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1) Scena: “Ancor non giunse” (Prelúdio, com solo concertante da harpa, e recitativo; em
versos soltos);
2) Cantabile: “Regnava nel silenzio” (Larghetto; duas estrofes em septenário cantadas
sobre a mesma melodia)
3) Tempo di mezzo: “Chiari o Dio! Bem chiari e tristi” (Allegro; octonário)
4) Cabaletta: “Quando rapito in estasi” (Moderato; duas quartinas em septenário
repetidas depois de um breve interlúdio [prevê-se também que o cantor varie a repetição
com ornamentação belcantística])
Note-se que termos como “cantabile” (muitas vezes também “primo tempo”),
“tempo di mezzo” e “cabaletta” não se encontram na partitura, mas faziam parte da gíria
operática; e que “cavatina” designa nesta época a ária com a qual uma personagem se
apresenta pela primeira vez em cena, sem implicar uma configuração formal específica
(quando porém, caso não pouco frequente, as secções se reduzem apenas às primeiras
duas, usa-se a denominação Romanza). Mais do que tudo é importante notar que as
quatro secções musicais delineiam outras tantas fases na evolução da situação
dramática: 1) preocupação de Lucia pelo atraso de Edgardo; 2) recordação angustiada
com presságios funestos; 3) retorno à realidade através de uma chamada de atenção de
Alisa; 4) reafirmação decisiva da vontade de amar de Lucia.
Se a ária solística é normalmente a expressão de um itinerário interior à
personagem, os duetos apresentam habitualmente uma situação mais complexa: o
esquema formal alarga-se para seguir a sucessão dos momentos nos quais a acção
prossegue com a troca de diálogo e daqueles nos quais ela pára na contemplação dos
sentimentos suscitados de quando em quando. Dos três duetos da Lucia aquele entre a
protagonista e Enrico (Parte II, Acto I) exemplifica de modo quase perfeito a “norma”
rossiniana. No esquema seguinte recordamos também brevemente os principais
acontecimentos da acção:
1) Preludio e Scena: “Lucia fra poco a te verrà”. Normanno informa Enrico da situação,
entrada de Lucia (recitativo depois entremeado com um Larghetto com melodia do
oboé; versos soltos);
2) Tempo d’attacco (denominação que se verifica uma única vez e que se assume aqui
por comodidade): “Il pallor funesto, orrendo”. Lucia e Enrico acusam-se reciprocamente
(em duas estrofes paralelas cantadas sobre a mesma melodia) de crueldade e obstinação;
no fim Enrico mostra a falsa carta de Edgardo (Moderato; estilo misto de parlante e
cantabile sobre um intenso movimento da orquestra; octonário)
3) Cantabile: “Soffriva nel pianto”. Lucia chora a sua própria desgraça, Enrico
aproveita-se do seu estado de abatimento (Larghetto; uma estrofe em senário para cada
uma das personagens, que cantam melodias diferentes mas no fim unem-se num canto a
dois);
4) Tempo di mezzo: “Che fia? Suonar di giubilo”. Sons festivos anunciam a chegada de
Arturo, Enrico revela a Lucia o perigo em que se encontra (Vivace; estilo parlante sobre
figurações orquestrais, rasgos de recitativo; septenário);
5) Cabaletta: “Se tradirmi tu potrai”. Enrico exerce chantagem moral sobre Lucia, a
qual desesperada se abandona ao seu destino (Allegro; duas estrofes em octonário para
cada personagem sobre a mesma melodia, interlúdio e repetição abreviada).
O mais complexo de todos naturalmente é o Finale, que ocupa sozinho metade
do primeiro Acto da Segunda parte. Fornecemos em seguida um esquema essencial, que
permite reconhecer os elementos fundamentais que já identificamos:
1) Coro introdutório: “Per te d’immenso giubilo”. Entrada de Arturo que tem um breve
solo (Moderato mosso; septenário)