não podeis vos queixar
do que podereis encontrar.
P- Ramatís explica que as capacidades dos médiuns se ampliam porque atuam
em grupo, formando uma “egrégora coletiva”. Podem me explicar?
R- A leitura da ficha de atendimento vos põe a par das necessidades dos
consulentes; e, a partir da contagem dada pelo Dirigente, vós desdobrais,
permitindo a formação de uma tela mental formada de ectoplasma. Nessa tela
se registram, como no écran do cinema, as principais peripécias das vidas
transatas do indivíduo, facilitando-vos conhecer e entender o que há. Há
ampliação dos sentidos extracorpóreos, mediante a soma de vossos
pensamentos, na mesma direção de ajuda. Portanto, não é de admirar que
possais ver, ouvir, entender e retransmitir, com mais fidelidade, tanto mais
quanto mais envolvidos estiverdes e com mais vontade de ajudar.
P- Diz também que o Trabalho Apométrico, com desdobramento dos médiuns,
é superior ao desdobramento efetuado durante o sono. Como assim?
R- Vamos dizer que, de certa forma, somamos nossas forças na direção do
mesmo objetivo. Quando dormis, como já explicamos em pergunta anterior,
raramente tendes os pensamentos focados na direção correta; muitas vezes
eles estão diversos, ou “ligados” em preocupações comezinhas, ou sofrendo
influenciações não tão boas. No Trabalho Apométrico, trabalhais sob nossa
supervisão: é necessária certa disciplina mental e bom grau de passividade
(que não é “deixar acontecer”), para vos tornardes receptivos a nossas
orientações e conselhos. De outra forma, ao dormir, vocês desdobram o
Agregado Espiritual (os 5 corpos mais sutis) dos Corpos Somático e Etérico.
Já nos Trabalhos Apométricos, o desdobramento é consciencial. Vocês
dissociam personalidades encarnada e do passado, para tratamento.
P- Ramatis critica a excessiva preocupação de dividir em Personalidades
Múltiplas e Subpersonalidades, por parte da Apometria, dificultando o próprio
atendimento em si. O que é necessário para o atendimento bem sucedido?
R- Não exigimos dos médiuns nem dos apômetras, em geral, o conhecimento
tão profundo da anatomia psíquica do ser, nem a decoração dos termos
excessivamente técnicos.
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Importante é conhecer o mecanismo do desdobramento; ter fé e confiança na


equipe espiritual; colocar-se na posição de poder ajudar, com equilíbrio e bom
senso, caridade e boa vontade. Quanto ao resto, prendei-vos demais à
nomenclatura e às definições, desviando-vos, muitas vezes, por isso, do que é
útil e necessário, imprescindível mesmo, que é auxiliar cristãmente.
P- Pelo que entendi, os corpos de manifestação do encarnado são quatro, no
geral: físico, etérico, astral e mental, sendo que, daí em diante, são o potencial
para o indivíduo evoluído. Certo?
R- Ramatís deixa isso bem claro, nos últimos capítulos do livro. O Causal, p
Búdico e o Átmico já pertencem ao indivíduo cósmico, ou seja, livre das
fraquezas e tolices advindas da inferioridade moral. Formam o Eu Divino que
vigora em todos, mas que se abre em leque na criatura já evangelizada e livre
das peias dos equívocos terrenos.
P- Diz Ramatis que o Corpo Astral é “um veículo temporário e sujeito à
transitoriedade de manifestação do Espírito no Plano Astral”, relacionando-se
com “o presente da consciência que o anima”. Podem me explicar?
R- É a consciência o ponto focal, a noção primeira do Eu como ser único,
individual e responsável por si mesmo. No início, há esse Eu egóico, que se
alimenta dos corpos em que se manifesta, nos Planos Físicos, Astral e Mental.
Nele há o contato (e a resposta) com o mundo que o cerca, adquirindo
paulatinamente maior compreensão, discernimento e qualidades cada vez
mais elevadas. Lógico que, enquanto indivíduo sujeito a falhas, erros e vícios,
está sujeito também aos equívocos inúmeros, em razão justamente do plano
em que estagia; assim, sua consciência no momento responderá de acordo,
embora, quando desencarnado, possa ter um ou outro ponto de vista
divergente do que tinha encarnado, porque acessará outro nível de
compreensão e verá as coisas com mais isenção. Referimo-nos,
evidentemente, ao indivíduo medianamente evoluído; os inferiores têm que
passar por experiências para adquirir esse discernimento, e os superiores já o
ultrapassaram.
P- Podemos inferir que o homem alcançará a consciência plena e, com ela, a
memória integral, quando não estiver mais preso à reencarnação?
R- Assim é e deve ser. A razão é simples: enquanto estivermos presos aos
Planos Inferiores de consciência, somos guiados por idéias, preconceitos e
sensações tanto mais imperfeitos quanto mais mergulhados na ilusão.
Portanto, temos as qualidades crísticas em potencial, mas não as ativamos; a
consciência completa, a noção do Ser Integral só se adquire com a vivência
plena na caridade e no amor, com as asas do amor e da sabedoria. A memória
integral pode-se desdobrar, então, sem traumas ou medos, porque se estará
acima de julgamentos de valor ou equívocos, tão comuns aos que ainda
devem encarnar, para aprender lições valiosas na vida.
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P- Às vezes, no trabalho apométrico, pergunta-se aos médiuns se é Espírito,


obsessor, personalidade múltipla ou subpersonalidade. É importante fazer essa
distinção? Ajuda no resgate e limpeza da casa mental e na vida do consulente?
R- Respondamos por partes. De fato, é hábito perguntar-se isso, para ver o
tipo de técnica a aplicar; mas, na verdade, as orientações sempre fluem via
intuição, e, não raro, as próprias manifestações acabam por mostrar, por si só,
sua origem. Grosso modo, não faz diferença: a auto-obsessão, por sinal, é
muito mais comum do que se pensa, e, no entanto, teme-se muito mais o
assédio de uma entidade obsessora que, no mais das vezes, apenas se
aproxima por necessidade de ajuda e por sentir-se bem, perto de um
encarnado. Para vós, dá mais segurança identificar quem se manifesta; mas,
para efeito terapêutico, não faz diferença nenhuma: seja entidade ou
personalidade, será tratada e auxiliada da mesma maneira. E, sim, ajuda muito
o seu encaminhamento, sendo, porém, que a cura depende do próprio
consulente, ou seja, a reforma íntima. A remoção do obstáculo é paliativa:
sem a mudança de atitude, pode estar momentaneamente bem, mas atrairá
outros da mesma forma.
P- Ramatis explica que o Corpo Mental pode agir no Plano Astral, no Corpo
Astral, mas não entrar no Plano Mental com o Corpo Astral. É por causa da
disparidade vibratória?
R- Exatamente. Podeis acessar Planos inferiores, mas não os superiores.
Podeis, vós que sois médiuns, estar com o Corpo Mental agindo no Plano
Astral, quando sois mais racionais, lúcidos, e não vos deixais levar pela
emoção. Porém, é impossível adentrar o Plano Mental somente com o Corpo
Astral, por incompatibilidade vibratória.
P- Vocês usam o termo “egrégora”. Podem explicar melhor o que é e como
funciona?
R- Egrégora (mental) é o acúmulo, se assim se pode chamar, de pontos de
vista, idéias e sentimentos, focados numa só direção e com objetivo comum.
Somados, eles têm força suficiente para se plasmar, no Plano Astral,
paisagens, coisas e até criaturas, a bem dos indivíduos perdidos e
necessitados, pois o poder de plasmar não pertence só a um e a outro. Até
mesmo o encarnado pode concorrer para tal, mesmo que não tenha
consciência disso.
Vós, médiuns, ajudam a plasmar, com vosso ectoplasma, muitas coisas de que
necessitamos, como remédios, etc.; daí a necessidade e utilidade da formação
desses cenários, por exemplo, que substituem muitas vezes a imagem
obsessiva que vigora na mente desequilibrada, restabelecendo a calma e a
serenidade, e permitindo o tratamento subseqüente.

P- Na Umbanda, há cânticos; na Apometria não, só orações. Isso faz alguma


diferença?
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R- Cada um com seus hábitos. O católico reza e canta, assim como o


evangélico. O maometano ora voltado para Meca, conforme especificado no
Alcorão. Cada qual procura a união com o Divino conforme pode. Na
verdade, orações e cânticos predispõem à elevação mental e à estabilização
das vibrações. Podeis não cantar, mas sempre há uma música de fundo. O que,
de fato, faz diferença, é o que trazeis no coração. Nada que seja externo pode
cobrir o que sentis e desejais.
P- Ramatis explica, no capítulo 5, que havia uma médium enciumada que
perseguiu o autor do livro durante o sono. Pode suceder que sentimentos
inconfessáveis aflorem no Trabalho da Apometria, entre os médiuns?
R- Ser médium não confere atestado de santidade a ninguém. O indivíduo que
não consegue identificar, domar e tentar extinguir sentimentos negativos
poderá estar trabalhando em qualquer labor mediúnico, seja na Apometria, na
Umbanda, ou na mesa espírita, mas, com certeza, atrairá companhia
compatível com seus desejos e sentimentos, sendo que, muitas vezes, ódio,
mágoa, ressentimentos surgem, ou alimentados por entidades trevosas para
dividir os grupos, ou por contingências do pretérito, em diferentes situações
de convivência anterior.
P- Ramatis diz que, na maioria das vezes, o encarnado obseda o encarnado, e
são os encarnados que buscam os gozos na Crosta, quase nas Trevas. Podem
dar algumas considerações sobre isso?
R- Quando vos preparais para dormir, exaustos e muitas vezes preocupados
com situações ocorridas durante o dia, desdobrai-vos despreparados para uma
noite frutuosa do ponto de vista espiritual, limitando-vos a flanar aqui e ali,
sem destino. Isso, quando a mente indisciplinada não está fixada em
sentimentos ou sensações menos nobres, quando, de fato, buscais ambientes
compatíveis e companhia afim, para a satisfação dos apetites sensuais. E,
muitas vezes, no desdobramento do sono, ponde-vos à espreita ou perseguis
indivíduos, homens e mulheres, que vos ocupam o pensamento (para o bem
ou para o mal), criando teias de simbiose obsessivas e perigosas a todos. Nós,
Espíritos, não somos tão obsessores como pensais. O encarnado, sim, busca
outros para companhia ou para perseguição.
Exemplos: A mãe possessiva que persegue a nora; o rapaz ciumento da
namorada; o subordinado que deseja prejudicar o colega; o chefe que busca, a
todo custo, promoção na firma, à custa do sócio... e assim vai. Procurai bem
em vós, e vereis que todo pensamento repetido e que vos atinge muitas vezes,
é, geralmente, egrégora mental de formas-pensamento, emoções e desejos
somados às vossas intenções, que vós mesmos, encarnados, lançais aos que
estão à vossa volta, prejudicando-vos e aos incautos alvos das mesmas.
Paz em Cristo. Assim seja. AURELIUS E DUCELIUS.

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