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Prof. João Alves de Almeida Neto
1. EMPREGADO
CONCEITO: Toda pessoa natural que contrate, tácita ou expressamente, a prestação
de seus serviços a um tomador, a este efetuados com pessoalidade, onerosidade,
não-eventualidade e subordinação (MGD)1.
TIPOS DE EMPREGADOS
Trabalhadores intelectuais
Trabalham utilizando o intelecto e não a força braçal
Atenua a subordinação, mas não lhe retira.
Art 7, inc. XXXII da CF/88: veda distinção de tratamento entre
trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais
respectivos.
Vedação constitucional → ausência de tratamento legislativo
diferenciado aos trabalhadores intelectuais
Regulamentação das profissões intelectuais liberais (v.g.
advogado, médicos etc) → não fere a isonomia constitucional.
Altos empregados
Organização interna das empresas → hierarquia entre empregados
Altos empregados
→ Possuem algumas prerrogativas próprias de empregador
→ Tratamento legislativo diferenciado
→ Quatro tipos:
a) Empregados ocupantes de cargo ou função de gestão ou
confiança (geral/ art. 62 da CLT)
b) Empregados ocupantes de cargo ou função de confiança
segmento bancário (art. 224 da CLT)
c) Diretor empregado
d) Sócio empregado
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DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2004, p. 347.
Direito Individual do Trabalho. 2
Prof. João Alves de Almeida Neto
c) Diretor empregado
Profissionalização das direções das empresas / Atualmente → poder diretivo
desvinculado da figura da propriedade
Não basta ser denominado de Diretor
Dois tipos de Diretores:
1) Diretor recrutado externamente
Duas correntes
Corrente Clássica (tradicional)
Tendência de negar a relação de emprego entre o diretor e a
empresa → incompatibilidade entre o poder de direção e o
elemento subordinação
Súmula 269 do TST
Corrente Moderna (intervencionista)
Tendência de aceitar a relação de emprego entre o diretor e a
empresa → compatibilidade entre o poder de direção e o
elemento subordinação
Art. 157, § 1°, “d” da Lei 6.404/76 e outros diplomas →
referência ao diretor como empregado.
Regulamentação específica:
o Contrato por prazo determinado (art. 243, III, da Lei
6.404/76 → mandato de 3 anos)
o Demissão ad nutum (art. 143, caput da Lei 6.404/76. Não
aplicação dos art. 479 e 481 da CLT)
d) Sócio empregado
Sócio e Empregado = sócio affectatis, poder de direção x subordinação.
Três situações:
Incompatibilidade da figura de sócio e empregado.
Sociedade em nome coletivo → responsabilidade solidária e ilimitada /
art. 1039 a 1044 do CC/2002. (sócio)
Sociedade de fato ou irregular → responsabilidade solidária e ilimitada
/ art. 986 a 990 do CC/2002. (sócio)
Sociedade de comandita simples→ sócio comanditado →
responsabilidade solidária e ilimitada / art. 1039 a 1044 do CC/2002.
(sócio)
Sociedade de capital e indústria→ sócio de indústria → verdadeiro
empregado (foi extinto pelo CC/02)
Aprendiz
Arts 424 a 433 da CLT
Trabalhador idade mínima 16 anos, salvo menor aprendiz.
Menor aprendiz de 14 a 24 anos
Menor aprendiz deficiente de 14 a 18 anos
Aprendiz ≠ Estagiário.
Contrato de aprendizagem (art.428 da CLT)
Contrato especial de emprego, com anotação da CTPS
Escrito, por período máximo de 2 anos.
Além da retribuição (garantido o salário mínimo hora), deve
proporcionar formação técnica-profissional metódica,
compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e
psicológico.
O aprendiz deve estar inscrito em programa de
aprendizagem
Jornada máxima = 6 horas (vedada prorrogações e
compensação de horários) / 8 horas (completado o ensino
médio fundamental, se nele for computadas as horas
destinadas à aprendizagem teórica).
Extinção do contrato:
Direito Individual do Trabalho. 5
Prof. João Alves de Almeida Neto
Empregado Doméstico
A CLT não se aplica ao empregado doméstico, salvo o que for
expressamente determinado (art. 7 da CLT).
Lei 5.859/ 72 regulamentada pelo Dec. 71.885/73 (remete ao capítulo
de férias da CLT, no que não for incompatível).
Conceito: empregado doméstico é pessoa física que presta, com
pessoalidade, onerosidade e subordinação, serviços de natureza continua
e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, em função do âmbito
residencial destas.
Elementos do empregado doméstico
o Elementos comuns a todos os empregados
Subordinação
Pessoalidade
Onerosidade
o Elemento distinto do existente nos demais empregados
Continuidade
o Elementos típicos do empregado doméstico
Finalidade não lucrativa dos serviços
Prestação dos serviços apenas para pessoa física ou família
Prestação do serviço em função do âmbito residencial dos
tomadores.
Conceito legal: art. 1 da Lei 5.859/72
Apenas elenca os elementos inexistentes ou diferentes aos existentes
na figura do empregado comum
Continuidade
Finalidade não lucrativa dos serviços
Prestação dos serviços apenas para pessoa física ou família
Prestação do serviço em função do âmbito residencial dos
tomadores.
a. Continuidade
Maioria da Doutrina entende que continuidade é diferente de não-
eventualidade. (análise literal, sistemática e teleológica)
Contínuo → sem interrupção
Todo trabalho contínuo é não eventual, mas nem todo trabalho
não eventual é contínuo.
Adoção da teoria da descontinuidade pela Lei 5.859/72.
Trabalhador em domicílio
Empregado típico ≠ Empregado doméstico (empregado atípico)
Trabalho prestado pelo trabalhador no seu domicilio ou em outro
local que não seja na estrutura da empresa (art. 83 da CLT).
Empregado em domicílio = empregado comum (art. 6 da CLT)
Em regra há uma dificuldade de fiscalização, do exercício do poder
diretivo pelo empregador (subordinação), todavia, existindo meio
de controle e fiscalização do labor do empregado em seu próprio
domicílio, não haverá óbice para configurar a relação de emprego
e atribuir ao mesmo todos os direitos trabalhistas.
Pessoalidade mitigada = ajuda dos familiares.
Empregado Rural
Regulado pela Lei 5.889/73 regulamentada pelo Decreto 73.626/74.
Conceito: empregado rural é pessoa física que presta, com
pessoalidade, onerosidade e subordinação, serviços de natureza não-
eventual ao tomador rural, realizando tais serviços em imóvel rural
ou prédio rústico.
Critério de caracterização: CLT (art. 7°, “b”) x Lei do Trabalhador
rural (art. 2° da Lei 5.889/73).
o CLT (art. 7°, “b”) métodos de trabalho e dos fins da
atividade.
o Lei do Trabalhador rural (art. 2° da Lei 5.889/73)
segmento da atividade do empregador c/c local da prestação
laborativa.
Prevalece o critério da Lei do Trabalhador rural (art. 2° da Lei
5.889/73)
Elementos do empregado rural
o Elementos comuns a todos os empregados
Subordinação
Pessoalidade
Onerosidade
Não-eventualidade
o Elementos típicos do empregado rural
Enquadramento rurícola do empregador
Imóvel rural ou prédio rústico
Empregado Público
Servidor Público lato senso: servidor público stricto senso
(funcionário público) e empregado público.
Conceito: empregado público é o trabalhador que presta serviços
para a administração pública regido pela CLT
Admissão
Necessidade de aprovação em concurso público (art. 37, II
da CF/88).
Direitos trabalhistas do empregado público → os mesmo
atribuídos aos empregados da iniciativa privada
É possível a sindicalização, mas não é possível o
reconhecimento dos acordos e convenções coletivas (?) →
direitos (só por lei) / quando não for estabelecer direito (?).
Estabilidade: estágio probatório (3 anos) x FGTS
Jurisprudência: Súmula 390 do TST
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Mãe-social
Lei 7.644/87
Casas-lares: entidades sem finalidade lucrativa (filantrópicas) que
têm como atividade a assistência ao menor abandonado.
Menores abandonados: em situação irregular (morte ou abandono
dos pais, ou incapacidade destes) limite de 10 menores. São
considerados dependentes previdenciários da mãe–social.
Mãe-social: é uma espécie de empregada responsável pelos menores
moradores da casas-lares, possuindo como atribuições:
Propiciar o surgimento de condições próprias de uma família,
orientando e assistindo os menores colocados aos seus cuidados.
Administrar o lar, realizando e organizando tarefas a ele pertinentes.
Dedicar-se, com exclusividade, aos menores e à casa-lar que lhes
forem confiadas. Deve residir na casa-lar
Condições para admissão
Idade mínima de 25 anos
Boa sanidade física e mental
Curso de primeiro grau, ou equivalente.
Ter sido aprovada em treinamento e estágio exigidos pela lei da
Mãe-Social.
Boa conduta social
Aprovação em teste psicológico específico.
Trabalho do Índio
CC/16 → silvícola (pessoa que vive na selva) → absolutamente
incapaz
CC/02 → remete a legislação especial (Lei 6.001/73 – Estatuto do
Ìndio).
Não integrado com a comunidade nacional (tutelado pela FUNAI)
→ absolutamente incapaz. → contrato nulo pela incapacidade
absoluta do indígena.
Direito Individual do Trabalho. 10
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Condições de Trabalho
Não haverá discriminação entre trabalhadores indígenas e os demais
trabalhadores
É permitido adaptação das condições de trabalho aos usos e costumes
indígenas.
Será estimulada a realização de contratos por equipe, ou a domicílio, sob
a orientação do órgão competente, de modo a favorecer a continuidade
da via comunitária.