You are on page 1of 40

Aula 09

Legislação Especial p/ PF - Agente - 2014


Professor: Paulo Guimarães
Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09
AULA 09: Lei nº 6.815/1980: define a situação
jurídica do estrangeiro no Brasil, cria o Conselho
Nacional de Imigração – Parte III.

SUMÁRIO PÁGINA
1. Lei nº 6.815/1980: define a situação jurídica do 2
estrangeiro no Brasil, cria o Conselho Nacional de
Imigração – Parte III
2. Resumo do concurseiro 25
3. Questões comentadas 29
4. Lista das questões apresentadas 36

Olá, amigo concurseiro! Hoje teremos mais uma aula sobre a


Lei nº 6.815/1980, mais conhecida como Estatuto do Estrangeiro. Quero
chamar sua atenção desde já para a necessidade de revisar os conteúdos
que estamos estudando antes da sua prova.
É MUITO importante criar uma estratégia de revisão. Minha
dica é a seguinte: separe alguns dias antes da prova apenas para revisar
o que estudou. Isso depende muito do seu ritmo, mas recomendo que
seja algo entre 5 e 10 dias apenas para isso.
Nesse período uma coisa interessante que você pode fazer é
resolver novamente todas as questões do nosso curso. Dessa forma você
certamente vai conseguir relembrar as matérias, mas vai também
identificar alguns temas que você precisará reler. Aí então você pode
voltar diretamente para a teoria da parte que está com dificuldade, sem
perder muito tempo.
Dê atenção à revisão! Ela é muito importante!

Força! Bons estudos!

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 1 () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09
1. LEI Nº 6.815/1980: DEFINE A SITUAÇÃO JURÍDICA DO
ESTRANGEIRO NO BRASIL, CRIA O CONSELHO NACIONAL DE
IMIGRAÇÃO – PARTE III

Esta é uma das partes mais importantes do estudo do


Estatuto, sem dúvidas. Para sua prova é essencial que você conheça a
diferença entre as 3 medidas que podem ser adotadas contra
estrangeiros: deportação, expulsão e extradição.
Não é difícil lembrar as diferenças, e certamente você não se
confundirá na hora da prova ☺

1.1. Deportação

Art. 57. Nos casos de entrada ou estada irregular de estrangeiro, se


este não se retirar voluntariamente do território nacional no prazo fixado
em Regulamento, será promovida sua deportação.
A deportação é a medida aplicável nos casos de entrada ou
estada irregular de estrangeiro. Seria o caso, por exemplo, de um
estrangeiro cujo visto venceu, e que não se retira do território nacional do
prazo fixado em regulamento.
Quanto à menção ao prazo regulamentar, é importante saber
que nem sempre esse prazo efetivamente existe. Normalmente está
previsto em regulamento, mas o próprio Estatuto do Estrangeiro permite
que a deportação ocorra independentemente da fixação de qualquer
prazo, quando a medida for conveniente aos interesses nacionais.
Basicamente o que ocorre é o seguinte: identificada a
irregularidade, o estrangeiro terá prazo para sair do país, ou será
imediatamente deportado para seu país de nacionalidade ou de
procedência. É possível ainda que o estrangeiro irregular seja deportado
para outro país que concorde em recebe-lo.
Existem ainda algumas outras irregularidades que podem
motivar a deportação:

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 4 () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09
a) Fronteiriço que se afasta dos limites territoriais do
município onde tem autorização para transitar;
b) Estrangeiro procedente do exterior que se afasta do local
de entrada e inspeção, sem que o seu documento de
viagem e o cartão de entrada e saída hajam sido visados
pelo órgão competente do Ministério da Justiça;
c) Estrangeiro beneficiado com visto permanente que
descumpre as condições estabelecidas por ocasião da
concessão do visto. Lembre-se de que esses estrangeiros
podem ser obrigados a exercer determinada atividade ou a
residir em determinado local do país pelo prazo máximo de
5 anos;
d) Estrangeiro beneficiado com visto de turista ou visto
temporário na condição de estudante que exerça
atividade remunerada (art. 98);
e) Estrangeiro beneficiado com visto temporário na
condição de correspondente de jornal, revista, rádio,
televisão ou agência noticiosa estrangeira que exerce
atividade remunerada com fonte pagadora brasileira (art.
98);
f) Estrangeiro titular de visto temporário ou fronteiriço
que se estabelece com firma individual, ou exerce cargo ou
função de administrador, gerente ou diretor de sociedade
comercial ou civil, ou, ainda, inscreve-se em entidade
fiscalizadora do exercício de profissão regulamentada (art.
99);
g) O estrangeiro admitido na condição de temporário, sob
regime de contrato, que exerce atividade junto a
entidade diferente da que o contratou (art. 100).

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 2 () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09

O estrangeiro que entrar ou permanecer irregularmente no país e não se retirar


voluntariamente do território nacional no prazo fixado em Regulamento será
deportado.
Poderá haver deportação ainda nos seguintes casos
Fronteiriço que se afasta dos limites territoriais Estrangeiro beneficiado com visto temporário
do município onde tem autorização para na condição de correspondente de jornal,
transitar; revista, rádio, televisão ou agência
noticiosa estrangeira que exerce atividade
remunerada com fonte pagadora brasileira (art.
98);
Estrangeiro procedente do exterior que se afasta Estrangeiro titular de visto temporário ou
do local de entrada e inspeção, sem que o seu fronteiriço que se estabelece com firma
documento de viagem e o cartão de entrada e individual, ou exerce cargo ou função de
saída hajam sido visados pelo órgão competente administrador, gerente ou diretor de sociedade
do Ministério da Justiça; comercial ou civil, ou, ainda, inscreve-se em
entidade fiscalizadora do exercício de profissão
regulamentada (art. 99);
Estrangeiro beneficiado com visto permanente O estrangeiro admitido na condição de
que descumpre as condições estabelecidas por temporário, sob regime de contrato, que
ocasião da concessão do visto. exerce atividade junto a entidade diferente da
OBS: Lembre-se de que esses estrangeiros que o contratou (art. 100).
podem ser obrigados a exercer determinada
atividade ou a residir em determinado local do
país pelo prazo máximo de 5 anos;
Estrangeiro beneficiado com visto de turista ou
visto temporário na condição de estudante que
exerça atividade remunerada (art. 98);

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 5 () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09
Art. 60. O estrangeiro poderá ser dispensado de quaisquer
penalidades relativas à entrada ou estada irregular no Brasil ou
formalidade cujo cumprimento possa dificultar a deportação.
Este é um dispositivo interessante. Imagine, por exemplo, que
um estrangeiro tenha sido penalizado com multa em razão do atraso na
entrega de um documento para renovação de seu visto. Essa multa não
foi paga e, posteriormente, com o visto vencido, a estada do estrangeiro
no Brasil se tornou irregular.
Seria razoável exigir que o estrangeiro pagasse a multa para
depois proceder à sua deportação? Num caso como esses poderia ser
mais interessante que a multa não fosse paga, para que ele pudesse
permanecer no Brasil, não é mesmo?
Por essa razão, a regra do Estatuto é que o estrangeiro que
precise ser deportado seja dispensado do cumprimento de penalidades
que eventualmente dificultassem a deportação.
Você pode estar se perguntando se não seria mais fácil
prender esse estrangeiro irregular até que ele cumprisse a penalidade.
Essa pergunta é interessante e merece uma reflexão, mas a medida
esbarra numa outra regra do Estatuto, que autoriza a prisão de
estrangeiro por ordem do Ministro da Justiça, enquanto não se efetivar a
deportação, pelo prazo de 60 dias.

Art. 61. O estrangeiro, enquanto não se efetivar a deportação,


poderá ser recolhido à prisão por ordem do Ministro da Justiça, pelo
prazo de sessenta dias.
Aqui temos uma polêmica acerca das regras da Constituição
de 1988 sobre prisão. O art. 5º da nova Constituição determina que
“ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei”.

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 6 () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09
O art. 61 do Estatuto, portanto, precisa ser interpretado na
forma da Constituição. Não é mais possível, portanto, que o Ministro da
Justiça ordene a prisão de estrangeiro, já que a irregularidade cometida
não constitui crime (e, portanto, não pode haver flagrante delito) e o
Ministro não é autoridade judiciária.
Ainda é possível, contudo, a prisão para deportação, desde
que a ordem seja expedida por meio de ordem escrita de autoridade
judiciária.
Se no prazo de 60 dias não for possível determinar a
identidade do estrangeiro ou obter documento de viagem para promover
a sua retirada, a prisão poderá ser prorrogada por igual período. Ao final
desse prazo, o estrangeiro será posto em liberdade. O Estatuto chama
essa situação de liberdade vigiada, porque, ainda que não esteja preso,
o estrangeiro deve permanecer em local determinado.

Art. 64. O deportado só poderá reingressar no território nacional se


ressarcir o Tesouro Nacional, com correção monetária, das despesas com
a sua deportação e efetuar, se for o caso, o pagamento da multa devida à
época, também corrigida.
Lembra do exemplo que eu dei quando falamos da liberação
do estrangeiro que tenha sido punido com penalidade administrativa e
precise ser deportado? Pois bem, agora imagine que esse estrangeiro,
que não tinha pago a multa a ele imposta, tenha sido deportado.
A deportação, em regra, não impede o estrangeiro de voltar
ao Brasil. Isso apenas ocorrerá se o estrangeiro não tiver pago multa a
ele imposta, ou se a sua deportação tiver gerado custo para o Tesouro
Nacional, caso em que precisará ressarcir os valores.

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 7 () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09

O deportado só poderá reingressar no território nacional se


ressarcir o Tesouro Nacional, com correção monetária, das despesas com
a sua deportação e efetuar, se for o caso, o pagamento da multa devida à
época, também corrigida.

Art. 62. Não sendo exeqüível a deportação ou quando existirem


indícios sérios de periculosidade ou indesejabilidade do estrangeiro,
proceder-se-á à sua expulsão.
Art. 63. Não se procederá à deportação se implicar em extradição
inadmitida pela lei brasileira.
Veja bem, para compreender essas regras, você precisa
conseguir diferenciar os três institutos. Isso não é complicado. Vamos lá!
A deportação ocorre por razão de irregularidade da entrada
ou estada do estrangeiro no Brasil. Ela não é exatamente uma penalidade
imposta ao estrangeiro, mas apenas uma medida administrativa para
sanar o descumprimento de uma norma: se o estrangeiro não pode
permanecer no Brasil, precisa sair.
A expulsão, por outro lado, implica numa punição. Veremos
mais adiante em que casos ela é aplicável, mas por enquanto guarde bem
essa diferença entre as duas medidas.
A extradição, por outro lado, implica na entrega do
estrangeiro a outro país para que cumpra pena por crime pelo qual foi
condenado, ou para que seja julgado. A extradição sempre está ligada ao
cometimento de um crime pelo estrangeiro em outro país.
Qual é, então, o significado das regras dos arts. 62 e 63?
Vejamos! Se o estrangeiro for perigoso ou indesejável no Brasil, deverá

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 8 () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09
ser expulso, e não deportado. Por quê? Muito simples! Quando o
estrangeiro é deportado, pode voltar ao Brasil depois. Já o expulso não.
Por outro lado, a extradição envolve uma série de
procedimentos e regras específicas, que estudaremos daqui a pouco. O
que o Estatuto proíbe é que, quando essas regras não forem cumpridas, o
estrangeiro seja deportado por uma irregularidade qualquer.
Posso dar um exemplo para esclarecer sua mente. Imagine
que um estrangeiro tenha cometido um homicídio no exterior, e por essa
razão o país onde ocorreu o crime tenha requerido sua extradição para
cumprir pena. Uma das regras às quais o Brasil se submete é a de não
extraditar estrangeiros para países que apliquem penas não admitidas no
Direito Penal brasileiro.
Se o estrangeiro que cometeu o crime tiver sido condenado no
exterior, por exemplo, à pena de morte, o Brasil não pode extraditá-lo, a
não ser que o país requerente se comprometa em substituir essa pena
por outra que seja aplicável no Brasil, como a prisão por até 30 anos, por
exemplo.
Agora imagine que esse mesmo estrangeiro, que não poderá
ser extraditado, tenha deixado seu visto vencer. Parece razoável que o
Brasil o entregue ao seu país de origem, para que seja morto? Claro que
não. Esse é o significado da regra do art. 63.

1.2. Expulsão

Art. 65. É passível de expulsão o estrangeiro que, de qualquer


forma, atentar contra a segurança nacional, a ordem política ou
social, a tranqüilidade ou moralidade pública e a economia
popular, ou cujo procedimento o torne nocivo à conveniência e aos
interesses nacionais.
Diferentemente da deportação, a expulsão ocorre em razão
da adoção de conduta inadequada por parte do estrangeiro. Existem,

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 9 () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09
portanto, certos atos que, se praticados pelo estrangeiro, podem motivas
sua expulsão.
O Estatuto faz, no art. 65, uma previsão genérica, mas logo
em seguida traz um rol exemplificativo. É passível de expulsão do Brasil
o estrangeiro que praticar as seguintes condutas:
a) Praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou
permanência no Brasil;
b) Havendo entrado no território nacional com infração à lei,
dele não se retirar no prazo que lhe for determinado para
fazê-lo, não sendo aconselhável a deportação;
c) Entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou
d) Desrespeitar proibição especialmente prevista em lei para
estrangeiro.

É passível de expulsão o estrangeiro que, de qualquer forma, atentar contra a


segurança nacional, a ordem política ou social, a tranquilidade ou
moralidade pública e a economia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo
à conveniência e aos interesses nacionais
Poderá haver expulsão ainda do estrangeiro que...
Praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou Entregar-se à vadiagem ou à mendicância;
permanência no Brasil;
Havendo entrado no território nacional com Desrespeitar proibição especialmente prevista
infração à lei, dele não se retirar no prazo em lei para estrangeiro.
que lhe for determinado para fazê-lo, não
sendo aconselhável a deportação;

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 3 () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09
Art. 66. Caberá exclusivamente ao Presidente da República
resolver sobre a conveniência e a oportunidade da expulsão ou de sua
revogação.
A expulsão é um ato administrativo discricionário, que é
praticado sob a forma de Decreto presidencial. É possível ainda que esse
ato seja revogado, sempre por meio de outro Decreto.
A prática desse ato administrativo independe de processo
judicial. O estrangeiro pode ser expulso mesmo que esteja correndo
contra ele processo criminal, desde que a expulsão seja conveniente ao
interesse nacional.
Apesar de o dispositivo tratar essa competência como
exclusiva, ela pode ser delegada ao Ministro da Justiça. É possível,
portanto, que o Decreto de expulsão seja subscrito pelo Ministro da
Justiça, em vez do Presidente da República.

Art. 68. Os órgãos do Ministério Público remeterão ao Ministério


da Justiça, de ofício, até trinta dias após o trânsito em julgado, cópia da
sentença condenatória de estrangeiro autor de crime doloso ou de
qualquer crime contra a segurança nacional, a ordem política ou social, a
economia popular, a moralidade ou a saúde pública, assim como da folha
de antecedentes penais constantes dos autos.
Parágrafo único. O Ministro da Justiça, recebidos os documentos
mencionados neste artigo, determinará a instauração de inquérito para a
expulsão do estrangeiro.

O Ministério Público é órgão de estado, responsável, em


geral, por promover os processos criminais perante o Poder Judiciário.
Uma das mais importantes atribuições do Ministério Público é
justamente atuar como “acusador” nas ações penais.
Agora imagine comigo que um estrangeiro tenha cometido um
crime e seja processado pelo Ministério Público, julgado e condenado. O
fato de ter sido condenado significa que provou-se que o crime ocorreu e

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 1: () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09
que ele foi o autor. É possível, portanto, que ele seja expulso, a depender
do crime cometido, não é mesmo?
Por essa razão, o Ministério Público deve informar ao
Ministério da Justiça quando houver condenação definitiva (transitada
em julgado) de estrangeiro em razão de crime doloso ou de qualquer
crime contra a segurança nacional, a ordem política ou social, a economia
popular, a moralidade ou a saúde pública.
Essa comunicação é importante porque, ainda que o ato de
expulsão seja de competência do Presidente da República, a
instauração do processo administrativo (inquérito) é feita pelo Ministro
da Justiça.

Art. 69. O Ministro da Justiça, a qualquer tempo, poderá


determinar a prisão, por 90 (noventa) dias, do estrangeiro submetido
a processo de expulsão e, para concluir o inquérito ou assegurar a
execução da medida, prorrogá-la por igual prazo.
Aqui valem os mesmos comentários feitos por ocasião da
nossa análise da possibilidade de prisão de estrangeiro para
deportação. O dispositivo foi recepcionado apenas em parte pela
Constituição de 1988. A prisão continua sendo possível, mas apenas por
ordem fundamentada de autoridade judiciária.
Cabem também os mesmos comentários acerca da
possibilidade de concessão de liberdade vigiada.

Art. 71. Nos casos de infração contra a segurança nacional, a ordem


política ou social e a economia popular, assim como nos casos de
comércio, posse ou facilitação de uso indevido de substância entorpecente
ou que determine dependência física ou psíquica, ou de desrespeito à
proibição especialmente prevista em lei para estrangeiro, o inquérito
será sumário e não excederá o prazo de quinze dias, dentro do qual
fica assegurado ao expulsando o direito de defesa.

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 11 () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09
Art. 72. Salvo as hipóteses previstas no artigo anterior, caberá
pedido de reconsideração no prazo de 10 (dez) dias, a contar da
publicação do decreto de expulsão, no Diário Oficial da União.
Preste bastante atenção no prazo determinado pelo Estatuto
para o procedimento sumário de expulsão: 15 dias. Isso pode aparecer
tranquilamente na sua prova.
Além desse, há uma espécie de recurso administrativo, que é
o pedido de reconsideração, que pode ser impetrado no prazo de 10
dias a partir da publicação do Decreto de expulsão. Lembre-se de que
esse tipo de pedido é dirigido à mesma autoridade responsável pela
decisão, ou seja, nesse caso estamos falando do Presidente da
República.
Em todo o procedimento, deve ser assegurado ao estrangeiro
o direito ao contraditório e à ampla defesa. Isso significa que a ele deve
ser dada a oportunidade de defender-se e efetivamente influenciar a
decisão final. A cada ato do processo, o estrangeiro deve ser chamado a
manifestar-se: quando forem apresentadas provas, quando forem ouvidas
testemunhas, etc.

Art. 75. Não se procederá à expulsão:


I - se implicar extradição inadmitida pela lei brasileira; ou
II - quando o estrangeiro tiver:
a) Cônjuge brasileiro do qual não esteja divorciado ou separado, de
fato ou de direito, e desde que o casamento tenha sido celebrado há mais
de 5 (cinco) anos; ou
b) filho brasileiro que, comprovadamente, esteja sob sua guarda e
dele dependa economicamente.
Lembra do exemplo que dei quando falamos que a
deportação não poderia ser utilizada como um “pretexto” para
extraditar estrangeiros em casos não permitidos no Direito brasileiro?
Pois bem, o mesmo vale para a expulsão: um estrangeiro que cometeu

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 14 () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09
um crime e foi condenado à pena de morte em outro país não pode ser
extraditado. Da mesma forma, o Presidente da República não pode
considerar que ele se tornou nocivo e entrega-lo ao outro país por meio
de expulsão.
As outras duas hipóteses em que não se aplica a expulsão são
bastante importantes para a sua prova. O estrangeiro que seja casado
com brasileiro há mais de 5 anos e não esteja separado ou divorciado não
pode ser extraditado, assim como aquele que tem filho brasileiro sob sua
guarda ou que dele dependa economicamente.
Como qualquer ato administrativo discricionário, o ato de
expulsão não pode ter seu mérito discutido pelo Poder Judiciário. Por
outro lado, podem-se discutir tranquilamente os aspectos formais e legais
do ato.
Já houve inclusive Tribunais que anularam processos de
expulsão de estrangeiros em razão dos impedimentos que acabamos de
estudar.

Não haverá expulsão do estrangeiro o ato implicar em


extradição inadmitida pela lei brasileira ou quando o estrangeiro tiver:
a) Cônjuge brasileiro do qual não esteja divorciado ou
separado, de fato ou de direito, e desde que o casamento tenha sido
celebrado há mais de 5 (cinco) anos; ou
b) Filho brasileiro que, comprovadamente, esteja sob sua
guarda e dele dependa economicamente.

Diante desses impedimentos, o estrangeiro que comete algum


ato que possa resultar em expulsão poderia adotar um filho brasileiro

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 12 () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09
apenas para não ser expulso, não é mesmo? NÃO! Se o estrangeiro
adotar ou reconhecer filho brasileiro após o ato que motivou a expulsão,
o impedimento não vale.
Também já houve julgado do STF no sentido de que mesmo
um filho natural brasileiro que tenha nascido depois do fato não impedirá
o estrangeiro de ser expulso do Brasil.
O STJ, no entanto, flexibilizou a interpretação desse
dispositivo afirmando que, se o estrangeiro possui filho brasileiro, mesmo
que nascido posteriormente à condenação penal e ao decreto expulsório,
ele NÃO deverá ser expulso desde que prove que o filho brasileiro
depende economicamente dele e que há uma convivência socioafetiva
entre eles.
Cuidado para não confundir a extradição com a expulsão no
que se refere a ter filho brasileiro. A Súmula 421 do STF deixa claro que
“não impede a extradição a circunstância de ser o extraditado
casado com brasileira ou ter filho brasileiro”.

1.3. Extradição

Art. 76. A extradição poderá ser concedida quando o governo


requerente se fundamentar em tratado, ou quando prometer ao Brasil a
reciprocidade.

A extradição é uma medida por meio da qual o Brasil entrega


a outro país um indivíduo que cometeu um crime que é punido segundo
as leis daquele país (e também do Brasil) a fim de que lá ele seja
processado ou cumpra a pena por esse ilícito.
Normalmente os países celebram tratados de extradição, que
contêm todos os detalhes e trâmites, além de uma previsão mais
específica das situações nas quais um indivíduo será extraditado.
“Professor, quer dizer então que se não houver tratado, não
haverá extradição?” Não, caro aluno. É possível que a extradição ocorra
mesmo sem um tratado prévio, e nesse caso o Brasil poderá entregar um

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 15 () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09
estrangeiro a outro país se este lhe prometer que agirá da mesma forma
quando o Brasil requerer a extradição de brasileiro que tenha cometido
crime.

Art. 78. São condições para concessão da extradição:


I - ter sido o crime cometido no território do Estado requerente ou
serem aplicáveis ao extraditando as leis penais desse Estado; e
II - existir sentença final de privação de liberdade, ou estar a prisão
do extraditando autorizada por Juiz, Tribunal ou autoridade competente
do Estado requerente, salvo o disposto no artigo 82.
Para ser extraditado, o estrangeiro precisa ter cometido um
crime. Perceba que esse é um fator que diferencia claramente a
extradição da expulsão e da deportação, já que o deportado apenas
entrou ou está no Brasil irregularmente, e o expulso cometeu algum ato
que tornou sua presença inconveniente ou nociva, mas esse ato não é
necessariamente um crime.
Quer dizer então que se um estrangeiro cometer um crime no
Brasil, ele será extraditado para o seu país de origem? Não
necessariamente. Na realidade, a extradição serve para que um país que,
na maioria das vezes, não tem nada a ver com o crime, entregue a outro
país o estrangeiro para que lá seja julgado ou cumpra pena.
Na maioria das vezes a extradição serve para corrigir a
seguinte situação: o sujeito cometeu um crime em um país e fugiu para
outro. Nada mais justo do que o país onde o crime foi cometido peça ao
país que está abrigando o fugitivo que o entregue, não é mesmo
No Brasil, tivemos um caso de pedido de extradição que se
tornou histórico. Estou falando do britânico Ronald Biggs, que participou
do famosíssimo assalto ao trem pagador, em 1963. Os ladrões, inclusive
Biggs, foram presos em janeiro de 1964. Processado e condenado a 30
anos de prisão, Biggs foi para a penitenciária de Wandsworth (Londres),
de onde conseguiu fugir 15 meses depois.

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 16 () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09
Ele passou por cirurgias estéticas e viveu como foragido na
Espanha, na Austrália e, principalmente, no Brasil, onde chegou na
década de 1970. Ele teve até um filho com sua namorada Raimunda,
Michael Biggs, que foi cantor do grupo infantil brasileiro Balão Mágico e
hoje é empresário.
Ao descobrir que o "ladrão do século" estava em solo
brasileiro, o governo britânico iniciou uma batalha judicial para sua
extradição. A questão, contudo, é que a legislação britânica não admite a
formulação de pedido oficial de extradição a país com o qual não tenha
tratado de extradição. O acordo entre o Brasil e o governo britânico só
entrou em vigor em outubro de 1997 – 25 anos depois do assalto ao trem
pagador.
O caso foi então para julgamento no STF, mas aí já havia
outro problema. Vamos fazer um pequeno intervalo na nossa história e
estudar o art. 77 do Estatuto do Estrangeiro, muito importante para a sua
prova...
Para facilitar a visualização do dispositivo, coloquei as
informações num quadro esquemático.

Art. 77. Não se concederá a extradição quando:


I - se tratar de brasileiro, salvo se a Apenas estrangeiros podem ser extraditados, mas há
aquisição dessa nacionalidade verificar- uma exceção: se um brasileiro naturalizado houver
se após o fato que motivar o pedido; cometido o crime antes de obter sua naturalização.
II - o fato que motivar o pedido não for O fato precisa ser considerado crime não só pelo país
considerado crime no Brasil ou no que requer a extradição, mas também pelo Brasil.
Estado requerente;
III - o Brasil for competente, Algumas vezes crimes cometidos no exterior podem
segundo suas leis, para julgar o crime ser julgados no Brasil. Nesses casos não haverá
imputado ao extraditando; extradição.

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 17 () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09
IV - a lei brasileira impuser ao crime a Nesses crimes mais leves geralmente a pena de
pena de prisão igual ou inferior a 1 privação de liberdade é comutada em penas
(um) ano; alternativas, como a prestação de serviços
comunitários, por exemplo.
V - o extraditando estiver a responder a Extraditar o estrangeiro nessa situação significaria
processo ou já houver sido condenado permitir que ele fosse punido duas vezes pelo mesmo
ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato crime.
em que se fundar o pedido;
VI - estiver extinta a punibilidade A lei dá um prazo para o Estado promover a punição
pela prescrição segundo a lei brasileira do criminoso. Se o prazo previsto na lei brasileira já se
ou a do Estado requerente; tiver esgotado, não haverá extradição.
VII - o fato constituir crime político; e O crime político é aquele que apenas põe em risco a
organização política do Estado. Em regimes ditatoriais,
é comum que uma simples manifestação contrária ao
governo seja considerada crime.
Esta exceção não impedirá a extradição quando o fato
constituir, principalmente, infração da lei penal
comum, ou quando o crime comum, conexo ao delito
político, constituir o fato principal.
Além disso, o STF poderá deixar de considerar crimes
políticos os atentados contra Chefes de Estado ou
quaisquer autoridades, assim como os atos de
anarquismo, terrorismo, sabotagem, sequestro de
pessoa, ou que importem propaganda de guerra ou de
processos violentos para subverter a ordem política ou
social.
VIII - o extraditando houver de Um Tribunal de exceção é aquele formado
responder, no Estado requerente, especificamente para julgar determinado crime. Numa
perante Tribunal ou Juízo de exceção. democracia, o Poder Judiciário deve ser permanente, e
a designação dos Juízes para cada caso deve obedecer
a critérios objetivos e previstos em lei. Essa diretriz é
chamada de princípio do juiz natural.

Voltando ao caso de Ronald Biggs... você já pode imaginar o


que aconteceu, não é mesmo? O julgamento do pedido de extradição pelo
STF ocorreu 25 depois do crime, e, de acordo com as normas brasileiras

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 18 () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09
relacionadas à prescrição, o audacioso assalto ao trem pagador havia
prescrito há 5 anos.
Após meses de uma batalha judicial entre o governo britânico
e a Justiça do Brasil, o STF arquivou oficialmente o pedido de extradição
de Biggs em novembro de 1997. A prescrição do crime impediu o
recebimento do pedido formulado pelo governo britânico, nos termos do
inciso VI do art. 77.

Art. 79. Quando mais de um Estado requerer a extradição da


mesma pessoa, pelo mesmo fato, terá preferência o pedido daquele em
cujo território a infração foi cometida.
§ 1º Tratando-se de crimes diversos, terão preferência,
sucessivamente:
I - o Estado requerente em cujo território haja sido cometido o crime
mais grave, segundo a lei brasileira;
II - o que em primeiro lugar houver pedido a entrega do
extraditando, se a gravidade dos crimes for idêntica; e
III - o Estado de origem, ou, na sua falta, o domiciliar do
extraditando, se os pedidos forem simultâneos.
§ 2º Nos casos não previstos decidirá sobre a preferência o Governo
brasileiro.
§ 3º Havendo tratado ou convenção com algum dos Estados
requerentes, prevalecerão suas normas no que disserem respeito à
preferência de que trata este artigo.
Preste bastante atenção para compreender bem qual é a
situação descrita no art. 79: dois ou mais países requerem a extradição
de uma mesma pessoa, em razão do mesmo crime.
Você pode estar se perguntando como mais de um país pode
requerer a extradição da mesma pessoa se ela cometeu apenas um
crime, não é mesmo? Ou o crime foi cometido em um país, ou foi em
outro, não é verdade? Na realidade, isso tudo dependerá das leis penais
de cada país.

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 19 () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09
Algumas vezes, as leis penais podem estabelecer a
competência para julgar crimes que ocorrem em território estrangeiro. No
Direito Penal brasileiro, por exemplo, o crime ocorrido a bordo de uma
aeronave ou navio a serviço do governo brasileiro deve ser julgado pelo
Poder Judiciário brasileiro, ainda que a embarcação ou aeronave esteja
em território estrangeiro.
É perfeitamente possível que um outro país tenha regra
estabelecendo como sua competência apurar crimes cometidos em seu
território, ainda que a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras.
Agora imagine comigo: um sujeito comete crime a bordo de
uma embarcação brasileira que está em território espanhol, e em seguida
foge para o Japão. Numa situação como essa, tanto Espanha quanto
Brasil poderia requerer a extradição do criminoso, não é mesmo?
Se essa situação ocorrer num requerimento de extradição
dirigido ao Brasil feito por mais de um país, terá preferência aquele em
cujo território ocorreu o crime.
A regra fica um pouco mais complexa quando o estrangeiro
cometeu dois ou mais crimes, em países diferentes. Nesse caso,
primeiramente será avaliada a gravidade dos crimes, tendo preferência
aquele país onde foi cometido o crime mais grave.
Se todos os crimes forem de gravidade idêntica, terá
preferência o país que primeiramente requereu a extradição. Se os
pedidos tiverem sido feitos simultaneamente, terá preferência o país de
origem do extraditando. Se nenhum dos países requerentes for o de
origem, a preferência será do país de domicílio do extraditando.

Art. 80. A extradição será requerida por via diplomática ou,


quando previsto em tratado, diretamente ao Ministério da Justiça,
devendo o pedido ser instruído com a cópia autêntica ou a certidão da
sentença condenatória ou decisão penal proferida por juiz ou
autoridade competente.

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 13 () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09
Além da prova da condenação ou da decisão proferida
pelo Poder Judiciário do país que está requerendo a extradição, o
pedido deve conter ainda indicações precisas sobre o local, a data, a
natureza e as circunstâncias do fato criminoso, a identidade do
extraditando e, ainda, cópia dos textos legais sobre o crime, a
competência, a pena e sua prescrição. Todos os documentos deverão
conter também a tradução oficial para o português.
Após a análise dos aspectos formais do pedido, o Ministério
da Justiça o encaminhará ao STF. Não preenchidos os pressupostos, o
pedido será arquivado mediante decisão fundamentada do Ministro da
Justiça. O pedido pode ser renovado posteriormente, desde que seja
sanado o problema que motivou sua rejeição.

Art. 82. O Estado interessado na extradição poderá, em caso de


urgência e antes da formalização do pedido de extradição, ou
conjuntamente com este, requerer a prisão cautelar do extraditando
por via diplomática ou, quando previsto em tratado, ao Ministério da
Justiça, que, após exame da presença dos pressupostos formais de
admissibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado, representará ao
Supremo Tribunal Federal.
O pedido de prisão cautelar do extraditando tem a principal
razão de evitar que o estrangeiro fuja do país novamente. Se não fosse
possível limitar sua liberdade, ele nunca seria extraditado, pois para tanto
é necessário um longo processo. Assim, uma vez notificado o sujeito
poderia ir para outro país rapidamente.
Esse pedido poderá também ser apresentado por meio da
Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol),
devidamente instruído com a documentação comprobatória da existência
de ordem de prisão proferida por Estado estrangeiro. O pedido deverá
conter a notícia do crime cometido, podendo ser apresentado por correio,
fax, mensagem eletrônica ou qualquer outro meio que assegure a
comunicação por escrito.

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 4: () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09
O Estado estrangeiro terá o prazo de 90 dias desde a
comunicação da prisão do extraditando para formalizar o pedido de
extradição. Se o pedido não for formalizado, o estrangeiro será posto em
liberdade, não se admitindo novo pedido de prisão cautelar pelo mesmo
fato sem que a extradição haja sido devidamente requerida.

Art. 84. Efetivada a prisão do extraditando, o pedido será


encaminhado ao Supremo Tribunal Federal.

Uma vez formalizado o pedido e encaminhado ao STF, a


prisão do extraditando perdurará até o julgamento, não sendo admissível
a liberdade vigiada e nem a prisão domiciliar.
Ao receber o pedido, o Relator (um dos Ministros do STF)
designará dia e hora para o interrogatório do extraditando e, conforme o
caso, nomeará curador ou advogado, se não o tiver. A partir do
interrogatório, a defesa deverá ser apresentada no prazo de 10 dias.
Se, após a apresentação da defesa, o processo ainda não
estiver devidamente instruído, o STF poderá, a requerimento do
Procurador-Geral da República, ordenar diligência para suprir a falta
no prazo improrrogável de 60 dias, decorridos os quais o pedido será
julgado independentemente do resultado.

Art. 86. Concedida a extradição, será o fato comunicado através do


Ministério das Relações Exteriores à Missão Diplomática do Estado
requerente que, no prazo de sessenta dias da comunicação, deverá
retirar o extraditando do território nacional.
Aqui temos um aspecto importante a respeito da extradição.
Pela leitura do art. 86, poderíamos entender que, uma vez concedida a
extradição pelo STF, o estrangeiro deverá ser enviado ao país que a
requereu, não é mesmo?
O STF, entretanto, entendeu de forma diferente, no famoso
julgamento do pedido de extradição do italiano Cesare Battisti, ocorrido

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 41 () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09
em 2009. Em resumo, o STF entendeu que seu papel era apenas autorizar
a extradição, enquanto a decisão de efetivá-la seria competência
discricionária do Presidente da República.
Esse entendimento, à época, chegou a ser questionado pela
Itália, mas em 2011 o STF confirmou seu posicionamento. O fim da
história foi o seguinte: Battisti recebeu o status de asilado político no
Brasil, e já lançou até um livro com suas memórias...
Se o Estado interessado não retirar o estrangeiro do Brasil no
prazo de 60 dias, o extraditando será posto em liberdade, sendo
possível também sua expulsão, caso o ato praticado seja compatível com
a medida.

O pedido de extradição feito por Estado estrangeiro é


examinado pelo STF. Autorizado o pleito pelo STF, cabe ao Presidente
da República decidir, de forma discricionária, sobre a entrega, ou não,
do extraditando ao governo requerente.

Art. 89. Quando o extraditando estiver sendo processado, ou tiver


sido condenado, no Brasil, por crime punível com pena privativa de
liberdade, a extradição será executada somente depois da conclusão do
processo ou do cumprimento da pena, ressalvado, entretanto, o disposto
no artigo 67.
Parágrafo único. A entrega do extraditando ficará igualmente
adiada se a efetivação da medida puser em risco a sua vida por causa de
enfermidade grave comprovada por laudo médico oficial.
Nesse caso, estamos falando de um estrangeiro que cometeu
um crime no Brasil, foi julgado e condenado, e está cumprindo pena

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 44 () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09
privativa de liberdade. Posteriormente, outro país pede que ele seja
extraditado em razão de um outro crime.
Nesse caso, o estrangeiro somente poderá ser extraditado
depois de cumprir a pena no Brasil. A ressalva prevista no art. 67 diz
respeito à possibilidade de expulsão do estrangeiro cuja presença se
torne inconveniente, mesmo que tenha sido condenado no Brasil.
Para efetivação da extradição, é necessário ainda que o
Estado requerente assuma alguns compromissos:
a) de não ser o extraditando preso nem processado por
fatos anteriores ao pedido " A extradição é efetivada
em razão de um crime específico, e por isso não faz sentido
que, uma vez entregue o estrangeiro, ele seja processado
por outros fatos anteriores;
b) de computar o tempo de prisão que, no Brasil, foi
imposta por força da extradição " o período que o
extraditando ficou preso no Brasil deve ser subtraído do
tempo a ele imposto como pena;
c) de comutar em pena privativa de liberdade a pena
corporal ou de morte, ressalvados, quanto à última,
os casos em que a lei brasileira permitir a sua
aplicação " a pena corporal e a pena de morte não são
permitidas no Brasil. Por essa razão, só se pode extraditar
estrangeiro quando o país requerente tiver se
comprometido em substituir estas por penas privativas de
liberdade;
d) de não ser o extraditando entregue, sem
consentimento do Brasil, a outro Estado que o
reclame " esse seria o caso de um Estado estrangeiro
que não tem relações diplomáticas com o Brasil solicitar a
outro que peça a extradição e depois lhe entregue o
extraditando;

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 42 () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09
e) de não considerar qualquer motivo político, para
agravar a pena " sob a ótica do Estado Democrático de
Direito, motivações políticas não são consideradas
legítimas para condenar alguém.

Art. 92. A entrega do extraditando, de acordo com as leis brasileiras


e respeitado o direito de terceiro, será feita com os objetos e
instrumentos do crime encontrados em seu poder.
Parágrafo único. Os objetos e instrumentos referidos neste artigo
poderão ser entregues independentemente da entrega do extraditando.
Art. 93. O extraditando que, depois de entregue ao Estado
requerente, escapar à ação da Justiça e homiziar-se no Brasil, ou por ele
transitar, será detido mediante pedido feito diretamente por via
diplomática, e de novo entregue sem outras formalidades.
Art. 94. Salvo motivo de ordem pública, poderá ser permitido, pelo
Ministro da Justiça, o trânsito, no território nacional, de pessoas
extraditadas por Estados estrangeiros, bem assim o da respectiva guarda,
mediante apresentação de documentos comprobatórios de concessão da
medida.

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 45 () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09
2. RESUMO DO CONCURSEIRO

O estrangeiro que entrar ou permanecer irregularmente no país e não se retirar


voluntariamente do território nacional no prazo fixado em Regulamento será
deportado.
Poderá haver deportação ainda nos seguintes casos
Fronteiriço que se afasta dos limites territoriais Estrangeiro beneficiado com visto temporário
do município onde tem autorização para na condição de correspondente de jornal,
transitar; revista, rádio, televisão ou agência
noticiosa estrangeira que exerce atividade
remunerada com fonte pagadora brasileira (art.
98);
Estrangeiro procedente do exterior que se afasta Estrangeiro titular de visto temporário ou
do local de entrada e inspeção, sem que o seu fronteiriço que se estabelece com firma
documento de viagem e o cartão de entrada e individual, ou exerce cargo ou função de
saída hajam sido visados pelo órgão competente administrador, gerente ou diretor de sociedade
do Ministério da Justiça; comercial ou civil, ou, ainda, inscreve-se em
entidade fiscalizadora do exercício de profissão
regulamentada (art. 99);
Estrangeiro beneficiado com visto permanente O estrangeiro admitido na condição de
que descumpre as condições estabelecidas por temporário, sob regime de contrato, que
ocasião da concessão do visto. exerce atividade junto a entidade diferente da
OBS: Lembre-se de que esses estrangeiros que o contratou (art. 100).
podem ser obrigados a exercer determinada
atividade ou a residir em determinado local do
país pelo prazo máximo de 5 anos;
Estrangeiro beneficiado com visto de turista ou
visto temporário na condição de estudante que
exerça atividade remunerada (art. 98);

O deportado só poderá reingressar no território nacional se


ressarcir o Tesouro Nacional, com correção monetária, das despesas com
a sua deportação e efetuar, se for o caso, o pagamento da multa devida à
época, também corrigida.

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 46 () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09
É passível de expulsão o estrangeiro que, de qualquer forma, atentar contra a
segurança nacional, a ordem política ou social, a tranquilidade ou
moralidade pública e a economia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo
à conveniência e aos interesses nacionais
Poderá haver expulsão ainda do estrangeiro que...
Praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou Entregar-se à vadiagem ou à mendicância;
permanência no Brasil;
Havendo entrado no território nacional com Desrespeitar proibição especialmente prevista
infração à lei, dele não se retirar no prazo em lei para estrangeiro.
que lhe for determinado para fazê-lo, não
sendo aconselhável a deportação;

Não haverá expulsão do estrangeiro o ato implicar em


extradição inadmitida pela lei brasileira ou quando o estrangeiro tiver:
a) Cônjuge brasileiro do qual não esteja divorciado ou
separado, de fato ou de direito, e desde que o casamento tenha sido
celebrado há mais de 5 (cinco) anos; ou
b) Filho brasileiro que, comprovadamente, esteja sob sua
guarda e dele dependa economicamente.

Art. 77. Não se concederá a extradição quando:


I - se tratar de brasileiro, salvo se a Apenas estrangeiros podem ser extraditados, mas há
aquisição dessa nacionalidade verificar- uma exceção: se um brasileiro naturalizado houver
se após o fato que motivar o pedido; cometido o crime antes de obter sua naturalização.
II - o fato que motivar o pedido não for O fato precisa ser considerado crime não só pelo país
considerado crime no Brasil ou no que requer a extradição, mas também pelo Brasil.
Estado requerente;
III - o Brasil for competente, Algumas vezes crimes cometidos no exterior podem
segundo suas leis, para julgar o crime ser julgados no Brasil. Nesses casos não haverá
imputado ao extraditando; extradição.
IV - a lei brasileira impuser ao crime a Nesses crimes mais leves geralmente a pena de
pena de prisão igual ou inferior a 1 privação de liberdade é comutada em penas
(um) ano; alternativas, como a prestação de serviços
comunitários, por exemplo.

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 47 () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09
V - o extraditando estiver a responder a Extraditar o estrangeiro nessa situação significaria
processo ou já houver sido condenado permitir que ele fosse punido duas vezes pelo mesmo
ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato crime.
em que se fundar o pedido;
VI - estiver extinta a punibilidade A lei dá um prazo para o Estado promover a punição
pela prescrição segundo a lei brasileira do criminoso. Se o prazo previsto na lei brasileira já se
ou a do Estado requerente; tiver esgotado, não haverá extradição.
VII - o fato constituir crime político; e O crime político é aquele que apenas põe em risco a
organização política do Estado. Em regimes ditatoriais,
é comum que uma simples manifestação contrária ao
governo seja considerada crime.
Esta exceção não impedirá a extradição quando o fato
constituir, principalmente, infração da lei penal
comum, ou quando o crime comum, conexo ao delito
político, constituir o fato principal.
Além disso, o STF poderá deixar de considerar crimes
políticos os atentados contra Chefes de Estado ou
quaisquer autoridades, assim como os atos de
anarquismo, terrorismo, sabotagem, sequestro de
pessoa, ou que importem propaganda de guerra ou de
processos violentos para subverter a ordem política ou
social.
VIII - o extraditando houver de Um Tribunal de exceção é aquele formado
responder, no Estado requerente, especificamente para julgar determinado crime. Numa
perante Tribunal ou Juízo de exceção. democracia, o Poder Judiciário deve ser permanente, e
a designação dos Juízes para cada caso deve obedecer
a critérios objetivos e previstos em lei. Essa diretriz é
chamada de princípio do juiz natural.

O pedido de extradição feito por Estado estrangeiro é


examinado pelo STF. Autorizado o pleito pelo STF, cabe ao Presidente
da República decidir, de forma discricionária, sobre a entrega, ou não,
do extraditando ao governo requerente.

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 48 () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09

Enfim, mais uma etapa do Estatuto do Estrangeiro vencida.


Agora só falta mais uma aula para terminarmos o nosso curso. Não deixe
de pensar bem na sua revisão e reserve um tempo para resolver
novamente os exercícios que vimos ao longo do curso alguns dias antes
da sua prova. Desse jeito não tem como se dar mal na nossa matéria, ok?

Grande abraço!

Paulo Guimarães
pauloguimaraes@estrategiaconcursos.com.br
www.facebook.com/pauloguimaraesfilho

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 49 () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09
3. QUESTÕES COMENTADAS

1. DPF – Escrivão – 2013 – Cespe. Estrangeiro que se encontre em


situação irregular no Brasil poderá ser deportado para outro país que não
o de sua nacionalidade ou procedência.

COMENTÁRIOS: A deportação far-se-á para o país da nacionalidade ou


de procedência do estrangeiro, ou para outro que consinta em recebê-lo,
nos termos do art. 58, parágrafo único.

GABARITO: C

2. ABIN – Oficial de Inteligência – 2008 – Cespe. A expulsão


consiste na saída compulsória do estrangeiro e deverá ser efetivada para
o país da nacionalidade ou de procedência do estrangeiro.

COMENTÁRIOS: O erro da assertiva está em omitir a possibilidade de


expulsão do estrangeiro para outro país que consinta em recebe-lo.

GABARITO: E

3. DPU – Defensor Público – 2010 – Cespe. Considere que um


estrangeiro tenha sido expulso do país por pertencer a célula terrorista e
ter participado do sequestro de autoridades brasileiras. Considere, ainda,
que, após a abertura de inquérito no Ministério da Justiça, no qual foi
assegurada ampla defesa ao alienígena, o presidente da República tenha
decidido, por meio de decreto, pela sua expulsão do país. Nessa situação,
o estrangeiro só poderá voltar ao país mediante decreto presidencial que
revogue o anterior.

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 43 () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09
COMENTÁRIOS: Uma assertiva longa para uma questão muito simples,
não é mesmo? A expulsão se dá mediante Decreto presidencial. O
estrangeiro só pode entrar no país novamente se tal Decreto for
revogado.

GABARITO: C

4. TRF 5ª Região – Juiz Federal – 2009 – Cespe (adaptada). Deve


ser concedida a extradição do estrangeiro quando o fato que motivar o
pedido de extradição não for considerado crime no Brasil ou no Estado
requerente.

COMENTÁRIOS: Na realidade esta é uma das hipóteses em que não se


deve conceder a extradição do estrangeiro.

GABARITO: E

5. TRF 5ª Região – Juiz Federal – 2009 – Cespe (adaptada). Deve


ser concedida a extradição do estrangeiro quando o fato que motivar o
pedido de extradição constituir crime político.

COMENTÁRIOS: Mais uma das hipóteses em que não se deve conceder a


extradição...

GABARITO: E

6. TRF 5ª Região – Juiz Federal – 2009 – Cespe. Conforme previsão


no direito brasileiro, será passível de deportação o estrangeiro que

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 2: () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09
a) atentar contra a ordem política ou social.
b) entrar irregularmente no país e não se retirar voluntariamente do
território nacional.
c) entregar-se à vadiagem.
d) atentar contra a economia popular.
e) entregar-se à mendicância.

COMENTÁRIOS: A deportação é motivada pela entrada ou estada


irregular do estrangeiro no país. As demais hipóteses trazidas pela
questão são motivos para expulsão.

GABARITO: B

7. AGU – Advogado – 2012 – Cespe. O direito brasileiro veda a


deportação de estrangeiro acusado da prática de crime político.

COMENTÁRIOS: A prática de crime político é condição para vedação da


extradição e não da deportação. Porém, o art. 63 do Estatuto proíbe a
deportação se implicar em extradição inadmitida pela lei brasileira. Já que
o Estatuto veda a extradição por crime político, a deportação também
será vedada pelo mesmo motivo. Questão traiçoeira, não é mesmo?

GABARITO: C

8. OAB – VIII Exame de Ordem Unificado – 2012 – FGV.


Jean Pierre, cidadão estrangeiro, foi preso em flagrante em razão d
e suposta prática de crime de falsificação de passaporte com o obj
etivo de viabilizar sua permanência no Brasil.

Diante dessa situação hipotética, assinale a afirmativa correta.

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 21 () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09

a) A fraude para obter a entrada e permanência no território brasileiro


constitui motivo suficiente para a expulsão do estrangeiro, cabendo,
exclusivamente, ao Presidente da República, de forma discricionária,
resolver sobre a conveniência e oportunidade da sua retirada
compulsória do País.
b) O ilícito deverá ser apurado no âmbito do Ministério das Relações
Exteriores, tornando desnecessária a instauração de processo
administrativo ou inquérito para fins de apuração dos fatos que ensejam a
expulsão.
c) O mérito do ato de expulsão é analisado mediante juízo de
conveniência e oportunidade (discricionariedade), sendo descabido o
ajuizamento de ação judicial para impugnar suposta lesão ou ameaça de
lesão a direito, devendo, nesse caso, o juiz rejeitar a petição inicial por
impossibilidade jurídica do pedido.
d) A fraude para obter entrada e permanência no território brasileiro não
é motivo para fundamentar ato de expulsão de estrangeiro.

COMENTÁRIOS: A alternativa B está incorreta porque deve haver


processo administrativo, conduzido pelo Ministério da Justiça. A
alternativa C está incorreta porque, como qualquer ato discricionário, é
possível discutir a expulsão no Poder Judiciário quanto ao seu cabimento
e aos aspectos legais envolvidos. A alternativa D está incorreta porque a
fraude praticada pelo estrangeiro é uma das hipóteses que ensejam a
expulsão.

GABARITO: A

9. TRF 1ª Região – Juiz Federal – 2011 – Cespe (adaptada).


Somente é passível de expulsão do território brasileiro o estrangeiro que

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 24 () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09
sofra condenação por crimes que atentem contra a segurança nacional ou
a ordem política ou social.

COMENTÁRIOS: A expulsão pode ocorrer por várias razões, não


necessariamente relacionadas ao cometimento de crimes.

Art. 65. É passível de expulsão o estrangeiro que, de qualquer


forma, atentar contra a segurança nacional, a ordem política ou social, a
tranqüilidade ou moralidade pública e a economia popular, ou cujo
procedimento o torne nocivo à conveniência e aos interesses nacionais.
Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o estrangeiro
que:
a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou permanência no
Brasil;
b) havendo entrado no território nacional com infração à lei, dele não
se retirar no prazo que lhe for determinado para fazê-lo, não sendo
aconselhável a deportação;
c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou
d) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei para
estrangeiro.

GABARITO: E

10. TRF 1ª Região – Juiz Federal – 2011 – Cespe (adaptada). A


deportação, como forma de exclusão do estrangeiro do território
brasileiro, somente se efetiva mediante ato que, exarado pelo ministro de
Estado da Justiça, impeça o retorno do deportado ao país.

COMENTÁRIOS: O estrangeiro deportado não fica impedido de voltar ao


país, desde que regularize sua situação.

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 22 () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09
GABARITO: E

11. IRBr – Diplomata – Cespe – 2010. Não haverá extradição nos


casos em que não houver processo penal contra o extraditando ou pena a
ser por ele cumprida.

COMENTÁRIOS: Lembre-se! O estrangeiro só pode ser extraditado para


responder por crime (processo penal instaurado) ou para cumprir pena à
qual foi condenado.

GABARITO: C

12. IRBr – Diplomata – Cespe – 2010. O requerimento de extradição


terá sempre por fundamento a existência de um tratado entre dois países
envolvidos.

COMENTÁRIOS: Também é possível a extradição sem tratado, desde


que haja acordo de reciprocidade.

GABARITO: E

13. RFB – Analista Tributário – ESAF – 2009 (adaptada). Em


nenhuma hipótese pode o estrangeiro deportado ser readmitido em
território nacional.

COMENTÁRIOS: Mais uma vez: deportação não implica em proibição de


retorno ao território nacional. Essa regra só vale para a expulsão.

GABARITO: E

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 25 () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09
14. RFB – Analista Tributário – ESAF – 2009 (adaptada). A
competência para decidir sobre pedido de extradição, apresentado por
Estado estrangeiro, é do Ministro da Justiça, sujeita a decisão a recurso
ao Supremo Tribunal Federal.

COMENTÁRIOS: A decisão é do STF, mas hoje o próprio Tribunal


entende que se trata apenas de uma autorização. A decisão final pela
efetivação da extradição é discricionária do Presidente da República.

GABARITO: E

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 26 () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09
4. QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS

1. DPF – Escrivão – 2013 – Cespe. Estrangeiro que se encontre em


situação irregular no Brasil poderá ser deportado para outro país que não
o de sua nacionalidade ou procedência.

2. ABIN – Oficial de Inteligência – 2008 – Cespe. A expulsão


consiste na saída compulsória do estrangeiro e deverá ser efetivada para
o país da nacionalidade ou de procedência do estrangeiro.

3. DPU – Defensor Público – 2010 – Cespe. Considere que um


estrangeiro tenha sido expulso do país por pertencer a célula terrorista e
ter participado do sequestro de autoridades brasileiras. Considere, ainda,
que, após a abertura de inquérito no Ministério da Justiça, no qual foi
assegurada ampla defesa ao alienígena, o presidente da República tenha
decidido, por meio de decreto, pela sua expulsão do país. Nessa situação,
o estrangeiro só poderá voltar ao país mediante decreto presidencial que
revogue o anterior.

4. TRF 5ª Região – Juiz Federal – 2009 – Cespe (adaptada). Deve


ser concedida a extradição do estrangeiro quando o fato que motivar o
pedido de extradição não for considerado crime no Brasil ou no Estado
requerente.

5. TRF 5ª Região – Juiz Federal – 2009 – Cespe (adaptada). Deve


ser concedida a extradição do estrangeiro quando o fato que motivar o
pedido de extradição constituir crime político.

6. TRF 5ª Região – Juiz Federal – 2009 – Cespe. Conforme previsão


no direito brasileiro, será passível de deportação o estrangeiro que

a) atentar contra a ordem política ou social.

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 27 () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09
b) entrar irregularmente no país e não se retirar voluntariamente do
território nacional.
c) entregar-se à vadiagem.
d) atentar contra a economia popular.
e) entregar-se à mendicância.

7. AGU – Advogado – 2012 – Cespe. O direito brasileiro veda a


deportação de estrangeiro acusado da prática de crime político.

8. OAB – VIII Exame de Ordem Unificado – 2012 – FGV.


Jean Pierre, cidadão estrangeiro, foi preso em flagrante em razão d
e suposta prática de crime de falsificação de passaporte com o obj
etivo de viabilizar sua permanência no Brasil.

Diante dessa situação hipotética, assinale a afirmativa correta.

a) A fraude para obter a entrada e permanência no território brasileiro


constitui motivo suficiente para a expulsão do estrangeiro, cabendo,
exclusivamente, ao Presidente da República, de forma discricionária,
resolver sobre a conveniência e oportunidade da sua retirada
compulsória do País.
b) O ilícito deverá ser apurado no âmbito do Ministério das Relações
Exteriores, tornando desnecessária a instauração de processo
administrativo ou inquérito para fins de apuração dos fatos que ensejam a
expulsão.
c) O mérito do ato de expulsão é analisado mediante juízo de
conveniência e oportunidade (discricionariedade), sendo descabido o
ajuizamento de ação judicial para impugnar suposta lesão ou ameaça de
lesão a direito, devendo, nesse caso, o juiz rejeitar a petição inicial por
impossibilidade jurídica do pedido.
d) A fraude para obter entrada e permanência no território brasileiro não
é motivo para fundamentar ato de expulsão de estrangeiro.

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 28 () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09
9. TRF 1ª Região – Juiz Federal – 2011 – Cespe (adaptada).
Somente é passível de expulsão do território brasileiro o estrangeiro que
sofra condenação por crimes que atentem contra a segurança nacional ou
a ordem política ou social.

10. TRF 1ª Região – Juiz Federal – 2011 – Cespe (adaptada). A


deportação, como forma de exclusão do estrangeiro do território
brasileiro, somente se efetiva mediante ato que, exarado pelo ministro de
Estado da Justiça, impeça o retorno do deportado ao país.

11. IRBr – Diplomata – Cespe – 2010. Não haverá extradição nos


casos em que não houver processo penal contra o extraditando ou pena a
ser por ele cumprida.

12. IRBr – Diplomata – Cespe – 2010. O requerimento de extradição


terá sempre por fundamento a existência de um tratado entre dois países
envolvidos.

13. RFB – Analista Tributário – ESAF – 2009 (adaptada). Em


nenhuma hipótese pode o estrangeiro deportado ser readmitido em
território nacional.

14. RFB – Analista Tributário – ESAF – 2009 (adaptada). A


competência para decidir sobre pedido de extradição, apresentado por
Estado estrangeiro, é do Ministro da Justiça, sujeita a decisão a recurso
ao Supremo Tribunal Federal.

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 29 () 23


Legislação Especial p/ PF (Agente)
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 09

GABARITO
1. C 8. A
2. E 9. E
3. C 10. E
4. E 11. C
5. E 12. E
6. B 13. E
7. C 14. E

!∀#∃% !∋()# ∗(+,∋∀−./ ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 23 () 23

You might also like