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Direito Individual do Trabalho.

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Prof. João Alves de Almeida Neto

Ponto 2: Fundamentos e formação histórica do Direito do Trabalho. Tendências


atuais do Direito do Trabalho. Flexibilização. Desregulamentação.

1. SENTIDOS DA PALAVRA TRABALHO.


1.1 Sentido etimológico: tripalium  trepaliere
1.2 Sentidos filosófico, econômico e jurídico.
Do ponto vista filosófico, vem sendo conceituado como ‘uma atividade
consciente e voluntária do homem, dependente de um esforço’, ou como ‘a
obra moral de um homem moral’, já sob o prisma econômico, o trabalho é
considerado como ‘toda energia humana empregada, tendo em vista um
escopo produtivo’. Finalmente sobre aspecto jurídico, ele é encarado como
‘objeto de uma prestação devida ou realizada por um sujeito em favor de
outro’ e mais precisamente do ponto de vista jurídico-trabalhista, o trabalho
é uma prestação de serviço não eventual, subordinada e onerosa, devida pelo
empregado em favor do empregador1.

2. ORIGEM DO TRABALHO HUMANO.


2.1 Trabalho humano: sempre existiu (necessidades vitais)
Trabalho subordinado: contemporâneos às primeiras civilizações.
2.1.1 Nômade  Lutas entre grupos (eliminação)  Racionalismo (escravos)

2.2 ESCRAVIDÃO
2.2.1 Necessidades não vitais
2.2.2 Relações de direito real. Escravo = coisa / sem direitos.
2.2.3 Trabalho idéia de dor / Cristianismo  recrudescimento do trabalho escravo;
Atividade dignificante / Início da servidão.
2.2.4 Normas relacionadas com o trabalho ≠ Direito do Trabalho (relação pessoal).

2.3 SERVIDÃO
2.3.1 Servilismo: Idade Média / Não extinção da escravatura.
2.3.2 Relação: senhor feudal  servo da terra (vinculados perpetuamente à terra /
retribuição)
2.3.3 Servos  personalidade jurídica plena.
2.3.4 Decadência: modelo feudal e servilismo. Revolução Francesa.

2.4 CORPORAÇÕES DE OFÍCIO.


2.4.1 Idade média: formação dos burgos, êxodo rural, desenvolvimento da atividade
comercial  corporações de ofício.
2.4.2 Artesãos  associações profissionais (corporações de ofício)  mestres,
companheiros e aprendizes
 regras internas rígidas
 sistema opressor
 conteúdo contratual limitador da liberdade dos prestadores de serviços
 dificuldade para ascensão à posição de mestre
2.4.3 Revoltas dos companheiros  compagnonnages
2.4.4 Decadência: nobreza e feudalismo  ideais de liberdade, igualdade e
fraternidade  Revoluções Francesa  Revolução Industrial  Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão.

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BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2005, p. 51.
Direito Individual do Trabalho. 2
Prof. João Alves de Almeida Neto

2.5 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL


2.5.1 Conceito
A Revolução Industrial foi um fato econômico, de raiz simplesmente
tecnológica, que alterou profundamente o sensível tecido social e, por
inevitável decorrência, o tecido jurídico das relações de trabalho humano,
produzindo impactos até os dias atuais, em ondas sucessivas batizadas de
segunda e terceira Revolução Tecnológica.2.

2.5.2 Conseqüências sociais: urbanização; formação de grandes centros urbanos;


péssimas condições de vida e de labor; formação da consciência coletiva.
2.5.3 Doutrina social cristã: “questão social”  Encíclica Rerum Novarum;
Quadragésimo Anno (1931); Divini Redemptores (1931).
2.5.4 Necessidade de Intervenção Estatal  produção de legislação imperativa, de
força cogente, insusceptível de renúncia pelas partes  Direito do Trabalho.

3. FUNDAMENTOS E FORMAÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DO


TRABALHO.
3.1 Direito do Trabalho  sociedade capitalista, Revolução Industrial
3.1.1 Trabalho Livre e subordinado no âmbito da relação de emprego
3.2 Período Escravocrata e servil: trabalho não livre
3.3 Fundamentos: Fator econômico e questão social / Revolução Industrial =
contexto catalisador (JARP)
3.4 Evolução histórica  4 fases (formação; intensificação; consolidação;
autonomia).

a) formação (1802 a 1848) = condições de trabalho e a jornada  proteção aos


menores e as mulheres.
 Inglaterra, 1802  Lei de Moral and Health Act (Ato da Moral e da Saúde) 
proibindo o trabalho noturno para crianças e limitou o diurno a 12 horas diárias.
 França, 1806  Conselis de prud’hommes  órgãos com a função de dirimir,
mediante conciliação, os dissídios surgidos no ambiente fabril, considerados a
manifestação precursora da Justiça do Trabalho.
 Inglaterra, 1824 e 1825  Combinations Acts  declararam não mais constituir
delito a existência de associações profissionais.
 França, 1848  Comissão de Luxemburgo  reconhecendo o Direito do
Trabalho e diversos direitos dos trabalhadores.

b) intensificação (1848 a 1890).


 Manifesto Comunista de Marx e Engels
 Implantação da primeira forma de seguro social na Alemanha.

c) consolidação (1890 a 1919)


 Rerum Novarum  melhoria das condições sociais do proletariado e o justo
salário
 Conferência de Berlim (1890)  14 paises discutiram medidas sobre a duração
de trabalho, descanso semanal e férias.

d) autonomia (1919 até a presente data)

2
PINTO, José Augusto Rodrigues. op. cit., p. 32;
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 Criação da OIT (Organização Internacional do Trabalho/1919).


 Tratado de Versalles (1919)  trabalho ≠ mercadoria; diversos direitos
trabalhistas
 Constitucionalização do Direito do Trabalho (Constituição de Weimar/ 1919).

 Primeira parte desta fase (1919 a 1979): desenvolvimento do Direito do


Trabalho.

 Segunda parte desta fase (1979 até os dias atuais): crise do Direito do
trabalho
- Conjugação de fatores (a crise do petróleo, o elevado índice de
desemprego, renovação tecnológica, globalização, queda do Estado do
Estar-Social) acentuada informalização e desorganização do mercado
de trabalho; flexibilização e desregulamentação trabalhista.

4. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DO TRABALHO NO BRASIL.


4.1 Evolução: 3 fases

a) Independência (1822)  Abolição da escravatura (1888).

 Antes: não existia legislação trabalhista de forma sistematizada (1500 a 1822).


 Durante: trabalho escravo frustrava o desenvolvimento da legislação específica.
 Primeira lei que regulou o contrato escrito sobre prestação de serviço
(brasileiros e estrangeiros).
 Em 1837, norma sobre o contrato de prestação de serviço entre colonos
 justas causas de ambas as partes.
 Em 1850, Código Comercial  preceitos alusivos ao aviso prévio e às
faltas graves.

b) Abolição da escravatura (1888)  Revolução de 1930

 Produção legislativa ideais de proteção e respeito ao trabalhador


 Fatores:
 Fator interno (abolição da escravatura),
 Fatores externos (Guerra, Tratado de Versalhes, Convenção de Genebra,
criação da OIT, Constituições Mexicana e Alemã (Weimar))

 Legislação sobre a sindicalização profissional na agricultura (1903) e dos


trabalhadores urbanos (1907)
 Código Civil  capítulo sobre locação de serviços
 Lei sobre acidente de trabalho (1919)
 Lei Eloi Chaves  estabilidade dos ferroviários  estendida aos demais
trabalhadores.

c) Revolução de 1930  Até os dias atuais.


 Antes: tímida a produção legislativa
 Revolução de 1930  Getúlio Vargas  legislação outorgada (queima de
etapas)
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 Efeitos do salto:
Positivamente  Desenvolvimento dos direitos laborais sem conflito
Negativamente  Direito Coletivo do Trabalho não desenvolvido,
marcado pelo corporativismo; Massa proletariada
sem consciência coletiva.

 De 1930 até 1946  implantou o modelo trabalhista no Brasil.

 Promulgadas as Constituições de 1934 e 1946 / Outorgada a


Constituições de 1937.
 Criados: Ministério do Trabalho; Previdência Social, CLT.

 De 1946 até a presente data aperfeiçoamento do sistema implantado.


 Constituições de 1967 e 1988  ampliação do âmbito de proteção,
apesar das tentativas de flexibilização e desregulamentação.

4.2 TENDÊNCIAS ATUAIS DO DIREITO DO TRABALHO. FLEXIBILIZAÇÃO.


DESREGULAMENTAÇÃO
4.2.1 Mudança de paradigma.  contexto social diferente  globalização,
desemprego, falência do Estado do Bem-Estar
Social  desnecessidade de uma intervenção
exagerada.

4.2.2 Crise das empresas  alta carga tributária e não os encargos trabalhistas
4.2.3 Flexibilização  passar a regulamentação de alguns direitos trabalhistas da mão
do estado para a dos sindicatos  é necessário um sindicato forte
4.2.4 Desregulamentação (flexibilização radical)  consiste na abolição da legislação
protetora do trabalho, para que toda a regulamentação seja estabelecida por meio
de negociação coletiva.
4.2.5 Direito Civil ↔ Direito do Trabalho
4.2.6 Ampliação dos sujeitos protegidos (avulsos; trabalhadores domésticos, EC/45)
4.2.7 Parassubordinação, subordinação objetiva e flexyssegurança.

5. BIBLIOGRAFIA BÁSICA RECOMENDADA

BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2005.
CATHARINO, José Martins. Compêndio de Direito do Trabalho. São Paulo: Saraiva, 1981.
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2004.
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. São Paulo: Atlas, 2004.
OLIVEIRA, José César de. Curso de Direito do Trabalho: estudos em memória de Célio Goyatá. Coord.
Alice Monteiro de Barros. São Paulo, 1994.
PINTO, José Augusto Rodrigues. Curso de Direito Individual do Trabalho. São Paulo: LTr, 2003.
_______. O trabalho como valor. Salvador: Revista Jurídica da Unifacs. 2000.

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