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FOR163 - PRODUÇÃO DE FORRAGEM E COMPOSIÇÃO MINERAL DE Paspalum atratum

BRA-9610 EM DIFERENTES IDADES DE CORTE

NEWTON DE LUCENA COSTA(1), VALDINEI TADEU PAULINO(2)

1.Eng. Agr., M.Sc., Embrapa Rondônia, Caixa Postal 406, 78.900-970, Porto Velho, Rondônia
2.Eng. Agr., Ph.D., Instituto de Zootecnia, Nova Odessa, São Paulo

RESUMO: Avaliou-se, em condições de casa-de-vegetação, o efeito da idade da planta sobre a


produção de matéria seca (MS), composição química e vigor de rebrota de Paspalum atratum
BRA-9610. O aumento da idade das plantas resultou em maiores rendimentos de forragem, área foliar
e razão de área foliar, sendo os maiores valores obtidos com cortes aos 112 e 98 dias. Os teores de
PB, fósforo, cálcio, magnésio e potássio, além das taxas relativas de crescimento e de assimilação
aparente decresceram à medida que se aumentou a idade de corte. A eliminação de meristemas
apicais foi diretamente proporcional à idade das plantas, ocorrendo o oposto quanto ao vigor de
rebrota. A idade de corte mais adequada para pastagens de P. atratum BRA-9610, visando conciliar
produção e qualidade da forragem, situa-se entre 42 e 56 dias.

PALAVRAS-CHAVES: cálcio, fósforo, potássio, proteína bruta, taxas de crescimento, vigor de rebrota

FORAGE YIELD AND CHEMICAL COMPOSITION OF PASPALUM ATRATUM BRA-9610 AT DIFFERENT


CUTTING AGES

ABSTRACT: Under greenhouse conditions, the effects of plant age on dry matter (DM) yields, chemical
composition and regrowth of Paspalum atratum BRA-9610 were evaluated. DM yields, leaf area and
ratio of leaf area increased consistently with growth stage. Cutting at 112 and 98 days provided higher
DM yields. The crude protein, phosphorus, calcium, magnesium and potassium contents, relative
growth rate and apparent assimilation rate decreased as plant age. Apical meristem removing
percentage increased with plant age. Aftermath regrowth showed close negative correlation with
survival of apical meristems. These data suggest that cutting at 42 to 56 days were optimal for obtain
maximum yields of rich forage and pasture persistence.

KEYWORDS: calcium, crude protein, growth rate, potassium, phosphorus, regrowth

INTRODUÇÃO
Em Rondônia, as pastagens cultivadas representam a fonte mais econômica para alimentação
dos rebanhos. No entanto, face às oscilações climáticas, a produção de forragem durante o ano
apresenta flutuações estacionais, ou seja abundância no período chuvoso (outubro a maio) e déficit no
período seco (junho a setembro), o que afeta negativamente os índices de produtividade animal
(COSTA et al., 1988).
A utilização de práticas de manejo adequadas é uma das alternativas para reduzir os efeitos da
estacionalidade da produção de forragem. O estádio de crescimento em que a planta é colhida afeta
diretamente o rendimento, composição química, capacidade de rebrota e persistência. Em geral,
cortes ou pastejos menos frequentes fornecem maiores produções de forragem, porém,
concomitantemente, ocorrem decréscimos acentuados em sua composição química (COSTA e
OLIVEIRA, 1994; COSTA et al. 1997). Logo, deve-se procurar o ponto de equilíbrio entre produção e
qualidade da forragem, visando assegurar os requerimentos nutricionais dos animais e garantindo,
simultaneamente, a persistência e a produtividade das pastagens.
Neste trabalho avaliaram-se os efeitos da idade das plantas sobre a produção de forragem,
composição química e vigor rebrota de Paspalum atratum BRA-9610.

MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi conduzido em casa-de-vegetação, utilizando-se um Latossolo Amarelo, textura
argilosa, o qual apresentava as seguintes características químicas: pH = 5,1; Al = 1,3 cmolc/dm3; Ca +
Mg = 1,7 cmol/dm3; P = 2 mg/kg e K = 33 mg/kg. O solo foi coletado na camada arável (0 a 20 cm),
destorroado e passado em peneira com malha de 6 mm e posto para secar ao ar. O delineamento
experimental foi em blocos casualizados com três repetições. Os tratamentos consistiram de oito
idades de corte (14, 28, 42, 56, 70, 84, 98 e 112dias). A adubação de estabelecimento constou da
aplicação de 22 mg/dm3 de P, sob a forma de superfosfato triplo. Cada unidade experimental constou
de um vaso com capacidade para 3,0 dm3 de solo seco. Dez dias após a emergência das plantas
executou-se o desbaste, deixando-se três plantas/vaso. O controle hídrico foi realizado diariamente
através da pesagem dos vasos, mantendo-se o solo em 80% de sua capacidade de campo.
Os cortes foram realizados manualmente a uma altura de 15 cm acima do solo. As variáveis
avaliadas foram rendimento de matéria seca (MS), teores de proteína bruta (PB), fósforo, cálcio,
magnésio e potássio, taxa absoluta de crescimento (TAC), taxa relativa de crescimento (TRC), área
foliar (AF), razão de área foliar (RAF) e taxa de assimilação aparente (TAA). O vigor de rebrota foi
avaliado através da produção de MS aos 21 dias após o primeiro corte.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os rendimentos de MS foram significativamente (P < 0,05) incrementados com a idade das
plantas, sendo o maior valor obtido com cortes aos 112 dias (16,24 g/vaso), o qual não diferiu do
observado aos 98 dias (15,31 g/vaso). Resultados semelhantes foram relatados por MOTA (1980) para
Paspalum guenoarum e COSTA et al. (1997) para Panicum maximum cv. Tanzânia. A eliminação de
meristemas apicais foi diretamente proporcional à idade das plantas. Até os 58 dias de idade não
houve remoção de meristemas, no entanto, a partir dos 70 dias, observou-se uma moderada
percentagem de decapitação (11,3 a 38,9%), comparativamente à comumente verificada em outras
gramíneas forrageiras tropicais, como Andropogon gayanus, Brachiaria brizantha e Panicum maximum
(COSTA et al. 1997). O vigor de rebrota foi significativamente (P < 0,05) afetado pela idade da planta e
negativamente correlacionado com a percentagem de remoção de meristemas apicais. As maiores
produções de MS foram obtidas com cortes aos 42, 56 dias, as quais não diferiram (P > 0,05) da
registrada com corte aos 70 dias. Os teores de PB, fósforo, cálcio, magnésio e potássio decresceram
com o avanço do estádio de crescimento da gramínea. Em geral, as maiores concentrações foram
registradas com cortes entre 14 e 42 dias (Quadro 1). Os teores obtidos neste trabalho são
semelhantes ou superiores aos relatados por COSTA et al. (1996a,b,c) para P. atratum BRA-9610.
Considerando-se que teores de PB inferiores a 7% são limitantes à produção animal, por implicarem
em menor consumo voluntário, redução na digestibilidade e balanço nitrogenado negativo, observa-se
que a gramínea atenderia, satisfatoriamente, aos requerimentos mínimos dos ruminantes em cortes
com plantas com até 84 dias de idade. Para o fósforo, os teores verificados nas plantas com até 58 dias
de idade foram superiores ao nível crítico interno deste nutriente estimado por COSTA et al. (1996c)
para a gramínea (1,5 g/kg). Já, para o potássio, em todas as idades de corte, os percentuais ficaram
abaixo do nível crítico interno reportado por COSTA et al. (1996b) para P. atratum BRA-9610 (17,20 g/kg).
A maior TAC foi verificada com cortes entre 70 e 84 dias, enquanto que para a TRC e a TAA, os
maiores valores foram obtidos no período compreendido entre 14 e 28 dias (Quadro 2). Da mesma
forma, MOTA (1980) verificou um crescimento inicial lento para P. guenoarum, o qual, até os 92 dias de
idade, acumulou apenas 30% do rendimento máximo de MS, comparativamente ao observado aos 134
dias de idade. Ademais, a TAC registrada com a gramínea foi inferior a obtida no presente trabalho,
independentemente da idade das plantas. Como a TAA representa a diferença entre a fotossíntese e a
respiração, ou seja, é uma estimativa da fotossíntese líquida, devido ao auto-sombreamento das
folhas, esta normalmente diminui com o aumento da área foliar. A área foliar e a razão de área foliar
foram diretamente proporcionais à idade das plantas, sendo os maiores valores verificados aos 98 e
112 dias. Resultados semelhantes foram reportados por COSTA et al. (1997) para P. maximum cv.
Tanzânia. A rapidez na restituição da área foliar está ligada à quantidade de meristemas apicais
sobreviventes após o corte. Neste trabalho a correlação entre área foliar e remoção de meristemas foi
positiva e muito significativa (r = 0,94**).

CONCLUSÕES
1. O aumento da idade das plantas resultou em maiores rendimentos de forragem, área foliar e
razão de área foliar, contudo implicou em decréscimos significativos dos teores de PB, fósforo, cálcio,
magnésio e potássio, taxas relativas de crescimento e taxas de assimilação aparente;
2. A eliminação de meristemas apicais foi diretamente proporcional à idade das plantas,
ocorrendo o oposto quanto ao vigor de rebrota;
3. A idade de corte mais adequada para pastagens de P. atratum BRA-9610, visando conciliar
produção, vigor de rebrota e qualidade da forragem, situa-se entre 42 e 56 dias.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. COSTA, N. de L.; OLIVEIRA, J.R. da C. Evaluación agronómica de accesiones de Panicum maximum
en Rondônia. Pasturas Tropicales, v.16, n.2, p.44-46, 1994.
2. COSTA, N. de L.; GONÇALVES, C.A.; OLIVEIRA, M.A.S.; OLIVEIRA, J.R. da C. Rendimento de
gramíneas forrageiras em Ariquemes-RO. Porto Velho: EMBRAPA-UEPAE Porto Velho, 1988. 4p.
(Comunicado Técnico, 63).
3. COSTA, N. de L.; PAULINO, V.T.; RODRIGUES, A.N.A. Nutrientes limitantes ao crescimento de
Paspalum atratum. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE FERTILIDADE DE SOLO E NUTRIÇÃO DE
PLANTAS, 22., 1996, Manaus. Anais... Manaus: EDUA, 1996a, p.498-499.
4. COSTA, N. de L.; PAULINO, V.T.; RODRIGUES, A.N.A. Efeito da adubação potássica na produção de
forragem e composição química de Paspalum atratum. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE
FERTILIDADE DE SOLO E NUTRIÇÃO DE PLANTAS, 22., 1996, Manaus. Anais... Manaus: EDUA,
1996b, p.692-693.
6. COSTA, N. de L.; PAULINO, V.T.; TOWNSEND, C.R. Produção de forragem e composição química de
Panicum maximum cv. Tanzânia em diferentes idades de corte. In: ENCONTRO DE
PESQUISADORES DE RONDÔNIA, 3., 1997, Porto Velho. Anais... Porto Velho: UNIR, 1997, p.51.
5. COSTA, N. de L.; RODRIGUES, A.N.A.; PAULINO, V.T. Resposta de Paspalum atratum à fertilização
fosfatada. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE FERTILIDADE DE SOLO E NUTRIÇÃO DE PLANTAS, 22.,
1996, Manaus. Anais... Manaus: EDUA, 1996c, p.502-503.
7. MOTA, J.F.A.S. da. Caracterização morfológica e fisiológica de Paspalum guenoarum Arech. Porto
Alegre: UFRGS/Faculdade de Agronomia, 1980, 94p. Dissertação de Mestrado.

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