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Esquerda Diário
Maria Eliza
Estudante de Ciências Biológicas na UFMG
Neste mês mais dois um colegas da UFMG escolheram o suicídio, provavelmente como
forma de interromper todo o sofrimento que vinham enfrentando. Um deles disse a uma
amigo dias antes que estava "a ponto de explodir". Esse não é o primeiro caso de
estudantes que, claramente, estão perto dos limites suportáveis de uma vida saudável,
física e mentalmente, na universidade. É urgente discutir a relação entre a saúde mental e
a universidade.
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16/04/2018 Mais um suicídio na UFMG: o que isso nos mostra sobre a universidade
Sobre os casos recentes de suicídio na universidade, a reitoria da UFMG soltou uma nota vaga,
que nem diz se tratar de dois suicídios e em que se isenta da responsabilidade sobre a morte
dos estudantes.
Uma rápida pesquisa nas notícias do último ano ou uma breve navegação por páginas de
interação da UFMG (Spotteds) já são suficientes para provar que há algo de muito errado com a
saúde mental dos estudantes em uma das mais renomadas universidades brasileiras. Em maio
de 2017, o tema tomou as redes sociais e os corredores da UFMG quando em apenas duas
semanas aconteceram dois casos de suicídio de estudantes e uma tentativa em que a vítima
sobreviveu. Entretanto, são dezenas de casos de tentativas de suicídio todos os anos, que
levam ou não à morte, sem que isso venha a público ou se torne uma preocupação real da
administração da universidade.Mas o que estaria tão errado? O que a universidade tem a ver
com isso?
Isto ainda passa pela forma como o conhecimento e a produção deste é encarada dentro das
universidades – de forma elitista e produtivista, sendo tratado “de cima para baixo” e estando a
serviço do lucro de alguns, e não da realização dos sonhos de tantos estudantes, tampouco da
melhoria das condições de vida na sociedade.
Pode te interessar: Suicídios aumentam 12% em 4 anos no Brasil, governo responde com
demagogia
A profundidade dos efeitos destes exemplos e a combinação entre eles se escancara nos
relatos de jovens universitários depressivos e a cada vez que nos salta aos olhos o número
crescente de suicídios, que são a expressão cabal da falência do sistema capitalista – a ponto
de convencer as pessoas que a própria vida não vale ser vivida.
É importante lembrar que as questões sociais e políticas que atingem toda a sociedade se dão
dentro dos muros da universidade também e devemos levar isso em consideração ao pensar
sobre a saúde mental dos estudantes e os fatores que possam estar associados a isso e
contribuir com esse cenário tão preocupante.
É como está aqui nessa matéria do Esquerda Diário: “Ainda que não possamos dizer que o
capitalismo gera de forma mecânica as doenças mentais, podemos dizer que as instituições do
capitalismo contemporâneo as fortalecem e as alimentam, as aceleram ou as potencializam: a
escola, a família, a moda, os partidos, a televisão, os meios de comunicação de massas.”... e as
universidades! Sim, infelizmente as universidades fazem parte do grupo de“instituições do
capitalismo contemporâneo” e podemos ver isso quando pensamos em exemplos cotidianos
que, quando elencamos, se revelam inúmeros e profundos.
Esse tema tem que ser discutido amplamente pelo conjunto dos estudantes. Nós, que nos
organizamos no grupo de mulheres Pão e Rosas, juventude Faísca e construímos o Esquerda
Diário, queremos fazer uma discussão viva sobre a saúde mental, com assembleias e reuniões
que se liguem à necessidade de ação, para que possamos não apenas identificar os problemas,
mas também superá-los,lutando para transformar não só a universidade e a produção de
conhecimento como também toda sociedade capitalista e produtivista em que vivemos. O DCE,
que deve ser o órgão de organização estudantil de toda a universidade, e as demais entidades
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16/04/2018 Mais um suicídio na UFMG: o que isso nos mostra sobre a universidade
de base de cada curso e prédio têm que convocar assembleias e reuniões, como espaços
democráticos onde os estudantes possam discutir e se organizar.
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