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O Cinema é uma outra história:

Considerações sobre o Cinema nas aulas de história

Roberto Abdala Junior∗

Índice Cinema estabelecem ou buscam estabelecer


com seu público, fato que fez com que his-
1 Introdução 1 toriadores como Peter Burke tenha sugerido
2 Estratégias discursivas do Cinema e da aos seus pares alternativas encontradas por
História 2 cineastas.1
3 Discursos e significados 6 Um caminho para esclarecer tais questões
4 O enunciado: Discursos e diálogos em pode ser o de abordar a especificidade dos
contextos definidos 7 discursos que historiadores e cineastas for-
5 A linguagem cinematográfica e as te- mulam, evidenciando aproximações e dife-
ses de Bakhtin 9 renças entre eles. A intenção que tem lugar
6 Referências bibliográficas 11 nesse trabalho, entretanto, é um pouco me-
nos pretensiosa: buscamos uma abordagem
1 Introdução dos discursos da História e do Cinema que
possa contribuir para que os professores de
A história sempre fascinou cineastas e, a História venham ampliar práticas educacio-
despeito das críticas que deferiram às pro- nais que empregam filmes e outras mídias,
duções cinematográficas, os historiadores incorporando-as aos processos de construção
nunca deixaram de freqüentar as salas de ci- do conhecimento histórico.
nema e até os sets de filmagem. O fascí- Uma reflexão rápida sobre a questão nos
nio que a história exerce sobre cineastas e, faz reconhecer que os discursos formulados
reciprocamente, envolve historiadores com por historiadores e cineastas pretendem ofe-
o cinema e os reflexos em seus respectivos recer uma compreensão do real. Os seus
campos de atividade são questões que tem discursos estão em dialogo com outros dis-
atraído pouco a tenção de analistas e pes- cursos que circulam na cultura e contribuem
quisadores. Muitas dessas questões podem para conferir significados diferenciados aos
estar assentadas nas relações que História e processos e/ou personagens históricos, à me-

Mestre em Educação pela Faculdade de Edu- mória social e histórica das sociedades con-
cação da Universidade Federal de Minas Gerais - 1
A esse respeito veja-se Peter Burke em capítulo
UFMG. Professor de diversas disciplinas no curso de de sua autoria na obra que organizou: A escrita da his-
História do Centro Universitário do Leste de Minas tória: novas perspectivas (São Paulo: UNESP,1992).
Gerais - Unileste-MG.
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temporâneas. Aproximações, menos eviden- ticas, econômicas, enfim, às relações históri-


tes nascem da leitura de autores como Cer- cas de toda ordem que entram na composição
teau, Burke, Veyne, Furet, no campo da His- dos seus discursos e constroem “o mundo
tória e de Mitry e Aumont, no campo do Ci- como representação”. Noutras palavras, no
nema e da sua linguagem.2 Cinema e na História existe a necessidade de
que o resultado dos seus discursos instaure
relações de coerência entre os acontecimen-
2 Estratégias discursivas do
tos e o contexto sociocultural e histórico no
Cinema e da História qual eles se desenrolam, conferindo-lhes in-
teligibilidade e verossimilhança – talvez me-
2.1 Aproximações (?)
nos nos seus discursos e mais nas leituras
Tomando esses autores como referência, que pretendem que se faça deles.
podemos considerar que Cinema e Histó- Os discursos de História e Cinema, nessa
ria constroem discursos auto-explicativos e medida, estruturam a narrativa articulando o
de convencimento, que pretendem enredar3 contexto às relações de interesses e disputas
seus “leitores”; são concebidos como discur- entre os diversos sujeitos e/ou agentes soci-
sos de autoridade – do qual uma visão mais ais – “escolhidos” – envolvidos nas tramas
crítica, mais sofisticada, sempre pode esca- que deram origem aos acontecimentos. As
par: a história por ser um campo das ciências estratégias às quais o Cinema e a História
humanas e o cinema por se recorrer a uma recorrem, entretanto, exigem que reconheça-
linguagem que cria para a assistência o que mos a especificidade de cada um desses dis-
os teóricos chamam de “impressão de reali- cursos.4
dade”. Os acontecimentos, ao serem trabalhados
História e Cinema apresentam o desen- pelo historiador, ao serem objeto da aborda-
rolar de acontecimentos, procurando atri- gem histórica tornam-se fatos históricos que,
buir coerência e inteligibilidade aos proces- como argumenta Paul Veyne, não existem
sos históricos e/ou aos contextos no qual eles isoladamente, pois os acontecimentos têm li-
têm sua origem ou estão imbricados; anco- gações objetivas na história. (1982, p.30).
ram seus discursos numa “realidade” que se No caso do cinema, os acontecimentos
dispõem a (re) construir. Ao realizarem essa (e tampouco as imagens) podem ser consi-
(re)construção, recorrem a estratégias dis- derados isoladamente. Quanto às “ligações
cursivas que pretendem instaurar uma inte- concretas”, se não podemos defini-las pro-
ligibilidade às relações socioculturais, polí- priamente assim, por serem obra de ficção,
2
O objeto do nosso trabalho, no campo do ci- 4
A título de esclarecimento, vamos definir como
nema, se circunscreve aos filmes chamados narrati- o(s) discurso(s) da História é (são) considerado(s)
vos, aqueles que pretendem contar uma história. para os fins deste trabalho: a história, quando con-
3
A esse respeito, escreve Hayden White: “Exata- vertida em texto, é uma estrutura verbal na forma de
mente porque o historiador não está (ou pretende não um discurso narrativo em prosa. O foco da aborda-
estar) contando a estória “pela estória”, inclina-se ele gem aqui proposta se restringe, pois, aos textos que
por colocar suas estórias em enredo segundo as for- compõem, no seu conjunto, um conhecimento histó-
mas mais convencionais ....” (WHITE, 1995, p.19) rico de caráter acadêmico e/ou escolar.

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certamente devemos reconhecer que também seqüência cronológica: como um drama


existem nos discursos fílmicos, apesar de re- interior, ela pode passar de um plano para
sultarem de um processo complexo de cria- outro; ... [ estratégia recorrente também
ção. nas narrativas filmícas ] (VEYNE, 1982,
Textos fílmicos ou históricos, para cons- p.28).
truírem o contexto no qual se desenrola a
“trama”, são obrigados a esclarecer os pro- Veyne afirma que as tramas da história são
cessos do qual nascem ou estão inscritos os tantas, quantos forem os itinerários traçados
acontecimentos. Os contextos construídos para abordar a realidade. Os itinerários se
por meio desses discursos, nos quais a trama definem pelas questões formuladas pelos his-
do filme ou da história se desenrola, com- toriadores, pois a história não pode ser des-
põem uma “rede de acontecimentos, em re- crita na sua totalidade e “nenhum desses ca-
lação aos quais [aquele acontecimento] vai minhos é o verdadeiro ou é a história” (1982,
ganhar um sentido: é a função da narrativa.” p.30).
(FURET, S/D, pg. 82) tanto em história, A atenção do historiador, ainda segundo o
quanto em cinema. No cinema e na his- autor, vai se voltar para um fato conforme a
tória todos os acontecimentos são passíveis trama escolhida. Nesse sentido é que pode-
de serem abordados nas suas narrativas, mas mos considerar a história como polifônica:
seus significados vão depender da trama que um mesmo acontecimento pode ser disperso
é foco do seu discurso. em várias tramas, conforme a questão que o
A palavra “trama”5 pode ser incômoda historiador vai procurar responder. No caso
para historiadores, mas, segundo Veyne, a dos filmes, a polifonia é ainda mais ampla,
organização dos fatos numa narrativa lhes uma vez que se trata de ficção, vai depender
atribui uma importância relativa e é, nesse da criatividade do autor e das estratégias nar-
sentido que o tecido da história também pode rativas que ele privilegiar.
ser chamado de uma “trama”:
2.1.1 Os cenários
uma mistura muito humana, e muito
pouco científica de causas materiais, de Michel de Certeau, abordando o que ele de-
fins e acasos; de um corte de vida que o fine como fazer história, diz que seu resul-
historiador tomou, segundo sua conveni- tado, ou seja, o conhecimento histórico, “fa-
ência, em que os fatos têm seus laços ob- brica cenários susceptíveis de organizar prá-
jetivos e sua importância relativa. ... A ticas num discurso hoje inteligível” (CER-
palavra trama tem a vantagem de lembrar TEAU, 2000, p. 17) e que, assim, a História
que o objeto de estudo do historiador é pretende “instaurar um discurso de acordo
tão humano quanto um drama ou um ro- com a ‘ordem natural’ das coisas” (Idem,
mance. [ ou um filme. ] Essa trama não p. 23). A idéia de cenário, à qual Cer-
se organiza, necessariamente, em uma teau se refere, aproxima-se muito dos cená-
rios cinematográficos, só que esses recorrem
5
Muitos historiadores têm empregado o termo a uma outra linguagem para construí-los. Ve-
“intriga” que não escapa à argumentação sobre a
“trama”.

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jamos, então, como a argumentação de Cer- também a fruição do filme e recorrem para
teau pode iluminar nossas reflexões. isso a uma linguagem diferente, específica.
Os cenários cinematográficos “materiali-
zam” nas telas (para a percepção do público) 2.2 Distanciamentos (?)
muitas das condições que os textos históri-
cos descrevem. Vale lembrar que as imagens As aproximações na construção dos discur-
apresentadas nos filmes entram na constru- sos da História e do Cinema não devem, en-
ção de seu discurso e que eles pretendem dia- tretanto, alimentar a ilusão de que existem
logar com outros discursos presentes no con- analogias e, menos ainda, identidades nas
texto da época de sua produção. Assim, as suas formas de abordagem dos acontecimen-
imagens tendem a estar mais próximas desse tos, nas motivações que lhes deram origem
contexto, mesmo em filmes “de tema histó- ou nas restrições a que esses discursos estão
rico” ou que recorram a contextos históricos submetidos, começando pela linguagem que
nas suas narrativas, sendo, por isso, muito empregam e finalizando nos objetivos que
difícil encontrar nelas uma fidelidade rigo- perseguem.
rosa.6 As narrativas da História e do Cinema
As narrativas fílmicas desenrolam-se em obedecem a finalidades completamente di-
cenários análogos ao do mundo da experiên- ferentes: no cinema, a narrativa já encerra
cia, construindo, portanto, relações de causa a sua finalidade – contar uma boa história,
e efeito, de forças sociais que se confron- esse é seu objetivo principal; na história, a
tam, de disputas históricas que adquirem um narrativa é o meio pelo qual os historiadores
significado diferenciado, somente porque es- compartilham com a sociedade os conheci-
tão na tela por uma escolha dos realizadores: mentos que construíram a respeito de uma
portanto representam um ponto de vista so- memória que fez/faz parte de uma dada so-
bre a realidade. Todas as proposições dos re- ciedade numa época determinada.
alizadores criam uma tensão dialógica (MI- Os discursos construídos pelos filmes são
TRY, 1989) com outros discursos que com- narrativas ficcionais;7 não têm a preocupa-
põem o contexto: o do próprio filme, o da ção de serem fiéis a qualquer acontecimento,
época em que a trama do filme acontece; o personagem, contexto e/ou conhecimento –
da época de produção e o de exibição. seus significados residem, principalmente,
Os cenários construídos pelos filmes tam- em contar histórias, sejam elas quais forem;
bém procuram instaurar uma “ordem natu- sua finalidade primeira é o entretenimento
ral” das coisas num discurso “hoje inteligí- – sua narrativa atende a esse fim e essa é a
vel”, como os cenários da História fazem. A 7
Os filmes são assim considerados porque esta-
construção desses cenários do Cinema, como mos abordando principalmente os filmes narrativos e
os da História, permite a compreensão do de- ditos “comerciais” e não, por exemplo, os documentá-
rios. No entanto, mesmo os documentários não fogem
senrolar dos acontecimentos, a estruturação muito a uma concepção de obras ficcionais. Uma dis-
do enredo. No caso do cinema, asseguram cussão a esse respeito escapa ao foco de nossa abor-
6 dagem.
A esse respeito consultar a obra do historiador
Marc Ferro.

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única premissa restritiva que, a princípio, se (METZ,1980) ou, em suas próprias pala-
submete. vras, “o filme enquanto discurso significante
Os discursos históricos, ao contrário, bus- (texto)” (p. 12). Jacques Aumont é mais pre-
cam escapar a qualquer possibilidade de se- ciso a esse respeito e esclarecedor para os
rem considerados ficção e, nessa medida, propósitos a que nos voltamos:
perseguem maior fidelidade aos aconteci-
mentos, aos personagens, aos contextos e ao “A narrativa fílmica é um enunciado que
conhecimento já construído a respeito da- se apresenta como discurso, pois implica,
quele objeto que abordam; ancoram sua legi- ao mesmo tempo, um enunciado (ou pelo
timidade social nos dados, nas fontes históri- menos um foco de enunciação) e um
cas a que recorrem para sustentarem sua nar- leitor-espectador. Seus elementos estão,
rativa. A premissa da qual se origina o dis- portanto, organizados e colocados em or-
curso histórico é um problema, uma questão dem de acordo com muitas exigências:
que pretende responder e sua finalidade pre- em primeiro lugar, a simples legibilidade
cípua é construir um conhecimento acerca do filme exige uma “gramática” (trata-se
dos acontecimentos que compõem a memó- aí de uma metáfora), a fim de que o es-
ria histórica de uma sociedade, debruçando- pectador possa compreender, simultane-
se, criticamente, sobre ele e os processos his- amente, a ordem da narrativa e a ordem
tóricos que lhes deram origem. da história. Essa organização deve es-
Além disso, os filmes são resultado de tabelecer o primeiro nível de leitura do
um trabalho coletivo que, por isso, tendem filme, sua denotação; ... em seguida, deve
a não dar um tratamento muito arbitrário ao ser estabelecida uma coerência interna do
material cinematográfico, expressando tra- conjunto da narrativa. ... finalmente, a or-
ços comuns a muitas pessoas; destinam-se dem da narrativa e seu ritmo são estabele-
e interessam às multidões anônimas (KRA- cidos em função de um encaminhamento
CAUER, 1988); os discursos históricos, ao de leitura que é, assim, imposto ao es-
contrário, são resultado de trabalhos indivi- pectador. É, portanto, concebido também
duais, são destinados aos círculos acadêmi- em vista de efeitos narrativos. ... , é um
cos, mesmo considerando que, ultimamente, discurso fechado, porque comporta ine-
têm apresentado uma tendência de não fica- vitavelmente um início e um fim, porque
rem circunscritos a esses. é materialmente limitado.” (AUMONT,
1995, p. 106 –108)
2.2.1 As linguagens
Muitos analistas, mesmo considerando
Na esfera cinematográfica, os filmes é que como esses autores, os filmes como discur-
têm sido considerados discursos.8 Se- sos não observam (ou talvez lhes escape) que
gundo Christian Metz, eles devem ser tra- a construção destes recorre a uma linguagem
tados como textos, unidades de discurso que não obedece às mesmas regras de pro-
8 dução e leitura que a escrita, ou seja, ne-
Mitry (MITRY, 1989, Vol I, p. 55 ss), Morin
(MORIN,1970, p. 207), Metz, Maingueneau e Au- gligenciam o fato de o filme ser um outro
mont, entre outros, assim o consideram.

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texto.9 Assim, nasce da especificidade da Chartier deve ser “entendida como o estudo
linguagem cinematográfica a necessidade de dos processos com os quais se constrói um
nos debruçarmos sobre os recursos de que sentido” e se dirigir às “práticas que plural-
ela dispõe para compreendermos os diálo- mente, contraditoriamente, dão significado
gos que realizam com os discursos da his- ao mundo.” (1989, p.17 e 27). Mas, para
tória. Foge às pretensões deste trabalho, en- que se possa realizar uma abordagem desta
tretanto, lidar especificamente com a lingua- natureza, é necessário contar com um ins-
gem cinematográfica, um tema tão estudado, trumento teórico-metodológico eficaz, pois,
sob diversas abordagens. Não obstante, esta- a “problemática do “mundo como represen-
remos fazendo algumas apreciações impor- tação”, moldado através das séries de discur-
tantes, buscando principalmente relacioná-la sos que o apreendem e o estruturam, con-
com a escrita da história. duz obrigatoriamente a uma reflexão sobre
Em síntese podemos considerar que tanto o modo como uma figuração desse tipo pode
os discursos da História como os discur- ser apropriada pelos leitores dos textos (ou
sos do Cinema (ou, a maioria pelo menos) das imagens) que dão a ver e a pensar o real.”
descrevem contextos que colocam em cena (Chartier, 1989, p. 23-24). Uma reposta me-
um enredo, o desenrolar de acontecimentos, todológica à questão de Chartier, pelo menos
construindo uma lógica que assegure a inte- acerca dos processos que envolvem os dis-
ligibilidade dos processos que representam; cursos, nasce a partir das reflexões de James
suas narrativas se aproximam bastante, mas Wertsch.
a especificidade da linguagem que as estru- O autor, ao se debruçar sobre as obras
turam não podem ser negligenciadas. Mas, de Vygotsky e Bakhtin, apontou “aproxima-
como reconhecer os seus respectivos discur- ções conceituais”, para empregar seus pró-
sos nas relações com o público? prios termos, nos aspectos concernentes ao
emprego de signos10 e discursos pelos indi-
víduos. Segundo Wertsch, ambos conside-
3 Discursos e significados
ram que o emprego do material semiótico
O historiador francês Roger Chartier faz disponível na cultura é organizador do sub-
uma extensa argumentação para apresentar jetivismo individual. Decorre dessa premissa
as premissas teóricas nas quais se assentam que a configuração da consciência e a reali-
os trabalhos reunidos na sua obra, Histó- zação do aprendizado são considerados pro-
ria Cultural: entre práticas e representações cessos que nascem a partir das interações so-
(1989). Ao refletir sobre a História Cultu- ciais e são mediados por signos e/ou discur-
ral, considera que ela tem por principal ob- sos.
jeto “identificar o modo como em diferentes Wertsch, nessa perspectiva, defende outra
lugares e momentos uma determinada rea- maneira de abordar a psicologia individual:
lidade social é construída, pensada, dada a rompendo com o conceito de sujeito univer-
ler.” (1989, p.16) A História Cultural para 10
Uma definição de signo oferecida por Santaella
9
Mitry discute a questão e a esclarece como aqui que atende bem os propósitos deste trabalho é: “O
a consideramos. (MITRY, 1989, Vol. I, p. 55-59). signo é uma coisa que representa uma outra coisa: seu
objeto.” (1986, p. 78)

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sal que caracteriza outras abordagens, con- zada pelos sujeitos que as empregam, sejam
sidera necessário “elaborar uma explicação cognitivas (“ação mediada”) e/ou sociais (os
dos processos mentais que reconheça a rela- discursos).
ção essencial entre estes processos e seus ce- A contribuição de Bakhtin torna-se essen-
nários culturais, históricos e institucionais”. cial à análise, porque seus trabalhos visam
O autor pretende “seguir uma proposta mais apreender os significados, não a partir dos
geral, segundo a qual os instrumentos medi- signos ou dos discursos isolados, mas se-
adores surgem em resposta a uma extensa sé- gundo o enunciado completo no qual estão
rie de forças sociais” (1993, p. 23). envolvidos, ou seja, considerando o contexto
A partir dessa consideração básica, sociocultural e histórico no qual signos ou
Wertsch defende que “é a ação, mais do discursos são, concretamente, empregados.
que os seres humanos ou o ambiente, con- Nessa medida, as teses de Bakhtin abrem
siderados isoladamente, que proporciona o possibilidades de reconhecermos as relações
ponto de entrada para uma análise” (1993, que se estabelecem entre os discursos da His-
p.25), pois como “a ação tipicamente hu- tória e do Cinema em diversos contextos so-
mana emprega “instrumentos mediadores” cioculturais e históricos. No entanto, as ca-
tais como ferramentas ou linguagem [, racterísticas das teses bakhtinianas exigem
...] estes instrumentos mediadores dão que o quadro conceitual no qual se inserem
forma a ação de maneira essencial” (1993, seja esclarecido, para que sejam entendidas
p.29; grifo nosso). Nessa perspectiva, a as considerações acima.
“ação” é concebida por Wertsch se enquadra
nas proposições defendidas pelas teses de
4 O enunciado: Discursos e
Vygotsky e Bakhtin: deve ser tomada de
maneira diferenciada. diálogos em contextos definidos
Wertsch explica que os referenciais a que Makhail Bakhtin foi um pensador russo, con-
devemos nos pautar estão definidos nas obras temporâneo de Vygotsky e Einsentein, que
desses autores de maneira muito peculiar: foi publicado no Ocidente somente na se-
Bakhtin enfoca o enunciado como forma de gunda metade do século XX. Nas suas obras,
ação e Vygotsky enfatizar o discurso do pen- Bakhtin caracteriza todos os discursos como
samento e mais genericamente à “ação me- dialógicos. O conceito de dialogismo é cen-
diada” (Wertsch, 1998, p.60,61).11 As refle- tral nas proposições do autor, porque é ele
xões de Wertsch nos remetem à argumenta- que converte o foco da análise dos discursos
ção de Chartier, pois o autor não está pre- para o enunciado.
ocupado com as ferramentas representacio- Bakhtin reflete sobre a ação de enuncia-
nais em si, mas com a “ação” concreta reali- ção, pretendendo esclarecer as relações que
11
A ação mediada a que se refere Wertsch é se estabelecem entre texto e contexto. Nesse
aquela realizada pelo sujeito, em processos cogniti- sentido, emprega o termo “tema” e explica:
vos/práticos, por meio dos “mediadores semióticos”
ou “ferramentas” (Estudos socioculturais: história, Um sentido definido único, uma signi-
ação e mediação. In:WERTSCH, 1998). ficação unitária, é uma propriedade que
pertence a cada enunciação como um

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todo. Vamos chamar o sentido da enun- atamente – o contexto dos interlocutores de


ciação completa o seu tema. ... Ele se seu grupo ou meio (Bakhtin, 1992).
apresenta como a expressão de uma situ- Os discursos, para o autor, apresentam
ação histórica concreta que deu origem à duas formas de apreciação: a entonação ex-
enunciação. ... Conclui-se que o tema da pressiva e a voz. No ato de enunciação, os
enunciação é determinado não só pelas discursos adquirem um acento próprio da-
formas lingüisticas que entram na com- quele que o enuncia: a “entonação expres-
posição (as palavras, as formas morfo- siva” (Bakhtin 1992). Um discurso escrito,
lógicas ou sintáticas, os sons, as ento- por exemplo, recebe uma “entonação expres-
nações), mas igualmente pelos elemen- siva” todas as vezes que for proferido por
tos não verbais da situação. (BAKH- um enunciador diferente. Existe, entretanto,
TIN,1997, p. 128). uma apreciação mais significativa que é pró-
pria de cada discurso: a “voz”.
Neste trabalho, como o emprego dos con-
ceitos bakhtinianos estão voltados para a A “voz” do discurso expressa um juízo
compreensão das significações sociocultu- de valor do autor, seu horizonte concei-
ral e historicamente contextualizadas dos tual (sócio-ideológico). O discurso repre-
discursos, estaremos nos remetendo ao seu senta uma escolha, uma tomada de posi-
conceito de “tema”, porque é no seu in- ção do autor frente aos múltiplos discur-
terior que encontraremos as significações sos que pretendem se apropriar da reali-
(Bakhtin, 1997). Não estaremos, entretanto, dade de uma época, num contexto soci-
empregando o termo “tema” mas o termo ocultural determinado. A essa aprecia-
“enunciado”. A escolha se justifica porque ção – expressão do horizonte conceitual
uma abordagem historiográfica busca saturar do autor do discurso – é que o pensador
de “elementos não verbais” os contextos nos denomina “voz”.
quais os enunciados se realizaram concreta-
mente, noutras palavras, o exercício de pes- Bakhtin, ao analisar a “voz” no romance,
quisa histórica exige que a enunciação seja argumenta que “Todas as palavras e formas
sempre historicizada – devolvida ao contexto que povoam a linguagem são vozes sociais e
histórico no qual se realizou a ação de enun- históricas, que lhe dão determinadas signifi-
ciação, para que o historiador possa apre- cações concretas [...] expressando a posição
ender seus significados históricos (Chartier, sócio-ideológica diferenciada do autor no
1989, p. 63). seio dos diferentes discursos da sua época.”
Segundo Bakhtin, os discursos, ao serem (1998, p. 106; grifo do autor). O grifo é sig-
enunciados, estão realizando “diálogos” em nificativo para nossas reflexões, pois, Bakh-
dois contextos diferentes: um mais com- tin enfatiza assim que o autor não repro-
plexo e amplo, o da “comunicação cultural” duz uma posição “sócio-ideológica”, mas re-
- dos discursos científicos, artísticos, políti- aliza uma apropriação pessoal, diferenciada
cos, etc. - e em outro, mais próximo, simples dos discursos que circulam numa época defi-
e restrito, com os quais dialoga mais imedi- nida. Mais precisamente, segundo o autor, a
voz do discurso se constitui e está articulada

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ao seu contexto de enunciação, formulando proposta de diálogo com a memória histó-


uma “reação responsiva” aos outros discur- rica da sociedade contemporânea – de outras
sos, enunciados e/ou supostos, com os quais “obras-enunciados” – seja ela estética, fac-
entra em diálogo nesse contexto (1998, pg. tual, filosófica ou ideológica. Considerando
88, 89). A esse processo dialógico, de rea- a apropriação realizada pelo público como
ção responsiva e recíproca entre os discursos outra produção – como nos sugere Chartier,
Wertsch denomina “interanimação dialógica entre outros tantos (1989, p. 59) – levando
das vozes dos discursos” ou simplesmente, este mesmo público a confrontá-lo com e/ou
“interanimação dialógica” (Wertsch, 1996). a buscar respostas no campo do conheci-
Nesse sentido é que podemos considerar mento histórico. Assim, é possível iluminar
que os filmes estão em “interanimação dia- diálogos que os discursos cinematográficos
lógica” com um conhecimento (histórico) do – os filmes – formulam diante de outros dis-
público. Acompanhando o historiador Marc cursos da comunicação cultural – no caso,
Ferro (1989) e concebendo os filmes como da História – objetivando e esclarecendo res-
discursos sobre a história, os diálogos com postas que pretenderam: se procuram con-
um conhecimento histórico já estão formu- vencer ou suscitar uma apreciação crítica so-
lados, a priori, pelos realizadores do filme, bre o assunto, personagem, evento ou pro-
pois Bakhtin afirma: cesso histórico que abordam.

A obra, assim como a réplica do diá-


logo, visa a resposta do outro (dos ou-
5 A linguagem cinematográfica e
tros), uma compreensão responsiva ativa, as teses de Bakhtin
e para tanto adota todas as espécies de Atualmente é mais que reconhecido que
formas: busca exercer uma influencia di- qualquer bem cultural está aberto a múltiplas
dática sobre o leitor, convencê-lo, sus- leituras ou, parafraseando Bakhtin, uma obra
citar sua apreciação crítica, influir sobre é sempre polifônica. A idéia de polifonia,
êmulos e continuadores, etc. A obra pre- entretanto, não deve ser confundida: ela não
determina as posições responsivas do ou- sugere que as obras estejam abertas a todas
tro nas complexas condições da comuni- as leituras.12 Nesse sentido, ao lidarmos com
cação verbal [ou não] de uma dada esfera os filmes, é imprescindível reconhecermos a
cultural. A obra é um elo na cadeia da linguagem específica que permite a constru-
comunicação verbal [ou não]; do mesmo ção de seu discurso. Importa lembrar que
modo que a réplica do diálogo, ela se re- concebemos os filmes, antes de tudo, como
laciona com as outras obras-enunciados: narrativas: discursos que recorrem à lingua-
com aquelas a que ela responde e com gem cinematográfica para serem formulados.
aquelas que lhe respondem, ... (BAKH- Tomamos as teses de Bakhtin como dire-
TIN, 1992; pg. 297; grifos nossos) triz para uma proposta de leitura cinemato-
12
No caso da história, um real presente, A esse respeito consultar, entre outros, Eco
passado ou futuro representado por filmes (1991, 1997) e Chartier (2001).
também pode/deve ser pensado como uma

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gráfica.13 No sentido de contornarmos difi- Ao enquadrarmos essa argumentação aos


culdades e responder questões apresentadas termos bakhtinianos podemos considerar
em muitos trabalhos que lidam com filmes, que nas imagens fílmicas o real recebe uma
recorremos também a algumas proposições “entonação expressiva” própria do outro.
de teóricos do cinema, especialmente, aque- Elas estão articuladas ao horizonte concei-
las formuladas por Jean Mitry. tual dos envolvidos na realização do filme,
Mitry, em Estética y psicología del cine constituindo-se e/ou compondo a sua voz.
(1989), compara a significação da imagem Pode, ainda, fazer parte de um universo de
do mundo da experiência à imagem fílmica outras vozes sobre as quais vai ressoar a voz
e afirma que a “significação fílmica é com- dos realizadores (Bakhtin, 1992, 1997). As
pletamente diferente. Nunca - ou raramente imagens estão assim em interanimação di-
– depende de uma imagem isolada e sim de alógica com os outros elementos que com-
uma relação entre as imagens, quer dizer, põem a narrativa fílmica.
de uma implicação no sentido mais geral do O próprio Mitry aproxima sua argumenta-
termo.” (1989, vol. I, p. 133). As afir- ção à de Bakhtin, ao argumentar:
mações de Mitry nos remetem às de Bakh-
tin, quando este afirma que o significado do No cinema, ao contrário [ da realidade ],
signo está “totalmente determinado por seu os objetos são apresentados sob um as-
contexto. [e que] De fato, há tantas significa- pecto significativo. ... este acento que se
ções possíveis quantos contextos possíveis” nos escapa na realidade é posto em evi-
(1997, p. 106). dência pela imagem fílmica, tanto mais
Segundo Mitry, a imagem fílmica não é quanto o que se acha implicado no filme
uma representação do real, mas o real apre- é menos o objeto mesmo que um as-
sentado na tela, o que faz com que a ima- pecto deste objeto, uma imagem. (MI-
gem fílmica possa ser reconhecida pelos có- TRY, 1989, vol I, p. 143; tradução nossa;
digos culturais de leitura do mundo da ex- grifo nosso).
periência (1989). Segundo o autor, o ci-
nema apresenta, entretanto, uma diferença: As reflexões que apresentamos nos ofe-
as imagens, ao serem escolhidas para com- recem, dessa forma, possibilidades aplicar-
porem uma cena e construírem a narrativa, mos as proposições de Bakhtin no sentido de
adquirem um significado específico. A esco- sugerir uma abordagem da linguagem cine-
lha feita pelos realizadores confere à imagem matográfica e conformando uma alternativa
um outro significado que pode ser reconhe- para uma “leitura” do discurso que o filme
cido como o resultado das suas relações com formula.
outras imagens (ou elementos) que figuram Baseados na argumentação de Mitry é
no filme.14 possível concluir que os códigos culturais de
13
compreensão do real fornecem as chaves de
As teses de Bakhtin têm sido empregadas para
“leitura” da narrativa imagética que os filmes
análise de filmes, de forma diferenciada, por autores
como Robert Stam (1992), Robert Burgoyne (2002) e compõem. Mas, as imagens empregadas em
Martin Flanagan (2004).
14 apesar de não ser exclusivamente imagética, esse é o
Vale lembrar que a linguagem cinematográfica,
seu elemento fundamentalmente diferencial.

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O Cinema é uma outra história 11

um filme recebem uma apreciação diferenci- Uma visão bastante sumária das teses
ada daquela que tem na realidade e seu sig- bakhtinianas e suas assertivas acerca das for-
nificado é apreendido, segundo as relações mulações dialógicas dos discursos e seus
que estabelecem com outras imagens e ou- significados, cotejada com a argumentação
tros elementos cinematográficos apresenta- de Mitry sobre a linguagem cinematográfica
dos no contexto da película. nos fornecem novas chaves para uma aven-
Aproximando as reflexões de Mitry às te- tura pelo universo das relações entre História
ses de Bakhtin, seria correto analisar os dis- e Cinema.
cursos imagéticos que os filmes compõem As reflexões que apresentamos pretendem
segundo os diálogos que estabelecem em indicar um caminho teórico-metodológico
dois contextos: com o contexto sociocultural para a leitura de filmes que tenha como
e histórico de enunciação (de produção ou finalidade seu envolvimento nos processos
exibição) mais amplo – o da “comunicação de ensino-aprendizagem de história. Te-
cultural"; e outro mais restrito – o do filme. mos considerado também que tais orienta-
Noutras palavras, as imagens-movimento e ções apresentam possibilidades de apreen-
o filme no seu conjunto dialogam em duas dermos, com mais objetividade, as aborda-
esferas diferentes: de um lado com os dis- gens dos discursos cinematográficos (filmes)
cursos que circulam na cultura da sociedade nos seus contextos de produção (historiográ-
da qual se originou a produção ou na qual fico) e exibição (escolar). A extensão deste
é realizada a exibição; de outro, com a nar- trabalho, entretanto, nos impede de realizar-
rativa cinematográfica, com elementos que mos um exercício nessa direção. Mesmo as-
compõem a própria película. Cabe aqui uma sim, acreditamos que algumas diretrizes já
observação decisiva para nosso estudo: para possam ser traçadas e que iluminamos al-
que os diálogos possam ser realizados de guns horizontes para empregarmos filmes de
forma mais significativa e/ou com finalida- forma diferenciada nas aulas de história.
des educacionais é necessário que o público
tenha construído discursos com os quais o
6 Referências bibliográficas
filme se propõe a dialogar.15
15
ANDREW, J. Dudley. As principais teorias
A idéia de que os discursos têm origem nas re-
presentações é defendida por Chartier (1989, p.18). do cinema: uma introdução. Rio de Ja-
Observe-se que, sejam as representações, considera- neiro: Jorge Zahar Editor, 1989.
das em seu sentido histórico-sociológico como em
Chartier, ou noutros enquadramentos teóricos, como AUMONT, Jacques et. al. A estética do
elementos constitutivos das formas de representação, filme. Campinas: Papirus, 1995.
não constituem impedimento para o emprego dos dis-
cursos como expressões destas. Nesse aspecto con- AUMONT, Jacques. A imagem. Campinas:
sideramos que a argumentação de Geertz é decisiva: Papirus, 2001. 6a ed.
“Quaisquer que sejam suas outras diferenças, tanto os
símbolos ou sistemas de símbolos chamados cogniti- ser padronizada – mecanismos extrapessoais para a
vos como os chamados expressivos têm pelo menos percepção, compreensão, julgamento e manipulação
uma coisa em comum: eles são fontes extrínsecas de do mundo.”(GEERTZ, 989, p. 188; grifo nosso)
informações em termos das quais a vida humana pode

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