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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA___º

VARA CÍVEL DA COMARCA DE “MUNICÍPIO/UF...”

AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO C/C TUTELA PROVISÓRIA DE


URGÊNCIA ANTECIPADA EM CARÁTER INCIDENTAL

MAURÍCIO MARTINS, “nacionalidade...”, “estado civil...”,


agricultor, portador do RG de “nº...”, inscrito no CPF de “nº...”, “endereço eletrônico...”,
residente e domiciliado na “Rua...”, “nº...”, “Bairro...”, “Município/UF...”, CEP de “nº…”,
vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por meio de seu advogado, “NOME DO(A)
ADVOGADO(A)…”, inscrito(a) na OAB de “nº…”, “endereço eletrônico…”, endereço
profissional na “Rua…”, “nº…”, “Bairro…”, “Município/UF...”, CEP de “nº…”, devidamente
constituído(a), conforme procuração ad judicia em anexo, nos moldes do artigo 105 do Código
de Processo Civil, propor AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO C/C TUTELA
PROVISÓRIA DE URGÊNCIA ANTECIPADA EM CARÁTER INCIDENTAL em face
da empresa RURAL LTDA, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ de “nº...”, neste ato
representado por NOME DO REPRESENTANTE, “nacionalidade...”, “estado civil...”,
“profissão...”, portador(a) do RG de “nº...”, inscrito(a) no CPF de “nº...”, “endereço
eletrônico...”, residente e domiciliado(a) na “Rua…”, “nº…”, “Bairro…”, Município/UF, CEP
de “nº…” pelos fatos de motivos e de direitos que passa a expor, para, ao final, requerer.

DOS FATOS

O requerente realizou um contrato de locação com a requerida, com opção de compra


de um trator durante 36 (trinta e seis) meses, tendo como custo mensal o importe de R$
1.000,00 (mil reais), sendo reajustável anualmente pelo índice de variação IGP-M. O valor da
locação do veículo foi corretamente reajustado pelo índice supracitado, em março de 2018,
passando a valer R$ 1.066,00 (mil e sessenta e seis reais).
Ocorre que, seis meses depois, isto é em setembro de 2018, o requerente foi notificado,
mediante correspondência postal, de que um novo ajuste havia sido feito, de modo unilateral e
em 30% sobre o valor anterior.

Dessa forma, o custo mensal da locação passaria a R$ 1.385,80 (mil trezentos e oitenta
e cinco reais e oitenta centavos). Tal aumento, fez com que o requerente entrasse em contato
com a empresa por e-mail e telefone, a fim de que novo boleto fosse enviado com o valor
acordado da locação.

No entanto, a empresa mostrou-se inflexível quanto ao reajuste que foi feito


unilateralmente. Diante disso, o requerente procura a esfera do Poder Judiciário com o objetivo
de pagar a mensalidade referente ao mês de setembro, bem como continuar realizando os
pagamentos mensais sem cobrança de taxa de juros ou outras penalidades.

1. DO DIREITO

1.1 DA CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

O requerente, conforme narrado anteriormente, deseja quitar sua dívida com a empresa
Rural Ltda.

Buscando pagar a mensalidade de setembro e continuar efetuando os pagamentos


mensais sem cobrança de taxas de juros ou outras penalidades, bem como evitar que seu nome
seja inserido do cadastro de proteção ao crédito, o autor utiliza-se da presente peça processual
para consignar o pagamento.

O Código Civil vigente reserva artigos que tratam e reconhecem a consignação em


pagamento como forma de o devedor quitar sua dívida, vejamos o artigo 334 do Código Civil
de 2002 que preceitua o instituto da consignação em pagamento: “Art. 334. Considera-se
pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da
coisa devida, nos casos e forma legais.”
No intuito de demonstrar a possibilidade de reconhecimento da presente exordial,
elencamos os ensinamentos do professor Flávio Tartuce que, em seu livro conceitua a
consignação em pagamento e reconhece referido instituto como forma especial de pagamento:

O pagamento em consignação, regra especial de pagamento, pode ser


conceituado como o depósito feito pelo devedor, da coisa devida. para
liberar-se de uma obrigação assumida em face de um credor
determinado.1

Cabe elencar o preceituado no código de processo Civil sobre a possibilidade de


interpor a presente peça processual.

Art. 539. Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro


requerer, com efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da
coisa devida.

Destacamos o parágrafo primeiro do referido artigo supracitado, que versa sobre as


obrigações em dinheiro.

§ 1o Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor ser


depositado em estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado
no lugar do pagamento, cientificando-se o credor por carta com aviso
de recebimento, assinado o prazo de 10 (dez) dias para a manifestação
de recusa.

Corroborando com o entendimento acima apresentado elencamos a doutrina dos


professores Pablo Stolze e Pamplona Filho, de forma adicional a doutrina elencada acima.

1
TARTUCE, Flávio; Direito Civil : Direito das obrigações e responsabilidade civil, 10 ed. São Paulo. Editora GEN &
MÉTODO, 2015, v. 2, página 160
Trata-se a consignação em pagamento, portanto, do instituto jurídico
colocado à disposição do devedor para que, ante o obstáculo ao
recebimento criado pelo credor ou quaisquer outras circunstâncias
impeditivas do pagamento do pagamento, exerça, por depósito da coisa,
o direito de adimplir a prestação liberando-se do liame obrigacional.2

1.2 DO REAJUSTE UNILATERAL DO CONTRATO

Preceituamos anteriormente que houve um reajuste unilateral do


contrato, de forma que a parte ré aumentou, em 30%, o valor de locação acordado. Dessa
forma, verifica-se que, conforme a previsão no contrato, o valor fixo das parcelas
previamente estabelecido, qual seja, de 36 parcelas de R$1000,00 (mil reais), somente
poderia ser alterado caso o contrato assim previsse, ou se houvesse concordância do
contratado.
Além disso, é certo de que o contrato firmado entre as partes continha
obrigações recíprocas, de forma que a conduta praticada pela ré é ilegítima, pois a
requerida apenas limitou-se a informar o autor acerca do reajuste unilateral do contrato.
Dessa forma, Excelência, é importante frisar que o autor vinha
cumprindo com as suas obrigações contratuais normalmente, de forma que pagou o valor
mensal reajustado anualmente pelo índice de variação IGP-M, e inclusive entrou em
contato com a empresa por e-mail e telefone solicitando que fosse enviado um novo boleto
com o valor acordado na locação. Isto posto, resta-se comprovada a boa-fé do requerente
em pagar a mensalidade de setembro e continuar efetuando os pagamentos mensais sem a
cobrança do valor adicional indevido.

1.3 DOS EFEITOS DA CONSIGNAÇÃO

A consignação em pagamento tem como principal efeito, elencado na parte


final do art. 337, do CC/02, LIBERAR o devedor de qualquer débito que existia em função
da dívida, devendo ser considerada quitada, uma vez feito o pagamento consignado da
importância devida.
Vejamos a jurisprudência do Tribunal de Justiça do RS que versa sobre a

2
GALIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA FILHO, Rodolfo, Novo Curso de Direito Civil, 2003, página 148
consignação em pagamento e seu efeito liberatório.

TJ-RS - AC: 70060699246 RS, Relator: João Moreno Pomar, Data


de Julgamento: 26/02/2015, Décima Oitava Câmara Cível, Data de
Publicação: Diário da Justiça do dia 04/03/2015)

APELAÇÃO CÍVEL. CONDOMÍNIO. COISAS. PROPRIEDADE.


DEVERES DO CONDOMINO. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM
PAGAMENTO.
CONSIGNAÇÃO. EFEITO LIBERATÓRIO. A ação de
consignação é instrumento processual pelo qual o devedor busca a
quitação diante da mora do credor em receber o que lhe é devido ou
dúvida a quem pagar. A partir da Lei n. 8.591/94 o seu rito perdeu a
natureza de execução às avessas para não requisitar título executivo
extrajudicial e permitir ampla cognição sobre a regularidade da
dívida e ao fim quitar parcela incontroversa e decidir sobre o mérito
das controvertidas. - No caso do condomínio impor o recolhimento
conjunto de quota condominial e multa por infração comportamental
o condômino tem a faculdade de consignar o que entende devido e
obter a quitação com efeito liberatório do que for expurgado da
cobrança. - Circunstância dos autos em que se impõe manter a
sentença que deu quitação das quotas consignadas reconhecendo
indevidas as multas comportamentais. RECURSO DESPROVIDO.
(Apelação Cível Nº 70060699246, Décima Oitava Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: João Moreno Pomar, Julgado em
26/02/2015).

1. DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA ANTECIPADA EM CARÁTER


INCIDENTAL

A tutela é um instituto jurídico que busca efetivar o direito das partes antes mesmo do
resultado definitivo da ação, pois, em virtude do volumoso número de processos que devem ser
apreciados pelo Judiciário, a demora em apresentar uma resposta acaba por prejudicar a
pretensão das partes colocando em risco a efetividade da demanda.3

Diante do exposto, o artigo 294 do CPC aduz que a tutela provisória pode fundar-se em
urgência ou evidência. Além disso, verificam-se os requisitos que dispõe o artigo 300 do
Código de Processo Civil sob a antecipação dos efeitos da tutela pretendida quando, houver
evidenciado a probabilidade do direito e o perigo de dano.

Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou


evidência. Parágrafo único. A tutela provisória de urgência, cautelar
ou antecipada, pode ser concedida em caráter antecedente ou
incidental.

Art. 300, CPC.A tutela de urgência será concedida quando houver


elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de
dano ou o risco ao resultado útil do processo.

Quanto ao primeiro requisito, estará caracterizada a probabilidade do direito, no


presente caso, quando fica evidenciado que o requerente no atual momento, possui plenas
condições de quitar a dívida, tendo em vista que está trabalhando novamente e, inclusive, já
procurou o seu credor a fim de solucionar o problema, no entanto, não obteve êxito, visto
que a empresa ré mostrou-se inflexível quanto ao reajuste unilateral que realizou no
contrato.

Sobre a possibilidade de concessão de tutelas na referida ação, demonstramos, dentre


as várias decisões nesse sentido, a decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos
Territórios, sobre a possibilidade de concessão de tutela nas ações de consignação em
pagamento.

Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios


(20080020156509, AGI, Relator VERA ANDRIGHI, 1ª Turma Cível,

3
DIDIER JR., Fredie; BRAGA, Paula Sarno; Oliveira, Rafael Alexandria de. Curso de direito processual civil:
teoria da prova, direito probatório, decisão, precedente, coisa julgada e tutela provisória.11 ed. Salvador: Ed.
JusPodivm, 2016, p. 580-581
julgado em 21/01/2009, DJ 09/02/2009 p. 46)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM


PAGAMENTO E REVISÃO DE CLÁUSULAS. CONTRATO
BANCÁRIO. DEPÓSITO DE VALOR PLAUSÍVEL.
ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. SUSPENSÃO DOS EFEITOS DA
MORA. INSCRIÇÃO NOS CADASTROS
DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. I - Na ação de consignação em
pagamento cumulada com pedido de revisão de cláusulas de contrato
bancário é cabível o deferimento do pedido de depósito de valor
plausível que, segundo cálculo do autor e também apurado pela
Contadoria Judicial, resulta das abusividades que alega na petição
inicial. II - Para o deferimento do pedido de abstenção da inscrição
nos cadastros de proteção ao crédito, além da plausibilidade do
direito alegado na ação de revisão do contrato bancário,
indispensável depósito judicial de valor compatível com a pretensão
revisional ou caução idônea. Antecipação de tutela deferida. III -
Agravo de instrumento improvido.

Com relação ao segundo requisito, o perigo de dano se dará no tocante ao requerente


não poder quitar o seu débito da forma devida, gerando vários prejuízos em sua vida civil,
como por exemplo não poder comprar um transporte financiado no banco e diversas outras
coisas, tudo isso em virtude de uma futura negativação do seu nome nos serviços dos órgãos
de proteção ao crédito.

Ademais, é de extrema importância que seja concedida a Tutela Provisória de


Urgência Antecipada em Caráter Liminar, para os devidos fins.

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer a Vossa Excelência:


A) A CITAÇÃO da parte ré para comparecer em audiência de conciliação/mediação, em data
marcada por este juízo e, querendo, apresentar sua defesa dentro do prazo legal, sob pena de
revelia e ser considerada verdadeira todas as alegações realizadas pela parte autora, com fulcro
nos artigos 334 e 335, do CPC/15;

B) Não sendo possível o pleiteado anteriormente, requer a CITAÇÃO da parte ré para levantar
o depósito ou apresentar a defesa dentro do prazo legal, com fulcro no artigo 542, do CPC/15;

C) A CONCESSÃO da Tutela Provisória de Urgência Antecipada em Caráter Incidental, a fim


de evitar a negativação do nome do autor que não esta adimplente devido à recusa no
recebimento do pagamento por parte do credor, com fulcro no artigo 300, do CPC/15;

D) A CONCESSÃO de autorização para depósito extrajudicial no importe de R$1.066,00 (mil


e sessenta e seis reais) equivalente ao valor da mensalidade do mês de setembro que não foi
recebida, haja vista que a lei permite que o pagamento em dinheiro possa ser realizado por
meio de deposito extrajudicial, com fulcro no artigo 539, do CPC/15;

E) O JULGAMENTO TOTALMENTE PROCEDENTE DESTA AÇÃO, no sentido de:

i) CONFIRMAR a tutela provisória de urgência com a finalidade de impedir que o nome do


autor seja inscrito nos órgãos de proteção ao crédito;

ii) CONCEDER a autorização para depósito extrajudicial do valor restante das parcelas;

iii) DAR por quitada a dívida entre autor e réu, extinguindo-se a referida obrigação.

F) A CONDENAÇÃO da parte ré em ônus sucumbenciais, em especial à custas processuais e


os honorários advocatícios, fixados em 20% (vinte por cento) do valor da condenação, com
fulcro no artigo 85, § 2º, do CPC/15

DAS PROVAS

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito


admitidos, em especial pela produção de prova documental, depoimento pessoal da ré, oitiva
de testemunha a ser oportunamente arroladas, perícias e demais meios que se fizerem
necessários ao longo da demanda.
DO VALOR DA CAUSA

Dá-se à causa o valor de R$ 1.066,00 (mil e sessenta e seis reais)


referentes ao valor que se deseja consignar, conforme preleciona o artigo 292, inciso I, do
CPC/15.

Nestes termos, pede e espera deferimento.

“LOCAL...”, “DATA...”

________________________________________

ASSINATURA DO(A) ADVOGADO(A)


OAB/UF Nº “...”

ROL DE TESTEMUNHAS

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