Este documento resume a obra "Modernity: Understanding the Present" de Peter Wagner, na qual o autor propõe reavaliar as noções de modernidade como fenômeno originado no Ocidente e difundido globalmente. Wagner defende que a modernidade deve ser entendida de forma plural e globalizada, levando em conta a diversidade de experiências modernas. O autor também reexamina os conceitos de crise, crítica e progresso associados à modernidade.
Original Description:
Síntese - Peter Wagner - Modernity. Understanding the Present.2012.Caps.1a4
Original Title
Síntese - Peter Wagner - Modernity. Understanding the Present.2012.Caps.1a4
Este documento resume a obra "Modernity: Understanding the Present" de Peter Wagner, na qual o autor propõe reavaliar as noções de modernidade como fenômeno originado no Ocidente e difundido globalmente. Wagner defende que a modernidade deve ser entendida de forma plural e globalizada, levando em conta a diversidade de experiências modernas. O autor também reexamina os conceitos de crise, crítica e progresso associados à modernidade.
Este documento resume a obra "Modernity: Understanding the Present" de Peter Wagner, na qual o autor propõe reavaliar as noções de modernidade como fenômeno originado no Ocidente e difundido globalmente. Wagner defende que a modernidade deve ser entendida de forma plural e globalizada, levando em conta a diversidade de experiências modernas. O autor também reexamina os conceitos de crise, crítica e progresso associados à modernidade.
Peter Wagner é Professor-pesquisador no Departamento de Teoria Sociológica,
Filosofia do Direito e Metodologia das Ciências Sociais na Universidade de Barcelona. Seus interesses de pesquisa se situam nas áreas de teoria social e política e de sociologia histórica, política e cultural, com ênfase particular na análise comparativa das configurações sociais contemporâneas e suas trajetórias históricas. Desde 2010, é o investigador principal do projeto Advanced Grant, financiado pelo European Research Council, “Trajectories of modernity: comparing non-European and European varieties”. Suas publicações recentes incluem: Modernity: Understanding the Present (Cambridge: Polity, 2012) e Modernity as Experience and Interpretation. A New Sociology of Modernity (Cambridge: Polity, 2008), também co-editou os volumes The Greek polis and the Invention of Democracy: a Politico-cultural Transformation and its Interpretations (com Johann Arnason e Kurt Raaflaub, Oxford: Blackwell, forthcoming) e Varieties of World-Making: Beyond Globalization (com Nathalie Karagiannis, Liverpool: Liverpool University Press, 2007).
Em sua obra “Modernity: Understanding the Present” (2012), o autor objetivou
contribuir para a renovação de reflexões sobre a modernidade com vistas a uma melhor compreensão do tempo presente. Para tanto, propôs reavaliar as afirmações de que a modernidade, originada supostamente no e pelo Ocidente, teria aberto caminho a uma nova era da história da humanidade, discutindo-as a luz da atual natureza global da modernidade. A hipótese que norteia seu trabalho é a de que, no curso de sua realização e difusão, as afirmações e as expectativas sociais também se modificaram radicalmente. As reflexões do livro de referência são uma aproximação a outra obra de sua autoria intitulada “Modernity as Experience and Interpretation” (2008), em que se tentou estabelecer um novo caminho de articulação entre a sociologia histórica comparada e a filosofia política e social. A verificação de uma atual constelação da modernidade impulsionou Wagner a reconsiderar os caminhos para (re)teorizá-la. No primeiro capítulo, intitulado “Retrieving Modernity´s past, understanding modernity´s present", o autor discute a natureza global da modernidade por meio de uma breve revisão das ideias-chave da modernidade do ponto de vista do presente. Em sua leitura, o pensamento sobre o assunto sempre se baseou no global e no universal, estando articulada, frequentemente, à normatividade e à funcionalidade superior de outras formas de organização sociopolíticas. A ideia de que modernidade era um novo modelo de sociedade, emergida nas grandes transformações ocorridas na Europa e na América do Norte nos séculos XVIII e XIX, colocam-na em posição de destaque na história mundial, na qual um modelo ocidental difundido mundialmente estabilizaria uma superioridade inerente.
Entretanto, as discussões sobre a modernidade nas décadas de 1980 aliadas às
novas conformações político-econômicas em diferentes países do globo no final da década de 1970 e nos anos seguintes, ensejaram uma reflexão sobre seus significados e a condição humana contemporânea, tendo os movimentos sociais de estudantes, de trabalhadores e os movimentos de direitos civis no final da década de 1960 promovido uma interrupção brusca do aparente consenso no pós-Segunda Guerra mundial, além do próprio colapso do modelo soviético entre os anos 1989 e 1991. Esse contexto deu origem a uma série de debates sobre a modernidade, cujas vertentes apontam para os mais variados caminhos, deflagrando um processo de questionamento quanto à institucionalização da liberdade e da razão, da convergência, da estabilidade e do progresso como pressupostos da sociedade moderna.
No capítulo “Changing views of Modernity: from convergence e stability to
plurality”, Wagner ressalta que, mais que observar a conversão das sociedades modernas em uma única expressão, deve-se, na atualidade, identificar a persistente pluralidade de formas modernas de organizações sociopolíticas. Após as grandes revoluções se assentarem, a partir do debate teórico nas últimas décadas, observou-se que a institucionalização da liberdade e da razão não seriam mais processos tão diretos, tal como haviam previstos os otimistas do Iluminismo. Contudo, as críticas elaboradas no final do século XIX e início do século XX deram conta que havia problemas básicos nas práticas da modernidade, mas não abandonaram a ideia de compromisso dessa última como uma consequência. Todas problematizaram a tensão entre a desarticulação das dinâmicas modernas de liberdade e o domínio da razão.
Nesse período, a alienação, a atomização, a comodificação, a burocratização e a
racionalidade instrumental iriam se afirmar como tendências absolutamente dominantes, levando ao surgimento do homem unidimensional e da sociedade unidimensional. Para o autor, apesar de parecerem persuasivas as afirmações, essas críticas subestimavam a persistência da ambivalência da modernidade e o ressurgimento da autonomia. Após esses debates, pontua-se que, no final do século XX, os diagnósticos teórico-sociais acabaram deslocando sua ênfase na individualização, mais que na atomização, e na reflexividade, mais que na racionalidade.
O capítulo “Sucessive Modernities: Crisis, Criticism and Idea of Progress” se
inicia com a afirmação de que a ideia de progresso aparece no final da década 1980. Na leitura de Wagner, existem pressupostos comumente difundidos quanto à sociedade moderna que pressupõe que as sociedades humanas perseguem uma trajetória evolutiva para formas de organização que são superiores àquelas já experimentadas. Discordando da ideia de pós-modernidade, o autor irá se aprofundar na ideia de formas plurais da modernidade, além de reavaliar as noções de crise e de crítica, reconectando a história a filosofia normativa. O pensamento de Axel Honneth e sua teoria da justiça são empregadas para reconsiderar ideia de progresso, buscando-se questionar, assim, o progresso material, político e papel da crítica na modernidade atual. Aponta, ainda, os dilemas epistemológicos para a discussão de uma natureza universal dessa última que considere a existência do empírico com a coexistente pluralidade de arranjos institucionais que se incorporam aos compromissos modernos. Para o autor, haveria uma falibilidade da filosofia política, sozinha, dar conta das complexidades, contingências e diversidades na modernidade. No quarto capítulo, “Disentangling the concept of modernity: time, action and problems to be solved”, propõe-se o desfazimento do emaranhado conceitual da modernidade, considerando os eixos do tempo e da ação, destacando-se, ainda, os problemas a serem resolvidos para compreender esses processos. Ao retomar seu entendimento quanto à configuração da modernidade em termos plurais e à progressividade de suas condições normativas, Wagner refuta, novamente, a ideia de que essa possa ser um fenômeno social coerente. A busca pelas possíveis constituições e tensões na crise, observadas a partir de uma reavaliação da própria teoria crítica sobre o assunto, dão ensejo ao desenvolvimento deste bloco de reflexões que busca esmiuçar como as modernidades se diferem e de que maneira o progresso constitui, ou não, a realização dos princípios normativos da modernidade, para, ao fim, construir um programa conceitual e empírico de análise.
No que tange à continuidade e ao comunitarismo nas transformações do social,
pretende-se demonstrar que, para além do pressuposto de múltiplas modernidades, subsiste um autoentendimento societal. Desenvolvidas a partir do enlace da teoria social e da macrossociologia histórica, as argumentações do autor consideram, concomitantemente, os seguintes aspectos: a) o resgate da formulação teórica de estrutura-agência dos anos 1980; b) a superação das perspectivas evolucionistas, considerando suas críticas ao uso infundado de conceitos coletivos; c) a elaboração de teoria da mudança social que enfatize a criatividade coletiva; e d) a reinterpretação como componente cultural em todas as grandes transformações sociais. Dessa forma, ao contrário de investir nos debates sobre as múltiplas modernidades, Wagner lança mão da análise civilizacional para melhor compreender as mudanças sociais e as instabilidades do autoentendimento das sociedades ao longo da modernidade. Em sua leitura, o principal desafio da sociologia comparativa interpretativa-institucional é a análise do autoentendimento societal e de suas transformações, de tal maneira que possam ser comparadas entre diferentes sociedades.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
WAGNER, Peter. Part I. Re-theorizing the modernity. In: WAGNER, Peter. Modernity: understanding the present. Cambridge: Polity, 2012. p. 1-79.